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Gramática

Processos Fonológicos

Inserção (PEP) +
Prótese – início schola > escola
Epêntese – meio creo > creio
Paragoge – fim ante > antes

Supressão (ASA) -
Aférese – início psalmo > salmo
Síncope – meio filu > fio
Apócope – fim amore > amor

Alteração ≠
Metátese – Deslocamento de segmentos ou sílabas dentro da palavra
Frol > Flor

Assimilação Progressiva – A unidade que se altera segue aquela que causa a mudança
Nostru > nosto > nosso

Assimilação Regressiva – A unidade que se altera antecede aquela que causa a mudança
Persona > pessoa

Dissimilação – Dois fonemas iguais ou semelhantes, tornam-se diferentes


Felipe > Filipe

Sonorização – Uma consoante surda torna-se sonora quando está entre vogais
Foco > Fogo

Vocalização – Alteração de consoante para vogal – antecedida de outra vogal na mesma sílaba,
essa unidade é realizada como semivogal
Amicu > Amigo

Palatalização – Evolução, para som palatal, de uma unidade ou sequência


Clave > Chave

Crase – Fusão de duas vogais numa só


Pee > Pé

Sinérese – Uma sequencia de duas vogais em hiato dá lugar a um ditongo por semivocalização
de uma delas
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Lee < Lei

Redução Vocálica – enfraquecimento de uma vogal em posição átona.


Bolo > Bolinho

Processos regulares de formação de palavras

Derivação
Prefixo – Adição de um prefixo (à esquerda) derivacional a uma forma de base.
Ex: in + capaz = incapaz

Sufixação – Adição de um sufixo (à direita) derivacional a uma forma de base.


Ex: provar + vel = provável

Prefixação e sufixação – Adição de um prefixo e de um sufixo à forma base.


Ex: in + feliz + mente = infelizmente

Parassíntese – Adição simultânea de um prefixo e de um sufixo derivacionais a uma forma base.


A palavra resultante não permite adição de apenas um dos afixos.
Ex: a + manhã + ec + er = amanhecer

Derivação não-afixal – Formação de nomes a partir de verbos, substituindo as terminações do


infinitivo.
Ex: possuir – posse; abandonar – abandono.

Conversão ou derivação imprópria – uma palavra pode mudar de classe ou de subclasse sem
alterar a forma.
Ex: via (nome comum) / via (preposição); jantar(verbo) / o jantar (nome); só (adjetivo) /
só (advérbio); coelho (nome comum) / Coelho (nome próprio)

Composição
Por associação de palavras – tira-caricas; verde-água; trabalhador-estudante

Por associação de vários radicais ligados pelas vogais i ou o – homofobia; pesticida; zoófilo

Por associação de radicais e palavra ligados pelas vogais i ou o – agridoce; afroadolescente

Processos irregulares de formação de palavras

Amálgama – processo que combina partes de duas ou mis palavras, criando, assim, uma palavra
nova.
Ex: informática (informação + automática); Diciopédia (dicionário + enciclopédia)
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Sigla – palavra formada pelas letras iniciais de um grupo de palavras; as siglas soletram-se
pronunciando o nome de cada letra.
Ex: UE (União Europeia) OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Economico)

Acrónimo – palavra formada pela primeira ou mais letras de um grupo de palavras,


pronunciando-se de forma continua.
Ex: TAP (Transportes Aéreos Portugueses) OVNI (Objeto Voador Não Identificado) SIDA
(Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)

Onomatopeia – palavra criada para imitar um som natural, produzindo por um animal, pela
natureza, por um objeto, etc.
Ex: triim, au-au, atchim, ribombar, tilintar

Truncação – palavra formada através da redução e do apagamento de parte da palavra que


lhe dá origem.
Ex: metro (metropolitano) otorrino (otorrinolaringologista) foto (fotografia)
Arcaísmos e neologismos

Arcaísmo: palavra, significado de palavra ou construção cujo uso é considerado antiquado pelos
falantes da língua
Ex: mester (ofício); leixar (deixar)

Neologismo: palavra, significado de palavra inexistente num estádio anterior da língua


Ex: anhar, grandolar, postar
Campo Semântico e Lexical

Campo Semântico: conjunto dos significados que uma palavra pode ter nos diferentes contextos
em que se encontra.
Ex: sentido – sentido único, não tem sentido, sentido da visão, ficar sentido…

Campo Lexical: conjunto de palavras associadas, pelo significado, a um determinado domínio


conceptual.

Relações de hierarquia

Hiperonímia – relação entre palavras em que o significado de uma (hiperónimo), pode ser mais
global, inclui o de outras (hipónimo). O hiperónimo impõe sempre as suas propriedades ao
hipónimo, criando-se, assim, entre eles uma dependência semântica. Um hiperónimo pode
substituir, em todos os contextos, qualquer dos seus hipónimos; já o contrário não é possível.

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Ex: flor (hiperónimo) / margarida, cravo, rosa (hipónimos)

Hiponímia – relação entre palavras em que o significado de uma (hipónimo), por ser mais
específico, se encontra incluído no de outra (hiperónimo). O hipónimo, além de apresentar as
propriedades semânticas do hiperónimo, possui os seus próprios traços específicos. Ex: visão
(hipónimo) / sentido (hiperónimo)

Holonímia – relação entre palavras em que o significado de uma (holónimo) refere um todo do
qual a outra palavra (merónimo) é parte constituinte. O holónimo não impõe obrigatoriamente
as suas propriedades ao merónimo.

