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REFÚGIO, MIGRAÇÕES E HOSPITALIDADE:

LIÇÕES JURÍDICAS E EXPERIÊNCIA EM


PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO NA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
REFUGE, MIGRATION AND HOSPITALITY:
Legal lessons and practices in a research project
at the Universidade Federal do Paraná

Tatyana Scheila Friedrich e José Antonio Peres Gediel 1

Resumo: O presente artigo trata do recente fluxo migratório e da condição jurídica


dos haitianos no Brasil, desde o início do processo de concessão pelo governo federal
do visto permanente, por razões humanitárias, em 2012. Além das lições jurídicas,
o artigo traz o relato da experiência do Programa de Pesquisa e Extensão Refúgio,
Migrações e Hospitalidade desenvolvido no curso de Direito da Universidade Federal
do Paraná, em que alunos e professores atendem aos sábados inúmeros haitianos
que se fixaram em Curitiba e região, dando posteriormente encaminhamento às
demandas, além de realizarem pesquisa sobre o tema, em encontros semanais. O
objetivo do artigo é demonstrar a situação jurídica dos haitianos no Brasil em conexão
com a realidade presente no cotidiano da cidade, utilizando-se para isso a pesquisa
teórica e o relato da pesquisa empírica. A leitura do texto mostra ao leitor o duplo
paradoxo da situação. Primeiramente, percebe-se que princípios internacionais e
constitucionais avançadíssimos são postos em prática no Brasil com base em uma
legislação ordinária extremamente ultrapassada. Em segundo lugar, verifica-se que
a grandeza da percepção social e o pioneirismo do país ao conceder vistos perma-
nentes, por razões humanitárias, aos migrantes haitianos não foram acompanhados
do desenvolvimento de políticas públicas suficientes para sua acolhida.
___________________
1 Professores da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná.
230 Revista da Faculdade de Direito da UFRGS – Volume Especial, 2014

Palavras-chave: Direitos Humanos. Status jurídicos dos estrangeiros. Migrações-


refúgio. Haiti. Visto humanitário.

Abstract: This article addresses the legal status of Haitians in Brazil since the
beginning of the “permanent visa for humanitarian reasons” concession, by the
federal government in 2012. Apart from legal lessons, the article presents the report
of the experience of the Programa de Pesquisa e Extensão called Refuge, Migration
and Hospitality, which is developed in Federal University of Paraná Law School.
There, students and teachers meet, every Saturdays, numerous Haitians who are
settled in Curitiba area and subsequently they attend their demands. Theoretical
research is done as well, in weekly meetings The aim of the paper is to demonstrate
the legal situation of Haitians in Brazil in connection with the reality, using for
such both theoretical research and reporting of empirical research. The text shows a
paradox. First, it is noticed that advanced international and constitutional principles
are put into practice in Brazil based on an extremely outdated law. Secondly, it
appears that the Brazilian magnitude of social perception and pioneering in gran-
ting permanent visas on humanitarian grounds for Haitian immigrants were not
accompanied by the development of adequate public policies for their welcome.

Keywords: Human rights. Foreign legal status. Migration. Refuge. Haiti. Hu-
manitarian visa.

“We lost our home, which means the Universidade, não para ter aulas, mas
familiarity of daily life. We lost our para atender aos vários haitianos que
occupation, which means the confiden- lá estão e que apresentam uma infin­
ce that we are of some use in this world.
We lost our language, which means the
dável demanda por orientações diver-
naturalness of reactions, the simplicity sas, encaminhamentos administrativos
of gestures, the unaffected expression e assessoria jurídica. B. D. A, 30 anos,
of feelings.” (HANNAH AREND. We é haitiana e chegou ao Brasil com visto
Refugees, 1943, p. 3) permanente por razões humanitárias
emitido na Embaixada Brasileira em
Porto Príncipe. Moradora da região
À GUISA DE INTRODUÇÃO: metro­politana de Curitiba, busca au-
RELATOS DE UM COTIDIANO xílio jurídico pois, após ter trabalhado
MIGRATÓRIO como empregada doméstica por vários
meses, recebeu apenas uma parcela do
R.C.M, 17 anos, é estudante do pri- salário convencionado, além de ter sido
meiro ano do curso de Direito da UFPR descon­tada em várias ocasiões, por mo-
e todos os sábados à tarde, vai para a tivos que desconhece. Tudo isso ela
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explica a R.C.M em francês, mistura- FLUXOS, POLÍTICAS


