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Ergonomia & Projeto

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BIOMECÂNICA E ANÁLISE DA POSTURA

A biomecânica e a análise da postura estuda a interação entre o trabalho e homem


sob o ponto de vista dos movimentos músculos-esqueletais envolvidos e suas
conseqüências.

Trabalho estático

O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos para
manter o corpo ou parte do corpo em uma determinada posição. O trabalho estático
é altamente fatigante e, sempre que possível, deve ser evitado. Na impossibilidade
de se evitar o trabalho estático, a fatiga pode ser aliviada através de mudanças
freqüentes da postura, melhorando-se o posicionamento de peças e ferramentas ou
utensílios ou ainda providenciando-se apoio para partes do corpo com o objetivo de
reduzir as contrações estáticas dos músculos. Também se podem programar
pausas de curta duração com elevada freqüência permitindo o relaxamento
muscular e o alívio da fadiga.

Trabalho dinâmico

O trabalho dinâmico é aquele que permite contrações e relaxamentos alternados


dos músculos, como na tarefa de martelar, serrar, serrar, girar um volante ou
caminhar. No trabalho dinâmico os músculos recebem mais oxigênio aumentando
sua resistência à fadiga, sendo, portanto, o trabalho mais recomendado.

Posturas do corpo
O corpo, trabalhando ou em repouso, assume três posturas básicas: deitada,
sentada e de pé. Em cada uma dessas posturas estão envolvidos esforços
musculares para manter a posição relativa de partes do corpo, distribuída da
seguinte forma conforme o tipo físico e o sexo:

PARTES DO CORPO % DO PESO TOTAL


Cabeça 06 a 08%
Tronco 40 a 46%
Membros superiores 11 a 14%
Membros inferiores 33 a 40%

Posição deitada

Na posição deitada não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo. O


Sangue flui livremente para todas as partes do corpo, contribuindo para eliminar os
resíduos do metabolismo e as toxinas dos músculos, provocadores de fadiga. O
consumo energético assume o valor mínimo, aproximando-se do metabolismo basal.

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A postura deitada é a mais recomendada para repouso e recuperação do estado e


fatiga. Em alguns casos, essa posição é assumida para realizar algum tipo de
trabalho de manutenção, exigindo um grande esforço da musculatura do pescoço
para manter a cabeça erguida, se tornado uma postura altamente fatigante.

Posição sentada

A posição sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre. Praticamente


todo peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso ísquio, nas nádegas. O
consumo energético é de 3 a 10% maior em relação a posição deitada. A posição
ligeiramente inclinada para frente é mais natural e menos fatigante que a postura
ereta. O assento deve permitir mudanças freqüentes de postura, para retardar o
aparecimento da fadiga.

A posição sentada apresenta a vantagem de liberar os braços e pés para tarefas


produtivas, permitindo grande mobilidade desses membros, além de ter um ponto de
referência relativamente fixo no assento.

Posição de pé

A posição para de pé é altamente fatigante devido ao trabalho estático da


musculatura para manter esta posição. O coração encontra maiores resistências
para bombear sangue para os extremos do corpo. O trabalho dinâmico de pé ou
de poucos movimentos é menos fatigante. Essa posição torna difícil o uso dos
pés para realização de tarefas, necessitando de apoio para mãos e braços para
manter a postura, além da dificuldade de manter um ponto de referência.

Posturas inadequadas mantidas por um longo tempo podem provocar fortes dores
localizadas nos conjuntos de músculos solicitados na conservação dessas
posturas:

POSTURA RISCO DE DORES


Em pé Pés e pernas (varizes)
Sentado em encosto Músculos extensores do dorso
Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e pés
Braços esticados Ombros e braços
Pegas inadequadas em Antebraços
ferramentas

Muitas vezes é necessário inclinar a cabeça para frente para se ter uma visão
melhor em determinada tarefas. Esta postura provoca fadiga rápida nos músculos
do pescoço e do ombro para manter o peso da cabeça (4 a 4.5Kg). Esta
necessidade de inclinar a cabeça geralmente ocorre quando:

1. O assento é muito alto;


2. A mesa é muito baixa;

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3. A cadeira é muito longe do trabalho;


4. Há uma necessidade específica.

As dores no pescoço começam a aparecer quando a inclinação da cabeça é maior


que 30° em relação à vertical. Correção deve ser feita para manter a cabeça com
inclinação até 20°. Se isso não for possível, como nos casos de atividades
específicas, recomenda-se pausas para relaxamento, com a cabeça na posição
vertical.