Ex: livro (holónimo) / capa (merónimo); mão (holónimo) / dedo (merónimo)

Meronímia – relação entre palavras em que o significado de uma (merónimo) remete para uma
parte constituinte da outra (holónimo). O merónimo cria uma relação de dependência ao implicar
a referência a um todo (holónimo).

Ex: raiz (merónimo) / planta (holónimo)

Classes e subclasses de Palavras

Nome
Próprio – designa uma entidade individualizada.
Ex: Mariana; Joana; Rita; Ricardo

Comum – designa entidades enquanto membros de um conjunto com as mesmas propriedades.


Ex: bola; avó; copo;

Comum coletivo – designa um conjunto de entidades do mesmo tipo.


Ex: alcateia; multidão; flora; constelação

Adjetivo
Qualificativo – refere uma qualidade do nome. Admite grau; normalmente aparece depois do
nome.
Ex: bonito; cansado; alto; amarelo

Numeral – refere a ordem ou sucessão de algo; normalmente aparece antes do nome,


precedido por determinante.
Ex: o primeiro lugar; a sexta casa

Verbo
Principal intransitivo – não exige complementos.
Ex: Eu adormeci.
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Principal transitivo direto – exige um complemento direto

Principal transitivo indireto – exige um complemento indireto ou oblíquo.


Ex: Tu foste à Hungria?

Principal transitivo direto e indireto – exige um complemento direto, indireto ou oblíquo.


Ex: A avó pousou a jarra na mesa.

Principal transitivo-predicativo - exige um complemento direto e um predicativo do complemento


direto.
Ex: O juiz considera a borboleta bonita.

Auxiliar temporal – ação acabada, durativa…


Ex: foi premiado; tenho feito…

Auxiliar modal – desejo, possibilidade, dever, necessidade, certeza


Ex: Não podem sair

Auxiliar aspetual – ação habitual, pontual, durativa…


Ex: Acabaram de entrar

Auxiliar dos tempos compostos – verbos ter e haver, antes do princípio do verbo principal ou
copulativo.
Ex: Eu havia falado com ele; Eles têm andado doentes.

Auxiliar da passiva – verbo ser, antes do particípio do verbo principal.


Ex: O acidente foi provocado por um pombo.

Verbo Copulativo – Relaciona um sujeito com um predicativo do sujeito, que lhe atribui um
estado, uma quantidade, uma localização.

Verbos: ser, estar, ficar, continuar, parecer, permanecer, andar, tornar-se, revelar-se.
Ex: Eles permaneceram sentados.

Advérbios
De negação – nega uma ideia - não

De afirmação – afirma ou reforça uma ideia – sim, certamente, realmente…

De quantidade e grau – transmite ideia de porção ou de intensidade – bastante, pouco, mais,


tanto, tão, quase…

De modo – indica a forma ou maneira de realizar uma ação – assim, depressa, melhor, mal,
calmamente…

De tempo – indica o tempo da ação – hoje, agora, depois, nunca, brevemente…

De lugar – indica o local da ação – abaixo, ali, longe, algures…


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De inclusão – inclui algo de um grupo – até, mesmo, também…

De exclusão – exclui algo de um grupo – apenas, senão, simplesmente, só, somente,


exclusivamente

Designativo – eis

De dúvida – transmite ideia de dúvida – acaso, porventura, talvez, provavelmente

Conetivo – articulação do discurso do tipo adverbial; estabelece diferentes nexos semânticos


entre frases ou partes de frases – assim, logo, portanto, porém, contudo

Relativo – estabelece a relação entre o elemento subordinante e a oração relativa substantiva


ou entre o antecedente e a oração relativa adjetiva – onde, como, quando.

Interrogação – interroga acerca de um lugar, tempo, medo ou causa, em interrogativas diretas


ou indiretas – onde, quando, como, porquê, porque

Determinante
Artigo definido – o; a; os; as

Artigo indefinido – um; uma; uns; umas

Demonstrativo – este; estes; esta; estas; essa, essas; esse; esses; aquele; aqueles; tal; tais; outro;
outros; mesmo; mesmos

Possessivo – meu; meus; minha; minhas; tua; tuas; teu; teus; sua; suas; seu; seus; nosso; nossos;
vosso; vossas

Indefinido – qual; quais; que

Relativo – cujo; cujos; cuja; cujas

Interrogativo – certo; certos; certa; certas; outro; outras

Pronome
Pessoal – eu; tu; ele; nós; vós; eles; me; te; nos; vos; mim; ti; lhe; o; a; comigo; contigo;
connosco; convosco; consigo

Demonstrativo – este; esta; isto; isso; aquele; aquela; aquele; aquelas; outas; tais; mesmo

Possessivo – meu; meus; minha; minhas; teu; teus; tua; tuas; nosso; vosso; seu; sua

Indefinido – algum; alguns; muito; pouco; nenhum; tanto; tantas; quaisquer; alguém; tudo; nada