do com creole e português. O mesmo MIGRATÓRIAS NACIONAIS
ocorre com E.C.V, 40 anos, que iniciou
seus estudos no Haiti mas saiu de lá sem Encerrado o ciclo das migrações
concluí-los, tendo viajado com a inter- voltadas à substituição da mão de obra
mediação de um desconhecido, a quem escrava por trabalhadores europeus,
pagou muito dinheiro para chegar até o para a lavoura agroexportadora e para
Brasil, sem visto. Hoje, sua situação é a colonização de áreas agricultáveis, o
regular e agora quer trazer a irmã. Do Estado do Paraná continuou a receber,
mesmo modo, C. L. J, advogado no Hai- até a década de 1950, contingentes de
ti, quer reconhecer seu diploma e quer imigrantes oriundos do leste europeu,
trabalhar na área jurídica no Brasil. em decorrência da Segunda Guerra
Os nomes são fictícios, mas as si- Mundial. A política migratória adotada
tuações são reais. Mundos diferentes pelo Estado, orientou-se pela ideia de
se encontram, proporcionando um in- “povoamento e colonização estatal”,
tercâmbio de necessidades e vivências. em terras publicas devolutas.
Uma aproximação que acontece no âm- Nas últimas décadas do século vinte,
bito do Projeto de Pesquisa e Extensão os movimentos migratórios no Paraná
Refúgio, Migrações e Hospitalidade, decorrem em grande medida da migra-
desenvolvido no curso de Direito da ção transfronteiriça da região do Cone
UFPR desde o início letivo de 2014. O Sul, especialmente originada no Para-
projeto tem por finalidade prestar assis- guai, e também de um escasso fluxo de
tência jurídica a refugiados e migrantes, japoneses, alemães e poloneses, como
na perspectiva da defesa e promoção demonstra o quadro abaixo, fornecido
dos direitos fundamentais e humanos, por Caio da Silveira Fernandes, bacha-
permitindo o aprofundamento e a quali­ relando do Departamento de Geografia
ficação dos estudantes de direito em da UFPR, bolsista de iniciação científica
matéria de direito dos estrangeiros, além do Núcleo de Estudos em População e
de permitir o desenvolvimento institu- Território, em palestra apresentada em
cional de uma cultura da hospitalidade vídeoconferência, no dia 14 de maio de
não discriminatória, de valorização da 2014, na Secretaria de Estado da Saúde,
diversidade cultural e do pluralismo do Paraná, intitulada O fluxo migratório
jurídico inclusivo. e refúgio no Paraná e no Brasil.
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QUADRO 1 - Países de origem dos imigrantes no Paraná - 2010


Nacionalidade Estrangeiro Naturalizado Total
Paraguai 7518 8352 15870
Japão 3194 3041 6235
Argentina 2309 904 3213
Líbano 1897 859 2756
Alemanha 945 827 1772
China 1203 558 1761
Espanha 1161 567 1728
Itália 1065 556 1621
Estados Unidos 847 426 1273
Chile 802 141 943
Peru 404 305 709
Polônia 248 422 670
Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. Arquivo Microdados.
Adaptado pelos autores.

