Você está na página 1de 9

ROMA E OS PRINCÍPIOS DO CRISTIANISMO.

PROFª. DIRLENE – CIÊNCIAS POLÍTICAS – NOTURNO – 2012

MÔNICA REGINA LEMOS

O texto começa com um esboço do estatuto político dos Etruscos/Gregos uqe trás as
primeiras características da cidade-Estado com predominância da aglomeração urbana
como forma política(excluindo o setor rural desta). O poder executivo estava nas mãos
da aristocracia fundiária que era auxiliada pelos chefes das gentes que compunham o
Senado. Além disso, existia também uma Assembléia do Povo, dividida em cúrias, que
veio a dar origem ao poder legislativo. Uma plebe embrionária – formada por
estrangeiros, novos contingentes populacionais conquistados e clientes recém-
emancipados do patriciado – também se desenvolvia ali. A plebe não possuía direitos
civis e/ou políticos – e nem deveres para com o Estado-cidade. Quando Roma passa a
evoluir para uma cidade universal esta nova plebe começa a ser integrada, e
absorvida, pela cidade. Existe certa dificuldade em historiar a evolução ideopolítica de
Roma entre os sécs. V ao II A.C. pela carência de fontes documentais. Até 240 A.C. só
se pode contar com a Lei das 12 Tábuas – a Duodecim Tabulae – e, finalmente, em
meados do Séc. II, pode-se iniciar e contar com doutrinas políticas ordenadas por
Cícero.

Os destinos de Roma sempre interligaram suas histórias interna e externa de forma


umbilicalmente indissociável fundindo ambas em esferas

Haja vista que a conquista do mundo conhecido – após o Lacio, a Península Itálica e o
Mediterrâneo – sempre foi sua principal empreitada. Os temas e problemas de sua vida
social e política sempre estiveram ligados à incorporação das populações conquistadas
e do respectivo estatuto que em seu interior adquiriam. Os litígios que surgiam ao
sabor do momento, contudo, não deram lugar a idéias políticas estáveis na Bacia do
Mediterrâneo, posto que os romanos não se interessavam nada mais em adminisrtá-lo
caso-a-caso. Mas as pressões forâneas – para além de sua objetividade contigencial e
influência empírica – exerciam, ao longo do tempo das largas durações, uma série de
variações/modificações/deslocamentos na ordem ideopolítica de Roma.

A negação do ócio (negócio) como critério da razão romana se estabalece desde sua
gênese e desenvolvimento, havendo pouco ou nenhum espaço-tempo para férias ou
descansos regulares. Toda atividade não-produtiva, diferentemente da Grécia, era vista
com escárnio e desprezo, sendo o termo Filosofia motivo de cólera e chacota. O mote
“primum vivere deinde pshhilosophari” adquire centralidade axiológica no ideário e
imaginário tipicamente realistas de Roma. Qualquer coisa afora o comércio, a guerra e
a jurisdição era vista como perda de tempo

A influência grega dava-se no interior da forma ideopolítica romana de modo muito


acessório e ornamental, posto que a razão romana – muito pragmática, utilitária e
instrumental – era avessa ao espírito mais teórico e abstrato dos atenienses. É sabido
que, apesar da simpatia nutrida pelos conquistados, os romanos preferiam copiar e
calçar a arte e o luxo gregos a propriamente fazer o mesmo com seus modos de
pensar e agir. O aproveitamente que se dava da cultura helênica era algo seletivo,
acorde aos interesses relativos à moral prática do realismo romano (Touchard atenta
para um caso de um diplomata grego que falou a distintas audiências romanas para
efeitos ilustrativos)

Mesmo os sistemas filosóficos eram tomados seletivamente. O epicurismo, que


pregava o ócio filosófico, e o ceticismo, que colocava em dúvida os valores,
dificilmente poderiam ser aproveitados pelos romanos e, por sua vez, o estoicismo –
corrente filosófica que até hoje ressoa entre os contemporâneos - , foi parcialmente
absorvido na República no que alentava tão-só princípios realistas tipicamente
romanos.

Praticamente uma das formas intelectuais-políticas exclusivas desenvolvidas pelso


romanos é o campo do Direito, a Jurisprudência, que apresenta, mesmo no interior de
seu estatuto teorético, uma dimensão praxiológica muito destacada. Trata-se da única
forma de abstração e teoria que os romanos se permitem. Como elevação das
necessidades imediatas, diferentemente dos gregos. Ainda assim com uma forte carga
moral e político-prática, mediando a história concreta de seus feitos com a
universalidade pretendida pela jurisprudência romana que passou a ser sua marca
distinguida na historiografia-padrão a seu respeito.