Relativo – o/a qual; os/as quais; que; quem; o que

Interrogativo – que?; quê?; quem?; o quê?; o que


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Quantificador:
 Universal – é relativo a todos os elementos de um conjunto - todo(s), toda(s), qualquer,
quaisquer, nenhum(ns), nenhuma(s), ambos, cada
 Existencial – não expressa uma quantidade exata nem remete para a totalidade de um
conjunto - algum(ns), bastante(s), muito(s), muita(s), pouco(s), tanta(s), vário(s), vária(s)
 Numeral Cardinal - expressa uma quantidade inteira precisa - um/uma, dois/duas, três,
quatro, cinco…
 Numeral Multiplicativo - expressa um múltiplo de uma quantidade - dobro, triplo,
quádruplo, quíntuplo…
 Numeral Fracionário- expressa uma fração de uma quantidade - meio/metade, terço,
quarto, quinto…
 Relativo - surge numa oração relativa e tem como antecedente a grupo nominal.
quanto(s), quantas(s)
 Interrogativo - identifica o constituinte interrogação. quanto(s)?, quanta(s)?

Preposições
 a, ante, após, até, com, conforme, contra, consoante, de, desde, durante, em, entre,
exceto, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás…

Funções Sintáticas

Sujeito
Elemento que controla a concordância, em pessoa e em número, relativamente ao núcleo. Pode
ser:
Simples – constituído apenas por um grupo nominal ou por uma frase.
Composto – constituído por duas ou mais expressões nominais ou por duas ou mais
frases.
Nulo – não está realizado lexicalmente, sendo possível classificá-lo em:
 Subentendido – quando é possível identificar no contexto o referente para o
qual remete o sufixo flexional.
EX: «[Tu] Querias crescer depressa, aí tens.»
 Indeterminado – quando o verbo se encontra na 3ª pessoa do plural ou do
singular, acompanhado, neste último caso, do pronome pessoal se com valor
impessoal, não sendo possível identificar o referente do sujeito nulo
indeterminado, uma vez que não é definido nem específico.
EX: «Disseram-me que ia chover.»; «Via-se bem que alguns deles faziam
logo as contas.»
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 Expletivo – ocorre apenas com verbos impessoais.
EX: «Havia já algumas pessoas à sombra dos toldos ou estendidos ao
sol.»

Predicado
Função sintática desempenhada pelo grupo verbal.

Modificador da frase
Grupo preposicional (1) ou adverbial (2) que, ao contrário dos complementos, não sendo
selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando informação suplementar. Caracterizam-
se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer em várias posições da frase.
EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.»
(2) «O conselheiro enrolava vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»

Vocativo
Constituinte (não obrigatório) que identifica o interlocutor, ocorrendo em frases imperativas (1),
exclamativas (2) e interrogativas (3).
EX: (1) «Fecha a porta, Pedro.»
(2) «Dói-me muito o peito, mãe!»
(3) «Quando tenho alta, senhor doutor?»

Complementos
Constituintes da frase selecionados pelo verbo:

Complemento direto – grupo nominal (1) ou oração substantiva completiva (2) que pode
ser substituído respetivamente pelo pronome pessoal de 3ª pessoa (o/a, os/as) e pelo pronome
demonstrativo átono.
EX: (1) «Dois homens seguravam o porco.» → «Dois homens seguravam-no»
(2) «Hão de jurar que não me conhecem.» → «Hão de jurá-lo.»

Complemento indireto – grupo preposicional (geralmente introduzido pela preposição a)


que pode ser substituído por um pronome pessoal de 3ª pessoa (lhe/lhes).
EX: «Perguntem aí ao Gouveia.» → «Perguntem-lhe aí.»

Complemento oblíquo – grupo adverbial (1) ou preposicional (2) que, ao contrário do


complemento indireto, não pode ser substituído por um pronome pessoal (lhe/lhes).
EX: (1) «Faz bem à alma.» →/ «Faz-lhe à alma.»
(2) «Também me lembro do sopro do maçarico.» →/ «Também me lembro-
lhe.»

Exemplos de verbos que pedem complemento oblíquo:

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a) ir a, vir de, estar em, partir de (nome ou pronome precedido de preposição;
advérbio);
b) comunicar com, concordar com, discordar de, precisar de, necessitar de, troçar
de, casar-se com, divorciar-se de, dispor-se a, arrepender-se de, interessar-se por (nome
ou pronome precedido de preposição).

Complemento agente da passiva – grupo preposicional (geralmente introduzido pela


preposição por) que, na frase ativa correspondente, passa a grupo nominal com função de
sujeito.
EX: «Uma Câmara não é eleita pelo povo, é nomeada pelo Governo.» → «O
povo não elege uma Câmara, o Governo nomeia-a.»

Predicativo
Predicativo do sujeito – grupo nominal (1), adjetival (2), adverbial (3) ou proposicional (4) ou
oração (5) selecionado por um verbo copulativo (estar, ficar, continuar, parecer, permanecer,
revelar-se, ser, tornar-se…) que atribui uma propriedade ou uma localização (espacial ou
temporal) ao sujeito.
EX: (1) «A mãe era uma criatura desagradável e azeda.»
(2) «Garcia ficou aturdido.»
(3) «Olhe que isto é preciso é que todos fiquem bem.»
(4) «Caeiro era de estatura média.»
(5) «Pensar é estar doente dos olhos.»

