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PROJETO EM DESIGN
PROFESSORES
Me. Marcelo José da Mota
Me. Maria Lucineti Sifuentes Silva
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos
Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento
Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli, Gerência
de Produção de Contéudo Gabriel Araújo, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila
de Almeida Toledo, Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Coordenador(a) de Contéudo
Sandra Franchini, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva e Melina
Belusse Ramos, Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual Daniela Ferreira dos
Santos, Pedro Afonso Barth, Ilustração Bruno Pardinho, Luís Ricardo Almeida de Oliveira , Marta
Kakitani, Fotos Shutterstock.
2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas
Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
apresentação do material
UNIDADE I UNIDADE IV
INTRODUÇÃO PLANEJAMENTO E
AO CAMPO DO DESIGN DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO
15 Estudos dos Conceitos Chaves do Design 106 Briefing, Pesquisa e Público
18 Design e Comunicação 109 Marca, Conceito da Marca e do Produto
23 Elementos Estruturais do Design do Produto 114 Planejamento do Estilo
28 Os Processos que Orientam o Design 122 Ciclo de VIda do Produto
UNIDADE II UNIDADE V
ASPECTOS QUE CONFIGURAM O CRIATIVIDADE,
DESENVOLVIMENTO DOS PRODUTOS PROJETO E MÉTODO
46 As Classificações dos Produtos e suas 136 Fundamentos da Criatividade e Projeto de
Funções Design
52 Regras da Percepção - Gestalt 139 Método e Design
58 Técnicas Visuais e Estratégias do Design Apli- 143 Modelos de Métodos Projetuais de Design
cadas ao Produto
148 Gestão em Design e os Instrumentos de Pro-
jeto
UNIDADE II!
OS DETERMINANTES DO ESTILO
76 Estilo dos Produtos
80 Atratividade do Produto
85 Os fatores: Complexidades e Simplicidades
dentro das Configurações Estético-formal de
um Produto
INTRODUÇÃO AO CAMPO DO DESIGN
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Estudos dos conceitos chaves do design
• Design e comunicação
• Elementos estruturais do design do produto
• Os processos que orientam o design
Objetivos de Aprendizagem
• Entender os conceitos que permeiam o campo do design e
desenvolvimento de produtos.
• Fazer uma abordagem das linguagens e ferramentas do
Design que levem ao pensamento racional, à conceituação
e à criatividade.
• Descrever quais são os elementos básicos que configuram
o processo e o projeto de design.
• Compreender toda gama de diversidade de fatores que
envolvem a criação do produto não só nos aspectos
práticos, mas simbólicos.
unidade
I
INTRODUÇÃO
ESTUDO DOS
CONCEITOS CHAVES
DO DESIGN
14
DESIGN
H
oje, com as grandes transformações tec- um esboço concebido pelo homem para algo que se
nológicas, a globalização, a competição há de realizar, um primeiro esboço desenhado para
acirrada do mercado, as empresas pre- uma obra de arte ou um objeto de arte aplicada, ne-
cisam introduzir continuamente novos cessário para sua execução”.
produtos que atendam as necessidades do consumi- Caro(a) aluno(a), percebemos que em seu senti-
dor superinformado. do etimológico, o design tem o aspecto de conceber,
Para Baxter (1998), a pressão por inovação cres- projetar e configurar. Sendo assim, é uma atividade
ceu demasiado e todos querem novidades, portan- que gera projetos, esboço e modelos. Mas o mais im-
to, caro(a) aluno(a), entender os conceitos que per- portante, é que o design é uma forma de comunica-
meiam o campo do design é uma necessidade para ção, portanto, deve ser objetivo, para não criar uma
os futuros designers. confusão visual.
Os designers do futuro serão multifuncionais Então, vamos entender alguns conceitos-chave
e terão de discutir a criação, pesquisa de mercado, em design. Porque ainda muitos consideram o de-
marketing, modelos, processos, projetos, entre ou- sign como algo efêmero, superficial que adere ao
tros. Nesse sentido, vamos ver algumas definições. transitório e aos modismos. Pense comigo, olhe
Para Gomes Filho (2006), o design é compre- ao seu redor e observe quais os objetos que te ro-
endido e conceituado dentro de um vasto campo deiam. Quais são os significados a eles atribuídos
e que se fraciona em várias especialidades. Design por você? Tudo foi pensado, projetado, desenhado,
Industrial, Design de Objetos, Design de Embala- como forma de criar novas soluções para suas ne-
gens, Design de Iluminação, Design Gráfico, De- cessidades e desejos.
sign de Ambientes, Design de Moda, dentre outros, Segundo Fiorini (2008, p. 95), o design deve ser
mas para entendermos quem realmente se denomi- entendido como “uma prática projetual de profun-
na designer, deve-se levar em consideração algu- do impacto na cultura e na sociedade”. Portanto, en-
mas questões. tender os conceitos-chave em design, como afirma
Cardoso (2004, p. 14), afirma que a origem da Coelho (2008) surge da necessidade de um mapea-
palavra design está na língua inglesa, como um mento da atuação do design e de saber que conceitos
substantivo que se refere “tanto à ideia de plano, de- seriam de maior utilidade no projeto:
sígnio, intenção, quanto à de configuração, arranjo, • Estabelecem uma terminologia de significa-
estrutura.” Também para o autor, sua origem etimo- dos, vindas de visões diferentes e de outras
lógica esta no latim (designare) que tem o sentido de áreas correlacionadas, independente da téc-
designar ou desenhar. Para Fiorini (2008, p. 96), a nica de utilização;
origem do termo design surge em 1588 e está regis- • Acrescentam em termos de novas ideias e
trada no Oxford english Dictionary, “um plano ou visões.
15
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Os principais conceitos-chave
estruturais do design do produto são:
Arte e Estética
• Capacidade de pôr em prática uma ideia através do domínio da matéria.
• Utilização ótima, perfeita ou elegante de um corpo de conhecimento.
• Conjunto de atividades de cunho expressivo.
• Atividade específica que visa à produção de valores - material ou visual.
Artefato
• Objetos produzido por trabalho humano.
• Contrapõem-se à objetos naturais ou acidentais.
• Abrange, sem distinção objetos artísticos e tecnológicos, industriais ou artesanais.
• Cultura material - constitui de um determinado conjunto de artefatos relacionados
por critérios de contiguidade temporal, geográfica, étnica ou de uso.
Linguagem
• Processo de combinação de associações e referências, com base em código e reper-
tório partilhados.
• Gera informação e comunicação.
• Este processo se consolida por meio da repetição e engendrando modelos.
Percepção
• Diz respeito ao processo, ato ou faculdade de perceber.
• É visto também como o fato de perceber por meio dos sentidos e da emoção.
• Genericamente diz respeito à cognição ou ao julgamento imediato ou intuitivo.
Consumo
• Significa destruir, comer, empregar, gastar, esgotar ou corroer algo ou a si mesmo
até a destruição.
• Última etapa do ciclo produtivo, o consumo ocorre finalmente ao usuário.
• Adesão por parte de um público a um determinado produto ou uso de um sistema.
16
DESIGN
Cultura
• Relaciona-se à educação, formação e ilustração do homem.
• De cunho sociológico e antropológico, vinculado às manifestações de um povo,
raça, grupo social, também interpretadas como civilização.
• O Design é uma práxis que configura ou questiona a cultura de uma determinada
sociedade.
Desejo e Necessidade
• O desejo vem de uma necessidade biológica natural ou imposta pelo consumo.
• Condicionado à possibilidade de simbolização da falta, depende da ordem da lin-
guagem (do outro) para existir.
• No campo do design, os termos desejo e necessidade são frequentemente utilizados
como se fossem sinônimos, intercambiáveis entre si.
Usuário
• Determinado como o centro do processo de design.
• O design expandiu-se para o usuário no qual considera não somente suas capacida-
des físicas e funções cognitivas, mas também seu entorno cultural.
Projeto
• Tem a ideia de uma ação intencional para planejar a realização de algo. Verifica-se o
problema a ser resolvido e a partir daí verifica-se as múltiplas faces e possibilidades
para desenvolver o projeto. Necessita-se de um olhar amplo que abrange conheci-
mento de materiais, aspectos de uso e produção, impacto do meio ambiente, estética,
entre outros. É uma ordenação das ideias por meio de um planejamento que apre-
enda a realidade objetivada.
17
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
18
DESIGN
DESIGN E
COMUNICAÇÃO
A
comunicação humana passou por uma A nossa experiência visual se constrói a partir
profunda transformação a partir da era dos estímulos externos e passamos a organizar nos-
tecnológica como nos afirma Dondis sas necessidades e preferências com base naquilo
(2007). A fotografia, o cinema, a televi- que vemos, porque ver é uma experiência direta, e
são e os computadores são tecnologias que expan- segundo Dondis (2007, p. 7) é “a máxima aproxi-
dem a capacidade natural do homem de desenhar, mação que podemos obter com relação à verdadeira
fazer e ver. A nossa maneira de ver é resultado de natureza da realidade”. Nossa experiência visual nos
uma inteligência humana que se desenvolveu com faz compreender nosso contexto e a reagir a ele. O
a evolução e seu contexto tendo implicações psico- homem tem necessidades básicas como vestir, co-
lógicas e fisiológicas, portanto, tendo uma profunda mer, morar e para isso necessita de ferramentas para
relação da maneira como vemos e compreendemos construir, fabricar, tecer.
uma expressão visual. Dessa forma, quando falamos
em design, entender esta diversidade e complexida- E na área do design e da fabricação das ne-
cessidades vitais básicas, supõe-se que todo
de da linguagem visual amplia as possibilidades de
membro da comunidade seja capaz não ape-
criação, compreensão dos métodos e processos. nas de aprender a produzir, mas também de
Para Dondis (2007, p. 2) “a linguagem é sim- dar uma expressão individual e única a seu
plesmente um recurso de comunicação próprio trabalho por meio do design e da decoração
do homem, que evoluiu desde sua forma auditiva, (DONDIS, 2007, p. 8).
19
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
ção e à criatividade. Para Dondis (2007), a sintaxe compreensão e da tomada de decisões para proce-
(ordenamento das ideias dentro de uma linguagem der e usar as técnicas visuais como instrumentos na
visual) é a representação gráfica por meio de um composição visual. Deve ser levada em considera-
sistema básico dado pelos elementos estruturais, no ção a força maior que possui a linguagem visual e
qual a compreensão e sua identificação devem ser seu caráter imediato como evidência natural. Para
acessíveis ao consumidor como forma de reagir ou tanto, dependem da compreensão e da capacida-
interagir com ele. É a interação entre o caráter artís- de de usar as técnicas visuais, os instrumentos da
tico e funcional. composição visual.
Segundo Munari (1997), a Comunicação visu- Ainda de acordo com Dondis (2007), em termos
al é um tema vasto que abrange desde o desenho visuais, nossa percepção do conteúdo e da forma é
até a fotografia, inclui-se o cinema, as artes plásti- simultânea: Artista / Conteúdo / Forma / Público.
cas, imagens em geral e ambientes, artes gráficas, É natural a tendência do ser humano em associar a
formas abstratas até as reais, percepção visual e estrutura visual e verbal.
suas relações como figura fundo entre outras que Para a autora tem algumas características que
veremos no decorrer do livro. Mas para o desig- são predominantes das mensagens visuais, no qual
ner, essa comunicação visual deve ser objetiva, ela chama de níveis distintos e individuais.
deve ser legível a todos para que compreendam a • Input visual: todo o sistema de símbolos dado
mensagem. Entender as estruturas das coisas, as por letras (alfabetos), sinais convencionados.
texturas, os elementos que dão forma e cor a um
objeto, significa alargar as possiblidades de conta- Figura 1 - Exemplos de Input visual
to com indivíduo.
Dondis (2007, p. 18) afirma que para aprender-
mos a informação visual, temos a percepção e as
forças cinestésicas. Ou seja, como nos mantemos
em pé, como nos equilibramos, como reagimos ao
escuro e a luz, ou ainda como reagimos a uma coisa
inesperada, são fatores que se relacionam com a for-
ma como interpretamos as mensagens visuais e são
reações naturais, dado pela cultura na qual estamos
arraigados. Portanto, o ambiente exerce uma enor-
me influência na nossa maneira de ver.
©shutterstock
20
DESIGN
21
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
• Material visual representacional: o que te- Figura 5: Três Níveis da Mensagem Visual
REFLITA
©shutterstock
22
DESIGN
ELEMENTOS
ESTRUTURAIS DO
DESIGN DO PRODUTO
Para a criação de uma comunicação visual, pre- mento ou não, ora na cor, ora na forma, dimensão ou
cisamos do input do designer, ou seja, como ele movimento, tendo na manipulação destes elementos
apreende perceptivamente o mundo ao seu redor o resultado final e o significado pretendido. Isso re-
e sua relação com os elementos básicos. São eles: sulta de como ele percebe, ou seja, do sistema físico
ponto, linha, forma, direção, cor, textura, dimen- de percepção dado pelo sistema nervoso e todo o
são e movimento. aparato sensorial como veremos ao aprendermos a
A escolha desses elementos é que estruturará a psicologia da Gestalt.
mensagem e intensifica o significado. É fundamen- O pensamento gestaltiano oferece ao design
tal para o designer a compreensão desses elemen- além de explicações de fenômenos cognitivos da
tos e ter assinalado o efeito pretendido para assim expressão visual também uma lista de elementos
garantir maior liberdade e diversidade compositiva básicos de uma mensagem e que constituem a
dentre os recursos visuais oferecidas. Para Dondis substância básica daquilo que se vê. Para Dondis
(2007, p.30), (2007, p. 31):
Entre o significado geral, estado de espírito ou A psicologia da Gestalt tem contribuído com
ambiente da informação visual e a mensagem valiosos estudos e experimentos no campo da
especifica e definida existe ainda um outro percepção, recolhendo dados, buscando conhe-
campo de significado visual, a funcionalidade, cer a importância dos padrões visuais e desco-
no caso dos objetos que são criados, confeccio- brindo como o organismo humano vê e organi-
nados e manufaturados par servir a um propó- za o input visual e articula o output visual.
sito (DONDIS, 2007, p. 30).
23
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Ponto – unidade mínima visual, indicador e mar- Plano – desde as básicas e suas infinitas variações
cador de espaço, qualquer ponto sempre tem um de planos e dimensões. O ponto, a linha e o pla-
poder de atração visual grande, seja intencional ou no, compõem os alicerces do design, como afirma
natural. Como vemos na figura a seguir: Lupton (2008). As linhas quando se multiplicam
descrevem planos. Em um projeto, os planos podem
Figura 6 - Ponto
ser definidos por linhas ou cor, como as janelas ou
portas, pisos, são planos físicos. É uma linha com
movimento e amplitude.
Figura 8 - Plano
Fonte: os autores (2016).
24
DESIGN
Figura 9 - Textura 2
Figura 9 - Textura 3
25
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
• Dimensão - Na dimensão a ilusão é um arti- • Forma – a linha que dá a forma que constitui a
fício dado pela perspectiva, dado pelos tonais imagem visível de um conteúdo. Para Gomes
do claro e escuro, da luz e sombra, dando pro- Filho (2004, p. 41) a linha “nos informa sobre a
fundidade. Para Dondis (2007), a complexi- natureza da aparência externa do objeto”. Para
dade para a representação de um objeto tri- percebemos a forma é necessário a interação
dimensional é que se lida com o volume real, entre o objeto e a luz, dada pelo contraste, o
portanto, várias etapas devem ser elaboradas, brilho, cores, linhas texturas, configurando o
com o esboço, os desenhos para a produção, e objeto. No design de moda, temos a forma si-
os requisitos técnicos para a produção com ri- lhueta, linha A, linha Y e linha H como define
quezas de detalhes, como por exemplo, a ficha Treptow (2013).
técnica de um produto de moda.
26
DESIGN
• Cor – ela é resultante da interação entre luz • Movimento – o movimento é uma das forças
e objeto. Ela está impregnada de significados visuais mais dominantes em nossa experiência
óticos de grande valor para os designers. Dá visual como nos afirma Dondis (2007). A im-
percepção da forma, descreve a realidade, pressão de movimento no design pode ser des-
contrasta e reforça o interesse visual, atraindo critano ritmo criado por alguns dos elementos
ou repelindo. Para Lupton (2008, p. 71): compositivos. Por exemplo, “um quadro, uma
foto ou a estampa de um tecido podem ser es-
Palavras como “sombrio”, “pardo” e “brilhante” táticos”, como nos afirma Dondis (2007,p. 81),
trazem à mente um clima de cores e uma paleta mas os ritmos dado pela linhas, pontos, planos,
de relações. Os designers usam a cor para fazer cores dão dinamismo à composição, apontando
com que algumas coisas se destaquem (sinais de direção por meio da sequencia desses elemen-
advertência, por exemplo) e outras desapareçam tos. Por exemplo, linhas inclinadas, linhas ondu-
(camuflagem). A cor serve para diferenciar e co-
ladas ou linhas repetidas.
nectar, ressaltar e esconder.
