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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA

CRIMINAL DA CIDADE.
 
 
 
 
 
 
Ação Penal
Proc. nº.  7777.33.2018.5.06.4444
Autor: Ministério Público Estadual
Acusada: Pedrina de Tal
 
 
[ PEDIDO DE APRECIAÇÃO URGENTE – ACUSADA PRESA ]
 
 
                              Intermediada por seu mandatário ao final firmado, causídico
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado, sob o nº.
112233, comparece a Acusada, com todo respeito à presença de Vossa
Excelência, na forma do que dispõe o art. 318, inc. V, do Código de Processo
Penal, art. 1°, inc. III, art. 6° e art. 227, da Constituição Federal, art. 40 e art. 41,
inc. VII, da Lei de Execução Penal, art. 13, da Lei n°. 13.257/2016, art. 8°, §§
5° e 10°, do Estatuto da Criança e do Adolescente, oferecer pedido de
 
SUBSTITUIÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA POR PRISÃO
DOMICILIAR
 
por prisão domiciliar, em razão da presente Ação Penal agitada em desfavor
de JOAQUINA DAS QUANTAS, já qualificada na exordial da peça acusatória,
consoante abaixo delineado.            
 
1 – SÍNTESE DOS FATOS  
 
                                      Colhe-se dos autos que a Ré fora presa e autuada em
flagrante delito, na data de 00/11/2222 (fls. 17/23), em decorrência da suposta
prática de crime de tráfico de drogas (Lei de Drogas, art. 33, caput). 
 
                                      Em face do despacho que demora às fls. 07/08 do
processo criminal em espécie, este Magistrado, na oportunidade que recebera
o referido auto de prisão em flagrante (CPP, art. 310), converteu-a em prisão
preventiva, sob o enfoque da garantia da ordem pública e conveniência da
instrução criminal. (CPP, art. 310, inc. I) 
 
                                      Todavia, a Acusada é lactante e, por ocasião da prisão
acautelatória, encontrava-se nos cuidados de sua filha Fulana de Tal, de
apenas 1 ano e 8 meses de idade. (doc. 01)
 
                                      Por tal motivo, descabe, até mesmo por motivo de
cuidados da saúde da intante, a manutenção do encarceramento acautelatório.
 
                                      Em face disso, a Denunciada vem pleitear a
substituição da prisão em preventiva por prisão domiciliar, consoante se extrai
dos fundamentos abaixo evidenciados.
 
2  – DA SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR DOMICILIAR  
 
2.1. Fundamento legal - Requisitos objetivos atendidos
 
                                      Saliente-se, primeiramente, que os argumentos, aqui
levantados, encontram-se dispostos no Código de Processo Penal. 
 
                                      Dispõe o Código de Processo Penal, nesse tocante,
com as alterações advindas da Lei n°. 13.257/2016, que:
 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
 
Art. 318 - Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente for:         
( ... )
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Redação
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
 

 
                                      Nesse passo, é inarredável que, uma vez preenchidos
os pressupostos ínsitos no dispositivo legal supra-aludido (os quais adiante
serão demonstrados), a mulher, presa, deverá ser admitida a cumprir a prisão
preventiva no seu domicílio residencial.  
 
                                      Até mesmo, considere-se, é o posicionamento atual
do Supremo Tribunal Federal, sufragado nos autos do Habeas Corpus coletivo nº
143.641/SP, da relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, julgado em
20/02.2018
 
                                      Com ênfase nisso, o Egrégio Superior Tribunal de
Justiça solidificou entendimento, verbo ad verbum:
 