Nos últimos quatro anos, o Paraná por uma política migratória de atração
passou a integrar a rota de novos fluxos de trabalhadores para preencher neces-
migratórios compostos por haitianos, sidades do mercado de trabalho ou de
cidadãos de várias nacionalidades afri- outros setores, como ocorreu até o final
canas e, no final do ano de 2013 e início dos anos cinquenta. Em segundo lugar,
do ano de 2014, por cidadãos sírios. porque entre as causas desses deslo-
A diferença entre os fluxos migrató- camentos populacionais se encontram
rios anteriores e os fluxos migratórios os denominados “desastres naturais”,
contem­porâneos pode ser estabelecida, a como é o caso dos grandes terremotos
partir do status jurídico que a República no Haiti. Em terceiro lugar, porque o
Federativa do Brasil atribui a esses mi- perfil dos migrantes, em especial dos
grantes, com destaque para os haitianos. haitianos e africanos, se alterou, pois a
Antes, porém, de ingressar na aná- maioria deles é constituída de homens,
lise do status jurídico dos haitianos no incluindo idosos, solteiros ou casados,
Brasil, outros elementos podem indicar que somente agora começam a postular
a diferença entre esses ciclos. Em pri- a reunião familiar, conforme quadro
meiro lugar, porque a presença desses elaborado pelo autor já citado, Caio da
migrantes no Brasil não foi induzida Silveira Fernandes:
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SOBERANIA, REFUGIADOS
• Total de 144 nacionalidades. AMBIENTAIS, VISTO
• 91% se localiza em áreas urbanas. HUMANITÁRIO
• 54% são homens. E HOSPITALIDADE:
CONCEITOS E PRÁTICAS
• 46% são idosos (acima de 70 anos).
EM CONSTRUÇÃO
• 41% jovens (entre 15 e 29 anos).
Elaborado no final da década de
1970, o Estatuto do Estrangeiro apre-
O caso haitiano é relevante, porque senta uma visão extremamente restri­
rompe a tradição restritiva da política tiva de direitos e deveres atribuídos aos
migratória brasileira, ao conceder visto estrangeiros no Brasil, vinculando a sua
permanente para um grupo expressivo admissão e permanência ao tema da
de estrangeiros, sem que tenha havido segurança nacional. Há uma evidente
uma mudança significativa explícita ênfase do interesse nacional, do aspecto
dessa política. A par disso, se realizou da soberania, em detrimento do inte-
sem que ocorresse qualquer alteração resse do migrante em permanecer em
legislativa, pois o diploma que rege a território nacional, o que fica evidente
matéria continua a ser a Estatuto do já em seu primeiro artigo:
Estrangeiro, Lei 6.815, de 1980 que
atesta a filiação do Brasil a uma política “Em tempo de paz, qualquer estran-
migratória seletiva, voltada à busca de geiro poderá, satisfeitas as condições
estrangeiros desejáveis, para suprir as desta Lei, entrar e permanecer no Brasil
e dele sair, resguardados os interesses
necessidades do mercado de trabalho nacionais”.
nacional, e repressiva no que se refere
à entrada de estrangeiros, especialmente O artigo segundo também deixa
os que buscavam fugir das ditaduras claro que
militares na América Latina, a partir
da década de 1960. “Na aplicação desta Lei atender-se-á
precipuamente à segurança nacional, à
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organização institucional, aos interesses


direito do Estado-nação, este erigido
políticos, sócio-econômicos e culturais
do Brasil, bem assim à defesa do traba- apenas com base na noção de soberania.
lhador nacional.” Nessa outra concepção, o estrangeiro é
figura central que perturba a soberania e
A situação do estrangeiro no Brasil nos convida a refletir sobre essa forma de
continua, portanto, regulada pela a Lei poder e de olhar o outro, como escreve
6815/8, que conflita com a orientação da Agambem, em referência ao refugiado:
Constituição Federal, alinhada à orien-
tação de respeito à dignidade humana e Se o refugiado representa, no ordena-
ao conjunto de formulações em decla- mento do Estado-nação, um elemento
rações internacionais de direitos, que de tal sorte inquietante é, sobretudo,
porque ao estilhaçar a identidade en-
configuram, atualmente, essa matéria. tre homem e cidadão, entre natividade
Essa perspectiva política revelada e nacionalidade, coloca-se em crise
na lei brasileira em muito se assemelha a invenção originária da soberania.
a das legislações de outros países, em Singulares exceções a esse princípio,
geral arbitrárias, em relação aos direitos naturalmente, sempre existiram: a novi­
dade do nosso tempo, que ameaça o
e deveres do estrangeiro, resultando
Estado-Nação em seu próprio funda-
em ofensas aos direitos humanos, em mento, é que porções crescentes da
desconsideração pelo outro que busca huma­nidade não são mais representá-
refúgio, em degradação de padrões de veis em seu interior. Por isso, ao passo
hospitalidade incondicional, como nos em que é destruída a velha trindade
Estado-Nação-Território, o refugiado,
adverte Derrida:
essa figura aparentemente marginal,
merece ser, ao revés, considerado como
O que é um estrangeiro? O que seria a figura central de nossa história po-
uma estrangeira? Não é apenas aquele lítica. (AGAMBEM, 1996, p. 20-29).
ou aquela no estrangeiro, no exterior da
sociedade, da família, da cidade. Não é
o outro, o outro inteiro relegado a um
A redemocratização da sociedade e
fora absoluto e selvagem, bárbaro, pré- do Estado brasileiros e os compromissos
cultural ou pré-jurídico, fora e aquém da internacionais assumidos por nosso país,
família, da cidade, da nação ou do Esta- após 1988, requerem que o Estatuto
do. A relação com o estrangeiro é regu­ do Estrangeiro seja necessariamente
lada pelo direito, pelo devir-direito da
aplicado com base nos princípios consti­
justiça. E nesse passo iríamos à Grécia,
junto a Sócrates e a Édipo, se não fosse tucionais previstos no texto de 1988 e
muito tarde. (DERRIDA, 1996, p. 65) pelos valores prevalecentes na socieda-
de brasileira pós-ditadura, albergados no
Essa nova reflexão vem se impondo, Estado Democrático de Direito.
baseada nos direitos humanos e não no
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A despeito disso, a entrada do estran- A Declaração Universal dos Direi-


