EBOOK:

COMO CRIAR
CURSOS EAD
NO ENSINO
SUPERIOR?
ÍNDICE

O CENÁRIO DO ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) NO MUNDO.......................................4

O CENÁRIO EAD NO BRASIL..........................................................................................7

COMO ESTRUTURAR UM CURSO EAD? ....................................................................10

O CENÁRIO DO ENSINO
A DISTÂNCIA (EAD) NO MUNDO
 A
ssim como a máquina a vapor
revolucionou o século XVIII
e a eletricidade moldou o
século XIX, os avanços tecnológicos
da chamada “Terceira Revolução
Industrial” transformaram a sociedade
do século XXI.
Essa nova forma de pensar a indústria
trouxe um fator tecnológico muito
forte, tendo grandes resultados
na robótica, genética, informática,
telecomunicações, eletrônica, entre
outros. E, como muitas áreas da
sociedade, esse fator tecnológico não
poderia deixar de influenciar o mundo
da educação.
A maior influência da tecnologia no
setor educacional foi o surgimento e
4
expansão dos cursos na modalidade a distância,
que se tornaram amplamente difundidos
mundialmente, até mesmo em instituições
tradicionais no ensino presencial.
As tecnologias educacionais permitiram que o
tempo e o espaço escolar fossem explorados de
diferentes formas, abrindo uma oportunidade para
que o estudante adeque o estudo ao seu horário
disponível e permitindo a conciliação entre estudo
e trabalho, lazer e outras atividades. Além dessas,
é claro, outra vantagem dos cursos EaD é o fato
de requisitarem um investimento financeiro menor,
quando comparado aos estudos presenciais.
E essa revolução continua tendo alto impacto
atualmente. Por exemplo, no mercado
internacional de ensino, têm crescido a oferta
de cursos chamados de MOOC (Cursos Online
Abertos Massivos, do inglês Massive Open Online
Courses), que são plataformas onde é possível aproximadamente 70% no período. Desse modo,
realizar diversos cursos online, fornecendo um pode-se perceber que o mercado mundial de EaD
ambiente de aprendizagem rica e permitindo que está em um momento de expansão e representa uma
pessoas do mundo inteiro façam cursos oferecidos grande aposta de investimento.
por universidades renomadas internacionalmente,
como a Universidade de Stanford, através do
MOOC Coursera, a Universidade de Harvard ,
através do MOOC EdX, e o MIT (Instituto de
Tecnologia de Massachusetts), através do MOOC
MITx.

Toda essa revolução, que agora envolve nomes

renomados e até então tradicionais no mercado da
educação presencial, aqueceu o valor de mercado
do EaD. A agência de análise de mercado Research
and Markets, previu, em estudo lançado em 2020
(disponível aqui, em inglês), que o mercado EaD
irá movimentar cerca de U$ 319 bilhões em 2025,
em contraposição à movimentação de U$ 187
bilhões em 2019, o que seria um crescimento de

5
O CENÁRIO EAD NO BRASIL
 N
o Brasil, o cenário EaD segue a
mesma tendência de crescimento
mundial. Embora a maior parte
dos alunos no ensino superior estejam
matriculados em cursos presenciais
(aproximadamente 91%), uma parcela cada
vez maior adere ao ensino a distância.
Segundo dados do Censo da Educação
Superior, elaborado pelo Ministério
da Educação e que pode ser acessado
nessa página, esse número cresceu
aproximadamente 84% entre os anos de
2012 e 2018. Enquanto isso, o número total
de alunos matriculados cresceu somente
19%, indicando que houve realmente uma
mudança de mentalidade e aumento do
desejo pelo ensino a distância no país.

7
8
Ao analisar os números do censo citado,
podemos perceber que o número total de
matrículas no ensino superior no Brasil
aumentou em quase 1 milhão e meio. Nesse
período, as matrículas presenciais oscilaram
muito, com tendência decrescente desde
2015 (ano em que houve uma redução
considerável de financiamento do ensino
superior) e o número atual é muito próximo
ao marco de 2012 (somente 7% a mais). Já
as matrículas em EaD, por outro lado, quase
dobraram nesse mesmo período (84% a mais)
e apresentam tendência crescente, mesmo no Fonte: Censo da Educação Superior, Ministério da Educação (MEC), 2019.
cenário carente de financiamento.

