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As deusas da Mesopotâmia e sua importância para ocidente.

As divindades tiveram uma grande importância nos processos civilizatórios como na


Mesopotâmia e outras sociedades antigas, principalmente as divindades femininas na
Grécia havia as deusas, as ninfas e as musas entre outras que tanto ajudaram os heróis
como também destruíram as suas vidas. Na Mesopotâmia não seria diferente, Sargão I
que teve um reinado próspero era “casado com Ishtar”, entretanto uma boa parte dos
seus consortes não teve tanta sorte devido ao seu temperamento forte e apresentaram um
fim trágico. Houve outras deusas que contribuíram para a cultura na Mesopotâmia e no
mundo, como as que aparecem na Epopéia de Gilgamesh, e a descida Ishtar no mundo
dos mortos.

O panteão da Mesopotâmia é diversificado e possui muitos deuses com temperamentos


diferentes, mas com as atitudes parecidas como os humanos e ao mesmo tempo
avançadas para uma época dita primitiva. Um bom exemplo é a deusa Ishtar que pode
ser identificada como Inanna no sumério, Ishtar no acádio, ela é mencionada na Bíblia
no livro de 2 Reis, no versículo 23:13,mas com outro nome o Astarte cultuada pelos
cidônios,neste versículo o seu culto é criticado.

A deusa Ishtar era relacionada à fertilidade, às guerras e além de representar o amor,


sexo e feminilidade ela tinha muitos atributos podendo ter as narrativas apresentar
muitas versões, ela exerceu um papel muito importante na Acádia, muitos monarcas a
homenagearam inclusive em cultos orgásticos como Hierós gámus (casamento sagrado)
com as respectivas sacerdotisas. Ishtar é homenageada em um texto no qual ele conta a
sua origem:

O nascimento de Sargão

Sargão,o poderoso rei,Agade,eu sou.

Minha mãe foi uma substituída, meu pai eu não conheci.

O(s) irmão(s) de meu pai amavam as montanhas.

Minha cidade é Azupiranu,que está situada ás margens do Eufrates.

Minha mãe substituída concebeu-me, secretamente ela me fez nascer.

Ela me colocou numa cesta de junco,com betume ela selou minha tampa.

Ela me jogou ao rio que não me cobriu.

O rio me conduziu e me levou até Akki,o tirador de água.

Akki,o tirador de água,retirou-me quando mergulhava seu já[r]ro.

Akki,o tirador de água[tomou-me] como seu filho (e)

Criou-me
Akki,o tirador de água,nomeou-me seu jardineiro.

Enquanto eu era jardineiro, Ishtar concedeu-me (seu) amor,

E por quatro e[..]anos eu exerci a realeza.

O[povo] cabeça-negra eu comandei,eu gov[ernei];

As cordilheiras mais altas eu escalei,

Os vales eu [atrav]essei,

As [terra]s do mar três vezes circundei.

Dilmun minha [mão] cap[turou],

[Ao] grande Der eu [subi],eu[...],

[..]eu alterei e [..]

Qualquer seja o rei que possa vir depois de mim,

[..],

Deixe que ele c[omande, deixe que ele governe]o [pó]vo

Cabeça-negra;

[Deixe que ele conquiste] poderosas [montanhas] com enxó [s de bronze],

[Deixe] que ele escale as cordilheiras mais altas,

[Deixe que ele conquiste] poderosas [montanhas] com

Enxó[s de bronze],

[Deixe] que ele escale as cordilheiras mais altas,

[Deixe que ele atravesse os vales mais profundos],

Deixe que ele circunde as [ter]ras do mar três vezes!

[Dilmiun deixe que sua mão capture],

Deixe que ele suba [ao] grande Der e [...]!

[...]da minha cidade ,Aga[de ..]

[...]...[...]

Restante quebrado

ANET,119
Sargão I demonstra que a deusa o abençoou em suas vitórias no seu reinado. Teve uma
filha que foi uma sumo sarcedotisa de Ishtar/Inanna o seu nome era Enheduana ela teve
muita importância para Acádia ,foi uma autora de 42 hinos.

A deusa Ishtar teve muitos consortes que tiveram finais trágicos na epopéia de
Gilgamesh, o herói após derrotar junto com seu companheiro Enkidu a terrível criatura
Humbaba guardião dos bosques de cedro, ele é cortejado pela deusa, entretanto
Gilgamesh a recusa fala dos seus consortes que na sua maioria foram transformados em
animais e outros fins trágicos como Dúmuzi que ficou no mundo dos mortos, este
personagem aparece em outra história de Ishtar. Quanto aos consortes convertidos em
animais estas ações de Ishtar lembram a feiticeira Circe da Odisséia que transformou os
companheiros de Odisseu em porcos.