Predicativo do complemento direto – grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3),
selecionado por um verbo transitivo predicativo (achar, chamar, considerar, eleger, julgar,
nomear, tratar,…) que atribui uma propriedade ou uma localização (espacial ou temporal) ao
complemento direto.

EX: (1) «[…] se o ministro fizer esse ladrão recebedor de comarca.»


(2) «Todos a achavam simpática.»
(3) «Todos o tinham por tolo.»

Modificador do grupo verbal – grupo preposicional (1), adverbial (2) ou oração subordinada (3)
que, ao contrário dos complementos, não sendo selecionados pelo verbo, modificam-no,
acrescentando informação suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua grande
mobilidade, podendo ocorrer em várias posições da frase.

EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.»


(2) «O conselheiro enrolava vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»
(3) «Não te posso dar minha filha, porque já não tenho filha.»

Complemento do nome – grupo preposicional [oracional (1) ou não oracional (2)] ou, menos
frequentemente, adjetival (3) que integra o grupo nominal, ocorrendo sempre à direita do nome
que completa e sendo sempre de preenchimento opcional.
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EX: (1) «Tem curiosidade de saber como é esta pobre máquina por dentro […].»
(2) «Ter pena dele seria como ter pena dum plátano […].»
(3) «A procura turística tem aumentado.»

Modificador do nome – função sintática que integra o grupo nominal, modificando-o através de
informações suplementares. a. Restritivo – grupo preposicional (1), grupo adjetival (2) ou oração
relativa restritiva (3) que modifica o nome, restringindo a sua referência.
EX: (1) «Fechou a porta da cela atrás de si […].»
(2) «De repente, a rapariga loira viu uma criança sair a correr.»
(3) «Há palavras que fazem bater mais depressa o coração […].»
Modificador apositivo – grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3) ou oração relativa
explicativa (4) que, ao modificarem o nome, não limitam a sua referência. Na escrita, está sempre
separado por vírgulas do nome que modifica e ocorre normalmente à direita do mesmo.

EX: (1) «Alguma vez a sua Loló, magra e frenética criatura de olhos verdes,
brincara nos jardins dos palacetes […]?»
(2) «Que doença estranha, lenta mas tenaz, matava o Rei?»
(3) «A velha tinha-se dado preparatoriamente um choro, de grande efeito
em corações de viajante.»
(4) «O rapaz, que chegou pelo lado de trás, abriu a cancela de madeira.»

Complemento do adjetivo – grupo preposicional [não oracional (1) ou oracional (2)] que integra
o grupo adjetival, ocorrendo sempre à sua direita. Não é de preenchimento obrigatório.

EX: (1) «E será o pai feliz com o meu sacrifício?»


(2) «Sou fácil de definir.»

Modificador do adjetivo – grupo adverbial que integra o grupo adjetival, correspondendo a um


advérbio colocado à esquerda do adjetivo.

EX: «verão como o elefante se enfrenta com os mais furiosos ventos contrários.»

Coordenação e Subordinação

Orações Coordenadas
Copulativa – estabelece uma relação de adição com a(s) oração(ões) com que se combina.

Conjunções/ Locuções: e; nem; não só…; mas também; não só…; como também

EX: «Estou cansado e vou descansar.»

Adversativa – transmite uma ideia de contraste, de oposição, relativamente à ideia expressa na


frase ou oração com que se combina.
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Conjunções/ Locuções: mas; porém; todavia

EX: «Estou cansado, mas vou continuar.»

Disjuntiva – exprime um valor de alternativa face ao que é expresso pela oração com que se
combina.

Conjunções/ Locuções: ou; ou… ou; ora… ora; quer… quer; seja… seja

EX: «Ou descanso ou não posso continuar.»

Conclusiva – transmite uma ideia de conclusão decorrente da ideia expressa na frase ou oração
com que se combina.

Conjunções/ Locuções: logo; pois; portanto

EX: «Estou cansado, logo não posso continuar.»

Explicativa – apresenta uma justificação ou explicação relativa à frase ou oração com que se
combina.

Conjunções/ Locuções: pois; portanto; que

EX: «Estou cansado porque andei muito.»

Orações Subordinadas
Substantiva
Desempenha a função sintática de sujeito ou de complemento de um verbo, nome ou adjetivo,
podendo ser facilmente substituída por um pronome como isso e subdividindo-se em:

Completiva – que completa a ideia da oração anterior (verbo)

Conjunções/ Locuções: que; se; para

EX: «Eu bem sei que tu não voltas».

Relativa – que é introduzida por quantificadores e pronomes relativos sem antecedente.

Conjunções/ Locuções: quem, o que, onde, quanto, que, o qual, os quais, a qual, as quais.

EX: «Quem espera sempre alcança.»

Adjetivas
Exerce a mesma função que um adjetivo e subdivide-se em:

Relativa restritiva – que tem como função restringir a informação dada sobre o antecedente; a
sua omissão acarreta uma alteração do sentido da oração subordinante, pois apresenta
informação relevante para a definição do antecedente.