27
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
SAIBA MAIS
28
DESIGN
OS PROCESSOS QUE
ORIENTAM O DESIGN
A
dependência da originalidade, do estímu- Neste sentido, o design alimenta todas as formas
lo visual e plástico é fundamental para de organização estrutural e formal referentes à cria-
apresentar ao consumidor uma identifi- ção, produção e adaptação dos objetos e ambientes
cação, uma definição e uma decisão no ao uso individual ou coletivo de uma sociedade.
ato do consumo das informações. Portanto, pode-se
definir um objeto industrial e seu caráter informati- Propor alternativas entre produto e usuário –
vo devido ao seu alto grau de complexidade funcio- configuração
nal e estrutural (BURDECK, 2006).
Para Burdeck (2006), o design como processo, No processo de Design devemos entender que exis-
por ser uma área de conhecimento multidisciplinar, tem diversas categorias de funções, materiais, for-
envolve questões relacionadas à estética, à psicologia mas de uso, categorias de produtos, público, cores,
e à ergonomia que devem ser consideradas no pla- entre tantos outros meios de expressão e representa-
nejamento de um produto. ção. Deve-se tomar como partida alguns pré-requi-
De acordo Löbach (2001), os fundamentos do sitos industriais de produção e escolher o que mais
design são aqueles voltados à percepção sensorial se adapta à configuração. Também este processo
de conforto e segurança na manipulação das for- deverá refletir os anseios e os desejos, bem como à
mas, cores, estruturas ou padrões que garantam o necessidade do usuário.
processo de comunicação e dinamismo às informa-
ções. Entretanto, o emprego das técnicas do design é Plano de uma ideia para solução de um problema
apontado como o principal viés para a evolução do
produto contemporâneo. É o design que alimenta a incessante produção
Podemos conhecer mais sobre o processo de De- industrial com relação ao projeto de um produ-
sign. Assim, iremos garantir uma boa base conceitu- to ou de um sistema de produtos. Nesse sentido,
al da configuração de um produto industrial. percebemos a evolução das coisas, a descoberta
Ainda de acordo com Löbach (2001) as defini- de novos recursos para o uso, diferentes forma-
ções do processo de Design são: tos que se tornam referencias de uma geração. As
Primeiro processo de adaptação do ambiente ideias surgem a partir de problemas que devem
artificial às necessidades físicas e psíquicas dos ho- ser resolvidos, o designer é um dos articuladores
mens na sociedade deste processo.
29
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Esse fator é essencial para a indústria de produtos. Löbach define o processo de Design em uma
Com a projetação do ciclo de vida do produto e sua frase: “Design é um processo de resolução de pro-
adequação aos sistemas industriais e em série. Nesse blemas atendendo às relações do homem com seu
momento, o Designer faz uma análise de todos os ambiente técnico” (2001, p. 14).
aspectos industriais que envolvem o produto, rela- Sendo assim o Design é um processo que trans-
ciona tecnologia e ciência para garantir um processo forma produto ou serviço em industrial determinan-
produtivo eficiente, dinâmico, de baixo impacto am- do as necessidades do indivíduo ou de um grupo.
biental e na maioria das vezes lucrativo. Podemos também atribuir ao Designer a avaliação
do processo de criação, concepção, adaptação e im-
Figura 18 - Processo de Design pacto dos produtos ou serviços no meio social e cul-
tural. Esta última conclusão é pela importância do
Empresário
Recursos financeiros Design na configuração do ambiente objetual: sig-
Fabricante
nifica estudar e propor soluções para a interação do
sistema social e sua relação com os objetos.
Projetista Objeto de Design Comprador Burdeck (2006, p. 15) ressalta um importante
Designer Produto Industrial Usuário fato histórico do Internacional Design Center de
Berlim (esse é um centro universal de exposição e de
fomento ao design industrial) que em 1979, por oca-
Processo de Design Processo de Uso sião de uma de suas exposições de design industrial
Projeto de produtos Experimentação das publicou a definição de bom design:
industriais com funções = funções do produto =
• O bom design não se limita a uma técnica de
Processo Satisfação por
de conduta meio do uso empacotamento.
• Ele deve tornar visível a função do produto e
Fonte: Löbach (2001, p. 15).
seu manejo.
• O bom design deve tornar transparente o esta-
Na figura 18, podemos verificar a relação e a depen- do mais atual do desenvolvimento da técnica.
dência do fazer Design vindas de diversas instâncias • O bom design não deve se ater apenas ao pro-
como o perfil do projetista, sua percepção e processo duto em si, mas deve responder a questões do
de conduta diante do projeto. Vemos também a im- meio ambiente.
portância da observação do usuário, o atendimento • O bom design deve fazer da relação do ho-
mem e do objeto o ponto de partida da con-
à sua necessidade e sua satisfação no processo de uso.
figuração.
A figura também mostra a influência dos recursos fi-
nanceiros e sistemas produtivos, o objetivo é adequar Para Löbach (2001, p. 28), “a fabricação de objetos
o projeto aos aspectos industriais e colocar o projeto cujo uso satisfaz a determinadas necessidades é feita
em harmonia com os processos e aspectos ambientais. hoje por processos industriais. Estes produtos são
30
DESIGN
objetos fabricados em larga escala para a satisfação O design está orientado ao uso e tem como pon-
de necessidades”. Ainda de acordo com o autor, na to de partida a experiência do usuário, sua cultura e
sociedade industrial o objetivo de quase toda ativi- seus hábitos. Nessa experiência, o Design Industrial
dade é a elevação do crescimento econômico e do atribui ao objeto funções determinadas a atender às
nível de vida social. Dessa maneira, o objetivo da necessidades do homem.
indústria de objetos é atender a necessidades e as- De acordo com Löbach (2001, p. 54), os aspectos
pirações dos usuários, desenvolvendo ideias para a essenciais das relações dos usuários com os produ-
satisfação do homem através de produtos. tos industriais são as funções atribuídas aos objetos,
as quais se tornam perceptíveis no uso e possibilitam
Figura 19 – Estudo das relações entre homem e os objetos
a satisfação de certas necessidades.
Homem Homem As funções determinadas pelo autor que orien-
tam para a configuração dos produto são:
Relações com as coisas Relações com as coisas Função Prática: todos os aspectos fisiológicos do uso
Conduta Objetos
31
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
32
considerações finais
N
essa primeira unidade, estudamos alguns conceitos-chave em design que
consideramos mais importantes para o entendimento da metodologia
projetual. Pois um campo de saber está amparado a partir da definição de
alguns termos básicos que orientem os processos operacionais e que dê
ao designer uma visão ampla de todas as interfaces no qual ele tem que lidar para o
desenvolvimento de um produto.
A atividade projetual requer esse entendimento, para uma melhor compreen-
são da constituição das mensagens visuais, no qual a disposição dos elementos bási-
cos, como cor, forma, textura entre outros, devem gerar significados que possam ser
compreendidos e compartilhados universalmente. Basicamente esta unidade reune
estudos significativos da comunicação visual, da plasticidade e funcionalidade e to-
dos os elementos que envolvem a compreensão desta gramática visual presente no
esboço e o projeto de produto.
A importância de entender como vemos as coisas, resulta em um projeto que
integra toda a diversidade e possibilidade de uma criação direcionada, pois vamos
usar uma linguagem que expresse aquilo que queremos e aquilo que o individuo
é capaz de compreender. Portanto, o planejamento de um produto, deve levar em
consideração que toda mensagem emitida por um produto seja compreensível não
só em seus aspectos funcionais, mas que seja uma estética com referencia naquilo
que vemos e percebemos dentro de nosso contexto.
Como vimos, tudo tem significado, não só o conteúdo, a forma, a representação
em si do objeto, mas também significados de cor, de linha, textura etc., significados
abstratos que dependem da cultura do indivíduo. São elementos constitutivos que
na composição visual possuem grande valor para a comunicação de um produto.
Transmitem informações e significados e compreender o seu funcionamento no
projeto de design resulta no sucesso do produto.
Também podemos observar a importância do fazer Design com relação às di-
versas instâncias como, o perfil do projetista, sua percepção e processo de conduta
diante do projeto. Vemos também a importância da observação do usuário, o aten-
dimento à sua necessidade e sua satisfação no processo de uso. Fazer Design, ou pro-
jetar um produto, é adequar o projeto aos aspectos industriais e colocar o projeto em
harmonia com os processos, aspectos ambientais e principalmente às necessidades
do usuário.
33
atividades de estudo
1. Hoje, com as amplas modificações, transfor- III. É o processo de Design que alimenta a inces-
mações, novos produtos, novas modas sur- sante produção industrial a evolução das coi-
gem, portanto, compreender estas novas ma- sas, a descoberta de novos recursos para o
neiras e estes novos significados, implicam na uso e diferentes formatos que se tornam refe-
forma da comunicação e criação de produtos. rencias de uma geração.
Dessa maneira, o design de um produto é ca-
racterizado pelo desempenho do profissional A alternativa correta para da questão é:
Designer em equacionar uma série de dados
a. Somente a I
para o desenvolvimento de um bom projeto.
Sendo assim conceitue o design sob os olha- b. I e II
res de Cardoso (2004), Fiorini (2008), Baxter c. I, II e III
(1998) e Gomes Filho (2006).
d. I e III
2. Nos vários campos de atividade do design e. Somente a III
(como a programação visual, o desenho in-
dustrial, assim como no design de interior e 4. De acordo com a teoria do Design proposta
na moda) entender os conceitos-chave é uma por Löbach (2001), analise a figura a seguir
necessidade do designer para melhor desem- que representa bolsas femininas de couro,
penho e atuação na elaboração do processo nas cores preto, amarelo e vermelho e, logo,
projetual. A partir destas afirmações descreva descreve as funções que lhe são atribuídas e
o que é o Projeto. responda a questão.
34
atividades de estudo
III. É simbólica, pois nela encontra-se os aspectos III. A linha é a vertical, pois todas as peças estão
espirituais e tribalizado. A variação de cores penduradas pela arara, como são de cores e
pode influenciar no consumo de determina- tons diferentes, a leitura é feita verticalmente.
dos grupos ou culturas diferentes.
IV. A imagem é composta apenas por um plano,
o primeiro, no qual está em destaque a figura
A alternativa correta é: da camiseta vermelha pendurada.
a. I e II
V. A imagem não possui plano, pois sua repre-
b. II e III sentação está sem fundo com foco na cami-
seta vermelha.
c. somente a I
d. somente a II
É correto afirmar que as alternativas verdadeira são:
e. somente a III a. I, III e V
b. II e IV
5. Observe a figura, a seguir, que se refere a uma
arara display de roupas e, logo, faça uma refle- c. I, III e IV
xão sobre os princípios da Gestalt que estrutu- d. III e V
ram o Design.
e. I e V
35
LEITURA
COMPLEMENTAR
36
LEITURA
COMPLEMENTAR
Isso não é mais verdadeiro, se é que alguma vez o foi. di-la com a mesma simplicidade de que somos capazes
Parte do presente e a maior parte do futuro vão estar através da escrita e da leitura, e, o que é mais impor-
nas mãos de uma geração condicionada pela fotografia, tante, através da impressão e da produção em serie da
pelo cinema e pela televisão, e que terá na câmera e no linguagem. O difícil é como fazê-lo. De que maneira a
computador visual um importante complemente inte- comunicação visual pode ser entendida, aprendida e ex-
lectual. Um meio de comunicação não nega o outro. pressa? Até a invenção da câmera, esse campo pertencia
Se a linguagem pode ser comparada ao modo visual, exclusivamente ao artista, excetuando-se as crianças e
deve-se compreender que não existe uma competição os povos primitivos, que desconheciam o fato de possuir
entre ambos, mas que é preciso simplesmente avaliar essa competência.
suas respectivas possibilidades em termos de eficácia Por exemplo, todos somos capazes de ver e reconhe-
e viabilidade. O alfabetismo visual tem sido e sempre cer um pássaro. Podemos ampliar esse conhecimento
será uma extensão da capacidade exclusiva que o ho- até a generalização de toda uma espécie e seus atri-
mem tem de criar mensagens. butos. Para alguns observadores, a informação visu-
A reprodução da informação visual natural deve ser al não vai além do nível primário de informação. Para
acessível a todos. Deve ser ensinada e pode ser aprendi- Leonardo da Vinci, um pássaro significava voar, e seu
da, mas é preciso observar que nela não há um sistema estudo desse fato levou-o a tentar a invenção de ma-
estrutural arbitrário e externo, semelhante ao da lingua- quinas voadoras. Vemos um pássaro, talvez um tipo
gem. A informação complexa que existe diz respeito ao específico de pássaro, digamos uma pomba, e isso tem
âmbito da importância sintática do funcionamento das um significado ampliado de paz ou amor. O visionário
percepções do organismo humano. Vemos, e compre- não se detém diante do obvio; através da superfície
endemos aquilo que vemos. A solução de problemas dos fatos visuais, vê mais além, e chega a esferas mui-
está estreitamente ligada ao modo visual. Podemos até to mais amplas de significados.
mesmo reproduzir a informação visual que nos cerca, Fonte: Dondis (2007, p. 85).
através da câmera, e, mais ainda, preservá-la e expan-
37
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
38
referências
BAXTER, M. Projeto de Produto: guia prático para o desenvolvimento de novos produtos. 2. ed. São Paulo:
Edgard Blucher, 1998.
______. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 3. ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2011.
BURDECK, B. História, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Editora Edgar Blücher Ltda, 2006.
CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.
COELHO, L. A. L. Conceitos-Chaves em Design. Rio de Janeiro: Novas Idéias, 2011.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras Editora, 2004.
______. Design do Objeto: bases conceituais. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.
LÖBACH, B. Desenho industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Editora
Edgar Blücher Ltda, 2001.
LUPTON, E. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
MUNARI, B. Design e comunicação visual: contribuição para um metodologia didática. São Paulo: Martins
Fontes, 1997.
FIORINI, V. Design de moda: abordagens conceituais e metodológicas. In: PIRES, D. B. Design de moda:
olhares diversos. Barueri, SP: Estação das Letras e Cores Editora, 2008.
Citação de Links:
TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. São Paulo: Edição da Autora, 2013.
1 <http://art.thewalters.org/detail/19806/allegorical-figure-of-music/>. Acesso em: 25 abr. 2016.
2 <http://art.thewalters.org/detail/17652/venus-seated-woman/>. Acesso em: 25 abr. 2016.
3 <http://freestock.ca/americas_g98-abandoned_silk_mill_shoes_p5197.html>. Acesso em: 25 abr. 2016.
4 <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Textura_12.JPG?uselang=pt-br>. Acesso em: 25 abr. 2016.
5 <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Textura_25.jpeg?uselang=pt-br>. Acesso em: 25 abr. 2016.
6 <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chenille_Fabric.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 25 abr. 2016.
39
gabarito
1. Para Baxter (1998), os designers do futuro serão multifuncionais e terão de discutir, criação, pesquisa
de mercado, marketing, modelos, processos, projetos, entre outros. Nesse sentido, vamos ver algu-
mas definições.
Cardoso (2004, p. 14), afirma que a origem da palavra design está na língua inglesa, como um subs-
tantivo que se refere “tanto à ideia de plano, desígnio, intenção, quanto à de configuração, arranjo,
estrutura.” Também para o autor, sua origem etimológica esta no latim (designare) que tem o sentido
de designar ou desenhar.
Para Fiorini (2008, p. 96), a origem do termo design surge em 1588 e está registrada no Oxford en-
glish Dictionary, “um plano ou um esboço concebido pelo homem para algo que se há de realizar, um
primeiro esboço desenhado para uma obra de arte ou um objeto de arte aplicada, necessário para
sua execução”. Para o autor o design deve ser entendido como “uma prática projetual de profundo
impacto na cultura e na sociedade”.
2. Tem a ideia de uma ação intencional para planejar a realização de algo. Verifica-se o problema a ser
resolvido e a partir daí verifica-se as múltiplas faces e possibilidades para desenvolver o projeto. Ne-
cessita-se de um olhar amplo que abrange conhecimento de materiais, aspectos de uso e produção,
impacto do meio ambiente, estética, entre outros. É uma ordenação das ideias por meio de um plane-
jamento que apreenda a realidade objetivada.
3. Alternativa D.
4. Alternativa A.
5. Alternativa C.
40
DESIGN
41
ASPECTOS QUE CONFIGURAM O
DESENVOLVIMENTO DOS PRODUTOS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Entender por meio das funções dos produtos como ocorre
o processo de utilização e atribuição de valor de uso.
• Conhecer a Teoria da Gestalt e as regras da percepção
visual.
• Compreender os fundamentos do alfabetismo visual que
asseguram o projetista para aplicação de conhecimentos
táticos e técnicos na manipulação dos elementos
projetuais.
