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Fitoterapia

Indicações, usos e preparos

Bióloga Virginia Koch


INTRODUÇÃO

O homem sempre se valeu da natureza e, em especial, de plantas para


cuidar de sua saúde prevenindo, curando doenças e também cuidando de sua
higiene.
A fitoterapia é uma prática terapêutica que utiliza plantas com
propriedades medicinais, gustativas e aromáticas.
A utilização das plantas como fonte de medicamentos para o tratamento
de enfermidades que acometem a humanidade remonta à idade antiga. São
inúmeros exemplos de medicamentos que foram desenvolvidos de fontes
naturais, especialmente de plantas, como a morfina e os digitálicos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não só reconhece, como
também estimula o uso de plantas medicinais, embora recomende cuidados
especiais no seu uso através da distribuição de manuais.
Os medicamentos fitoterápicos são preparações contendo extratos de
uma ou mais plantas. De acordo com a definição proposta pela OMS, os
medicamentos fitoterápicos são substâncias ativas presentes na planta como
um todo, ou em parte dela, na forma de um extrato total ou processado. Os
medicamentos fitoterápicos são usados de forma preventiva e no tratamento
curativo de doenças como gripes, problemas digestivos e intestinais, doenças
circulatórias, insônias, como tônicos, no tratamento da fadiga e estresse, etc.
Diferentes aromas são extraídos de plantas e utilizados na forma de
perfumes, desodorantes, óleos, essências, incensos e outros, com o objetivo
de trabalhar a beleza, sensualidade e espiritualidade.

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TERAPIAS COM PLANTAS MEDICINAIS –
DEFINIÇÕES E FORMAS DE PREPARO

Fitoterapia:
A fitoterapia consiste no conjunto de técnicas de utilização dos vegetais
no tratamento e na recuperação da saúde.
Na terapêutica, a fitoterapia faz parte dos recursos da medicina natural e
está presente também na tradição da medicina popular e nos rituais de cura
indígena.
A humanidade sempre utilizou as plantas medicinais como recurso
terapêutico, sendo este conhecimento passado de geração à geração.

PREPAROS E PRINCÍPIOS ATIVOS

As plantas, para fins terapêuticos, devem ser processadas levando-se


em conta os seguintes fatores: modo de preparo, propriedades físicas, aspecto
da planta, concentração de princípios ativos, propriedades farmacológicas e a
finalidade à qual o tratamento se destina.
Os derivados das plantas podem ser obtidos por tratamentos mecânicos,
por ação do calor, por utilização de solventes e pela concentração das
soluções extrativas.
Os produtos obtidos por tratamento mecânico são as plantas
empregadas “in natura”, os pós vegetais , as polpas e outros produtos líquidos
obtidos por expressão (suco fresco da planta). A partir da ação do calor, por
destilação, são extraídos óleos essenciais, águas destiladas e alcoolatos.
Quando há utilização de solventes, os produtos dependem do tipo de solvente
utilizado. Dentro destes produtos incluem-se as tinturas, tinturas-mãe, as
alcoolaturas, o suco fresco da planta (extraídos tendo o álcool como solvente);
hidróleos: tisanas, infusões e decocções (tendo como solvente a água);
sacaróleos, xaropes e melitos (quando o solvente é uma solução açucarada);
vinhos, cervejas, vinagres, óleos, propilenoglicol e glicerina (extraídos com

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solventes diversos). Os produtos obtidos por concentração das soluções
extrativas são os extratos fluídos, extratos moles e extratos secos.
As ervas trituradas e peneiradas, em forma de pó, possuem grande
aplicação no arsenal terapêutico, para fabricação de cápsulas e comprimidos.
Seu uso é vantajoso por possibilitar uma administração segura do
medicamento, o ajuste ou eventual concentração de princípio ativo e sua
manipulação simplificada, que possibilita diversas misturas.

Óleos Essenciais
Os óleos essenciais são compostos aromáticos extraídos por destilação,
por expressão ou por extração a partir de solventes. São empregados na
perfumaria e na aromaterapia.

Hidrolatos
Os hidrolatos, também conhecidos como águas destiladas, são
subprodutos da preparação dos óleos essenciais. O processo de obtenção de
hidrolatos parte da utilização de plantas frescas maceradas para destilação
com vapor d´água. Estes compostos possuem propriedades aromáticas e
adstringentes, sendo usados em xaropes e sob a forma de loções e cremes.

