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FÍSICA EQUÍMICA A

Carlos Portela
Fernanda Braguez
Margarida Ferreira
Rogério Nogueira

ATUAL ECOMPLETO
De acordo com
Aprendizagens Essenciais
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1100 questões com resposta detalhada

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LeYa EoucAçAo
-INDICE Física 10.º Ano
Domínio 1
Energia e sua conservação
Química 10.º Ano 1.1 Energia e movimentos 86
1.1.1 Sistema mecânico redutível
Domínio 1 a uma partícula. Energia e tipos
Elementos químicos e sua organização fundamentais de energia. Potência 86
Massa e tamanho dos átomos 6 1.1.2 Energia interna 91
1.1
1.1.3 Transferências de energia por ação de
1.1.1 Tamanho dos átomos 8
forças. Trabalho de uma força constante 91
1.1.2 Massa isotópica e massa atómica 1.1.4 Teorema da Energia Cinética 97
relativa média 11 1.1.5 Moviment o num p lano inclinado:
1.1.3 Quantidade de matéria e massa molar 12 variação da energia c inética
e distância percorrida {AL 1.1) 98
1.1.4 Volume e número de moléculas
1.1.6 Forças conservativas e não
de uma gota de água {AL 1.1) 14
conservativas 99
1.2 Energia dos eletrões nos átomos 16
1.1.7 Trabalho do peso e energia potencial
1.2.1 Espetros contínuos e descontínuos 16 gravítica 99
1.2.2 O modelo atómico de Bohr 19 1.1.8 Energia mecânica, forças conservativas
e conservação da energia mecânica 101
1.2.3 Transições eletrónicas 19
1.1.9 Forças não conservativas, variação da
1.2.4 Quantização da energia 20 energia mecânica, dissipação de energia
1.2.5 Espetro do átomo de hidrogénio 21 e rendimento 103
1.2.6 Energia de remoção eletrónica 24 1.1.10 Movimento vertical de queda e ressalto
de uma bola: transformações
1.2 .7 Modelo quântico do átomo 25
e transferências de energia {AL 1.2) 105
1.2 .8 Configuração eletrón ica de átomos 27 1.2 Energia e fenómenos elétricos 106
1.2.9 Teste de chama {AL 1.2) 29 1.2.1 Energia elétrica e correntes elétricas 106
1.3 Tabela Periódica 30 1.2 .2 Grandezas elétricas: diferença de potencial
elétrico e corrente elétrica. Corrente
1.3.1 Evolução histórica da
contínua e corrente alternada 107
Tabela Periódica 30
1.2.3 Grandeza elétrica: resistência elétrica
1.3.2 Estrutura da Tabela Periódica: de um condutor 109
grupos, períodos e blocos 30 1.2 .4 Energia transferida para um componente
1.3 .3 Elementos representativos de um circuito elétrico. Efeito Joule 110
e de transição 31 1.2.5 Balanço energético num circuito 112
1.3.4 Famílias de metais e não-metais 31 1.2.6 Características de uma pilha {AL 2.1) 113
1.2.7 Associações de componentes elétricos
1.3 .5 Propriedades periódicas dos elementos
em série e em paralelo 114
representativos 32
1.3 Energia, fenómenos térmicos e radiação 116
1.3 .6 Densidade relativa de metais {AL 1.3) 36 1.3 .1 Sistema termodinâmico. Temperatura
Questões propostas 38 e equil íbrio té rmico 116
1.3.2 Radiação e irradiância. Painéis fotovoltaicos 119
Domínio 2 1.3.3 Radiação e potência elétrica de um painel
Propriedades e transformações da matéria fotovoltaico {AL 3.1) 120
2.1 Ligação química 50 1.3.4 Condução térmica e convecção térmica.
2.1.1 Tipos de ligação química 51 Transferências de energia como calor
2.1.2 Ligação covalente 52 num coletor solar 122
2 .1.3 Ligações intermoleculares 59 1.3.5 A radiação solar e os coletores solares 122
2.2 Gases e dispersões 61 1.3.6 Primeira Lei da Termodinâmica:
2.2.1 Lei de Avogadro, volume molar transferências de energia e conservação
e massa volúmica 61 da energia 124
2.2.2 Composição quantitativa 1.3.7 Aquecimento e arrefecimento de sistemas:
de soluções 63 capacidade térmica mássica 125
2 .2 .3 Diluição de soluções aquosas 1.3.8 Capacidade térmica mássica {AL 3.2) 126
(AL 2.2 e AL 2.3) 65 1.3.9 Aquecimento e mudanças de estado:
2.3 Transformações químicas 67 variação das entalpias de fusão e de
2 .3 .1 Energia de ligação e reações vapoMzação 127
químicas 68 1.3.10 Balanço energético num sistema
2.3.2 Reações fotoquímicas na atmosfera 71 termodin âmico {AL 3.3) 128
2.3.3 Reação fotoquímica {AL 2.4) 75 1.3 .11 Segunda lei da termodinâmica: degradação
de energia e rendimento 128
Questões propostas 76
Questões propostas 130
Física 11.º Ano Química 11.º Ano
Domínio 1 Domínio 1
Mecânica Equilíbrio químico
1.1 Tempo, posição e velocidade 152 1.1 Aspetos quantitativos das reações químicas 240
1.1.1 Posição, deslocamento, distância 1.1.1 Reações químicas 240
percorrida e sentido do movimento 152 1.1.2 Reagent e limitante e em excesso 242
1.1.2 Velocidade 154 1.1.3 Rendim ento de uma reação química 244
1.1.3 Ve locidade em gráficos posição-tempo 1.1.4 «Química verde» 245
e gráficos velocidade-tempo, para 1.1.5 Sín tese do ácido acetilsalicílico (AL 1.1) 247
movimentos reti líneos 155 1.2 Equilíbrio químico e extensão das reações 249
1.2 Interações e seus efeitos 159 1.2.1 Rea ções incompletas e equilíbrio
1.2.1 As quatro interações fundamentais na químico 249
natureza 159 1.2 .2 Extensão das reações químicas 252
1.2 .2 Terceira Lei de Newton 160 1.2.3 Fatores que alteram o equilíbrio químico 256
1.2 .3 Lei da gravitação universal 161 1.2 .4 Efeito da concentração no equilíbrio
1.2.4 Efeito das forças sobre a velocidade: químico (AL 1.2) 260
a aceleração 163 Questões propostas 262
1.2.5 Segunda Lei de Newton 165
1.2 .6 Queda livre (AL 1.1) 167 Domínio 2
1.2.7 Primeira Lei de Newton 168 Reações em sistemas aquosos
1.3 Forças e movimentos 169 2.1 Re ações ácido-base 274
1.3.1 Movimentos uniformemente variados 169 2.1.1 Defi nição de ácido e de base 274
1.3.2 Forças nos movimentos retilíneo s 2.1.2 Acidez e basicidade das soluções 276
acelerado e uniforme (AL 1.2) 172 2.1.3 Autoionização da água 278
1.3 .3 Mov imento uniformement e retardado: 2.1.4 Ácidos e bases em solução aquosa 281
velocidade e d eslocamento (AL 1.3) 174 2 .1.5 Constantes d e acidez 283
1.3 .4 Queda na vertical com efeito 2.1.6 Força relativa de ácido s e bases 285
de resistência do ar aprec iável 176 2.1.7 Titulação ácido-base (AL 2.2) 288
1.3 .5 Movimento circular uniforme 178 2.1.8 Acidez e basicidade em soluções
Questões propostas 180 aquosas de sais 293
2.1.9 Aspetos amb ientais das reações
Domínio 2 ácido-base 295
Ondas e eletromagnetismo 2.2 Reações de oxidação-redução 297
2.2 .1 Caracterização das reações de oxidação-
2.1 Sinais e ondas 190
-redução 297
2.1.1 Sinais. Ondas: transversais e longitudinais,
2 .2.2 Força relativa dos oxidantes e redutores 301
mecânicas e eletromagnéticas 190
2 .2.3 Série eletroquímica (AL 2.3) 305
2.1.2 Periodicidade temporal e espacial de uma
2.3 Soluções e equilíbrio de solubilidade 306
onda. Ondas harmónicas e complexas 192
2 .3.1 Mineralização d as águas 306
2 .1.3 O so m como onda de pressão 196
2.3.2 Solubilidade de sais em água 307
2.1.4 Sons puros, intensidade e frequência; 2.3.3 Equilíbri o químico e solubilidade de sais 310
sons complexos. Espetro sonoro 197 2.3.4 Alteração da solubilidade dos sais 312
2.1.5 Microfone e altifalante 197 2.3.5 Temperatura e solubilidade de um
2.1.6 Características do som (AL 1.1) 198 soluto sólido em água (AL 2.4) 314
2 .1.7 Velocidade do som (AL 1.2) 201 2.3.6 Desmineralização de águas e processos de
2.2 Eletromagnetismo 203 precipitação 315
2.2.1 Campos magnéticos 203
Questões propostas 318
2.2.2 Campos elétricos 206
Prova-modelo 1 332
2.2 .3 Fluxo do campo magnético 208
Prova-modelo 2 338
2.2.4 Indução eletromagnética e Lei de
Prova-modelo 3 344
Faraday 210
Prova-modelo 4 350
2.2.5 Aplicações da Lei de Faraday 212
Soluções 356
2 .3 Ondas e letrom agnéticas 214
Anexos 383
2.3.1 Orige m e produção de ondas
eletromag néticas 214
2.3.2 Fenómenos ondulatórios
2.3.3 Reflexão de ondas
2.3.4 Refração de ondas
2.3.5 Reflexão total e fibras óticas
215
216
217
220
IAII auladigital
Aprender é incrível.
2.3.6 Ondas: absorção, reflexão, refração
e reflexão total (AL 3.1) 221 ✓ TESTE DIAGNÓSTICO
2.3.7 Difração de ondas 223
2.3.8 Comprimento de onda e difração ✓ SIMULADOR DE EXAMES
(AL 3.2) 224
✓ EXAMES E RESOLUÇÕES
2.3.9 Efeito Doppler e expansão
do Universo 225
Acesso em www. leyaeducacao.com
Questões propostas 228
Química
10.0 Ano

oornínio 1
Elementos C\uímicos e sua organização

oornínio 2
Propriedades e transtorrnações da matéria
QUÍMICA 10.0 Ano

Domínio 1
Elementos químicos e a sua organização
A Química estuda a matéria e as transformações que esta pode sofrer. A matéria é tudo o que
tem massa e ocupa espaço. A maior parte da matéria dos planetas é constituída por átomos.

1.1 Massa e tamanho dos átomos


A massa e o tamanho de um át omo não se obt êm pe-
sando-o numa balança ou medindo-o com uma rég ua.
Determinam-se por métodos indiretos.

Atualmente, a microscopia de alta resolução mostra,


de maneira muito clara, que a matéria é de facto com-
posta por átomos (Fig. 1.1).

Cada átomo (Fig. 1.2) é constituído por três tipos de


Fig. 1.1 Imagem de átomos de si lício, Si,
partículas: eletrões (com ca rga elétrica negativa), pro- obtida por microscópico de alta resolução.
(ampliação: 20 000 000)
tões (com ca rga elétrica positiva, simétrica à dos ele-
trões) e neutrões (sem carga elétrica). Os protões e os
neutrões ocupam a zona central do átomo - o núcleo
(muito pequeno em tamanho). Os eletrões movem-se
em torn o do núcleo, designando-se por nuvem ele- •- - Eletrão
Átomo
trónica a representação da região onde se movem. - - Nuvem eletrónica
Os eletrões quase não co ntribuem para a massa total
do átomo, pois têm massa muito menor do que a dos
protões ou a dos neutrões.
Núcleo
O átomo é eletrica ment e neutro, uma vez que o núme-
ro de protões é igual ao número de eletrões e a ca rga Fig. 1.2 A estrutura do átomo.
de um eletrão é simétrica da carga de um prot ão.

Os átomos dos diferentes elementos (já identificados 118) são ca racterizados por um número
atómico, Z , que é o número de protões existent es no núcleo, sendo responsáveis pela carga
elétrica nuclear.

Quando os átomos ganham ou perdem eletrões transformam-se em iões, pois adquirem ca r-


ga elétrica negativa ou positiva, respetivamente. Os protões e neutrões est ão fortemente li-
gados no núcleo atóm ico, pelo que nas reações químicas não podem ser perdidos ou ganhos
pelos átomos.

Iões positivos: têm menos eletrões do que protões.

protões: 13 protões: 13
3
Átomo de alumínio, A€, (Z = 13) { Ião alumínio, Af • {

eletrões: 13 eletrões: 10

6
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

Iões negativos: têm mais eletrões do que protões.

protões: 16 protões: 16
Átomo de enxofre, S, (Z = 16) { Ião su lfureto, s-2
{

eletrões: 16 eletrões: 18

Cada um dos elementos tem, em reg ra, vários isótopos - átomos do mesmo element o
que diferem no número de neutrões e, conseq uentemente, na massa. Chama-se número de
massa, A , ao número total de pa rtículas no núcleo atóm ico, que correponde à soma do núme-
ro de protões co m o número de neutrões.

Os átomos de um element o representam-se usando a seguinte notação sim bólica:

;X X - Sím bolo do elemento; A - Número de massa; Z - Número atómico

1. A tabela seg uinte contém informação relativa a várias espécies q uímicas designadas
por letras de A a G. As letras não representam símbolos de elementos químicos.

B
(a)

19
8

20
8

18
o
(e)
(b)

(d)
mi
e (e) (f) (g) (h) ~~c3+
D 8 8 (i) -2 (j)

E (k) (I) (m) (n) ': E

F 26 30 (o) o (p)

G (q) (r) (s) (t) ~~ G-

1.1 Indique a informação que deve substituir as letras de (a) a (t), de modo a completa r
a t abela.

1.2 Indique, justificando, as espécies quím icas que são isótopos do mesmo elemento.

1.3 Conclua , justifica ndo, quantos elementos químicos estão representados na tabela.

& 1.1 (a) 8; (e) 26; (i) 10; (m) 8; (q) 35;
(b) 1: A; (f) 30; (j) ': 0 2- ; (n) O; (r) 45;
(c) +1; (g) 23; (k) 8; (o) 26; (s) 36;
(d) ~: s +; (h) +3; (1) 10; (p) ~: F; (t) -1.

1.2 As espécies A, D e E são isótopos do elemento de número atómico 8 e as


espécies C e F são isótopos do elemento com número atómico 26.

1.3 Estão representados quatro elementos químicos diferentes, pois há quatro


valores diferentes de número atómico:

Z = 8 (A, D e E); Z = 19 (B); Z= 26 (C e F); Z= 35 (G).

7
QUÍMICA 10.0 Ano

1.1.1 Tamanho dos átomos


Ordem de grandeza e escalas de comprimento

Na natureza as estruturas t êm dimensões muito va riadas .


Notação científica
Assim , para as descrever podem ser usados números de
diferentes ordens de grandeza, muito pequenos ou muito coeficiente expoente
grandes. '-. JI'
6,02 X 1023
Ordem de grandeza: pode ser expressa pela potência de
base 10 mais próxima de um número escrito em notação
científica.
base
'
em que 1 :5 coeficiente < 10

Distância Terra-Sol 150 000 000 000 1,50 X 1011 1011

Raio da Terra 6 371 000 6,371 X 106 107

Diâmetro de uma célula 0 ,000 012 1,2 X 10 5 10-s

Raio de um átomo de carbono 0,000 000 000 070 7,O x 10·11 10-10

Altura de um ser humano 1,70 1,70 X 10º 10º

Como as ordens de grandeza das diferentes estruturas na natureza podem ser tão variadas,
usam-se frequentemente múltiplos e submúltiplos das unidades SI.

fixo

p ico p 10-12

nano n 10-9

.UI
o
1i
:s
E
micro

mili
µ

m
10-6

10-3
.0
::,
C/1 centi e 10-2

deci d 10-1

deca da 101

hecto h 102
UI
o quilo k 103
1i
E
, ::, mega M 106
:i:
giga G 109

t era T 1012

A escolha da esca la, em cada caso, está relacionada com a ordem de grandeza.

8
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua o rganização

M+i+ii·i·it¾Hli·I
2. As figuras representam várias estruturas e as respetivas dimensões.

1,40 Gm 170 cm 42 mm 100 µ,m


Sol ser humano bol a d e golfe fio de cabe lo

75 n m 1 nm 102 pm
víru s molécula de g licose átomo de hidrogénio

2.1 Indique as ordens de grandeza de cada uma das dimensões expressas em metros.

2.2 Exprima em nanómetros a dimen sã o do:


a) fio de cabelo; b) átomo de hidrogénio.

2.3 A s dimen sões do vírus e do áto mo de hidrog énio, quand o comparadas co m a di-
mensão da molécula de glicose, são , respetivamente,
(A) 100 v ezes maior e 100 vezes menor. (C) 75 vezes maior e 10 vezes menor.
(B) 75 vezes menor e 100 v ezes maior. (D) 100 vezes menor e 10 vezes maior.

a 2.1 Sol : 1,40 Gm = 1,40 x 109 m; ser humano: 170 cm = 1,70 x 10º m;
bola de golfe: 42 mm = 4 ,2 x 10- 2 m; fio de cabelo: 100 µm = 1,00 x 10-4 m;
vírus: 75 nm = 7,5 X 10-s m; molé cula de glicose: 1 nm = 1 X 10- 9 m;
átomo de hidrogénio: 102 pm = 10-10 m .

As ordens de grandeza são, respetivamente: 109 m; 10º m; 10- 2 m; 10- 4 m;


10- 7 m; 10- 9 m ; 10-10 m .

2.2 a) 100 µm = 100 x (10-6 m) = 100 x 103 x (10-9 m) = 1,00 x 105 nm


b) 102 pm = 102 x (10-12 m) = 102 x 10-3 x (10- 9 m) = 10-1 nm

d vírus 75 nm . _ , , .
2.3 (C). _d______ = - - - = 75 ⇒ a dtmensao do v ,rus e 75 v e zes maior
molécula de glicose 1 nm
do que a dimensão d a molé cula de glicose.

d átomo de hidrogé nio 0,100 nm 1 , ,


- - - - = 0 ,1 = - ⇒ a dime nsão do atomo de hidrogenio
d
molécula de g licose 1 nm 10
é 10 vezes menor do que a dimensão d a molé cula de glicose.

9
QUÍMICA 10.0 Ano

Dimensões à escala atómica

Em Química, a escala mais importante que permite


comparar distâncias e tamanhos é a escala atómica •····•························
e molecular (nanoescala). Se o micrómetro (10- m) é
6

a dimensão de uma célula viva , que se vê com um


microscópio ótico, o nanómetro (10-9 m) é a dimensão d:rii~~---------------------------
de uma molécula orgânica, como, por exemplo, a mo- Terra
lécula de glicose (C 6 H120 J
Fig. 1.3 U m nanóm et ro está para um
metro assi m como o d iâmet ro d e um a
Os átomos são de dimensão subnanométrica, enquan- bola de ténis está para o d iâmet ro da
to muitas moléculas, nomeadamente as proteínas, têm Terra.

dimensões superiores a um nanómetro.

Na Fig. 1.4 observa-se uma camada de grafeno, obtida


com um microscópio de efeito de túnel, onde está re-
presentado o valor da distância interatómica de dois
átomos de carbono, o que permite concluir que o diâ-
metro do átomo de carbono é 0,14 nm.

A nanotecnologia, a tecnologia à nanoescala, dedi-


ca-se à manipulação da matéria, numa escala atómica
e molecular, de modo a construir novas mol éculas e
novos materiais.

Lida, geralmente, com estruturas cujas dimensões va-


Fig. 1.4 Imagem à escala atómica:
riam desde aproximadamente 100 nm (dimensões dos os po ntos c in zentos desenhad os
transístores dos microprocessadores atuais ou de um repre senta m átomos de ca rbono numa
camad a de grafeno.
vírus) até 0,1 nm (dimensões atómicas).

l+Ml·i·ii+Hli·I
3. O pentacena, C 2 2 Hw é um hidrocarboneto de grande importância, pois pode ser
utilizado na produ ção de dispositivos eletrónicos.

A figura seguinte, publicada em 2009, mostra, em B, a primeira imagem de uma mo-


lécula individual, a molécula de pentacena, que foi obtida por microscopia de força
atómica (AFM). Pode observar-se a semelhança entre o modelo molecular para o
pentacena (A) e a imagem obtida por AFM.

Fo nte: IBM Research -


.._.._.__ _ _ _ _ _ _ _ _ _._7Hz
_ Zurich.

(um angstrõm: 1 A= 10-10 m)

Esta observação feita por cientistas do laboratório da IBM, em Zurique, representa


um marco nos campos da eletrónica molecular e da nanotecnologia.

10
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

3 .1 Uma das ca racterísticas da nanotecnologia é a manipulação


(A) da matéria à escala das células dos seres vivos.
(B) da matéria à escala atómica e molecular.
(C) de estruturas com dimensões da ordem de um micrómetro.
(D) de estruturas com dimensões da ordem da milésima parte de um milímetro.

3.2 Usando a escala fornecida em B, determine:


a) a ordem de grandeza do comprimento da molécula de pentaceno na unida-
de de base do SI;
b) o fator de ampliação da imagem.

tj 3.1 (B). Lida com estruturas de dimensões entre 100 nm (0,1 micrómetros) e 0,1 nm.
O tamanho das células é da ordem do micrómetro que é a milésima parte de
um milímetro.

3 .2 a) Com base na escala fornecida em B é possível estimar o comprimento apro-


ximado da molécula de pentaceno: 3 x 5 A= 15 A= 15 x 10-10 m =1,5 x 10-9 m.