Objetivos de Aprendizagem
• As classificações dos produtos e suas funções
• Regras da percepção – Gestalt
• Técnicas visuais e estratégias do Design aplicadas ao
produto
unidade
II
INTRODUÇÃO
AS CLASSIFICAÇÕES
DOS PRODUTOS
E SUAS FUNÇÕES
46
DESIGN
E
sse fato ocorre por meio das funções dos a intervenção ativa na modificação do objeto natu-
produtos que, no processo de utilização ral para satisfazer a necessidade do homem ou do
atribui-se o valor de uso. ambiente. Seria agir ativamente na transformação e
Diante da grande variedade de neces- inovação do cultivo, espécie e criação de um sistema
sidades humanas, a maioria delas são satisfeitas de uso eficiente.
com objetos. A materialização de ideias para a sa-
tisfação dessas necessidades conduz à produção in- Natureza modificada como objeto
cessante de diversos produtos que podem ser clas-
sificados, como descreve Löbach (2001, p. 31), em Esse nível de classificação o objeto com sua nature-
quatro níveis: za modificada é aquele que parte do uso direto dos
objetos naturais ou sua leve transformação. Nesse
Objetos naturais momento, o homem tem como objetivo de organi-
zar informações representativas ou determinadas,
Neste nível há o entendimento de que o próprio ho- aplicando uma configuração ou uma montagem que
mem é parte da natureza e pode adotar duas postu- o resultado é um objeto com alguma qualidade es-
ras diante dela. Uma delas é agir passivamente dian- tética de uso. É a partir desse nível que o projetista
te dos objetos naturais, sem modificar sua aparência começa a materializar sua ideia, pois esta transfor-
ou exercer nenhuma influência no objeto. Outra mação qualitativa irá permitir uma qualidade per-
conduta é posta em prática a técnica e a ciência para ceptiva que atenderá a uma função.
47
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Os objetos de uso são um retrato da sociedade de O objeto artístico é uma classe especial de portadores
consumo como representação de suas condições de informações que podem ser considerados como
culturais, tecnológicas e econômicas. É quando o necessários para suprir nossa necessidade estética.
usuário desfruta da configuração do produto que Esses objetos não possuem a obrigação de atender
atende à sua necessidade nos quesitos de utilidade, a função prática ou utilitária. Devido à percepção
funcionalidade e estética. Esse produto pode ser de global entre arte e estética, os objetos artísticos têm
origem artesanal ou industrial. Pode-se dizer que a missão de satisfazer somente as necessidades es-
nas duas origens há projeto e a questão do design téticas do homem, mas isso não quer dizer que os
muito mais intensa e relativa aos meios produtivos objetos utilitários não podem ser classificados como
e criativos. As duas origens também podem ser im- artísticos ou que os objetos artísticos não são úteis.
portantes para a relação entre produto, produtor e A vivência estética de nossa sociedade depende des-
usuário. Entendendo a atitude do usuário e produ- tes objetos utilitários ou não, que podem ser produ-
tor frente às suas necessidades, que poderão ser de zidos artesanalmente ou industrialmente, com pro-
diferentes públicos e universos, como questões que jetos e com metodologias adequadas para diferentes
envolvam a qualidade/quantidade, meios represen- necessidades estéticas.
tativos e custos da produção.
Figura 1 - Necessidade dos objetos – representação do bambu como produto natural, modificado, utilitário e artístico
48
DESIGN
N
a figura 1, podemos entender as imagens gem, você pode ver a qualidade da modificação, na
que são um exemplo de classificação dos cadeira nota-se o design como ferramenta projetiva
objetos. Pegamos o bambu, que pode ser e como princípio de existência do produto utilitário.
empregado em diversos sistemas produ- A quarta e última imagem, você pode notar o pro-
tivos e é um material extremamente eficiente e eficaz jeto artístico e o produto é visto em um diferente
no cenário industrial. Na primeira imagem, pode- patamar de utilidade e de valor. Esse último objeto
mos ver o objeto em sua configuração natural. Na é uma cadeira suspensa, em balanço. Construída em
segunda imagem, percebe-se o bambu já modifica- bambu, a cadeira faz uma linha elástica e poética, no
do pela necessidade de uso, o bambu é empregado formato orgânico de uma gota, pode simplesmente
para a construção de um banco. Na terceira ima- ser empregado para o conforto estético e decoração.
Figura 2 - Quatro das classificações dos objetos que servem para satisfazer as necessidades humanas
Objetos Objetos
de uso artísticos
49
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
lado, os produtos de uso considerados artísticos são • Estes produtos geram uma grande quantida-
possíveis a cada novo e intrigante mundo do consu- de de lixo.
mo sensorial, no qual estamos sempre dispostos à • Há a necessidade de conservação e transporte
novas experiências estéticas. por meio das embalagens.
REFLITA
Nessa categoria estão todos os produtos alimentícios
que são utilizados para consumo necessário e básico ou
simplesmente para atender a uma necessidade ou di-
O homem tem uma necessidade de estar
versidade. Nesses produtos destacam-se as embalagens
sempre em volta das suas origens?
e derivados, como informações visuais, formas e cores,
rotulagem informativa e característica de consumo.
Agora, vamos entender um pouco mais sobre a con- Produtos de uso individual
figuração dos produtos. É necessário o entendimen- • Produtos com maior vida útil.
to da classificação e da categoria do produto, bem • Uso exclusivo de determinada pessoa – re-
como a determinação de sua função para se projetar. lação contínua e estreita entre o usuário e o
Vai fazer sentido estas informações quando você es- produto.
tiver projetando e determinando os aspectos estru- • Diversificação do desenho e do projeto do
turais do produto que será criado. produto para atender aos desejos dos consu-
Para a configuração dos produtos que perten- midores.
cem à classificação dos objetos de uso é necessário a Sugere-se que são produtos exclusivos de uma pes-
determinação de sua categoria. Para tanto é impor- soa ou função, que atenda a necessidade particular
tante observar: e personalizada. Existe, portanto, uma relação for-
• Como ocorre o processo de uso. te entre produto e usuário, no qual o objeto produz
• O significado do produto para o usuário, seu uma relação contínua e direta. Para ampliar o mer-
valor objetivo. cado é necessário diversificar o desenho dos produ-
• Os envolvidos no uso do produto. tos atendendo à diversidade cultural, de classe ou
• Sua utilização como propriedade particular. desejo do consumidor.
Para Löbach (2001, p. 41), dentre as categorias mais Produtos de uso para determinados grupos
importantes dos objetos de uso estão: • Produtos utilizados por um pequeno grupo
de pessoas que se conhecem umas as outras.
Produtos de consumo • Certa consciência de conservação e preserva-
• Produtos que ao serem consumidos deixam ção do produto pelo grupo.
de existir. • Devem-se considerar as necessidades gerais
do grupo no projeto.
50
DESIGN
Essa categoria setoriza, divide e classifica para o uso Figura 3 - Exemplo da categoria de produtos: produto de consumo -
uma lata de coca-cola
coletivo ou para mais de uma pessoa. Esses fatores
podem ser justificados por algumas necessidades co-
letivas de objetos industriais de uso. A característica
mais forte desta categoria é que os produtos são uti-
lizados por muitas pessoas, ao mesmo tempo ou em
tempos alternados. Nessa categoria, cada indivíduo
mantém relações menos marcantes com o produto.
Produtos para uso indireto
• Produtos industriais ou de mecanismos de
funcionamento que permanecem ocultos du-
rante o uso.
• Sem relação direta – simbólica ou estética –
com o usuário.
Esses produtos não têm relação direta com o usuá-
rio, mas são peças importantes para o funcionamen-
to e desempenho do uso. Os objetos dessa categoria
compõem um projeto mais amplo, na maioria das
vezes, e o usuário pode nem perceber sua forma ou Figura 4 - Exemplo da categoria de produtos: de uso individual - escova
de dentes
necessidade. A configuração dos produtos de uso
indireto são atreladas aos aspectos técnicos ou práti-
cos e se limitam a uma necessidade para garantirem
segurança ou conforto ao usuário. Geralmente são
isolados ou disfarçados em processo de produção,
montagem ou manutenção.
Nesse relato de diversas categorias do produ-
to fica evidente a tarefa do designer industrial em
definir os aspectos formais e estruturais do objeto
de uso. Constitui, efetivamente, em adaptar, criar
e atender aos princípios que regem a indústria e o
consumo de objetos ao comportamento das pessoas
e sua relação e necessidade do uso.
51
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
52
DESIGN
REGRAS DA
PERCEPÇÃO -
GESTALT
Como vimos na aula anterior, os fatores na construção volveu habilidade de identificar o perigo (predado-
do estilo influenciam no resultado final do produto, res, cobras e outros inimigos) e distinguir materiais
depende dos objetivos que se deseja alcançar. Nessa comestíveis” Baxter (1998, p. 29). Portanto, a visão
aula, vamos observar um pouco mais sobre a percep- tem uma importância fundamental para a sobrevi-
ção humana e alguns princípios que regem nossa ma- vência do homem. E hoje mais que nunca, somos
neira de ver e perceber o mundo ao nosso redor. expostos a um turbilhão de imagens no qual temos
O ser humano traz como herança na sua ma- que extrair informações visuais. E para o designer,
neira de ver um longo processo evolutivo como nos é preciso que seu conhecimento sobre a visão tenha
afirma Baxter (1998). Somos predominantemente uma amplitude e se fundamente teoricamente para
visuais, pois usamos a visão mais que qualquer ou- poder dar soluções aos problemas e servir as neces-
tro sentido, desde os primórdios o homem “desen- sidades sociais.
53
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Nesse sentido, vamos aprender a teoria de Gestalt, De acordo com a Gestalt, como nos afirma Go-
que tem contribuído com estudos científicos sobre mes Filho (2004), a primeira sensação de nossa per-
a percepção, linguagem, memoria e motivação que cepção visual é da forma global e unificada. Quando
orientam a atenção do usuário ou um grupo social olhamos um objeto pela primeira vez, a imagem é
na escolha de um produto. varrida rapidamente da nossa visão e vemos o obje-
A teoria da Gestalt responde perguntas sobre o to de forma global, vemos o objeto inteiro e não os
estímulo visual provocado no homem na observa- detalhes. Essa primeira fase é chamada por Baxter
ção de um dado específico e se opõe ao subjetivismo (1998), de “Pré-atenção”. Em um segundo momen-
devido ao seu apoio na fisiologia do sistema nervo- to, focalizamos os detalhes da imagem que estamos
so, segundo Gomes Filho (2004). visualizando, esta percepção é chamada de “Atenção
visual”. Baxter (1998, p. 27) nos dá um exemplo prá-
SAIBA MAIS tico desses dois estágios do processamento visual,
54
DESIGN
55
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
56
DESIGN
Ou seja, estas leis ajudam a organizar a informação Figura 7 - Leis da Gestalt – proximidade e semelhança
57
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
TÉCNICAS VISUAIS E
ESTRATÉGIAS DO DESIGN
APLICADAS AO PRODUTO
Agora, vamos aprender sobre o alfabetismo visual ma que as características estruturais e formais dos
e seus fundamentos, que asseguram ao projetista produtos estão, na maioria das vezes, em seu sentido
a aplicação de conhecimentos táticos e técnicos na visual gráfico. Portanto, caro(a) aluno(a), é impor-
manipulação dos elementos projetuais. As técni- tante aprender um pouco sobre o alfabetismo visual.
cas visuais são essenciais aos princípios do design Com essa leitura podemos criar diferentes caminhos
contemporâneo, quando colocadas em prática me- utilizados na obtenção de resultados positivos. Es-
lhoram a performance do produto na efetivação do tudaremos forças compositivas já experimentadas e
consumo e na satisfação do uso. estruturadas por áreas de conhecimento e que ofe-
Löbach (2001) escreveu sobre o desenvolvimen- recem instrumentação e metodologia projetual ao
to de produtos inovadores e criativos. O autor afir- designer para intensificar a geração do sentido.
58
DESIGN
Para tanto, começaremos entendendo o contras- tre arte e comunicação. Dondis (2007, p. 124-129)
te como técnica visual. Em seguida, veremos outras divide o contraste em quatro parâmetros diferentes
técnicas como formas de expressão que garantirão são eles:
um projeto bem fundamentado. Todas as demais • Contraste de Tom: com o tom a claridade ou
técnicas, além do contraste, para Dondis (2007) são a obscuridade relativas de um campo estabe-
vistas como forças que podem ser opostas, ou seu lecem a intensidade do contraste.
contrário uma outra técnica visual poderá aparecer. • Contraste de Cor: o tom supera a cor em nos-
O processo de composição é o passo mais cru- sa relação com o meio ambiente, sendo mais
importante que a cor na criação do contraste.
cial na solução de problemas visuais, afirma Dondis
Depois do tonal o mais importante contraste
(2007, p. 29). É nessa etapa vital do processo criativo
de cor é o quente-frio.
que o designer exerce controle do trabalho e maior
• Contraste de Forma: por meio da criação de
oportunidade de expressão fundamental para um
uma força compositiva antagônica, a dinâmi-
projeto inovador. Os fundamentos do alfabetismo ca do contraste poderá ser prontamente de-
visual aplicados em projetos de Design são: monstrada em cada elemento visual apresen-
tado. A função principal é aguçar, por meio
Contraste do efeito dramático de justaposição.
• Contraste de Escala: a distorção da escala
Dondis (2007) afirma que o contraste é o mais efi- pode chocar o olho ao manipular à força a
caz controle dos efeitos visuais em um projeto de proporção dos objetos e contradizer tudo
Design, nele existe uma ligação entre mensagem e aquilo que, em função de nossa experi-
ência, esperamos ver. É a justaposição de
significado. Para esse controle da informação traba-
meios diferentes.
lhando com o contraste é preciso entendê-lo como
técnica visual. O contraste como técnica visual é um Figura 10 - Exemplo de contraste e estímulo visual causado pela oposi-
ção do preto, branco e tons de cinza
poderoso instrumento de expressão, o meio para
intensificar o significado, e, portanto, simplificar a
informação.
Ainda segundo Dondis (2007), o contraste tem
a função de racionalizar, explicar e resolver as con-
fusões e necessidades no campo visual, separando e
exaltando os elementos básicos da configuração do
produto. A mente e o olho exigem estímulos e sur-
presas, e um design que resulte em êxito e audácia
sugere a necessidade de aguçamento da estrutura e
da mensagem.
Portanto, caro(a) aluno(a), o contraste é um ca-
minho fundamental para a clareza do conteúdo en- Fonte: Adaptado de Gomes Filho (2004, p. 21).
59
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Equilíbrio
60
DESIGN
Assim sendo, podemos concluir que o equilíbrio: Figura 14 - Exemplo de contraste de escala
uma informação.
Figura 15 - Plano cartesiano com o cruzamento dos planos horizontais
e verticais em um eixo central
Tensão
61
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Nivelamento e Aguçamento
62
considerações finais
D
e acordo com o que vimos nessa unidade, a função do designer é dar
sentido ao produto refletindo nele os anseios e ambições de uma popula-
ção ou indivíduo. O Design é uma área multidisciplinar e um importante
agente social na aproximação entre arte, indústria e comunicação.
Consolidado com o princípio funcional de acordo com as condições perceptivas
do homem, tendências e estilos evolucionistas, o Design permitiu o estado confortá-
vel das coisas no emprego de uma linguagem tecnológica nos procedimentos visuais
relativos à cognição sensorial e psicológica na composição de um produto.
A relação entre design e configuração de um objeto é revelada ao usuário na
concretização da estética adequada e no sucesso da comunicação. Nessa busca de
uma identidade, valores sociais e a proposta de soluções relacionadas à interface con-
temporânea da produção e uso de produtos pode ser encontrada com a utilização do
design como moderador.
O padrão de produção e soluções visuais respeitadas nos objetos de uso, bem
como em sua evolução, revelaram a importância do processo de Design e do em-
prego do Alfabetismo Visual. Para o designer esse fato é um fomento à sua efetiva
participação na Indústria de bens de consumo que proporcionem segurança, beleza,
usabilidade, visualidade plástica e leveza traduzidas em informações harmoniosas
aos seus usuários.
Percebemos nessa unidade caro(a) aluno(a), que não só a habilidade do designer
que pode definir a concretização do projeto, mas que é necessário conhecer as fun-
ções dos produtos e como ocorre o processo de utilização e atribuição de valor de
uso. Além disto, conhecer a Teoria da Gestalt e as regras da percepção visual pode
resultar em uma integração harmoniosa dos componentes do produto. Vimos que
uma combinação de regras de simplicidade aliada com os padrões visuais, podem
sugerir como os fundamentos do alfabetismo visual assegura ao projetista uma apli-
cação de conhecimentos táticos e técnicos na manipulação dos elementos projetuais
e por consequência no objeto do projeto.