Áreas dolorosas - diagrama de Corlett e Manenica


Corlett e Manenica desenvolveram um diagrama, dividindo o corpo humano em
diversos segmentos que facilita a identificação de áreas em que o sujeito observado
sente dores. A técnica consiste na entrevista com o sujeito, solicitando que este
aponte as regiões dolorosas do corpo e em seguida pede-se que ele avalie
subjetivamente o grau de desconforto em cada segmento, numa escala de um
(extremamente confortável) até sete (extremamente desconfortável).

Esse diagrama juntamente com o registro da postura possibilitam o levantamento de


muitos dados em produtos, máquinas ou postos de trabalho, tornando mais claro o
nível de intervenção do designer na solução de problemas posturais (ver diagrama
1).

Aplicação de forças

As forças humanas são resultantes de contrações musculares. Algumas forças


dependem de apenas alguns músculos, enquanto outras exigem uma contração
coordenada de diversos músculos, principalmente se envolver combinações
complexas de movimentos, como tração e rotação simultâneas.

Características dos movimentos

Para fazer um determinado movimento, diversas combinações de contrações


musculares podem ser utilizadas, cada uma delas tendo diferentes características
de velocidade, precisão e movimento. Portanto, conforme a combinação de
músculos que participem de um movimento, este pode ter características e custos
energéticos diferentes. Um operador de máquina experiente se fatiga menos porque
aprende a usar aquela combinação mais eficiente em cada caso, economizando as
suas energias.
Para grandes esforços deve-se usar preferencialmente a musculatura das pernas,
que são as mais resistentes. Além disso, sempre se deve usar a gravidade e a
quantidade de movimento (massa x velocidade) a seu favor.

Precisão - os movimentos de maior precisão são realizados com as pontas dos


dedos. Se envolvermos sucessivamente os movimentos do punho, cotovelo e
ombro, aumentaremos a força, com prejuízo da precisão. Isso pode ser
observado em operações manuais altamente repetitivas. Quando os dedos
fatigam-se, há uma tendência de substituí-los pelos movimentos do punho,
cotovelo e ombros, com progressiva perda da precisão.

Ritmo - os movimentos devem ser suaves, curvos e rítmicos. Acelerações ou


desacelerações bruscas, ou rápidas mudanças de direção são fatigantes, porque
exigem maiores contrações musculares.

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LOCALIZAÇÃO E GRAU DE DESCONFORTO POSTURAL


Posto ou produto: Postura: Duração: Freqüência:
LADO ESQUERDO VISTA DE COSTAS LADO DIREITO

DESCONFORTO DESCONFORTO
PARTES DO PARTES DO
CORPO CORPO
1 2 3 4 5 6 7 Nº Nº 1 2 3 4 5 6 7

1 Pescoço Pescoço 1

2 Costa superior Costa superior 2

3 Costa média Costa média 3

4 Costa inferior Costa inferior 4

5 Bacia Bacia 5

11 Ombros Ombros 6

12 Braços Braços 7

13 Antebraços Antebraços 8

14 Punhos Punhos 9

15 Mãos Mãos 10

19 Coxas Coxas 16

20 Pernas Pernas 17

21 Tornozelos e pés Tornozelos e pés 18

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Movimentos retos - o corpo, sendo constituído de alavancas que se movem em


torno de articulações, tem uma tendência natural para executar movimentos curvos.
Portanto, os movimentos retos são mais difíceis e imprecisos, pois exigem uma
complexa integração de movimentos de diversas juntas.