9
COMO ESTRUTURAR UM CURSO EAD?
P
orém, para explorar essa parcela significativa
(e em crescimento) do mercado é importante
compreender os marcos regulatórios
envolvidos na criação e manutenção de cursos
EaD e evitar os problemas que podem ocorrer e
comprometer todo seu investimento. Pensando
nisso, trouxemos esse artigo, onde analisamos
o ambiente regulatório dos cursos EaD no Brasil
e respondemos as principais dúvidas levantadas
durante esse processo. Vamos lá?

O principal instrumento legal que deve ser

observado para estruturação dos cursos EaD é
a Portaria Normativa nº 11/2017, publicada pelo
Ministério da Educação (MEC). Essa portaria
regulamenta o credenciamento de cursos EaD
tratado no decreto nº 9.057/2017.

Considerando ambos documentos, trazemos as

seguintes perguntas e respostas a seguir.

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QUAIS INSTITUIÇÕES DE
EDUCAÇÃO SUPERIOR (IES) PODEM
OFERTAR CURSOS EAD?
Qualquer IES, pública ou privada, pode ofertar
cursos EaD, desde que atendam aos requisitos
exigidos pelo MEC, que é o órgão responsável pela
gestão do sistema federal de ensino, onde estão
alocadas não somente as Instituições Federais
de Ensino Superior (IFES), mas também todas
as IES criadas e mantidas pela iniciativa privada.
Algumas exceções dessa regra são as IES criadas e
mantidas pelos Estados, Distrito Federal ou pelos
Municípios, que serão vinculadas aos sistemas
estaduais ou municipais de ensino.
Nesses casos, caberá a tramitação dos pedidos
nos órgãos competentes de âmbito estadual ou
distrital.
12
QUAIS NÍVEIS DE CURSOS PODEM SER
OFERTADOS EM MODALIDADE EAD?
A regulamentação dos cursos de graduação e
dos cursos de pós-graduação lato sensu (MBA,
especialização, entre outros) é realizada pelo
decreto nº 9.057/2017.
Já a regulamentação dos cursos de pós-graduação
stricto sensu (mestrado e doutorado), por outro
lado, é realizada através da portaria nº 90/2019, da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - CAPES. Essa portaria permite os
cursos de mestrado ou doutorado, seja acadêmico
ou profissional.
Essa abertura do mercado de pós-graduação
stricto sensu é uma ótima oportunidade de
investimento do setor privado, especialmente em
regiões onde há carência desses cursos, que são
 ofertados majoritariamente por IES públicas.

Um ponto de especial atenção é que abriu-se

a permissão de credenciamento de IES para
oferta de curso exclusivamente em modalidade à
distância, um pedido antigo do setor educacional
privado brasileiro e uma prática comum
mundialmente.

O quadro-resumo nas páginas a seguir apresenta

as exigências, impedimentos, principal instrumento
regulatório para os cursos de graduação e pós-
graduação ofertados na modalidade a distância.

13
14
# Nota 1: O processo de credenciamento de IES para oferta de cursos de graduação na modalidade a distância e a autorização de cursos nessa modalidade seguem um rito muito similar ao

credenciamento de IES e autorização de curso na modalidade presencial. Aqui somente salientamos as diferenças entre esses dois casos.

# Nota 2: As IES que detém autonomia universitária são aquelas nas organizações acadêmicas Centro Universitário e Universidade. Para essas, em geral, não há necessidade de autorização

de curso, desde que ela esteja credenciada para a modalidade pretendida. Para entender melhor esses pontos, favor verificar a pergunta de número 4.

# Nota 3: Nos casos em que não se aplica o uso do IGC, a instituição deverá possuir, no mínimo, um programa de pós-graduação stricto sensu reconhecido pelo MEC, em funcionamento,

com nota 4 e na mesma área de avaliação da proposta do curso novo.