63
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
1. A percepção humana é amplamente dominada Marque a opção correta com relação as afirma-
pela visão, segundo Gomes Filho (2004), pois, ções acima:
o sentido visual é predominante sobre os de- a. Todas as afirmativas estão corretas.
mais sentidos. Com relação à percepção, con-
b. Somente as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
forme a teoria da Gestalt, podemos afirmar:
I. A primeira sensação de nossa percepção vi- c. Somente as afirmativas II, III, IV e V estão
sual é da forma global e unificada. Essa pri- corretas.
meira fase é chamada por Baxter (1998) de d. Somente as afirmativas I, III, IV e V estão
“Atenção visual”. Em um segundo momento, corretas.
focalizamos os detalhes da imagem, essa per-
e. Somente as afirmativas I, II, IV e V estão corretas.
cepção é chamada de “Pré-atenção”.
II. O cérebro capta as luzes produzidas pelo
2. A Gestalt é uma escola de Psicologia Experi-
objeto, por meio das células fotossensíveis,
mental, que teve seu início a partir de 1919.
gerando um impulso elétrico. A imagem a
É uma escola que atuou principalmente na
que chamamos visão é a interpretação que
teoria da forma, com contribuição relevante
o nosso cérebro apresenta desses impulsos
aos estudos da percepção como afirma Go-
elétricos que são gerados na retina e que são
mes Filho (2002). Com relação a Gestalt na
conduzidos até o cérebro por meio das célu-
linguagem visual do design, podemos identi-
las do sistema nervoso.
ficar várias contribuições no que se refere ao
III. As células fotossensíveis dividem a imagem vi- estilo de um produto em um projeto. A par-
sual em diversos componentes, como linhas, tir dessas considerações responda o que se
cores e movimentos. Esses componentes são pede a seguir:
transmitidos ao cérebro – são processados e I. O princípio do equilíbrio é o estado onde as
produzem um SIGNIFICADO – armazenado forças, agindo sobre um corpo, compensam-
na memória para uso futuro. -se mutuamente. Pode ser um elemento mí-
IV. O cérebro faz uma integração desses frag- nimo de existência para desencadear o equi-
mentos da imagem visual. Nossa percep- líbrio em uma informação, podendo também
ção é algo inteiro e coerente. Do contrário, toda ela tomada pela exatidão e formação de
perceberíamos linhas, pontos, cores sepa- uma estrutura.
radamente. II. O contraste é identificado no nível básico por
V. A pregnância da forma, quando aplicada, sig- meio da presença ou ausência de luz. Pode
nifica que o objeto está de acordo com nos- haver contraste por cores, tom/forma/escala.
sas propriedades visuais, ou seja, integrado, O contraste pode ser aplicado como uma for-
organizado, equilibrado e que podemos en- ça que desequilibra, sacode, estimula e atrai
xerga-lo em sua forma global, em virtude da a atenção.
organização de seus elementos. Ela propícia
um entendimento rápido e prende nossa
atenção para um segundo olhar.
64
DESIGN
III. A tensão é o meio visual eficaz para criar um 4. Na observação da imagem sugerida a se-
efeito direto e econômico para transmitir uma guir, é correto afirmar que:
mensagem visual. As opções visuais são pola- I. Na composição foi utilizado o contraste de
ridades, combinações e variações complexas, cor e tom. Um tipo de técnica possível na
simples ou inesperadas. utilização de duas ou mais cores com suas
variações tonais. Nesse caso, o compositor
Com base nestas afirmações marque a opção utilizou tons pastéis do marrom, do verde e
verdadeira: do amarelo. Assim como o contraste entre
a. Todas as alternativas são verdadeiras. claro/escuro.
b. Somente as alternativas II e III são verdadeiras. II. Na composição foi utilizado o contraste de
escala. O autor colocou propositalmente na
c. Somente as alternativas I e III são verdadeiras.
figura uma poltrona no primeiro plano em es-
d. Somente as alternativas I e II são verdadeiras. cala com o piso em perspectiva.
A alternativa correta é:
a. I e II.
b. somente a I.
c. somente a II.
d. somente a III.
e. I, II e III.
65
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
66
LEITURA
COMPLEMENTAR
O texto abaixo mostra sucintamente alguns dos estilos Década de 1920: saias um pouco mais curtas, na altura
estéticos formais que marcaram a história da moda. dos joelhos, deixando aparecer pela primeira vez as per-
Os estilos no campo do vestuário datam dos primórdios nas (sempre cobertas por meias); silhueta mais próxima
da humanidade. Ao longo do tempo foram sendo criados de um cilindro: achatamento dos seios e quadris; cabelos
e diversificados em razão de inúmeros fatores sociais, curtos; uso de calças – estilo “melindrosa”.
econômicos, culturais, políticos e comportamentais – in- Década de 1930: saias voltam a ficar mais compridas,
crementados pelo advento de novos materiais, pelo pro- porém as costas ganham destaque e enormes decotes;
gresso técnico dos processos de confecção, bem como roupas feitas com muitos metros de tecido, luxo; cabelos
em função de um incessante desenvolvimento tecnoló- na altura dos ombros, ondulados e de preferência plati-
gico aliado, por sua vez, ao gênio inventivo e empreen- nados; resgate da feminilidade.
dedor de incontáveis profissionais da indústria da moda. Década de 1940: economia de tecidos por causa da 2ª
A seguir são descritos sucintamente alguns dos mais im- Guerra Mundial; roupas mais justas; influência dos uni-
portantes conceitos e características que orientaram os formes militares; muitos adornos nas cabeças, como tur-
estilos estético-formais, sobretudo de roupas femininas, bantes e redes; silhueta feminina rígida.
que vigoraram no século XX. Retomados agora em boa Década de 1950 : com o fim da guerra houve novamen-
parte, nos anos 2000. te um resgate da feminilidade, desta vez marcada pelas
Início do século XX até 1914: corpo livre do espartilho criações de Christian Dior, inspiradas na Belle Époque:
que trouxe mudança na silhueta feminina; encurtamen- saias rodadas e cintura marcada, o New Look; surgimento
to das saias; surgimento do sutiã; “vestidos” duas peças, de uma moda jovem: jeans, jaquetas de couro, camiseta,
iguais a saia mais corpete. calça cigarrete e biquines.
67
LEITURA
COMPLEMENTAR
Década de 1960: revoluções, conquista do espaço, Década de 1990: corpo torneado, mas magro; descons-
Guerra do Vietnã: tecidos tecnológicos; minissaia, ma- trutivismo; globalização; mundo cada vez mais se reju-
teriais inusitados, como o plástico; cabelo colorido; hi- venescendo; conceito de tribos se expande; grunges,
ppies; mods; estampas e cores psicodélicas; influencia clubbers, drag queens, mauricinhos e patricinhas; roupas
das artes; o unissex; cabelão; padrão estético feminino cuidadosamente “detonadas”; tênis; streetwear; sportwe-
baseado na modelo Twiggy, muito magra; maquiagem ar, sobreposição de peças; roupas funcionais com mui-
de “boneca”. tos bolsos; tecnologia têxtil mais avançada e funcional;
Década de 1970: black is beautiful; pantalonas; camisas “supermercados de estilos”: todos ao mesmo tempo;
justas; psicodelia; muita cor, estampa e sintéticos; lurex, customização; vintage.
cetim e brilho; tangas para moda praia; jeans com lycra; Anos 2000: reglamorização; luxo; moda decorativa e mi-
óculos imensos; surgimento do conceito de grife; punk, nimalista ao mesmo tempo; mistura forte de décadas.
glam, hippie, disco. Fonte: Gomes Filho (2006).
Década de 1980: culto ao corpo saudável e trabalhado;
individualismo; corpo feminino masculinizado; tribos:
punks, new wave, góticos, peruas, metaleiros, yuppies; ja-
ponismo: muito preto; volumes exagerados x minimalis-
mo; grande ícone: ternos e tailleurs Armani; moda mani-
pulada pela indústria têxtil e pelas grandes grifes.
68
referências
69
referências
BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 2. ed. São Paulo: Edgar Blu-
cher, 1998.
______. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 3. ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2011.
BURDECK. B. História, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Edgar Blucher, 2006.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.
______. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 6 ed. São Paulo: Escrituras Editora, 2004.
______. Design do Objeto: bases conceituais. São Paulo: Escritura Editora, 2006.
JENNY, P. Um olhar criativo. Tradução Denis Fracalossi, 1. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.
LÖBACH, B. Desenho industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Editora
Edgar Blücher Ltda, 2001.
70
gabarito
1. C.
2. A.
3. Respostas:
a. O Equilíbrio está na mão da modelo segurando um batom. Nessa composição assimétrica o equilíbrio
é composto pela cor vermelha do batom no centro da imagem e da boca vermelha da modelo.
b. A Tensão se faz presente na imagem devido a composição ser assimétrica, com todo o peso de infor-
mações de um só lado do plano. O eixo central também é tencionado pela cor vermelha utilizada como
informação.
4. B.
5. A unidade da figura é representada pelos elementos – linha vertical, quadrado, quadrado, linha verti-
cal. Essa unidade modular é repetida 4 vezes por segregação dos elementos que a compõe em deter-
minado ritmo. A proximidade dos elementos compositivos é que possibilita este ritmo. A quebra do
ritmo está em uma das unidade na cor azul, pois há uma constante da cor vermelha que se torna azul
e volta ao vermelho.
71
OS DETERMINANTES DO ESTILO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• O estilo dos produtos
• A atratividade do produto
• Os fatores: complexidade e simplicidade dentro das
configurações estético-formal de um produto
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os aspectos perceptuais do estilo dos produtos.
• Estudar como desenvolver um estilo visualmente atrativo.
• Determinar valores e preferências perceptivas quanto a
atratividade do produto.
• Compreender os fatores que determinam o planejamento
do estilo dos produtos.
unidade
III
INTRODUÇÃO
ESTILO DOS
PRODUTOS
No campo do design e desenvolvimento do produ- um objeto industrial, o caráter informativo, com re-
to, deve-se pensar na relação homem objeto, como o lação à plasticidade, funcionalidade, estética e sim-
produto vai interagir com o usuário. Essa percepção bolismo devem estar presentes no planejamento e
se dá por meio dos aspectos básicos do produto que concepção do design do produto.
facilitam a compreensão e percepção. O estilo é uma forma de adicionar valor ao produ-
Para Gomes Filho (2006), o estímulo visual e to, sendo assim, o processo para fazer essa comunica-
plástico do produto se torna fundamental na sua ção estética no produto inicia-se no desenvolvimento
aparência como forma de identificação, definição do projeto. O estilo está relacionado à aparência exte-
e decisão do consumidor. Portanto, na definição de rior do produto, para Gomes filho (2006, p. 99):
76
DESIGN
O estilo pode ser definido como uma qualida- Além desses fatores, a estética formal do produto
de intrínseca do produto e, preferencialmente, (está ligada ao aspecto psicológico no processo da
deve conter um algo a mais que concorra para
percepção sensorial do usuário, sua vivência é atre-
provocar uma atração agradável e admiração
imediata, chamando a atenção para sua apa- lada a simbolismos e a funcionalidade), pode estar
rência. Pode agregar uma série de valores ao configurada a partir de propriedades formais do ob-
produto, inclusive, dependendo de sua nature- jeto, como, formas fluídas, orgânicas, geométricas
za, valores de ordem sensível e emocional que
ou mistas. Atrelado a isso, leva-se em consideração
toquem o usuário.
as regras gerais de percepção como visto na teoria
O autor define o estilo como aparência estética formal da Gestalt. São vários os fatores que influenciam a
do produto, podendo se apresentar de diferentes ma- configuração formal estética de um produto, como o
neiras. Vários fatores contribuem, como a bagagem estudo sociocultural do público, porque temos gos-
cultural do designer, e para quem o produto é diri- tos diferentes, nossa percepção visual, e fatores cul-
gido, ou seja, quem é o usuário. É importante ressal- turais, sociais e comerciais, como veremos a seguir.
tar que esses aspectos configuracionais do produto, Para Baxter (1998), alguns efeitos sociais, cul-
resultam de uma ampla associação de vários fatores, turais e comerciais influenciam a nossa maneira de
como o sociocultural, comercial e a percepção visual. gostar ou não de um objeto e, como isso, pode afetar
O quadro, a seguir, é uma adaptação dos auto- o nosso julgamento do que é belo ou não.
res baseado em Gomes Filho (2006) e demonstra o Podemos exemplificar na roupa, acessório ou ob-
processo de comunicação estética para o desenvolvi- jeto que usamos. Que tipo de calçado você está usando
mento de produtos. agora? É dessa temporada ou pertence a tendências an-
teriores? Qual é o modelo do seu carro? O que usamos
Figura 1 - Processo de comunicação estética
ou os objetos que nos cercam dizem quem somos e em
DESIGN PRODUTO USUÁRIO qual grupo estamos inseridos, e nossa atração depende
DESIGN
desses fatores sociais ou comerciais que nos afetam di-
Criador do objeto - designer retamente na maneira de consumir. Os fatores sociais,
comerciais e culturais são tão fortes que suplantam os
fatores perceptíveis como nos afirma Baxter (1998).
Bagagem cultural As tendências de moda impõe o que vamos usar,
Fatores comerciais seja na indumentária, nos objetos, na decoração até
Fatores sociocultural USUÁRIO
Fatores técnicos e formais Consumidor nas cores e formas do carro que compramos. A in-
Fatores perceptivos dústria da moda e seus lançamentos são reforçados
pela mídia e as celebridades reforçam e encorajam o
usuário a estar na moda. Os objetos poderiam durar
PRODUTO anos, décadas, mas estão fadados a morrerem. É a
Objeto como mensagem obsolescência programada. A pressão é tão forte que
muitas vezes nos forçamos a trocar os objetos, por
Fonte: Adaptação de Gomes filho (2006, p. 96). medo de não sermos aceitos.
77
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
O
do tempo gasto pelo artesão na manufatura.
utros efeitos culturais podem influen-
Os custos de produção eram aumentados,
ciar no estilo dos produtos, valores que adicionando-se muitas ornamentações e de-
contribuem na aparência do objeto. corações ao produto, e assim, também seus
Para Gomes Filho (2006, p. 97) “[...] valores. Esses produtos ornamentados eram
existem notórias diferenças de valores culturais e acessíveis apenas aos mais ricos e se tornou,
econômicos entre indivíduos ou grupos que vivem então, um símbolo de prestigio. Essa tendên-
no centro das grandes metrópoles versus aqueles cia cultural sobrepujou a preferencia inata
das pessoas pela simplicidade visual, devido
que vivem na sua periferia”. Portanto, nossa educa-
aos valores sociais vigentes.
ção visual, a percepção visual, é alterada em função
desses efeitos, por mais que o processo de globa- Outro fator importante na configuração estética for-
lização, informação tenha rompido barreiras entre mal do produto é a mudança do estilo. Por exemplo,
as diversas culturas. na indústria da moda, uma marca possui determi-
Segundo a teoria da Gestalt, como vimos na nado conceito, um estilo já conhecido pelo usuário
unidade anterior, nós, seres humanos, temos uma e faz uma renovação dos códigos estilísticos, a partir
tendência ou preferência inata de gostar de coisas do redesign dos produtos, esta mudança pode con-
simples, organizadas, equilibradas e harmoniosas. fundir o consumidor. É uma estratégia arriscada que
Mas muitas vezes esta percepção inata é alterada por pode trazer perdas para a indústria. Nesse sentido,
valores culturais que influenciam nossas escolhas. Baxter (1998, p. 45) afirma que:
Por exemplo, no início da era industrial, séc. XIX, os
produtos apresentavam grande complexidade como O estilo do produto deveria ser uma atividade
integrada, trabalhando junto com as áreas téc-
símbolo de status, porque era associado a produção
nicas, em todas as fases do projeto. As decisões
artesanal. Como cita Baxter (1998, p. 44), sobre o estilo precisam ser tomadas em todas
• No tempo em que os produtos eram fabri- as fases desde o planejamento do produto até a
cados artesanalmente, o seu custo dependia engenharia de produção.
78
DESIGN
79
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
ATRATIVIDADE
DO PRODUTO
80
DESIGN
N
este momento, caro(a) aluno(a), vamos A partir destes aspectos, percebemos que quando o
observar quais são as influências que produto chama a atenção do consumidor, significa
devem ser consideradas para criar atra- que ele é desejável. Mas como criar um produto de-
tividade no produto. Não só os atributos sejável e atrativo? Criar um produto desejável deve
exteriores podem influenciar nesta escolha. Outros levar em consideração vários fatores, como vimos
aspectos como os psicológicos, simbólicos, concei- anteriormente, fatores sociais, comerciais, culturais
tuais e funcionais podem interferir na preferência e históricos, assim como fatores perceptivos inatos
por determinado objeto. Nesse contexto, a relação, aos seres humanos, além das questões técnicas que
produto, usuário deve ser levada em conta pelo de- deve ser trabalhada em conjunto, como restrições
signer no estudo destas configurações. tecnológicas e custo. Tudo isso faz parte do estilo
A atratividade do produto está ligada ao seu es- do produto e é algo que deve ser pensando durante
tilo. Segundo Baxter (1998, p. 46), o produto deve a elaboração de todo processo de desenvolvimento
atrair os olhos do consumidor levando-se em consi- do mesmo. Veja a síntese dos fatores que podem in-
deração três aspectos: fluenciar o estilo dos produtos no quadro a seguir.