O comprimento da molécula de pentaceno é da ordem de 10-9 m.

b) A escala mostra que 5 A na realidade corresponde a 1 cm na imagem, ou


seja, 1 cm na imagem equivale a 5 x 10-a cm na realidade, pelo que o fator
de ampliação é
1cm
- - - - = 2 X 107 = 20 000 000
5 x 10-a cm

Conclui-se, assim, que a imagem está ampliada 20 milhões de vezes.

1.1.2 Massa isotópico e massa atómica relativa média

A massa de um átomo depende do número de protões e de neutrões que o co nstituem.

A massa isotópica relativa indica quantas vezes a massa de um átomo, de um isótopo de um


elemento X, é superior à massa convencionada como padrão.

1
A massa-padrão que se utiliza é a massa correspondente a da massa do átomo de car-
12
bono-12.

A massa atómica relativa média, A,, de um elemento químico é calcu lada a partir das massas
isotópicas relativas e respetivas abundâncias dos seus isótopos naturais.

11
QUÍMICA 10.0 Ano

4 . O clo ro ocorre em amostras terrestres como uma mistura de dois isót opos, ~~e.e e ~~ce.
As massas atómicas desses isótopos, determinadas experimentalmente, e as respe-
tivas abundâncias relativas apresentam-se na tabela seguinte:

34,968 75,53

36,956 24,47

4 .1 Calcule a massa atómica relativa média do clo ro.

4.2 Exp lique a proximidade do va lor da massa atómica re lativa do cloro ao va lor da
massa isotópica do cloro-35.

& 4 .1 Converter as abundâncias em frações decimais:


75,53
75,53% - - - = 0,7553
100
24,47
24,47% - - - = 0 ,2447
100
Determinar a média tendo em conta a abundância de cada isótopo:

A, (Cf) = 34,968 X 0,7553 + 36,956 X 0,2447 = 35,454

4.2 A massa atómica relativa média do cloro é 35,454 e está mais próxima da
massa do isótopo mais abundante, o cloro-35, pois o seu valor resulta da
média ponderada das massas isotópicas, tendo maior contributo a massa do
isótopo mais abundante.

1.1.3 Quantidade de matéria e massa molar

A quantidade de matéria, n, é uma grandeza fís ica usada para re lacionar porções de substân-
cias, em termos macroscópicos, com as unidades estruturais (átomos, moléculas ou iões) do
domínio do submicroscópico. A unidade de quantidade de matéria no SI é a mole (símbolo mol).

No SI, 1 mol é a quantidade de matéria que contém 6,02 x 10 23 entidades (átomos, moléculas
ou outras partículas). Este número designa-se por número de Avogadro, em homenagem ao
cientista italiano Amedeo Avogad ro.

A constante de Avogadro, NA= 6 ,02 x 1023 moI-1, é o número de entidades por mole de uma
determinada subst ância (a unidade SI é mol-1). Entre o número de entidades, N , presentes numa
dada amostra e a quantidade de matéria, n, dessa amostra, pode estabelecer-se a seguinte
relação: N = n x NA, em que a constante de Avogadro, NA, é a consta nte de proporcionalidade.

12
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

A Fig. 1.5 apresenta amostras de substâncias cuja quantidade de matéria, presente em cada
uma, é uma mole de átomos.
1 mol de átomos de enxofre: 32, 1 g
1 mol de átomos 1 mol de átomos
de carbono: 12,0 g de ferro: 55,9 g

Fig. 1.5 Porções de substâncias com 1 mol de átomos de carbono, de


enxofre e de ferro.

Massa molar, M: massa por unidade de quantidade de matéria. Exprime-se geralmente em


grama por mole (símbolo g mol-1). A massa molar de uma substância, expressa em g mo1-1, é nu-
mericamente igual à massa atómica relativa média, A,, do elemento químico, ou à massa relativa
média da unidade estrutural dessa substância (átomo, molécula ou agregado de iões).

Entre a massa, m, de uma amostra de uma dada substância e a quantidade de matéria, n, dessa
amostra, pode estabelecer-se a seguinte relação: m =n x M.

5. O metano, CH 4 , é o principal constituinte do gás natural. Considere uma amostra de


0,378 mal de metano.

5.1 Calcule a massa da amostra.

5.2 Determine a quantidade de matéria de átomos de hidrogénio na amostra.


5.3 Quantos átomos de carbono existem na amostra?

~ 5 .1 A massa molar de CH 4 é M(CH 4 ) = (12,01 + 4 x 1,01) g mo1- 1 = 16,05 g mo1-1


(massa por cada mole).
A massa de 0,378 molde CH 4 é m = n x M = 0,378 mol x 16,05 g mo1-1 = 6 ,07 g.

5.2 Numa molécula de CH 4 existem 4 átomos de hidrogénio, H, o que se traduz


4mol H
na seguinte proporção: - - - -
1 mol CH 4
4mol H
n = 0,378 .!J)..Ol---€FÇ x - - - - =1,51 mol H
1 !JJ..Ol-a:t;
5.3 Pode utilizar-se a seguinte sequência de cálculos:
ncH 4 - NcH4 - Nc
N = n x NA= 0,378 mol x 6,02 x 10 23 mo1-1 = 2 ,28 x 1023 moléculas CH 4
1 átomo C
Nc = 2,28 x 1023 moléculas CH4 x , CH = 2,28 x 1023 átomos C
1 mo 1ecu 1a 4

13
QUÍMICA 10.0 Ano

6 . O luminol é um sólido cristalino amarelado muito utilizado em perícias criminais a fim


de identificar sa ngue no local do crime, pois reage co m a hemoglobina presente no
sangue e, ao fazê-lo, produz luz.
N
6 .1 O gráfico mostra a relação entre o número
de mol écu las, N, e a quantidade de matéria,
n, do luminol. Qual é o significado físico do
declive da reta? 2,11 X 1024 ••••••··

6 .2 A fórmul a molecu lar do luminol pode ser re-


presentada por C8 H7O 2 Nx. Determine o va lor
de x, considerando que a massa de 2 ,11 x 1024
3,5 n/ mol
moléculas é 620,13 g.

(j 6 .1 O declive da reta corresponde à constante de Avogadro. Entre o número de en-


tidades, N, presentes numa dada amostra e a quantidade de matéria, n, dessa
amostra, pode estabelecer-se a seguinte relação:

N = NA x n, em que a constante de Avogadro, NA, é a constante de proporcio-


nalidade.

6 .2 Cálculo da massa molar, M(C 8 H7 0 2 N), de acordo com os dados do gráfico:


N(C 8 Hp2 NJ = 2,11 x 1024 moléculas - n(C8 Hp2 NJ = 3,5 mol
m 620,13 g
m =n x M ⇒ M(C8 H7 O 2 Nx) =-n =- - - =17718
3,5 mol '
g mo1-1

Cálculo do valor de x:

M(C8 Hp2 N) =8 X 12,01 + 7 X 1,01 + 2 X 16,00 + 14,01 x =177,18 g mo1-1 ⇒ x =3

1.1.4 Volume e número de moléculas de uma gota de água (AL 1.1)

O número de moléculas numa gota de ág ua pode ser estimado se for medido o vo lume de uma
gota de água e também a sua massa. Para uma maior precisão, faz-se uma medição indireta a
partir do volume e da massa de muitas gotas.

l+i%i·i·l1+Hli·I
7. Para medir o volume e a ma ssa de uma gota de ág ua e determinar o número de mo-
léculas de água nela existentes, um grupo de alunos realizou uma atividade com a
seg uinte seq uência de procedimentos:

1. Encher uma bureta com água e acertar até ao nível do zero na escala.
li. Colocar um gobelé em cima da balança digital.
Ili. Tran sferir 100 gotas de ág ua da bureta para o gobelé.
IV. Registar o volu me das 100 gotas de ág ua e a massa respetiva.

14
DOMÍNIO 1 Elementos quím icos e a sua organização

7.1 A figura mostra parte da escala da bureta que foi utilizada, pelo grupo
de alunos, para medir o volume de água (100 gotas) vertido. Aten-
dendo à incerteza de leitura e ao número adequado de algarismos
significativos, o volume de 100 gotas de água é

(A) (5,6 ± 0,1) ml. (C) (6,3 ± 0,1) ml.


(8) (5,65 ± 0,05) ml. (D) (6,35 ± 0,05) ml.

7.2 A massa das 100 gotas de água medida pelos alunos foi 5,09 g.
a) Quanto s algarismos significativos apresenta o resultado da mediçã o?
b) Apresente o resultado da mediçã o com a respetiva incerteza de leitura.

7.3 Determine a massa e o volum e de uma gota de água. Apresente o resultado co m


o número adequado de algarismos significativos.

7.4 O número de moléculas de água (M(H 2 O) = 18,02 g mol-1) que existem numa gota
pode ser determin ado a partir da exp ressão
18,02 5,09
--X 6 02 X 10 23 --X 6 02 X 10 23
100 ' 18,02 '
(A) N= (C) N=
5,09 100

(8) N=
18,02
--X
5,09
6 02
'
100
X 1023
(D) N=
18,02
- - x 5,09
100
6,02 X 1023
mi
7.5 Indique as ordens de gran deza do número de moléculas de água de uma gota
e do volume dessa got a.

& 7.1 (8). O volume das gotas de água foi medido com uma bureta, um instrumento
analógico. Neste tipo de instrumentos, considera-se a incerteza de leitura igual
a metade do valor da menor divisão da escala. Neste caso, a menor divisão da
escala é 0,1 ml, pelo que a incerteza de leitura será metade, ou seja, 0,05 ml.
A figura mostra o nível mais baixo do menisco entre os valores 5,6 ml e 5,7 ml.

7.2 a) Três algarismos significativos.


b) (5,09 ± 0,01) g ou 5 ,09 g ± 0,01 g
A massa das gotas de água foi medida com uma balança digital.
Nos instrumentos digitais, considera-se a incerteza de leitura igual a uma
unidade do último dígito de leitura. A precisão da balança utilizada é 0,01 g,
pelo que a incerteza de leitura é 0,01 g.
_ 5,09 g _ _ • _ 5,65 ml
7.3 m1 gota - 100 - 5,09 x 10 2 g, v,gota - 100 5,65 x 10-2 ml

7.4 (C). O quociente 5 ,o9 g é a quantidade de matéria ( n = m ) nas


18,02 g mo1-1 M
100 gotas, que, multiplicada pela constante de Avogadro, dá o número de
moléculas de água em 100 gotas.

7.5 N.º de moléculas de uma gota de água: 1,70 x 1021 - ordem de grandeza 1021•
Volume de uma gota: 5,65 x 10-2 ml - ordem de grandeza 10-1 ml.

15
QUÍMICA 10.0 Ano

1.2 Energia dos eletrões nos átomos


Sabemos hoje que as propriedades dos átomos são determinadas pelas energias dos seus
eletrões. Um modo indireto de obter informação sobre a energia dos eletrões nos átomos é
através da interação da luz (radiação eletromagnética) com os átomos. Por outro lado, muito
do que se con hece sobre a própria luz resultou , também , da interação da luz com os átom os.

A espetroscopia diz respeito ao estudo da interação da radiação com a matéria, consideran-


do-se sobretudo os processos associados à absorção e à emissão de radiação. Na espe-
troscopia analisam-se os espetros, os quais consistem em representações de uma grandeza
relacionada com a absorção ou emissão de radiação em função da energia ou frequência (ou
comprimento de onda) dessa radiação.

1.2.1 Espetros contínuos e descontínuos


Luz, em sentido lato, não é só a luz visíve l (dete-
tada pelos nossos olhos). As rad ia ções gama (y), os
raios X, os raios ultravioleta, os infraverme lhos, as
micro-ondas, as ondas de rádio e televisão também
são luz.

As radiações (ou ondas) eletromagnéticas, expres-


são utilizada para designar os diferentes tipos de
luz, transportam energia ao propagar-se.

Newton, no século XVII, mostrou que a luz so lar (luz


branca) tem várias componentes de cores diferen-
tes (Fig. 1.6). Quando atravessa ce rtos meios tran s-
parentes (por exemplo, um prisma de v idro), a luz
branca decompõe-se numa sequência de radiações Fig. 1.6 Decomposição da luz solar através
com cores diferentes - as cores do arco-íris. de um prisma, obtida por New ton.

O conjunto formado pela sucessão contínua das vá -


rias radiações coloridas designa-se por espetro da
luz visível.

A luz também pode ser detetada em quantidades discretas (bem definidas), como partículas,
pelo que as radiações eletromagnéticas podem igualmente ser descritas como sendo forma-
das por fotões. Os fotões são os corpúscu los da luz: a cada fotão corresponde um mínimo
de energia, que é diferente consoante a frequência da radiação.

A energia de um fotão é diretamente proporcional à frequência da radiação correspondente.

Espetro eletromagnético

Definem-se sete regiões principais do espetro eletromagnético. Considerando a energia por


cada fotão, est as regiões podem ordenar-se por energia crescente de acordo com a seq uên-
cia crescente de frequência: ondas de rádio, micro-ondas, infravermelho (IV), visível, ultravio-
leta (UV), radiação (raios) X e radiação gama (y) (Fig.1.7).

16
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

Na luz visível, a energia por fotão e a frequência da radiação aumentam de acordo com
a seguinte sequência: vermelho, cor de laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta (Fig. 1.7).

Radiofrequências

1Q-32 1Q-24
Micro-ondas


Infravermelho

10-22
(IV)

i l
2,5 X
Visível

1Q-19 5,2 X 1Q- 19


,
Ultravioleta (UV)

10-17
Raios X Radiação gama (-y)

1Q-15 10-10

Energia por fotão / J


Fig. 1.7 Espetro eletromagnético e energia da radiação.

M+i%i·i·it4Hli·I
8. As lâmpadas de vapor de sódio, usadas em iluminação pública, têm uma luz amarela
característica devido à presença do elemento sódio.

8 .1 A luz emitida por uma lâmpada de luz ultravioleta, comparada com a luz emitida
pela lâmpada de vapor de sódio, tem _ _ frequência e fotões de _ _ energia.
(A) maior ... menor. (B) menor ... menor. (C) maior ... maior. (D) menor ... maior.

8.2 Ordene as radiações seguintes por ordem crescente de frequência.


1. Luz amarela de uma lâmpada de vapor de sódio.
li. Radiação gama emitida por um núcleo radioativo.
Ili. Ondas de rádio emitidas pela antena de uma estação de rádio.
IV. Feixe de micro-ondas emitido pelo radar de controlo de tráfego aéreo de um
aeroporto.

& 8.1 (C). A energia dos fotões da luz ultravioleta é maior do que a dos fotões da
luz amarela. Quanto maior é a energia de um fotão, maior é a frequência da
radiação respetiva, pois a energia de cada fotão é diretamente proporcional
à frequência da radiação respetiva.

8.2 Representando f a frequência: 'iu < 'iv < 'i < 'ii·

Espetro de emissão: resulta da decomposição da luz


emitida por um corpo (por exemplo, corpos incandes-
centes).

Espetro de emissão contínuo: contém uma gama


ininterrupta de radiações ou cores, como sucede, por
exemplo, no espetro de emissão do filamento aque- ~ -ia-nt_e_ _ _ _ __
cido de uma lâmpada (Fig. 1.8 ). Para cada fonte lumi-
nosa, as diferentes cores são, em geral, emitidas com
intensidades diferentes.
Fig. 1.8 Espetro de emissão contínuo.

17
QUÍMICA 10.0 Ano

Espetros de emissão descontínuos: só contêm radiações de determinadas energias. São


constituídos por riscas distintas. Diferentes riscas são, em geral, emitidas com intensidades
diferentes.

Espetro de absorção: espetro obtido depois de a luz emitida por uma fonte atravessar uma
subst ância. Este espetro contém apenas as radiações da luz incidente que não foram absorv i-
das na substâ ncia. Corresponde à subtração de bandas ou riscas do espetro da luz incidente
na substância. No visível, o espetro de absorção de uma substância resulta da absorção
seletiva de radiações v isíve is pela substância: podem observar-se riscas negras num fundo
colorido.

ESPETROS

ESPETROS ESPETROS
DE EMISSÃO DE ABSORÇÃO

1 7
contínuos descontínuos descontínuos

exemplos de fontes exemplos de fontes 1


de emissão na região de emissão na região exemplo
do visível do visível

1
Espetro solar com as riscas
de Fraunhofer
(riscas de absorção)
Corpo Lâmpada de Lâmpadas Lâmpada
incandescente incandescência de vapor de sódio fluorescente
usadas em
iluminação pública

Espetro Espetro Espetro

-
1 l l

l+l%i·i·l1+Hli·I
9. A principal técnica uti lizada no estudo da composição dos corpos ce lestes é a es-
petroscopia . Parte da radiação emitida pelas estrelas é absorvida pelo gás q ue as
rodeia. Se esse gás não existisse, os espetros produzidos se riam semelhantes ao de
um sólido inca ndescente, desprezando a influência da atm osfera terrestre.
Con sidere os espetros seg uintes.

1. 2. III 3.

9 .1 Classifique, justificando, cada um dos espetros.

9 .2 Qual dos espetros da figu ra pode corresponder ao espetro de uma estrela na


região do v isível?

18
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

O 9.1 Espetro 1: de emissão, contínuo em toda a região do visível - regista toda a


gama de radiações emitidas, ou seja, não há interrupção na sequência das
várias radiações.
Espetro 2: de emissão, descontínuo (espetro de riscas) na região do visível -
só regista algumas radiações e é constituído por riscas (coloridas) distintas.
Cada risca corresponde a uma determinada energia, por fotão, da radiação
emitida.
Espetro 3: de absorção, no visível - resulta da absorção seletiva de radiações
visíveis e é constituído por riscas negras num fundo colorido.

9 .2 Espetro 3. Espetro obtido depois de parte da luz emitida pela estrela ser ab-
sorvida pelo gás que a rodeia.

1.2.2 O modelo atómico de Bohr

O estudo dos espetros descontínuos dos átomos co nduziu ao conhecimento das energias
dos eletrões nos átomos.

O hidrog é nio, o elemento químico mais simples e abundante no Universo, existente e m gran-
de quantidade nas estrelas, origina um espetro de riscas, bem definidas (Fig. 1.9 ).

1
Infravermelho visível Ultravioleta

Fig. 1.9 Espetro de emissão do átomo de hidrogén io


1
Este espetro foi interpretado pela primeira vez por Niels Bohr em 1913. No seu modelo, as
riscas do espetro do átomo de hidrogénio resultam das va riações de energia do eletrão no
átomo. Como as riscas são bem determinadas, aquelas variações de energia também o são,
e, em consequência , a energia do eletrão no átomo só pode ter ce rtos valores - a energia do
eletrão está quantizada.

1.2.3 Transições eletrónicas

O espetro de absorção resu lta da absorção de radiação pelo eletrão no átomo de hidrogénio:
o eletrão transita de um estado de menor energia para um de maior energia (excitação) por
absorção de um fotão. O espetro de emissão resulta do processo oposto (desexc itação) com
emissão de um fotão (Fig.1.10).

Radiaçã~ . • _
Eletrão
.; ·.

Excitação Desexcitação

Fig. 1.10 Excitação e desexcitação do átomo de hidrogénio.

19
QUÍMICA 10.0 Ano

O eletrão no átomo apenas pode apresentar certos va lores de energia que correspondem a
pat amares energéticos - níveis de energia, n. O estado de menor energia é o estado fun-
damental q ue, no átomo de hidrogénio, ocorre quando o eletrão ocupa o nível 1, n = 1. Os
estados de energia superior ao fu ndamental designa m-se estados excitados (para o eletrão
do át omo H, níveis 2, 3, ...).

Transição eletrónica é a mu dança de estado de energia do eletrão que, no modelo de Bo hr,


só se dá por absorção ou emissão de uma quantidade bem definida de energia igual ao
módulo da diferença entre as energias dos níveis entre os quais ocorre a transição. Quan-
do o eletrão tra nsita do níve l n = a para o nível n = b:
• se a < b, há absorção de radiação;
• se a > b, há emissão de radiação.

E fotão =l /1Eeletrão I em q ue /1E eletrão = Eb - E.

1.2.4 Quantização da energia

Uma das ideias funda mentais do modelo atómico de Bohr é a quantização da energia do ele-
trão no átomo , ou seja, o eletrão do átomo não pode existi r em qualquer estado de energia.
Só são permitidos alguns estados com valores de energia bem definidos.

Considera-se que um eletrão em repouso fora da ação do núcleo (n = 00 ) possui um va lor nulo
de energ ia (valor máximo); enquanto o eletrão se mantiver sob a ação do núcleo, os seus
possíveis valores de energ ia são negativos.

Quanto mais negativo for o valo r da energia, menor é a energia do eletrão , menor é o nível de
energia ocupado e menor é a distância do eletrão ao núcleo.

Um eletrão transita de um nível de energ ia para outro sem nunca ter va lores inte rmédios en-
tre esses dois níveis - níveis discretos ou descontínuos de energia.

A quantização de energia não se aplica só ao átomo de hidrogénio, verifica-se para todos


os átomos. Para cada átomo só são permitidos certos va lores de energia eletrónica e estes
diferem de elemento para elemento.

10. Um eletrão do át omo de hidrogénio num estado excitado


1
(n = 5) regressa ao estado fu ndamental por emissão de radiação.
l
O diagra ma de energias ind ica algumas possibilidades de tran-
sição do eletrão. 1

1
10.1 As tra nsições indicadas na figura:
a) correspondem a uma excitação ou desexcitação?
b) origina m um espetro at ómico de emissão ou de absor-
E, t,
ção?