HABEAS CORPUS. SUPERAÇÃO DO ENUNCIADO N. 691 DA SÚMULA DO
STF. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. SUBSTITUIÇÃO DE
PRISÃO PREVENTIVA POR PRISÃO DOMICILIAR. POSSIBILIDADE.
MULHER GRÁVIDA E MÃE DE UMA CRIANÇA DE POUCO MAIS DE 2
ANOS DE IDADE. PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS. PROTEÇÃO
INTEGRAL À CRIANÇA. PRIORIDADE. HC COLETIVO Nº 143.641/SP (STF)
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. É possível a superação do disposto no Enunciado N. 691 da Súmula do
Supremo Tribunal Federal, segundo o qual não se admite a impetração de
habeas corpus contra decisão que denega pedido liminar, em sede de writ
impetrado na origem, sob pena de se configurar indevida supressão de
instância, nas hipóteses excepcionais em que se verifique teratologia ou
deficiência de fundamentação na decisão impugnada, a caracterizar evidente
constrangimento ilegal ao paciente. 2. No particular, a decisão que decretou a
prisão preventiva da paciente faz referência às circunstâncias do caso
concreto, sobretudo à razoável quantidade de droga apreendida, não podendo
ser considerada nula por fundamentação inidônea. 3. A questão jurídica limita-
se então a verificar a possibilidade de substituição da prisão preventiva pela
prisão domiciliar. Nesse contexto, o inciso V do art. 318 do Código de Processo
Penal, incluído pela Lei n. 13.257/2016, determina que Poderá o juiz substituir
a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:  V - mulher com filho
de até 12 (doze) anos de idade incompletos. 4. O regime jurídico da prisão
domiciliar, especialmente no que pertine à proteção da integridade física e
emocional da gestante e dos filhos menores de 12 anos, e as inovações
trazidas pela Lei n. 13.257/2016 decorrem, indiscutivelmente, do resgate
constitucional do princípio da fraternidade (Constituição Federal: preâmbulo e
art. 3º). 5. O artigo 318 do Código de Processo Penal (que permite a prisão
domiciliar da mulher gestante ou mãe de filhos com até 12 anos incompletos)
foi instituído para adequar a legislação brasileira a um compromisso assumido
internacionalmente pelo Brasil nas Regras de Bangkok. "Todas essas
circunstâncias devem constituir objeto de adequada ponderação, em ordem a
que a adoção da medida excepcional da prisão domiciliar efetivamente
satisfaça o princípio da proporcionalidade e respeite o interesse maior da
criança. Esses vetores, por isso mesmo, hão de orientar o magistrado na
concessão da prisão domiciliar" (STF, HC n. 134.734/SP, relator Ministro Celso
de Melo). 6. Aliás, em uma guinada jurisprudencial, o Supremo Tribunal
Federal passou a admitir até mesmo o Habeas Corpus coletivo (Lei nº
13.300/2016) e concedeu comando geral para fins de cumprimento do art. 318,
V, do Código de Processo Penal, em sua redação atual. No ponto, a orientação
da Suprema Corte, no Habeas Corpus nº 143.641/SP, da relatoria do Ministro
RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 20/02.2018, é no sentido de
substituição da prisão preventiva pela domiciliar de todas as mulheres presas,
gestantes, puérperas ou mães de crianças e deficientes, nos termos do art. 2º
do ECA e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiências (Decreto
Legislativo 186/2008 e Lei nº 13.146/2015), salvo as seguintes situações:
crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus
descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão
ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o beneficio. 7.
Na hipótese dos autos, em que o Tribunal de origem deixou de se pronunciar
sobre a viabilidade do pedido de aplicação da prisão domiciliar, a paciente
comprova estar grávida e ser mãe de uma menina de pouco mais de 2 anos de
idade, o que preenche o requisito objetivo insculpido no art. 318, V, do Código
de Processo Penal. Ponderando-se os interesses envolvidos no caso concreto,
revela-se adequada e proporcional a substituição da prisão preventiva pela
domiciliar. Adequação legal, reforçada pela necessidade de preservação da
integridade física e emocional do infante. Precedentes do STF e do STJ. 8.
Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para, confirmando a
medida liminar, substituir a prisão preventiva da paciente pela prisão domiciliar
com monitoramento eletrônico, sem prejuízo da fixação de outras medidas
cautelares, a critério do Juízo a quo. (STJ; HC 426.489; Proc. 2017/0307048-6;
SP; Quinta Turma; Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca; Julg. 22/03/2018;
DJE 02/04/2018; Pág. 1759)
 