Figura 3 - Fatores que podem influenciar no estilo do produto
1. Um objeto pode ser considerado atrativo quan-
do chama a sua atenção, por ser visualmente
agradável. Quando você está dirigindo ou an- CUSTO TECNOLOGIA QUALIDADE
dando pela rua, uma casa bem projetada pode PERCEPÇÃO
COMERCIAL ECONÔMICO
chamar a sua atenção. Da mesma forma, um TENDÊNCIAS SOCIAIS
produto pode chamar a sua atenção quando MODA
você anda no shopping center ou vê a sua foto ESTILO DOS PRODUTOS
em uma revista [...]. CONTEXTO
VALORES CULTURAIS
2. Um objeto atraente é um objeto desejável. Fa-
zendo com que o consumidor deseje possuir DESIGNER
X
o produto, estará vencida mais da metade da USUÁRIO
batalha de marketing desse produto. Se um
produto pode ser transformado em um objeto
desejável, simplesmente pelo seu aspecto visu-
al, então terá um forte poder de marketing [...].
81
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Baxter (1998) faz uma classificação para produzir- 2. Atração semântica: é quando o produto transmite
mos produtos atrativos, a partir da consideração dos o objetivo para o qual foi criado, ele deve ter a im-
consumidores, ou seja, a partir da visão do usuário, pressão em seu aspecto visual de sua funcionali-
porque a beleza não está só no produto, mas na for- dade. A sua aparência parecer transmitir a função
ma como o usuário vê. Quando projetamos um pro- no qual ele deve desempenhar. Deve literalmente
duto para ser belo, devemos fazê-lo de acordo. transmitir seu significado pela aparência visual.
O autor estipula 4 formas de atração do consu- Se ele for um objeto que transmite força, robustez,
midor, atração daquilo que já é conhecido, atração esse significado deve estar em seu aspecto visual,
semântica, atração simbólica e atração intrínseca não só no material, mas nas formas, cores, linhas
da forma visual. Vamos observar o que cada for- e texturas. É a significação do produto, ou seja, o
ma de atração traz como solução a ser considerada que o produto pode transmitir a partir de sua apa-
pelo designer. rência. Um carro potente, veloz, deve passar essa
emoção e esse significado a partir dos atributos
1. Atração daquilo que já é conhecido: o consu- pertencentes a ele. Por exemplo, um prato para
midor está habituado a consumir determinados uso doméstico, com estampa de um réptil, pode-
produtos, seja pelo aspecto funcional externo, ria ser repugnante para algumas pessoas.
pela embalagem ou pelo próprio estilo. Muitas
vezes quando esse produto muda radicalmente Ainda com relação a atração semântica, Gomes Filho
sua aparência visual, rompe-se a ligação com o (2006) afirma que no caso do vestuário, podemos ob-
usuário. O cuidado no reestilo de alguns pro- servar esses padrões estéticos formais, por exemplo, no
dutos deve levar em consideração esta questão, macacão utilitário (uniforme), no qual sua expressão
pois quando o produto muda de “cara”, perde-se semântica está nas formas funcionais, bolsos, recortes
o contato com o consumidor. Ainda lembrando e no próprio material mais resistente. Percebe-se que
que temos um apego e confiança por tudo que a configuração de um objeto deve expressar estilisti-
conhecemos, a familiaridade é um fator impor- camente sua dimensão semântica ou se entra em uma
tante para o usuário identificar por meio da ima- leitura ambígua do que pode significar o produto.
gem visual tradicional que o produto apresenta.
Figura 4 - Redesign - Gatorade
REFLITA
82
DESIGN
3. Atração simbólica: o produto deve refletir a au- Dentro da atração simbólica do produto, Gomes fi-
toimagem do usuário, ou seja, o consumidor lho (2006) ainda afirma que o simbolismo dos pro-
constrói sua imagem perante os outros a partir dutos diz respeito ao estilo de vida do usuário, ao
do uso dos produtos. Esse tipo de atração pode grupo no qual ele pertence e a certos valores cultu-
ser incorporada pelos designers, principalmente rais e emocionais que possa despertar. Relaciona-se
em produtos de uso pessoal como roupas e ob- com o contexto no qual o sujeito está incluído, épo-
jetos pessoais. Alguns símbolos podem refletir a ca, tradição, classe social e seus valores de prestigio
autoimagem do usuário, a partir do estilo de vida, e poder. Também o simbolismo pode estar ligado
emoções e a imagem que quero passar, por exem- a modismos efêmeros, que a publicidade é encar-
plo, sofisticada e inovadora. Se um usuário tem regada de enfatizar ou mesmo até modificar. Nesse
um estilo vida sofisticado, alguns produtos po- sentido, podemos observar nas imagens, a seguir,
dem revelar este status pela cor, material e logoti- como estes produtos tornaram-se símbolos de di-
po. Como no exemplo, a seguir, o relógio de uma ferentes expressões.
marca consagrada no mercado, traz embutido no
seu aspecto visual e marca, o símbolo de status.
83
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Em sentido respectivo às imagens, temos a língua, Agora, vimos algumas formas de incorporar atrati-
marca do grupo The Rolling Stones, em alusão aos vidade aos produtos e que dependem de muitos fa-
gestuais do vocalista Mick Jagger, que remete a con- tores que o designer deve levar em consideração.
tracultura da década de 60. Na segunda imagem, a
moto Harley-Davidson, simbolizando a liberdade e SAIBA MAIS
aventura, valores que foram consagrados pela in-
dústria cinematográfica. A última imagem mostra
Os designers contemporâneos, em síntese,
uma cena clássica de Marilyn Monroe, que virou um devem lidar com várias definições de seu ob-
ícone mundial e é explorada até hoje, como símbolo jetivo. Um par de óculos é tanto um utensílio
de caráter medicinal quanto um acessório de
de sensualidade.
moda. As longas associações de óculos com
circunspeção presumivelmente são o que bas-
4. Atração intrínseca da forma visual: para Baxter ta para dar as conotações de maturidade que
os óculos podem conferir a seus usuários.
(1998, p. 47) é “[...] a qualidade básica para a atra-
Óculos são uma espécie de joia: modificam a
ção visual, para qualquer tipo de produto, é a sua aparência e, assim, a personalidade. Mas, ao
elegância, beleza: um apelo estético implícito”. É mesmo tempo, não queremos que eles que-
brem com muita facilidade, nem que forcem
a reunião de todos os aspectos vistos até agora,
nossos olhos.
percepção visual, fatores sociais, culturais e a pró-
Quando se compreende a linguagem do de-
pria estética do produto. É a beleza considerada
sign, expressa por forma, cor, textura e ima-
dentro da incorporação de todos estes aspectos. gem de um objeto, há constantes paradoxos
Figura 7 - Gráfico das quatro formas de atração dos produtos entre função e simbolismo a ser considerado.
[...]
84
DESIGN
OS FATORES: COMPLEXIDADE E
SIMPLICIDADE DENTRO DAS
CONFIGURAÇÕES ESTÉTICO-
FORMAL DE UM PRODUTO
Nesta tópico, veremos um fator importante que Simplificar, segundo Munari (1997), significa
deve ser levado em consideração na projetação de procurar resolver o problema eliminando tudo o
um produto e seu estilo e com relação a sua com- que não serve à realização dos objetivos. Simplifi-
plexidade ou simplicidade. Também podemos con- car quer dizer reduzir custos e diminuir o tempo de
siderar dentro do estilo os fatores maximalistas e trabalho, de montagem e de acabamento. Simpli-
minimalistas nessa relação de complexidade e sim- ficar é um trabalho difícil e exige muita criativida-
plicidade. Dentro dessa análise, deve-se levar em de. Complicar é muito mais fácil basta acrescentar
consideração a configuração estético-formal do tudo o que nos vem à mente, sem nos preocupar-
produto. É a análise que ressalta os aspectos de or- mos em saber se os custos excedem os limites das
ganização visual da forma, aliada à linguagem es- vendas, quanto tempo se leva para fabricar o objeto
tilística. Ou seja, a complexidade e a simplicidade e assim por diante.
resultam em um estilo usado. Como vimos anteriormente, na Revolução In-
Gomes Filho (2006) afirma que o estilo pode dustrial, o consumidor em geral, muitas vezes era
ser resgatado de diferentes épocas, tendo por mais propenso a valorizar o trabalho manual des-
exemplo, uma linguagem barroca, funcional, mi- pendido na realização de um produto complicado,
nimalista e assim por diante. Como também mes- que tinha aspectos visuais externos exagerados com
clar diferentes épocas. muitas ornamentações, porque eram mais caros e
85
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
significativos status e poder. Somente a elite podia Para Baxter (1998), a simplicidade visual dos
pagar por produtos assim, dessa forma, dava-se mais produtos é o principal resultado da influência da
valor a estes produtos de estilo barroco. Com a pro- Gestalt sobre o estilo de produtos. Para seguir as
dução industrial, este estilo exagerado foi incorpo- Leis da Gestalt, a teoria da percepção nos leva a pro-
rado aos produtos como forma de atração que era dutos organizados, simplificados e simétricos, com
comum entre as pessoas de classes mais baixas. Essa uma linha simples, assemelhando-se a figuras geo-
atração está atrelada aos efeitos culturais históricos métricas. Isso leva a um design minimalista. Mui-
perceptivos que ainda hoje perdura no gosto ou es- tos designers contemporâneos perseguem esse ide-
tilo, levando o consumidor a não valorizar ou não al, com uma simplicidade elegante. Mas segundo o
reconhecer, por exemplo, um produto minimalista. autor se fizermos uma interpretação mais radical da
Muitas vezes simplificar é mais trabalhoso que or- teoria da Gestalt, poderíamos estar vivendo em um
namentar, pois o “enorme trabalho” mental e braçal mundo de produtos circulares ou esféricos: a mais
que se despende ao simplificar um produto, pode ser simples e pura da forma visual.
invisível externamente. Ao longo da história da arte, durante o século
Por exemplo, em um produto de moda, um pro- XX, houve várias grandes tendências que poderiam
duto considerado design minimalista, pode ter dis- ser chamadas de “minimalistas”: Construtivismo,
pendido horas de trabalho, e estar embutido em seu vanguarda russa, a escola Bauhaus, o movimento
interior, em sua modelagem e ergonomia, ou nos “The Stijl” e o próprio modernismo. Os produtos
acabamentos internos, e, geralmente, não percebe- privilegiavam mais a funcionalidade e a racionalida-
mos visualmente quanto trabalho foi dispendido de em seu aspecto visual. Muitos designers se inspi-
para sua execução, porque sua aparência é simpli- ram nesses movimentos para criação de seus produ-
ficada. A simplicidade pode estar em uma nova téc- tos. O vestido, a seguir, da marca Lacoste, apresenta
nica para resolver os problemas com maior simplici- referências estilísticas do movimento construtivista,
dade, sem esquecer a estética que daí pode resultar. com o dinamismo das linhas diagonais e nas cores
azul, cinza e verde características do movimento.
Outro ícone absoluto de referências de movi-
REFLITA mentos artísticos minimalistas é clássico tubinho
de Yves Saint Laurent, inspirado no movimento
Se transformarmos de capas de sofás em “The Stijl”, mais especificamente nos quadros de
vestidos com estilo funcional, podem ser con- Piet Mondrian.
siderados minimalistas? A Linguagem minimalista como a de Bauhaus e
Fonte: Adaptado de Fogg (2003, p. 504). do movimento “The Stijl” tangenciam o design em
sua dimensão mais ampla. O design minimalista
86
DESIGN
propõe, em geral, um jogo de volumes e formas que Figura 8 - Modelo da marca Lacoste com estilo minimalis-
ta, inspiração construtivista
esteja reduzido às suas configurações não mais que
essenciais as suas funções. O Minimalismo, assim
como a própria palavra diz, deve manter o trabalho
clean, livre de qualquer desvio de atenção por meio
de excesso de estética.
Para Caldas (1999), durante os anos 60, a ideia
de que less is more – menos é mais, dominou uma
grande parte das artes de vanguarda e da moda. A
ideia é: conseguir mais com o mínimo de elemento.
Dentro dessa análise da complexidade e da simpli-
cidade de um produto, Löbach (2001) afirma que, a
ordem de um produto industrial minimalista é de-
terminada por um pequeno número de elementos
configurativos e por uma pequena quantidade de
características de ordenação.
Para a teoria da Gestalt ou da percepção visual,
a ordem tem como característica, um mínimo de in-
Figura 9 - Vestido de Yves Saint Laurent, década de 60, ins-
formação visual. Em consequência, leva o observa- piração nas telas de Mondrian
dor a captar rapidamente as informações, mas que
por outro lado não chama a atenção, pois, esse se
aborrece com a monotonia.
A ordenação dos elementos, o minimalismo
de informação, leva também por outro lado a uma
sensação de segurança, como afirma Löbach (2001),
pois ao nos depararmos com objetos de alta com-
plexidade visual, ela nos transmite uma sensação de
insegurança. Por isto, preferimos os objetos de alta
ordenação ou de alta pregnância da forma.
Como já vimos anteriormente, o homem procu-
ra a harmonia visual por meio do eixo sentido, como
afirma Dondis (2007), na busca do equilíbrio verti-
cal e horizontal. Mukarovsky apud Löbach (2001, p.
167), compartilha destes princípios na qual supõe:
Fonte: Fogg (2003, p. 360).
87
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
[...] que a satisfação estética surja quando o ho- cia estético-formal em termos de integração
mem reconhece, no entorno material, princí- dentro de uma mesma linguagem de estilo.
pios que regem o seu próprio corpo. Isto ocorre Exemplos: vestidos de noiva, alta costura e
no caso da relação do sistema horizontal-ver- uniformes profissionais diferenciados.
tical. O céu e a terra, delimitados pela linha
do horizonte, e as linhas verticais das árvores,
sempre foram pontos de orientação para a per-
O maximalismo traz o ornamento, o exagero e o uso
cepção humana. de diversos materiais, criando um visual complexo e
de difícil interpretação. Gomes Filho (2004, p. 84),
Dentro dos princípios de organização visual da for- em suas categorias conceituais sobre a forma, des-
ma, é necessário destacar os níveis de complexidade creve como exageração, de configurações extrava-
do produto e associado a esses, estão as categorias gantes e de “expressão visual intensa e amplificada,
conceituais, como harmonia, equilíbrio, contrastes, no todo ou em partes definidas do objeto.” Tem uma
entre outras classificadas pela Gestalt. profusão na utilização de elementos e quando usa-
Para Gomes Filho (2006), os níveis de com- dos corretamente, resultam em riqueza visual.
plexidade configuracional estão atrelados aos as-
pectos tecnológicos e de fabricação. Nesse sentido,
ele distingue três níveis de complexidade: Baixo, SAIBA MAIS
Médio e Alto.
• Baixo: Os produtos que pertencem a este ní- Roupas, calçados e acessórios são tridimen-
vel se caracterizam pela simplicidade confi- sionais e se relacionam com o corpo do con-
guracional, tecnológica e de fabricação. São sumidor. Podem ser vistos em 360º e alteram
produtos que se configuram em uma peça seus ângulos conforme os movimentos do
usuário. A silhueta é, às vezes, descrita por
única, ou com poucas unidades, partes ou
meio de letras no que se refere à moda. Linha
componentes físicos ou visuais. Geralmente, A, linha Y e linha H são exemplos de silhuetas
produzidas em empresas pequenas, como de roupas comparadas à silhueta das letras
camisetas, lenços e meias. São produtos for- em formato maiúsculo.
mados por poucas unidades físicas e de bai-
A silhueta ou volume da roupa, é difícil de ser
xa complexidade. percebida quando a roupa está no cabide. É
• Médio: Para o autor, exigem um talento cria- necessário vesti-la para avaliar sua relação
tivo maior do designer. Certa habilidade na com o corpo e visualizar a silhueta final. Essa
pode acompanhar os contornos do corpo ou
articulação entre cunho cultural, estético e
alterá-los. Garcia (2002b, p.149) descreve o
tecnológico. Trabalham com certo número trabalho do designer Ronaldo Fraga como
de informações e especificações técnicas. São um valorizador da silhueta natural: “Fraga
produtos que exigem certo caráter sistêmi- dispensa tudo que se relacione a um demérito
co, pois possuem uma maior quantidade de da função primordial da roupa, que é servir ao
corpo, resgatando essa ideia ao concentrar-se
componentes.
no conforto, na praticidade e na qualidade
daquilo que oferta como produto de moda.”
• Alta: Produtos muito mais complexos e que
possuem maior número de partes compo- Fonte: Treptow (2013, p. 128).
nentes físicos e visuais. Exigem maior coerên-
88
DESIGN
Figura 10 - Modelos de imagens com Baixa, Média e Alta complexidade no Design de Moda.
