Katherine York
Sinopse
Sarah Hamilton tem uma fixação: espiar o lindo estranho que todos os
dias pega o elevador no mesmo horário que ela. Ela sabe que ele é
bem-sucedido demais para observar os olhares de uma simples
secretária.
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Epílogo
Capítulo 1
Sarah
Não deveria ter gritado, mas já estava fazendo uma grande cena
correndo pelo hall do prédio. A primeira coisa que vi foram as mãos
segurando a porta. Tenho delirado sobre suas mãos algumas vezes,
grandes de dedos finos.
- Obrigada – disse sem fôlego pela pequena corrida até lá.
Você pode pensar sobre tesão à primeira vista ou algo desse gênero,
mas foi mais do que isso. Ele era alto, mais de vinte centímetros de
diferença entre meus 1,65m, mas de algum jeito eu sabia que se
chegasse perto, encaixaria perfeitamente em seu pescoço.
Era toda a vida afetiva que eu tinha nos últimos meses e, em alguns
aspectos, achava que nenhuma realidade poderia superar o desejo que
tinha por ele. Ellie, minha melhor amiga, achava tudo uma grande
besteira e queria que eu conseguisse um cara de verdade. “Sua
imaginação não vai fazer sua teia de aranha ir embora, Sarah, não
importa quantas vezes você use o vibrador pensando nele”, ela
repetiu várias vezes como se fosse um mantra.
***
“Meu”.
- Não vou fazer nada, Ellie. Não posso colocar meu emprego em risco,
Deus sabe quando Marisa vai me deixar na mão e vou perder o
apartamento. Qualquer dinheiro conta.
- Você sempre pode morar comigo, amiga. Meu sofá estará sempre lá e
tem saudades – ela riu.
- Eu sei.... É que foi tão difícil arranjar um lugar. Fiquei tanto tempo
com você.... Não quero incomodar. Você também precisa lidar com
suas teias de aranha e sua amiga no sofá não vai ajudar.
- Bem, parece que alguém sim está interessado em tirar suas teias de
aranha – Ellie disse me mostrando discretamente um homem loiro a
nossa esquerda. Ele percebeu meu olhar e me cumprimentou com a
cabeça.
- Moreno.
- Precisa fazer algo sobre isso, Sarah. Esse cara lindo e quente quer sua
atenção e você não vai dar a ele, a atenção e outras coisas, porque está
atraída pelo cara do elevador. Acabou de dizer que não vai fazer nada a
respeito do cara do trabalho, então que diabos!
- Tudo bem, tudo bem... –disse levantando da mesa com meu copo e
minha bolsa pendurada em meu ombro.
Então caminhei até ele, deixei meu copo em uma das mesas vazias
perto de onde o loiro estava e caminhei até a saída. Olhei para Ellie e
dei adeus de longe enquanto li seus lábios “Você não tem jeito”.
Capítulo 2
Sarah
29º andar.
Também era o andar dele. Talvez descobrisse finalmente quem ele era
e terminasse de vez com esse mistério.
- Em seu currículo diz que fala alemão fluente. Para seu bem, é melhor
que seja verdade. Sr. Hunt está em uma videoconferência urgente e
ficamos sem intérprete. Você só precisa ficar atenta porque acabamos
de descobrir que o executivo alemão não fala inglês muito bem. Não
será muito complicado.
E então o vi.
Ele é tão bonito que me deixa desnorteada por alguns segundos. Essa
energia que sempre sinto ao encará-lo me deixa sem voz e faço a única
coisa que costumo fazer: eu o encaro. Sinto minha pele ficar vermelha
como um tomate e decido que preciso fazer algo a respeito enquanto
seus olhos me encaram afiados.
- Faz sentido. Não traduziu isso e fiquei curioso. Sua mãe também vive
aqui?
Hunt esticou a mão para mim e respondi a ação sem pensar. Segundos
depois soltei rapidamente, como se tivesse tomado um choque. Ele
pareceu sentir o mesmo, olhando desconcertado para minha mão
caída ao longo do meu corpo. Ele não fez movimento algum para pega-
la novamente. Então me olhando brevemente entre os olhos, fez um
aceno leve de cabeça e saiu.
***
- Com Diana. Seu marido, Larry, teve um derrame ontem à noite. Ela
está com ele no hospital e pediu para se afastar por algumas semanas.
- Está. Diana disse que ele está falando, mas está com o lado esquerdo
paralisado e a fala um pouco comprometida. Ele vai precisar de
acompanhamento nas próximas semanas e por isso te chamei aqui.
- Como assim?
- Não sei se percebeu, mas Diana tem treinado você para ser minha
nova assistente.
- Sim, Senhorita Hamilton. É por isso que ela não tem só pedido ajuda
com Ledermueller, mas também com outras coisas. Tenho feito vista
grossa sobre essa relação das duas, mas no final Diana tinha razão.
Você sabe onde está tudo, os contatos e tudo o mais.
- Vai se dar bem, acredito nisso – ele disse pegando em minha mão e
dando um aperto amigável.
- Sou Sarah Hamilton, vou substituir Diana enquanto ela fica com seu
marido.
- Preciso ligar para Diana, ela é a querida de todos aqui, mantenha seu
castelo em ordem, ok? – Apontando para a porta do escritório de
Matthew ele continuou - A fera está aqui dentro?
- Hunt está.
- Venha até a minha sala e feche a porta – Matthew disse para o irmão
me deixando sozinha e sem entender aquela cena. Minutos depois
uma loira veio correndo em minha direção.
- Logan está com Matt? – Disse sem fôlego em uma pergunta quase
incompreensível. Ela ajeitou os óculos esperando minha resposta.
- Desculpe, o quê?
- Você, nariz de batata. A garota bonita acha que sou sua namorada,
como se você tivesse essa sorte! Ela está com seu celular, esqueceu de
novo comigo – então Emma virou para mim – desculpe, esqueci de
perguntar seu nome.
- Viu idiota, até Emma acha Sarah uma garota bonita. Faça alguma
coisa! – Então Logan nos deixou sozinhos em um silêncio
desconfortável.
Capítulo 3
Sarah
Depois do aperto de mãos, não nos tocar era quase como uma regra
não dita. Em poucos dias nos tornamos uma dupla afiada, e atendia as
necessidades dele antes que ele precisasse, resolvendo questões que
sonhava na faculdade e que achava que estava bem longe durante
meus últimos trabalhos.
Apesar disso, os dias passavam e cada vez mais não nos falávamos
pessoalmente: uma vez ao dia eu sentava em seu escritório,
discutíamos as pendências urgentes, nos organizávamos para atendê-
las e era isso. Havia os silêncios e as encaradas e me perdia em seus
olhos algumas vezes naqueles encontros. Ele também sentia, percebi
com o tempo. Eram olhos acendidos de desejo e de negação sobre o
que estava acontecendo. Quase quatro semanas nesse ritual.
Então sem avisar ele grudou os lábios com os meus, primeiro gentis,
descobrindo os contornos. Eu estava surpresa demais e me deixei
levar, com os braços de Matthew se fechando ao meu redor e me
atraindo para mais.
- Tão bonita... – ele disse com a boca ainda encostada em meus peitos
enquanto fazia carícias suaves com as mãos. Estava derretendo e
sentindo um fogo dentro de mim que precisava de Matt.
Puxei minha blusa de manga para fora e abri meu sutiã por trás,
fazendo a peça cair sobre Matthew, que a jogou longe. O puxei em
direção ao meu corpo, enrolando minhas pernas em seu quadril e
passando minhas mãos em seu cabelo. Seu pau inchado encostava em
mim, fazendo um delicioso movimento de fricção que me deixava cada
vez mais molhada.
- Preciso...
- Eu sei, amor...
Com minha mão, empurrei sua cueca para baixo e agarrei sua ereção,
a trazendo até mim. Matthew entendeu o que queria e tirou suas mãos
para segurar minhas coxas por baixo, me aproximando ainda mais.
Então senti seu pau em minha entrada e jogando meu quadril para
frente, o fiz entrar em minha buceta.
Meu coração ameaçava sair pela boca e tudo o que precisava era de
mais e mais. Então ele veio pela segunda vez, estourando minha visão
e deixando meus membros dormentes e moles, como se não tivesse
ossos.
- Não sei – de verdade, eu não sabia. Estava com ele dentro de mim
com uma semi-ereção e isso não me deixava pensar além.
- Eu sei. Eu também.
- Matthew...
O problema é que não consigo dizer não. Preciso não dizer não,
preciso de mais. Ele é como um vício que foi se esgueirando em minha
vida. Precisava vê-lo em todos os dias pela manhã, no último mês,
ficava arrepiada a cada vez que sua voz invadia meu espaço. Matt era
minha droga e não sabia como resistir a ele.
- Sim.
Capítulo 4
Matt
Foi assim que começou essa merda toda. Não fazia ideia de quem ela
era, o que me irritava. Gosto de saber quem é cada uma das pessoas
que trabalha comigo. Estendi a mão para segurar o elevador e ela
murmurou um “obrigada” sem fôlego ao entrar. Estava esperando o
momento que ia encarar, descobrir quem eu era e pedir desculpas pela
cena no hall do prédio.
Eu preciso saber quem é ela. Não porque ela era minha funcionária,
mas porque era ela.
Eu precisava tê-la.
Então ela quebrou o contato com o apito do elevador. Balançando a
cabeça levemente como se quisesse acabar com o estupor, ela saiu.
- Não consegui reconhecer uma funcionária hoje cedo e fiquei com isso
na cabeça.
- Bonita?
Ela entrou e fiquei ofuscado por ela como em todas as manhãs. Percebi
o choque em seus olhos e notei sua discussão mental. Ela não fazia
ideia de quem eu era?
Interessante.
A garota era uma profissional de mão cheia que percebeu o que Lukas
queria em 20 minutos. Isso tinha começado sobre meu desejo sexual,
mas estava realmente impressionado. Ela não só traduziu, como
absorveu informação e trouxe uma ajuda necessária.