A epopéia de Gilgámesh mostra muitas ações das deusas como à deusa Aruru que na
tabuinha1 é responsável por criar a humanidade e Enkídu, o parceiro de Gilgámesh.
Essa deusa tem um detalhe interessante possui semelhança a deusa Atena no quesito de
habilidade com as mãos e criação assim como Hefesto deus dos artesãos que criou os
homens.

A deusa Nínsun, mãe de Gilgámesh, é uma deusa casada com o rei da cidade de Úruk,
lembrando, mãe de Aquiles, casada com Peleu um rei mortal. Nínsun por sua vez
aconselha Gilgámesh em suas ações e trabalhando até como uma espécie oráculo
utilizado Orinomancia, Tétis não tem essa habilidade, entretanto ela persuade a Zeus
para ajudá-la e também vai atrás de Hefesto e pede para que faça as armas de Aquiles
para combater em Tróia. As duas personagens são divindades, “mães” e possuem um
sentimento muito próximo ao dos seres humanos que é o amor por seus filhos.

A deusa Ereshkigal governa Irkállu, Ésertu e Kurnugu, ambos os nomes para o mundo
inferior (mundo dos mortos), ela confronta diretamente com a sua irmã Ishtar que tentou
resgatar os seus consortes, mas no conflito a deusa prende no seu mundo colocando
todo tipo de doença e a transformando em cadáver. O deus Enki intervém criando o
andrógino Asúshu-Namir este ser que é divino, pois foi criado por um deus, ele
ultrapassa as fronteiras do além sem sofrer nenhum dano talvez a sua transexualidade
possa ter ajuda nesse trajeto ele foi equipado com a planta da vida e água da vida para
ajudar Ishtar objetos dados por Enki.

A deusa Ereshkigal participa de outra história como seu casamento com deus Nergal,
certa de que os deuses fizeram uma festa, mas deusa do mundo inferior não pode
participar, entretanto ela mandou seu vizir Namtar a representando, mas deus Nergal,
este por sua vez a desrespeitou destratando o seu vizir, advertido por Enki sobre as
consequências do seu ato ele desce ao mundo inferior temendo e imaginando ela sendo
velha e cadavérica, ao descer para este lugar. Nergal se encanta ao ver deusa nua e
jovem se banhado, logo ele a cortejou e tiveram seis noites de amor. Nergal foge,
Ereshkigal triste e ofendida, ela ameaça o mundo dos vivos assim como Ishtar ao
queixar-se com os deuses sobre a desfeita de Gilgamesh, contudo Ereshkigal consegue
atingir o seu objetivo casar-se com seu consorte.
A deusa Ereshkigal é citada em um papiro grego datado no século II d.C como uma
deusa ligada à magia e ao mundo inferior e a proteção contra os maus espíritos, o seu
nome é ligado à outra deusa do mundo grego que era a deusa Hécate, conforme Hesíodo
a deusa Hécate é uma das poucas deusas que não foi violada por Zeus e manteve os seus
dons do mar fecundo e parte da terra, mesmo na guerra contra os Titãs sendo ela uma
titanéia.

E em conclusão as deusas da Mesopotâmia tiverem um grande papel civilizatório


trazendo muitas histórias e boas reflexões, talvez as falhas destas das deusas sejam uma
de aproximação com a humanidade, porque nem as deusas são perfeitas, o que dirá os
seres humanos.
Referências Bibliográficas

Brandão, Jacyntho Lins. Ele que o abismo viu (epopéia de Gilgamesh).Tradução do


acádio,introdução e comentários.Belo Horizonte:Autêntica,2017.

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Dupla, Simone Aparecida. Quando os deuses copulavam: a sexualidade da deusa Inanna


no Antigo Oriente Próximo. Whem the gods copulated:sexuality of goddess Inanna in
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Hesíodo. Teogonia,A origem dos deuses .Estudo e tradução de Jaa Tarrano editora
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Hamdami, Amir. Grandes civilizações perdidas suméria a primeira civilização. Editons


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Pritechard, James B.Ancient near eastern texts relanting to the Old Testament. Princiton
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Brandão, Jacyntho Lins.Ao Kurnugu a Terra sem retorno (descida de Ishtar ao mundo
dos mortos)

Homero- Odisseia. Tradução de Carlos Alberto Nunes editora nova fronteira. 1972

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