10.2 A energia de um fotão envolvido na transição entre o nível 5 e o nível 2 é dada por:

20
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

10.3 Qual dos espetros seguintes poderá corresponder às transições eletrónicas


apresentadas?
(A) (C)
11 1 1 1 1 1 1 1
Frequência Frequência

(B)
li 111
(D)
11 1
Frequência Frequência

10.4 Exp lique porque é que a quantização da energia do eletrão no átomo permi-
tiu explicar os espetros atómicos de riscas, como o do átomo de hidrogénio.

& 10.1 a) Desexcitação. O eletrão transita de um estado de maior energia para es-
tados de menor energia (a energia do eletrão diminui).
b) Espetro de emissão. Numa transição de desexcitação o átomo perde
energia, emitindo um fotão.
10.2 (C). A opção B não pode ser considerada, pois conduz a um valor negativo
e a energia do fotão não pode ser negativa.
10.3 (B) . As três transições para o nível 1 envolveram maiores variações de ener-
gia do eletrão, pelo que as radiações emitidas são as de maior energia, logo
de maior frequência.
10.4 O facto de as riscas espetrais corresponderem a radiações de frequências
características e bem definidas mostram que o eletrão só pode sofrer varia-
ções de energia bem definidas, iguais ou simétricas às energias dos fotões
daquelas frequências. Assim, a energia do eletrão no átomo não pode ter
um valor arbitrário, assumindo apenas os valores compatíveis com aquelas
variações de energia. Diz-se, por isso, que a energia está quantizada.

1.2.5 Espetro do átomo de hidrogénio


O estudo do espetro de em issão do átomo de hidrogénio mos- Níveis de Energia
energia, n do eletrão / J
trou haver riscas que ocorrem na zona do visível, outras cujas o
frequências se situam na zona do ultravioleta e outras ainda 4 - - - - - + ~ - ~ - + - - - . - + - - - - - Ü, 14 X 10 - 18
Paschen (IV) _ x _
que se situam na zona do infravermelh o. 3 0 24 10 18
Balmer
(visível e UV)
Chama-se série espetral ao conjunto de riscas muito próximas 2 - - -~~~-+++--- - - - - -0,54 X 10 -rn
dentro de uma dada zona do espetro.

Lyman (UV)
Às vá rias séries de riscas resultantes de transições descenden-
tes associam-se os nomes de quem as estudou pela primeira Estado
fundamental 11
vez: Ly man (transições para n = 1, emissão de radiação UV), 2,18 X 10 - 18
Balmer (transições para n = 2, emissão de radiação na zona do Fig. 1.11 Níveis de energ ia e transições eletrónicas para
o átomo de hidrogénio.
visível e do ultravioleta próximo) e Paschen (trans ições para
n = 3, emissão de radiação infravermelha), entre outros, de
acordo com a Fig. 1.11 .

21
QUÍMICA 10.0 Ano

E / 1Q -19 J n
11. A figura ao lado mostra alg umas transições ele-
trónicas possíveis, do átomo de hidrogénio. o 00
-0,87 1
5
-1,36 4
11.1 Indique a transição eletrónica a que corres- - 2,42 1D 3
ponde a emissão de radiação de maior ener- e
- 5,45 ~
2
gia.

11.2 Após a transição B, quais os tipos de radia-


ções que podem se r emitidas pelo eletrão do
A B
átomo de hidrogé nio? E após a trans ição A? - 21,8

11.3 Considere um átomo de hi drogénio no estado fund amenta l, no qual incide um


fotão de energia 1,82 x 10-18 J. Conclua, justificando, se há transição do eletrão
para um estado excitado.

Q 11.1 (C). Tratando-se de uma emissão, apenas consideramos as transições ele-


trónicas para estados de menor energia. Entre as transições C e D, a C en-
volve uma maior variação de energia do eletrão (n = 4 - n = 2), pelo que a
radiação emitida é a de maior energia, uma vez que Efotãoemitido = 16.Eeletrã/

11.2 A transição B corresponde a absorção de energia pelo eletrão do átomo de


hidrogénio, ficando num estado excitado (n =3). O eletrão no nível n =3 pode
transitar diretamente de n = 3 - n = 1, emitindo radiação ultravioleta (por ser
uma transição para n =1), ou de n = 3 - n = 2, emitindo radiação visível (tran-
sição para n = 2) e de n = 2 - n = 1, emitindo radiação ultravioleta.
A transição A corresponde a absorção de energia pelo eletrão, ficando este
num estado excitado (n = 2). Após a absorção de energia, o eletrão vai tran-
sitar para o estado fundamental, emitindo radiação UV.

11.3 Efotão = 16.Eeletrà) = En - E 1 ⇒ En = E 1 + Efotão = -21,8 X 10-19 J + 1,82 X 10-18 J =


= -3,6 X 10-19 J
O valor obtido é negativo, mas não corresponde à energia de nenhum dos
estados excitados. Conclui-se, assim, que não existe transição, ou seja, o
eletrão não absorve o fotão, permanecendo no estado fundamental.

12. Um átomo de hi drogénio excitado emite energia, muitas vezes sob a forma de luz
visível, porque
(A) o eletrão foi ejetado do átomo.
(B) o eletrão transita para um nível de menor energia.
(C) a e nerg ia do e letrão no átomo está quantizada.
(O) o e letrão tran sita para um níve l de maior e nerg ia.

Q (B). O eletrão pode transitar entre estados estacionários absorvendo ou emitindo


energia. Quando o átomo absorve energia, o eletrão passa para um estado es-
tacionário de energia superior. Para haver emissão de energia, o eletrão tem de
transitar para um nível de energia inferior. As emissões de energia, sob a forma
de luz visível, ocorrem quando o eletrão do átomo de hidrogénio transita de ní-
veis superiores de energia (dos níveis 3, 4, 5, ou 6) para o nível n = 2.

22
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

Os e letrões dos átomos de cada e lemento químico têm um conjunto de valores de e nerg ia
q ue os caracteriza, pe lo que as transições eletrónicas que poderão ocorrer são diferentes de
elemento pa ra ele mento. Assim, as energias das radiações emitidas, o u absorvidas, são di-
ferentes de ele mento pa ra elemento, ou seja, são caracte rísticas de cada e leme nto q uímico.

Espetros de emissão de elementos quími-


cos: cada e le mento q uímico aprese nta u m
A hélio
espet ro de e missão de riscas ca racterístico,
d iferente do de qualq uer ou tro elemento
(Fig. 1.12 A e B).
8
néon 1
Se se compa rarem os espetros de em issão e
de absorção na região do visíve l de um dado
elemento químico (Fig. 1.12 B e e), verifica-se e
1 11 1 1
q ue as riscas coloridas do espet ro de emis-
Fig. 1.12 Espetro de emissão do hélio (A), espetro
são su rgem nas mesmas posições q ue as ris- de e missão do néon (B) e espet ro de absorção do
cas neg ras no espetro de abso rção. néon (C).

Os espetros de emissão e de absorção são característicos de cada elemento químico.


A pa rtir dos espetros de riscas de absorção é possíve l identificar os eleme ntos químicos que
fazem pa rte da constituição das d ife rentes estre las.

13. A f igura ao lado mostra o espetro da


luz so lar na região do v isível (A) e o
espet ro de absorção do h idrogénio
(B). As linhas D1 e D2 são orig inadas
pela p resença do elemento sódio na
Espetro de absorção de riscas do Sol (A) e espetro
atmosfera solar. de absorção do hidrogénio (B).

13.1 Q ue conclusão se pode retirar da comparação dos espetros A e B?

13.2 De entre os espetros de e missão


ao lado, designados po r X, Y e Z,
identifique o que corresponde ao
e leme nto sódio. 1 1 1 z

13.3 Conclua. justifica ndo, qual das duas riscas, D1 ou D2, do espet ro de emissão do
sód io apresenta maior energ ia por fotão.

~ 13.1 As linhas de absorção C, F, f eh do espetro da luz solar coincidem com as ris-


cas de absorção do espetro do hidrogénio, o que permite concluir que existe
hidrogénio na atmosfera do Sol.

13.2 É o espetro X, por ser o único que tem duas riscas próximas na zona amarela
do espetro na mesma posição que as riscas D1 e D2 do espetro solar.

13.3 Na radiação visível, a energia por fotão aumenta do vermelho para o vio-
leta, pois a frequência da radiação aumenta nesse sentido. As duas riscas
situam-se na zona do amarelo, no entanto, a risca D2 está mais próxima da
extremidade violeta do espetro e, por isso, tem maior energia por fotão.

23
QUÍMICA 10.0 Ano

1.2.6 Energia de remoção eletrónica


A energia dos eletrões nos átomos polieletrónicos (com 2 ou mais eletrões) inclui o efeito
das atrações entre os eletrões e o núcleo (cargas de sinais contrários) que diminui a energia
dos eletrões, e das repulsões entre os eletrões (cargas do mesmo sinal) que aumenta a sua
energia.

Espetroscopia fotoeletrónica: técnica utiliza-


da para determinar a energia de remoção de Fotão
eletrões dos át omos, e, a partir dela, a ener-
Placas carregadas
gia dos eletrões no átomo. Nesta técnica (Fig.

1.13), faz-se incidir nos átomos do elemento


+e------~
~
1
em estudo uma radiação com energia sufi- -~e-
ciente para remover qualquer um dos seus Amostra
gasosa
-..;;;;:;;_
eletrões, transformando-se assim os átomos / 2tetor
em iões. Para um átomo A, a remoção de um Fig. 1.13 Diagra ma d e e spetro scopia
fotoel etrónica.
dos seus eletrões é descrita por:

Em síntese:

• a energ ia de cada fotão incidente deve exceder a energia mínima necessária (energia
de remoção) para a remoção desse eletrão;

• se os eletrões tiverem energ ias diferentes, haverá tantos va lores de energia de remoção
quantos os estados de energia para os eletrões;

• os eletrões com maior energ ia de remoção são os que ocupam estados de menor ener-
gia (em média mais próximos do núcleo, logo, sujeitos a maior atra ção nuclear do que
os eletrões do último nível de energia - nível de valência).

Verifica-se que eletrões de átomos de elementos diferentes têm valores de energia diferen-
tes. Esses va lores de energia dos eletrões podem distribuir-se por níveis e subníveis.

Os resultados obtidos por espetroscopia fotoeletrónica são geralment e apresentados na for-


ma de um gráfico (espetros fotoeletrónicos, Fig. 1.14).

347 345 37 35 33 31 29 4 2 o
Energia de remoção / MJ mo1- 1
Fig. 1.14 Espetro fotoe létrónico do p otáss io.

Por análise da abcissa e da altura de cada pico nos espetros fotoeletrónicos, conseg ue-se
determinar as energias relativas dos subníveis eletrónicos ocupados e o nú mero re lativo de
eletrões em cada subnível, respetivamente.

24
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

14. Considere o espetro fotoeletrónico do potássio (Z = 19) apresentado na Fig. 1.14.

14.1 Indique o número de:


a) subníveis de energia pelos quais se distribuem os eletrões;
b) e letrões correspondente a cada um dos picos presentes no espetro.

14.2 Conc lu a.j ustifica ndo, qu al é o va lor de energia de remoção do eletrão de maior
e nerg ia de um átomo de potássio.

~ 14.1 a) De acordo com o espetro fotoeletrónico do potássio, existem seis valores


diferentes de energia de remoção (seis picos) para os 19 eletrões. A cada
um desses valores corresponde um subnível, ou seja, os eletrões do áto-
mo de potássio encontram-se distribuídos por seis subníveis de energia.
b) A altura de cada pico é proporcional ao número de eletrões em cada nível
ou subnível de energia. A altura relativa dos picos é 2: 2 : 6: 2: 6 : 1, corres-
pondendo esses números aos números de eletrões em cada um desses
subníveis (ao conjunto dos seis picos correspondem 19 eletrões).

14.2 Quanto menor for a energia de remoção maior é a energia do eletrão no


átomo, o que significa que o eletrão pertence a um nível de energia superior.

Para uma mole de eletrões, o valor é E,em = 0,42 MJ.


2 106
Para um eletrão E,em o,4 X J = 6,98 X 10- 19 J.
6,02 X 1023

1.2.7 Modelo quântico do átomo

A teoria que explica o comportamento dos átomos é a Mecânica Quântica. De acordo com a
Mecânica Quântica, não é possível associar uma trajetória aos eletrões, mas é possível definir
regiões , em redo r do núcleo, de maior e de menor proba bi lidade de encontrar o eletrão.

Designa-se por nuvem eletrónica uma representação da den-


sidade da distribuição dos eletrões à volta do núcleo atómico,
correspondendo as regiões mais densas a maior probabil idade
l
de aí encontrar eletrões {Fig . 1.1s).

Designa-se por orbital atómica a função matemática que des- Fig. 1.15 Representação da
probabilidade de encontrar
creve o modo como a probabilidade de encontrar cada eletrão
o e letrão numa d ada regiã o
va ria em redor do núcl eo (o termo orbital atómica t ambém pode em t orno do núcleo do
átomo de hidrogénio:
se r usado para desig nar a região, em redor do núcleo, onde o
1- nuvem eletrónica; li -
eletrão se pode encontrar). curva de probabi li dade.

Níveis e subníveis

Os espetros fotoeletrónicos dos átomos polieletrónicos são uma das evidências da existência
de subníveis de energia com va lores muito próximos. Estes dados permitem estabelecer uma
estrutura eletrónica por níve is e sub níveis de energia.

25
QUÍMICA 10.0 Ano

Os subníveis podem ser designados pelas letras s, p , de f. O subnível de menor energia de


um determinado nível de energia é os.

No caso de átomos polieletrónicos e para os três primeiros níveis:


• o primeiro nível de energia, n = 1, comporta no máximo 2 eletrões que apresentam a
maior energia de remoção (subnível 1s);
• o segundo nível de energia, n = 2, desdobra-se em dois subníveis que se designam por
2s e 2p. O primeiro comporta no máximo 2 eletrões e o segundo no máximo 6;
• o terceiro nível de energia, n = 3, desdobra-se em três subníveis que se designam por
3s, 3p e 3d. O primeiro comporta no máximo 2 eletrões, o segundo no máximo 6 e o
terceiro 10.

Orbitais

Cada orbital está associada a um valor de energia do eletrão. As orbitais dos subníveis s, p,
d, f, têm formas diferentes: as do subnível s apresentam simetria esférica, existindo uma por
cada nível de energia; as do subnível p, quando existe, são bilobulares (dois lóbulos simétri-
cos em relação ao núcleo atómico) e são sempre três por cada nível de energia. As orbitais do
subnível d, quando existe, são sempre cinco por cada nível de energia (Fig. 1.16).

Fig. 1.16 Representação das orbitais atómicas s, p e d.

Spin Resultado
da experiência

Os eletrões possuem, além de massa e carga ~ t


elétrica, propriedades magnéticas, ou seja, com-
portam-se como ímanes.

Se um feixe de átomos passar através de um


campo magnético não uniforme, verifica-se que Íman
o feixe se divide em dois (Fig. 1.17). Foi o resultado Feixe Campo magnético
de átomos não uniforme
destas experiências que permitiu associar aos
eletrões propriedades magnéticas. Designa-se \,
por spin a propriedade magnética intrínseca do t/ .j.

eletrão. Esta propriedade está quantizada uma / '


vez que permite apenas dois estados diferen- Fig. 1.17 Um feixe de átomos divide-se em dois por
tes: spin a e spin j3. ação de um campo magnético.

26
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

1.2.8 Configuração eletrónica de átomos


A configuração eletrónica de um átomo consiste na dis-
tribuição dos eletrões pelas diferentes orbitais atómicas.

Principio da Construção (ou de Aufbau)

A sequência pela qual as orbitais atómicas são preen-


chidas é dada pelo Princípio da Construção (ou Prin-
cípio de Aufbau, em alemão): para cada elemento quí-
mico, os eletrões distribuem-se pelas possíveis orbitais
por ordem crescente de energia (Fig.1.18).
Fig. 1.18 Ord em d e preenchimento das
Principio de Exclusão de Pauli orbitais.

Princípio de Exclusão de Pauli: cada orbital atómica com porta no máximo 2 eletrões, os
quais têm necessariamente estados de spin diferentes, spin a e spin ~ -
Da análise dos espetros fotoeletrónicos, como, por exemplo, do fósforo (Fig. 1.19) e do potássio
(Fig. 1.14), ve rifica-se que um dos subníveis (subníve l p ) compo rta mais de 2 eletrões, podendo
atin gir um máximo de 6 eletrões.
(J)
Q)
13,5
•e
Q)
ã5
Q)
u
o
> 1,06
~
~
18,7 1,95
e
Q)
208
E
·::J
z

1000 100 10 0,1


Energia de remoção / MJ moJ - 1
Fig. 1.19 Espetro fotoelétrónico do fósfo ro .

Atendendo ao Princípio da Exclusão de E 5p 5p 5p


5s 4d 4d 4d ~ 4d ~ 4d
Pauli e ao facto de os espetros fotoele-
4p 4p 4p -
trónicos mostrarem que o subnível p 4s 3d 3d 3d 3d 3d

comporta no máximo 6 eletrões, pode 3p 3p 3p


3s
associar-se a este subnível 3 orbitais de
igual energia. 2p 2p 2p
2s

A partir do níve l de energ ia, n = 3, dados


da espetroscopia fotoeletrónica mos-
1s
tram a existência de um terceiro subní-
Fig. 1.20 Ordem c rescente da energia d as orbitais em
ve l de energia, subnível d , que compo r- átomos po lieletrónicos.
ta no máximo 10 eletrões. Do mesmo
modo, podem associar-se a este subní-
ve l 5 orbitais de igual energia (Fig. 1.20).

O estado de menor energia de um átomo, ou molécula, designa-se por estado fundamental .


A configuração eletrónica do estado fundamental do átomo de potássio é:
19
K - 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1
(os expoentes correspondem ao número de eletrões em cada subnível).

27
QUÍMICA 10.0 Ano

Existem outras formas de apresentar a estrutura ele-


trónica (configuração eletrónica) de um átomo. Exem- ~: ~ l~r 1~~
plo: átomo de boro, 5 B (Fig. 1.21).
~
Além dos princípios referidos, há um terceiro critério
para estabelecer configurações eletrónicas no estado
~
5
B: 152 252 2p1, ou [He] 252 2p1
fundamental: em orbitais com a mesma energia (orbitais
degeneradas), orbitais np ou nd, a distribuição eletróni- Fig. 1.21 Representação simbólica da
estrutura elet rón ica do átomo de boro, 5B.
ca deve ser feita de modo a maximizar o número de
eletrões desemparelhados.

O átomo de carbono apresenta dois eletrões no subnível 2p, sendo este constituído por três
orbitais com a mesma energia; neste caso, a configuração eletrónica do carbono deve aten-
der também à maximização do número de eletrões desemparelhados (Fig. 1.22).

Diagrama correto Diagrama errado

2p I i I i ~: ~ l_n--'----1----'------'~
~ ~
~ ~
Fig. 1.22 Diagrama de distribu ição eletrónica do carbono (Z = 6).

Assim , a configuração eletrónica do estado fundamental do átomo de ca rbono é:

6
e- 1s2 2s2 2pX1 2p1y 2pº.
Z

A informação a retirar desta configuração é que o carbono tem 4 eletrões de valência (eletrões
do último nível de energia) que se distribuem por 3 orbitais atómicas de valência (25, 2pxe 2p)-

1+1%1·1·11=+ili·I
15. Considere o átomo de fósforo (15 P} e as configurações eletrónicas seguintes:

(A) 152 25 2 2p6 352 3p 2X 3p1y 3pºZ (C) 152 252 2p 5 35 2 3p1X 3p1y 3p2Z
(8) 152 251 2p 6 35 3 3p1X 3py1 3p1Z (D) 15 2 25 2 2p6 35 2 3pX1 3p1y 3p1Z

Indique, justificando, quais as configurações que:


15.1 correspondem ao estado fundamental do fósforo;
15.2 correspondem a um estado excitado do fósforo;
15.3 são impossíveis.

& 15.1 (D). Segue o Princípio da Construção, não viola o Princípio da Exclusão de
Pauli e maximiza o número de eletrões desemparelhados (orbitais 3p).
15.2 (A) e (C). A configuração (A) não maximiza o número de eletrões desempa-
relhados. A configuração (C) não segue o Princípio da Construção.
15.3 (8). Viola o Princípio da Exclusão de Pauli. As orbitais do tipos comportam
no máximo 2 eletrões.

28
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

1.2.9 Teste de chama (AL 1.2)

O teste de chama permite reconhecer a presença de um


ou mais elementos químicos numa amostra (análi se ele-
mentar qualitativa), ao observar a cor da chama quando
nela se coloca a amostra (Fig. 1.23). A eficácia deste método
depende da natureza dos elementos prese ntes na amos-
Fig. 1.23 Testes de chama do lítio e do
tra e da tempe ratu ra da chama. sódio.

16. Num espet áculo foram usados quatro foguetes de fogo de artifício colorido, conten-
do as seguintes substâncias adicionadas à pólvora:

• 1.º foguete: sal cujo elemento metálico pertence ao grupo dos metais alcalinoterrosos;
• 2.0 foguete: sal cujo elemento metálico é um metal de transição;
• 3. 0 foguete: NaC€;
• 4.º foguet e: sal cujo elemento metálico pertence ao 2.º período.