Terminações - os movimentos que exigem posicionamentos precisos, com


acompanhamento visual, são difíceis e demorados. Sempre que possível esses
movimentos devem ser terminados com um posicionamento mecânico, como no
caso da mão batendo contra um anteparo, ou botões e alavancas que têm
posições discretas de paradas.

Transmissão de movimentos e forças


Num posto de trabalho, as exigências de forças e torques devem ser adaptadas às
capacidades do operador, nas condições operacionais. No caso de uma alavanca,
por exemplo, isso significa que a força deve ser medida na posição exata em que
essa alavanca estiver situada, na postura corporal exigida e no tipo de
deslocamento que será efetuado. Além disso, a resistência dessa alavanca ao
movimento, ou seja, a força necessária para movimentá-la, deve estar dentro de
uma faixa tal que um operador mais fraco consiga movimentá-la (valor máximo) e
também ter um certo atrito ou inércia (valor mínimo), para evitar acionamentos
acidentais.

Força para empurrar e puxar

A capacidade para empurrar e puxar depende de diversos fatores como a postura,


dimensões antropométricas, sexo, atrito entre o sapato e o chão e outros. Em geral,
as forças máximas para empurrar e puxar, oscila entre 200 e 300N (newton =
kg.m.s2) para homens sendo que as mulheres apresentam 40 a 60% dessa
capacidade. Se for usados o peso do corpo e a força dos ombros para empurrar,
conseguem-se valores até 500N (para transformar newtons em quilogramas-força
divida o valor em newtons por 9,81. Exemplo: 200N = 20,4 kgf). Chaffrin, Andres e
Carg (Iida 1990), construíram um dinamômetro para medir as forças máximas de
empurrar e puxar na horizontal, em três alturas diferentes: 68, 109 e 152 cm do solo.
O resultado conseguido com estudantes de 21 a 23 anos encontra-se na tabela a
seguir. Outros estudos demonstraram que os melhores resultados se conseguem
com a peça abaixo de 90 cm de altura. Comparado com a força total dos dois
braços, observou-se que o uso de apenas um braço (aquele preferencial de cada
sujeito) dava 65% a 73°/o do valor dos dois braços. Isso significa dizer que o uso do
segundo braço pode aumentar a força transmitida de 37 a 54% em relação à força
de apenas um braço.

MULHERES HOMEM
Empurrar Puxar Empurrar Puxar
FORÇA (N)
Médi D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.
a
Altura da 152 150 48 143 34 284 83 174 14
pega em 109 176 68 171 33 342 98 258 26
cm 68 158 61 179 73 399 95 376 73
Média 161 58 164 51 242 101 269 95

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Empurrar Puxar Empurrar

Alcance vertical

Quando o braço é mantido na posição elevada, acima dos ombros, os músculos dos
ombros e do bíceps se fatigam rapidamente, e podem aparecer dores provocadas
por uma tendinite dos bíceps, especialmente nas pessoas mais idosos, que tem
menos mobilidade nas juntas.

Alcance horizontal

No alcance horizontal, com um peso nas mãos, devido à distância relativamente


grande desse peso em relação ao ombro, há uma solicitação maior dos músculos
do ombro para contrabalançar o momento criado pelo peso. Com o braço
estendido a 50 cm para frente, o tempo máximo que se pode suportar uma carga
de apenas 5N é de 5min e, se a carga for de 10 N, esse tempo cai para 2,5min.
Acima desses limites surgem dores nos braços e ombros. Se for usado um apoio
para o cotovelo, para reduzir a solicitação sobre os músculos do ombro, esses
tempos podem ser triplicados.

Tanto no caso do alcance vertical como no alcance horizontal indica-se que os


braços têm pouca resistência em manter cargas estáticas. Os tempos para isso não
devem ser maiores que 1 ou 2min. Neste caso, deve-se serem evitadas situações
em que um dos braços fica segurando a peça para a outra executar a operação
requerida. Essa carga, na medida do possível, deve ser aliviada, providenciando-se
suportes ou fixadores para manter a peça na posição desejada enquanto se
executa a operação.