- Eu sei, Diana. Mas por enquanto, é esse o que tenho – pisquei para
ela e voltei para a sala, onde encontrei Sarah confusa me encarando.
Durante nosso almoço ela contou sobre sua família e de repente sua
fluência fez todo o sentido.
Merda, ela era uma ótima profissional que merecia essa oportunidade.
Ela foi chamada às pressas para algo e conseguiu fechar um contrato.
Ela precisava de uma chance.
Era melhor encerrar nosso almoço dali antes que eu fizesse alguma
loucura. Ela era boa e não iria levar ela para cama para depois perder
uma funcionária de talento. Meu corpo por outro lado não entendia
isso e ao apertar sua mão, meu mundo foi abaixo.
Aquelas coisas idiotas sobre choque e sentir uma energia por todo o
corpo... bem, isso aconteceu e me deixou sem ação. Nos separamos
ainda surpresos por aquela energia e decidi me afastar, a olhando nos
olhos e fazendo um aceno pela cabeça.
Na noite desse mesmo dia, transei com uma mulher – loira e pequena
como ela. Era o tipo de mulher que eu mais saí durante a vida, isso por
alguma coincidência idiota do destino, talvez porque a maioria das
modelos fossem loiras, magras e peitudas, mas dessa vez foi uma
escolha específica. Precisava tirá-la da minha cabeça.
Então quando gozei chamei por Sarah.
***
Meu dia começava às seis, quando ia correr. Faça chuva ou sol, eu saia.
Precisava me manter saudável. Naquele dia, enquanto tomava um café
rápido, Diana me ligou.
Diana tinha a aparência de uma avó que faz biscoitos, mas era um
tubarão bem treinado. Nos dez anos como minha assistente, ela tem
feito o que quer comigo e é uma pessoa insubstituível.
Odeio dizer isso, mas eu era o babaca que a dispensaria por isso, mas
ela foi mais rápida (como sempre) e disse assim que chegou: “olha, sei
que sou velha e não serei contratada por isso, mas a questão é a
seguinte, sei do negócio e você não, você tem dinheiro e o diploma e
eu tenho a experiência. Seremos uma dupla e tanto”.
Então dei um voto de confiança por ela ter escolhido Sarah como sua
sucessora e fui buscar ela em sua mesa assim que começou o dia.
Desde a reunião com Ledermueller ela tem me evitado e não chega
mais no mesmo horário que eu. Isso me deixou um pouco ferido e
queria saber o motivo.
A bolsa dela ainda estava sobre a mesa quando me aproximei. Ela era
uma visão com seus cabelos loiros e lisos caídos sobre os ombros. Hoje
ela usava vermelho e adoro esse vestido porque delineia cada linha de
seu corpo. Senti meu pau crescer nas calças, uma reação comum a ver
Sarah por aí ou pensar nela.
Pensar.
Eu um sou doente.
Então ela se mudou rapidamente para a mesa de Diana e começamos o
trabalho. Tudo seria tranquilo enquanto não tocasse nela, mas
obviamente descumpri minha promessa em poucos minutos. A
situação ia ficar pior e percebi no segundo que a ouvi rir para Logan.
Ela nunca sorriu para mim, quanto mais gargalhar. Eu queria isso.
Com o tempo percebi que Diana tinha razão, éramos uma boa dupla.
Três semanas com ela e era tudo o que precisava, era como se ainda
estivesse com uma versão de Diana que me deixasse de pau duro o
tempo todo.
Foi assim que descobri como seria estar enterrado até as bolas em
Sarah e que ela queria ser fodida no escritório tanto quanto eu queria
estar dentro dela. Foi a transa mais louca que tive, a melhor, o melhor
orgasmo, a melhor mulher. Não abriria mão de Sarah, não agora que
sei seu gosto, o jeito que me beija, o jeito que treme em minhas mãos.
Nós saímos do trabalho logo depois dele me pedir para ficar em sua
casa no final de semana. Arrumei rapidamente a bagunça da minha
mesa, mas nada mais indicava o que tinha acontecido ali. Estava
mortificada por ter transado com Matt no escritório, mas não
arrependida do que tínhamos feito.
Minha vida sexual não era grandes coisas até meia hora atrás e tinha
certeza que o que sentimos não era normal. Ele balançou meu mundo
do jeito que eu balancei o dele, como se só nós dois juntos
conseguíssemos aquele nível de perfeição suada e visceral. Isso me
dava medo porque...
- Pare de pensar.
Estava discutindo comigo mesmo quão estúpido era ir até a casa dele e
o que isso faria de mim. Também pensava nos malditos orgasmos
múltiplos que ele me deu naquela mesa.
- Você está. Pare, tudo bem? O que tiver que resolver, vamos conversar
amanhã, mas não hoje.
Matt tinha uma casa ao leste da praia de Santa Monica, não perto da
confusão de turistas, mas sim indo para o lado dos grandes, exclusivos
e muito confidenciais lares das celebridades em direção à praia de
Malibu.
Entrando na casa, percebi que não é tão grande quanto parece, ela só
tem um teto realmente alto e cômodos amplos. Apesar do tamanho
impressionante, claramente Matt não teve tempo para decorar, era
tudo tão vazio e pouco pessoal.
- Uma bela casa vazia, não é? Percebi pelo seu olhar – ele disse
sorrindo.
- Só não passo tanto tempo como eu gostaria aqui. Comprei a casa não
por seu tamanho, mas pela vista. É impressionante. A noite é
interessante pelas luzes da cidade, mas de dia é de ofuscar, você verá.
- Se incline para mim – Matt disse e joguei meu corpo para frente,
segurando no encosto do sofá. Ele começou a beijar minhas costas e
pescoço, despertando sensações que não conhecia.
Ainda me explorando com seus lábios, Matt colocou suas mãos para
baixo, puxando minha saia para cima e entrando em minha calcinha.
Me segurando no encosto do sofá, minha bunda descansava sob seu
pau, e comecei a me esfregar em sua ereção.
Eu sentia o pau de Matt cada vez maior e entre essa doce fricção, suas
mãos em mim e seus lábios em meu pescoço, tremi, gemendo alto e
senti a luz através de meus olhos.
- Eu vou... eu vou... – Disse sem fôlego. Então gritei alto, tendo meu
orgasmo através das mãos de Matt.
- Boa garota...
Matt então começou a me acariciar por trás, dividindo espaço com seu
pau e molhando seus dedos em minha lubrificação. Com os dedos
prontos, ele colocou a ponta no meu traseiro, sem fazer força para
dentro.
Ele apenas girou e rondou meu buraco enrugado, tentando não fazer
resistência. Estava enlouquecida e me dividia entre fazer força contra
seu dedo, rebolando pela doce invasão, e leva-lo bem fundo em meu
corpo.
Sabe toda essa coisa sobre amor à primeira vista e saber que aquela
pessoa era a única para você? Olhando para Sarah dormindo em
minha cama, entendi pela primeira vez porque as pessoas surtavam
tanto sobre isso. Tínhamos toda essa coisa acontecendo entre nós e eu
era ingênuo de achar que era só tesão reprimido.
- Sua cama é realmente muito boa – ela disse bocejando – que horas
são?
- Quase oito...
- Fui correr.
- O que? – Ela disse virando o corpo para mim, ficando frente a frente.
Eu não deveria ter revelado isso, raramente conto para pessoas fora da
minha família. Mas de algum jeito a verdade só escorregou para fora.
- Não, é grave?
- Não, agora não. Esse linfoma é um dos que tem mais perspectivas de
cura. Fui diagnosticado no início, fiz o tratamento, hoje levo uma vida
normal e me verifico a cada ano para saber se está de volta.
- Pode, mas a probabilidade não joga contra mim. Sou saudável, faço
exercício. Tenho tentado me manter regrado desde então e mesmo
assim, se tiver novamente, a probabilidade de remissão é grande. E é
por isso que nunca pulo as corridas matinais.
- Posso até ser, mas quero tentar uma outra coisa – disse levantando
sobrancelha e sorrindo.
- O que?
- Isso é um convite?
***
Ela era pequena para uma mansão, três quartos, uma sala maior, uma
saleta, cozinha e banheiro, mas tinha um teto alto e vidros por todo o
lado. Do lado de fora, uma piscina tomava uma pequena parte do
ambiente e o resto era grama verde, projetando por volta de 10 metros
até chegar ao final do penhasco.
Apesar da proteção não ser visível, ela estava ali para segurar quem
pudesse ultrapassar os limites seguros. Não julgava quem terminasse
ali: a visão da praia de Santa Monica, a areia, o céu e a vegetação, era
de tirar o fôlego.
- Sua provocadora! – Urrei e ela riu mais forte ainda com meu pau em
sua boca.
Gozei em sua boca e o homem das cavernas dentro de mim achou que
a tinha marcado como propriedade. Merda, foi um orgasmo ótimo.
Subindo em cima de mim, Sarah sorriu dizendo:
- Bom dia.
- Nossa corrida?
Eu venci.
***
No final da segunda-feira ela sorriu para mim e decidi que teria que
convencê-la a ficar na minha casa também hoje e na terça, quarta,
quinta e outro final de semana. Esperei Diana sair e me aproximei de
sua mesa com a ideia em mente.
- Não sei, isso é novo. É novo para mim também, você quer que diga
que é minha namorada? Ok, mas eu não...
- Ei, você está se apressando. Não digo isso, mas achei que seriamos
algo de uma noite, que virou uma semana e agora quer o resto da
semana. É confuso.
- Quer que eu conte para as pessoas? – Pegando meu celular, fiz uma
pausa dramática digitando e disse – Ei Logan, pode passar na minha
sala agora?
- Ei, eu ouvi essa – disse meu irmão entrando e encarando minha mão
possesiva sobre Sarah – Oh merda, perdi a aposta! Odeio Diana,
seriamente!