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QUAIS REQUISITOS LEGAIS
DEVO ATENDER?
O corpo regulatório que incide no mercado privado
educacional é vasto e, não surpreendentemente,
muitos coordenadores e diretores se confundem.
Porém, podemos citar alguns documentos que são
essenciais para que você passe por esse processo
de forma mais rápida e organizada. São eles:
I-Lei de Diretrizes e Bases: Essa lei é a lei que todo
profissional da educação deveria conhecer e traz
importantes pontos sobre etapas essenciais no
processo regulatório, como o credenciamento de
IES, bem como a autorização, reconhecimento e
renovação de reconhecimento de curso. Sugerimos
a leitura mais atenta do capítulo IV do título V,
onde estão estipuladas as diretrizes da educação
superior, e o Título VIII, onde estão as disposições
gerais dessa lei.
16
II-Decreto nº 9.057/2017: Esse decreto regulamenta
o artigo 80 da LDB, que é extremamente
importante para diretores e coordenadores de IES
com EaD, já que estabelece o cenário regulatório
para EaD no país.
III-Decreto nº 9.235/2017: Esse decreto trata da
regulação, supervisão e avaliação das instituições
de educação superior e dos cursos superiores de
graduação e de pós-graduação no sistema federal
de ensino, onde estão incluídas as IES privadas. e
todas as IES federais.
IV-Portaria Normativa MEC nº 11/2017: Essa portaria
estabelece normas para o credenciamento de
instituições e a oferta de cursos superiores a
distância.
V-Portaria Normativa MEC nº 20/2017: Essa
portaria estabelece regras sobre os procedimentos
e o padrão decisório dos processos de
credenciamento, recredenciamento, autorização,
reconhecimento e renovação de reconhecimento
de cursos superiores, bem como seus aditamentos,
nas modalidades presencial e a distância, das
instituições de educação superior do sistema
federal de ensino.

VI-Portaria Normativa MEC nº 23/2017: Essa

portaria dispõe sobre o fluxo dos processos
de credenciamento e recredenciamento de
instituições de educação superior e de autorização,
reconhecimento e renovação de reconhecimento
de cursos superiores, bem como seus aditamentos. VIII-Portaria Normativa MEC nº 315/2018: Embora
não seja um documento com força de lei, esses
VII-Portaria Normativa MEC nº 1/2017: Essa portaria referenciais são adotados pelo poder público
relativamente simples traz informações sobre os para nortear atos legais referentes aos processos
prazos de credenciamento e recredenciamento específicos de regulação, supervisão e avaliação de
para as Faculdades, Centros Universitários e cursos EaD.
Universidades.