Levantamento e transporte de cargas


As atividades quanto ao levantamento de pesos podem ser classificadas em dois
tipos. Uma delas se refere ao levantamento esporádico de cargas e, outra, ao
trabalho repetitivo com levantamento de cargas. A primeira está relacionada com a
capacidade muscular para levantar a carga e a segunda, onde entra o fator de
duração da atividade, está relacionada com a capacidade energética do sujeito e a
fadiga física.

Resistência da coluna

A musculatura das costas é a que mais sofre com o levantamento de pesos. Devido
à estrutura da coluna vertebral, composta de discos superpostos, ela tem pouca
resistência a forças que não tenham a direção de seu eixo. Portanto, na medida do
possível, a carga sobre a coluna vertebral deve ser feita no sentido vertical,
evitando-se as cargas com as costas curvadas.

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Capacidade de carga máxima

Para determinar a capacidade de carga repetitiva, deve-se determinar, primeiro, a


capacidade de carga isométrica das costas, que é a máxima carga que uma pessoa
consegue levantar, flexionando as pernas e mantendo o dorso reto, na vertical. A
carga recomendada para movimentos repetitivos será, então, 50% dessa carga
isométrica máxima.

A capacidade de carga máxima varia consideravelmente, conforme se usem as


musculaturas das pernas, braços ou dorso. As mulheres possuem aproximadamente
metade da força dos homens para o levantamento de pesos:

Forças (kgf) para MULHERES HOMENS


Movimentos não
95% 50% 5% 95% 50% 5%
repetitivos
Forças das pernas 15 39 78 39 95 150
Forças dos braços 7 20 36 20 38 60
Força do dorso 10 24 58 21 50 105
Força máxima das pernas, braços e costas, segundo Chaffin (Iida, 1980).

A capacidade de carga é influenciada ainda pela sua localização em relação ao


corpo e outras características como dimensões e facilidade de manuseio. Em
relação à localização relativa, para movimentos repetitivos, a força máxima para o
levantamento de peso é exercida quando a carga encontrase a 30cm de distância
do corpo e a 30cm de altura do solo. Essa capacidade diminui quando a carga se
afasta do corpo, chegando praticamente a zero a 90cm de distância do corpo:

CAPACIDADE DE LEVANTAMENTO DE PESO


Distância (m) a partir do:
(Kg)
CORPO PISO MULHERE HOMENS
S
(horizontal) (Vertical) 50% 95% 50% 95%
0.3 23 7 51 45
0.3 0.9 19 11 44 39
1.5 11 5 47 29
0.3 9 0 24 9
0.6 0.9 6 1 28 15
1.5 5 0 21 11
0.3 0 0 5 0
0.9 0,9 1 0 10 1
1,5 0 0 7 0

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Recomendações para o levantamento de cargas


a) Mantenha a coluna reta e use a musculatura das pernas, como fazem os
halterofilistas;
b) Mantenha a carga o mais próximo possível do corpo, para reduzir o momento
provocado pela carga;
c) Procure manter cargas simétricas, usando as duas mãos para evitar a criação de
momentos em torno do corpo;
d) A carga deve estar a 40 cm acima do piso. Se estiver abaixo, o carregamento
deve ser feito em duas etapas. Coloque-a inicialmente sobre uma plataforma e
depois pegue-a em definitivo.
e) Antes de levantar um peso, remova todos os obstáculos que possam atrapalhar
os movimentos.