- O quê?
- Ei... espera, havia uma aposta? – Disse mais nervoso do que deveria.
- Calma nervosinho, era só entre Diana e eu.
- Prefiro que ela não saiba – disse Sarah – preferia que você não
soubesse também, mas seu irmão é um apressado.
- Nós vamos?
- Sim – disse Jason com decisão – Ele não aparece há mais de dez
anos, mas ainda é nosso pai biológico. Vou avisar para Logan.
Não era como se ele fosse um pai violento ou que quiséssemos apagar
ele da memória por coisas que fez, ele simplesmente não estava lá.
Ashton tentou ter uma família com mamãe e depois de quatro anos de
casado e três filhos percebeu que não foi feito para aquilo.
Com nosso pai garantindo que não precisávamos de nada, Ashton foi
embora, ligando vez ou outra para saber se estava tudo bem. Na última
vez que o vi, estava fazendo quimioterapia. E deve ter achado que essa
era uma das situações que você precisa estar lá em vez de ligar.
Realmente não pensava muito sobre ele, nem com rancor ou o que
quer que seja. Parecia um daqueles parentes distantes preocupados
que ligavam uma vez ao ano ou menos que isso. Eu tinha um pai
chamado James e nunca chorei por um abandono que não lembro.
Mesmo assim, perdi o sono. Ele era metade do meu DNA, meu
sobrenome e apesar de nunca o ter chamado de pai, era o que ele era
oficialmente em minha identidade. Odeio questionar minha
mortalidade quando sei que ela está tão perto.
- Não esse pai, baby – disse me virando e ficando frente a frente com
Sarah – Meu pai biológico. Não temos tanto contato, mas...
- Como você se sente? – Ela disse colocando suas mãos em meu rosto e
me acariciando com delicadeza.
- Tudo bem você se sentir assim, amor. Ele quase não fez parte da sua
vida.
Era impressionante como Ashton viveu sua vida tão perto de nós e ao
mesmo tempo nunca esteve inteiramente presente. Durante o serviço,
uma mulher morena por volta dos 50 anos chorava enquanto era
rodeada por outras pessoas desconhecidas. Jason nos contou que ela
era Nancy, a companheira de Ashton pelos últimos dez anos. Ela
caminhou até nós depois de terminado, ainda com lágrimas.
- Muito obrigada por terem vindo, isso significaria muito para Ash.
Vocês são tão parecidos com ele!
- Achei que soubessem, Ash falava tanto delas como de vocês, eu... eu
estou confusa...
- Blair e Victória, são gêmeas muito bonitas. Não tenho detalhes sobre
elas, seu pai não podia manter contato ou algo assim, mas ele
acompanhava a carreira das duas. Não consegui falar com elas, a
empresária de Victória deve ter desconfiado que era uma mulher
maluca ou algo assim...
- Caralho!
- Matt, relaxe. Vamos saber disso direito. É impossível que ele tenha
mantido um segredo desses.
- Bem, de acordo com a internet, vocês têm duas irmãs que eram
atrizes mirins e hoje tem 25 anos – disse Emma segurando o celular.
- Elas não têm o sobrenome Hunt mas tem o mesmo sorriso de vocês
três, se essa é a pergunta.
- Caras, acho que precisam saber de uma coisa... – disse Emma com
uma voz baixa, quase soturna – O padrasto delas, ele... ele...
- O que, Emma?
- Ele estuprou uma delas e batia nas duas, muito. Ele está morto agora.
- Como ele foi capaz? Como ele soube disso e nunca nos falou nada?
Como ele acompanhava a vida delas e deixou isso acontecer? Que tipo
de merda de pessoa ele era? – Ele disse baixo para mim.
Dava para perceber que Sarah estava nervosa em conhecer minha mãe
pela primeira vez, mesmo em uma situação tão complexa como essa.
Ela agarrava minha mão com força, o que não passou despercebido
para minha mãe.
- Me chamo Sarah.
- Sim, tinha aquela menina, Jennifer qualquer coisa, mas ela só veio
aqui para fazer dever de casa, não é?
- Acho que ela também quer algumas rimas, irmão – Logan completou
rindo.
- Isso, uma irmã bem gostosa, mas uma irmã – disse Logan rindo e
estendendo um HI-5 para Emma que respondeu prontamente.
- Óbvio que não, quero saber sobre seus poemas! – Sarah disse
fazendo todos caírem em uma risada coletiva.
Porra.
Todos encararam meu irmão mais novo com algum tipo de choque,
então ele percebeu o que falou gesticulou um “me desculpe” silencioso.
Desde o câncer todas as piadas envolvendo morte foram banidas da
nossa mesa, como se todos ficassem constrangidos demais pelo meu
quase-falecimento.
Não podia deixa-la à mercê como minhas irmãs ficaram. Ela precisava
de alguém forte e saudável, ela precisava de outro homem e não de
mim. Então a senti despertar e fizemos amor lentamente, dizendo o
que não podia expressar em palavras. Esse era meu adeus real, não a
encenação que faria no dia seguinte.
Capítulo 8
Sarah
Nós não tínhamos conversado sobre nós, mas sentia que era algo
especial. Ellie me dizia que se até agora ele não disse palavra alguma,
boa coisa não era, mas não queria apressá-lo, não queria perder tudo
só porque Matt não dizia que me amava.
- Bom dia! – Disse para Matt saindo de seu quarto e indo para a
cozinha. Usava uma de suas camisetas, um hábito que adquiri no
último mês, no começo para economizar roupas e agora porque gosto
de seu cheiro em mim.
- Acho que o encontro com a minha família ontem possa ter dado a
ideia errada, e preciso te dizer algo.
- Não precisa, cada família tem sua particularidade, Matt. A sua não é
diferente de ninguém.
- Não, você não está entendendo – ele suspirou fundo e olhando nos
meus olhos disse – Apesar do que eles podem ter achado, nós não
temos um relacionamento, ok? Eu sei que estivemos juntos no último
mês, mas é só. Não quero ter uma família. Não vou casar com você ou
ter filhos. Não vou envelhecer ao seu lado. Não vamos ter jantares de
aniversário e nem uma data especial. O que posso te dar é isso e sei
que é hora de acabar.
- Matt, tem certeza? Isso não é sobre ontem, estávamos tão bem...
- É o melhor, Sarah.
- Eu... eu... não posso ser sua amiga – disse fechando os olhos com
força como se isso pudesse me tirar dali o mais rápido possível.
***
- Hey garota, algum plano para esse sábado? – Disse Ellie animada do
outro lado da ligação. Suspirei antes de responder:
- Você o quê?
- Sim, estava tudo bem, então essa manhã ele me disse que não queria
me machucar me fazendo confundir as coisas, que não queria um
relacionamento e achava melhor terminar o que quer que nós
tivéssemos.
- Esse babaca!
- Ele foi sincero, Ellie. Melhor do que realmente quebrar meu coração.
- Sim...
- Isso é bom, preciso mudar de ares e acho que um sorvete não faria
isso.
- Minha garota!
- Vou. Não vejo meus pais já faz alguns meses e eles vão viajar no
natal.
- Vou viajar no dia, mas vou para casa no natal, quer conhecer
Milwaukee?
- Está tudo bem, vou ver uns filmes, ficar bem bêbada, vai ser ótimo –
eu ri de mim mesma –achei que estaríamos juntos...
Então sorri sabendo que Ellie poderia fazer com que as coisas
melhorassem pelo menos um pouco.
Capítulo 9
Sarah
A fila na frente do The Groud era gigantesca, mas Ellie acenou para
alguém que nos colocou frente a frente com os seguranças. O clube era
gigantesco, em uma espécie de antiga fábrica, que não tenho certeza se
existiu ou se faz parte do cenário do lugar. Nós duas maquiadas e com
vestidos colados fazíamos uma dupla e tanto e o segurança
rapidamente nos colocou para dentro.
- Vamos dançar?
- Tudo bem! Um shot para mim e mais dois Sex on the beach, por
favor.
- Muito galanteador.
- Sarah, está bem? – Ela tentou gritar entre a música alta. Eu estava
quase chorando por tudo o que aconteceu hoje e o excesso de bebida.
- Podemos ir embora?
Como um robô segui Ellie, que nos conseguiu um taxi e me levou até
sua casa. Eu estava mais bêbada do que imaginava, e Ellie me ajudou a
tirar a roupa. Antes que pudesse entrar no chuveiro, senti a primeira
arcada chegar do estomago e esvaziei tudo que estava dentro de mim
no vaso sanitário. Depois de dez minutos esperando para ver se teria
mais vômito ou não, tomei banho e coloquei a blusa que trouxe do
meu apartamento.
- Está melhor?
- Tudo bem, você ganha. Vou dormir - Caminhei até o sofá sentindo o
olhar de Ellie sobre mim. Assim que deitei, ela veio sentar ao meu lado
segurando minha mão.
- Não querida, ele. Talvez você nunca supere completamente, mas essa
dor, essa coisa toda que está sentindo agora. Ela vai sumir, eu
prometo.
- A vida, Sarah.
- Como assim...
- Sua mãe?
- Não, foi antes disso – ela suspirou – nunca contei, não é? Pronta
para uma história depressiva?
- Ellie...
- Eu sou viúva, Sarah. Esse anel que nunca tiro era dele. Jake... já tem
sete anos, mas nunca sai completamente da minha lembrança.
- É por isso que você é mais velha que sua turma, não é?
- Não, tudo bem... seis meses depois eles bateram em minha porta.
Então enterrei o amor da minha vida e antes que percebesse fui para
casa. De verdade, dirigi quase dois dias vidrada até Milwaukee.
- Nossa, Ellie!
- Sim! Meu pai tinha ficado uma fera quando me casei e não tinha
falado comigo por um ano, mas na hora que ele me viu ajoelhada
chorando na porta de casa, me pegou nos braços e me levou para
dentro. Passei um ano meio fora do ar, e então voltei para a faculdade.