RECURSO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO
PREVENTIVA. PERICULUM LIBERTATIS. FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA E IDÔNEA. ESTATUTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA. PRISÃO
DOMICILIAR. POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO.
1. A Lei n. 13.257/2016 estabelece conjunto de ações prioritárias a ser
observadas na primeira infância (0 a 6 anos de idade), mediante "princípios e
diretrizes para a formulação e implementação de políticas públicas [...] em
atenção à especificidade e à relevância dos primeiros anos de vida no
desenvolvimento infantil e no desenvolvimento do ser humano" (art. 1º), em
consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente. 2. A novel legislação
teve reflexos no Código de Processo Penal, ao imprimir nova redação ao inciso
IV do seu art. 318, além de acrescer-lhe os incisos V e VI. Tais mudanças
encontram suporte no próprio fundamento que subjaz à Lei n. 13.257/2016,
notadamente a garantia do desenvolvimento infantil integral, com o
"fortalecimento da família no exercício de sua função de cuidado e educação
de seus filhos na primeira infância" (art. 14, § 1º). 3. Embora o Magistrado de
primeiro grau tenha demonstrado concretamente a presença dos requisitos
previstos no art. 312 do CPP, não há notícias de eventual existência de
antecedentes ou de reiteração criminosa por parte da recorrente, que
comprovou estar gestante e possuir doença grave, de forma que a substituição
da custódia cautelar pela prisão domiciliar se revela cabível e suficiente para
satisfazer as exigências cautelares do caso analisado, com carga coativa
menor. 4. Recurso provido para substituir a custódia preventiva da ré por prisão
domiciliar, caso não esteja presa por outro motivo. Fica a cargo do Juízo
monocrático a fiscalização do cumprimento do benefício. (STJ; RHC 89.214;
Proc. 2017/0237086-0; MS; Sexta Turma; Rel. Min. Rogério Schietti Cruz; Julg.
27/02/2018; DJE 08/03/2018; Pág. 2078)   
 

 
 