Transporte manual de cargas

Da mesma forma que no caso de levantamento de cargas, durante o transporte


manual de cargas, a coluna vertebral deve ser mantido, o máximo possível, na
vertical. Deve-se também evitar pesos muito distantes do corpo ou cargas
assimétricas, que tendem a provocar momento, exigindo um esforço adicional da
musculatura dorsal para manter o equilíbrio. Esses pontos podem ser resumidos nas
seguintes recomendações:

a) Manter a carga na vertical - isso significa que o centro de gravidade da carga


deve passar, o mais próximo possível, pelo eixo longitudinal (vertical) do corpo.
Nesse aspecto, vê-se o acerto dos povos primitivos e gente do interior, que
carregam pesos diretamente colocados sobre a cabeça.
b) Manter a carga próxima do corpo - para o transporte de carga com os dois
braços deve-se mantê-la o mais próximo possível perto do corpo, na altura da
cintura, conservando-se os braços estendidos. O transporte de carga com os
braços flexionados (fazendo ângulo no cotovelo) aumenta a carga estática dos
músculos e cria momento em relação ao centro de gravidade do corpo, que se
situa à altura do umbigo.
c) Caixas grandes - caixas grandes devem ser transportadas com os braços
esticados, bem próximos do corpo, ou com braço e antebraço formando ângulo
reto, com o corpo ligeiramente inclinado para trás, de modo que o centro de
gravidade da carga se aproxime da linha vertical do corpo, reduzindo-se assim
o momento.
d) Usar cargas simétricas - Sempre que possível, deve ser mantida uma simetria
de cargas, com os dois braços carregando aproximadamente o mesmo peso. No
caso de cargas grandes, compridas ou desajeitadas, devem ser usadas duas
pessoas para facilitar essa simetria.
e) Usar meios auxiliares - Os meios auxiliares devem ser usados para cargas de
formas ou texturas que dificultem o manuseio. Isso inclui o uso de luvas,
ganchos, cordas, correias e assim por diante. Para o transporte de geladeiras,
cofres, móveis e outros objetos que não permitem uma pega adequada, devem
ser colocadas cordas ou correias que passem pelo dorso, para serem
carregadas. Esses dispositivos, sempre que possível, devem permitir que os
braços fiquem estendidos, evitando-se a perda de energia com a flexão dos
mesmos.
f) Trabalhar em equipe - O trabalho em equipe deve ser usado quando a carga
for excessiva para uma só pessoa. Assim se evitam lesões no trabalhador ou
danos à carga. Para casos mais complexos, envolvendo o trabalho de diversas

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pessoas, deverá haver um deles apenas para orientar e coordenar os esforços


das demais, principalmente quando há obstáculos na trajetória da carga.

Análise da postura
Na prática, numa atividade qualquer, o corpo pode assumir centenas de posturas
diferentes. Em cada tipo de postura, um diferente conjunto da musculatura é
acionado. Uma simples observação visual não é suficiente para analisar essas
posturas detalhadamente. Existem diversas técnicas para registros de posturas,
porém, devido às limitações de recursos utilizaremos apenas os registros de
observações diretas.
A técnica utilizada consiste na observação direta do sujeito durante a realização de
tarefas, registrando-se as posturas conforme um conjunto de posturas pré-definidas
nos planos sagital, coronal e transversal, conforme for o caso, registrando-se a
freqüência, duração média e sentida da força quando se tratar de esforço e os
sintomas provocados pela postura assumida.

Registro dos movimentos

Existem diversas técnicas aplicadas ao registro de movimentos, entre eles o recurso


de TV e fotografia com a devida correção de paralaxe. Registros mais simples
podem ser feitos diretamente sobre uma folha de papel fixada num plano onde são
feitos riscos com uma caneta ou giz em escala natural.

O registro de movimentos é feito em um sistema de planos triortogonais. O plano


originário é o que divide o corpo em duas partes simétricas, chamado sagital. Todos
os planos paralelos ao plano sagital são chamados planos sagitais à esquerda e à
direita do plano sagital de simetria. Os planos verticais perpendiculares aos planos
sagitais chamam-se planos coronais ou frontal anterior e plano frontal posterior. Os
planos horizontais, paralelos ao piso, são chamados de planos transversais. O plano
transversal superior ou cranial localiza-se na altura dos ombros, o plano transversal
inferior localiza-se na altura dos quadris e o plano transversal caudal localiza-se na
base dos pés.