- Sim, cada lugar tem uma lembrança e é tudo muito agridoce, mas é o
que falei. Lembro de tudo, de cada mínimo detalhe, mas prefiro ter os
momentos doces a reviver a dor de perdê-lo.
- Sim, mãe!
- Pare, tudo bem? Não tive o melhor dos finais de semana. Vamos
subir em silêncio, sem fazer nenhum barulho, tudo bem?
Merda.
- Não interessa.
- E beber até cair por isso não é sinal de envolvimento da sua parte?
Nós passamos todo o dia assim até a hora de ir embora, quando Diana
se despediu nos deixando sozinhos. Como um covarde, esperei parar
de ouvir uma movimentação para sair da sala. Assim que abri a porta
ouvi a voz de Sarah:
- Mas me importo. Coisas... coisas me fazem não poder estar com você,
mas eu me preocupo.
- Só não sei o que fazer. Vem aqui - Ela pensou por alguns segundos
mas acabou vindo em minha direção. Em pé em minha frente, encurtei
o caminho entre nós dois e a abracei forte, como se fosse a última vez.
Então sussurrei para ela - Eu quero que seja feliz. Tanto que dói. Me
promete que um dia você será?
Passar pelo primeiro dia foi uma prova hercúlea. Matt estava uma
merda cheirando a bebida e não podia entender se era por causa do
nosso término ou sua comemoração pela liberdade recém-adquirida.
- Sim. Peguei seu telefone com Ellie. Notei que no sábado nos
adiantamos muito e percebi que devemos ir a um encontro.
- Adeus!
***
No dia seguinte, enquanto estava saindo para o trabalho, vi Max, meu
senhorio, parado do lado da minha porta.
- Seis horas.
- O quê?
Depois de meia hora tentando falar com Ellie, decidi esperar ela entrar
em contato. Deveria estar fazendo prova ou algo importante e não
queria deixa-la preocupada. Três caixas de papelão e uma mala depois,
eu estava pronta para a mudança. Era tão pouco que já tinha tudo
empacotado em menos de uma hora. Então liguei para meu plano B:
Logan.
- Hunt.
- Não, só avise para Diana, ou Logan, não sei. Você não precisa vir.
- Meu senhorio disse que a pessoa que divido apartamento não paga o
aluguel há seis meses. Ele me devolveu algum dinheiro e deu algumas
horas para tirar as coisas. Vai mudar a fechadura daqui a pouco –
contei apática – não tenho carro, desculpa tirá-los assim do escritório.
- Sarah, pare. Precisa de ajuda, estou aqui. Ele não pode fazer isso sem
avisar, vou falar...
- Baby, vamos – ele disse pegando minha mão e me puxando para ficar
em pé. Deveria ser uma figura patética estar sentada nas caixas com
uma mala do lado.
- Sarah, tenho uma ideia, não sei se vai concordar – disse Logan
olhando para mim – nós mantemos uma espécie de hotel perto da
empresa para hospedar os executivos de outros estados e países. Se
você concordar, pode ficar lá até conseguir um lugar melhor para ir.
- Isso é uma proposta muito legal, Logan, mas tenho minha amiga e...
- E vai ficar no sofá dela? – Disse Matt sem paciência – desculpa! Mas
é uma casa ótima, vamos vê-la? Você vai adorar.
- Matt, eu... – não sabia como negar sem deixá-los chateados. Não
queria nenhum favor de Matt mas ao mesmo tempo eu era uma sem-
teto com várias coisas na rua nesse exato momento. Percebendo que
duvidava, Matt gritou um pouco irritado:
- Menos, Matt – disse Logan – vamos ver e você decide, tudo bem?
- Sim, mas não posso ficar, é uma oferta ótima, mas o que vocês fariam
com os executivos? Isso é muito...
Logan e Matt desceram até o carro para buscar minhas coisas e nesse
meio tempo Ellie me ligou preocupada. Depois de explicar tudo que
aconteceu naquela manhã, minha amiga respirou aliviada. Ela me
garantiu que o sofá ainda estava à disposição e que passaria depois do
trabalho para me visitar.
- Olá!
- Bem, deve ser bom morar tão perto do trabalho – ele disse
apontando a torre da Hunt.
- O que?
- Spencer...
- Tudo bem, prefiro não ouvir essa parte. O discurso de rejeição é bem
padrão, já ouvi outras vezes.
- Spencer!
- Vai para casa, Sarah. Foi um ótimo encontro, a comida estava ótima.
- Ótimo.
- Ótimo?
- É aí que se engana querida. Ele quer tudo com você, ele só acha que
não pode se permitir.
***
Arrasada, liguei para a minha mãe e contei o que tinha acontecido. Ela
foi mais compreensiva do que eu imaginava para uma pessoa que não
me via há mais de seis meses. Repassei mentalmente o que deveria
fazer, mas desconfiava que teria um feriado como o natal que
planejava: sozinha com uma garrafa de vinho.
A mãe do meu pai, vovó Mary, detestava tudo, reclamando que minha
mãe estragava os feriados com algo que não era tradicional e não
honrava os pais fundadores ou algo assim. Eu passava o dia inteiro
abraçada ao meu maultasche rindo das duas. As vezes a briga chegava
ao meu stollen ou ao apfelküchlein, quando minha mãe surtava com
seu sotaque carregado sobre ser pratos de datas festivas alemãs que
ela gostava.
- Diana me contou.
- E tocou a campainha?
- Obrigada.
- Ok... – ele então ficou pensativo por cinco segundos – quanto tempo
falta para o pão ficar pronto?
- Não.
- Eu sei que não sou sua pessoa favorita, mas é melhor do que passar o
feriado sozinha. Minha família ama você. Prometo não te irritar.
- Matt...
- Por favor.
Ele tinha razão, não queria ficar sozinha. Mesmo assim... Dane-se.
Eu sentia tanta falta dela. Dos detalhes mais simples como o jeito que
ela se movimenta e como come, do jeito que se enrolava em mim antes
de dormir. Queria tocá-la, mas sei que não posso. Passei os últimos
minutos avisando para Logan sobre Sarah e pedindo para ele contar a
todos que não somos um casal. Não quero que as coisas fiquem
desconfortáveis para ela.
- Estou pronta.
- Claro, vamos.
- Sim.
- Obrigada.
- Besteira! Sempre faço comida a mais pelo tamanho dos rapazes, eles
comem como três monstros – disse mamãe, que pegando na mão de
Sarah, entrou em casa sem ao menos falar comigo.
- Ela está puta porque vocês terminaram – disse meu irmão mais
velho aparecendo ao lado e acompanhando a cena entre Sarah e
mamãe.
- Bem melhor.
- Você tem um terceiro filho para dar olá, lembra, o do meio – sim,
parecia um bebê reclamão, mas adiantou quando ela me abraçou e
segundos depois voltou a dar atenção para Sarah.
- Claro, todos ajudamos aqui. Jason fugiu de seu posto, mas ele era o
responsável por rechear o peru junto a James. Emma estava na
cozinha fazendo a salada e Matt fará a torta, ele é o dono dela há anos.
- Sim, todos os meus filhos cozinham bem. Não queria que morressem
de fome.
- Pena que também era uma vadia traidora – disse Jason sério
enquanto voltava para a cozinha em busca de novos alimentos para
colocar na mesa. Um silêncio caiu no cômodo até o celular de Sarah
tocar com a notificação do Skype.
- Claro, querida.
- Oi, querida!
Sarah virou a tela para todos nós, que estávamos sentando a mesa,
falando e apontando nossos nomes para sua mãe e pai. A mãe de
Sarah disse alguma coisa e ela riu traduzindo.
- Minha mãe disse olá e está impressionada como uma pessoa tão
pequena pode ter filhos tão grandes - Mamãe gargalhou sobre isso e
agradeceu.
- Eles aproveitaram que minha família ainda não chegou para o jantar
e fizeram a vídeo chamada. Mamãe estava me dando água na boca
falando sobre seu strudel.
- Sim, mas não consegui chegar até lá ontem pela tempestade de neve.
Estou feliz que ainda tenham internet, luz e uma comida quente e
gostosa.
- Muito obrigada por me receber. Não estou com minha família, mas
estou com outra muito especial.
- Calma, irmão.
- Vocês dois vão parar? Ela estava sozinha, minha mãe gosta dela, por
que não trazê-la?
- Não ia falar sobre isso, ia perguntar quando vai parar com essa
babaquice.
- Que?
- Ah, vamos! Nós sabemos que terminou com ela e qual foi o motivo –
disse Jason – você está sendo um idiota.
- Não, mas é que sei exatamente o quão miserável você vai ficar. Eu a
odeio em todos os meus dias e mesmo assim não acordo uma noite
sem sonhar com ela ou procura-la na cama, e isso tem dois anos.
Tenho um motivo para estar longe, mas o seu não é forte o suficiente.
Não perca isso.
***
- Muito obrigada por hoje – disse Sarah enquanto abria sua porta.
Praticamente a forcei a aceitar minha carona e não descansei até trazê-
la até a porta.
- Eu a queria comigo.
- Matt, eu... – ela disse fechando os olhos com força – não faça isso,
por favor. Não seja bom, não seja doce. Você quebrou meu coração na
semana passada.
- Não deveria ter feito isso. Estou com medo e não quero me sentir
assim.
- Assim como?
- Matt...
- Não, nós... não – ela dizia ainda com a boca grudada na minha.
Colocando distância entre nós, ela continuou – não vamos fazer isso.
Eu quero que você vá embora.
- Não, reunião fora. Talvez no final do dia, mas não tenho certeza.
- Como foi o feriado?
- Bom, meu Larry continua sem poder comer coisas pesadas, então
tivemos um dia de ação de graças light esse ano, com peru com pouca
gordura e muita salada. E o Seu?
- Obrigada.
Seguimos a viagem em silêncio com alguma conversa ou outra sem
muita importância. Peguei no sono em alguns momentos, notando a
diferença de tempo pelo meu relógio de pulso.
