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Os Efeitos da Crise Pandêmica nos Contratos Administrativos

1. Reequilíbrio econômico-financeiro

Premissa  No momento do contrato, havia um equilíbrio econômico-financeiro, que


determinou o valor da prestação daquele objeto contratual. Durante a execução do contrato,
esse equilíbrio foi rompido.

Requisito  Evento imprevisível ou Evento previsível de consequência imprevisíveis.

Pode ser aplicado para reduzir ou aumentar o valor do contrato.

Não é aplicado para aumentar ou reduzir o lucro da empresa.

Ex: Oscilação do dólar.

É aplicado à pandemia do coronavírus?


 Mesmo com o conhecimento da existência do vírus desde dezembro/2019, não seria
possível imaginar a situação de hoje (quarentena, isolamento social, decretos
restritivos). Por isso, é seguro afirmar que é um evento imprevisível, ou, ao menos, um
evento previsível de consequências imprevisíveis.
 Nesse momento, é preciso ter bom senso para avaliar em quais casos será aplicado o
reequilíbrio econômico-financeiro.
 Não tem como estabelecer uma regra geral, aplicável a todos indistintamente.
 É preciso provar documentalmente que o preço no momento da assinatura do
contrato e no momento da solicitação do reequilíbrio econômico-financeiro.
o A nota fiscal de compra de produto/material antes da pandemia e a nota fiscal
depois da pandemia (comprovam a oscilação de preço);
o As requisições a vários fornecedores (comprovam o desabastecimento);
o As vagas abertas (comprovam a falta de mão-de-obra).

Oscilações
 As pequenas oscilações de mercado devem ser suportadas pelo particular.
 As grandes oscilações devem ser objeto de reequilíbrio econômico-financeiro.

Como distinguir a pequena da grande oscilação?


 É importante construir um gráfico que evidencia a variação de preço normal/típica e a
variação de preço anormal/atípica.

É aplicável aos contratos decorrentes das Atas de Registros de Preço.

É possível aplicar o reequilíbrio econômico-financeiro retroativo.

Em virtude do limite de 25% para redução do objeto, a Administração é obrigada a executar


75% do contrato. Se houver rescisão sem execução, cabe indenização. Não se aplica
diretamente à Ata de Registro de Preços, que não possuem quantitativo mínimo. Mas é
aplicável aos contratos que decorrerem da Ata de Registro de Preços e aos contratos sob
demanda (empenho, ordem de serviço, autorização de pagamento).

2. Efeitos nos Contratos Públicas sob Demanda

Contrato sob demanda


 A rigor, não existe.
 Criada para evitar a falta de planejamento.
 Consiste na existência de um contrato, sobre o qual são feitas várias autorizações de
fornecimento e ordens de serviço.
 As autorizações de fornecimento e ordens de serviço substituem o contrato, são
simplificações, são como Atas de Registro de Preços com outro nome.
 A eles se aplicam as mesmas regras da Ata de Registro de Preços.
 Art. 62 da Lei nº 8.666/93.
 Espécie: Ata de Registro de Preços.

Ver texto do Rodrigo Pironti.

a) A Administração Pública ordena a paralização dos serviços – Fato do


Príncipe

o Glosa (não pagamento pela não execução)


 Em regra, não.
 A Administração deve negociar com o particular um valor justo para esse
período, de modo que a empresa consiga manter os empregos e não quebre
por causa dessa paralização.
 Deve ser feito um plano de enfrentamento dessa crise.
 Ex: Pode negociar o não pagamento de vale transporte, vale alimentação,
materiais de trabalho (sabão, papel).

o Multa (aplicação de penalidade pela não execução)


 Em regra, não.

b) A Administração Pública precisa de serviço não-essencial e a empresa


não consegue prover, por falta do produto, de material, de mão-de-obra

o Glosa (não pagamento pela não execução)


 Em regra, sim.

o Multa (aplicação de penalidade pela não execução)


 Em regra, não.
c) A Administração Pública possui serviços essenciais que não podem
paralisar e precisa que a empresa mantenha a prestação

 Nesse caso, a Administração deveria ter, em uma Matriz de Riscos, elaborada


previamente, uma cláusula específica de que empresa deve providenciar a execução
independente das circunstâncias.

3. Efeitos nos Contratos de Terceirização

a) Situação em que a Administração está fechada, sem funcionar

Ex: Universidades, Escolas.

b) Situação em que a Administração está funcionando com um efetivo


menor

Ex: Poder Judiciário.

c) Situação em que a Administração está funcionando com um efetivo


maior

Ex: Hospitais.

4. Obras

As empreiteiras, durante esse período, não realizarão medições e, por isso, não irão receber o
pagamento.

Obra é um contrato de escopo e não contrato de prazo.

Após esse período, serão feitos Aditivos:


 De Prazo – Não necessariamente pelo período da paralização, pois esse atraso pode
necessitar de um tempo maior para refazer etapas já feitas para retornar ao status quo
antes da paralização. Ex: terraplanagem, roçagem.
 De Valor – Não será proporcional. Pois há verbas mensais. Ex: locação de
equipamento, pagamento de engenheiro.
5. Contratação por Urgência – Lei nº 13.979/2020

- Pregão com os prazos reduzidos pela metade.

- É uma pena não ter sido aprovada para obras. Não se aplica a obras.

6. Matriz de Riscos

A elaboração detalhada de uma Matriz de Riscos:


 Reduz riscos e insegurança.
 Estabelece previamente para quem fica o encargo de cada evento.

Obrigatória para as estatais (Lei nº 13.303), mas deveria ser elaborada nos demais casos.

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