HABEAS CORPUS. SUPERAÇÃO DO ENUNCIADO N. 691 DA SÚMULA DO
STF. TRÁFICO DE DROGAS. SUBSTITUIÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA
POR PRISÃO DOMICILIAR. POSSIBILIDADE. MULHER PRESA. FILHOS
DA PACIENTE COM 5 E 3 ANOS DE IDADE. PRESENÇA DOS REQUISITOS
LEGAIS. PROTEÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA. PRIORIDADE. HC
COLETIVO Nº 143641/SP (STF) HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. É possível a superação do disposto no Enunciado N. 691 da Súmula do
Supremo Tribunal Federal, segundo o qual não se admite a impetração de
habeas corpus contra decisão que denega pedido liminar, em sede de writ
impetrado na origem, sob pena de se configurar indevida supressão de
instância, nas hipóteses excepcionais em que se verifique teratologia ou
deficiência de fundamentação na decisão impugnada, a caracterizar evidente
constrangimento ilegal ao paciente. 2. No particular, a decisão que decretou a
prisão preventiva da paciente faz referência às circunstâncias do caso
concreto, sobretudo à razoável quantidade de droga apreendida, não podendo
ser considerada nula por fundamentação inidônea. 3. A questão jurídica limita-
se então a verificar a possibilidade de substituição da prisão preventiva pela
prisão domiciliar. Nesse contexto, o inciso V do art. 318 do Código de Processo
Penal, incluído pela Lei n. 13.257/2016, determina que Poderá o juiz substituir
a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:  V - mulher com filho
de até 12 (doze) anos de idade incompletos. 4. O regime jurídico da prisão
domiciliar, especialmente no que pertine à proteção da integridade física e
emocional da gestante e dos filhos menores de 12 anos, e as inovações
trazidas pela Lei n. 13.257/2016 decorrem, indiscutivelmente, do resgate
constitucional do princípio da fraternidade (Constituição Federal: preâmbulo e
art. 3º). 5. O artigo 318 do Código de Processo Penal (que permite a prisão
domiciliar da mulher gestante ou mãe de filhos com até 12 anos incompletos)
foi instituído para adequar a legislação brasileira a um compromisso assumido
internacionalmente pelo Brasil nas Regras de Bangkok. "Todas essas
circunstâncias devem constituir objeto de adequada ponderação, em ordem a
que a adoção da medida excepcional da prisão domiciliar efetivamente
satisfaça o princípio da proporcionalidade e respeite o interesse maior da
criança. Esses vetores, por isso mesmo, hão de orientar o magistrado na
concessão da prisão domiciliar" (STF, HC n. 134.734/SP, relator Ministro Celso
de Melo). 6. Aliás, em uma guinada jurisprudencial, o Supremo Tribunal
Federal passou a admitir até mesmo o Habeas Corpus coletivo (Lei nº
13.300/2016) e concedeu comando geral para fins de cumprimento do art. 318,
V do Código de Processo Penal, em sua redação atual. No ponto, A orientação
da Suprema Corte, no Habeas Corpus nº 143641/SP, da relatoria do Ministro
RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 20/02.2018, é no sentido de
substituição da prisão preventiva pela domiciliar de todas as mulheres presas,
gestantes, puérperas ou mães de crianças e deficientes, nos termos do art. 2º
do ECA e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiências (Decreto
Legislativo 186/2008 e Lei nº 13.146/2015), salvo as seguintes situações:
crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus
descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão
ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o beneficio. 7.
Na hipótese dos autos, em que o Tribunal de origem deixou de se pronunciar
sobre a viabilidade do pedido de aplicação da prisão domiciliar, a paciente
comprova ser mãe de uma menina de 05 anos de idade e dois meninos
gêmeos de 03 anos de idade, o que preenche o requisito objetivo insculpido no
art. 318, V, do Código de Processo Penal. Ponderando-se os interesses
envolvidos no caso concreto, revela-se adequada e proporcional a substituição
da prisão preventiva pela domiciliar. Adequação legal, reforçada pela
necessidade de preservação da integridade física e emocional do infante.
Precedentes do STF e do STJ. 8. Ademais, verifica-se que a paciente é
primária e não há indicativo de que esteja associada com organizações
criminosas, circunstâncias que reforçam a possibilidade de atenuação da
situação prisional da acusada. 9. Habeas corpus não conhecido. Ordem
concedida de ofício para, confirmando a medida liminar, substituir a prisão
preventiva da paciente pela prisão domiciliar com monitoramento eletrônico,
sem prejuízo da fixação de outras medidas cautelares, a critério do Juízo a
quo. (STJ; HC 430.212; Proc. 2017/0330648-3; SP; Quinta Turma; Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca; Julg. 15/03/2018; DJE 23/03/2018; Pág. 1587)
 