Ele era bonito, seguro e falava bem, tudo que criava um canto da
sereia ao nosso redor. Outra coisa que aprendi sobre ele nesse dia foi
que Matt era fluente em espanhol, parecendo sexy como o inferno em
cada sílaba que falava.
- Olá, Hunt – disse uma voz com forte sotaque em pé atrás de mim. Ao
me virar, deparei com um homem de meia idade loiro me encarando
com ar de interesse. Odeio esse tipo de olhar e Matt pareceu perceber
ao endurecer o corpo – Olá senhorita Hamilton, que prazer revê-la.
- Hunt Enterprise não está à venda – disse Matt fechando as mãos até
seus nós ficarem brancos.
- Que queria sair comigo, que se não gostei do tom que ele estava
falando, tinha um melhor guardado para depois.
- Aquele merdinha... – Matt tentou voltar mas segurei seu braço. Ele
me olhou nos olhos ainda chateado – ele ofendeu você.
- Sarah.. – Disse Matt sem paciência – É claro que serão dois quartos.
Não temos como voltar essa noite, não vou dirigir com essa chuva.
- Me desculpe... só...
- Tudo bem, vamos resolver e ir cada um para seu quarto – ele disse
me cortando.
Capítulo 15
Sarah
Estava me sentindo meio culpada por ter sugerido que isso seria um
plano. Corrigindo, eu gostaria que fosse e ele não foi nada mais do que
cavalheiro. Matt pareceu meio zangado depois que sugeri isso e só me
murmurou um “boa noite” seco antes de entrar em seu quarto.
- Tudo bem, amor, hoje você não vai ficar sozinha – ele disse me
colocando para dentro do quarto e fechando a porta – Acha que
consegue dormir?
- Vá dormir, amor.
Fechei os olhos como ele pediu e senti o relaxamento da bebida e do
corpo de Matt. A próxima coisa que notei é que tinha amanhecido.
***
Matt estava dormindo com o rosto virado para o meu. Ele era lindo de
se observar, e sem conseguir segurar minha vontade, deslizei o dedo
sob seu rosto, em uma carícia leve, observando todos os ângulos de
sua face. Devagar, ele abriu os olhos me encarando e congelei ao
observar seu olhar verde oliva.
- Matt, eu...
- Você disse que era algo casual, que eu estava envolvida demais e...
- E eu também estava. Quero ficar com você, quero acordar com você...
sempre.
- Eu senti tanto a sua falta, Sarah... – Matt disse gemendo entre nossas
bocas enquanto afrouxava o roupão em minha cintura e congelando ao
tocar minha pele – Você está nua?
Eu estava.
- Sim...
- Eu amo essa sua buceta apertada – ele gemeu ainda lambendo com
vigor. Eu o segurava pelos cabelos, apertando em minhas pernas e
sentindo o orgasmo subir pela minha coluna. Tirando as costas da
cama, gemi alto pelo clímax que ele me deu apenas com sua boca.
- Eu senti sua falta – ele esticou a mão até seu celular na cômoda e
discou um número apertando o viva voz.
- Que diabos, Matt. São sete da manhã! – A voz de Logan encheu o
quarto e olhei descrente para Matt sem entender o que ele estava
fazendo.
- Eu sei, mas não podia esperar. Estou com Sarah e quero oficialmente
pedi-la para ficar comigo, ser minha namorada, ter um
relacionamento. Tudo que eu possa amarrar e colocar seu nome como
propriedade.
- E por que tem que me ligar toda vez que decide isso? É a segunda
vez, merda! E é de madrugada!
- Porque não quero que duvide nem por um segundo que quero estar
com você por todos os dias da minha vida.
Ter Sarah de volta era o que sonhava. Depois de ligar para Logan e
avisar para Diana que não iriamos trabalhar hoje pela chuva, deitei de
novo com Sarah, a segurando forte. Pegamos no sono por um par de
horas aproveitando a tranquilidade. Se pudesse, faria isso pelo resto
da vida.
- Precisamos ir para casa – disse Sarah sonolenta.
- Tudo bem... – eu disse percebendo que ela não ia se dar por vencida -
mas me promete passar a noite na minha casa?
- O que, baby?
- Na última vez, passei tanto tempo na sua casa que terminou do jeito
que terminou.
- Ei, pare com isso. Já disse, achei que não poderia ficar com você e...
- Por quê?
- Porque desde o câncer tenho medo de ter relacionamentos.
- De verdade?
- Sim, não quero ver as pessoas sofrerem por mim, tenho medo de
magoar ou mesmo de ser deixado sozinho por estar doente.
- Jason me falou sobre Lizzie e como ele ainda sente falta dela e
percebi que seria isso. Eu nunca deixaria de desejar você, ficaria para
sempre querendo saber o que acontecia se tivesse a coragem de te
procurar.
- Tudo pronto?
***
- Eu quero provar que vamos ser mais do que uma transa rápida.
- Sarah... – eu gemi.
Nos aproximando da cama, a deixei deitada enquanto tirava minha
camisa. Deixando sobre Sarah, beijei seus lábios com avidez, sentindo
nossas línguas dançarem juntas. Ela colocou a mão em meu cinto,
puxando os botões para baixo, liberando meu pau.
Sem deixar de tocar seu corpo, abri a gaveta ao lado da cama, tirando o
lubrificante e um plug anal. Tinha comprado para ela antes do nosso
primeiro termino e nunca tivemos a oportunidade de usar.
- O que é isso?
- Brinquedos – eu disse com riso na voz – do tipo adulto. Comprei isso
para você antes...
- Relaxe...
Depois de terminar, beijei a base de sua coluna, me erguendo em suas
costas. Deslizei meu pau em sua buceta, a enchendo completamente.
Eu estava duro como pedra e torcia para que Sarah continuasse muito
perto de seu orgasmo ou a deixaria pelo meio do caminho.
- Foi selvagem.
- Porque não me levou?
Então ela riu alto e me contagiou, rindo juntos. Eu nunca tinha rido
com uma mulher nua em meus braços, era estranho e quente, como se
completasse algo.
- Você precisa de mais aulas de modéstia.
- Elas também não sabiam sobre ter irmãos. Na verdade, elas não
sabiam o nome do nosso pai, elas foram criadas pelo maldito que
agora está morto.
- E nada mais?
- Não quis perguntar mas disse que agora que as achamos, nunca mais
vamos deixar que ninguém mais faça mal algum. Blair levou o marido.
- Ela é casada?
- Jack Evans?
- Isso. Ele foi mais rápido e trocou o nome de Blair primeiro. Parece
que só teremos uma nova Hunt.
***
Logo atrás estava Blair, mesmo rosto, mas um estilo diferente. Com os
cabelos soltos, uma calça jeans e uma camiseta cinza, ela era a imagem
da beleza natural sem maquiagem. De mãos dadas a ela estava Jack
Evans, muito mais musculoso do que eu esperaria de um astro de
filmes. Ele era do mesmo tamanho de Jason mas tinha músculos
esculpidos em seu braço.
- Sim, mas você acostuma. São três morenos gigantes. Eu sou Emma, a
amiga do seu irmão Logan aqui – ela disse batendo nos ombros dele –
talvez ele esteja sem fala porque até esses dias ele era o irmão mais
novo.
- Quero que saibam que serão sempre bem-vindas, ok? Não sabemos
muito sobre vocês, mas sei que sua mãe morreu cedo. Eu sou a droga
de uma mãe galinha, e saiba que a partir de agora, estarão debaixo de
minhas asas.
- Seu natal vai ficar ainda maior esse ano – Sarah disse saindo do
carro e indo em direção ao meu quintal.
Então uma dor funda invadiu meu peito e percebi que não deveria ter
voltado. Qualquer homem honesto teria explicado para ela como seria
nossa vida no futuro, mas eu tinha medo de perde-la, e contei minha
história pela metade. Era um babaca que a faria sofrer de novo.
Ela merece muito mais, um jardim inteiro de filhos que eu nunca vou
poder dar a ela. Sorri em resposta apesar do peso no meu coração e a
abracei com força querendo que tudo tivesse sido diferente.
Capítulo 17
Sarah
Era esquisito porque mesmo afastados ele era o meu Matt, mas agora
parecia simplesmente distante. Não apareceu no final de semana nem
atendeu meus telefonemas. Na segunda, mandou um e-mail avisando
que não iria trabalhar porque algo o tinha prendido, deixando o
escritório calmo.
- Sim.
- Merda!
- Sarah!!! – Matt gritou nas minhas costas e virei para encará-lo com
dor. Ele fez de novo e eu estava mais irritada porque deixei. Matt Hunt
quebrou meu coração uma segunda vez. Ele se aproximou puxando
meu braço me segurando no lugar.
- Por que não me deixou ir na primeira vez? –Eu gritei – por quêe?
- Eu disse, não sou esse tipo de homem. Desculpa por te machucar.
Fiquei tentado e...
Secretamente desconfio que Ellie me trata como uma boneca que ela
maquiava e brincava quando criança. Comigo fora do ar, Ellie foi ainda
mais incisiva em me fazer trocar de roupa.
Ele era lindo, curto até um pouco acima das coxas e com um decote
baixo que me faria não usar sutiã.
- Por favor, deixa eu usar um dos meus saltos? Com esse vestido e um
dos seus sapatos vou cair e mostrar meus peitos para quem quiser ver.
- Esse é o espírito, garota – ela riu – mas hoje é sobre se sentir segura,
vá pegar um dos seus sapatos e me deixe fazer sua maquiagem. Hoje
vamos fazer você esquecer seu chefe.
- Ellie...
- Ellie!
- Caso seu macho procure, ele vai saber que não está em casa chorando
depois dessa merda de hoje.
Várias vezes alguns caras tentaram algo com a gente, mas Ellie usava
uma série de desculpas que tinham funcionado até então. Quando
mais tarde e mais bêbadas as pessoas ficassem, seria pior de fugir
desse tipo de assédio, então não ficaríamos muito mais.