A tabela apresenta as cores da luz emiti-


Sal Cor
da por alguns sa is usados na indústria de
pirotecnia. Cloreto de bário Verde

Cloreto de cobre li Verde-azu lada


16.1 Com base na informação, indiqu e
a sequência de cores observadas Cloreto de lítio Vermelha
quando foram lançados os quatro
Cloreto de potássio Vio leta
foguetes.
16.2 Elabore um texto em que exp lique Cloreto de sódio A marela

os processos envolvidos nas cores


observadas no fogo de artifício.
16.3 Justifique quais são as partículas responsáveis pelas cores observadas.
16.4 Explique por que é que a luz emitida por diferentes iões tem cor diferente.

a 16.1 Verde, verde-azulada, amarela, vermelha. Substâncias adicionadas à pólvo-


ra dos foguetes: cloreto de bário (1.º foguete), cloreto de cobre li (2.º fogue-
te), cloreto de sódio (3.0 foguete) e cloreto de lítio (4.0 foguete).

16.2 As cores observadas no fogo de artifício resultam da emissão de radiações


visíveis. A energia libertada na combustão da pólvora produz a excitação
dos átomos. O excesso de energia adquirido pelos átomos vai ser libertado
na emissão de radiação na região do visível.

16.3 Como os sais usados nos foguetes só diferem no catião, as cores que se
observarão resultam da emissão de luz pelos átomos dos metais.

16.4 Cada átomo tem um conjunto de subníveis de energia característico. Em


consequência, a variação de energia do eletrão entre dois estados é diferen-
te em elementos diferentes. A cada uma dessas variações corresponde uma
radiação de determinada frequência, daí as cores diferentes.

29
QUÍMICA 10.0 Ano

1.3 Tabela Periódica


1.3.1 Evolução histórica da Tabela Periódica

No século XIX, ainda antes de se conhecer a existência dos eletrões e dos protões, os quími-
cos criaram a Tabela Periódica ordenando os elementos de acordo com as massas atómicas.
Newlands verificou que as propriedades dos elementos se repetiam de oito em oito: Lei das
Oitavas (1864).

Alguns anos mais tarde, Dmitri Mendeleev, em 1869, e Lothar Meyer, em 1870, apresentaram,
independentemente, uma tabela dos elementos baseada nas regularidades das proprieda-
des das substâncias respetivas, o que permitiu prever a existência de novos elementos. Em
1913, Henry Moseley demonstrou que a carga do núcleo de um átomo é característica do ele-
mento químico e pode exprimir-se por um número inteiro, o número atómico. Os elementos
passaram a ser ordenados segundo os números atómicos crescentes.

Atualmente, a Tabela Periódica é constituída por 118 elementos distribuídos em 7 linhas hori-
zontais (períodos) e 18 co lunas verticais (grupos).

1.3.2 Estrutura da Tabela Periódica: grupos, períodos e blocos

As configurações eletrónicas dos átomos dos elementos permitem explicar a repetição das
propriedades físicas e químicas das respetivas substâncias elementares.

Os elementos de um grupo apresentam propriedades semelhantes. Verifica-se que os áto-


mos dos elementos do mesmo grupo têm igual número de eletrões de valência (eletrões do
último nível de energia), distribuídos por orbitais do mesmo tipo. O número de eletrões de
valência coincide com o número do grupo, no caso dos elementos dos grupos 1 e 2; coincide
com o algarismo das unidades do número do grupo para os elementos dos grupos 13 (3 ele-
trões de va lência) a 18 (8 eletrões de valênc ia).

Atendendo ao tipo de orbitais dos eletrões de valência dos átomos dos elementos no esta-
do fundamental , estes podem ser agrupados em quatro blocos: o blocos (configuração de
valência nsx) engloba os elementos dos grupos 1 e 2 e o hélio; o bloco p (orbitais de va lên-
cia tipo p em preenchimento) engloba os elementos dos grupos 13 a 18 (exceto o hélio); o
bloco d (configuração de va lência ncf< (n + 1) sY) engloba os elementos dos grupos 3 a 12;
o bloco f (lantanoides e actinoides) com orbitais f parcialmente preenchidas {Fig. 1.24).

18
13 14 15 16 17 1s
2 2p
3 3 4 5 6 7 8 9 101112 3p
3d 4p
4d
5d ••••
••••
5p
6p
7 6d

4f
5f
7p

Fig. 1.24 Blocos s, p , de f na


Tabela Periódica.

Os elementos de um mesmo período n têm os eletrões dos átomos, no estado fundamental,


distribuídos pelo mesmo número, n, de níveis de energia.

30
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

1.3.3 Elementos representativos e de transição

Os el ementos dos grupos 1, 2 e 13 a 17 sã o de- 18


ík 13 14 15 16 171
sign ados representativos; os dos grupos 3 a 11 2
u, u,
3 o>
são elementos de transição (Fig. 1.2s). u, 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 ~
4
5
- "'
o.:;
e -
a, e
E 8l
Zn Elementos e
u,
Cd representativos Q)
.o
o
Q) Q)
m a. rLa- Elementos de transição - u,
6
~ r-
Hg
- "'
(9
7 Ac Cn

Elementos de transição interna


1

Fig. 1.25 Tabela Perió dica: e lementos


representativos e de tra nsi ção.

1.3.4 Famílias de metais e não-metais

Os elementos podem dividir-se em metais e


■ ■
não-metais (Fig. 1.26). ■■ ■■■■■■
■■ ■■■■■■
■■■■■■■■■■■■■■■■■■
■■■■■■■■■■■■■
La
■■■■■■■■■■■■■
~ ■■■■■■■■■■■ ■
~ ■■■■■■■■■■■■

Metais ■■ Não-metais

Fig. 1.26 Tabela Periódica: metais e não-metais.

M+i+ii·l·it4Hli·I
17. Considere as configurações eletrónicas apresentadas na tabela (as letras X, Y, Z e W
não correspondem a símbolos químicos).

(A) O elemento Y é um metal de transição. Elemento Configuração eletrónica


(B) O elemento Z localiza-se no 3. 0 período
X 152 252 2p6 352 3p6 45 1
e é um não-metal.
y 152 25 2 2p6 35 2
(C) O elemento W é um gás nobre e locali-
za-se no 2.º períod o. z 152 252 2p 4
(D) Os elementos X e Y situam-se, respeti- w 152 252 2p 6
va mente, nos grupos 14 e 13 da Tabela
Periódica.

& (C). Y não é um elemento de transição porque não pertence ao bloco d da Tabela
Periódica, ou seja , não tem eletrões de valência distribuídos por orbitais d.
O elemento Z tem os eletrões distribuídos por dois níveis de energia, o que per-
mite localizá-lo no 2. 0 período; como tem 4 eletrões de valência distribuídos por
orbitais p , é um elemento do bloco p .
O elemento W localiza-se no grupo 18 (tem 8 eletrões de valência), o que permite
cl assificá-lo como um gás nobre. Localiza-se no 2.º período, uma vez que os ele-
trões estão distribuídos por dois níveis de energia.
O elemento X tem 1 eletrão de valência e o Y tem 2, o que permite localizá-los nos
grupos 1 e 2, respetivamente.

31
QUÍMICA 10.0 Ano

1.3.5 Propriedades periódicas dos elementos representativos

Não se deve confu ndir elemento com substância elementar. Por exemplo, ao elemento po-
tássio, K, corresponde a substância elementar potássio, que é um metal formado por muitos
átomos de potássio. Ao mesmo elemento também podem corresponder subst âncias elemen-
tares diferentes. Ao elemento oxigén io, O, por exemplo, correspondem várias substâncias
elementares, tais como o di-oxigénio, 0 2 , e o o zono, 0 3 . A mbas são gasosas à temperatura
ambiente e à pressão atmosférica normal.

Elem entos e substâncias elementares têm características diferentes. Ass im, fala-se de confi-
guração eletrónica, raio atómico e energia de ionização do elemento, mas não da substân-
cia elementar. Fala-se d o estado físico, ponto de fusão, ponto de ebulição e densidade da
substância elementar, mas não do elemento.

O raio atómico (u ma medida do ta manho dos átomos) e a energia de ionização são duas pro-
priedades fu ndamentais dos elementos, diretamente relacionadas com a estrutura eletrón ica
dos átomos . Estas propriedades variam de forma regular ao longo de grupos e períodos da
Tabela Periódica, pelo que se designam por propriedades periódicas.

Raio atómico

O tamanho dos átomos é determin ado pela nuvem eletrónica, sendo o raio at ómico uma me-
dida do tamanho dessa nuvem (Fig. 1.21).

Fig. 1.27 Raios atómicos do sódio e do cloro

De um modo geral, o raio atómico aumenta ao longo do grupo e d iminui ao longo do período
(Fig. 1.28).

2 13 14 15 16 17 18
H He
.j .j
37 31
Ne
Li B B _g) ~
152 112 85 77 75 73 72 71

Na Mg AC Si p s ~ A
186 160 143 118 110 103 100 98

K Ca Ga Ge As Se fü K~

227 197 135 122 120 119 114 112

ln Sn Sb Te Xe
248 215 167 140 140 142 133 131

TI Pb At Rn
265 222 170 146 150 168 (140) (141)

Fig. 1.28 Variação do raio ató mico na Tabela Periódica.

32
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

Num mesmo grupo (i gual config uração eletrónica de va lência), co m o aumento do número
atómico (Z), os eletrões de valência ficam, em média, mais afastados do núcleo, uma vez
que há preenchimento de mais níveis de energia.

Num mesmo período (eletrões distribuídos pelo mesmo número de níveis de energia), à medi-
da que o número atómico, Z , aumenta, ou sej a, à medida que a carga nuclear aumenta, os
eletrões vão ser mais atraídos pelo núcleo; como o número de eletrões de va lência aumenta,
a repulsão entre eles t ambém aument a. No entanto, o fator predominante é o da atração ao
núcleo (a umento da carga nuclear) e por conseguinte os eletrões fica m mais próximos do núcleo.

Energia de ionização

Energia de ionização, E;, re laciona-se com a energia mínima necessária para extrair um ele-
trão de um átomo no est ado fu ndamental, isolado e em f ase gasosa.
X (g) ~ x• (g) + e -
Verifica-se que, de um modo geral, a energia de ionização diminui ao longo do grupo e au-
menta ao longo do período {Fig. 1.29}.

Fig. 1.29 Variação da energia de ionização n a Tab ela Periódica.

Para os elementos do mesmo grupo, com o aumento do número atómico, Z , os eletrões deva-
lência vão ficando cada vez com maior energia, pois aumenta o número de níveis de energia
preenchidos, sendo necessária menos energia para os remover (Fig. 1.30}.

n ~ oo - - ~ - - -

E(n = 2) n=3
J =
---.e---- E,(n 3)

n =2 ----e.t'.----
Fig. 1.30 Num mesmo grupo, é necessária menos energia
para remover o eletrão mais exterior de n = 3 do q ue para
remover o eletrão mais exterior de n = 2.

Para os elementos do mesmo período, à medida que a carga nuclear aumenta, os eletrões
de valência vão sendo mais atraídos pelo núcleo, aument ando a energia necessária para os
remover.

33
QUÍMICA 10.0 Ano

18. O su lfato de alumínio, A-€2 (SO4 ) 3 , utilizado no t ratamento de águas e de efl uentes
industriais, é constituído por alumínio, A-€, enxofre, S, e oxigénio, O.
Tendo em consideração as configurações elet rónicas desses átomos no estado
fundamental, explique porq ue é que:

18.1 o átomo de alumínio apresenta menor energia de ionização do que o átomo de


enxofre;
18.2 o raio atómico do oxigé nio é menor do que o raio atómico do enxofre.

& 18.1 13Af - 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1 ; 16S - 1s2 2s2 2p 6 3s 2 3p4 • Os eletrões mais ener-
géticos (eletrões de valência) dos átomos de alumínio e de enxofre, no estado
fundamental, encontram-se no mesmo nível de energia (n = 3). Sendo a carga
nuclear do átomo de alumínio (+13) inferior à do átomo de enxofre (+16), a força de
atração exercida pelo núcleo do átomo de alumínio sobre os eletrões de valência
respetivos é menor do que a força exercida pelo núcleo do átomo de enxofre
sobre os eletrões de valência respetivos. Assim, será necessário fornecer menos
energia para remover um dos eletrões de valência mais energéticos do átomo de
alumínio do que para remover um dos eletrões de valência mais energéticos do
átomo de enxofre.

18.2 8 0 -1s2 2s 2 2p4 ; 16S -1s 2 2s 2 2p6 3s2 3p4 • O oxigénio e o enxofre apresentam
o mesmo número de eletrões de valência (6). Os eletrões de valência do átomo
de oxigénio encontram-se no nível n = 2, enquanto os do átomo de enxofre se
encontram no nível n = 3 (mais níveis de energia preenchidos). Assim, os eletrões
de valência do átomo de oxigénio encontram-se, em média, mais próximos do
núcleo respetivo do que os do átomo de enxofre, pelo que o raio atómico do oxi-
génio é menor do que o raio atómico do enxofre.

Como se explica que os metais tenham tendência para formar iões positivos e os não-metais
iões negativos?

Os átomos ao reagirem têm tendência a adquirir a maior estabilidade possível, ou seja, a


adquirir uma configuração eletrónica semelhante à dos átomos dos gases nobres (níveis de
energia completamente preenchidos).

Os metais apresentam, em geral, baixas energias de ionização. Assim, tendem a perder ele-
trões, origi nando iões pos itivos. Os metais dos grupos 1 (metais alca linos) e 2 (metais alca li-
noterrosos) são os que têm as menores energias de ionização, pe lo que são muito reativos,
perdendo faci lmente eletrões e dando origem a iões positivos muito estáveis.

Os não-metais apresentam energias de ionização ma iores, sendo os elementos do grupo 18


(gases nobres) os que apresentam os valores ma is elevados. Os átomos destes elementos
(exceto os do grupo 18) têm tendência para captar eletrões, transformando-se em iões nega-
t ivos estáveis.

34
DOMÍNI01 Elementos químicos e a sua organização

Os átomos dos gases nobres são muito estáveis, ou seja, não formam facilmente iões nem
se ligam fa cilmente a outros átomos, pois têm os se us níveis eletrónicos t ota lmente preenchi-
dos. Assim , as respetivas substâncias elementares são t ambém muito estáveis, e monoatómi-
cas , pelo que também só muito dificilmente reagem com outras substâncias.

M·M¼l+l1+%!N
19. As figuras mostram a variação da energia de ionização (A) com o número atómico
e va riação do raio atómico (B) para os 20 primeiros elementos químicos da Tabela
Periódica.

A B
EJ eV
H He
25 .J ,J
37 31
20 Ne
Li B _§) 19 <.Q) f)
15 152 1 12 85 77 75 73 72 71

Na Mg At Si p s 0 A
rn6 160 143 118 110 103 100 98
5
K K Ca
o
5 15 20 z 227 197 Valores em picómetros (pm)

19.1 A partir da análise das informações fornecidas nas figuras A e B, comente a


segu inte afirmação: «Os metais alcalinos reage m violentamente com a água.»
19.2 Os átomos de cloro formam facilmente iões cloreto.
Conclua, justificando com base na posição do elemento cloro, ce, na Tabe la
Periódica, qual será a carga desses iões.

~ 19.1 O lítio, o sódio e o potássio são elementos do grupo 1, pertencendo à família


dos metais alcalinos. A sua grande reatividade deve-se ao facto de os seus
átomos terem uma baixa energia de ionização: perdem facilmente o seu úni-
co eletrão de valência, transformando-se em iões monopositivos.
Os elementos dos metais alcalinos são os que apresentam menor carga
nuclear e maior raio no respetivo período, assim, o seu eletrão de valência
encontra-se, em média, mais afastado do núcleo e, por isso, é menos atraído,
o que corrobora o facto de ser necessário menos energia para a sua remoção.

19.2 O cloro encontra-se no grupo 17 da Tabela Periódica, o que significa que


os átomos de cloro têm 7 eletrões de valência, apresentando uma grande
tendência para ganhar um eletrão, de modo a adquirirem a configuração
eletrónica do gás nobre mais próximo (Ar). Conclui-se, assim, que a carga
dos iões cloreto será -1.

35
QUÍMICA 10.0 Ano

1.3.6 Densidade relativa de metais (AL 1.3)

A massa volúmica (ou densidade), p , define-se como o quociente entre a massa, m, de uma
amostra da substância e o seu vo lume, V, sendo constante para cada substância, nas mesmas
m
condições de pressão e temperatu ra: p = v·
A densidade relativa, d, de uma substância, grandeza adimensional, é igual ao quociente entre
a sua massa volúmica , p, e a massa volúmica de outra substância, considerada como referência .
Para sólidos e líquidos, a substância de referência é a água, à temperatura de 4 ºC.

d = Psubstância
P referência

A 4 ºC, a massa volúmica da água é 1,000 g cm-3 , por isso, a densidade relativa de um sólido ou
líquido é numericamente igual à massa vo lúmica respetiva, expressa em g cm-3 .

A densidade relativa pode ser ca lculada pelo quociente entre a massa de um certo volume de
substância e a massa de igual volume de água, a 4 ºC:

msubstância
d= P substãncia = V m substância
págua a 4 ºC mágua a 4 º C m água a 4° C
V
A densidade relativa de materiais no estado sól ido pode determinar-se utilizando um picnóme-
tro de só lidos (Fig. 1.31).

mágua =m'- m"

m m"

Pesa-se o sólido. Pesa-se o picnómetro Pesa-se o picnómetro


cheio de água, até ao traço cheio de água, até ao traço
de referência, e o de referência, com o corpo
sólido ao lado. dentro do picnómetro.

Fig. 1.31 Determinação da densidade relativa de um sóli d o por picn om etria.

20. Numa aula de laboratório distribuíram-se aos alun os pequenos objetos metálicos.
Um grupo de alunos resolveu determinar a densidade relativa do material metálico
por picnometria. Os ensaios foram feitos à temperatura de 20 ºC. A tabela seguinte
apresenta os reg istos efetuados pelo gru po de alunos.
Despreze a var iação da densidade da água com a temperatura.

água ,lg
17,377 97,104 95,146

2 17,376 97,105 95,145

3 17,376 97,105 95,145

36
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

20.1 Calcule a densidade relativa do material.


20.2 Qual é o significado do valor obtido para a densidade rel ativa do metal?
20.3 Face aos resultados obtidos e tendo em conta os dado s da seguinte tabela de
densidades, será possível identifica r o material dos objetos?

A lumínio 2,70

Ferro 7,86

Latão 8,1 a 8,6

Cob re 8,9 2

20.4 Determine o erro percentual do resultado obtido para a densidade relativa


do metal e relacione-o co m a exatidão desse resultad o.

201 = m, + m2 + m 3 17,377 + 17,376 + 17,376


_ _ _ _3_ _ _ _ g = 17,376 g
• m sólido 3

97,104 + 97,105 + 97,104


m \pic.+água)+objetos = g = 97,104 g
3

95,146 + 95,145 + 95,145 = 95145


m ''(pic. +água+ objetos) 3 g ' g

máguacom o mesmo volume = m' - m" = (97,104 - 95,145) g = 1,959 g

Densidade relativa à temperatura da experiência (20 °C):

m sólido
17,376
d= ⇒ d= - - =8870
m agua
. 1,959 '

20.2 A densidade relativa do metal, a 20 ºC, é 8 ,870, o que significa que a sua
massa volúmica é 8,870 vezes maior do que a massa volúmica da água.

20.3 Comparando a densidade relativa medida com a dos objetos, por maior
proximidade, conclui-se que, provavelmente, o material constituinte dos ob-
jetos será o cobre.

_ erro (%) = valor experimental - valor de referência x =


20 4 100
valor de referência
8,870- 8,92
- - - - - X 100 = - 0 ,56%
8,92

37
QUÍMICA 10.• Ano

Questões propostas

Massa e tamanho dos átomos

1. Cada substância é constituída por unidades estruturais características que se repetem ao


longo de toda a sua extensão. As unidades estruturais de algumas substâncias são átomos .
Estes são formados por partículas ainda mais pequenas: protões, neutrões e eletrões.

Espécie química N.º de protões N.0 de neutrões N.0 de eletrões

w 17 18 17

X 12 14 10

y 17 20 18

Com base na informação fornecid a, pode concluir-se que

(A) X é um anião.
(8) o número de massa de X é 26.
(C) W e Y são átomos do mesmo elemento.
(D) Y é um catião.

2. Uma amostra de silício contém 2 ,5 x 1025 átomos. Destes, 2,3 x 1025 são do isótopo Si- 28,
1,2 X 1024 de Si-29 e 8 X 1023 de Si-30.

Qual dos valores seguintes poderá representar a massa atómica relativa média do silício?

(A) 28,1
(8) 29,0
(C) 29,5
(D) 30,1

3. O boro apresenta dois isótopos naturais, '~B e ~B. de massas isotópicas, respetivamente,
10,0129 e 11,0093. A abundância relativa do boro- 10 é 19,78%.

3.1 Calcule a massa atómica relativa média do boro.

3.2 A massa calculada não é a média aritmética das massas isotópicas porque
(A) há um erro experimental na determinação da massa atómica relativa média do boro.
(8) na Natu reza, o boro resulta da mistura de dois isótopos com abundâncias relativas
diferentes.
(C) no núcleo do átomo existem outras pa rtículas além dos neutrões e protões.
(D) a massa atómica relativa média indica o número de vezes que a massa de um átomo
é maior do que a massa-padrão.

4. A s massas isotópicas do lítio-6 e lítio-7 são, respetivamente, 6,0151 e 7,0160. A m assa ató-
mica relativa média do lítio é 6,941.

Qual dos valores seguintes poderá representar a abundância relativa do lítio-7?