17
IX-Portaria CAPES nº 90/2019: Essa portaria dispõe
sobre os programas de pós-graduação stricto sensu
na modalidade de educação a distância
X-Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN): As DCN
são documentos de referência nacionais para que
as IES organizem e construam seus programas.
Vale lembrar que há diretrizes tanto para cursos de
graduação quanto para alguns cursos tecnólogos. Os
cursos de pós-graduação não apresentam DCN.
XI-Referenciais de Qualidade para Educação Superior
a Distância: Embora não seja um documento com
força de lei, esses referenciais são adotados pelo
poder público para nortear atos legais referentes aos
processos específicos de regulação, supervisão e
avaliação de cursos EaD.
XII-Instrumento de Avaliação de Cursos de
Graduação (IACG): A partir do ano de 2017, o
18
MEC passou a adotar um mesmo documento
para orientar as avaliações in loco dos cursos
de graduação, somente diferenciando entre os
pedidos de autorização (IACG - Autorização) e os
de reconhecimento e renovação de reconhecimento
(IACG – Reconhecimento e renovação de
reconhecimento).
XIII-Instrumento de Avaliação Institucional Externa
(IAIE): Assim como há um documento para a
avaliação de cursos de graduação, o MEC também
passou a adotar, a partir de 2017, um documento
para a avaliação da IES como um todo. Esse
instrumento é utilizado tanto no momento do
credenciamento (IAIE – Credenciamento) quanto no
recredenciamento (IAIE – Recredenciamento).
XIV-Resolução CES/CNE nº7/2017: Essa resolução
traz as regras e exigências de autorização,
reconhecimento e renovação de reconhecimento
para os cursos de pós-graduação stricto sensu
(mestrado e doutorado).
Vale ressaltar que, como o corpo regulatório tende a
mudar, essa lista poderá ser atualizada ao longo do
tempo. Caso você identifique alguma legislação faltante,
pode nos contactar para realizar a atualização.
INICIANDO OS PROCESSOS: QUAL A
DIFERENÇA ENTRE CREDENCIAMENTO,
RECREDENCIAMENTO, AUTORIZAÇÃO,
RECONHECIMENTO E RENOVAÇÃO
DE RECONHECIMENTO?
Considerando as IES privadas, o ato de
credenciamento é o ato do “nascimento jurídico”
da instituição. Vale lembrar que, por lei, as
instituições privadas devem ser originalmente
credenciadas como faculdade (sendo permitida
a mudança de organização acadêmica
19
posteriormente). Assim, caso você pretenda criar
uma IES privada, é preciso ter em mente que ela
inicialmente será uma faculdade.
Durante o pedido de credenciamento da IES, a
solicitante requer tanto a modalidade que pretende
quanto a autorização de ao menos 1 (um) e
até 5 (cinco) cursos, exceto para os cursos de
licenciatura. O processo de credenciamento leva
em conta análises de documentos, visita in loco
(realizada por comissão única de avaliadores) e
pareceres da Secretaria de Regulação e Supervisão
da Educação Superior (SERES) e do Conselho
Nacional de Educação (CNE).
Após o parecer final da SERES, o processo é
encaminhado à Câmara de Educação Superior
(CES) do CNE, que irá decidir sobre o processo.
Ao final desse rito, o processo poderá ter os
seguintes cenários:
SOBRE AS MODALIDADES:
a) Deferimento de credenciamento para ambas as
modalidades solicitadas (presencial e EaD, para o
caso de pedido de ambas)
b) Deferimento de credenciamento de uma das duas
modalidades solicitadas (presencial ou EaD, para o
caso de pedido de ambas)
c) Indeferimento do credenciamento.
QUANTO AOS CURSOS:
a)Deferimento do credenciamento e deferimento da
autorização de todos os cursos solicitados
b)Deferimento do credenciamento e deferimento da
autorização de parte dos cursos solicitados
20
c) Indeferimento do credenciamento.
Porém, esse credenciamento não é válido para
sempre e um período após a IES estar credenciada e
já em funcionamento, ela deverá solicitar o processo
de recredenciamento. É nesse momento que ela
poderá solicitar credenciamento em nova modalidade
(se já não tiver as duas), ou mudança de organização
acadêmica (“faculdade” para “centro universitário”,
por exemplo).
Se, no pedido de recredenciamento, a IES
solicitar mudança de organização acadêmica (de
Faculdade para Centro Universitário ou deste
para Universidade), é importante atender às
características exigidas para o nível organizacional
seguinte, sob pena de indeferimento do processo,
caso não esteja de acordo.
A qualquer momento de sua atividade, a IES poderá
solicitar novas autorizações de cursos superiores,
quando se realizará os mesmos processos de análise
documental, visita in loco realizada pelo INEP e
parecer da SERES.
Porém, a autorização do curso não é a última etapa.
Num período que compreende no mínimo 50% e
21
no máximo 75% da integralização da carga horária
proposta, é necessário solicitar o reconhecimento
do curso. O reconhecimento e o registro de curso
são condições necessárias à validade nacional dos
diplomas. Esse processo também depende de análise
documental, visita in loco realizada pelo INEP e
parecer da SERES. Por fim, o reconhecimento
dado ao curso também tem um prazo de validade e
a IES terá que pedir renovação de reconhecimento
periodicamente.
COMO SOLICITAR CREDENCIAMENTO
DA MINHA IES COM CURSO EAD?
Como é estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) e reforçado pelo decreto nº 9.057/2017, o
pedido de credenciamento de IES deverá ser feito
junto ao MEC, que é o órgão competente para tal
fim, tanto as que ofertam exclusivamente cursos
na modalidade presencial, na modalidade EaD ou
ambas.
Durante o pedido de credenciamento,
tanto para cursos presenciais quanto EaD,
tanto a mantenedora quanto a IES devem
apresentar documentos. Por parte da IES, é
22
preciso apresentar, por exemplo, o Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI), o regimento
interno ou estatuto e a identificação dos
integrantes do corpo dirigente e de informação
sobre a experiência acadêmica e profissional de
cada um. Para ver a lista completa de documentos,
favor consultar o artigo 20 do decreto nº
9.235/2017.
Em relação aos instrumentos avaliativos utilizados,
nesse momento os avaliadores utilizam o
Instrumento de Avaliação Institucional Externo
(IAIE), que avalia diversos indicadores da IES
solicitante, categorizando cada um deles em
uma escala de o (zero) a 5 (cinco). Um ponto de
especial atenção é que, durante a avaliação do
pedido de credenciamento, caso as notas de alguns
indicadores sejam insatisfatórias (1 ou 2), o pedido
será automaticamente indeferido. Esses pontos
são:

1. PDI, política institucional para a modalidade
EaD;
2. Estrutura de polos EaD, quando for o caso;
3. Infraestrutura tecnológica;
4. Infraestrutura de execução e suporte;
5. Recursos de tecnologias de informação e
comunicação;
6. Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA;
7. Laboratórios, ambientes e cenários para práticas
didáticas: infraestrutura física, quando for o
caso.
No caso do PDI para IES com cursos EaD, é preciso
que ele contenha:
# • Perfil dos tutores
# • Sua abrangência geográfica
23
# • Relação de polos de educação a distância
previstos para a vigência do PDI
# • Infraestrutura física, tecnológica e de pessoal
projetada para a sede e para os polos de
educação a distância, em consonância com os
cursos a serem ofertados
# • Descrição das metodologias e das tecnologias
adotadas e sua correlação com os projetos
pedagógicos dos cursos previstos
# • Previsão da capacidade de atendimento do
público-alvo
Além disso, para os cursos de pós-graduação stricto
sensu EaD, é importante salientar que as IES que
desejarem ofertá-los precisam primeiro estarem
credenciadas para a oferta de cursos EaD e, em
seguida, solicitar o credenciamento para o mestrado
e/ou doutorado EaD. Esse pedido será, então,
analisado pelo CAPES, que irá avaliar o pedido e
deferi-lo ou não.
MINHA IES AINDA NÃO TEM CURSOS
DE GRADUAÇÃO EAD AUTORIZADOS
E EU DESEJO ABRIR MEU PRIMEIRO,
COMO DEVO PROCEDER?
Considerando que a sua IES é da rede privada,
Aqui temos dois cenários possíveis: 1) Sua IES é
credenciada na modalidade EaD ou 2) Sua IES é
somente credenciada para o ensino presencial.
Caso sua instituição esteja enquadrada no
primeiro caso, você precisará submeter proposta
de autorização de curso EaD, se a organização
acadêmica da sua instituição for faculdade, ou
poderá criar o curso sem autorização do MEC, caso a
organização acadêmica seja Centro Universitário ou
24
Universidade (já que ambas organizações gozam da
chamada “autonomia universitária”). Nesses casos, a
sua IES deverá informar à SERES os cursos criados
por atos próprios para fins de supervisão, avaliação
e posterior reconhecimento, no prazo de sessenta
dias, contado da data do ato de criação do curso.
Vale lembrar aqui que a oferta de cursos de
graduação em Direito, Medicina, Odontologia,
Psicologia e Enfermagem, mesmo nos Centros
Universitários e Universidades, dependem de
autorização do MEC, após manifestação da Ordem
dos Advogados do Brasil e do Conselho Nacional
de Saúde. Ou seja, a autonomia universitária é, para
alguns cursos de graduação, limitada.
Porém, caso ela esteja enquadrada no segundo
cenário, você precisará primeiramente solicitar
credenciamento na modalidade EaD.
MINHA IES JÁ TEM CURSOS DE GRADUAÇÃO os pedidos de autorização de cursos de pós-
EAD AUTORIZADOS E EU QUERO ABRIR graduação stricto sensu (mestrado e doutorado)
UM NOVO, COMO DEVO PROCEDER? deverão ser analisados pela CAPES, que irá avaliar o
pedido e deferi-lo ou não.
Como a sua IES já está credenciada para a
modalidade EaD (já que já oferece outros cursos
nessa modalidade), aqui vale a mesma regra
da organização acadêmica. Caso ela ainda seja
categorizada como faculdade, ela terá que solicitar
autorização prévia do MEC para oferecer o curso
EaD proposto. Caso ela já tenha sido recategorizada
como Centro Universitário ou Universidade, há
dispensa de autorização prévia do MEC (exceto
para a oferta de cursos de graduação em Direito,
Medicina, Odontologia, Psicologia e Enfermagem).

E SE EU DESEJAR ABRIR CURSOS DE PÓS-

GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EAD?