Alcoolatos
Para o preparo dos alcoolatos, as plantas frescas são maceradas com
álcool e então destiladas. Os alcoolatos podem ser denominados também de
soluções alcoólicas de essências ou tinturas de essências.

Alcoóleos
São preparações líquidas resultantes da ação dissolvente do álcool,
empregadas em determinadas quantidades para títulos definidos sobre
materiais vegetais. Em fitoaromaterapia utilizam-se as tinturas, tinturas-mãe, e
alcoolaturas.

Tinturas Vegetais
As tinturas vegetais são preparadas à temperatura ambiente pela ação
do álcool sobre a erva ,(tintura simples) ou sobre uma mistura de ervas (tintura

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composta), através dos processos de solução simples, maceração ou
percolação..

Tinturas-mãe
Tinturas-mãe baseiam-se em preparos líquidos resultantes da ação
dissolvente de um veículo alcoólico sobre drogas de origem vegetal ou animal.
Para sua preparação devem ser tomadas algumas precauções na hora da
colheita do vegetal levando em conta a parte da planta a ser usada (por
exemplo: as folhas devem ser colhidas após estarem bem desenvolvidas, antes
da floração do vegetal).
Alcoolaturas
As alcoolaturas são compostos obtidos pela ação do álcool sobre drogas
frescas que não podem sofrer processos de estabilização ou secagem, por
perderem sua atividade.

Suco de planta fresca


É a suspensão da planta, com seus constituintes ativos e inativos em
álcool a 30°G.L. Este suco permite o uso de todo o complexo da planta sem a
perda de princípios ativos.

Hidróleos
São derivados obtidos pela dissolução em água de alguma substância
medicamentosa. Também conhecidos popularmente como tisanas, os hidróleos
podem ser obtidos por infusão, decocção ou maceração.

Infusão
O modo tradicional de preparo do chá é chamado de infusão. Joga-se
água fervente sobre as partes ativas da planta, deixando-a na água de 5 a 10
minutos para depois filtrar.

Decocção
A decocção parte da colocação da planta em um recipiente fechado com
água fria, que será aquecido, fazendo com que a água entre em ebulição..

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Maceração
É uma preparação líquida, e requer uma longa imersão do vegetal em
água fria, deixando a planta em um recipiente coberto em repouso durante uma
noite, em ambiente fresco.

Extratos glicólicos
São obtidos pela maceração ou percolação de uma erva em um solvente
hidro-glicólico (no propilenoglicol ou na glicerina). São usados em
fitocosméticos (sabões, banhos de espuma, xampus).
Extratos fluídos
Apresentam-se como preparações oficiais obtidas de drogas vegetais
manipuladas. Emprega-se em soluções alcoólicas, géis com álcool e emulsões
alcoólicas.

Extratos moles
Soluções extrativas que possuem consistência de mel são conhecidas
como extratos moles. Apresentam as mesmas aplicações dos extratos fluídos,
e possuem concentração maior.

Extratos secos
São apresentados em forma de pós, amplamente usados. Usados para
banhos, como sais e em máscaras cosméticas..

Os princípios ativos são substâncias que as plantas sintetizam e


armazenam ao longo de seu desenvolvimento. No vegetal, podem ser
encontrados vários componentes ativos, tendo um ou mais componentes
responsáveis por sua ação medicinal. Distribuem-se de forma aleatória no
vegetal, concentrando-se preferencialmente nas folhas, flores e raízes, às
vezes em sementes, frutos e cascas.
Principais princípios ativos:
- alcalóides : formado por um grupo heterogêneo de substâncias
orgânicas, como a atropina, a morfina, a cafeína e a quinina;

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- princípios amargos : plantas com componentes de sabor amargo,
que estimulam a secreção de sucos gástricos, possuem ação tônica;
- taninos: componentes vegetais empregados no curtimento de couro,
de ação adstringente, anti-séptica e antidiarréica;
- heterosídeos: substâncias que apresentam ações e efeitos diversos;
- flavonóides: possuem propriedades farmacológicas como a ação
sobre os capilares, sobre distúrbios cardíacos e circulatórios, também
como antiespasmódicos;
- saponinas: formam espuma abundante, quando agitadas em água –
possuem ação mucolítica, diurética e depurativa;
- mucilagens: agem como protetores das mucosas, atenuando
inflamações;
- ácidos orgânicos: de ação refrescante e laxativa, usado na
farmacosmética.