89
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Figura 12 - Modelos de imagens de Baixa, Média e Alta complexidade Para Gomes Filho (2004), a complexidade implica
no Design gráfico
na complicação visual devida a presença de mui-
tas unidades perceptivas no objeto dificultando a
visualização ou como vimos, com uma baixa preg-
nância da forma.
O maximalismo para Caldas (1999, p. 108) as-
sume um visual carregado (overdressed) principal-
mente na moda, afirmando que na década de 90,
“encontra espaço como uma espécie de antídoto
ao extremo nivelamento das propostas minimalis-
tas”. Assume uma nova expressão, a interpretação
dos opostos, masculino/feminino, estruturado/
desestruturado, curto/comprido, construído/des-
construído etc.
Nesse sentido, vimos que vários determinantes
influenciam no estilo e configuração de um produ-
to. Para Löbach (2001, p. 159):
90
DESIGN
Dentro do design de moda, quando falamos do es- Deve se especificar sua resistência, desgaste,
tilo do produto, este também implica nas formas ou enrugamento, encolhimento, desbotamento, elas-
silhuetas da peça. As silhuetas se traduzem em: ticidade, durabilidade, aparência, aspectos ergonô-
• Linha reta. micos de usabilidade e conforto térmico-sensorial,
• Natural. entre outros. Especificar sua origem, mineral, vege-
• Trapézio. tal ou animal. Ou materiais transformados, quími-
• Ampulheta. cos, artificiais, sintéticos ou reciclados.
• Oval. Matérias com textura são elementos que têm
• Ombros avolumados. enorme influência no efeito visual e depende muito
da escolha do material. Dependendo da associação
dos materiais, várias são as ideias transmitidas e os
SAIBA MAIS efeitos que produzem no usuário. Superfícies bri-
lhantes, reluzentes e imaculadas, como a seda e o
cetim, por exemplo, são produtos que conferem um
Uma linha pode ser dura ou suave, implicando
rigidez ou flexibilidade; Linhas retas, princi-
ar de limpeza, perfeição e ordem. Esses são critérios
palmente na horizontal, denotam rigidez e que segundo a teoria da Gestalt, são valorizados em
estabilidade; podem deixar a figura mais baixa nossa sociedade.
e mais larga; Costuras verticais criam o efeito
de alongado e elegante; As linhas diagonais Ter experiência sobre o comportamento do te-
proporcionam dinamismo esvoaçante; As li- cido pode resultar em sucesso ou fracasso do desig-
nhas podem convergir ou divergir, criando ner. Tecidos com aspectos fluídos têm grande refi-
efeitos direcionais. Linhas curvas conferem
suavidade, amplitude e feminilidade; Con- namento visual, pois confere sutileza e delicadeza
tornos, realçam e dependendo da espessura visual. A transparência confere leveza e certa delica-
causam peso visual. deza ao objeto, além de ser uma solução que confere
Fonte: Seivewright (2009). elegância e sutileza. A sensação corpórea é dada pela
visualidade destas texturas. Nosso tato é estimulado
por materiais como cashmere, seda, peles e couro.
Roupas muito justas ou escorregadias podem causar
A especificação do material é determinado a partir sensação erótica.
das qualidades formais, funcionais e técnica que se Os conceitos apresentados nos permitem en-
deseja para o produto final e que podem ser alte- tender melhor e avaliar o estilo dos produtos. A
rados durante a fase de fabricação ou confecção da Gestalt nos explica como se forma a percepção vi-
peça piloto ou protótipo; Especificar qual o tipo sual dos objetos. Na medida do possível essas re-
de material é um requisito óbvio, pois, este deve gras devem ser seguidas durante o trabalho de con-
possuir qualidades técnicas compatíveis com a na- figuração dos produtos, ou em uma composição
tureza do uso do produto conforme afirma Gomes visual. Contudo não são suficientes para explicar a
Filho (2006). atratividade dos produtos.
91
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
92
considerações finais
N
o campo do design e desenvolvimento do produto, deve-se pensar
na relação homem objeto, como o produto vai interagir com o usu-
ário. Esta percepção se dá por meio dos aspectos básicos do produto
que facilitam a compreensão e percepção. Para Gomes Filho (2006),
o estimulo visual e plástico do produto se torna fundamental na sua aparência
como forma de identificação, definição e decisão do consumidor. Portanto, na
definição de um objeto industrial, o caráter informativo, com relação à plastici-
dade, funcionalidade, estética e simbolismo devem estar presentes no planeja-
mento e concepção do design do produto.
O estilo é uma forma de adicionar valor ao produto, portanto, o processo
para fazer essa comunicação estética no produto inicia-se no desenvolvimento
do projeto. Os conceitos apresentados nos permitem entender melhor e avaliar
o estilo dos produtos. Analisamos que atratividade resulta de uma combinação
adequada de elementos simples e complexos. E que isso pode ser resultado dos
princípios perceptíveis que a Gestalt nos explica. A busca por simplicidade, equi-
líbrio e harmonia faz parte de nossa orientação estética, apesar de outros fatores
culturais, sociais e comerciais influenciarem nossa forma de escolha.
Em síntese, o designer deverá articular todos estes fatores de forma criativa,
harmonizando todos estes conceitos no projeto. Geralmente quando pensamos
em estilo dos produtos, vemos os aspectos visuais perceptivos, mas outros deter-
minantes são necessários para desenvolver um produto. Analisamos os fatores
sociais, culturais e comerciais e finalizamos incorporando os aspectos de atrativi-
dade, seja pela familiaridade, simbolismos, semântica ou beleza intrínseca. Per-
cebemos que para incorporar todos estes requisitos em um projeto, transformar
para um modelo físico, requer pesquisa, estudo e métodos.
93
atividades de estudo
1. Conforme Baxter (1998), o nosso sistema visu- IV. Com relação aos níveis dos determinantes do
al é uma herança de longo processo evoluti- estilo, podemos afirmar que no nível interme-
vo. O ser humano evoluiu para ser um animal diário existem atributos específicos no nosso
predominantemente visual. Portanto, a visão processamento visual, que nos tornam espe-
exerceu uma profunda importância no nosso cialistas em detectar certas formas, por exem-
processo evolutivo. Dessa forma, quando jul- plo, rosto humano e formas orgânicas.
gamos a beleza dos produtos atuais, estamos
usando o mesmo mecanismo da visão que foi Marque a alternativa correta.
fundamental para a sobrevivência da espé-
a. Todas as alternativas estão corretas.
cie. Assim, temos sensibilidade especial para
identificar certas formas e padrões, uma ha- b. Somente as alternativas I, II e III estão corretas.
bilidade visual que influencia a nossa maneira c. Somente as alternativas I, II e IV estão corretas.
e julgamento do que vemos. Com relação aos
d. Somente as alternativas II, III e IV estão corretas.
determinantes do estilo e a percepção do esti-
lo dos produtos, podemos afirmar. Marque a e. Somente uma afirmativa está correta.
alternativa correta.
I. Os aspectos da percepção que influem em 2. Com relação à atratividade do estilo dos pro-
nosso julgamento de um produto, são deter- dutos, Baxter (1998), afirma que um produto
minados no nível básico, no qual o primeiro deve ser atraente aos olhos, pois deve atrair
impacto é provocado pela Imagem visual no a visão dos consumidores de diferentes
nível da pré-atenção. maneiras. Nesse sentido, o autor descreve
II. A criação de um produto atrativo não depen- como certos aspectos da percepção visual e
de somente do design, ou seja, algo que se como alguns fatores e efeitos, influenciam a
acrescenta somente no final do projeto como nossa maneira de julgar e se sentir atraído
uma capa superficial – uma forma mais cur- por um produto. A partir dessas afirmações
va aqui, uma cobertura ali e uma escolha de cerca da atratividade dos produtos, pode-
cores. O estilo do produto é uma atividade in- mos afirmar:
tegrada que trabalha junto com várias áreas. I. Um objeto atraente é um objeto que deve
atrair sob estes três aspectos, chamar a
III. Ainda nos aspectos da percepção e do estilo
atenção do consumidor, ser um objeto de-
dos produtos, podemos afirmar que estes se
sejável, pois o consumidor deve desejar
classificam em três níveis, sendo o primeiro
possuí-lo, e deve ‘arrastar’ o consumidor em
nível ou nível básico o determinante da nossa
direção ao produto.
primeira percepção visual.
94
atividades de estudo
II. Dentro das formas de atração, Baxter (1998) I. Quando projetamos um produto, devemos le-
afirma que a atratividade se dá a partir de var em consideração os conhecimentos sobre
um conhecimento prévio do produto, ou seja, a visão, ou seja, sobre os aspectos da percep-
produtos que são familiares aos consumido- ção visual, pois nosso julgamento de uma ima-
res são mais aceitos. gem é imediato e ocorre na fase de pré-aten-
ção, onde não fazemos um exame detalhado
III. Os aspectos perceptuais do estilo do produ-
do produto, porque temos uma visão global.
to com relação a atratividade estão atrelado
também a atração semântica, ou seja, o pro- II. Quando olhamos pela primeira vez para uma
duto representa valores pessoais ou sociais imagem, nosso cérebro está programado para
do consumidor. extrair certos padrões visuais e arrumá-los em
uma imagem com significado. Esse programa
IV. Podemos afirmar que as influências sociais,
não vem pronto, mas é construído a partir de
como a moda dominante, o ambiente cultu-
nossas vivencias e experiências.
ral em que vivemos, podem mudar nossas
preferências de estilo e mudar nossos valo- III. Conforme as leis da Gestalt, as pessoas pre-
res pessoais e sociais com relação a atração ferem produtos mais simples, simétricos e
de um produto. organizados, mas no tempo em que a tecno-
logia era novidade e tinha poder excitante,
Marque a alternativa correta. muitos produtos, em sua forma visual, trans-
mitiam a imagem de complexidade tecnológi-
a. Todas as alternativas estão corretas.
ca, pois o estilo rebuscado e complexo esta-
b. Somente as alternativas I, II e III estão corretas. ria associado a produtos mais sofisticados e
c. Somente as alternativas I, II e IV estão corretas. de melhor qualidade.
d. Somente as alternativas II, III e IV estão corretas. IV. A simplicidade visual dos produtos é o princi-
pal resultado da influência da teoria da Gestalt
e. Somente a afirmativa II e IV estão corretas.
sobre o estilo de produtos. Segundo as leis
principais da Gestalt, os produtos devem ser
3. Com relação ao estilo dos produtos, Baxter simétricos, harmoniosos, equilibrados e ter
(1998) afirma que o estilo é o que provoca a uma simplicidade visual, o que conduz a um
atração visual e que o estilo é uma forma im- design maximalista.
portante de adicionar valor ao produto, mes-
mo sem haver mudanças significativas no seu
Marque a alternativa correta:
funcionamento técnico. E nem sempre o es-
a. Todas as alternativas estão corretas.
tilo precisa ser vistoso, elaborado ou dispen-
dioso, segundo o autor. Com relação a estas b. Somente as alternativas I, II e III estão corretas.
afirmações acerca do estilo dos produtos po-
c. Somente as alternativas I, II e IV estão corretas.
demos afirmar.
d. Somente as alternativas II, III e IV estão corretas.
e. Somente a afirmativa II e IV estão corretas.
95
atividades de estudo
96
LEITURA
COMPLEMENTAR
O texto, a seguir, aborda os elementos de estilo de uma O designer não precisa limitar-se ao que as pesquisas
coleção de moda, demonstrando como alguns elemen- apontam. Pode e deve investir em elementos de esti-
tos podem manter coesão do conceito e o estilo entre as lo que identifiquem a coleção como original e única.
peças de uma coleção. Uma estratégia conhecida para diferenciar-se de ou-
Uma coleção deve apresentar unidade visual; as peças tras marcas é usar o próprio logotipo da marca como
precisam manter uma relação entre si. Essa relação é elemento de estilo. Fause Haten, Ellus, Zoomp e Fórum
obtida por meio dos elementos de estilo e do tema são exemplos notórios da utilização de logotipia como
de coleção, com todas as peças reportando à mesma elemento de estilo.
inspiração. Os designers da Victoria’s Secret utilizaram xadrez, bor-
Elementos de estilo são detalhes utilizados repetida- dado inglês, patchwork, jeans e até palha como elemen-
mente em uma coleção, mas com variações de um mo- tos de estilo oriundos das pesquisas e aplicados à cole-
delo para o outro. Eles podem ser elementos do design, ção conceitual Country Girls.
como o corte império (linha) ou uma estamparia floral Fonte: Treptow (2013, p. 128).
(padronagem), ou ainda uma utilização dos princípios do
design, como na tendência color blocking (contraste). Po-
dem ainda estar representados pela presença maior de
uma cor em relação às demais, pela utilização de um te-
cido diferenciado, mas, principalmente, pelo uso de avia-
mentos e detalhes de modelagem. Os elementos de esti-
lo têm por objetivo criar a unidade visual entre as peças.
Alguns elementos de estilo são reconhecidos pelo con-
sumidor como identificadores de um tema de inspira-
ção. Exemplo disso são as franjas de camurça (inspira-
ção punk) ou os transpasses estilo cache-coeur e as golas
mandarim (inspiração oriental). Outros, embora não
sejam identificados pelo consumidor, podem ser eleitos
pelo designer e explorados na coleção. Sugestões de ele-
mentos de estilo em moda podem ser identificados por
meio da pesquisa de tendências.
97
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
98
referências
BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 2. ed. São Paulo: Edgard
Blucher, 1998.
CALDAS, D. Universo da moda: curso on line. São Paulo: Anhembi Morumbi, 1999.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007
FOGG, M. Tudo sobre moda. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras Editora, 2004.
______. Design do Objeto: bases conceituais. São Paulo: Escritura Editora, 2006.
LÖBACH, B. Desenho industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Editora
Edgar Blücher Ltda, 2001.
MUNARI, B. Design e comunicação visual: contribuição para uma metodologia didática. São Paulo: Martins
Fontes, 1997.
SUDJIC, D. A linguagem das coisas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.
SEIVEWRIGHT, S. Pesquisa e design. Porto Alegre: Bookman, 2009.
TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. São Paulo: Edição da Autora, 2013.
99
gabarito
1. Opção correta é a A.
2. Opção correta é a C.
3. Opção correta é a B.
4. Opção correta é a A.
5. A especificação do material é determinada a partir das qualidades formais, funcionais e técnicas que
se deseja para o produto final e que podem ser alterados durante a fase de fabricação ou confecção
da peça piloto ou protótipo; Especificar qual o tipo de material é um requisito óbvio, pois este deve
possuir qualidades técnicas compatíveis com a natureza do uso do produto. Em produto de moda de-
ve-se especificar sua resistência, desgaste, enrugamento, encolhimento, desbotamento, elasticidade,
durabilidade, aparência, aspectos ergonômicos de vestibilidade e conforto térmico-sensorial, entre
outros; Matérias com textura são elementos que têm enorme influência no efeito visual e depende
muito da escolha do material. Dependendo da associação dos materiais, várias são as ideias transmi-
tidas e os efeitos que produzem no usuário. Superfícies brilhantes, reluzentes e imaculadas, como a
seda e o cetim, por exemplo, são produtos que conferem um ar de limpeza, perfeição e ordem. Ter
experiência sobre o comportamento do tecido pode resultar em sucesso ou fracasso do designer.
Tecidos com aspectos fluídos têm grande refinamento visual, pois confere sutileza e delicadeza visual.
A transparência confere leveza e certa delicadeza ao objeto, além de ser uma solução que confere
elegância e sutileza. A sensação corpórea é dada pela visualidade destas texturas. Nosso tato é es-
timulado por materiais como cashmere, seda, peles e couro. Roupas muito justas ou escorregadias
podem causar sensação erótica.
100
DESIGN
101
PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Briefing, pesquisa e público
• Marca, conceito da marca e do produto
• Planejamento do estilo
• Ciclo de vida do produto
Objetivos de Aprendizagem
• Aprender a elaborar de maneira sistematizada os objetivos
do projeto.
• Entender a marca e o conceito que envolve a imagem da
marca e o conceito do produto.
• Planejar quais são as estratégias e ferramentas para
determinar o estilo dos produtos.
• Planejar o comportamento do produto quanto a sua
durabilidade mercadológica.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
BRIEFING, PESQUISA
E PÚBLICO
C
onforme Baxter (1998), para o planeja-
mento do produto é necessário conside-
rar o contexto do mercado, compreender
quem é o cliente-alvo, o que as marcas
concorrentes estão desenvolvendo, enfim, estu-
dar os aspectos contextuais mercadológicos com
o propósito de verificar as oportunidades e restri-
ções, a fim de orientar o trabalho de estilização e
processo criativo.
106
DESIGN
BRIEFING
Neste sentido, deve-se elaborar um briefing de design, como referência para todos os envolvidos
do projeto de design. Para Mozota (2011), um briefing consiste em três elementos, o objetivo do
projeto, informações sobre a empresa e informações sobre o projeto, e no final, pode-se acrescen-
tar outras informações como análise, criação e produção, na qual são descritas informações sobre
as estratégias do projeto. O briefing deve apresentar o problema a ser resolvido e serve como fer-
ramenta e documento para uma comunicação eficaz entre os envolvidos no projeto.