geiro no país se dá, em regra, mediante a tos do Homem já em 1948 previa o es-
aposição de um visto de entrada em seu tabelecimento de direitos sem distinção
passaporte, concedido ainda no país de entre nacionais e estrangeiros:
origem, nas repartições diplomáticas e
consulares do Brasil no exterior, sendo • Artigo 2.º Todos os seres humanos podem
válidos os sete tipos de vistos previstos invocar os direitos e as liberdades procla-
no artigo 4º do Estatuto do Estrangeiro: mados na presente Declaração, sem dis-
tinção alguma, nomeadamente de raça,
de trânsito; de turista; temporário; perma- cor, sexo, língua, religião, opinião polí-
nente; de cortesia; oficial; e diplomático. tica ou outra, origem nacional ou social,
Em todas essas categorias, o visto fortuna, nascimento ou outro estatuto.
é uma mera expectativa de direito, po- Além disso, não será feita nenhuma
dendo o Estado brasileiro determinar o distinção fundada no estatuto político,
jurídico ou internacional do país ou do
impedimento à entrada do estrangeiro,
território da naturalidade da pessoa, seja
mesmo possuindo visto, por uma ques- esse país ou território independente, sob
tão de soberania nacional e de conve- tutela, autônomo ou sujeito a alguma
niência interna, sem que isso se carac- limitação de soberania. (grifamos)
terize uma pena. Através de acordos
específicos celebrados com os governos Estabelecida a igualdade dos direi-
de outros países, o Brasil pode dispensar tos, cabe, então, ao estrangeiro, solicitar
a exigência de vistos. sua Carteira de Identidade de Estrangei-
Uma vez que o estrangeiro este- ro (CIE), perante a Política Federal, e
ja resi­dindo Brasil, ele pode gozar de seu CPF, perante a Receita Federal. Se
todos os direitos civis previstos na le- estiver trabalhando de modo regulari­
gislação pátria, inclusive os direitos zado, após a concessão da autorização
previstos nos incisos do artigo 5o da de trabalho pelo Ministério do Trabalho
Constituição Da República Federativa e do visto respectivo (art. 4o., item III ou
do Brasil, cujo caput prescreve: IV, do EE) pelo Ministério das Relações
Exteriores, o estrangeiro pode gozar de
“Todos são iguais perante a lei, sem dis- todos os direitos trabalhistas. Por força
tinção de qualquer natureza, garantin- do artigo 14, par. 2 da Constituição,
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros a ele não estão garantidos os direitos
residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade,
políticos, não podendo, portanto, votar
à segurança e à propriedade, nos termos nem ser votado. A Constituição também
seguintes [...]”. determina outras limitações de ativi-
dades a estrangeiros, proibindo-lhes
ocupar determinados cargos públicos,
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além de exercerem certas atividades categoria ainda em debate, a de “refu-