COMO COLHER, SECAR E ARMAZENAR AS PLANTAS MEDICINAIS

Como não é possível dispor das plantas frescas o ano todo, pode-se
realizar a secagem das mesmas. A forma de coleta, secagem e
armazenamento interferem na qualidade da planta medicinal.

Coleta
É importante tomar alguns cuidados ao coletar:
 Colher sómente plantas bem desenvolvidas e sadias;
 Colher pela manhã, após o orvalho, de preferência em dias ensolarados;
 Ter certeza da identificação correta da planta;
 Não colher plantas de beira de estradas, locais onde houve aplicação de
agrotóxicos ou outro tipo de contaminação;
 Não retirar todas as folhas de um mesmo galho, para que a planta
continue a crescer;
 Deixar algumas plantas de cada tipo no local onde está sendo feita a
coleta; isto permite que a planta se multiplique;

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 Observar a época em que a planta possui maior concentração de
substâncias medicinais, conforme a parte a ser utilizada. Abaixo estão
algumas orientações gerais, mas podem variar conforme a planta:

Parte da planta ser colhida Época de colheita


Flores Quando as flores estiverem bem abertas
Folhas Antes da floração
Cascas e raízes No outono e início do inverno
Frutos e sementes Quando estiverem bem maduros

Secagem
O processo de secagem deve iniciar imediatamente após a coleta. As
plantas podem ser secas em estrados, bandejas ou feixes; à sombra, em
local arejado e limpo. Para garantir a qualidade e melhor padronização, as
estufas e secadoras com controle de temperatura são mais indicadas. A
temperatura da secagem não deve ultrapassar os 40°C, pois altas
temperaturas alteram a qualidade da planta medicinal.

Armazenamento
As plantas podem ser guardadas em vidros, colocados dentro de armários
fechados, pois se deve evitar a exposição à luz. Maiores quantidades de
plantas são colocadas em sacos de papel, envoltos em sacos plásticos,
protegidos da luz. Dessa forma, garantem-se melhor conservação e
qualidade da planta. Para comercializar utilizam-se pequenas embalagens
de polipropileno (tipo de plástico que impede a entrada de umidade). Não se
pode esquecer de colocar uma etiqueta com a identificação da planta (nome
popular, nome científico e prazo de validade).

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PRAZO DE VALIDADE

As plantas medicinais e suas formulações têm um prazo de validade.


Isto é, depois de certo tempo seus componentes se alteram e não servem
mais para o consumo.
Os produtos devem ser revisados periodicamente para ver se estão em
boas condições, pois não é utilizado nenhum tipo de conservante. Se for
constatada qualquer tipo de alteração, o produto deve ser descartado.
PRODUTO PRAZO DE VALIDADE
Plantas secas 1 ano
Tinturas 1 ano
Pomadas 1 ano
Xaropes 3 meses
Vinhos 3 meses
FORMAS DE PREPARO DAS PLANTAS MEDICINAIS

Chá
O chá é obtido com plantas medicinais e água, por meio de infusão,
cozimento ou maceração. Os chás podem ser adoçados quando usados
para problemas respiratórios como tosse ou gripe, para baixar a febre e
como calmante.

Maneiras de preparar:
Lavar, secar e picar as plantas. Preparar o chá com água fria ou quente,
das seguintes formas:
Maceração – Colocar a planta em molho na água fria. Folhas e flores
podem ficar menos tempo que cascas e raízes.
Infusão – Colocar água fervendo sobre a planta e deixar tapado. Folhas
e flores necessitam de 10 minutos; cascas, talos e raízes, de 30 minutos.
Cozimento – Ferver a planta junto com a água e deixar tapado até
amornar. Folhas e flores devem ferver de 3 a 5 minutos; cascas, talo e
raízes, por 10 minutos.
Quantidade de planta a ser usada:
Planta verde – 20 gramas por litro de água.