- Me solta, Matt, por favor – sussurrei sem saber bem como lidar com
esse Matt descontrolado.
Capítulo 18
Sarah
- Sarah!
- Vamos Ellie, sua amiga quer uns segundos – Matt disse enrolado.
Jason, Logan e Ellie foram para o bar e me deixaram com Matt, que
me encarava como se não tivesse me visto.
- Não aqui, não agora – eu disse colocando meus braços a seu redor e
grudando meu corpo ao dele – apenas dance. Estava definitivamente
muito bêbada.
A música não era romântica, mas sua batida fazia que nós dois nos
movimentássemos como um balé bem coreografado. Comecei a sentir
seu pau inchar, e minha calcinha também estava indo pelo mesmo
caminho.
Com essa decisão em mente, movi meus lábios até o pescoço de Matt e
comecei a sugar levemente. Senti sua resposta com o estremecimento
do seu corpo.
- É o que eu quero.
- Fotos?
- Ellie postou várias fotos das duas e Logan percebeu que ela colocou a
localização nas fotos e me disse quando foi me buscar.
- Te buscar?
- Estou meio bêbado, Sarah. Desde hoje à tarde... bebi e fui para a sua
porta, mas você não estava em casa.
- Você viu o que quis que visse. Fui eu que liguei fingindo ser Logan.
Contratei uma stripper para fazer aquela cena.
- E então decidiu fingir que não estava nem aí? Que estava com outra
mulher? Como pôde ser tão idiota? Como pode fazer isso sabendo que
ia me machucar! – Eu gritei.
- Porque não quero condenar ninguém! Não posso ter uma família,
merda! Estou fazendo o melhor para você. Não consegue entender que
não podemos ficar juntos? Você vai me odiar! – Ele disse gritando sem
controle para depois abaixar a voz com derrota – e prefiro que me
odeie agora do que depois. Eu te amo e só quero que você seja feliz.
O que? O que ele está dizendo? Ele me ama, não pode ter família?
- É isso que acha de mim? Que sou tão superficial que não iria aceitar
você com seus problemas e suas qualidades? Merda, Matt, você era
meu mundo. Eu queria casar, uma vida inteira com você. E não me
importo, com filhos, sem filhos. Podemos adotar, passar dias com os
sobrinhos que ainda vai ter, sei lá! Mas preferiu fazer uma escolha sem
me consultar. Me ferir intencionalmente achando que isso seria
melhor para o meu futuro.
- E é, não vê? Posso ficar doente de novo. Eu não suporto a ideia de ver
você sofrer... – ele sussurrou caminhando até mim colocando a mão
em minha bochecha. Fechei os olhos com força tentando limpar minha
mente e encarar os medos de Matt. Eu o amava tanto, será que ele não
conseguia ver?
- Não, você que não está! Eu ia querer cada porra de segundo que
pudesse ter com você. Podia ser dois anos, podiam ser 20, mas eu ia
quer tudo. A vida pode acontecer a qualquer momento, Matt. Posso
morrer atropelada amanhã e essa discussão terá sido uma idiotice.
- Não fala isso, nada vai acontecer com você – ele disse me arrastando
para seus braços e me apertando com força como se quisesse apagar
minhas palavras.
- Claro que eu sei, você vai envelhecer, ter bebês, netos para mimar e
eu vou ser uma lembrança...
- Sarah, me perdoa...
- Está tudo bem, Matt. Eu prometo que vou tentar ser feliz, já prometi
isso uma vez –me aproximei grudando minha testa na dele e
aproveitando os minutos finais entre nós dois – Quero que você saiba
que foi meu grande amor, tudo bem? Eu te amo e faria qualquer coisa
por você, mas você precisa se entender primeiro, entender o que quer.
Ela era perigosa para minha paz de espírito, mas machucá-la me doeu
como se uma faca tivesse entrado no meu peito. Me arrependi assim
que vi seus olhos com lágrimas enquanto corria. Tudo que queria era ir
atrás e explica-la que eu era um idiota.
- Ela acha que eu a trai – disse enquanto a agua caia na minha cabeça.
- Eu não era homem suficiente para ela. Não posso ter filhos, vou
morrer. Ela precisa de coisa melhor.
- Medo de que?
- Não quero que ela fique frustrada daqui a alguns anos e deixe de me
amar porque não pudemos ter filhos. Não quero estragar um sonho
dela e depois descobrir que ela poderia ter tido isso tudo com outra
pessoa.
- Não, eu...
- Não seja essa pessoa, Matt. Não tente esconder seu medo de ser
rejeitado por algo que nem aconteceu atrás de uma decisão “boa para
o futuro de Sarah”. Pergunte a ela, a resposta pode te surpreender. Ela
pode querer adotar, ela pode não querer ter filhos, mas isso também é
uma escolha dela. Isso se chama relacionamento.
- Vai evitar viver pelo medo de que o câncer volte? Isso é irreal, merda!
Se curou há dez anos e o prognóstico é ótimo, você é saudável, faz
exercícios, tudo que os médicos amam. Só vai se preocupar se isso
reaparecer. Deixe de lado todo o resto.
- Matt – Logan disse forte chamando minha atenção – pare com essa
merda, tudo bem? Só está fazendo você, Sarah e todos ao redor
ficarmos miseráveis.
- Ah, você tem? Se você se preocupasse, teria evitado isso, irmão. Todo
esse drama só pelas coisas que estão na sua cabeça.
***
- Eu preciso de ajuda.
- O que houve?
- Não faço a menor ideia de como sair de onde estou e me sinto bêbado
demais para tentar.
- É a casa de Ellie. Queria falar com Sarah, mas elas não estão aqui.
Meia hora depois minha cavalaria chegou. Senti Jason e mais uma
pessoa parada na minha frente, mas não tinha forças para levantar.
- Já ouvi isso tudo mais cedo e contei para Jason – disse Logan.
Ótimo, lá vamos nós de novo – Deveria ter ficado com você em vez de
te deixar bêbado dirigindo por aí.
- Porque ele sabia onde Ellie morava melhor do que suas mensagens
bêbadas. Vamos para casa, é de madrugada.
- Você sabe onde ela está? Eu preciso ir até ela! – Me levantei pegando
Logan pelo colarinho da blusa.
- Matt...
- Ela está no Private 6, aquela nova boate. Ellie não para de postar
fotos das duas dançando. Agora entendo porquê.
- Vamos todos, não dá para lidar com a sua bunda bêbada sozinho.
***
Cada palavra entrava em mim como um punhal, porque sabia que era
o jeito de Sarah encerrar as coisas entre nós, mas mesmo que tentasse,
não conseguia me conformar com o ponto final. Estava nos deixando a
margem das minhas loucuras, levando esse relacionando água abaixo
cada vez que surtava.
Ainda faltava duas semanas para o natal, então conversei com Jason
sobre a possibilidade de ir a Nova York no lugar dele por esses dias e
deixar Sarah em paz. Ele se comprometeu a avisá-la sobre minha
ausência, e sem nem mesmo ir recolher minhas coisas, embarquei
para o outro lado do país.
Além de criar uma distância entre eu e Sarah, tinha outra missão por
esses dias: refazer todos os meus exames e conversar sobre minhas
possibilidades com os médicos enquanto ia para reuniões de negócios.
Três dias depois, a Doutora McKenna me chamou em seu consultório.
- Isso é bom, Sr. Hunt, conhecer seu corpo é bom e entender os sinais
nos ajudam em casos como o seu.
- Minha questão maior é de quanto será minha sobrevida? Quando
devo começar a me preocupar de verdade.
- Mas e se voltar?
Passei mais três dias em Nova York pensando o que fazer com minha
relação com Sarah, mas meu instinto percebia as coisas melhor do que
eu: foi assim que terminei com um anel da Tiffany’s dentro do meu
bolso um dia antes de partir.
***
- Eu esperava não precisar ter essa conversa com você, mas Logan me
contou sobre o que fez. Que diabos, Matt! É por isso que fugiu para
Nova York?
- Não! Você vai me dar um milhão de motivos, mas aí vai: não pode ter
filhos, grande coisa. Eles podem não ter seus traços, mas eles serão
seus...
- O quê?! É assim que você se sente, filho? Não é o mesmo ser seu pai?
- Eu sei e agradeço por isso – fiz uma pausa tentando pensar no que
faria depois - Por que nunca nos adotou?
- Porque por mais que ame vocês três como meus filhos, seu pai tinha
o direito de participar da vida de vocês.
- Mas precisava deixar essa porta aberta. Ele teve três garotos
maravilhosos que mudaram minha vida para melhor. Azar o dele que
perdeu isso tudo – ele me disse piscando – e além do mais, vocês
podem não ser Larson no nome, mas são no coração. Está tudo aí
dentro.
- Finalmente!
- Pai!
- É verdade, eu sou velho, é mais fácil para mim ter um infarto do que
seu câncer voltar. Estamos te falando isso há anos, mas você não
consegue entender.
- E sobre Sarah?
Eu então sorri para meu pai, o sorriso mais tranquilo da última década
e disse para meu pai:
- Matt, vai atrás da sua garota. Vai viver a droga da sua vida e se
quiser, me dê bons netos para mimá-los e ensinar como se faz uma
boa omelete ao estilo dos Larson.
Assim que meu pai foi embora, levei a mala até meu quarto e sai
novamente. Como ele mesmo disse, era hora de ir atrás da minha
garota. Não sei se ela voltou para o apartamento depois do que
aconteceu e preferi consultar com meu irmão mais novo para saber o
caminho a tomar.
- Isso vai ser mais complicado... ela pediu demissão assim que pisou
no escritório. Conversou com Jason, recolheu suas coisas e sumiu.
Sumiu?