econômicas, por exemplo. giado ambiental”.
Cabe lembrar, ainda, que existem al- O esforço construtivo de uma saída
gumas outras situações especiais envol­ concreta para dar acolhida aos haitia-
vendo o estrangeiro que não consegue nos fustigados pelas consequências dos
adentrar em território de um Estado pela terremotos, também merece ser anali­
via ordinária [...]. É o que ocorre com os sada, levando em consideração a recente
casos de Apatridia, Asilo, Exílio e Refú- inserção do Brasil, nas denominadas
gio. (FRIEDRICH, 2014, p. 724 e ss). ações humanitárias internacionais, neste
Em relação à denominada ‘diáspora caso, pelo envio de tropas de paz para
haitiana”, o tratamento dispensado foi estabilização no Haiti, que retirou o
peculiar, diante de enormes contin­gentes Brasil de uma posição de neutralidade
se deslocando para os países vizinhos sobre essa questão.
ou próximos. No Brasil, país de maior Nessa conjuntura de construção ju-
fluxo, os dados indicam que foram con- rídica de solução, para a entrada com
cedidos até 14 de março deste ano, cerca visto permanente de cidadãos haitianos,
de 10 mil vistos permanentes, de caráter os esforços dos organismos internacio-
especial, a cidadãos haitianos, por razões nais situados no Brasil, especialmente
humanitárias, sendo 8.103 pela embai- o Alto Comissariado das Nações Uni-
xada em Porto Príncipe e 1.610 pelas das para Refugiados – ACNUR foram
embaixadas em Quito e Lima. Em tais decisivos. Decisiva também foi a po-
dados não está incluída a entrada rea- sição firme dos Ministérios da Justiça
lizada pelas fronteira da Amazônia oci- e do Trabalho e Emprego ao buscarem
dental. (PORTAL AMAZÔNIA REAL. a aplicação de uma principiologia dos
Acesso em: 13 maio 2014). direitos humanos, na construção de
A conjunção de fatores específicos solu­ções intermediárias, à a margem da
motivadores da recente migração hai- legislação vigente no Brasil, de modo a
tiana e a inexistência de marcos legisla­ acolher com certo controle os haitianos,
tivos adequados levaram, inicialmente, sem que a eles fosse atribuído o status
a uma discussão sobre a possibilidade de refugiados, mas também, sem que
de alargar a noção legislativa de refúgio lhes fosse exigido todos os requisitos
e de refugiado, estabelecida no Estatuto da Lei de Estrangeiros para obtenção
dos Refugiados (BRASIL. Lei 9.474, de um visto de permanência definitivo,
de 22 de julho de 1997), na Declaração em território nacional que passou a ser
de Cartagena (ACNUR. Declaração denominado de “visto humanitário”.
de Cartagena, de 22 de Novembro de Para isso, o Brasil aproveitou-se
1984), por meio da aplicação de uma da orientação em vigor no sentido de
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que, para enfrentar situações de fato e ofereceu ao seu povo a oportunidade


especiais, o governo brasileiro, através de vir para o Brasil, relativizando as
do Conselho Nacional de Imigração – exigências de entrada e permanência.
CNIg, pode alterar as regras sobre a Dados apresentados pela International
concessão de visto, de modo a atender Recovery Plataform apontam que o
casos específicos. terre­moto que atingiu o já paupérrimo
Diante dessa prerrogativa, o CNIg, país ocasionou mais de: 300 mil mortos,
em 12 de janeiro de 2012, expediu a 300 mil feridos, 1,3 milhão de desabri-
Reso­lução Normativa nº 97, estabelecen- gados, 105 mil casas completamente
do que, em caráter especial, ao nacional destruídas e mais de 208 mil danificadas,
do Haiti poderá ser concedido o visto per- 1,3 mil instituições de ensino e 50 hospi-
manente por razões humanitárias, condi- tais e centros de saúde ruíram ou foram
cionado ao prazo de 5 (cinco) anos. Para danificados. (JERÔME, 2013, p. 47).
efeitos de tal Resolução, consideram-se Ocorre, porém, que a entrada ma-
razões humanitárias “aquelas resultantes ciça de haitianos não foi acompanhada
do agravamento das condições de vida de uma Política Pública de recepção,
da população haitiana em decorrência do atendimento das demandas e oferta de
terremoto ocorrido naquele país em 12 serviços públicos. Entidades da socie­
de janeiro de 2010”. No texto original dade civil, muitas vezes ligadas a ins-
da resolução, havia um limite quanto ao tituições religiosas, juntamente com
número de vistos a serem expedidos pela órgãos governamentais tentam dispo-
Embaixada Brasileira em Porto Príncipe, nibilizar um mínimo de estrutura, ainda
o que foi posteriormente retirado pelo muito aquém do necessário.
governo brasileiro. Decorridos os 5 anos, Apesar desses problemas, a posi-
cada haitiano deve comprovar sua situa- ção inovadora da política migratória
ção laboral para que seja convalidada a brasileira em relação aos haitianos tem
permanência no Brasil e expedida nova provocado mudanças na formulação de
Carteira de Identidade de Estrangeiro. uma possível política pública migratória
Como se trata de um visto de caráter nacional, na discussão de um Proje-
especial, os documentos CIE, CPF e to de Lei para revogar a antiga lei do
CTPS têm sua expedição facilitadas, estran­geiro, e na forma como os direitos
sendo que, no caso da Carteira de Tra- humanos e os direitos fundamentais
balho, não há necessidade de autorização constitucionais são efetivados pelos
nem visto de trabalho. governos das três esferas, no Brasil,
Com essas iniciativas, o Brasil assu­ em relação aos cidadãos nacionais e
miu sua liderança na América Latina, aos cidadãos haitianos aqui presentes.
reconheceu a situação caótica do Haiti
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Sobre a perspectiva legislativa, tra- lugar específico e privilegiado para a