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Planta seca – 10 gramas por litro de água.
Como medir as plantas medicinais:
1 colher (de sopa) corresponde, aproximadamente, a 5 gramas de folhas
verdes
1 colher (de sopa) corresponde, aproximadamente, a 2 gramas de folhas
secas
1 colher (de sopa) corresponde, aproximadamente, a 10 gramas de
raízes ou cascas

Modo de usar:
O chá é simples e rápido de preparar, sendo usado para vários tipos de
problemas. É a melhor forma de uso, principalmente, para pessoas que
tenham algum tipo de irritação no estômago (gastrite, úlcera), infecções
urinárias e alcoolismo. A utilização de uma mesma planta não deverá
ultrapassar o período de 20 dias. Plantas amargas devem ser utilizadas
por, no máximo, 8 dias. Recomenda-se a substituição da planta por
outra com propriedades semelhantes.
Adultos podem tomar de 2 a 3 xícaras por dia; crianças, até 1 xícara por
dia, diminuindo conforme a idade.

Tintura
A tintura é um preparo concentrado extraído das plantas medicinais por
meio de maceração com álcool de cereais. Utilizam-se 200 gramas de
planta fresca para 1 litro de álcool de cereais.
Maneiras de preparar:
Lavar, secar, picar e medir as plantas. Colocar num vidro acrescentando
a metade do álcool recomendado na receita. Deixar macerar durante 7 dias
em local protegido da luz, agitando diariamente. Após esse período, filtrar o
líquido e guardar em outro vidro. Acrescentar a outra metade do álcool
sobre a planta que ficou no vidro. Deixar macerar por mais 5 dias e filtrar.
Essa segunda maceração é importante, pois retira maior quantidade de
princípios ativos da planta. As duas partes de líquido filtrado devem ser

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misturadas e guardadas em vidros conta-gotas. O prazo de validade da
tintura é de um ano.
Modo de usar:
Uso externo: em compressas, 3 a 4 vezes ao dia, no local afetado.
Uso interno: em gotas, com um pouco de água. Adultos: 20 gotas, 2 ou 3
vezes ao dia, não ultrapassando 80 gotas diárias; crianças devem tomar a
metade da dose dos adultos, diminuindo conforme a idade.

Tinturas mais usadas:


Tintura de alho
Indicações: Para baixar a pressão arterial, o colesterol e o ácido úrico;
para problemas do aparelho respiratório e reumatismo; é vermífuga. Os
remédios à base de alho são os mais usados na medicina popular.
Contra indicações: O uso excessivo pode provocar irritação no
estômago.
Ingredientes: 10 colheres (de sopa) de alho picado, ½ litro de álcool de
cereais

Tintura de própolis
Indicações: Infecções em geral e reumatismo.
Ingredientes: 200g de própolis, limpa e moída; 1 litro de álcool de
cereais. Deixar macerando por 30 dias.
Tintura de quebra-pedra
Indicações: Problemas do aparelho urinário (cistite, cálculo renal,
infecções urinárias) e icterícia.
Contra indicações: É abortiva e laxativa (altas doses)
Ingredientes: 30 colheres (de sopa) de folhas de quebra-pedra; ½ litro de
álcool de cereais.

Tintura de camomila:
Indicações: Anti-inflamatória, digestiva, alivia cólicas intestinais e
menstruais.
Contra indicações: Não deve ser ingerida durante a gravidez.

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Ingredientes: 20 colheres (de sopa) de flores de camomila; ½ litro de
álcool de cereais.

Tintura de melissa
Indicações: Sedativa, alivia cólicas e auxilia na eliminação de gases
intestinais.
Ingredientes: 25 colheres (de sopa) de folhas de melissa; ½ litro de
álcool de cereais.

Tintura de tansagem
Indicações: Inflamações e infecções em geral, principalmente na boca,
garganta e gengiva.
Ingredientes: 20 colheres (de sopa) de folhas de tansagem; ½ litro de
álcool de cereais.

Tintura de alecrim
Indicações: Tônico geral, ativa a circulação.
Contra indicações: Não deve ser ingerida durante a gravidez; eleva a
pressão arterial; em altas doses ou uso prolongado, pode provocar nefrite e
gastroenterite.
Ingredientes: 20 colheres (de sopa) de folhas de alecrim; ½ litro de
álcool de cereais.

Tintura de chapéu-de-couro
Indicações: Reumatismo, artrite, infecções urinárias e para baixar o
ácido úrico. É um depurativo do sangue.
Ingredientes: 20 colheres (de sopa) de folhas de chapéu-de-couro; ½
litro de álcool de cereais.