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Conjunções/ Locuções: que; quem; o qual; cujo; onde…

EX: «O poeta português que escreveu Os Lusíadas foi grandioso.»

Relativa explicativa – que apresenta informação adicional sobre o antecedente; a sua omissão
não altera o sentido da oração subordinante, uma vez que o antecedente já se encontra
suficientemente definido. (virgulas)

Conjunções/ Locuções: que; quem; o qual; cujo; onde…

EX: «A literatura, que é imortal, encanta os leitores.»

Adverbiais
Desempenha a função sintática de modificador da frase ou do grupo verbal e, modificando o
sentido de outras orações, subdivide-se em:

Causal – que indica a causa ou o motivo daquilo que é expresso na subordinante.

Conjunções/ Locuções: porque; pois; como; que; pois que; visto que; já que; por isso
que; pelo muito que; tanto mais que; uma vez que

EX: «Não compro este carro porque consome muito.»

Final, que enuncia o objetivo da realização da situação descrita na subordinante.

Conjunções/ Locuções: que; para; para que; a fim de que; por que

EX: «Leva dinheiro para pagares as compras.»

Temporal – que estabelece a referência temporal em relação à qual a subordinante é


interpretada.

Conjunções/ Locuções: quando; enquanto; mal; apenas; que antes que; depois que; logo
que; assim que; desde que; até que; primeiro que; sempre que; todas as vezes que; tanto que;
à medida que; ao passo que; senão quando

EX: «Estavas ao telefone, quando entrei.»

Concessiva – que admite algo contrário ao que é apresentado na subordinante mas incapaz de
impedi-lo.

Conjunções/ Locuções: embora; conquanto; que ainda que; apesar de que; mesmo que;
posto que, ainda quando; se bem que; sem que; por menos que; por mais que

EX: «Iremos à piscina, embora não seja do meu agrado.»

Condicional – que indica uma hipótese ou condição em relação ao que é expresso na


subordinante.

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Conjunções/ Locuções: se; caso; a não ser que; contanto que; salvo se; desde que; a
menos que; no caso de; exceto se

EX: «Se ele fosse rico, teria muitos criados.»

Comparativa – que contém o segundo elemento de uma comparação que estabelece em


relação a uma situação apresentada na subordinante.

Conjunções/ Locuções: como; conforme; segundo; (tal) qual; (tanto) quanto mais… do
que; menos… do que; bem como; assim como; tal… qual

EX: «Ele trata-me como se eu fosse sua inimiga.»

Consecutiva – que apresenta uma consequência da situação expressa na subordinante.

Conjunções/ Locuções: que (antecedido de tal, tanto, de tal maneira…); de maneira que;
de modo que; de forma que; de sorte que

EX: «Comi tanto que fiquei indisposta.»


Semântica

Valor Temporal
 Anterioridade
 Simultaneidade
 Posterioridade

Valo Modal
 Epistémica – Valor de certeza e de probabilidade
 Deôntica – Valor de obrigação e de permissão
 Apreciativa (opinião/apreciação)

Valor Aspetual
 Perfetiva (ações concluídas)
 Imperfetiva (ações não concluídas, ainda em curso)
 Genérica (situação atemporal; como verdade)
 Habitual (situação repetida com frequência)
 Iterativa (repetição de situações)

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Atos Ilocutórios

Ato ilocutório assertivo – Ato de fala que o locutor realiza pela enunciação de uma preposição,
com cujo valor de verdade se compromete em maior ou menor grau. Entram na categoria de
assertivos verbos como afirmar, sugerir, crer, admitir ou colocar uma hipótese.

Ex: Parto para a Austrália na próxima semana. José Saramago foi Prémio Nobel da
Literatura em 1998. Eles admitiram que o trabalho era difícil. Ontem sugerimos que o programa
fosse alterado.

Ato ilocutório expressivo – Ato de fala que pretende exprimir o estado psicológico do locutor
relativamente ao conteúdo proposicional da frase. Fazem parte do paradigma dos atos
expressivos verbos como agradecer, congratular-se, irritar-se, agradar, lamentar…

Ex: lamento profundamente tudo o que aconteceu. Parabéns!

Ato ilocutório diretivo – A intenção do locutor de levar o interlocutor a fazer ou dizer alguma
coisa, perfilando-se verbos como convidar, pedir, requerer, ordenar, suplicar ou avisar. As
perguntas são uma subclasse de diretivos, tendo em conta que o objetivo é obter do interlocutor
a execução de um ato de fala.

Ex: Quero esse trabalho terminado dentro de meia hora. Ordeno-te que não saias já.
Aviso-te uma última vez! Venham passar o fim de semana comigo a Lisboa! Querem ir ao
cinema?

Ato ilocutório compromissivo – Ato da fala que, como o de prometer, dá expressão a uma
intenção do locutor, vinculando-o à realização de uma ação futura que poderá afetar o
interlocutor de um modo positivo (no caso da promessa ou juramento) ou de um modo negativo
(no caso da ameaça).

Ex: ligo-te amanhã [Prometo que te ligo amanhã.]