ta-se do Projeto de Lei nº 5.655 de 2009, construção de políticas públicas, em ge-
que dispõe sobre o ingresso, permanên- ral, e de uma política migratória preven­
cia e saída de estrangeiros no território tiva ao estabelecimento de padrões de
nacional, o instituto da naturalização, tratamentos xenófobos e discriminató-
as medidas compulsórias, transforma rios aos migrantes.
o Conselho Nacional de Imigração em Por entender que o fenômeno migra-
Conselho Nacional de Migração, define tório contemporâneo apresenta inúme-
infrações e dá outras providências. ros desafios para a sociedade brasileira
é que o ACNUR criou e instalou diver-
sas Cátedras Sérgio Vieira de Mello em
VIDAS, ESPERANÇAS Instituições de Ensino Superior – IES,
E DECEPÇÕES incentivando-as a desempenhar um pa-
EM TRÂNSITO: DESAFIOS pel primordial para atuar, por meio da
PARA A UNIVERSIDADE extensão, na busca de soluções a ques-
BRASILEIRA tões concretas e, por meio da pesquisa,
na análise e formulação teórica dos
Situar a presença de um contingente problemas e soluções.
de haitianos, ainda não completamente A UFPR sedia uma dessas Cátedras
identificado pois o Censo do IBGE de e busca atuar, por meio do ensino, da
2010 não registrou sua presença entre pesquisa e da extensão, para promover
os fluxos migratórios, é tarefa de extre- o desenvolvimento institucional, em
ma complexidade, dada à mobilidade matéria migrações e refúgio, levando
interna no território nacional e entre ci- a cabo um conjunto de atividades, que
dades e regiões paranaenses. Mas o fato consigam facilitar a vida de contingentes
é que esses cidadãos vêm demandando de migrantes e refugiados na sociedade
a efetivação de direitos fundamentais de brasileira, divulgar e aprofundar os es-
cidadania, organizando-se em conjunto tudos e os debates em torno da temática
com movimentos e organizações sociais da proteção internacional a esses grupos,
nacionais, e requerendo a atenção do valorizar as interações culturais e os
Estado brasileiro, em sua completude. conhecimentos específicos, reciproca-
E nessa perspectiva de uma aco­lhida mente considerados entre migrantes e
voltada à hospitalidade e à concretiza- brasileiros, reconhecendo nessas ativi-
ção de uma cidadania, que ultrapasse dades o aspecto de complementariedade
as noções de nacional e de estrangeiro na formação dos estudantes.
e que problematize essas noções, é que A extensão e a pesquisa sobre o
a universidade se apresenta como um tema das migrações requerem, ainda,
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um tratamento pela Universidade que e do refúgio vem sendo realizado há mais