1. Dentro dos objetivos: estabelece-se o problema e os objetivos, indicando restrições de cus-
tos, o desempenho desejado, o impacto esperado pelo produto e seu incremento de venda
(geração de lucros) e a que público se destina.
2. Informações sobre a empresa: descrever todos os envolvidos no projeto, seu conceito (iden-
tidade), sua imagem externa como marca, o grau de atratividade (estilo), o contexto do pro-
duto, a posição da empresa, estilo de vida dos usuários, estrutura de preço e pesquisa de
mercado.
3. Informações sobre o projeto: o conceito do produto (forma e originalidade), dados técnicos
(material, meios de produção, métodos de gestão, restrições técnicas e fornecedores), distri-
buição do produto, comunicação do produto, políticas de vendas (atacadista, representante,
franquia e merchandising), dados de marketing (público e segmentação das preferências do
consumidor), dados financeiros (orçamento do projeto, nível de investimento técnico e de
design, custos de modelagem e custo de testes).
PESQUISA
No Planejamento e Desenvolvimento do Produto (PDP), a pesquisa é uma das primeiras etapas. Con-
forme o Oxford Dictionary of English apud Seivewright (2009, p. 14), a pesquisa é “A investigação siste-
mática no estudo de materiais e fontes para estabelecer fatos e alcançar novas conclusões”, caracteriza-se
pela investigação do mercado e registro das informações coletadas. Investigar materiais, tendências,
lançamentos e a inspiração para a criação. Tudo isso é registrado, por meio de esboços, cadernos, mapas,
quadros, pranchas etc.
O planejamento envolve a inovação e diferenciação dos produtos, com preocupações como
o investimento e o retorno e as especificações detalhadas das características do produto. Nesse
sentido, Baxter (1998) define que o planejamento do produto envolve dois tipos de compromis-
sos: a especificação da oportunidade e a especificação do projeto. O quadro, a seguir, esclarece
essas diferenciações.
107
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
N
a figura 01, o autor apresenta dois níveis percepção que este tem da empresa, da imagem da
de compromisso: o compromisso co- marca ou dos produtos que ela oferece faz parte do
mercial direcionado as oportunidades processo. O design de um produto deve ser orien-
de negócio da empresa (custos e lucros) tado para o usuário, e entender esta interface entre
e ao departamento de marketing, e o compromisso usuário e produto para diminuir os riscos no lança-
técnico do projeto, com a apresentação de soluções mento de um novo produto. Muitas empresas traba-
inovadoras no qual o designer deve desenvolver o lham com o desenvolvimento de protótipos e testes
projeto com os detalhes daquilo que foi previsto nos com os futuros usuários. Esse conhecimento tácito a
dois compromissos. Portanto, a pesquisa deve ini- partir da experiência de uso minimiza gastos extras
ciar a partir da avaliação desses níveis de compro- na reelaboração do projeto.
misso, e ser coerente com o conceito da empresa e as Design é a resolução de problemas, portanto, o
estratégias programadas. usuário deve ser o centro destas pesquisas ou como
Conforme Mozota (2011), apresentaremos enfatiza Mozota (2011), o cliente deve ser colocado
quais são os aspectos pesquisados pelo departa- como o coprodutor do projeto do produto, “Todas
mento de design e marketing com relação ao pla- as empresas estão no ‘negócio da percepção’. Elas
nejamento do estilo. vivem para seus clientes e regularmente tem papel
ativo em seus processos de avaliação. Isso implica
Estudo do público criar um modo de mensurar a percepção do design
agregador de valor” (p. 277). Nesse sentido, organi-
Entender o público consumidor é um dos fatores na za-se uma pesquisa com o futuro usuário do produ-
análise do processo do projeto de desenvolvimen- to, com especificações sobre o novo produto para
to do produto. Entender o consumidor e qual é a descobrir seus desejos e necessidades.
108
DESIGN
A marca envolve uma mistura de vários elemen- A Levi’s é associada com jeans de qualidade e
etiqueta grande, desgastada, imitando couro,
tos, desde sua identidade visual, nome, designer,
na parte de trás da calça. Já Jean-Paul Gaultier,
produto, qualidade, suas instalações, embalagem lembra personalidade e moda contemporânea,
e como ela é percebida pelo público consumidor. bem humorada, experimental. O nome “Prada”
Para Sorger (2009, p. 138), “[...] o branding é a reflete um design e um produto caro, de alta
comunicação dos elementos da marca ao clien- qualidade (SORGER, 2009, p. 138).
109
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
A
marca possui um universo de signi- Ainda sobre a marca, Sanches (2008) aborda que
ficados que traduz seu objetivo e suas a elaboração da identidade visual da empresa pauta-
relações de comunicação com o públi- -se sobre um conceito que transmita a atitude e obje-
co. Essa comunicação por meio de suas tivos da empresa. A criação de uma marca envolve a
instalações, seu estilo, seu produto, sua propagan- imagem e o valor da mesma perante o mercado. Se-
da e seu posicionamento deve orientar o consu- gundo Mozota (2011, p. 242) “[...] a criação de uma
midor em sua escolha. Para Sorger (2009), o de- marca começa com a proposição do valor, seguida do
sign é utilizado para criar a identidade da marca, nome, dos seus elementos gráficos e da personalidade
otimizando seu valor perante o consumidor, seja da marca.” Na construção da identidade cria-se um
na embalagem, no produto ou na propaganda e, conceito da marca, como estratégia de como ela será
para isso, deve manter seus códigos simbólicos e visível e como será sua relação com o consumidor.
estilísticos claros e contínuos como forma de cre- A marca passa a ser um produto consumido a partir
dibilidade e legitimidade. destes valores e seus significados embutidos não só
na identidade visual, mas no produto que ela oferece.
VISÃO
Promessa de Marca
Posicionamento
Cultura de Marca
Visuais Físicas Verbais Sensoriais Negócios Clientes Comunidade
110
DESIGN
O conceito de um produto, ou projeto conceitu- mercado, pois vai produzir “um conjunto de princí-
al tem o objetivo de gerar princípios para o novo pios funcionais e de estilo”, conforme afirma Baxter
produto, de acordo com o conceito da marca. Para (1998, p. 175). E deve estar de acordo com a identi-
Baxter (1998, p. 174): “Ele deve ser suficiente para dade da empresa e as necessidades do consumidor.
satisfazer as exigências do consumidor e diferenciar Quando falamos em restrições, é necessário
o novo produto de outros produtos existentes no avaliar no processo de planejamento do produto a
mercado.” O conceito do produto está pautado não capacidade produtiva da empresa, os equipamentos
só na identidade da empresa, mas sobre uma série de existentes, fornecedores dos materiais para aquele
princípios sobre as funções e estilo do produto. produto, para que o projeto não sofra dificuldades
A pesquisa do conceito do produto está relacio- no final. Todas essas restrições devem ser avaliadas
nada, por exemplo, em produtos de moda, ao tema na elaboração do conceito do produto, já que o mes-
de uma coleção de moda. Para Sorger (2009), a pes- mo trata dos princípios funcionais e de estilo e de-
quisa temática e conceitual do produto, significa in- vem estar dentro das possibilidades técnicas e eco-
vestigação criativa e o bom design não acontece sem nômicas da empresa.
uma forma de pesquisa. Para a autora,
111
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Missão da Empresa
Identidade da Marca
Usuário CONCEITO
Estratégias e Objetivos da
Empresa
Restrições Técnicas
Por exemplo, a marca Harley-Davidson tem o con- Oportunidades de Mercado
ceito de aventura, e independente do modelo ou ano Aspectos Ergonômicos
de suas motos, este conceito está embutido no in- Ciclo de Vida
Capacidade Produtiva TEMA
consciente do consumidor.
Princípios Funcionais
Em síntese, o conceito deve ser coerente com a Princípios de Estilo
missão da empresa, identidade da marca, estilo de
vida do usuário, estratégias e objetivos da empresa,
restrições técnicas, oportunidades do mercado, as- Fonte: os autores (2016).
112
DESIGN
M
arca tem conceito e segundo San-
ches (2008), o conceito da marca é
permanente, pois é a essência de sua
imagem, e o conceito de uma co-
leção de produtos ou um produto, é sazonal, está
pautado no tema, mas carrega toda a identidade da
imagem marca. Jamais um pode contrapor o outro,
devem manter o mesmo fio condutor como identi-
SAIBA MAIS
dade estilística.
Sob tais considerações, podemos observar que
tanto o conceito da marca quanto o conceito do pro- Os temas de uma coleção podem ser pes-
duto precisam manter a essência da marca. Estes soais, abstratos ou mais literais. Alexander
McQueen, Vivienne Westwood e John Galliano
conceitos podem ser sintetizados em painéis de ima- desenharam coleções em que as fontes de
gens que expressem os códigos estilísticos da empre- inspiração são claras para qualquer um. A
sa, são ferramentas primordiais nas diretrizes meto- coleção de McQueen It’s a Jungle Out There
(É uma selva lá fora), de 1997-1998, misturou
dológicas do processo de planejamento do produto. pinturas religiosas com a evocação de um
O conceito da marca quando expresso em imagem antílope africano em extinção. Vivienne Wes-
se traduz em elementos visuais, como cores, formas, twood utilizou piratas, quadros de Fragonard
e arte decorativa dos séculos XVII e XVIII da
estilo de vida de ícone, ou montagem de varias ima- Wallace Collection como inspiração em cole-
gens que reflitam esses valores, como, veremos, a se- ções diferentes. Galliano foi influenciado pelo
guir. O conceito deve estar atrelado também com o circo, pelo Egito antigo, pela cantora punk
Siouxsie Sioux e pela Revolução Francesa.
tema de inspiração para o desenvolvimento do pro-
duto, podendo ser expresso em imagens conforme Fonte: Sorger (2009, p. 16).
pesquisa do designer.
113
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
PLANEJAMENTO
DO ESTILO
Caro(a) aluno(a), como vimos, na unidade anterior,
o estilo é parte integrante do projeto. Deve estar
direcionado ao conceito da marca, ao público e ao
mercado verificando as oportunidades e restrições
que estes apresentam, como custos, tecnologia de
produção, entre outros que veremos a seguir. Sendo
assim, o seu planejamento envolve ainda outras téc-
nicas que vamos aprender aqui.
114
DESIGN
Planejamento do estilo
Alguns aspectos são condicionantes conforme Bax- Baxter (1998, p. 150) afirma que estudar esta
ter (1998) para o estilo do produto, como os anteces- identidade é uma parte importante do plane-
sores do produto, marca ou identidade da empresa, jamento do produto:
estilo dos concorrentes e o Benchmarking do estilo.
Para algumas empresas, basta o uso de certas
• Antecessores do produto: se for uma reesti-
combinações de cores para essa identificação.
lização deve-se preservar a identidade visual
Produtos da mesma linha podem apresentar
do produto. Mudanças radicais podem gerar características comuns, como mostradores e
perdas de consumidores, por isso, a necessi- botões de formas e cores semelhantes. As vezes,
dade de pesquisa para observar aquilo que o próprio formato pode identificar o produto,
será preservado no projeto e os aspectos que como no caso de embalagens e perfumes. Um
serão inovados. produto pode ser identificado pelas suas pro-
• Marca ou identidade da empresa: quando porções, linhas curvas ou linhas inclinadas ca-
racterísticas (p. 150).
preservamos a identidade da empresa , esta-
mos preservando a confiança do consumidor.
115
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
116
DESIGN
Condicionantes do estilo
Painel do Atributos
estilo de vida semânticos
imagens lista
117
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
Quando transformamos estas informações em Segundo Baxter (1998), temos uma autoimagem
imagens, fica mais fácil a compreensão. Para Bax- “[...] baseada nos valores pessoais e sociais que pos-
ter (1998), “A imagem transmitida pela aparência suímos. Faz parte da natureza humana, procurar-
do produto representa o simbolismo do produto. mos nos cercar de objetos que reflitam a nossa auto
Quando um observador diz que um produto se pa- imagem” (p. 189). Todos os objetos que nos rodeiam
rece com alguma coisa, ele está querendo dizer o que está atrelado ao nosso estilo de vida. O simbolismo
pensa do produto” (p. 150). do produto pode ser representado em um painel que
Para o autor, os produtos apresentam dois tipos auxilia o planejamento do estilo. Nesse painel, pro-
de valores simbólicos ou simbolismo do produto. cura-se colocar imagens que reflitam este estilo de
Descrever estes valores significa entender os valores vida do futuro consumidor do produto. Por exem-
pessoais e sociais incorporados à aparência do pro- plo: “[...] no projeto de uma geladeira, procuram-se
duto. Quando ele apresenta em seu aspecto formal, retratar os pisos, azulejos, armários, móveis e demais
delicadeza, robustez, fragilidade, peso ou leveza, utensílios existentes na cozinha e que se situem nos
por exemplo, ele está transmitindo informações que arredores de onde será colocada a geladeira” (BAX-
podem simbolizar traços pessoais do usuário, como TER, 1998, p. 190).
seu estilo de vida, seu status, mas, também, podem O simbolismo do produto pode ser representa-
transmitir valores chamado de semântica do produ- do por imagens que traçam o estilo de vida do usu-
to, ou seja, o significado do produto dado pela apa- ário, retratando sua maneira de viver, com outros
rência com relação a sua funcionalidade. produtos que reflitam os valores pessoais e sociais.
Os produtos devem ser projetados para trans- Geralmente, usamos imagens que apresentam pes-
mitir certos sentimentos. E, neste sentido, estes dois soas felizes e sorridentes em sua maneira de viver.
fatores Simbolismo e Semântica do produto podem
ser representados em painéis que ajudam a definir o
estilo e o conceito do produto.
118
DESIGN
Semântica do produto
A aparência visual do produto deve transmitir a sua a partir do painel de estilo de vida e deve represen-
função. Por exemplo, produtos com desempenho rá- tar a emoção que o produto transmite. Se o produto
pido devem ter este aspecto aerodinâmico em suas é intenso, jovem, original e ousado, posso represen-
formas. Produtos duráveis devem demonstrar esta tar esta emoção a partir de imagens que tenham esse
função em sua configuração estética formal, seja nas significado e ajudem todos os membros da equipe
formas, nos materiais, nas linhas etc. podemos ver de design na elaboração do projeto. Na sequência,
este exemplo na figura 7, a seguir: a figura 08 mostra um painel que representa essa
Figura 7 - Expressões semânticas de produtos para lavagem dos cabelos emoção que o produto deve transmitir em sua con-
figuração estético formal.
Figura 8 - Painel semântico
Formas arredonda-
das, indicando
produtos naturais e
suaves
Até produtos de
formatos diferentes
podem apresentar
temas em comum -
cor transparente,
indicando pureza da
formulação
Formas
angulosas,
indicando
qualidade
técnica na
formulaçao
119
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
E
ssa imagem traduz para a equipe de design gura 7, apresenta um fluxograma como exemplo
na elaboração do projeto, aspectos emo- com toda sequência para o desenvolvimento de
cionais que estão ligado à semântico do um produto de moda.
produto, inspirando identidade, originali- Esse fluxograma foi desenvolvido pensando em
dade, jovialidade e ousadia. Esses aspectos mesmos todas as etapas e ferramentas que podem auxiliar
abstratos podem ser traduzidos em formas, cores e nos objetivos traçados e especificidades do produto
materiais que traduzam a forma visual do produto. que será oferecido ao consumidor. Portanto, é mui-
Vimos que a partir da construção desses pai- to importante que este planejamento esteja claro,
néis, o processo e o foco com relação ao estilo e a partir da sequência apresentada. Em cada etapa
função dos produtos, vão se estreitando e ficando deve-se pensar no controle de qualidade e confe-
claro para a equipe toda. Podemos identificar as rência para não ter surpresas desagradáveis ao fi-
linhas principais que estruturam o produto e todo nal do projeto com desperdício de tempo, recursos
desenvolvimento e planejamento. O modelo, da fi- materiais e humanos.