Tintura de mil-em-rama
Indicações: Alivia a dor, baixa a febre, é diurética e anti-hemorrágica.
Contra indicações: Não deve ser ingerida durante a gravidez e lactação;
evitar a ação do sol na pele molhada com o suco da planta fresca.

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Ingredientes: 25 colheres (de sopa) de folhas e/ou flores de mil-em-
rama; ½ litro de álcool de cereais.

Tintura de ervas
Indicações: Digestiva.
Contra indicações: Não deve ser ingerida durante a gravidez nem por
crianças menores de cinco anos.
Ingredientes: 15 colheres (de sopa) de flores de artemísia; 10 colheres
(de sopa) de folhas de hortelã; 15 colheres (de sopa) de folhas de gervão;
10 colheres (de sopa) de folhas de carqueja; ½ litro de álcool de cereais.

Tintura de espinheira-santa
Indicações: Gastrites, úlceras, azia.
Ingredientes: 30 colheres (de sopa) de folhas de espinheira-santa; ½ litro
de álcool de cereais.

Tintura de jambolão
Indicações: Diabetes.
Ingredientes: 15 colheres (de sopa) de folhas de jambolão; ½ litro de
álcool de cereais.

Tintura de hortelã
Indicações: Expectorante, verminose (ascaridíase), digestiva.
Contra indicações: Não deve ser usada por crianças menores de cinco
anos.
Ingredientes: 20 colheres (de sopa) de folhas de hortelã; ½ litro de
álcool.

Tintura de funcho
Indicações: Antiespasmódica e carminativa.
Ingredientes: 20 colheres (de sopa) de folhas de funcho; ½ litro de
álcool.

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Pomada
A pomada é um preparado feito com planta medicinal e substância
gordurosa (vaselina, lanolina). Pode ser enriquecida com cera de abelha. A
proporção de planta é de 100 g para 1 kg de vaselina sólida.
Maneira de preparar:
Lavar, secar, picar, medir e socar as plantas. Juntar a gordura e aquecer
em banho-maria, deixando por 15 minutos a partir do momento em que a água
começa a ferver, em fogo baixo. Tirar do fogo e colocar imediatamente a cera
de abelha ralada. Coar e colocar ainda quente em potes.
Modo de usar:
As pomadas são usadas em feridas, cortes, contusões, hematomas,
queimaduras, problemas de pele, reumatismo, dores musculares, etc. O local
onde será aplicada a pomada deverá ser lavado com água e sabão. É
importante sempre tirar os resíduos de pomada antes de reaplicá-la, para evitar
infecções.

Pomadas mais usadas:


Pomada de calêndula
Indicações: Queimaduras (principalmente do sol), feridas, dermatites e
acne.
Ingredientes: ½ kg de vaselina sólida, 20 colheres (de sopa) de flores de
calêndula; 2 colheres (de sopa) de cera de abelha.

Pomada de cânfora
Indicações: Dores musculares, contusões.
Ingredientes: ½ kg de vaselina sólida; 50 ml de vaselina líquida; 30
colheres (de sopa) de folhas de cânfora; 1 colher (de sopa) de tintura de
própolis.

Pomada milagrosa
Indicações: Rachaduras de pés e mãos, frieiras, unheiros, feridas.
Ingredientes: ½ kg de vaselina sólida; 8 colheres (de sopa) de folhas de
confrei; 5 colheres (de sopa) de bálsamo brasileiro; 10 colheres (de sopa) de
folhas de sabugueiro; 5 colheres (de sopa) de cera de abelha.

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Pomada de confrei
Indicações: Ferimentos, cortes, contusões, dores musculares e para
massagens.
Ingredientes: ½ kg de vaselina sólida; 10 colheres (de sopa) de folhas ou
raiz de confrei; 1 colher (de sopa) de tintura de própolis.

Pomada de erva-de-bicho
Indicações: Hemorróidas.
Ingredientes: ½ kg de vaselina sólida; 5 colheres (de sopa) de folhas de
erva-de-bicho; 5 colheres (de sopa) de tansagem.
Óleos para massagem
Por infusão quente
Ingredientes: 1 litro de óleo de semente de uva, girassol ou oliva; 100 g
de planta seca.
Maneira de preparar: Pôr o óleo e a erva em um recipiente de vidro, em
banho-maria, fogo baixo e cozinhar por 3 horas. Coar, e após, passar por um
filtro que pode ser de tecido de algodão. Guardar em vidros.