(A) 70,2%
(8) 92,5%
(C) 7,5%
(D) 50%

38
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

5. O elemento gálio, Ga, tem dois isótopos naturais estáveis, o gálio-69 e o gálio-71, como
mostra o seu espetro de massa.

~ 68,925580
~ 60,11
o
i5.
•O
õ 70,924700
-~ 39,89
ro
õ
e
<(Ú
-o
e
~
.o
<(

67 68 69 70 71 72 73
Massa isotópica

5.1 Atendendo à abun dância nat ural de cada isótopo, numa amostra de 10 000 átomos de
gálio, quantos são de gálio-69?

5 .2 Dete rm ine a massa at ómica relativa média do gálio.


5.3 Preveja quantos átomos de gálio-71 é poss ível encontrar em 5,00 g de gálio.

6. Desde que, em 1959, Richard Feynman lançou as primeiras ideias de criação de objetos
e equipamentos minúsculos para executarem tarefas então impossíveis até que, em 1981,
Eric Drexler lançou o seu projeto de manipulação molecular falando pela primeira vez em
nanotecnologia, percorreu-se um longo caminho a um ritmo avassalador.

6 .1 Indique o significa do do termo nanotecnologia e em que consiste.

6 .2 Indique duas das áreas de aplicação da nanotecnologia.

7. A fim de compreender o mundo das nanotecnologias, precisamos ter uma ideia das unida-
des das dimensões envolvidas. Um milímetro é um milésimo de um metro e um micrómetro
é um milionésimo de um metro, mas todos estes ainda são enormes em comparação com
a escala nanométrica. Um nanómetro (nm) é um milésimo de um milionésimo de um me-
tro, e uma dezena de milionésimo da espessura de um cabelo humano.
Apresente a espessura de um cabelo humano em notação científica e na unidade SI de
base.

8. A figura representa um átomo de hélio do qual se destaca o seu núcleo.

8.1 Com recurso à escala que consta da f igura, indique


a ordem de grandeza do ra io do átomo de hélio na
unidade SI de base.

8.2 O diâmetro do núcleo é menor do que o diâmetro


do p róprio átomo cerca de

(A) 102 vezes.


(8) 104 vezes.
(C) 10 5 vezes.
(D) 106 vezes.

39
QUÍMICA 10.• Ano

Questões propostas

9. Com o desenvolvimento tecnológico,


criaram-se máquinas que permitiram
obter imagens reais de superfícies com
resolução atómica, como foi o caso do
microscópio eletrónico de varrimento
por tunel amento (STM , sigla em inglês
para scanning tunneling microscope).

A figura mostra o modelo da molécula


de hexabenzocoroneno (A) e a imagem
obtida por STM (8) (1 Â = 10- 10 m).

9.1 Com base na esca la da fi g ura, estime o diâmetro aproximado da molécula de hexabenzo-
coroneno na unidade de base do SI.

9.2 Determin e o fator de ampliação usado na imagem.

10. O TNT, trinitrotolueno, é um sólido cristalino amarelo altamente explosivo, utilizado


para fins militares ou para explora ção de jazidas minerais.
A fórmul a química do TNT é C7 H5 (N0 2 ) 3 •

10.1 A expressão que perm ite determinar o número de molécu las em 1,0 kg de TNT é

227,15 X 6,02 X 10 23 227,15 X 6,02 X 10 23


(A) N = (C) N =
1,0 X 10-3 1,0 X 10 3

1,0 X 6,02 X 10 23 1,0 X 6,02 X 10 23


(B) N = (D) N=
2 27,15 X 10- 3 227,15 X 10 3

10.2 Determine a massa de hidrogén io que existe em 3 ,6 x 10 24 moléculas de trin itrotolueno.

10.3 Dete rmin e a relação entre as massas de carbono e nitrogénio numa amost ra de TNT.

11. O pentóxido de vanádio, V 2 0 5 , é um composto usado como corante nas indústrias da ce-
râmica e do vidro, e apresenta propriedades catalíticas importantes em muitos processos
industriais.

11.1 Descreva a composição q ualitativa e quantitativa do pentóxido de vanádio.

11.2 A fração que corresponde ao contributo do oxigén io pa ra a massa de pentóxido de va-


nád io é aproximadamente

(A) 0,44. (C) 0,78.


(B) 0 ,71. (D) 0 ,40.

11.3 Determine a quantidade de va nád io que existe em 2,3 kg de V 2 0 5 .

12 . O ouro utilizado no fabrico de joias é, na verdade, uma liga. Determinou-se a composição


de uma pulseira e verificou-se que continha 19,700 g de ouro, 4,316 g de prata e 2 ,540 g
de cobre.
A proporção de átomos de cada elemento (Au : Ag : Cu) nessa liga é

(A) 1 : 4: 4.
(8) 5 : 1 : 1.
(C) 8: 2 : 1.
(D) 5 : 2 : 2.

40
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

13. Em 1989, o físico norte-americano Don ald Eigler e os seus colabora-


dores conseguiram desenhar o logótipo mais pequeno do mundo,
reunindo trinta e cinco átomos de xénon, Xe, depositados sobre uma
superfície de níquel, Ni. A altura da letra 1, formada por nove átomos de
xénon, é de 5 ,0 nm.
Carlos Fiolhais, Nanotecnologia: o futuro vem aí! (adaptad o)

13.1 Determine a ordem de grandeza do diâmetro do átomo de xénon na


unidade base do SI.

13.2 Supondo que o quocient e e ntre o número de átomos de níquel na superfície e o número
de át omos de xénon utili zados no logótipo é 6,8 x 10 5 , determin e a massa de níquel no
logótipo.

14. Já existe, graças à nanotecnologia, um vidro com fun ção de autolimpeza. Isso é possível
devido à existência de uma camada ultrafina de óxido de titânio, Ti0 2 , aplicada no lado
exterior do vidro.

Determine a espessura de uma camada ultrafina de Ti0 2 , de densidade 4,23 g cm-3 , unifor-
memente distribuído num vidro de 50 cm x 100 cm, contendo 6,02 x 10 20 átomos de titânio.

15. Um grupo de alunos transferiu de uma bureta um certo número de gotas de água para um
gobelé que se encontrava sobre uma balança digital. A massa de água registada foi 9,542 g.
A figura mostra a posição do nível de água na bureta usada antes e após a transferência
referida.

15.1 Ind ique a incert eza de leitura da bureta e da ba lança


usadas. 20 ml ~ 9

15.2 Determine o volume das gotas de água tra nsferidas -=-º : 10


com o número de algarismos significativos adeq uado.
~ l
:. 11
15.3 Determine o número de gotas transferidas, sabendo
:2
qu e cada gota conté m 1,45 x 1021 moléc ulas de água.
Ap resent e t odas as etapas de reso lução e o resultado
com três algarismo significativos.
i 12

15.4 Os alunos fi lma ram a experiência que realizaram. Du- início fi m


rante a revisão das imag ens, constataram que o núme-
ro de got as caído foi superior ao que tinham contado.
Explique, sem efetuar cálcu los, se est e erro afetou a
determ inação do volume de uma gota por excesso ou
po r defeito.

15.5 Um outro grupo de alunos, para o mesmo número de gotas, e usando a mesma buret a,
obteve a massa de 9,5 g numa balança digita l. Este valor perm ite concluir que este gru-
po de alunos usou uma ba lança ______ e o va lo r medido pode est ar compreen-
dido entre _ _ _ _ __

(A) mais precisa ... 9,4 g e 9,6 g.


(B) menos p recisa ... 9,4 g e 9,6 g.
(C) mais precisa ... 9,45 g e 9,55 g.
(D) menos precisa ... 9,45 g e 9,55 g.

41
QUÍMICA 10.• Ano

Questões propostas

Energia dos eletrões nos átomos

16. Os espetros podem ser de emissão ou de absorção, consoante resultem da luz emitida
por uma amostra ou obtidos depois de a luz emitida por uma fonte atravessar a amostra.
Considere os espetros seguintes:

(A)
1 li
(B)
---
111111 1

111111

16.1 Class ifique os espetros A e B.

16.2 O carbono e o tu ngsténio são alguns dos materiais usados no fil amento de lâm padas
inca ndescentes. Os espetros A e B poderão corresponder à radiação emitida por fil a-
ment os de lâmpadas incandescentes?

17. Luz não é só a luz visível. Os raios gama, os raios X , os raios ultravioleta, os infravermelhos,
as micro-ondas e as ondas de rádio também são luz. Os diferentes tipos de luz designam-se
por radiações eletromagnéticas.
li Ili IV

17.1 As radiações que est ão associadas às situações ilustra das nas figuras são
(A) 1: raios gama; li: infravermelhos; Ili: ondas de rádio; IV: micro -o ndas.
(B) 1: raios X; li: infrave rmel hos; Ili: visível; IV: micro-ondas.
(C) 1: raios X; li: u ltravioleta; Ili: v isível; IV: infravermel hos.
(D) 1: raios gama; li: ultravioleta;III: ondas de rád io; IV: infravermelhos.

17.2 Coloq ue as ra diações ilust radas nas figuras por ordem crescente de energia dos fotões
respetivos.

18. Em 1913, Niels Bohr apresentou um novo modelo para o átomo. Qual das seguintes afirma-
ções é uma das características do modelo de Bohr?

(A) O comportamento dos eletrões nos átomos é descrito po r orbitais.


(B) Os átomos de hidrogénio apenas emitem determi nadas radiações porque a energia do
eletrão no átomo só pode ter certos va lores .
(C) Os átomos são esferas maciças de carga pos itiva uniformemente distribuída, na qual se
encont ram dispersos os eletrões.
(D) A cada estado est acionário do eletrão no átomo está associa da a emissão de uma radia-
ção de determi nada freq uência.

42
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

19. O espetro de emissão do hidrogénio ató mico apresenta riscas de frequências bem definidas
que correspondem à emissão de quantidades discretas de energia. Explique como é que
este facto conduziu ao modelo atómico de Bohr.

20. Quando o átomo de hidrogénio absorve energia, E/ 10 -•• J n


o seu eletrão transita de um nível de menor ener-
gia para um nível de maior energia. O diagrama de
-2,42 .~
3

energia ao lado apresenta os três primeiros níveis


-5,45 2
de energia para o eletrão do átomo de hidrogénio. ••
Verifique, apresentando todos os cálculos necessá- B
rios, se as transições A e B poderão corresponder A
à absorção dos fotões f 1 e f2 , cujas energias são -21,8
1,60 x 10-19 J e 1,94 x 10-19 J , respetivamente.

21 . O espetro de emissão na região do visível do hi-


drogénio pode obter-se em laboratório, produzindo
uma descarga elétrica numa âmpola de hidrogénio,
E, = -1 ,36 x ,o-19 J
sendo a risca de menor energia de cor vermelha. E3 = -2.42 X 10- 19 J ~ - - - - - - - n- 3
O diagrama representa os níveis de energia para o
átomo de hidrogénio.
,,. ~~-m•.. 1 -,
21.1 O es petro de absorção do hidrogénio consiste 1

numa série de riscas negras num f undo colori-


do. Exp lique como se obtém a risca ne gra situa-
da na zona vermelha do espetro.

21.2 Calcule a e nergia do fotão emitido quando o


eletrão transita do segun do est ado excitado
E, = -2,18x 10- 18 J
para o estado fundam ental. - - - - - - - - n=l

22. Uma amostra de um sal desconhecido foi submetida ao aquecimento por uma chama para
se obter o seu espetro de emissão na região do visível.

22.1 Por comparação com os espetros de


absorção dos elementos lítio e cálcio, Lítio
conclua, j ust ificando, se algum destes
elem entos integra a constitu ição do Amostra
sal descon heci do.

Cálcio

22.2 Selecione a opção correta.

(A) A ene rgia fornec ida pela chama à amostra excita os átomos de modo que os seus
eletrões transitem de níveis de maior energia para níveis de menor energia.

(8) O sa l testado deverá te r uma cor az ulada, pois há um p redomínio de riscas azuis no
espetro d e emissão da amostra.

(C) A risca vermel ha do espetro de emissão resu lta de uma desexcitação dos eletrões
dos átomos da amostra de menor d iferença energética do que a associada à emis-
são das riscas azuis.

(D) Qua ndo os eletrões dos átomos da amostra regressam ao est ado fu ndamental,
ced em mais ene rgia do que a forn ecida pela c hama na excitação desses eletrões.

43
QUÍMICA 10.• Ano

Questões propostas

23. A figura representa as quatro riscas de menor energia do espetro de emissão do átomo de
hidrogénio na região do visível.
A B C D

1.1. 1 . .1 J 1

Frequência

23.1 Concl ua entre que níveis de energia ocorre a tra nsição eletrón ica responsável pela
risca des ignada por D.
A presente, num text o estruturado e com linguagem científica adeq uada , a fundamenta-
ção da concl usão solicitada.

23.2 Os espetros das estrelas, na região do visível , apresentam -se como uma faixa luminosa
contínua contendo riscas negras em todas as co res do arco-íris. Essas riscas revelam a
composição química das camadas superficiais das estrelas.
Ex plique como é possíve l concluir, a partir do espetro de uma estrela, se há hidrogénio
nas ca madas superficiais dessa estre la.

24. No teste de cham a realizam-se vários ensaios com diferentes sais. Na tabela que se segue
indicam-se as cores das chamas associadas a alguns sais.

Cloreto de sódio Cloret o de potássio Cloreto de cobre (li)

Corda chama Amarela Violeta Verde-azulada

Na queim a destes sais pode ser utilizado o equipamento esquem atizado na figura.

24.1 Indique o nome deste equipamento laboratorial.


24.2 Est e equipamento perm ite reg ular a entra da de ar no tubo
de comb ustão tornando a chama ma is o u menos energética.
Explique porque se t orna mais difícil identificar o potássio
com este test e do que o sódio ou o cobre, no caso de a cha-
ma ser pouco energética.

24.3 Indique uma limitação deste teste de chama.


24.4 No rótulo do frasco de cloret o de cobre (li) enco ntra-se o pictograma da
fi g ura. Indique o sign ificado deste pictograma e uma medida de seg uran-
ça a ter e m co nta na utilização deste sal.

25. A espetroscopia fotoeletrónica (PES) é uma das técnicas que permite determinar a energia
de remoção de eletrões dos átomos e, a partir delas, a energia dos eletrões no átomo.
A figura seguinte mostra o espetro fotoeletrónico simulado para um dado el emento quími-
co. O espetro contém informaçã o relativa a todos o s eletrões d e um átomo do elemento.

(/)
Q)
•e
Q)
ãi
Q)
D
~ A B e o E
~
~
zº · +-'l'--'l'-- - - - - - - - - - -"'+'------------'i.......,,.,<-
0,58 1,09 7,19
/
{

12, 1
!
15, 1
Energia de remoção / MJ moI- 1

44
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

25.1 Por quantos subníveis de energia se encontram distribuídos os eletrões nos átomos
desse elemento?

25.2 Os picos A , B e C correspondem, respetivamente, aos subníveis de energia

(A) 1s, 2s e 2p. (C) 3p, 3s e 2p.


(8) 2p, 3s e 3p. (D) 2p, 2s e 1s.

25.3 Indique o nome e o símbolo do elemento químico.

25.4 Conclua,justificando, sobre quantas orbitais são ocupadas pelos eletrões responsáveis
pelo pico C.

25.5 Os eletrões responsáveis pelo p ico E apresent am uma maior energia de remoção porque

(A) são os eletrões de valência.


(8) a sua energ ia é menor.
(C) a repu lsão eletrónica entre eles é maior.
(D) estão mais afast ados do núcleo.

26. Os espetros seguintes apresentam a energia necessária para remover um eletrão 1s de um


átomo de nitrogénio e de um átomo de oxigénio.

Nitrogénio (N) Oxigénio (O)

700 600 500 400 300 700 600 500 400 300
Energia de remoção / eV Energia de remoção / eV

26.1 Conclua, justificando, em qual dos element os, nitrogénio o u oxigénio, um eletrão 1s
tem maior energia.

26.2 A aná lise destes espetros do nitrogénio e do oxigénio permite conc luir que

(A) ambos os átomos têm o subnível 1s semipreenchido.


(8) no átomo de oxigénio existe menor repulsão eletrónica do que no de nitrogénio.
(C) át omos de e lement os d iferentes têm valores diferentes da energia dos e letrões.
(D) os eletrões podem distribuir-se por níveis e subníveis.

27. Cada um dos diagramas 1, li e Ili mostra uma distribuição de 3 eletrões em 3 orbitais 3p.

li Ili

i i i i! i ii i

Com base na informação dada, pode afirmar-se que a distribuição

(A) 1 não obedece à maximização do número de eletrões desemparelhados em orbitais


degeneradas.
(8) Ili não obedece ao Princípio de Exclusão de Pau li.

(C) li corresponde ao estado de menor energia.

(D) li é impossível, pois viola a maximização do número de eletrões desemparelhados em


orbitais degeneradas.

45
QUÍMICA 10.º Ano

Questões propostas

28. A fun ção que representa a distribuição no espaço de um eletrão no modelo quântico do
átomo designa-se por orbital.
(A) (8) (C)
28.1 Associe a cada uma das re-
z
presentações A, B e C às orbi-
tais s, p e d.

28.2 Indique o número de subní-


veis e de orbita is que existem
no nível de energia n = 3.

28.3 Os iões ma is estáveis de um elemento químico têm a configuração eletrónica [He] 2s2 2p6 .
É possível q ue o número atómico desse elemento seja _ _ _ _ _ e os seus iões mais
estáveis sejam _ _ _ __

(A) 9 ... monopositivos (C) 9 ... mononegativos


(8) 10 ... dipositivos (D) 10 ... dinegativos

Tabela Periódica
29. Observe a representação da Tabela Periódica e considere apenas o s elementos que nela
const am. Indique:

29.1 o número atómico do fósforo, P;


E]
H
- -
-
Li e O F Ne
- >-
29.2 o número de eletrões de valên- Mg p s ce Ar
cia do néon, Ne; K Zn Br
Ag 1
29.3 a configuração eletrónica do Ba Au
átomo d e enxofre, S, no esta-
do de menor energia;

29.4 o elemento do 3. período com


0
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

maior energia de ionização; --l 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

29.5 o elemento do grupo 2 com maior ra io atómico;


29.6 o elemento cuja confi guração eletrón ica, no estado fundamenta l, é 1s2 2s2 2p6 3s 2 3p6 4s1;
29.7 o halogéneo que formará o ião com maior raio iónico.

30. Relat iv am ente à disposição dos elementos químicos na Tabela Periódica, é incorreto afir-
mar que

(A) os elementos representativos têm eletrões de valência nos subníveis se p.


(8) todos os elementos de um grupo possuem a mesma configuração eletrón ica de valência.
(C) em condições normais, o árgon forma moléculas diatómicas.
(D) substâncias elementares constituídas por elementos do mesmo grupo apresentam pro-
priedades semelhantes.

31. Na tabela apresentam-se alg umas informações relativ as aos elementos químicos X, Y e Z
(as letras não correspondem a símbolos químico s).

31.1 O elemento X fH::%\d Informação

(A) pertence ao 4.º período da Tabela Periódica. X Número atómico 21


(8) tem como su bnível menos energético o 3d. y Localiza-se no 4.º período
(C) é um elemento representativo.
z Halogéneo do 2.0 período
(D) pertence ao grupo 13 da Tabela Periódica.

46
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

31.2 Pode conclu ir-se que os átomos do elemento Y, no est ado fu ndamental, apresentam
(A) 4 eletrões de valê ncia. (C) 4 subn íveis de e nergia ocupados.
(B) 4 eletrões no sub nível mais exte rno. (D) 4 níveis de energia ocupados.

31.3 O número atómico de Z é


(A) 9. (B) 17. (C) 12. (D) 10.

32. A figura apresenta o diagrama de energia das orbitais de valência dos átomos dos elemen-
tos X e Y no estado fundamental.

32.1 Conclua. j ustifica ndo, q ual dos eleme ntos, X ou Y, apresenta maior
l

Ilp l _l _!
v
energia de ionização.

32.2 A t ransformação cuja energia associada é a energia de ionização


de X é trad uzida po r
(A) X (s) - x• (g) + e- . (C) X (g) - x• (g) + e-. 1 Jl X

(B) X (g) + e- - x- (g). (D) X (s) + e - - x- (g).


32.3 O átomo Y
(A) é um não-metal.
(B) pertence ao bloco p da Tabela Periódica.
(C) apresenta o nível de va lência com plet amente p reenc hido.
(D) liga-se ao át omo X forma ndo o composto Y2 X.

33. Primo Levi, autor de uma autobiografia intitulada A Tabela Periódica, escreveu que o zinco
«(...) não estimula a nossa imaginação, é cinza e os seus sais não têm cor, não é tóxico e
não produz reações coloridas; em suma é um metal sem graça.»

33.1 Primo Levi refe ria-se ao elemento químico ou à substância elementa r?


33.2 A energ ia de ionização do zinco é 9 0 6,4 kJ mol-1. Determine, em joule, a ene rgia míni-
ma necessá ria para remover um e letrão de um át omo de zinco no estado fu ndamenta l,
isolado e em fase gasosa.

34. Os elementos do grupo 1 da Tabela Periódica são o s metais alcalinos.


34.1 O comportamento químico dos metais alca li-
nos é explicado, em parte, d evido à fraca atra-
ção do núcleo sobre o eletrão de valência. Na
figura representa-se a energia de ionização
em função do número at ómico. Qual das letras
correspo nde aos metais alca linos?

(A) W (B) X (C) y (D) Z


Número atómico

- ..
34.2 A tabela seguinte apresenta algum as p ropriedades do sódio e do potássio.