Por que diabos voltei? Dirigi para Ellie sabendo que teria outro
momento duro pela frente. Torcendo pela minha boa sorte das férias
de final de ano, toquei a companhia. Ela atendeu no primeiro sinal, me
olhando de cara feia através do vidro da porta.
- Por quê?
- E como pode ser diferente das outras duas vezes que voltou
rastejando?
- Sim, ela é a parte boa. Lutei contra, mas mesmo assim terminei a
amando. Tentei me separar dela, menti, fingi, fiz um monte de coisa
para Sarah se afastar, mas no final do dia, só a quero comigo. Eu a
amo tanto que...
- A questão é, sei que errei, que fui um idiota, que não sou confiável e
tudo isso que você sabe de cor, mas eu a amo, amo tão
enlouquecidamente, como se meu coração precisasse dela para bater
mais forte. Não sabia que podia ser assim, mas aconteceu, e tenho um
anel de noivado no meu bolso para provar que não vou a lugar
nenhum.
- Esse é o endereço dos pais dela, Sarah está com eles nos últimos dias.
***
Lembrava que os pais de Sarah eram professores, mas não notei onde
até o momento que o taxi estacionou. Mesmo no escuro da noite sabia
que estava nos arredores de Harvard e suas casas de tirar o fôlego. A
da família Hamilton era uma das maiores da rua arborizada, toda em
madeira branca em seus dois andares.
- Matt?
Bem a minha frente estava Sarah, seu cabelo loiro caindo ao redor dos
olhos e um pesado casaco em seu corpo. Era tudo o que precisava ver.
- Como assim?
- Sei que fiz de tudo para te afastar e sou um idiota. Fui para o
hospital, fiz novos exames para detectar o linfoma...
- Não está sendo justo, por duas vezes você me deixou e...
- Você estava certa sobre ajeitar minha vida. Quero fazer terapia,
arranjar um hobbie, parar de ficar obcecado pela volta ou não do
câncer, mas sei que isso tudo será com passos de bebê. Mas tem uma
coisa, essa coisa...Eu não sei viver sem você, Sarah. Vamos fazer tudo
diferente...
- Eu te amo tanto que meu coração explode cada vez que te vê, mas
preciso saber se é de verdade, se não vai ficar com medo de novo. Doeu
tanto ver você com ela...
- Não... isso é porque eu não consigo passar mais nenhum minuto sem
você ao meu lado. Para mostrar que estou comprometido, preciso ligar
para Logan, é como sempre fazemos.
- Não! – Ela gritou alto – estou feliz com o anel, nas outras vezes que
ligou para seu irmão nada terminou bem.
- Você é culpado das idiotices, não seu irmão – ela disse me sorrindo –
mas para evitar brigas, não conte que ele nos deu má sorte.
Ver Jason dormir ainda parecia um sonho para mim. Ele veio até
Massachusetts para dizer que me amava e que queria casar comigo,
tudo que queria e me negava a pensar. Assim que ele me pediu em
casamento, o levei para meu quarto de adolescente, me sentindo meio
transgressora sobre isso. Nunca um rapaz pisou aqui, e o primeiro
seria meu noivo.
Sentia o medo chegar ao meu estômago gritando que era uma idiota
por fazer isso de novo. Assim como ele tinha medo, eu também lutava
tentando acreditar que vamos ter um futuro. Passos de bebê, ele disse,
é o que vamos tentar ser apesar da nossa intensidade.
Eu não queria vir para cá, mas depois da conversa final que tive na
casa de Matt, algo me empurrava para a fuga. Acordei decidida a
buscar minhas coisas na empresa, pedir demissão e fugir para
Cambridge. As coisas saíram melhor do que o esperado, assim que
cheguei Diana não estava nem Matt, o que me deu tempo para
arrumar tudo e preparar a carta de demissão.
- Matt ficará fora pelos próximos dias, se quiser arrumar as coisas com
mais calma você pode. Eu sinto muito por tudo o que aconteceu com
vocês...
- Você aprende a viver com elas. Tem dias que doem mais do que
outros, em alguns até mesmo pode acreditar que não lembra.... – A voz
de Jason morreu como se ele já não estivesse completamente naquela
conversa. Deus, queria tanto não me transformar no fantasma que ele
era por Lizzie.
Assim que vi minha mãe, chorei. Simples como pode ser, ela abriu a
porta, eu caí em seus braços e coloquei toda a dor para fora. Ela e meu
pai me colocaram na cama e fizeram sopa para mim, daquelas que
você só recebe quando está doente.
Fiquei deitada por dois dias até decidir no terceiro que precisava fazer
algo. Queria aproveitar esses dias para decidir sobre voltar para Los
Angeles, ficar com meus pais ou ir para outro lugar, então passei as
horas na melhor terapeuta do mundo, a cozinha.
Foi assim que terminei sozinha nessa casa grande no meio da neve.
Quando atendi a porta tão rápido, achei que era a comida chinesa que
tinha pedido, mas era Matt dizendo que me amava.
***
Sem sono, levantei na ponta dos pés para preparar o café. Ainda era
seis da manhã e Matt estava cansado: ele chegou de Nova York para
descobrir que voltaria para a costa leste atrás de mim. Senti meu
celular vibrar e vi “Ellie” chamando.
- Como sabia que ele ia propor? Ellie, você tem algo a ver com isso?
- Sim, mas sei que só ele poderia te fazer feliz do jeito certo.
- Ela sempre foi sua boba – olhando para o céu clarear lá fora percebi
uma coisa – Ellie, são três da manhã em Los Angeles, por que está
acordada?
- Eu te amo, amiga... Sei que ninguém vai substituir Jake, mas um dia
vai acontecer.
- Já aconteceu para mim, com Jake - ela disse com a voz triste – E
quero que você seja tão feliz quanto eu fui. Agora vou dormir, te amo,
amiga!
- Quem era? – Disse Matt bocejado na cozinha. Ele era tão lindo
quando acordava.
- Isso é um plano?
Voltei para meu grupo de apoio e foi duro me apresentar anos depois
para alertar para as pessoas que o câncer não pode tomar sua vida: a
doença pode ser grande parte do seu cotidiano, mas nunca deixe de
fazer as coisas por ela. Reconheça seus medos e entenda que eles
podem ser internos e não culpa de um linfoma.
Conhecer Olívia foi uma experiência de outro mundo. Alguns pais que
adotam costumam dizer que criaram laços pouco a pouco, mas eu
sabia que ela era minha filha na primeira vez que a vi naquela espécie
de incubadora pós-operatória, cheia de fios saindo pelo seu corpo.
Lembro de olhar para Sarah, nós dois vestidos com roupa de hospital e
ouvir sua voz sussurrada através da máscara, “É nossa filha”. Chorei e
concordei com a cabeça. Essa seria minha primeira imagem mental de
Liv a partir de então: uma visão embaçada de lágrimas de um bebê
pequeno e frágil. Chorar tinha sido um hábito depois disso: a primeira
vez que a peguei, a primeira vez que ela disse “papai”. Era tudo tão
novo e já tinha me resignado a não ter nada disso.
Sarah diz que ela estava destinada a ser nossa e não duvido nem um
pouco disso. Olívia é coreana-americana, filha de uma emigrante que a
entregou a adoção. Ela era mãe solteira, o que as assistentes sociais
nos disseram que era uma grande vergonha em sua cultura.
Liv nasceu com lábio leporino, uma abertura por má-formação. A mãe
viu o bebê e aos berros de que era um castigo divino, entregou nossa
filha para a adoção. É só isso que sabemos sobre ela. Então Liv entrou
na lista de adoção e três casais não a quiseram. O serviço social
conseguiu a cirurgia corretiva para ela, achando que era essa a questão
dos pais desistentes.
Éramos uma família, a família que e nunca esperei ter e que graças à
minha esposa, consegui. Agradeço a cada dia por ter invadido minha
vida, meus pensamentos e me feito confiar em nós dois. Meu futuro
seria vazio sem ama-la, ou pior, amando-a sem tê-la, como planejava
fazer. Sarah tinha razão, era um plano estúpido.
Sarah
Cinco anos depois
Se alguém me contasse que Matt seria um pai chorão, eu riria, mas ele
era. Ele estava lá para nossas duas meninas o tempo todo e ele abraçou
o dever paterno como se fosse mais um de seus negócios.
Nós tivemos vários momentos nesses nove anos juntos, mas um dos
mais surpreendentes aconteceu há seis meses, quando a empresa que
guardava o esperma de Matt nos notificou que ao contrário do que ele
achava, nem todas as amostras foram perdidas no incêndio ao
laboratório.
Eram de verdade.
Liv inclusive tinha perguntado porque esse irmão não viria “pelo
correio” como Amanda, e acabamos tendo a temível conversa sobre
como os bebês nascem – o que deixou Matt um pouco desesperado. Eu
tinha sido abençoada, realmente abençoada com uma família
maravilhosa. Era mais do que poderia esperar.
Eu duvido.
Acredito fielmente que meu pai escondeu da minha mãe que era uma
manteiga e que ele também deve ter sofrido horrores. Isso também
pode ser porque nunca conseguiria imaginar eles dois separados. Ela
começa onde ele termina e vice e versa, como se eles tivessem um
mundo particular.
A coisa sobre papai é que ele ficou apegado a grandes gestos. Mamãe
sempre esteve lá para me ver dançar, cantar, pular e todo o tipo de
coisa, soltando palavras em alemão – que ela fez questão que todos
aprendessem – e nos abraçando sempre que precisasse. Papai
também, mas ele, digamos, gostava de aparecer.
Como quando alugou um haras por um dia quando Amanda disse que
gostava de cavalos, Como pagou uma palestra para James aos dez anos
para explicar o que era inseminação artificial, como pediu comida de
um restaurante de Massachuttes quando mamãe estava com saudades
de casa e como quando me levou à Coreia.