Por infusão fria


Ingredientes: Aproximadamente 1 litro de óleo de semente de uva,
girassol ou oliva; erva suficiente para encher bem o frasco escolhido.
Maneira de preparar: Encher um frasco médio com ervas bem
compactadas e cobrir por completo com o óleo. Tapar e deixar em repouso em
uma janela onde “bata o sol” por 3 semanas. Após esse período, coar e passar
por um filtro. Encher novamente um frasco com ervas e verter sobre estas o
óleo obtido na primeira etapa. Deixar na janela por mais 3 semanas. Coar e
filtrar. Guardar em vidros.
Plantas indicadas para o preparo dos óleos:
- reumatismo e dores musculares: hortelã, mil-folhas e alecrim;
- contusões: quitoco, cânfora ou alcanfor;
- para pele (dermatites): calêndula e camomila.

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Unguento
Ingredientes: 500 g de parafina ou vaselina; 60 g de ervas secas ou
150g de ervas frescas.
Maneira de preparar: Derreter a vaselina ou parafina em banho-maria.
Agregar as ervas e, em fogo baixo, manter o cozimento por 2 hora. Coar e
filtrar. Guardar em frascos.
Plantas adequadas:
- distensões: arnica;
- eczemas secos: tansagem;
- eczemas e problemas alérgicos de pele: camomila

Obs.: Os unguentos devem ser utilizados na pele que não está aberta.

Picar as folhas, colocar em égua fria, e deixar em repouso por 15 minutos.

Sabonete glicerinado
Ingredientes:
Base glicerinada para sabonete, óleo essencial, corante alimentício, plantas
diversas e formas.

Modo de Preparo:
Corte a base glicerinado em pequenos pedaços e coloque para derreter em
banho-maria. Nas formas, coloque algumas flores, folhas ou sementes da
planta escolhida. Assim que a glicerina estiver derretida, retire do fogo e
acrescente o corante e o óleo essencial. Derrame sobre as formas já com as
ervas e com frasco aspersor borrife o álcool de cereais sobre o sabonete (para
desmanchar a espuma). Deixe esfriar por 1 hora. Desenforme e deixe secar no
mínimo por duas horas. Embrulhe com filme plástico, celofane ou papel de
seda e decore.

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Repelente de mosquitos, moscas

Ingredientes: álcool de cereais 50%


50% de água
50 gotas de óleo de citronela para cada 100ml de produto
Misturar tudo e aplicar.

Receitas – Pecuária Orgânica

CONTRÔLE DE BERNES, CARRAPATOS E SARNAS.

Inseticida de Timbó com água


Ingredientes: 200 a 300 gramas de pó de raízes de timbó
10 litros de água
meio litro de detergente de cozinha ( espalhante
adesivo)
Modo de preparar: cortar as raízes , deixando-as secar à sombra.
Depois moê-las ou triturá-las, deixando o pó de molho por 30 minutos em 5
litros de água. Coar e misturar aos 5 litros de água restantes.

Modo de usar: para pulverizar, juntar o espalhante adesivo ou detergente


caseiro para grudar melhor. O corpo do animal deve ser bem molhado,
principalmente nas partes mais atacadas.

Inseticida de Timbó com álcool


Ingredientes: 500 gramas de raízes de timbó
1 litro e meio de álcool

Modo de preparar: amassar as raízes no pilão, colocar no álcool e deixar


até ficar esbranquiçado.
Modo de usar: para cada 10 litros de água usar 300 ml do produto. Usar 3
a 5 litros de solução para o banho de cada animal de forma que molhe
totalmente o animal. Deixar os animais presos o tempo suficiente para que
sequem e não se lambam.
Obs; esta quantidade de timbó com álcool é suficiente para 100
pulverizações. A sobra deve ser coada e guardada em vidro escuro.

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c - Óleo queimado e Timbó
Função : combater os bernes

Modo de usar: para combater os bernes , passar óleo queimado misturado


a 50% do extrato vegetal de timbó da receita anterior.

Sal, alho, enxofre e eucalipto


Ingredientes: 20 kg de sal comum
300g de alho amassado
200 g de enxofre ventilado
6 kg de farinha de osso
10 a 15 folhas de eucalipto
Modo de preparar: misturar bem todos os ingredientes, adicionar as
folhas de eucalipto que funcionam como conservante natural.
Modo de usar: fornecer a mistura ao cocho para consumo voluntário.
Obs: fornecer principalmente ao gado de corte.