- Sódio

Potássio
Configuração
eletrónica

[Ne]3s1

[A r]4s 1
98

63
Massa volúmica /
g cm-a

0,97

0,86
180

220
Energia de ionização
/ kJ mor-1

495,7

418,6

Das propriedades apresentadas na tabela, indique as do elemento sód io e as da subs-


tância el ementar potássio.

34.3 Interprete a formação dos iões mais estáveis dos metais alcali nos.

47
QUÍMICA 10.• Ano

Questões propostas

35. Qual das representações seguintes traduz a variação do raio atómico em função do número
atómico?

(A) (C)
He
Ne

(B) (D)
F
K

Kr

36. O gráfico da figura ao lado mostra a varia- tE


ção da energia de ionização de alguns ele- --,
_::,:_
2000
mentos químicos, de A a H , em função do ----
o
>Cll 1600
número atómico. As letras não correspon- o-
Cll
dem aos símbolos químicos. ·eN
.Q 1200
QJ
36.1 Num átomo do elemento E, no esta- u
Cll
do fundamental , ex istem _ _ __ -~ 800
QJ
e
eletrõ es de valência distribuídos por w
400 A
_ _ _ _ _ orbitais.

(A) ci nco ... duas


o 2 4 6 8 10 12
(B) três ... quatro Número atómico

(C) ci nco ... quatro

(D) três ... d uas

36.2 Exp lique a ten dência do aumento da energia de ionização. Aprese nte, num texto es-
truturado e com linguagem cie ntífi ca adequada, a explicação sol icitada.

36.3 A equaçã o química que trad uz a ion ização de F é


(A) F (g) - F+(g) + e -
(B) F (g) + e- - F- (g)
(C) F2 (g) + 2 e- - 2 F- (g)

(D) F2 (g) - 2 F+(g) + 2 e-

48
DOMÍNIO 1 Elementos químicos e a sua organização

37. Para procederem à identificação da subst ância que constitui um fio metálico encontrado
no laboratório, um grupo de alunos recorreu à picnometria para determinar a densidade do
metal. A tabela apresenta os registos efetuados pelos alunos. Considere que a densidade
da água é 1,00 g /cm 3 e despreze a sua variação com a temperatura.

---
Ensaios
Descrição

Tempe ratu ra / ºC 21,0 21,0 21,0

Massa fio met álico, m / g 10,02 10,05 10 ,01

Massa do picn ómetro +água+ fio metálico no exterior, m' / g 66,07 65,80 66,01

Massa do picnómetro + água+ fio metálico no interior, m" / g 62,22 61,98 62 ,27

37.1 Ca lcule a densi dade do metal que co nstitui o fio metálico.


37.2 Dete rmine o erro percentual do resultado experimental. Considere 2,70 g cm-3 o valor
tabelado para a massa volúmica do material que constitui o fi o metálico.
37.3 Como classif ica q uanto à exatidão o res ultado obtido ex perimentalmente pelos alunos?
37.4 Indique dois erros experimentais q ue possam influenciar a exatidão do resultado.

38. Com o objetivo de determinar a densi-


dade relativa do chumbo, por picnome-
tria , dois grupos de alunos efetuaram o
procedimento esquematizado na figu-
ra. A densidade relativa do chumbo é
11,4, à temperatura de 16,0 ºC.
Os resultados das medições obtidos,
à temperatura de 16,0 ºC, por um dos
grupos de alunos, estão registados na Ili
t abela seguinte.

1- Massa de li - Massa do picnómetro Ili - Massa do conjunto (picnómetro com água


chumbo/ g com água/ g e chumbo colocado dentro do picnómetro) / g

15,84 56,29 70,79

38.1 Determ in e a densidade relativa do chumbo.


38.2 Indiq ue o significado físico do valor obtido para a densidade relativa do chumbo.
38.3 Outro grupo de al unos obteve o valor de 11,2 para a densidade re lativa do chumbo.
Determine o erro percentua l e avalie a exatidão do resultado experime ntal obtido.
38.4 Se a massa da amostra de chumbo foss e 7,92 g seria de esperar que o va lor obtido
pa ra a densi dade relativa fosse
(A) igual. (8) o dobro. (C) metade. (D) um quart o.
38.5 No caso de se fo rmarem bolhas d e ar no picnómetro após os alunos introdu zirem o
meta l, conc lua, j ustificando, se este erro afeta a determi nação da densidade re lativa do
meta l por excesso ou por defeit o.

49
QUÍMICA 10.0 Ano

Domínio 2
Propriedades e transformações da matéria
As propriedades das moléculas e dos materiais são determinadas pelo tipo de átomos, pela
energia das ligações e pela geometria das moléculas.

2.1 Ligação químico


Um sistema de dois ou mais átomos pode adquirir maior estabi-
lidade através da forma ção de ligações químicas. As interações
entre os átomos são de natureza elétrica, pois os eletrões e os
núcleos atómicos t êm ca rga elétrica.

Na Fig. 2.1 re presentam-se as interações que se estabelecem entre


Fig. 2 .1 Interações at rativas e
as partículas constituintes de dois átomos de hidrogénio. Estas repulsivas ent re as partículas
interações são: de dois átomos de hidrogénio.

• atrativas entre cargas de sinais contrários: núcleos e eletrões;


• repulsivas entre cargas do mesmo sinal: entre núcleos e entre eletrões.

A energia associada à interação entre os átomos va ria com a distância entre os núcleos. Com
a aproximação, o aumento das atrações fa z diminuir a energia e o aumento das repulsões
faz aumentar a energ ia. Quando essa energia atinge um valor mínimo, há uma distância
ca racterística, a distância de equilíbrio, para a q ual se estabelece uma ligação química. Nes-
ta situação, a energia de um conju nto de átomos ligados é menor do que a energia desses
átomos separados.

A Fig. 2.2 mostra o gráfi co da energia H- H H H


associada à interação entre os átomos
em fu nção da distância internuclea r du- Energia
ro= 74 pm
rante a formação da molécula de hid ro- o !+-- - , - - - - - -~ - - -- - -
Distância internuclear
génio. Verifica-se que:
Predominam ~ Predominam as atrações
• para grandes distâncias (átomos as repulsões
isolados), a int eração é nula, con- - 436 kJ/mol · ~ Energia de ligação = 436 kJ / mol
(menor energia potencial implica
siderando-se que a energia po- maior energia de ligação)
tencial do sist ema é nula;
Comprimento de ligação
(distância de equilíbrio)
• à medida que os átomos se apro-
Fig. 2 .2 Variação de energia potencia l de um sistema de dois
ximam, as interações entre eles átomos de hidrogénio em f unção da distância intern ucl ear.
passam a ser significativas, co m
predomínio das atrações, o que
se traduz na diminuição da ener-
gia potencial do sist ema;
• o mínimo de energia atingido (-436 kJ mo1- 1) corresponde à distância internuclear para
a qual há um equilíbrio entre as repulsões e as atrações. A molécula de hidrogénio
torna-se mais est ável e essa distância designa-se por comprimento de ligação (r0 = 74
pm). Considera-se, assim, que se estabeleceu uma ligação química entre os átomos;
• se a distância intern uclear continuar a diminuir (r < r0 ) as f orças repulsivas são predomi-
nantes, pelo que se verifica um aumento acentuado da energia potencial do sist ema e
co nsequente diminuição da estabilidade da molécula.

50
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

2.1.1 Tipos de ligação química


As ligações químicas resultam das interações entre dois ou mais átomos. Dependendo dos
átomos envolvidos na ligação, elas podem ser de três tipos: covalentes, iónicas e metálicas.
As ligações covalentes, iónicas e metálicas ca racterizam-se por uma partilha significativa
de eletrões entre os átomos.

Ligação covalente

Estas ligações ocorrem, geralmente, entre átomos de element os não-metálicos. Est e tipo de
ligação é caracterizado por uma partilha localizada de eletrões de valência entre dois áto-
mos e dá origem a substâncias cuj as unidades estruturais são moléculas (por exemplo, CO )
ou estrutu ras gigantes de átomos (por exemplo, o diamante).

Ligação iónica

Este tipo de ligação ocorre, em geral, entre átomos


de metais e não-metais. Na ligação iónica, a intera-
ção entre os átomos dá origem a transferência de
eletrões de um átomo (e lemento metálico) para outro
(elemento não-metálico), da qual resultam iões com ce-
cargas de sinal contrário. A ligação decorre da atra-
ção elétrica entre os iões positivos e negativos for-
mados. Os sais (por exemplo, NaCC) são compost os
iónicos, em que os iões positivos e negativos se orga- Fig. 2 .3 No cloreto de sód io, Nac e, os iões
(Na' e ce-) organizam-se numa re de iónica .
nizam em redes cristal inas (Fig. 2 .3).

A ligação iónica pode co nsiderar-se como um caso


extremo de partilha de eletrões que dá origem à ce-
dência, ou transferência, de eletrões entre átomos.

Ligação metálica
Eletrões de valência
Este tipo de ligação ocorre entre átomos de metais.
Os metais possuem eletrões de va lência pouco atraí-
dos ao núcleo (baixas energias de ionização), pelo que
facilmente se libertam da ação do seu átomo de ori-
gem, deslocando-se mais ou menos livremente entre
os cernes atómicos (núcleos e eletrões mais interio-
res), originando uma nuvem de ca rga elétrica negativa
que abrange toda a rede do cristal metálico (Fig. 2.4).
Na ligação metálica há uma partilha de eletrões de Cerne do átomo - catião
(núcleo e eletrões interiores)
va lência deslocalizados por todos os átomos.
Fig. 2 .4 Eletrões de valência deslocalizados
Sendo as ligações químicas de natureza essencial- numa ligação metálica.

mente elétrica, também podem ocorrer entre molé-


cu las viz inh as designando-se por ligações intermole-
culares. Nestas ligações não há partilha significativa
de eletrões e as moléculas envolvidas mantêm a sua
identidade.

51
QUÍMICA 10.0 Ano

1. Considere as subst âncias iodeto de potássio, KI , peróxido de hidrogénio, H2 0 2 , e


alumínio, A €.

1.1 Classifique a ligação que se estabelece entre:


a) o potássio, K, e o iodo, 1, no iodeto de potássio;
b) o oxigénio, O, e o hidrogénio, H, no peróxido de hidrogénio;
e) os átomos de alumín io.

1.2 Que semelhanças e diferenças se podem encontrar nas ligações entre os áto-
mos de oxigénio e hidrogénio no peróxido de hidrogénio, Hp 2 , e entre os áto-
mos de alumínio, no alumínio metálico?

t) 1.1 a) Ligação iónica. Este tipo de ligação ocorre, em geral, entre átomos de
metais e não-metais. O potássio (grupo 1) é um metal e o iodo (grupo 17) é
um não-metal.
b) Ligação covalente. Este tipo de ligação ocorre, geralmente, entre átomos
de elementos não-metálicos. O hidrogénio (grupo 1) é um não-metal e o
oxigénio (grupo 16) é um não-metal.
c) Ligação metálica. Este tipo de ligação ocorre entre átomos de metais.
O alumínio (grupo 13) é um metal.

1.2 Nos dois casos, há uma partilha significativa de eletrões entre os átomos
envolvidos nas ligações. No entanto, enquanto em H 2 0 2 a ligação entre os
átomos de O e de H se caracteriza por uma partilha localizada dos eletrões
de valência entre os dois átomos, no alumínio metálico a ligação resulta da
partilha dos eletrões de valência deslocalizados por todos os átomos, origi-
nando uma nuvem de carga elétrica negativa que abrange toda a rede do
cristal metálico.

2.1.2 Ligação covalente

Na ligação entre dois átomos numa molécula, cada um dos átomos experimenta alterações.
As pri ncipais alterações ocorrem com os eletrões de va lência, ao nível das suas energias e
das orbitais que descrevem o comportamento desses eletrões (orbitais moleculares).

Segundo o modelo de Lewis:


• os eletrões de valência têm um papel fundamental na li gação química;
• os eletrões são partilhados entre átomos, em moléculas, de modo que cada átomo en-
volvido na ligação adquira uma configuração eletrónica de gás nobre (cujos átomos são
particu larmente estáveis, especialmente He e Ne).

Estruturas de lewis
• O símbolo químico representa o cerne do átomo.
• Os pontos(·) e cruzes (x) à volta do símbolo químico representam eletrões de va lência.
• Um traço entre os símbolos representa um par de eletrões.

52
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

Ligação simples: partilha de 2 eletrões (um par, Fig. 2 .5 e Fig. 2.6).

•• •• •• • • p pares
H• + •H -----+ H: H ou H- H : F • + • F : -----+ : F: F : ou : F - F: não-
•• •• •• •• -ligantes
\__ par ligante. / '----. par ligante /

Fig. 2 .5 Li gações cova lentes simples nas moléculas de H 2 e Fi-


(\ ..
•o •
(\
•H-----> H -0-H
..
V .. V ••

Fig. 2.6 Ligações covalentes simples na molécu la de H 2 0.

Ligações covalentes múltiplas:

• Ligação dupla: partilha de 4 eletrões (dois pares, Fig. 2 .1 e Fig. 2 .8).

•(\, .o:----+
. .()0. .. .. . (\, . (\, • [\, [\, f\. •• ••
:o· '\) .. .. ..
:o - o:----+ o = o .. .. :o·
••
.e·
'\J •
.o:----+ :o
'\J ••
- e - ..o:----+ ..o = e = ..o
•• íj

Fig. 2.7 Ligação cova lente dupla na molécula de 0 2 • Fig. 2.8 Ligações covalentes duplas na molécula de C02 •

• Ligação tripla: partilha de 6 eletrões (três pares, Fig. 2.9).

•(\, . [\, .
'N -\j.~
J'i.N'
' N' v •N
·. •·• ----> ·. N' .J
'N - ~
. ~ . -= .
~ 'N N'

Fig. 2.9 Ligação covalente tripla na molécula de N 2 .

Nas moléculas representadas, excet o na molécula de H2 , podem sempre contar-se 8 eletrões


de va lência pertencentes a cada átomo, ou seja, quatro pares de eletrões. Diz-se que estas
moléculas obedecem à regra do octeto. Chamam-se eletrões ligantes aos eletrões que par-
tici pam efetivame nte na ligação, e não-ligantes aos que não contribuem para a ligação.

Energia de ligação e comprimento de ligação

A energia de ligação e o comprimento de ligação são dois parâmetros que permitem ca racte-
rizar a ligação covale nte. A molécula é mais estável do que os seus átomos separados, pelo
que a formação de uma ligação química envolve libertação de energia. A energia de ligação
é a energia média que é necessário fornecer à molécula para quebrar a ligação e separar
esses átomos. Relação entre energia de ligação e reatividade das moléculas H 2 , 0 2 e N2 :

Energia de ligação / kJ mot- 1

H-H

1
436

O=O 498

N =N 944

Quanto maior for a energia de ligação, mais energia se liberta quando a ligação se forma ,
pelo que a molécula é mais estável. A ligação é mais forte, pois será necessária mais energia
para a quebra r. Quanto mais estável é uma molécula, menos reativa ela é.

Em fun ção dos dados da t abela, a molécula N2 é a mais estável, o que j ustifica a pequena rea-
tividade da substância elementar nitrogénio em comparação com as substâncias element ares
oxigénio e hidrogénio.

53
QUÍMICA 10.0 Ano

O comprimento de ligação é a distância de equilíbrio entre os núcleos dos átomos ligados.


Para essa distância, há equilíbrio entre as fo rças de repulsão dos núcleos e as forças de atra-
ção dos eletrões sobre os núcleos.

Quando os átomos envo lv idos na ligação são dos mesmos elementos, o comprim ento da
ligação simples é maior do que o comp rimento da ligação dupla e este é maior do que o da
ligação tripla (por exemplo, a ligação C-N é mais comprida do que a ligação C=N e esta mais
comp rida do que a ligação C=N). Pa ra átomos dos mesmos elementos, a um maior compri-
mento de ligação corresponde uma menor energia de ligação.

2. Considere as mol éculas de nitrogé nio, N 2 , hidra zina , N 2 H 4 , e diazeno (di imida), N 2 H 2 :
2.1 Escreva as fórmulas de est rutura de Lewis para cada molécula.

2.2 Qual das moléc ulas possu i a ligação n itrogén io-nitrogén io mais curta?
2.3 Em qual das moléculas a ligação nitrogénio-nitrogé nio tem menor energia?

~ 2.1 1.º passo: escrever o esqueleto estrutural utilizando os símbolos químicos e


colocando perto uns dos outros os átomos que estão ligados (o hidrogénio
ocupa posições terminais).
N N HNNH H N N H
HH
2. 0 passo: determinar o número total de eletrões de valência para cada uma
das moléculas a partir das configurações eletrónicas dos átomos envolvidos
nas ligações.

7
N: 1s2 2s2 2pX1 2pY1 2p Z1 ⇒ 5 eletrões de valência (os do nível 2)

1
H: 1s1 ⇒ 1 eletrão de valência
2 x 5 = 10 eletrões de valência para distribuir em N2
(2 x 5) + (4 x 1) = 14 eletrões de valência para distribuir em N 2 H 4
(2 x 5) + (2 x 1) = 12 eletrões de valência para distribuir em N2 H 2

3.º passo: desenhar uma ligação covalente simples entre o átomo central e
cada um dos átomos à sua volta. Completar os octetos dos átomos ligados
ao átomo central - exceto para o átomo de hidrogénio, cuja camada de va-
lência fica completa com 2 eletrões. Os eletrões que não estiverem envolvi-
dos nas ligações devem ser representados como pares não-ligantes.
Se o átomo central tiver menos do que 8 eletrões, colocam-se ligações du-
plas ou triplas entre ele e os átomos vizinhos, utilizando os pares não-ligan-
tes destes, de modo a completar o octeto do átomo central.

H
1

H-N-N-H H-N = N-H


• • 1

54
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

~ 2 .2 N 2 • A molécula de nitrogénio apresenta a ligação mais forte (ligação tripla),


com seis eletrões partilhados, logo, a distância média entre os núcleos dos
átomos que estabelecem a ligação é a menor.
2 .3 N 2 H 4 • É a ligação que envolve menor número de eletrões partilhados (2) -
ligação simples. Sendo a mais fraca, é a que terá menor energia de ligação.

Geometria molecular

A geometria molecular é o arranjo tridimensional dos átomos numa molécula. A esse arranjo
espacial corresponde um estado de energia mínima para a molécula, portanto, estabilidade
máxima.

Pode-se prever a geometria de uma molécula a partir do con hecimento do número de ele-
trões de valência à volta do átomo central , na sua estrutura de Lewis, usando o modelo da
repulsão dos pares eletrónicos de valência.

Numa molécula poliatómica, em que há duas ou mais ligações entre o átomo central e os
átomos que o rodeiam, a repulsão entre os pares de eletrões ligantes, entre os ligantes e
os não-ligantes e entre os não-ligantes faz com que estes fiquem o mais afastados possível
uns dos outros. A geometria da molécula co rresponderá ao arranjo espacial em que aquelas
repulsões são mínimas.

Em geral, é maior a repulsão entre pares de eletrões não-ligantes do que entre um par não-
-ligante e um par ligante. Por sua vez, a repulsão entre um par não-l igante e um par ligante é
maior do que entre dois pares ligantes.

Geometria das moléculas CO2, CH 4, NH3 e H 2O

• •• •
A B e • D

~:_·/ .
~
·_ .. '-

Q= C=O

Fig. 2.10 Geo metrias: linear (A); tetraédrica (B); piramidal t rigonal (C); angular (D).

55
QUÍMICA 10.0 Ano

i+i%i·l·l1+Hli·I
3 . Preveja a geometria molecular de cada uma das moléculas seguintes, baseando-se
no modelo da repulsão dos pares eletrónicos de valência:

3.1 tetrafl uoreto de carbono, CF4 ; 3.2 dissulfureto de ca rbono, CS2 •

& 3 .1 Número de eletrões de valência: 4 + 4 x 7 = 32


(como o C é do grupo 14 da Tabela Periódica, :F:
tem 4 eletrões de valência; o F é do grupo 17, •• 1 ..

logo, tem 7 eletrões de valência). O átomo de : F- C - F:


•• 1 ••

carbono central tem 4 átomos ligados e não :F:


tem pares não-ligantes. Os quatro pares ele-
trónicos correspondentes às ligações C - F afastam-se o mais possível en-
tre si de modo a minimizar repulsões. A molécula apresenta geometria te-
traédrica.
3.2 Número de eletrões de valência: 4 + 2 x 6 = 16 (como o C é do grupo 14
da Tabela Periódica, tem 4 eletrões de valência; o S é do grupo 16, pelo
que tem 6 eletrões de valência). O átomo de carbono central está ligado a
dois átomos de enxofre e não tem pares não-ligantes. Os pares eletrónicos
correspondentes às ligações duplas afastam-se o mais possível de modo a
minimizar repulsões. A molécula~= e=~ apresenta geometria linear.

Polaridade das moléculas e polaridade das ligações

A densidade de carga elét rica negativa, associada à nuvem eletrónica, pode ser rep resentada
por co res: a densidade aumenta do violeta para o vermelho.

li
As ligações entre átomos do mesmo elemento são,
em geral, apoiares, pois os eletrões envolvidos
na ligação são igualmente partilhados por ambos
os núcleos, e, conseq uentemente, a distribuição
de carga elétrica entre os átomos é simétrica
{Fig. 2.11 - 1). As ligações entre átomos de elemen-
tos diferent es são, em geral, polares, pois a partilha
..
H - F:

dos eletrões envolv idos na ligação pelos dois Fig. 2.11 1: distribuição simétrica de ca rga em F 2 •
li: distribuição assimétrica de carga em HF.
núcleos é desigual, e, conseq uentemente, a distri-
buição de carga elétrica entre os átomos é assi-
métrica {Fig. 2 .11 - 11).