120
DESIGN
PLANEJAMENTO
Painel de ESTILO DE VIDA
PAINEL DO ESTILO
DOS CONCORRENTES Protótipo - Aprovação - Peça Piloto
Produção
PAINEL BENCHMARKING
DO ESTILO Destino do descarte final
121
METODOLOGIA DO PROJETO EM DESIGN
CICLO DE VIDA
DO PRODUTO
Ainda dentro das técnicas para o planejamento Um produto com design arrojado depende do
do produto, temos o ciclo de vida do produto. Se- criador e de seus valores culturais embutidos como
gundo Baxter (1998), essa técnica esta associada a já vimos. Um exemplo clássico podemos ver a se-
questões de impacto ambiental dos novos produ- guir, no espremedor do famoso designer Phillipe
tos, como também com as estratégias da empresa Starck. O clássico assume formas limpas, de design
em relação às oportunidades orientadas para o minimalista de baixa complexidade, e se torna um
mercado com relação as vendas. O ciclo de vida no produto atemporal, e não caracterizado pela massi-
planejamento de um produto vai, “desde a entrada ficação ou temporalidade.
da matéria-prima na fábrica, passando pela produ- Treptow (2013) classifica temporalidade como
ção, distribuição e uso, até o descarte final do pro- um período que pode ou não vai durar muito tem-
duto” Baxter (1998, p. 183). po, e que pode surgir das ruas, formadores de opi-
Esta análise do ciclo de vida, não está orien- nião, grupos (Punk na década de 70), celebridades
tada somente para as questões ambientais, mas, ou de uma cultura, um contexto, uma época, ou
também, quais são os custos desse produto, quan- também estilos individuais como o exemplo que
to tempo deve durar, quais são os valores dos con- vemos na sequência.
sumidores para com este produto, eficiência de Para Mozota (2011), o design contribuiu para
produção e qualidade dos materiais. Por exem- aumentar a longevidade do produto, depende qual é
plo, produtos considerados com estilo clássico, foco no produto desenvolvido. A partir de cada fase
tendem a ter um tempo de vida maior, pois não do produto (Introdução, Crescimento, Maturidade e
caem nos modismos ou tendências que mudam a Declínio), podem ser desenvolvidas diferentes ações
cada estação. Para Treptow (2013, p. 27) “[...] ten- de design. E conforme cada fase pode ser programa-
dência de moda, ou modismo, é o nome dado aos da ações diferentes no projeto de design. A seguir,
produtos que retratam o gosto dominante de um vemos o gráfico desenvolvido por Mozota (2011, p.
determinado tempo.” 239-240) e suas definições.
122
DESIGN
Figura 10 - Política de design e ciclo de vida do produto Vimos que o ciclo de vida de um produto mede
o desempenho dele no mercado, é uma análise que
Venda
Maturidade tem o objetivo de diagnosticar a fase de vida de
Introdução Crescimento Declínio
cada produto. Esta estimativa é algo aproximado e
conforme a flutuação do mercado novas estratégias
Design Design de
divergente conceito devem ser determinadas. Entender o ciclo de vida
Design Design de
convergente detalhe
Tempo de um produto, significa quando o produto deve
ser retirado, renovado por um novo produto ou o
Fonte: Mozota (2011, p. 128).
seu redesign.
• Introdução: pesquisa-se ao longo de vários
estágios, a configuração ótima entre forma
e função, adaptando o produto às deman- Figura 11 - Espremedor de limão de Phillipe Starck
das dos primeiros consumidores. A estética
é divergente.
• Crescimento: o objetivo é inovar a fim de
ser capaz de industrializar o produto. A es-
tética torna-se convergente e está integrada
ao processo de produção. O design está con-
centrado na assimilação da forma no pro-
cesso de produção.
• Maturidade: o objetivo é identificar os atri-
butos pertencentes aos produtos mais com-
petitivos de sua categoria ou levantar possí-
veis diferenciações que possam ser realizadas
a fim de aumentar as opções de escolha do
consumidor e/ou reduzir o preço final (de-
sign de detalhe).
• Declínio: realiza-se uma pesquisa para iden-
tificar se uma nova tecnologia ou novas ne-
REFLITA
cessidades podem levar a uma reformulação
completa do produto e, portanto, iniciar um
novo ciclo (design de conceito). Toda organização é única, e a identidade deve
brotar das suas próprias raízes, de sua per-
Como exemplifica Mozota (2011, p. 240), ao desenvol- sonalidade, de seus pontos fortes e fracos.
ver uma bicicleta, “das bicicletas com rodas de tama- Isso vale tanto para a corporação moderna
nhos diferentes à adaptação da bicicleta padrão ao atu- quanto para qualquer outra instituição, desde
a Igreja Católica até o estado-nação.
al dinamismo do mercado devido a uma nova estética,
conduzida pelas bicicletas para lazer e competição.” Wolff Olins (1989).
123
considerações finais
E
sta unidade apresenta várias ferramentas que possibilitam o designer ter
uma visão estratégica no planejamento e desenvolvimento do produto
ainda na fase projetual. Significa que o design tem condições de adaptar
na projetação de estilo segundo estes instrumentos de pesquisa e análi-
se. Observamos que a partir do briefing, pesquisa e público, estabelece um ponto
focal de atuação, identificando objetivos e estratégias para definir o caminho.
Em cada etapa do projeto, exigem-se processos que envolvem a construção e
formalização de ideias. Na pesquisa, vimos que a partir dela podemos classificar e
segmentar direcionando o critério estético do produto conforme as necessidades
do consumidor, do mercado e da empresa.
Analisamos que uma marca é uma promessa de valores tangíveis e intangí-
veis, que deve ir ao encontro do consumidor e suas aspirações pessoais, portanto,
a construção de uma identidade e de um conceito que oriente a escolha do con-
sumidor é fundamental para gerar relações duradouras.
Ainda dentro do planejamento do estilo aprendemos duas ferramentas im-
portantes para não perdermos a identidade do produto, Simbolismo do Produto
e a Semântica do Produto, pois nossas preferências estéticas depende de fato-
res emocionais, de sensações subjetivas e cognitivas. Estudamos que a partir da
construção de alguns painéis, o processo e o foco com relação ao estilo e função
dos produtos, vão se estreitando e ficando claro para a equipe de design podendo
identificar as linhas principais que estruturam o produto e todo desenvolvimento
e planejamento.
Finalmente, o ciclo de vida de um produto mede o desempenho dele no mer-
cado, é uma análise que tem o objetivo de diagnosticar a fase de vida de cada
produto. Esta estimativa é algo aproximado e conforme a flutuação do merca-
do novas estratégias devem ser determinadas. Entender o ciclo de vida de um
produto significa quando o produto deve ser retirado, renovado por um novo
produto ou o seu redesign.
124
atividades de estudo
1. O processo de criação é a busca do novo e não 2. Várias ferramentas são necessárias para estrei-
da novidade. É um processo de conhecimento, tarmos as possibilidades no desenvolvimento
pois exige reflexão, compreensão, transforma- do produto. Para Baxter (1998) é um procedi-
ção e criação. O ser criador exige um “ver” que mento que comporta várias etapas e que pode
compreende, que dialoga com o mundo, que ser conseguido construindo-se diversos painéis
dilata seus limites, que amplifica sua conversa de imagens visuais. Conforme as afirmações a
com o mundo, que produz novos sentidos e no- seguir, marque a opção correta.
vas conexões. Mas no design, esse ato criativo I. O painel de Identidade da marca mostra al-
envolve outro universo de significação, que res- ternativas para avaliar a usabilidade e as téc-
salta a relação do uso entre produto e usuário nicas de produção do protótipo para apro-
que é influenciada por inúmeros fatores como vação final.
vimos nas aulas, sejam de ordem prática, se-
II. O painel semântico ou expressão do produto
jam subjetiva. Neste sentido, marque V para
organiza-se a partir de uma série de imagens
as verdadeiras e F para as afirmações falsas.
de produtos que tenham várias funções de
( ) O conceito da coleção é sazonal, e o conceito
acordo com o espírito pretendido para a co-
da marca é permanente.
leção ou produto.
( ) O conceito deve se opor à imagem da marca
III. O painel de estilo de vida é composto por
e metas comerciais da empresa.
meio de imagens que reflitam os valores
( ) O designer deve conhecer os códigos visuais pessoais e sociais dos futuros consumidores
que o consumidor assimila. Deve elaborar um do produto.
conceito que seja baseado nas referências esté-
IV. O painel semântico ou expressão do produto,
tico-simbólicas do universo do público-alvo.
dever ser uma síntese do estilo de vida dos
( ) Os códigos estilísticos observados no uni- consumidores, e apresentar a emoção que o
verso do consumidor devem ser sintetizados em produto transmite ao primeiro olhar.
formas, texturas e cores na coleção.
( ) O conceito na ótica do design é a síntese dos Marque a opção correta:
parâmetros funcionais e de estilo de um projeto. a. Todas as afirmações são verdadeiras.
b. Somente as afirmações I, II e III são verdadeiras.
Marque a sequência correta das afirmações acima:
c. somente as afirmações III e IV são verdadeiras.
a. V,V,V,V,F
d. somente as afirmações I e IV são verdadeiras.
b. F,V,V,V,V
e. Somente as afirmações II e IV são verdadeiras.
c. F,F, V,V,V
d. V,F,V,V,V
e. V,V,V,F,V
125
atividades de estudo
126
LEITURA
COMPLEMENTAR
O texto, a seguir, é um pequeno artigo que descreve localidade a prototipagem rápida como elemento de
como o design pode modificar o panorama de uma in- aumento da qualidade dos produtos, proporcionando
dústria, na busca de novos elementos estéticos e de ges- uma oferta de variedade maior do que o processo tra-
tão de design eficiente. dicional e uma orientação focada na pesquisa de ten-
A Holaria Cerâmica Contemporânea é uma jovem em- dências mundiais. Também trouxe uma linguagem con-
presa que, em pouco tempo, passou a ser uma referên- temporânea para um contexto em que o design estava
cia e uma disseminadora do sucesso com base na gestão muito atrelado à cópia.
do design. Sua história demonstra como a força do de- Assim, desde a sua fundação, em 2005, a empresa pro-
sign pode não apenas atuar no campo restrito de uma duz objetos de decoração e utilitários, como resultado
empresa, mas, também, modificar o panorama de um de uma constante investigação estética e da pesquisa
setor industrial. por novas tecnologias de produção cerâmica, buscando
Fundada por Luiz Pellanda Jr., Aleverson Ecker e Henri- o equilíbrio entre concepção formal e viabilidade pro-
que Serbena, a empresa surgiu do interesse pelo campo dutiva. Além disso, pela aproximação constante com os
cerâmico de Campo Largo/PR, a partir de uma investi- consumidores, seja em feiras, nas lojas, em blogs ou no
gação realizada ainda quando estudantes de design da site da empresa, a diferenciação obtida fez a Holaria se
Universidade Federal do Paraná (UFPR). A inquietação destacar competitivamente.
diante desse arranjo produtivo local, tradicional produ- A visão holística, o aperfeiçoamento constante, a busca
tor de louça de mesa e objetos de adorno, que apresen- pela harmonia entre pragmatismo e utopia, risco e pru-
tava indicativos de baixo sucesso empresarial, levou-os dência, beleza e técnica, tecnologia e tradição, passado
não apenas a formular uma estratégia de ação particu- e futuro, destacaram os valores presentes já no início
lar, mas, também, a atuar como promotores sinérgicos das atividades que tiveram suporte pela Incubadora da
do design na localidade, pelas parcerias estabelecidas. UFPR. Isso pode ser observado em seus elementos de
Desde a origem, a Holaria tomou a inovação como um de comunicação: site, folders, embalagens, produtos etc.,
seus focos. Assim, a partir da forte ação coordenadora demonstrando que a Holaria se apoiou na formulação
dos seus líderes, ultrapassou os limites financeiros, pro- de conceitos que refletem uma apropriação integral dos
dutivos ou estruturais típicos de uma pequena empresa, valores decorrentes do uso do design nos níveis estraté-
adequando os diversos fatores determinantes da estra- gicos e funcional.
tégia empresarial em uma demonstração de que micro Os resultados obtidos se refletem nos produtos. Hoje,
e pequenas empresas podem se tornar campos férteis eles são comercializados em canais diversos, como a H
para a inovação associada ao design. Stern Home, loja localizada no Rio de Janeiro, voltada
A ênfase na pesquisa tecnológica e na busca por uma para o público de classe A, e em 200 outras diferentes
semântica inovadora levou a Holaria a introduzir na lojas no Brasil, por meio da parceria com a distribuidora
127
LEITURA
COMPLEMENTAR
Marco 500. Para breve, novos canais no exterior serão completa de produtos para hotelaria e restaurantes. Per-
abertos, visando à expansão dos negócios. cebendo o impacto do design da Holaria, a Germer co-
O trabalho da empresa se destaca ainda em outro ponto: meça a investir no desenvolvimento associado de novos
a inovação e a visão de mercado presente e tendências produtos em larga escala, demonstrando o impacto do
futuras, combinadas com a busca por elementos estéti- valor do design na comunidade.
cos, levaram a Holaria a conquistar vários prêmios na- Assim, em curto período de tempo, a Holaria vem se
cionais e internacionais no ramo do design em quatro tornando uma referência para o arranjo produtivo de
anos. Dentre esses, destacam-se duas premiações no louças de Campo Largo, atuando como um líder na in-
House & Gift, São Paulo, em 2006 e 2007, Prêmio IDEA corporação da gestão do design. Usando transparência,
Brasil, São Paulo, em 2009, duas premiações do Museu abertura e respeito como normas, desperta nas peque-
da Casa Brasileira, em 2007 e 2008, e duas premiações nas empresas da cidade o interesse em investimentos
no Salão Nacional de Cerâmica em 2006 e 2008. Além em design. Referência de sucesso, surge, frente a uma
disso, os produtos das Holaria foram selecionados para dinâmica social local estagnada, como um novo impulso
participar dos salões e exposições Handle With Care de modificador do quadro existente na região, que persiste
Londres, em 2007, Internazionale de la Casa, Milão, em há muitos anos.
2007, Salão Design Brasil, 2007, e como finalista do The Podemos observar, portanto, como a visão de jovens de-
8th Internacional Ceramics Competition - Mino/Japan, signers, com base no uso integral do conceito de gestão
considerado o mais importante prêmio de Design Cerâ- do design, levou ao sucesso não apenas a empresa que
mico da atualidade. lideram, mas, também, desencadeou uma forma nova
São ainda pequenos os volumes produzidos pela Hola- de inserção no mercado de outras empresas parceiras.
ria, mas o potencial que se vislumbra é de prosperida- Agindo como disseminadora do design junto a uma co-
de. Recentemente, além do trabalho realizado sob sua munidade em que as perspectivas de atuação no mer-
própria marca, a empresa formou uma parceria com a cado interno e externo se encontravam diminuídas, a
tradicional Germer Porcelanas Finas, uma das líderes na Holaria é hoje responsável pela geração de uma força
produção de loucas no Brasil, que atua tanto no merca- competitiva que deve crescer nos próximos anos.
do interno quanto no externo, desenvolvendo uma linha Fonte: Kistmann e Silva (2011, p. 254-256).
128
DESIGN
129
referências
BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 2. ed. São Paulo: Edgard
Blucher, 1998.
______. Design do Objeto: bases conceituais. São Paulo: Escritura Editora, 2006.
KISTMANN, V. B.; SILVA, S. de B. da. Holaria: gestão do design e disseminação do sucesso em uma comuni-
dade a partir de uma jovem empresa. In: MOZOTA, B. B. de. Gestão do design: usando o design para construir
valor de marca e inovação corporativa. Porto Alegre: Bookman, 2011, p. 254-256.
MOZOTA, B. B de. Gestão do design: usando o design para construir valor de marca e inovação corporativa.
Porto Alegre: Bookman, 2011.
SANCHES, M. de F. Projetando moda: diretrizes para a concepção de produtos. In: PIRES, D. B. Design de
moda: olhares diversos. Barueri, SP: Estação das Letras e Cores Editora, 2008.
SEIVEWRIGHT, S. Fundamentos de design de moda: pesquisa e design. Porto Alegre: Bookman, 2009.
SORGER, R. Fundamentos do design de moda. Porto Alegre: Bookman, 2009, p. 16.
TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. São Paulo: Edição da Autora, 2013.
130
gabarito
1. D – V,F,V,V,V
3. A marca ao elaborar a identidade visual da empresa pauta-se sobre um conceito que transmita a
atitude e objetivos da empresa. A criação de uma marca envolve a imagem da marca e o valor desta
marca perante o mercado. Segundo Mozota (2011, p. 242) “[...] a criação de uma marca começa com
a proposição do valor, seguida do nome, dos seus elementos gráficos e da personalidade da marca.”
Na construção da identidade cria-se um conceito da marca, como estratégia de como ela será visível e
como será sua relação com o consumidor. A marca passa a ser um produto consumido a partir destes
valores e seus significados embutidos não só na identidade visual, mas no produto que ela oferece.
5. Este painel é traçado a partir do painel de estilo de vida e deve representar a emoção que o produto
transmite. Se o produto é intenso, jovem, original e ousado, posso representar essa emoção a partir
de imagens que tenham esse significado e ajudam todos os membros da equipe de design na elabo-
ração do projeto.
131
CRIATIVIDADE, PROJETO E MÉTODO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Fundamentos da criatividade e projeto de Design
• Método e Design
• Modelos de métodos projetuais criativos
• Gestão em Design e os Instrumentos de Projeto.
Objetivos de Aprendizagem
• Entender a importância do método para o projeto de um
produto.
• Refletir sobre o processo criativo.
• Aprender quais são as fases e as etapas do processo
criativo.
• Incorporar um método no planejamento do produto.
unidade
V
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTOS DA CRIATIVIDADE
E PROJETO DE DESIGN
Historicamente, nossa s