Ato ilocutório declarativo – Ato de fala que cria um estado de coisas novo pela simples
declaração de que elas existem. Para que a realização dos atos declarativos seja bem-sucedida,
é necessário, surja inscrito numa instituição extralinguística específica, como a igreja, o tribunal,
o Estado, dentro da qual o locutor e o interlocutor desempenham papéis sociais pré-
estabelecidos (o padre perante os noivos, por exemplo).

Ex: Batizo este barco com o nome de… Declaro-vos marido e mulher. Declaro aberta
a sessão.

Coesão Textual

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Coesão Textual
Contribui para a coerência do discurso. Processa-se a vários níveis – da palavra, da oração, das
frases e dos parágrafos.

Coesão Lexical
Reiteração – retoma por repetição do vocábulo ou expressão.
Ex: Eu dou-vos as aulas, eu corrijo os testes, eu repito a matéria.

Substituição Sinonímia – Utilização do vocábulo ou expressão com significado equivalente

Ex: A língua portuguesa tem mais de 250 milhões de falantes. É o quinto idioma mais
falado do mundo.

Substituição Antonímia – Utilização do vocábulo ou expressão com significado oposto


Ex: Vou comer um salgado, os doces fazem-me mal

Substituição Hiperonímia/Hiponímia – Utilização do vocábulo ou expressão com significado mais


geral ou mais particular
Ex: Não sei se tenho o dicionário; desde que mudei de casa não encontro o livro.

Substituição Holonímia/Meronímia – Utilização do vocábulo ou expressão que designa o todo


ou parte constituinte.
Ex: O prédio em frente está em obras; o telhado estava completamente destruído.

Coesão Gramatical
Interfrásica – a nível das frases e parágrafos, através do uso de conectores.
Ex: Queria ir ao cinema, mas tenho teste amanha.

Frásica – ao nível da oração/frase, através da concordância, da presença do número de


complementos pedido pelo verbo.
Ex: O Pedro gosta de cães, mas eu adoro gatos!

Referencial – ao nível da palavra, através do uso anafórico de pronomes, sobretudo; a


interpretação dos pronomes depende de outras expressões presentes no texto; os elementos
que se referem à mesma entidade formam uma cadeia referencial
Ex: Ontem, a Ana faltou à aula. O professor disse-lhe que ela tinha de pedir os
apontamentos aos colegas

Temporal – ao nível da ordenação cronológica, conforme ao nosso conhecimento do mundo,


através da ordenação correlativa dos tempos verbais e de expressões adverbiais ou
preposicionais com valor temporal.
Ex: No domingo, o Pedro telefonou-te, mas tu já tinhas saído.

Deixis/Deíticos
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Deítico pessoal – indica as pessoas do discurso (locutor e interlocutor); integram este grupo os
pronomes pessoais (ex: tu, me, nós, etc.), determinantes e pronomes possessivos (ex: o meu,
o vosso, teu, etc.), sufixos flexionais de pessoa-número (ex: falas, falamos, etc.), bem como
vocativos.

EX: «Aceita que eu exista como os sonhos.»; «Quando eu disser não ouças.»

Deítico espacial – assinala os elementos espaciais, evidenciando a relação de maior ou menor


proximidade relativamente ao lugar ocupado pelo locutor; integram este grupo os advérbios ou
locuções adverbiais de lugar (ex: aqui, cá, além, lá de cima, etc.), os determinantes e pronomes
demonstrativos (ex: este, essa, aquilo, etc.), bem como alguns verbos que indicam movimento
(ex: ir, partir, chegar, aproximar-se, afastar-se, entrar, sair, subir, descer, etc.).

EX: «Vamos até ali.»

Deítico temporal – localiza fatos no tempo; integram este grupo os advérbios, locuções adverbias
ou expressões de tempo (ex: amanhã, ontem, na semana passada, no dia seguinte, etc.) e
sufixos flexionais de tempo-modo-aspeto (ex: falarei, faláveis, etc.).

EX: «Depois de amanha serei outro.»

Deítico social – assinala a relação hierárquica existente entre os participantes da interação


discursiva e os papéis por eles assumidos (ex: o senhor, vossa excelência, senhor diretor, etc.)

EX: «Eu quero prevenir já o senhor doutor que ele não está bom da cabeça.»

Reprodução do discurso no discurso

Discurso direto
Reprodução do discurso de um locutor, tentando respeitar o que foi dito e como foi dito
(são transportas fielmente a palavras enunciadas pelo locutor)
Encontra-se nos diálogos e monólogos, assumindo a personagem como sujeito de
enunciação e limitando o narrador a anunciá-la e a deixá-la exprimir-se por si própria.
É representada na escrita por aspas ou travessão, antecedido ou intercalando um verbo
interlocutor de relato do discurso, e marcado por parágrafo.
O discurso direto comporta várias vezes traços que contribuem para a caracterização
das personagens.

Ex: No entanto, dizia a Teresa:

- Esta escrivã não é má rapariga.