Ela podia ser bem territorial, lembro do dia que ela jogou um pote de
tinta em uma mulher em uma recreação pai e filho quando alguém
disse que “esses imigrantes estão sujando a América” enquanto
apontavam para mim. Ela só não bateu porque meu pai a segurou a
tempo, ela estava com muita raiva, de verdade.
- Viu, eles são parecidos com você. Aqui os diferentes somos nós.
- Mas eles não são vocês – disse segurando seu rosto – Mamãe, você,
James e Mandy são diferentes, mas eu sinto todos em meu coração.
Nós somos família.
- Eu te amo, papai.
Agora estamos tendo nossa dança pai e filha e ele tem lágrimas nos
olhos. Ele tinha sido o melhor pai que eu gostaria de ter assim como a
mamãe. Nunca procurei por meus pais biológicos apesar te ter
passado por um momento de revolta na adolescência. Até onde sabia,
sempre fui uma Hunt que nasci em outro lugar.
Ele sorriu e olhou além de mim, e virei para ver minha mãe esperando
atrás de nós dois.
- Posso roubar seu parceiro de dança? William quer dançar com você.
Então ela sorriu e se aninhou nos braços do meu pai. Cheguei até
William e fiz o mesmo.
FIM
Antes de descobrir ser uma Hunt, Blair encontrou seu grande amor.
Aproveite e dê uma espiadinha em “Amor Inevitável”, o segundo livro
da Série “Os Irmãos Hunt”, disponível na Amazon Brasil:
Sinopse
- Blair!!
Não faz nem 24 horas que a assistente de Vic me ligou avisando sobre
o acidente e minha irmã já está me enlouquecendo. Um dia inteiro de
me tornar a serva dela em “Blair, pegue um copo de água”, “Blair, não
consigo me mover, coce minhas costas?”, “Blair, o gesso está coçando,
o que eu faço”.
- Blair, venha aqui, por favor!! – Ela voltou a gritar com esse tom
anasalado vindo da proteção do nariz recém operado. Fico imaginando
se quando eu também era o centro das atenções também era tão
mimada como Vic, mas duvido. Dei um sorriso agridoce para Tyra, a
assistente da minha irmã e me dirigi até o quarto onde ela estava.
Ela descia a 100 km/h quando atendeu ao telefonema, e fez muito bem
até receber a notícia que foi escalada para o papel de sua vida. Não sei
o que aconteceu ao certo depois, se ela se distraiu, comemorou ou o
quê, mas ela bateu direto em uma árvore.
Ele era temperamental e me odiava porque não fazia parte do seu time
fixo: os DFs costumam ter sua própria turma, mas por uma questão de
agenda, um de seus assistentes não pode participar. Jonah
Carmichael, um professor da universidade, me chamou para
participar, e ai começou o drama porque eu era “nova demais”,
“inexperiente demais”, “sem força para encarar a estrutura”.
É a tal teoria da irmã que é o centro das atenções e a outra que deseja
se esconder. Sou a chata, tímida e entediante, a calmaria depois da
tempestade. Vic é o furacão que abala as estruturas e provoca a tal
tempestade. Nós somos duas partes de um todo, mas tem horas que
ela é estressante, principalmente agora que é uma estrela de cinema.
Odiava ainda mais a pressão, os pais dos atores brigando porque seu
filho tinha um papel menor que o meu e meu padrasto dizendo que eu
não deveria me afetar, continuar a comer ainda menos e ser a criança
reluzente que todos os diretores amariam ter em seu elenco.
Ela estava afundava em sua gigante cama king size que só destacava o
quão pequena e frágil estava. Como tomamos vidas diferentes, ainda
me sentia oprimida pela mansão da minha irmã: meu apartamento
inteiro cabia em seu quarto, uma mistura de estilo clássico e a visão de
Los Angeles em janelas de vidro do chão ao teto.
- Meu nariz vai ficar feio, não vai? Vamos ficar diferentes, isso é tão
absurdo! Eu não quero ser diferente de você! – Ela disse
choramingando e quase se engasgando sem ar por causa da bandagem
no nariz.
Ela me sorriu no meio do inchaço. Ela era mais frágil do que eu,
precisava de pessoas com ela e tinha medo de alguém se aproveitar
desse lado ingênuo. Nós duas demos encerramentos diferentes para
nossa infância, e reagimos de formas diferentes na nossa vida adulta.
- Ele avisou aos produtores? Você sofreu um acidente, Vic. Não é como
se você tivesse fugindo das gravações para sair e curtir por aí. E você
não assinou o contrato ainda...
- Vic!
- Discuti com Morgan sobre isso. Ele ainda não contou e não temos
outra opção – então ela olhou para mim como ela costumava fazer e
algo se iluminou em seu rosto. Odeio quando isso acontece na maioria
das vezes – A menos que...
Não.
Absolutamente não.
Já sei onde isso vai chegar por seu olhar insistente. Ela quer que
troquemos de lugar até que ela se recupere. Já fizemos isso outras
vezes quando crianças, mas agora é diferente. Eu poderia ser
processada por falsidade ideológica, pelo amor de Deus.
- Vic, eu não atuo há mais de dez anos. E não sou você. Isso é errado.
Ouch.
- Não vamos entrar nisso, Blair. Você tem seu estilo e eu o meu, e eu
nunca iria aos lugares usando jeans e camiseta de banda como você.
Como não temos nada de figurino, o máximo que deve fazer é dar
medidas, e nisso irmã, somo idênticas.
- Você iria gastar as férias comigo, sua irmã doente e insuportável. Por
que não na produção? Não é nada do que você não faria como você
mesma e ainda tem o Jack Evans. Ele está produzindo e é o ator
principal... por favor, por favor!
- Já disse, não. Chega disso. Quer algo para comer? Alguma coisa? –
Por favor, mude de assunto, por favor, por favor.
Merda.
Ela levou o braço bom nos meus lábios, fazendo o assunto morrer.
- Não quero falar sobre isso e me sinto mal por usar isso para você me
ajudar. Já passou, Blair.
- Vic... ninguém pode saber disso, nem Morgan. Se ele souber que
“você” está indo aos ensaios, invente algo sobre estar indo de muletas.
Não quero ele sabendo disso.
- Morgan ainda acha que é um erro fazer esse filme, ele diz que vai
atrapalhar os meus contratos de publicidade, mas estou pouco me
importando. Não vai me acompanhar em tudo e além do mais, são só
leituras – ela bufou –estou tecnicamente sozinha nisso.
- De verdade?
- Tudo bem, mas não vou aguentar por muito mais tempo, viu?
Meia hora depois estava deitada no meu sofá velho, cercada das
minhas coisas em meu apartamento pequeno – o primeiro e único que
comprei em toda a minha vida. Lar doce lar de quem não é milionário.
Ainda lutando pelo que faria, decidi ler o script e fiquei tomada pela
história do novo filme de V.
Era incrível vê-la trabalhar porque era notável como ela gostava disso.
Ela também me ensinou sobre as pessoas que ela conhecia de outros
trabalhos, quem ela realmente conhecia, quem não deveria falar
nenhuma palavra e algumas de suas características. Com a ajuda da
internet, ela me mostrou fotos e suas relações entre elas. Minha irmã
era a louca do controle.
- Você uma atriz, vão achar que é excêntrica, metida, essas coisas.
- Bom dia, Jack – disse Marshall entrando em minha casa em Bel Air –
trouxe donuts, já que você oficialmente está livre daquela dieta de
merda.
Ele era meu agente desde o início da minha carreira. Marshall era
grande e negro e passou mais tempo sendo confundido com meu
segurança do que meu empresário. Apesar de ser diferente da maioria
dos agentes hollywoodianos, era um predador dos negócios.
- Merda, você estava comendo só frango nos últimos meses, isso deve
soar com o céu.
Que merda?
Tudo bem, nem tudo mudou em minha vida, mas sou uma pessoa
muito mais calma do que há uma década. Transei ontem à noite, a
trouxe para o duplex e achei que assim que acordasse, entenderia que
precisava ir embora.
- Você precisa parar de trazer essas mulheres para cá, é sua casa, Jack.
Se eles quiserem ser loucas elas podem, e sua equipe de segurança não
vai conseguir impedir.
- E vai descobrir que isso acontece uma vez por semana – suspirando
de prazer comendo a última das rosquinhas, uma com cobertura de
chocolate e recheio de creme mudei de assunto - Esse trabalho com
Liam vai ser o ponto de virada da minha carreira. Chega de filmes de
ação e blockbusters, quero algo mais.
Não a conhecia mas sabia que ela era minha vizinha nos Hamptons,
foi assim que o empresário dela soube da chance de participar de “A
Dúvida”. Eu me apaixonei assim que vi a propriedade em uma visita à
Liam no ano passado. As duas casas dividiam a doca localizada na
divisa entre elas, o que me deixou um pouco nervoso sobre Victória
confundir as coisas.
- Vamos, Jack, você mesmo fez uma quantidade de filmes ruins até
poder escolher o que queria fazer de verdade.
- O problema é que qualquer deslize dela e teremos publicidade
negativa no projeto.
Senhorita ladra de comida era mais uma na minha lista, e eu sei, isso é
cruel. Não faço ideia do nome dela mesmo, era uma garçonete em um
evento que fui ontem e caramba, era deliciosa em seu uniforme justo.
Assim que me aproximei senti que ela estava dentro do jogo.
- Sua agenda está obstruída para o filme, Jack, acho que vamos nos ver
pouco na próxima semana. Meu trabalho começa com o nosso
planejamento de divulgação e por favor, pare de foder essas mulheres
aqui. A imprensa me procura e quero ficar tranquilo com Rochelle
enquanto você está com Liam.
- Eu ouvi mamãe!
Assim que ele saiu, comecei minha rotina de exercícios. Meu programa
seguinte me deixava ainda mais animado: hora do pontapé inicial de
“A Dúvida” depois de lutar com unhas e dentes para Star Kingdom
aceitar o projeto e ter Liam na direção, as coisas finalmente
começaram a acontecer.
Casamento de conveniência?
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