Inseticida de fumo e sal


Ingredientes: 50 gramas de fumo de corda picado
2 colheres ( sopa) de sal
1 litro de água
Modo de preparar: juntar o fumo picado e o sal na água e colocar para
ferver por 1 hora em fogo baixo. Depois de frio, coar.
Modo de usar: banhar o animal com esta mistura.
Obs: esta quantidade serve para pulverizar 1 animal adulto
PARA CONTROLAR BERNES E BICHEIRAS
Inseticida de fumo de rolo e óleo queimado.
Função: controlar e repelir bernes, bicheiras , piolhos e carrapatos.
Ingredientes: 1 litro de óleo queimado
20 gramas de fumo de rolo

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Modo de fazer: picar bem o fumo e misturar ao óleo queimado.
Modo de usar: passar esta mistura nos locais atacados , até desaparecer, e
preventivamente passar sobre o dorso do animal , uma vez por semana.
Obs: o produto restante pode ser guardado em garrafa em local escuro.

PARA CONTROLAR VERMES EM GERAL.

Sal mineral e alho


Função: esta receita além de combater os vermes , previne a ocorrência de
doenças respiratórias, como pneumonias e a presença de carrapatos , bernes
e sarna.
Ingredientes: 20 kg de sal mineral
1 kg de alho amassado ( 5%)
Modo de preparar: moer o alho e guardar em separado dentro de um pote
fechado , em forma de pasta.
Modo de usar: toda vez que fornecer sal mineral, fornecer junto o alho na
proporção de 5% ,como indica a receita.

Folhas e frutos verdes de mamoeiro


Modo de preparar: picar os frutos e folhas verdes do mamoeiro e
oferecer aos animais, de preferência misturados a outros alimentos.
Modo de usar: fornecer aos animais 1 vez por semana.

PARA CONTROLAR VERMES REDONDOS.

Infusão de alho macerado


Ingredientes: 5 dentes de alho ou em torno de 20 gramas.
Meio litro de água fervente.

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Modo de preparar: picar o alho e colocar meio litro de água fervente,
deixar amornar.
Modo de usar: dar de beber ao animal com uma garrafa.

Infusão de alho e hortelã


Ingredientes: 1 cabeça de alho
1 maço de hortelã
1 litro de água
Modo de preparar: socar o alho juntamente com a hortelã e ferver em 1
litro de água por 10 minutos.
Modo de usar: coar e dar o liquido de beber ao animal , com uma garrafa ,
quando ainda estiver morno.

Erva de Santa Maria


Ingredientes: 50 gramas de erva de Santa Maria
Meio litro de água
Modo de preparar: amassar as folhas de erva de Santa Maria e juntar com
um pouco de água fria, sempre amassando. A esse extrato juntar meio litro
de água e coar.
Modo de usar:
Para terneiros: 3 colheres de extrato para meio litro de água. Colocar em
uma garrafa para dar ao animal.
Para vacas e bois: usar 4 colheres de extrato em meio litro de água.

Artemísia ( Artemisia vulgaris ) e ou Losna ( Artemisia absinthium)


Modo de preparar: triturar folhas e partes floridas e misturar ao pasto ou
ração.
Modo de usar: quantidade por animal
- Cavalos e bovinos: de 50 a 120 gramas.

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- Ovelhas, cabritos e porcos: de 5 a 25 gramas
-Cães: 2 gramas ( amassar e misturar na comida )
-Galinhas, frangos: meia grama misturada a ração ou quirela.

PARA VERMES CHATOS


Sementes de abóbora
Modo de preparar: moer as sementes de abóbora e misturar à ração.
Modo de usar: fornecer com a ração na seguinte dose:
- Bovinos: 1 a 2 kg distribuídos em 5 dias seguidos.
- Cabras, cachorros: usar 50g ou 13 sementes em 5 dias seguidos.
Losna ( Artemisia absinthium)
Mesma forma de preparo e quantidade que para os vermes redondos. Veja
receita anterior.

PARA CONTROLAR SOBRECARGA ALIMENTAR


( Timpanismo , gado estufado)

Linhaça ( Linum catharticum)


Ingredientes: 200 gramas de semente de linhaça
2 litros de água
Modo de preparar: ferver a semente de linhaça na água durante 20
minutos.
Modo de usar: dar de beber ao animal.