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Discurso indireto
Reprodução do discurso através de um narrador. O narrador relata o discurso da
personagem, mas não abdica do de estatuto de sujeito de enunciação, o que significa que
transmite a fala ou os pensamentos das personagens não só com alterações em relação aos
deíticos, tempos e modos verbais, mas também no próprio discurso, ao reformular, clarificar,
interpretar e resumir o mesmo.
O discurso indireto apresenta verbos interlocutores do relato do discurso e toma forma
de orações subordinadas.
Ex: A certa altura ele perguntou-me se eu escrevia. Respondi que sim.

Discurso indireto livre


Trata-se de um discurso hibrido que aproxima o narrador e as personagens como se
ambos falassem em simultâneo.
Do ponto de vista formal, a 3ª pessoa e os tempos de narração coexistem com os
deíticos, as interrogações e exclamações.
As palavras e frases da personagem são reproduzidas sem a utilização de verbos
interlocutores e, consequentemente, sem que o discurso tome a forma de uma oração
subordinada.
Ex: Aproximaram-se da sege como quem ia pedir esmola, Scarlatti mandou parar e
estendeu-lhes as mãos, Adeus, Adeus.

Sequências Textuais

Sequência narrativa
A sequência narrativa é estruturada no eixo do tempo, numa progressão causal; expressam
ação e encadeiam causas e consequências, revelando a interação de elementos (personagens,
por exemplo) para a realização de fatos.

Sequencia descritiva
Estrutura-se no eixo do espaço. Caracteriza as personagens de um referente por enumeração
das suas propriedades físicas ou psicológicas.

Sequência Dialogal
Dois ou mais interlocutores interagem, trocando ideias, sentimentos…

Sequência Explicativa
Um locutor especialista num assunto explica um determinado fenómeno ou situação. O tema
não é alvo de polémica.

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Sequência Argumentativa
O locutor parte de um fenómeno polémico e apresenta o seu ponto de vista, organizando de
forma lógica o seu raciocínio.

Intertextualidade

Citação
Reprodução, devidamente identificada, de um excerto textual, no interior de um texto, com o
objetivo de ilustrar ou sustentar uma ideia.

Ex: José Saramago cita Fernando Pessoa, Mensagem:

“Em seu trono entre o brilho das estrelas, com seu manto de noite e solidão, tem aos
seus pés o mar novo e as mortas eras, o único imperador que tem, deveras, o globo mundo
em sua mão, este foi o infante D. Henrique […]”.

Epígrafe
Fragmento de texto célebre, devidamente identificado, no início de um texto, de um capítulo
ou de uma secção, que relaciona o conteúdo do texto que se segue com o conteúdo da obra
referida, integrando o hipertexto num domínio específico.

Ex: Em Ano da Morte de Ricardo Reis:

“Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo”

Alusão
Referência mais ou menos indireta a outro texto que deixa ao leitor a tarefa de o identificar.

Ex: “Referencia de […] Bradam os demónios no inferno, e dessa maneira julgas escapar
à condenação, mas aquele que tudo vê, não este cego Tobias, o outro a quem […]”

Paráfrase
Sequência que reformula um fragmento de texto, explicitando e desenvolvendo o sei sentido.

Ex: Destas, duas serão relaxadas ao braço secular, em carne, por relapsas, e isto quer
dizer reincidentes na heresia, por convictas e negativas, e isto, quer dizer teimosas apesar de
todos os testemunhos, por contumazes, e isto quer dizer persistentes nos erros que são suas
vontades, só desacertadas no tempo e no lugar.

Paródia
Imitação de um texto, deformando-o, com o prepósito de ridicularizar ou criticar.
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Ex: “[…] e então uma voz se levanta, é um labrego de tanta idade já que o não quiseram,
e grita subindo a um valado que é púlpito de rústicos, Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei
infame, ó pátria sem justiça […]”

Imitação criativa
Recriação a partir de um texto, sem o ridicularizar ou criticar.

Ex: “Já vai andando a récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até fora da vila
as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo, e outra protestando,
Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha […]”

Recursos Expressivos

A nível fónico:
Aliteração – repetição de sons consonânticos em sílabas próximas. (O vento vago voltou);

Assonância – repetição intencional dos mesmos sons vocálicos (À tona de águas paradas);

A nível sintático:
Anáfora – repetição de uma ou mais palavras no início de uma frase, de um membro de frase
ou de um verbo (nem rei nem lei, nem paz nem guerra);

Anástrofe – alteração da ordem direta da frase devido à anteposição de um complemento ou


à deslocação de uma palavra (Às horas em que um frio vento passa);

Assíndeto – supressão da partícula de ligação (Grécia, Roma, cristandade, Europa);

Enumeração – acumulação ou inventariação de elementos da mesma natureza (Mas o melhor


do são as crianças/flores, música, o luar e o sol);

Hipérbato – transposição da ordem normal das palavras de uma oração, donde resulta a
separação dos elementos constituintes de um sintagma (Súbdita a frase o busca);

Paralelismo de construção – repetição da estrutura frásica para memorizar ou destacar ideias


(Três vezes do leme as mãos ergueu,/Três vezes ao leme as reprendeu);

Polissíndeto – repetição do elemento de ligação entre frases ou palavras (E com as mãos e os


pés/ E com o nariz e a boca).