Assim como com os pedidos para credenciamento,

25
 COMO SERÁ A AVALIAÇÃO IN
LOCO DOS CURSOS EAD?

Primeiramente, vale ressaltar que a avaliação in

loco nos processos de EaD serão concentradas
no endereço sede da IES. Durante essa avaliação,
os avaliadores do MEC verificação a existência
e adequação de metodologias, infraestrutura
física, tecnológica e de pessoal que possibilitem
a realização das atividades previstas no PDI e no
Projeto Pedagógico do Curso - PPC. Assim, é
importante que se atente para o cumprimento das
atividades previstas nesses dois documentos

Além disso, os avaliadores também verificarão, por

meio documental ou com a utilização de recursos
tecnológicos disponibilizados pelas IES, essas
mesas exigências para os Polos de EaD previstos
no PDI e nos PPC, e os ambientes profissionais
utilizados para estágio supervisionado e atividades

26
presenciais..

Vale lembrar que o MEC utiliza o mesmo

documento para avaliação de cursos presenciais
e à distância. Esse documento, o Instrumento
de Avaliação de Cursos de Graduação (IACG),
apresenta uma série de indicadores e a avaliação
deles pela comissão de avaliadores resulta no
Conceito de Curso (CC), graduado em cinco níveis,
cujos valores iguais ou superiores a três indicam
qualidade satisfatória. É importante ressaltar que
os conceitos obtidos nas avaliações não garantem,
por si sós, o deferimento do ato autorizativo, mas
subsidiam as secretarias competentes do MEC em
suas decisões regulatórias

27
COMO É O PROCESSO DE
RECREDENCIAMENTO DE CURSO
EAD? E DE RECONHECIMENTO E
RENOVAÇÃO DE RECONHECIMENTO?

Os processos de recredenciamento,
reconhecimento e renovação de reconhecimento
de IES com ensino a distância são os mesmos
observados para os cursos presenciais. Inclusive os
documentos orientadores do processo (IAIE para
recredenciamento e IACG para reconhecimento e
a renovação do reconhecimento) são os mesmos
para os cursos presenciais. A diferença está em
alguns pontos que compõem esses documentos,
que passam a ser diferenciados para IES com EaD.
Outro ponto que vale ser salientado é que, para os
cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado
e doutorado), esses processos também devem
envolver a participação e a aprovação do CAPES.

28
DEVO TER OBRIGATORIAMENTE
ATIVIDADES PRESENCIAIS?
Uma inovação garantida pela Portaria Normativa
nº 11/2017 é a permissão de criação de cursos EaD
sem a previsão de atividades presenciais, desde
que haja uma autorização prévia pela SERES,
após avaliação in loco no endereço sede, para
comprovação da existência de infraestrutura
tecnológica e de pessoal suficientes para o
cumprimento do PPC, atendidas as DCN e normas
específicas expedidas pelo MEC.
Porém, as atividades obrigatoriamente presenciais,
estabelecidas pelo Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI) e Projeto Pedagógico do
Curso (PPC), conforme definido pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) do curso em
questão, devem ser realizadas.
29
Assim, é importante primeiro observar as
atividades obrigatoriamente práticas estabelecidas
pelas DCN e, em seguida, verificar as que são
citadas como obrigatória seja no PDI ou PCC.
Alguns exemplos de atividades que comumente
podem ser consideradas como obrigatórias no
PDI ou PCC são as tutorias, avaliações, estágios,
práticas profissionais e de laboratório e defesa de
trabalhos. Mas vale lembrar que a análise deverá
ser feita caso-a-caso.
Uma outra observação importante a ser feita é que
algumas atividades dos cursos de pós-graduação
stricto sensu devem obrigatoriamente ser
desenvolvidas presencialmente, como as práticas
profissionais, os seminários integrativos, as
pesquisas de campo e atividades relacionadas aos
laboratórios, essas duas últimas caso se apliquem.
Para ver a lista completa, favor verificar o artigo 7º
da Portaria CAPES nº 90/2019.
COMO E ONDE DEVEM SER REALIZADAS
AS ATIVIDADES PRESENCIAIS?
As atividades presenciais (previstas no PDI e PPC,
ou estabelecidas pela legislação) poderão ser
realizadas na sede da IES, nos polos EaD ou em
ambiente profissional, conforme definido pelas
DCN. Essa regra vale tanto para a graduação
quanto para a pós-graduação.
UMA IES COM EAD PODE TER
PARCERIAS COM OUTRAS PESSOAS
JURÍDICAS PARA A REALIZAÇÃO
DAS ATIVIDADES PRESENCIAIS?
Como as atividades presenciais desempenham
um papel importante na formação profissional
dos alunos, a legislação permite que a IES
utilize outros ambientes, além dos próprios,
para desenvolvê-las. Na legislação, esse espaço,
30
que preferencialmente deverá ser instalações
da instituição parceira, é chamado de “ambiente
profissional” e servem para a realização das
atividades como as tutorias, avaliações, estágios,
práticas profissionais, dentre outros.
Alguns exemplos de ambientes profissionais são
as empresas públicas ou privadas, indústrias,
estabelecimentos comerciais ou de serviços,
agências públicas e organismos governamentais.
É essencial, porém, que a IES estabeleça uma
parceria formalizada com a entidade parceira, em
documento que conterá as obrigações desta e da
IES que estabelece a parceria.
Um exemplo de parceria com ambiente profissional
seria uma IES que oferta curso de direito e fecha
parceria para prática profissional com escritório de
advocacia, ou uma que oferta curso de Agronomia
e apresenta uma parceria com a EMBRAPA. Essa
permissão legal é muito importante para expandir a Retirando essas atividades, as demais podem ser
formação dos alunos para além do espaço, físico e compartilhadas ou delegadas para o ambiente
virtual, da IES que ele está vinculado e permitir que profissional, que poderá passar a ser responsável
o aluno experimente a prática profissional. por elas.