permita sua aproximação e cooperação de uma década, de distintas maneiras. A
com organizações da sociedade civil primeira decorre da admissão, no currícu-
(inclu­sive de migrantes e refugiados) lo da Graduação e nos cursos de Pós-Gra-
do Estado (nas três esferas), e instituições duação em sentido estrito, dos conteúdos
internacionais, que debatem, formulam de direitos humanos e de sua necessária
e executam políticas públicas migrató- presença em todas as disciplinas, de ma-
rias. O ACNUR, por sua vez, terá como neira transversal, compreendendo aí os
principal missão estimular e subsidiar as temas do refúgio, das migrações e do
atividades do Programa, incentivando trabalho escravo. A segunda advém da
a produção acadêmica, fomentando a aproximação gradativa de determinados
capa­citação dos corpos docente e dis- núcleos de estudos e pesquisas da Pós-
cente sobre a temática do refúgio e das Graduação com organizações da socieda-
migrações, por meio de cursos, seminá- de civil, que trabalham com migrantes e
rios, reuniões e publicações. demandam a participação e a explicitação
Trata-se, portanto, de realizar a e aspectos jurídicos presentes no fenô-
prática da extensão e a reflexão teórica meno migratório e no refúgio.
que permitam contribuir com o estabe- Do mesmo modo, houve uma apro-
lecimento de uma política migratória ximação gradativa de núcleos e profes-
brasileira, na qual as Universidades sores pesquisadores do Direito da UFPR
desempenhem um papel primordial. com o Alto Comissariado das Nações
Essa articulação institucional e inte- Unidas – ACNUR, com o Ministério
rinstitucional permitirá, ainda, definir da Justiça (CONARE) e com o Minis-
com clareza as prioridades, assegurar tério do Trabalho e Emprego (CEMIG),
a interdisciplinariedade, estabelecer no que se refere à discussão da política
indicadores de avaliação que ultrapas- migratória brasileira e aos instrumentos
sem a perspectiva puramente acadêmica legislativos atinentes ao tema. Os profes-
e busquem captar os reflexos positivos e sores de Direito têm participado, nos úl-
negativos das ações da IES na sociedade. timos quatro anos, de eventos nacionais
O quadro institucional normativo promovidos por esses Ministérios e pelo
que conforma as ações do Programa ACNUR, especialmente, nos Seminários
tem como base os Direitos Humanos, o da Cátedra Sérgio Vieira de Mello, nas
Direito Internacional dos Refugiados e universidades brasileiras. Em decorrên-
a Constituição da República Federativa cia desse processo, em 2013, o Setor de
do Brasil. Ciências Jurídicas sediou o Seminário
No Setor de Ciências Jurídicas da da Cátedra e foi firmado o Termo de
UFPR, o debate em torno das migrações Parceria entre o ACNUR e a UFPR.
240 Revista da Faculdade de Direito da UFRGS – Volume Especial, 2014

Internamente, na UFPR, os traba- mento não individualista, sem deixar de


lhos da área do Direito têm buscado o reconhecer a situação específica de cada
diálogo interdisciplinar com os pesqui­ migrante ou refugiado, estabelecendo
sadores da área da Geografia e, a partir diferenças de tratamento em relação a
do início de 2014, esse diálogo se am- idosos, crianças, e outros indivíduos,
pliou para outras áreas do conhecimen- sem ferir sua identidade cultural.
to, em especial, o Setor de Línguas e A aplicação de soluções dessa natu­
do Setor de Informática. reza apoiada em princípios e práticas,
neste Continente, poderá resultar na cria-
ção de espaços de hospitalidade em toda
CARTAGENA+30; a região, o que certamente diminuirá a
PERSPECTIVAS FUTURAS busca pelo refúgio, no sentido fixado em
1951 pela Convenção relativa ao Estatuto
A recente experiência brasileira em dos Refugiados (ACNUR. Convenção
relação à catástrofe natural no Haiti e relativa ao Estatuto dos Refugiados,
as novas modalidades de conflitos que 1951), tornando mais fácil a convivên-
ocorrem em toda a América Latina re- cia entre povos e grupos de indivíduos,
querem a reconstrução de conceitos e que sofrem os mais diversos tipos de
princípios, já enunciados na Declaração violência e que se deslocam na busca
de Cartagena de 1984 e especificados na de uma vida mais segura e com maior
Declaração e Plano de Ação do México possibilidade de desenvolvimento pleno.
para Fortalecer a Proteção Internacional No caso brasileiro, é necessário
dos Refugiados na América Latina, em que a Lei de Estrangeiros seja altera-
2004, e na Declaração de Brasília (AC- da, prefe­rencialmente, com o abandono
NUR. Declaração de Brasília sobre a do Projeto de Lei nº 5.655 de 2009 em
Proteção de Refugiados e Apátridas no curso, para que se adote uma legislação
Continente Americano, de 11 de novem- cujo eixo gravite em torno dos direitos
bro de 2010), que tomam como ponto de humanos e fundamentais, acolha todos
partida e apreendem o espírito de Carta- aqueles que forem obrigados a sair de
gena, na busca de soluções inovadoras seus países por motivo desses novos
aplicáveis a políticas migratórias nacio- conflitos e contingências e contribua
nais. E esse espírito deve se estender a para a repressão do tráfico de pessoas.
todos os migrantes, quer sejam enqua- Uma vez traçada a política migrató-
drados na condição de refugiados, quer ria brasileira, com base nesses princípios,
em qualquer outra condição de migração, é necessário que tal política absorva as
independente da denominação. conquistas democráticas na operaciona-
As soluções a serem encontradas de- lização dos processos migratórios, como
vem ter um caráter duradouro, um trata- a observância do devido processo legal
Revista da Faculdade de Direito da UFRGS – Volume Especial, 2014 241