                                      Com o mesmo entendimento, vejamos outros arestos
de jurisprudência:
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO.
TRÁFICO INTERESTADUAL. PACIENTE ACUSADA DE TRANSPORTAR
4,100KG (QUATRO QUILOS E CEM GRAMAS) DE COCAÍNA. PRISÃO
CAUTELAR FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
SENTENÇA SUPERVENIENTE. CONDENAÇÃO EM 05 ANOS E 10 MESES
DE RECLUSÃO. REGIME INICIAL SEMIABERTO. NEGATIVA DO DIREITO
DE RECORRER EM LIBERDADE. OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS
PREVISTOS NO ART. 312, DO CPP. GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO.
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.
IRRELEVÂNCIA. SUBSTITUIÇÃO DA MEDIDA EXTREMA POR PRISÃO
DOMICILIAR. GESTANTE. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DE
ENTENDIMENTO DO STF EM JULGADO RECENTE DE HABEAS CORPUS
COLETIVO. PEDIDO DE REAPRECIAÇÃO DA LIMINAR PREJUDICADO
FACE AO JULGAMENTO DO MÉRITO. ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA.
1. Paciente presa em flagrante no dia 25.09.2017, por Policiais Rodoviários
Federais na BR. 116, km 830, em Vitória da Conquista, transportando 4,100
(quatro quilos e cem gramas) de cocaína, no interior do ônibus Trans Brasil,
que saiu da cidade de São Paulo/SP com destino a Salvador/BA. 2. Sentença
prolatada após a impetração, que condenou a Paciente pela prática do delito
de tráfico de drogas, em 05 (cinco) anos e 10 (dez) meses de reclusão, em
regime inicial SEMIABERTO. Mantida a prisão cautelar com fundamento na
garantia da ordem pública, em observância as circunstâncias concreta do
delito. Guia de recolhimento provisório expedida. 3. As condições pessoais
favoráveis da Paciente, por si só, não tem o condão de afastar a prisão
provisória, uma vez que, presentes outras circunstâncias autorizadoras da
referida custódia. 4. Cabível a substituição da medida extrema por prisão
domiciliar em razão da gravidez da Paciente devidamente demonstrada nos
autos, considerando a recente decisão da Segunda Turma do Supremo
Tribunal Federal no Habeas Corpus Coletivo nº 143.61, que decidiu que as
mulheres grávidas ou com filho de até 12 (doze) anos, ou mães de filhos
deficientes que estejam presas preventivamente têm direito de ir para a prisão
domiciliar 5. Examinado o mérito, resta prejudicado o pedido de reconsideração
da liminar. HABEAS CORPUS CONHECIDO E PARCIALMENTE
CONCEDIDO. PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO DA LIMINAR
PREJUDICADO. (TJBA; HC 0028253-90.2017.8.05.0000; Salvador; Primeira
Turma da Primeira Câmara Criminal; Relª Desª Aracy Lima Borges; Julg.
06/03/2018; DJBA 14/03/2018; Pág. 462)
 
HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, RECEPTAÇÃO
QUALIFICADA E ESTELIONATO. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA
EM PREVENTIVA. PRISÃO DOMICILIAR. CABIMENTO. PACIENTE
LACTANTE. IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA
PRISÃO EM OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.
Se demonstrado nos autos, com concretude, a imprescindibilidade da presença
da Paciente nos cuidados com os filhos menores de 06 anos de idade, dada
sua condição de lactante, mister a concessão de prisão domiciliar. As medidas
cautelares previstas a partir do advento da Lei nº 12.343/06 estabelecem
tratamento menos gravoso que a prisão, devendo ser aplicadas quando
condizentes com o caso concreto. (TJMG; HC 1.0000.17.105253-3/000; Rel.
Des. Paulo Cézar Dias; Julg. 20/02/2018; DJEMG 02/03/2018)  
 
HABEAS CORPUS.
Tráfico de Drogas. Gestante. Liminar deferida. Prisão domiciliar. Gestante a
partir do 7º mês de gravidez. Manutenção da prisão domiciliar. Ordem
convalidada. (TJSP; HC 2253528-38.2017.8.26.0000; Ac. 11295893; Franca;
Sétima Câmara de Direito Criminal; Rel. Des. Alberto Anderson Filho; Julg.
14/03/2018; DJESP 03/04/2018; Pág. 3292)
 
HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA CUSTÓDIA PREVENTIVA.
INADMISSIBILIDADE.
Indícios de autoria e materialidade a autorizar a manutenção da prisão.
Presença dos requisitos contidos no artigo 312, do Código de Processo penal.
Concessão da prisão domiciliar, considerando a condição da paciente de ter
filho menor contando com 05 anos de idade e ser gestante. Decisão proferida
pela 2ª Turma do Colendo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Habeas
Corpus coletivo nº 143.641/SP concedendo prisão domiciliar à gestante e
mulheres com filhos menores de 12 anos. Possibilidade. Convalida-se a
liminar, para conceder, em parte, para deferir prisão na modalidade domiciliar.
(TJSP; HC 2039201-38.2018.8.26.0000; Ac. 11296789; Presidente Prudente;
Sétima Câmara de Direito Criminal; Rel. Des. Freitas Filho; Julg. 21/03/2018;
DJESP 03/04/2018; Pág. 3291)
 