QUAIS RESPONSABILIDADES UMA O QUE É UM POLO EAD?

IES PODE TRANSFERIR PARA O
AMBIENTE PROFISSIONAL? Como as instituições que trabalham com EaD
apresentam alunos que estão espalhados em
Algumas responsabilidades são exclusivas da IES uma grande área geográfica, ficaria muito difícil
e não podem ser transferidas para os ambientes conseguir ter espaços físicos suficientes para
profissionais, como: cobrir toda a área. Assim, surgiram os polos
EaD. Esses polos são as unidades acadêmicas
e operacionais descentralizadas, no país ou no
1. prática de atos acadêmicos referentes ao objeto exterior, para o desenvolvimento de atividades
da parceria; pedagógicas presenciais e administrativas relativas
2. corpo docente; aos cursos e programas superiores a distância.
3. tutores; É no polo que o estudante terá as atividades
4. material didático; de tutoria presencial, biblioteca, laboratórios,
5. expedição das titulações conferidas. teleaulas, avaliação (provas, exames, etc.) e

31
poderá utilizar toda a infraestrutura tecnológica
para contatos com a instituição ofertante e/ou
participantes do respectivo processo de formação.
1. 4. sala de tutoria;
O QUE DEVE TER NO POLO EAD?
Primeiramente, o polo EaD deve apresentar
identificação inequívoca da IES responsável pela
oferta dos cursos. Além disso, como se propõem
a ser locais de atividades presenciais, eles
precisam manter infraestrutura física, tecnológica
e de pessoal adequada ao projeto pedagógico
dos cursos a ele vinculados, ao quantitativo de
estudantes matriculados e à legislação específica,
para a realização das atividades presenciais,
especialmente:
32
1. salas de aula ou auditório;
2. laboratório de informática;
3. laboratórios específicos presenciais ou virtuais;
5. ambiente para apoio técnico-administrativo;
6. acervo físico ou digital de bibliografias básica e
complementar;
7. recursos de Tecnologias de Informação e
Comunicação -TIC;
8. organização dos conteúdos digitais.
QUANTOS POLOS EAD POSSO CRIAR?
Todas as IES credenciadas para oferta de
cursos EaD de graduação e pós-graduação lato
sensu, independente da organização acadêmica
(Faculdade, Centro Universitário ou Universidade),
poderão criar polos EaD por ato próprio,
observando os quantitativos máximos definidos
no quadro a seguir, considerados o ano civil e
 o resultado do Conceito Institucional mais
recente. A diferença está na criação de polos
EaD para cursos de pós-graduação stricto
sensu, que devem ter autorização prévia
da CAPES. Vale lembrar que IES com CI
considerado insatisfatório (1 ou 2) não podem
criar polo EaD.