A nível interpretativo:
Antítese – apresentação de dois conceitos opostos (Julguei que isto era o fim e afinal é o
princípio);

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Antonomásia – substituição de um nome próprio por uma palavra ou expressão que o designem
de modo inconfundível (Cessem do sábio grego e do Troiano);

Apóstrofe/invocação – interpelação, chamamento de alguém ou de algo personificado (Ó céu!


Ó campo! Ó canção!);

Comparação – relação de semelhança entre duas ideias usando uma partícula comparativa ou
verbos como «parecer», «assemelhar-se» (O meu olhar é nítido como um girassol);

Disfemismo – apresentação, de forma violenta, de uma ideia que pode ser expressa de forma
suave (Cheiro que não ofende estes narizes, habituados, que estão ao churrasco do auto de
fé);

Eufemismo – expressão, de uma ideia chocante, de uma forma suave (quando a fogueira se
apagar tens de te ir embora [= morrer]);

Gradação – encadeamento, disposição de palavras/ideias segundo uma ordem crescente ou


decrescente (Sagaz consumidora conhecida/de fazendas, de Reinos e de Impérios);

Hipérbole – exagero da realidade (corre um rio sem fim);

Hipálage – transferência de uma impressão causada por um ser para outro ser, ao qual
logicamente não pertence, mas que se encontra relacionado com o primeiro. (No plaino
abandonado.)

Interrogação – pergunta retórica que não pretende obter resposta, mas enfatizar a questão
(Quem vem viver a verdade/Que morrer D. Sebastião?);

Ironia – afirmação que pretende sugerir ou insinuar o contrário;

Metáfora – comparação de dois conceitos sem utilização da partícula comparativa (Numa onda
de alegria);

Metonímia – utilização de um vocábulo em vez de outro, com o qual tem uma relação de
contiguidade (o continente pelo conteúdo; o autor pela obra, por exemplo: Estou a estudar
Camões);

Oximoro – expressão que inclui contradição (São coisas vestindo nadas);

Perífrase – utilização de muitas palavras para dizer o que pode ser expresso por poucas (Pelo
neto gentil do velho Atlante [= Mercúrio]);

Personificação – atribuição de qualidades ou de comportamentos humanos a seres inanimados


ou a animais (Quando uma nuvem passa a mão por cima da luz);

Pleonasmo – repetição da mesma ideia (Vi, claramente visto, o lume vivo);

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Sinédoque – expressão do todo pela parte ou da parte pelo todo, do singular pelo plural, do
plural pelo singular, do género pelo indivíduo (Vós, ó novo temor da maura lança [= exército
mouro]);

Sinestesia – expressão simultânea de sensações diferentes (Brancura quente da calçada).

Noções de Versificação

VERSO
Ritmo – efeito sonoro produzido intencionalmente pela alternância entre sílabas tónicas
(acentuadas) e sílabas átonas (não acentuadas). Ao conjunto das sílabas acentuadas presentes
num verso atribui-se a designação de acento rítmico.

Metro/métrica – medida poética que corresponde ao número de sílabas métricas de um verso.


A contagem do número de sílabas métricas:

 É efetuada apenas até à sílaba tónica (sílaba acentuada) da última palavra do verso;
 Procede-se normalmente à junção/elisão das vogais átonas finais quando a palavra
seguinte é iniciada por vogal.
EX: «Mu/dam/-se os/tem/pos/, mu/dam/-se as/von/ta/des.» 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (ùltima
sílaba métrica)

Classificação dos versos quando à métrica:


 Monossílabo – uma sílaba
 Dissílabo – duas sílabas
 Trissílabo – três sílabas
 Tetrassílabo – quatro sílabas
 Pentassílabo/redondilha menor – cinco sílabas
 Hexassílabo – seis sílabas
 Heptassílabo/redondilha maior – sete sílabas
 Octossílabo – oito sílabas o
 Eneassílabo – nove sílabas
 Decassílabo – dez sílabas
 Hendecassílabo – onze sílabas
 Dodecassílabo – doze sílabas

RIMA
Rima é a correspondência dos mesmos sons. Classificação da rima:

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Em função da correspondência de sons:

 Rima consoante/perfeita – correspondência total de sons (consoantes e vogais)


a partir da última sílaba tónica.
 Rima toante/imperfeita – existe apenas uma correspondência de sons vocálicos
a partir da última sílaba tónica.

Em função da natureza gramatical das palavras que rimam:

 Rima rica – incide em unidades pertencentes a classes de palavras diferentes.


 Rima pobre – incide em unidades pertencentes à mesma classe de palavras.

Em função do esquema rimático (combinações de rima):

 Rima cruzada – a b a b o Rima emparelhada – a a b b


 Rima interpolada – a b b a ou a b c a
 Rima encadeada – última palavra de um verso rima com o meio do verso
seguinte.

EX: «E há nevoentos desencantos Dos encantos dos pensamentos»

 Rima interior – uma das palavras (ou ambas) que rima encontra-se no interior do
verso.

EX: «E eu na alma – tenho a calma»

ESTROFE
Classificação da estrofe em função do número de versos:

Monóstico – um verso
Dístico ou parelha – dois versos
Terceto – três versos
Quadra – quatro versos
Quintilha – cinco versos
Sextilha – seis versos
Oitava – oito versos
Novena – nove versos
Décima – dez versos

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