Nas moléculas d iatómicas, a polaridade depende da polaridade da ligação. Assim, se a liga-


ção for apoiar {Fig. 2 .11 - 1), a molécula é apoiar; se a ligação é polar {Fig. 2.11 -11), a molécula é
polar. Nas moléculas poliatómicas, a polaridade depende não só da polaridade das li gações,
mas também da geometria molecular.

A polaridade de moléculas com um único átomo cent ral pode prever-se a partir da análise da
distribuição de carga elétrica em torno do átomo central. Assim, uma molécula poliatómica
formada por ligações polares será:

56
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

• polar se a d istribuição de ca rga em torno do átomo central for assimétrica, por exemplo,
H2 0 e NH 3 (Fig. 2 .12);

• apoiar se a d istribuição de carga em torno do átomo central for simétrica, po r exemplo,


co 2
e CH4 (Fig. 2 .12).

Fig. 2 .12 Distribuição de carga em H 2 O e NH 3, moléculas polares, e em CO2 e CH 4 , moléculas apoiares.

1+1%1·1·it4Hffi+M
4. Conclua, co m base nas estrut uras de Lewis e na geometria molecular, sobre a po lari-
dade das moléculas SiCt'4 (tet racloret o de silício) e PCt'3 (tricloret o de fósforo).

Q O tetracloreto de silício apresenta uma estrutura de Lewis


semelhante à do metano, pois o silício é do mesmo grupo do :ce:
..
carbono (4 eletrões de valência) e os átomos de cloro (gru- 1

po 17), tal como os átomos de hidrogénio, partilham apenas :ce- Si - ce:


1 eletrão de valência. Assim, existem na molécula de SiCt'4 1

quatro ligações covalentes simples, pelo que a repulsão


:ce:
mínima entre os quatro pares de eletrões pressupõe uma
geometria tetraédrica. Conclui-se que apesar de as ligações Si-Ct' serem polares,
a molécula é apoiar, pois a geometria da molécula conduz a uma distribuição simé-
trica de carga em torno do átomo central.

O tricloreto de fósforo apresenta uma estrutura de Lewis se-


melhante à do amoníaco, NH3 , pois o fósforo é do mesmo gru- :ce-
• •
P - ce:
1 ••
po do nitrogénio (5 eletrões de valência). Assim, na molécula
de PCt'3 , o átomo central, P, tem três ligações covalentes sim-
ples e um par não-ligante, pelo que a repulsão mínima entre
:ce• ...
os quatro pares de eletrões pressupõe uma geometria piramidal trigonal. Conclui-se
que a molécula é polar, pois as ligações P-Ct' são polares e a geometria da molécula
conduz a uma distribuição assimétrica de carga em torno do átomo central.

Estrutura de moléculas orgânicas e biológicas

Os compostos orgânicos formam um grupo enorme de substâncias, entre os qua is a maioria


contém carbono e podem considerar-se como derivados dos hidrocarbonetos (compostos
de carbono e hidrogénio).

Os hidrocarbonetos podem ser classificados quanto ao tipo de ligações C-C:

• saturados: designam -se po r alcanos (todas as ligações ent re os átomos de ca rbono são
simples);
designam-se por alcenos se há uma o u ma is ligações duplas entre os
• insaturados: átomos de carbo no;
{
designam-se po r alcinos se há uma ou mais ligações trip las ent re os
átomos de ca rbo no.

57
QUÍMICA 10.0 Ano

5 . O etano, C2 H6 , o eteno, C 2 H 4 , e o
etino, C2 H2 , são três hidrocarbone-
tos constituídos por dois átomos
de ca rbono, diferindo no tipo de
ligação C-C. A figura apresenta
I"º·'pm
modelos moleculares e os compri-
mentos da ligação C-C em cada
um dos referidos compostos.

5.1 Expl ique, com base na informação apresentada, a relação dos diferentes compri-
mentos da ligação entre os átomos de carbono nos três hidrocarbonetos.

5 .2 Justifique uma ordenação dos três compostos por ordem cre scente de energia
da ligação entre os átomos de carbono.

~ 5.1 Na molécula de etano existe um par de eletrões ligantes entre os átomos


de carbono, na molécula de eteno existem dois pares de eletrões ligantes
e na molécula de etino existem três pares de eletrões ligantes. Por isso, na
molécula de etino as forças atrativas são mais intensas, aproximando mais
os núcleos dos átomos ligados, do que na molécula de eteno, e, por sua
vez, nesta são mais intensas do que na molécula de etano. Assim, a ligação
C-C na molécula de etino tem um comprimento menor (120,3 pm) do que na
de eteno (133,9 pm), e, por sua vez, nesta tem um comprimento menor do
que na de etano (153,5 pm).
5.2 À medida que o número de pares de eletrões ligantes aumenta a ligação fica
mais forte, pelo que a energia de ligação aumenta.
Assim, E(C-C) no etano < E(C=C) no eteno < E(C= C) no etino .

Grupo funcional: grupo de átomos presentes na molécula, ligados de forma específica, que
conferem propriedades químicas características aos compostos respetivos e que indentificam
o composto orgânico.

Álcoois -OH Grupo hidroxilo (l igado a um átomo de carbono)

A ldeídos Grupo formi lo ou grupo ca rboni lo terminal

Cetonas "'/ C=O Grupo carbonilo (no meio da cadeia ca rb onada)

Ácidos ca rboxíl icos Grupo carboxilo

Aminas Grupo ami no (de rivado do amoníaco, NH)

58
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

6. A tetraciclina é um antibiótico usado no trata-


mento de um amplo espetro de bactérias cuja
fórmula de estrutura se representa ao lado.

6.1 Identifique os grupos funcionais assinalados


na molécula de tetraciclina.

6.2 A tetraciclina, quanto ao tipo de ligações, é


um composto saturado ou insaturado?

~ 6.1 1- grupo característico das cetonas (grupo carbonilo); li - grupo característi-


co das aminas; Ili - grupo característico dos álcoois (grupo hidroxilo).
6.2 Composto insaturado, pois existem ligações duplas entre átomos de carbono.

2.1.3 Ligações intermoleculares


As ligações intermoleculares são de natureza elétrica e explicam a coesão entre as unidades
estruturais em diversos materiais. A intensidade destas interações determina algumas pro-
priedades físicas das substâncias, tais como o estado físico, os pontos de fusão e de ebulição,
influenciando outras como a densidade.

Ligações de hidrogénio
As ligações de hidrogénio são as mais int ensas das interações in-
termoleculares, mas menos intensas do que uma ligaçã o cova len-
te ou iónica. Estas ligações ocorrem quando um átomo de hidro-
génio ligado cova lentemente a um átomo de uma mol écula, de um
elemento com grande tendência para atrair eletrões (F, O ou N), é
atraído por um par de eletrões não-ligantes no átomo de F, O ou N Fig. 2 .13 Ligações de hidrogén io entre
de outra molécula. As ligações de hidrogénio representam-se por moléculas de água.

linhas a tracejado (Fig. 2.13).

Forças de van der Waals


• Forças de dispersão de London
Estas forças ocorrem entre moléculas apoiares. Numa molé- Moléculas Dipolos
apoiares instantâneos
cu la apoiar, a nuvem eletrónica é simétrica, mas num deter-
Fig. 2.14 Forças de dispersão de London (dipolo
minado instante a nuvem eletrónica pode sofrer distorção, instantâneo-di polo induzido).
resultando numa distribuição assimétrica de carga. Esta as-
simetria de carga instantânea (dipolo instantâneo) induz as-
simetria de carga (dipolo induzido) nas moléculas vizinhas,
originando uma força elétrica atrativa entre elas (Fig. 2 .14).

• Ligações entre moléculas polares


Este tipo de ligação intermolecular deve-se à distribuição as-
simétrica de ca rga (dipolo permanente) nas moléculas pola-
res, originando forças elétricas atrativas entre elas (Fig. 2.1s). Fig. 2 .15 Ligações entre moléculas de HCC.

59
QUÍMICA 10.0 Ano

• Ligações entre moléculas polares e apoiares


A presença de moléculas polares pode distorcer a distribuição de carga elétrica noutras
moléculas viz inhas, mesmo nas que são apoiares, induzindo uma distribuição assimétri-
ca de carga nas moléculas apoiares. Resultam, assim, forças atrativas entre as moléculas
polares e as moléculas com polaridade induzida.

Estes três tipos de interações designam-se por forças de van der Waals. Considerando mo-
léculas de tamanhos semelhantes, as ligações entre moléculas polares são as mais intensas
e as de London são as mais fracas. As forças de London estão sempre presentes, mesmo no
caso das moléculas polares, coexistindo com as outras forças de van der Waals.

i+i+ii·l·IHHll·I
7. Tensioativos são substâncias cujas
10
moléculas são constituídas por uma
,. - - - - - - - - - - - - - I
,: J CH
parte apoiar (hidrofóbica) e uma parte 1~ / 2

polar (hidrofílica). Devido à sua estru- , ___ --- -- -- - -- , , OHO~


tura , apresentam afinidade por óleos
(mistura de hidrocarbonetos) e por
água, podendo ser utilizados na pre- o
paração de emulsões, como uma mis- HOH 2C ~
tura de água e óleo, não permitindo a HO
CHpH
sua separação em camadas.
HO
A figura apresenta a fórmula de estru-
tura de um tensioativo produzido a partir do ácido esteárico, C17 H35COOH, e da saca-

7.1 ldentifique,justificando, a parte da molécula que tem afinidade pelo óleo e a que
tem afinidade pela água.

7.2 Que tipo de ligações intermoleculares predominam na interação entre as molé-


culas do tensioativo e as moléculas:
a) do ó leo? b) de água?

~ 7.1 O óleo é uma mistura de hidrocarbonetos, logo apoiar. Assim, estabelece, pre-
ferencialmente, interações intermoleculares com a parte apoiar da molécula
(a longa cadeia carbonada), assinalada a laranja. Por sua vez, a água, polar,
estabelece interações intermoleculares com a parte polar da molécula, assi-
nalada a verde.

7.2 a) Entre a parte apoiar das moléculas do tensioativo e as moléculas de óleo


(apoiares) as interações que se estabelecem são do tipo dipolo instantâ-
neo-dipolo induzido, ou seja, forças de dispersão de London.
b) Entre a parte polar das moléculas do tensioativo e as moléculas de água
(polares) as interações predominantes são as ligações de hidrogénio, pois
quer nas moléculas de água quer nas do tensioativo há átomos de hidro-
génio ligados covalentemente a átomos de oxigénio (elemento com grande
tendência para atrair eletrões).

60
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

8 . A figu ra mostra as fórmulas de


estrutura das moléculas de aceto- H H H
1 1 1
na, CH 3 COCH 3 , e de propan-1-ol , H-C-C-C
CH 3 CH 2 CH 2 OH, cujos pontos de 1 1 l '--O-H
ebulição são 56 ºC e 97 ºC, respe-
H H H
Acetona Propan-1-ol
tivamente.
Exp lique, num texto estruturado e com linguagem científica adequada, o facto de o
ponto de ebulição da acetona ser inferior ao do propan-1-ol.

f') As moléculas da acetona são polares, pelo que as ligações intermoleculares pre-
dominantes são ligações de van der Waals do tipo dipolo-dipolo. As moléculas
do propan-1-ol também são polares, mas, devido à presença de um átomo de hi-
drogénio ligado a um átomo de oxigénio, estabelecem-se ligações de hidrogénio.
Estas ligações são mais intensas do que as dipolo-dipolo, o que justifica o ponto
de ebulição mais elevado do propan-1-ol.

2.2 Gases e dispersões


2.2.1 Lei de Avogadro, volume molar e massa volúmico

De um modo geral, os gases caracterizam-se por preencherem o vo lume e tomarem a forma


do recipiente onde estão contidos. Nos gases, as interações entre as partículas que os cons-
tituem são fracas, o que se traduz num menor grau de agregação dessas partículas. Conse-
quentemente, os gases têm densidades muito mais baixas do que os líquidos e os sólidos.

No estudo do comportamento dos gases,


além da quantidade de matéria é necessá-
rio considerar ainda a pressão, o volume e a
temperatura. '
Lei de Avogadro: volumes iguais de gases
(ideais), nas mesmas cond ições de pressão 1 1
e temperatura, t êm o mesmo número de mo- He NH3 02
léculas (Fig. 2 .16). A maioria dos gases com-
porta-se como ideal a pressões não muito Fig. 2.16 Balões de H e, NH3 e 0 2 com iguais volumes,
nas mesmas co ndições de pressão e temperatura,
elevadas e a temperaturas não muito baixas. co ntê m o mesmo número de moléculas.

Nas mesmas cond ições de pressão e tempe- A

li ~
ratura , o vo lume ocupado por um gás (ideal)
é diretamente proporcional à sua quantida-
de de matéria (Fig. 2.11).
n
V V8 V p e T constantes
-n =constante {::> - n = nA - _A_
8 Fig. 2.17 Lei de Avogadro.

61
QUÍMICA 10.0 Ano

Volume molar, Vm(volume por unidade de q uantidade de matéria): Vm = nV


(unidade SI: m 3 mol-1).
O vo lum e molar de um gás depende das condições de p ressão e temperatura.

A pressões não muito elevadas e a tempe raturas não muito baixas, o volume molar é (pratica-
mente) o mesmo para qual quer gás nas mesmas condições de pressão e temperatura.

Há sempre o mesmo número de moléculas numa mole de qualquer gás: 6 ,02 x 1023 moléculas.

Em condições PTN (pressão e temperatura normais, 1 atm e O ºC, respetivame nte), 1 mol de
qualquer gás ocupa o volu me de 22,4 dm 3 (Vm = 22,4 dm 3 mol-1) .

Massa volúmica de um gás: pode ser determinada a partir do quociente ent re a massa molar
e o vol um e molar.

9. Considere três recipi e ntes (X, Y e Z) de igual volu me,


nas mesmas co ndições de pressão e temperatura.
O recipiente X conté m nitrogé nio puro, N 2 , o recipien-
GJ
te Y contém uma mistura de nitrogénio e vapor de
água, H 2 O, na propo rção de 1 : 1 e o recipie nte Z contém uma mistura de nitrogénio
(em maior q uantidade) e cloro, Cf 2 . Admita q ue, naq uelas condições de pressão e
temperatura, a Lei de Avogadro é válida.
A relação entre as massas dos gases contidos naqueles recipientes é

(A) mx > mv > m2 . (C) m2 > mv > mx.


(B) m2 > mx > mv. (D) mv > mx > m2 .

& (B). Segundo a Lei de Avogadro, volumes iguais de quaisquer gases contêm o
mesmo número de moléculas, quando medidos nas mesmas condições de pres-
são e temperatura. Assim, os três recipientes apresentam o mesmo número de
moléculas. No recipiente X há apenas moléculas de N2 , de massa molar 28,02 g
mo1-1• No recipiente Y, metade das moléculas são de N 2 e a outra metade são de
vapor de água, de massa molar 18,02 g mo1-1. Assim, mx > my. No recipiente Z, além
de moléculas de N2 existem moléculas de Cf 2 , de massa molar 70,90 g mol- 1•
Assim, m2 > mx.

Composição da troposfera terrestre

A troposfe ra terrestre é a ca mada da at mosfera mais próxima da superfície te rrestre. Os com-


ponentes maioritários são o nitrogénio, N 2 (78% em vol ume), e o oxigénio, 0 2 (21% em volu-
me). O árgon, Ar, e o dióxido de carbono, CO 2 , conju ntamente com o vapo r de água, H 2 O, que
existe em quantidades variáve is, são compone ntes minoritários. Existem outros componentes
em percentagens tão pequenas que são cons iderados compone ntes vestigiais (Fig. 2.1s).

62
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

Néon
Hélio
Metano
■ Nitrogénio (78,08%) Crípton
Oxigénio (20,95%) Hidrogénio
Árgon (0,93%) Óxido de diazoto
Dióxido de carbono (0,037%) Monóxido de carbono
Outros - - - - - - - - - - - - - < Xénon
Amoníaco
Monóxido de nitrogénio
Dióxido de nitrogénio

Fig. 2 .18 Composição média do ar da troposfera (sem considerar o vapor de água), em vo lume.

As percentagens dos co mponentes vestigiais na t roposfera t êm sofrido alterações significati-


vas devido a emissões para a at mosfera resulta ntes de fenómenos naturais (vu lcões, incên-
dios florestais, et c.) e de atividades antropogénicas (indústria, transpo rtes, et c.).

Se as substâncias emitidas ca usa rem prejuízos à qualidade de v ida dos seres v ivos, desig-
nam-se poluentes. São poluentes at mosféricos os seg uintes: óxidos de carbono (CO, CO),
óxidos de nitrogén io (NO, N0 2 e N2 0), óxidos de enxofre (S0 2 e SO), compostos orgânicos
vo láteis (metano, CFC, derivados do benzeno, etc.) e matéria pa rticulada (fumos, poei ras,
aerossóis, etc.).

2.2.2 Composição quantitativa de soluções


Uma so lução é uma mistura homogénea de duas ou mais subst âncias. A co mposição de uma
solução pode ser encarada do ponto de vista qualitativo (qua is são as substâ ncias que a
const ituem?) ou quantitativo (quais são as quant idades de cada substância que constituem a
solução?). Há diversas fo rmas de expressar a composição quant itativa de soluções:

Unidades
Definição Expressão matemática
Mais comuns
Quantidade de matéria
n soluto mol dm- 3
Concentração de soluto por unidade de e= - - - mol m- 3
Vsolução mol L-1
volume de solução

Concentração Massa de soluto por unidade = m so1uto g dm- 3


em kg m-3
em massa de volume de solução v solução
g L-1

Percentagem Massa de soluto por m Exprime-se em % (m/m)


%(mi m ) = ~ x 100
em massa massa de solução (x 100) m solução (adimensional)

Percentagem Vo lume de soluto por %(V/V) = v solu1o X 100 Exprime-se em % (VI I/)
em volume volume de solução (x 100) Vsolução (adimensional)

Quociente entre a quant idade


de matéria de um componente nA Não tem unidades
Fração molar X = --
(A) e a quantidade de matéria A n total (adimensional)
tot al da solução

ppm = msoluto X 106


Massa (ou vo lume) de soluto
Partes por m sotução Exprime-se em ppm
por massa (ou volume) de
milhão (adimensional)
solução (x 10 6 ) ppm = v solu1o X 106
V V
solução

63
QUÍMICA 10.0 Ano

10. Os veículos automóveis são responsáveis pela libertação de monóxido de carbono,


CO, para a atmosfera. Considere uma cidade, em que o CO no ar atinge 0,0085%
em volume. Admita que durante uma in spiração, uma pessoa inala, em média, 300
cm 3 de ar e que o ritmo respiratório normal é cerca de 20 in spirações por minuto.
Determine, por hora e por habitante dessa cidade:
10.1 o vo lume de ar inalado;
10.2 a massa de CO inalada (Pco = 1,15 g/dm 3);
10.3 a quantidade matéria de CO inalada.

~
~ 10.1 Vmalado = 20 x 300 cm =6000 cm •'
3 3

vinalado/hora = 60 X 6000 cm 3 = 360 000 cm 3 = 360 dm3


V V 0,0085 x 360 dm3
10.2 %(V/ V) = v:: X 100 ⇒ 0,0085 = 360 ~m3 X 100 <=} V
00 = 100

= 3,06 x 10-2 dm 3

m m
Pco = v co ⇒ 1,15 g/dm3= 3 06 X 10-2 dm3<=>
co •
<=> mco = 1,15 g/dm3 X 3,06 X 10-2 dm 3 = 3,5 X 10-2 g

10.3 M (CO) = (12,01 + 16,00) g moI-1 = 28,01 g moI-1;


m3,5 X 10-2 g
n = M = 28,01 g moI-1 = 1,2 x 10-3 mol

11. Um dos componentes vestigiais da atmosfera é o dióxido de nitrogé nio, NO 2 • A Or-


ganização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu como teor máximo recomendado
para o NO 2 o valor de 0,154 ppm em massa, para uma exposição diária de uma hora.
M (NO) = 46,01 g moI-1
Determine para o va lo r recomendado a correspondente:
11.1 percentagem em massa;
11.2 co ncentração, considerando a massa vo lúmica do ar 1,27 x 10-3 g cm- 3 ;
11.3 percentagem em volume, em cond ições PTN.

Q 11.1 0,154 ppm de NO 2 ⇒ 106 g de ar contêm 0,154 g de NO2


mNO 0,154 mNO 0,154
- -2 = - - - · o/c (m/m) =- -2 x 102 = - - x 102 = 1 54 x 10-so/c
m., 106 ' º m., 106 ' º
11.2 Cálculo da quantidade de NO2 :
_ mN02 _ 0,154 9 _ X _
3
n No - M - _, - 3,347 10 mol
2 No2 46 01
, g mo 1
Cálculo do volume de ar que contém a quantidade de NO2 determinada:
m 106 g
Pa, = v:: ⇒ V ., , x _ cm_3 7,874 x 108 cm 3= 7,874 x 10 5 dm 3
1 27 10 39
3,347 x 10-3 mol
7 874 x 10s dm3 = 4,25 x 10-9 mol dm-3
'

64
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

~ 11.3 v., = 7,874 x 10 5


dm 3 (volume correspondente a 106 g)
Cálculo do volume correspondente à quantidade de 3,347 x 10- 3 mol de NO 2
(existente em 106 g de ar):
VN02 =n X vm = 3,347 X 10-3 mol X 22,4 dm 3 moI-1 = 7,497 X 10-2 dm 3
7 497 x 10-2 dm 3
%(V/V)= ;,874 x 10s dm3 x 100 = 9,52 x 10-ª% (NO2).