O alcance dos membros pode ser registrado nestes planos triortogonais, sagital,
coronal e transversal. A conjugação destes três registros fornece um traçado
volumétrico de alcance. Estes registros podem representar dois tipos de alcances,
um para área preferencial e outro para alcance máximo. O primeiro corresponde ao
movimento realizado mais facilmente com movimentos dos braços, enquanto que os
alcances máximos envolvem movimentos simultâneos de tronco e ombros.

Nas páginas seguintes são apresentados alguns diagramas de registros da postura.

Planos de registros da postura do corpo humano


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Figura 1- Planos de representação e nomenclatura Figura 2 - Planos de projeção triortogonal

Nomenclatura dos movimentos corporais

Figura 3 - Nomenclatura dos movimentos do corpo.

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DIFERENTES POSTURAS DO CORPO


POSTURA DE PÉ
POSTURA DE PÉ POSTURA ARQUEADA POSTURA FLEXIONADA POSTURA AGACHADA

SAGITAL 01 SAGITAL 02 SAGITAL 03 SAGITAL 04


POSIÇÃO DO BRAÇO E ANTEBRAÇO
PENDENTES POSIÇÃO 90º

CORONAL 05 SAGITAL 05 CORONAL 06 SAGITAL 06


POSIÇÃO >90º POSIÇÃO >90º

CORONAL 07 SAGITAL 07 CORONAL 08 SAGITAL 08


ESTENDIDO NA HORIZONTAL ESTENDIDO NA VERTICAL

CORONAL 09 SAGITAL 09 CORONAL 10 SAGITAL 10

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DIFERENTES POSTURAS DO CORPO


BRAÇOS E ANTEBRAÇOS NA POSTURA SENTADO
POSTURA 90º POSTURA <90º POSTURA ESTENDIDA POSTURA ERGUIDA

SAGITAL 11 SAGITAL 12 SAGITAL 13 SAGITAL 14


POSTURA DO TRONCO
ENCOSTADO INCLINADO PARA FRENTE INCLINADO PARA TRÁS ROTAÇÃO DO CORPO

SAGITAL 15 SAGITAL 16 SAGITAL 17 TRANSVERSAL 18


POSTURA DO ASSENTO
POSIÇÃO PARA FRENTE POSIÇÃO NO MEIO POSIÇÃO PARA TRÁS

SAGITAL 19 SAGITAL 20 SAGITAL 21


POSTURA DAS PERNAS
INCLINADAS PARA TRÁS INCLINADAS PARA FRENTE RETAS

SAGITAL 22 SAGITAL 23 SAGITAL 24

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DIFERENTES POSTURAS DO CORPO


POSTURA DO FEMUR
INCLINADO PARA CIMA HORIZONTAL INCLINADO PARA BAIXO

SAGITAL 24 SAGITAL 25 SAGITAL 26


CURAVATURA DA COLUNA
SEM CURVATURA INCLINADA MUITO INCLINADA

SAGITAL 27 SAGITAL 28 SAGITAL 29


POSTURA DA CABEÇA
PROLONGAMENTO DO BUSTO INCLINADA MUITO INCLINADA

SAGITAL 30 SAGITAL 31 SAGITAL 32

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Zona de tolerancia de conforto ambiental1

A faixa entre os círculos indica a zona de tolerância para conforto. Fora deste limite
grande desconforto ou danos fisiológicos é encontrado.

Fontes consultadas
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgrad Blücher, 1990.
MORAES, Anamaria; MONT´ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: conceitos aplicações. Rio
de Janeiro: 2AB, 1998. (Série Design).
SANTOS, Néri; FIALHO, Francisco. Manual de análise ergonômica do trabalho.
Curitiba: Gênesis, 1995.
RASCH, J. Phillip e all. Cinesiologia e anatomia aplicada. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1989.

1
DREYFUSS, Henry. The measure of man. New York, 1976

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