RÉ PRESA E DENUNCIADA POR SUPOSTAMENTE PRATICAR O CRIME
PREVISTO NO ARTIGO 157, §2O, INCISO II, DO CÓDIGO PENAL (ROUBO
CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE PESSOAS). (A)
IMPOSSIBILIDADE DO (1) RELAXAMENTO DA PRISÃO POR PRETENSA
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA E (2) DA REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA,
PELA FALTA, AO SEU VER, DOS REQUISITOS LEGAIS PARA TAL.
DELIBERAÇÃO DO MAGISTRADO DE PISO SUFICIENTEMENTE
ALICERÇADA EM INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA E CERTEZA DA
MATERIALIDADE.
O mesmo não decretou a preventiva com base em elementos abstratos e na
gravidade do delito, mas sim, na observância do caso em (B) Cabível a
concessão da prisão domiciliar. Considerando as condições pessoais
favoráveis da paciente e o fato de ela ter filhos menores, um deles lactante,
necessitando de amamentação, adequada e suficiente a substituição da prisão
preventiva por domiciliar. A mencionada ostenta primariedade e a possibilidade
de sua permanência no domicílio não torna a prisão o único meio de acautelar
a ordem pública. Ainda, o artigo ao artigo 318 do Código de Processo Penal,
com a redação dada pela Lei nº 12.403/2011, possibilita o juiz substituir a
segregação cautelar pela custódia domiciliar, reforçada tal inteligência pelo
assinado na Lei no 13.257/2016 (mulher com filho de até 12 anos incompletos).
A mesma busca assegurar o direito fundamental de a criança possuir
acompanhamento de sua genitora. O desdobramento do feito aguarda a
apresentação da defesa prévia. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM,
convertendo a prisão preventiva em prisão domiciliar. (TJRJ; HC 0070357-
10.2017.8.19.0000; Rio de Janeiro; Sétima Câmara Criminal; Rel. Des. José
Roberto Lagranha Tavora; DORJ 16/02/2018; Pág. 260)
 
2.2. Requisitos subjetivos preenchidos
 
                                      Lado outro, não se olvida que, à luz do mesmo
dispositivo, há pressupostos a serem comprovados, para, assim, fazer jus a tal
benefício. 
 
                                      Com efeito, de igual modo revela o Código de Processo
Penal que:
 
Art. 318 -  Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente
( ... )
Parágrafo único.  Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo.
 
                                      A propósito disso, convém trazer à colação o
magistério de Eugênio Pacelli:
 
A prisão domiciliar, portanto, não se inclui como alternativa à prisão preventiva,
tal como ocorre com as medidas previstas no art. 319. Ela somente será
aplicada como substitutivo da prisão preventiva e desde que estejam presentes
algumas das hipóteses arroladas no art. 318, CPP, ou seja:
‘I – ser o indiciado ou acusado maior de 80 (oitenta) anos;
II – estiver ele extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III – for imprescindível a medida para os cuidados especiais de pessoa menor
de 6 (seis) anos ou com deficiência;
IV – gestante;
V – mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI – homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12
(doze) anos de idade incompletos.’
Todas essas situações demandarão prova cabal e idônea.
Em relação às questões de natureza mais subjetiva, tal como ocorre em
relação à comprovação da necessidade de cuidados especiais do menor de
seis anos ou deficiente, ou da doença grave, há que se exigir prova técnica,
nos casos em que sejam necessários diagnósticos e atestados médicos e
comprovação fática das circunstâncias pessoais do acusado, a fim de se
demonstrar a necessidade da sua presença na residência. ” (OLIVEIRA,
Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal [livro eletrônico]. 20ª Ed. São
Paulo: Atlas, 2016. Epub. ISBN 978-85-970-0636-0)
 