Óleo de rícino
Modo de usar: bovinos 500 ml ( meio litro)
ovelhas e cabritos 50 a 100 ml
Funcho
Ingredientes: 60 gramas de folhas e talos

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2 litros de água fervente
Modo de preparar: derramar a água fervente sobre as folhas e talos
amassados, abafar durante 10 minutos.
Modo de usar: depois de pronto, coar e dar de beber quando o chá ainda
estiver morno.

PARA PREVENIR E CONTROLAR A MASTITE


Carqueja Baccharis trimera ou articulata)
Ingredientes: 2 kg de planta seca
Modo de prepara: ferver os 2 kg de carqueja em 10 litros de água por 15
minutos.
Modo de usar: fornecer ao animal como bebida.
Obs: o chá também pode ser usado para desinfetar tarros e utensílios de
leite. Lavar o úbere da vaca com o chá. .O chá restante deve ser usado até
24 horas após o preparado, do contrário perde o seu efeito.

Plantas Medicinais Comestíveis


São em sua grande maioria plantas encontradas na natureza de forma
espontânea, ou seja, não cultivadas, também chamadas de invasoras e
ricas fontes de minerais.

N° Nome Nome Família Usos medicinais Usos na


popular científico culinária
De sabor
Antiescorbútica, agridoce, pode
emoliente, ser ingerida
01 depurativo, crua, na forma
diurético e de salada,
Beldroega Portulaca Portulacaceae
vermífugo. refogada; as
oleracea sementes
podem ser
utilizadas no
preparo de
pães, bolos e
doces.

22
Repositor de Em refogados,
ferro, cálcio e molhos, tortas,
02 Caruru Amaranthus Amaranthaceae
potássio. pastéis e
sp. panquecas.
Antiescorbútica, De sabor
aperiente, picante, as
digestiva, folhas e flores
expectorante, podem ser
infecções servidas em
03 Capuchinha Tropaeolum Tropaeolaceae
urinárias, saladas ou
majus combate à queda como guarnição
e estimula o de pratos; os
crescimento dos frutos em picles.
cabelos.

Tônico, Em saladas,
depurativo, refogados e na
04 Dente-de- Taraxacum Asteraceae
antidiarréico, anti- forma de
leão officinale hemorrágico, geléias.
diurético.

O rizoma fresco
Náuseas, se consome cru;
indigestão, pode-se
cólicas, conservá-lo
resfriados, gripe, cristalizado ou
tosse e caramelizado;
05 Gengibre Zingiber Zingiberaceae problemas pode ser
circulatórios adicionado a
officinale
periféricos. pratos a base
de carne, peixes
e frutos do mar;
seco e moído
aromatiza
pastéis,
biscoitos e
molhos.

A raiz é tônica,
febrífuga, Em suflês,
diurética, sopas,
06 Língua de Rumex sp. Polygonaceae antitérmica; o omeletes,
caldo das plantas salada e em
vaca
atua como refrescos.
depurativo e
digestivo.

Talinum Na forma de Em refogados,

23
07 Maria Gorda paniculatum Portulacaceae emplasto para pizzas e
cicatrização de pastéis.
cortes e feridas.

Para febre, Em omeletes,


hemorróidas, saladas e
08 Mastuço Coronopus Cruciferae
cataplasmas, refogados.
didymus dores
musculares; o
suco das folhas é
vermífugo.

09 Pariparoba Pothomorphe Piparaceae Em problemas Folhas


hepáticos e como recheadas.
umbellata
diurético.

O cálice floral
Antiespasmódica, na forma de
diurética, geléias, picles,
10 Rosela Hibiscus Malvaceae digestiva, laxativa licores, vinhos,
suave. sucos e chá.
sabdariffa
Folhas e em
guisados e
refogados.

11 Serralha Sonchus Asteraceae Aperiente, Saladas e


laxativa. refogados.
oleraceus
Asteraceae Febrífuga, Saladas,
antiasmática e refogados e
12 Serralhinha Emilia
problemas tortas.
sonchifolia oftálmicos.

13 Tansagem Plantago sp. Plantaginaceae Anti-séptica, na Na forma de


forma de bolinhos,
gargarejos para refogados,
infecções na omeletes,
garganta. pastéis e
rocamboles.

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BIBLIOGRAFIA

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