nos procedimentos administrativos, des- leira, ao reconhecer que o fenômeno da


de a entrada dos migrantes em território migração hoje tem um caráter nacional
nacional, a desmilitarização e o desloca- e requer um debate público, que acolha
mento do tratamento da migração para os pressupostos da proteção integral dos
órgãos que não estejam ligados à segu- migrantes e refugiados e se inscreva na
rança pública ou à segurança nacional. perspectiva filosófica da hospitalidade.
No que se refere às universidades, Para tanto, busca fomentar uma cul-
tanto a Declaração de Cartagena quanto tura institucional que crie um ambiente
as do México e de Brasília, afirmaram o propício a prevenir a constituição de
papel incontornável dessas instituições uma cultura excludente e discriminató-
no debate sobre a questão migratória e na ria, no Brasil, em relação aos migrantes
busca de soluções, apresentando-se como e refugiados, sem descuidar de tratamen-
primeira tarefa a quebra da invisibilidade to específico que a multiplicidade das
do tema, especialmente no Brasil. migrações, seus fluxos e tempos exigem,
Também compete às universi­dades, evitando um tratamento homogêneo e
para desenvolver o plano de ação tra- padronizado das políticas propostas.
çado nessas declarações, avançar no Na universidade, as atividades de
debate conceitual sobre questões que extensão, que aproximem docentes, es-
dificultam o trânsito de cidadãos e ten- tudantes e técnicos administrativos da
cionam a situação do refúgio, tais como: Universidade com os grupos e indiví-
as novas causas de surgimento de fluxos duos em trânsito, ou que permanecem
migratórios e pedidos de refúgio, entre na condição de migrantes e refugiados,
elas a ambiental, a grave perturbação da contribuirá para romper a distância en-
ordem pública e o narcotráfico. tre eles, sensibilizá-los reciprocamente
A América Latina e o Caribe reúnem, para as demandas e buscas de soluções
na atualidade, novos problemas e propos- comuns, projetando-as para o futuro.
tas inovadoras em matéria de migrações Também, a produção acadêmica deve
e, por isso, a Declaração de Cartagena, o ser orientada para que tenha como objeto
Plano de Ação do México e a Declaração de investigação a migração e o refúgio, e
de Brasília, traduzem, ainda que de ma- que resulte na divulgação de formulações
neira parcial e inaca­bada, as vozes dos que reforcem a cultura da hospitalidade e
milhares de deslocados neste Continente. da solidariedade recíprocas, afastando-se
Nessa mesma linha, se encontra o da compreensão que as migrações são
trabalho da Cátedra Sérgio Vieira de Mel- um fim em si mesmo, reconhecendo na
lo, na Universidade Federal do Paraná, migração um tema gerador de conheci-
que se propõe a formular uma política mento, que permite identificar as lacunas
migratória para a Universidade brasi-
242 Revista da Faculdade de Direito da UFRGS – Volume Especial, 2014

na produção científica e nas políticas pú- formular modelos de ensino e de in-


blicas e legislativas brasileiras. tervenção que exijam a flexibilidade, a
Trata-se, portanto, de aproveitar a agilidade e a permanente transformação
transitoriedade dos estudantes e dos das ações da Universidade.
destinatários das ações de extensão para

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