                                      Em nada discrepando desse entendimento,
leciona Norberto Avena que:
 
c) Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de
idade ou com deficiência (art. 318, III): Dois são os casos que autorizam a
prisão preventiva domiciliar, aqui:
– Imprescindibilidade aos cuidados especiais de pessoa menor de seis anos de
idade, referindo-se o dispositivo, por óbvio, à criança com até seis anos
incompletos. Observada a literalidade do dispositivo, é certo que esta regra, na
atualidade, incide apenas na hipótese de a criança menor de 6 (seis) anos não
ser filha do indivíduo sob preventiva. É o caso, por exemplo, de se tratar de
criança sob sua guarda ou tutela. Isto porque, tratando-se de filho, as normas
aplicáveis são as dos incisos V e VI do art. 318, incluídos pela Lei 13.257/2016,
dispondo, respectivamente, sobre a possibilidade do benefício à “mulher com
filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos” e ao “homem, caso seja o
único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos”. A despeito de tudo isto, pensamos que, no cotejo entre as duas
situações – filho e não filho do agente –, caberá ao juiz deliberar com cautela.
Isto porque a diferença de tratamento jurídico conferido às duas situações
pode conduzir a graves paradoxos, como o de impedir o deferimento do
benefício à tia de uma criança de dez anos, que dele tem a guarda desde o
nascimento, inexistindo outras pessoas próximas aptas a assumir tal
responsabilidade. Em caso como este, por uma questão de razoabilidade, não
vemos como não permitir a aplicação, por analogia, das regras previstas nos
mencionados incisos V e VI do art. 318 do CPP. ” (AVENA, Norberto Cláudio
Pâncaro. Processo Penal: esquematizado [livro eletrônico]. 8ª Ed. São Paulo:
Método, 2016. Epub. ISBN 978-85-309-7092-5)
 
                                      Desse modo, é de todo oportuno gizar alusões
probatórias quanto ao cumprimento das formalidades legais.
 
                                      A Acusada, em decorrência disso, revela provas
contundentes da pertinência do pedido em espécie, razão qual apresenta:
 
( i ) Certidão de nascimento; (doc. 01)
 
( ii ) Ofício PRSD n°.0022/2016, originário da Diretoria do Presídio Feminino
Tantas, o qual certifica a ausência de vitaminas, essenciais às detentas
gestantes e lactantes, tais como Vitamina D, E, além de sulfato ferroso; (doc.
02)
 
( iii ) Fotografias que demonstram a precariedade da unidade prisional (Ala J);
(docs. 03/07)
 
( iv ) Certidões quanto à primariedade, antecedentes e endereço de residência
fixa. (doc. 08)
 
                                      Nesse compasso, incontestável a situação
excepcionalíssima na qual se amolda a Acusada. Inclusive, saliente-se, esse
desiderato encontra apoio no ordenamento constitucional, mormente segundo
rege o art. 1°, inc. III (princípio da dignidade humana) e, ainda, art. 6° (proteção à
maternidade), um e outro da Constituição Federal. 
 
                                      Outrossim, abriga-se ao entendimento destacado
no art. 40 e art. 41, inc. VII, da Lei de Execução Penal, bem assim à luz
do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, art. 8°, §§ 5° e 10°).
 
                                      Dessarte, a segregação cautelar se mostra
absurdamente desproporcional, sobretudo em conta da condição de lactante
em que se apresenta a Acusada. Além disso, não se deve olvidar que, na
hipótese, não se busca uma prisão, ilustrativamente, mais agradável à mesma.
Ao contrário, perquire-se um ambiente propício à maternidade, o que,
certamente, não é o que se encontra no meio prisional.                      
3  - EM CONCLUSÃO
 
                            Espera-se, pois, o recebimento da presente peça processual,
na qual se postula, sob a égide do art. 318, inc. V, do CPP, a substituição da
prisão preventiva por segregação domiciliar, razão qual, por via de
consequência, espera-se a expedição do imediato alvará de soltura da presa,
ora Postulante. 
 
 
Respeitosamente, pede deferimento.
 
Cidade, 00 de abril de 0000.

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