O Conceito Institucional (CI) é um conceito

que é obtido durante visita in loco realizada
pela comissão de avaliadores do MEC,
nos momentos de credenciamento e
recredenciamento de IES. Durante essa
visita, os avaliadores avaliam a IES dentro
de cinco eixos (Planejamento e Avaliação
Institucional, Desenvolvimento Institucional,

33
Políticas Acadêmicas, Políticas de Gestão
e Infraestrutura). Além de definir quantos
polos EaD uma IES poderá ter, o bom
desempenho no CI é essencial em outros
aspectos, como, por exemplo, para que uma
IES categorizada como faculdade solicite
recredenciamento como Centro Universitário
(no caso, a IES teria que tirar um CI maior ou
igual a quatro).
MEU CONCEITO INSTITUCIONAL
(CI) MUDOU. E AGORA?
A mudança no Conceito Institucional (CI)
de uma IES leva a efeitos na criação de
novos ppolos EaD. Se, no momento do
recredenciamento de uma IES, o CI mude,
a criação de novos polos de EaD deverá
considerar o quantitativo já informado
e constantes do Cadastro e-MEC, cuja
34
soma anual não poderá exceder os limites ao
novo Conceito Institucional. Consideremos, por
exemplo, uma IES com CI 4 e criou 20 polos EaD
em um determinado ano, mesmo podendo criar
150. Caso ela tenha novo CI de 3 nesse mesmo
ano, ela só poderá criar até mais 30 polos, ao invés
dos 130 permitidos pelo conceito anterior. Mas
essa alteração não irá obrigar a IES a fechar polos
já criados, somente limitar a criação de novos.
POSSO REMANEJAR VAGAS
ENTRE MEUS POLOS EAD?
No momento da autorização de curso em uma IES,
o MEC estipula o número de vagas permitidos para
aquele curso. Esse número pode ser distribuído
entre os polos EaD da IES e o remanejamento
das vagas autorizadas entre polos EaD é de
competência da IES credenciada, não sendo
necessário aprovação por parte do MEC.
DESEJO UTILIZAR A MODALIDADE
EAD PARCIALMENTE EM MEU CURSO.
COMO DEVO PROCEDER?
Para os casos onde a IES deseja utilizar um modelo
híbrido de ensino (presencial + a distância), o MEC
publicou a Portaria MEC nº 2.117/2019. Esse marco
regulatório permite a aplicação a utilização de
metodologia de ensino a distância para até 40% da
carga horária dos cursos presenciais. Um grande
benefício publicitário para as IES é que esses cursos
com até 40% da carga horária em EaD ainda podem
ser chamados de “cursos presenciais”.
Porém, a portaria estabelece algumas restrições.
A primeira delas é que tanto nos casos de pedido
de autorização de curso híbrido quanto de
reconhecimento de curso que passa a ser híbrido,
será realizada visita in loco pelo MEC. Além das
exigências já tratadas na Portaria Normativa MEC
35
nº 20/2017 , a portaria 2.117/2019 estabelece que
não será permitida a autorização/reconhecimento/
renovação de reconhecimento nos casos onde
obtiver conceito igual ou menor a dois em algum dos
indicadores a seguir:
I.Metodologia;
II.Atividades de tutoria;
III.Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA;
IV.Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC.
Outro ponto importante estabelecido pela portaria
é que a adoção de modelo híbrido precisa estar
explicitamente apresentado no PPC, que deverá
detalhar a forma de integralização da carga horária
das disciplinas ofertadas parcial ou integralmente a
distância, e o plano de ensino da disciplina deverá
descrever as atividades realizadas.

Por fim, a portaria estabelece que a oferta de

carga horária na modalidade de EaD em cursos
presenciais deve ser amplamente informada aos
estudantes matriculados no curso no período letivo
anterior à sua oferta e divulgada nos processos
seletivos, sendo identificados, de maneira objetiva,
os conteúdos, as disciplinas, as metodologias e as
formas de avaliação.

Assim, é necessário promover as mudanças no PPC

no semestre anterior à adoção da metodologia
híbrida e garantir que os alunos sejam devidamente
informados sobre as mudanças.

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