2.2.3 Diluição de soluções aquosas


Soluções a partir de solutos sólidos (AL 2.2)

As soluções mais comuns são as aquosas, em que a água é o solvente.

12. Um grupo de alunos pretende preparar 50,0 ml de uma solução aquosa de perman-
ganato de potássio, KMnO 4 (M = 158,04 g mol-1), de concentração 0,0750 mal dm-3 .
Ao lado apresenta-se o permanganato de potássio e a balança utiliza- ----~
da para a medição da massa respetiva.

12.1 No rótulo do frasco de permanganato de potássio constam os


pictogramas de perigo seguintes:

Com base na informação fornecida , identifique:


a) três advertências de perigo;
b) em relação ao primeiro pictograma, uma medida de proteção adequada.

12.2 Calcule a massa de permanganato de potássio necessária para preparar a solução.


12.3 A balança utilizada na medição da massa do permanganato de potássio é
_____ e a incerteza de leitura é _ _ _ _ __

(A) analógica ... 0,001 g. (C) digital ... 0,001 g.


(B) ana lógica ... 0,005 g. (D) digital ... 0,005 g.

12.4 Descreva o procedimento experimental que deveria ser segu ido na prepara-
ção da solução de permanganato de potássio, referindo, sequencialmente,
três etapas principais envolvidas no procedimento, após a pesagem do so luto.

12.5 Outro grupo de alunos, ao finalizar a atividade, acertou o menisco pelo traço
de referência, retirando o excesso de solução com um conta-g otas. Conclua,
justificando, sobre o rigor da concentração da solu çã o preparada pelos alunos
e qual a atitude a tomar numa situação como esta.

65
QUÍMICA 10.0 Ano

1+1%i·l·ii4Hll·I
Q 12.1 a) Provoca queimaduras na pele e lesões oculares graves. Muito tóxico para
os organismos aquáticos com efeitos duradouros. Pode agravar incêndios:
comburente.
b) Usar luvas de proteção.

12• 2 n KMn0 4 = e x V= O' 0750 mol dm- 3 x 50 ' O x 10- 3 dm 3 = 3 ' 750 x 10- 3 mol
m = n x M = 3 750 x 10- 3 mol x 158 04 g moI-1 = O 593 g
KMn04 ' ' '

12.3 (C). Digital e a incerteza de leitura é 0 ,001 g.

12.4 Dissolver todo o KMnO4 com uma parte do solvente (água destilada), agitan-
do a solução com uma vareta de vidro. Transferir a solução para um balão
volumétrico de 50,0 ml com o auxílio de um funil. Adicionar água destilada
com um esguicho até ao traço de referência do balão volumétrico.

12.5 A concentração da solução preparada é inferior ao valor pretendido, pois ao


retirar solução com o conta-gotas perde-se soluto. A atitude a tomar numa
situação destas é preparar uma nova solução, a partir do soluto sólido.

Diluição de soluções (AL 2.3)

As soluções são muitas vezes preparadas por diluição de soluções mais concentradas. Uma
solução diluída pode ser preparada medindo um pequeno vo lume da solução concentrada e
adicionando solvente.

O fator de diluição, f , traduz a razão entre a concentração da solução inicial e a concentração


da solu ção obtida por diluição: f= C soluçãoinicial .
C solução diluída

Numa diluição, a quantidade de soluto mantém-se constante (n soluçãoinicial = n soluçãodiluíd), a dimi-


nuição da concentração é devida ao aumento de volume da solução, o que permite determi-
nar o volume a medir da solução inicial. Como e =.!!...., conclui-se que:
V
n sotução inicial
Vsolução inicial _ Vsolução diluída
f=-----
n solução diluída v solução inicial

V solução diluída

l+i%1·i·il+Hll·I
13. O mesmo grupo de alunos que realizou a AL 2.2 preparou ainda, com rigor, a partir
da solução de permanganato de potássio (0,0750 mal dm- 3) inicialmente prepara-
da, 50,0 ml de uma solução de KMnO4 de concentração 0,0150 mal dm-3 .

13.1 Determine o volume da sol ução mais concentrada necessário para preparar o
volum e referido de solução diluída de permanganato de potássio.

13.2 O grupo de alunos dispunha de duas pipetas com igual capacidad e, sendo que
uma era vo lum étrica (± 0,02 ml) e a outra era graduada (± 0,05 ml).
Qual das pipetas permite a medição mais rigorosa do volume da solução mais
concentrada?

66
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

13.3 Descreva o procedimento experimental que deveria ser seguido na prepara-


ção da solução diluída de permanganato de potássio, referindo, sequencial-
mente, as três principais etapas envolvidas nesse procedimento.

~ 13.1 Determinação da quantidade de KMnO4 necessária à preparação da solução:

n KMn04 = c x V= O' 0150 mol dm-3 x 50' O x 10-3 dm 3 = 7' 500 x 10-4 mol
Determinação do volume da solução inicial (mais concentrada):
nKMn04 7,500 x 10-4 mol
esolução inicial = V ⇒ O 0750 mol dm-3 = ⇒
solução inicial ' V sotução in icial

⇒ v ,oluçãoinicial = 0,0100 dm3 = 10,0 cm3

ou e . .. 0,0750 mol dm- 3


Determinação do fator de diluição: f= solução,nic,al = - - - - - - - = 5
c ,olução diluída 0,0150 mol dm-3

Determinação do volume da solução inicial (mais concentrada):


50,0 cm 3
f= V so 1uçaod1u1da
- ·1 • = 5 ⇒ V - -- - = 10,0 cm3
V solução inicial
5
solução in icial

13.2 A pipeta volumétrica , pois permite uma mediação mais rigorosa.


13.3 Medir 10 ml da solução inicial (mais concentrada) de KMnO4 com uma pipe-
ta volumétrica . Transferir o volume de solução medido para um balão volu-
métrico de 50,0 ml. Adicionar água destilada até ao traço de referência do
balão volumétrico, perfazendo o volume de 50,0 ml.

2.3 Transformações químicas


As reações químicas ocorrem com alterações na estrutura eletrónica dos átomos: os núcleos
permanecem inalterados, portanto, os elementos químicos são sempre os mesmos. Umas
substâncias transformam-se noutras, ocorrendo apenas um rearranjo dos átomos. Sempre
que uma reação ocorra em recipiente fechado, o número de átomos de cada elemento quí-
mico e, consequentemente, a massa total permanece constante - Lei da Conservação da
Massa (ou Lei de Lavois ier, Fig. 2 .19).

Reagentes Produtos da reação

CH 4 (g) + 2 0 2(g) ---> C02 (g) + 2 H20 (g)

H .. ..·o·
.. ..
1
H- C - H +

H
1
O= O

..
O= O
- ..
O= C = O .. +
H/ "-. H

H/
..
·o·
"-. H

Fig. 2 .19 Re ação de combu stão do metano. Há conservação do número total de átomos de cad a elemento químico.

67
QUÍMICA 10.0 Ano

2.3.1 Energia de ligação e reações químicas


Todas as reações químicas envolvem , simultaneament e, a rutura e fo rmação de li gações quí-
micas. Há rutura de ligações nos reagentes e formação de novas ligações nos produtos, o
que se traduz em variações de energia nas reações químicas.

Processos endoenergéticos e exoenergéticos

A rutura de uma ligação é um processo que envo lve absorção de energia - processo en-
doenergético. Quando se forma uma nova ligação, há libertação de energia - processo
exoenergético.

Num sistema isolado, a energia interna permanece constante porque não há t rocas de ener-
gia nem de matéria com a vizinhança. Num sistema fechado, a energia interna diminui se o
sistema ceder energia à viz inhança e aumenta se o sistema receber energia da vizin hança.

Reação exotérmica - quando ocorre com libertação de energia por calor (a pressão e tem-
peratura constantes). Se a reação ocorresse em sistema isolado, a temperatura do sistema
aumentava , sinal de que a energia ci nética interna do sistema aumentava; como a energia in-
terna de um sistema isolado é constante, conclui-se que a energia potencial interna (e nergia
associada às lig ações entre os átomos) diminui.

Reação endotérmica - quando ocorre com absorção de energia por calor (a pressão e tem-
peratura constantes). Se a reação ocorresse em sistema isolado, a temperatura do sistema
diminuía, sinal de que a energia cinética interna do sistema diminuía; como a energia interna
de um sistema isolado é constant e, conclu i-se que a energia potencial interna (energia asso-
ciada às ligações entre os átomos) aument a.

A energia da reação resulta do balanço energético entre a energia envolvida na rutura e na


formação de ligações químicas. Um va lor aproximado da energia de reação pode ser ca lcula-
do a partir das energias de ligação.

A formação de amoníaco é um processo exot érm ico, pois a energ ia libertada na formação das
ligações no amoníaco é superior à energia necessária para romper as li gações das moléculas
de nitrogénio e hidrogénio (Fig. 2 .20).

N N
H H H H H H
Energia

Quebra de ligações -~ · 1 F~r~ a;ã~ ~e-lig~ç~es..


Absorção de energia Libertação de energia

IN - NI . H-:c H " -:c HH -:cH l J ·······----

E,eação= - 92 kJ mol·1

··•• - •············ · · · ····T

Fig. 2 .20 A for mação do amoníaco é um processo exotérmico.

68
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

i+i%1·i·lt4H@+M
14. O diagrama seguinte representa o balanço energético na rutura/formação de liga-
ções numa dada reação química.

4 1
1
1
*1
1
1
1
1
1
1
..,
1
1

1
1 Produtos
1
1
1

:r
Reagentes

14.1 A reação é endotérmica ou exotérmica? Justifique.

14.2 Se a reação ocorrer em sistema isolado, a temperatura ______ e a ener-


gia interna _ _ _ _ __

(A) aument a ... ma ntém-se (C) diminui ... mantém-se


(B) diminui ... aumenta (D) aumenta ... aumenta

14.3 A energia envolvida na formação de ligações nos produtos é _ _ _ _ __


do que a energia que seria _______ na quebra de ligações nos rea-
gentes.

(A) maior ... absorvida (C) maior ... libertada


(B) menor ... libertada (D) menor ... absorvida

~ 14.1 Como a energia potencial dos produtos é maior do que a energia potencial
dos reagentes, se a reação ocorrer a temperatura constante, o sistema terá
que absorver energia por calor da vizinhança para que ocorra aquele aumen-
to de energia potencial. A reação é endotérmica.
14.2 (C). A energia interna de um sistema isolado mantém-se constante. Como a
energia potencial dos produtos é maior do que a dos reagentes, há aumento
da energia potencial interna. Logo, para que a energia interna se mantenha
constante, a energia cinética interna tem de diminuir, logo, a temperatura do
sistema diminui.

14.3 (D).

Variação de entalpia

A variação de entalpia padrão, /iH º, de uma reação corresponde à energia transferida, por
calor, para ou do exterior, quando a reação é rea lizada a pressão constante (10 5 Pa) e a tem-
perat ura constant e (25 ºC).

69
QUÍMICA 10.0 Ano

Numa reação exotérmica , o sistema cede energia, por calor, à vizinhança, por isso 6.H < O
(energia potencial associada às ligações entre os átomos diminui) (Fig. 2 .21).

Numa reação endotérmica , o sistema absorve energia, por calor, da vizinhança, por isso 6.H > O
(a energia potencial associada às ligações entre os átomos aumenta) (Fig. 2 .22).

<1l
ê>
Q)
Reagentes e Produtos
w
por exemplo, ... . · 7energia libertada por exemplo,
N, + 3 H, para o exterior CO + 3 H,

ó.H negativo (ó.H < O)


energia recebida
do exterior
Reagentes
l Produtos
· ···· · ·· · - -
por exemplo,
ó.H positivo (ó.H > O)
por exemplo,
2 NH3 CH4 + H,0
Progresso da reação Progresso da reação
Reagentes -----> Produtos Reagentes _____. Produtos

Fig. 2 .21 Variação de entalpia para uma reação Fig. 2.22 Va riação de entalpia para uma reação
exotérmica. endotérmica .

l+i%i·i·l1+Hli·I
15. Frequentemente, o principal objetivo de muitas reações químicas não é obter um
ou mais produtos de reação, mas sim aproveitar a energia posta em jogo nessas
reações.

15.1 Rela cione a va ri ação de entalpia padrão de uma reação com as transferências
de energia entre o sistema e a vizinhança.

15.2 A variação de entalpia de uma rea ção, em determinadas condições de pres-


são e de temperatura, depende do modo co mo o sistema reacional evolui?
Justifique.

15.3 Durante uma reação realizada a pressão constante, o sistema reacional re-
cebeu energia por calor da viz inh ança. A variação de entalpia do sistema é
positiva ou negativa? Como se classifica a reação?

Q 15.1 A variação de entalpia padrão, 6.H°, de uma reação é dada pela energia
transferida, por calor, entre o sistema e a vizinhança, a pressão constante
e a temperatura constante: se a energia absorvida por calor for Q, então
6.H° = Q; se a energia cedida por calor for O, então 6.H° = -O, a 25 ºC.
15.2 Não. A entalpia é uma propriedade do sistema reacional, pelo que a varia-
ção de entalpia só depende do estado inicial e final do sistema e não do
modo como este evolui.
15.3 Como o sistema recebeu calor, a reação é endotérmica. O calor transferido
a pressão constante corresponde à variação de entalpia, logo, 6.H > O (calor
absorvido).

70
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

16. Uma medida da est abilidade de uma molécu la Energia / kJ mo1-1


Ligação
é a sua energia de ligação, que se pode de-
945
fi nir como energia transferida, por calor, para
quebrar as ligações de 1 mol de moléc ulas no H-H 436

estado gasoso. N-H 390

Com base nos valores das energias de ligação da tabela, ca lcule a variação de en-
t alpia, t:.H , da reação de síntese do amoníaco e co mpare o resu ltado com o valo r
experimental (- 93 kJ/mol), a 25 ºC.

H-H
N= N + H-H - H-N-H H-N-H
1 1
H-H H H
Com base na equação química constrói-se a tabela seguinte:

N.º de ligações Variação de


a quebrar energia/ kJ
N=N 945 94 5
H-H 3 436 3 X 436 = 1308

(N H) N-H 6 390 6 X 390 = 2340

Energia total necessária para quebrar as ligações nos reagentes:


I:Eligação (reagentes) = (945 + 1308) kJ = 2253 kJ
Energia total libertada na formação de ligações nos produtos:
I:Eligação (produtos) = 2340 kJ
Balanço energético:
liH = I:E11gaçao
. • (reagentes) - I:E11gaçao
. _ (produtos) = 2253 kJ - 2340 kJ = - 87 kJ

Este valor difere do valor experimental, é uma estimativa (valor aproximado).

2.3.2 Reações fotoquímicas na atmosfera


Oxigénio
(libertado para a
As reações químicas desencadeadas pela ação da lu z
atmosfera)
(radiaçã o eletromagnética) designam-se por reações foto-
Energia
químicas. (luz solar)
Este tipo de transfo rmações químicas está presente em
vários fenómenos do dia a dia, como, por exemplo, nas
reações que t êm lugar na fotossíntese, um processo com-
Dióxido de carbono
plexo realizado pelos seres vivos com clorofila que utili zam (absorvida do~
a luz solar para a conversão do dióxido de carbono, C0 2 ,
em glicose, C 6 H 120 6 , e oxigénio, 0 2 (Fig. 2 .23). Globalmente
pode traduzir-se por:
6 co 2
(g) + 6 H 2 0 (-€) - C 6 H 120 6 (aq) + 6 0 2 (g)
Fig. 2.23 Esqu ema d e fotossíntese.

71
QUÍMICA 10.0 Ano

Fotodissociação e fotoionização

A fotodissociação é um tipo de transformação em que existe quebra de ligações nas molécu-


las por absorção de luz. A rutura da ligação dá-se de modo que cada um dos fragmentos que
se separa retém parte dos eletrões da ligação, obtendo-se duas espécies neutras.

A-B ~ A + B 11H > O


Exemplos de processos de fotodissociação na atmosfera terrestre:

• 0 2 (g) - O (g) + O (g) 11H = 498 kJ mo1-1


• 0 3 (g) - 0 2 (g) + O (g) 11H = 373 kJ mol-1
• N2 (g) - N (g) + N (g) 11H = 945 kJ mo1- 1

Com base nos valores das energias de dissociação pode concluir-se que a molécula de ni-
trogénio, N2 , é a mais estável (lig ação mais forte), pois apresenta maior energia de ligação.
Pode ainda concluir-se que a ligação entre os átomos de oxigénio é mais forte na molécula
de oxigénio, 0 2 , do que na molécula de ozono, 0 3 , pelo que a molécula de oxigénio é ma is
estável do que a de ozono.
A fotoionização consiste na ion ização de át omos ou moléculas por ação da luz.

11H > O
Alguns dos processos de fotoionização ocorrem nas ca madas mais exteriores da atmosfera
(termosfera e mesosfera). As radiações solares que atingem essas camadas têm energia su-
fic iente para provocar a ionização das espécies aí existentes. Este processo envolve maior
energia do que a fotodissociação.
• 0 2 (g) - o; (g) + e- 11H = 1205 kJ mo1-1
• N2 (g) - N; (g) + e- 11H = 1495 kJ mo1-1

Radicais livres e estabilidade das espécies químicas

Radicais (radicais livres) são entidades (átomos, moléculas ou iões) em que os spins dos ele-
trões não estão t odos compensados, ou seja, cujas orbitais possuem eletrões desemparelhados.
Representam-se pelo símbo lo da espécie química segu ida de • e são, em geral, muito reativos.
Qualquer entidade com um número ímpar de eletrões é um radica l, uma vez que t em, neces-
sa riamente, pelo menos, um eletrão desemparelhado.

17. A estratosfera, camada da atmosfera terrestre localizada entre os 15 km e 50 km


de altitude, serve de filtro às radiações de energia, por fotão, compreendida entre
6,6 X 10-19 j e 9,9 X 10- 19 J.
Os gases predominantes da atmosfera t errestre são o nitrogénio, N2 (g), e oxigénio,
0 2 (g), cujas energias de dissociação são 945 kJ mo1-1 e 498 kJ mo1-1, respetivamente.

17.1 Mostre, com base nos valores apresentados, que na estratosfera apenas ocor-
rerá dissociação de uma das referid as mol éculas.
17.2 Escreva a equação química que traduz a dissociação que ocorre na estratosfera.
17.3 A dissociação do nitrogénio ocorrerá a uma altitude inferior, igua l ou superior à
da estratosfera? Justifique.

72
DOMÍNIO 2 Propriedades e transformações da matéria

945 1000 J
~
X
17.1 A energia de dissociação de uma molécula de nitrogénio é ,x =
6 02 1023
, , , 498 X 1000 J
= 1,57 x 10-18 J e a de uma molecula de oxigenio e , x = 8,27 x 10- 19 J.
6 02 1023
Para ocorrer dissociação das moléculas presentes na estratosfera, as suas
energias de dissociação terão de estar compreendidas entre 6 ,6 x 10-19 J
e 9,9 x 10-19 J, o que apenas se verifica para a molécula de oxigénio.

17.2 02 (g) ~ o (g) + o (g)


17.3 Com base nos valores das energias de dissociação, pode concluir-se que a
molécula de nitrogénio requer maior energia para quebrar a ligação N-N.
Assim, a dissociação da molécula de nitrogénio deverá ocorrer na camada
mais exterior da atmosfera (termosfera), pois a essa camada (maior altitude)
chegam radiações mais energéticas do que as que chegam à estratosfera.

Ozono estratosférico

O ozono existe na troposfera e na estratosfera (Fig. 2.24). E


~
.....
Q)

Todavia, a maior parte do ozono encontra-se e forma -se na estra- "C


~
.:: Estratosfera
tosfera, com maiores concentrações entre 20 km e 30 km de alti- ~
tude (de 1 a 10 ppm), constitu indo o que se convencionou chamar 50
,,_a,da de o~
de «camada de ozono». e,'<>''' º"o
~{oposferq
O ozono, na estratosfera, forma-se rapidamente como resulta- 15
Terra
do da dissociação do oxigénio molecular, por ação de rad iação
ultravioleta, UV, em dois átomos de oxigénio (rad icais), os quais
Fig. 2 .24 Localização da
reagem de imediato com outras moléculas de oxigén io, originan-
camada de ozono.
do ozono (Fig. 2.2s).

Formação do ozono:

0 2
uv-c o·+ o· (absorção de energia necessária à quebra das
ligações oxigénio-oxigénio)
o· + 0 2
- 03 (libertação de energia)

Decomposição do ozono:
As moléculas de 0 3 , por sua vez, também podem absorver radia-
Fig. 2.25 Formação do ozono ção UV:
estratosférico.
03~ o· + 0 2

Existem outras formas de decomposição do ozono, como por exemplo:


0 3 + o· - 02+0 2

73
QUÍMICA 10.0 Ano

A concentração de ozono na estratosfera mantém-se


praticamente constante, pois é continuamente formado
e destruído à mesma taxa em que é formado - estado
estacionário.

O ozono estratosférico desempenha um papel primor-


_J UV-A dial para a existência de vida na Terra, pois serve de fil-
Tr0 ,, tro à radiação solar ultravioleta, sobretudo UV-B e UV-C
1 º.s-~ ~
~ Estratosfera Mesosfera (Fig. 2 .26). O restante existe na troposfera, onde, pelo con-
Terra trário, os se