Gracos 
Roma estava em pleno processo de expansão, a classe senatorial estava no topo de tal
sociedade onde usufruía total poder e riqueza, enquanto as classes médias se
proletarisavam, já que estas se endividaram pela situação do trigo e não conseguiam
mais competir com os latifúndios que a classe senatorial vinha formando. Neste
mesmo período nascia e se ascendia a classe dos cavaleiros publicanos, estes se
beneficiavam com a exploravam do império, e em algumas vezes se aliavam ao
senado.
Em face de todo este antagonismo, duas coisas intimamente ligadas se faziam
necessárias em Roma, uma era a urgência de uma nova forma de exploração das
terras conquistadas, que fosse mais justa e que não concentrasse as terras nas mãos
dos latifundia como vinha ocorrendo, e para que isso fosse possível a segunda
necessidade se faz em Roma, modificar a estrutura do poder. 
Quem se dispõem a defender esta reforma são dois irmãos de uma família nobre, os
Irmãos Gracos, Tibério e Caio estavam insatisfeitos com a situação de Roma e
dispostos a solucionar os problemas concernentes á esta má distribuição de terra e
poder, por conta destes objetivos Tibério é o primeiro a perder sua vida, e alguns anos
depois é Caio quem morre.
Os irmãos gracos foram mortos por terem sua propostas políticas associadas á uma
forma democrática, esta perseguição ideológica acontece pela influencia que tinha
Políbio em Roma neste momento.
Polibio defendia haver um ciclo na estrutura do poder, que passavam por três tipos
aceitáveis de constituição, realeza, aristocracia e democracia, e por três tipos
referentes a estes de degeneração, tirania oligarquia e demagogia, após posto isto
Políbio vem defender os sistemas posto em Roma, tendenciosamente vê em Roma um
equilíbrio que não mais havia e que beneficiava predominantemente a classe
senatorial. 
A partir disto alegava-se que as proposta dos irmãos Gracos desestabilizava este
equilíbrio, já que previa medidas imensamente democráticas, que levaria
posteriormente a Roma á demagogia.
As principais idéias defendidas pelos irmãos eram confiscar as terras publicas
indevidamente distribuídas, limitar o tamanho destes lotes e a partilha das terras
recuperadas. Com isto eles pretendiam restaurar aa classes médias e restituir as
pequenas e medias propriedades. Porém quando Tibério tentar expor tais idéias ao
tribunado, a classe senatorial vendo uma ameaça ao equilíbrio posto por Políbio tira
sua vida. Mais tarde Caio se associa aos cavaleiros publicanos no partido popular
tentando um imperialismo segundo o gosto de Péricles. Ele organiza a distribuição do
trigo a preços moderados a Plebe de Roma, concedendo aos cavaleiros maiores
vantagens no Estado e nos Tribunais, reforma de acordo com seus ideais a forma de
se arrecadar o tributo na Ásia, prevê o envio de colonos para Tarento, Coríntia e
Cartago a favor de outros meios que não fossem o exercito ou a administração. por
ultimo provavelmente pretendia oferecer aos italianos os direitos de cidade. Mesmo
que acusados não se comprava que os irmãos Gracos pretendiam acabar com o
senado, eles com certeza queriam descentralizar o poder administrativo da classe
senatorial. Assim se acaba a aliança entre o senado e os cavaleiros, pois com todas
estas vantagens o senado sentia certo ressentimento em relação aos cavaleiros que
agora podiam tomar decisões mais drásticas, o receio da classe senatorial de que as
classes de cavaleiros tomassem medidas mais ousadas faz com Caio perca também
sua vida.

Cícero e o meio termo


Sila tentava acabar com o poder que as classes populares haviam conseguido, para
centraliza-lo novamente nas mãos da classe senatorial. Segundo ele o que traria a
solução para os problemas do império era a formação de um poder uno, uma vontade
igual sem divisões, mas Roma não estava disposta a aceitar um soberano, e ao invés
de êxito os objetivos de Silo deixaram mais amostra as contradições do poderio
romano e reviveu a palavra Liberdade para os romanos. Enquanto isto a Itália foi
considerada uma cidade de Roma, mais ainda era nesta o centro do Império. Neste
momento tanto a classe dos cavaleiros como a senatorial se sentia ameaçada pelo
partido Popular, principalmente quando os Trânsfugas, desclassificados das famílias
nobres, começa á apóia-lo. 
Cícero neste contexto aparecia com figura única, hoje nos é símbolo da divisão e
inconstância que existia naquela sociedade. Mesmo pertencendo a classe dos
cavaleiros Cícero mantinha uma boa relação com a classe senatorial, que o acolhera.
Possuía um vasto conhecimento, conhecia várias culturas, considerado o primeiro
homem de Estado pertencente à categoria dos intelectuais. Não há dúvidas de que
Cícero o sustentáculo deste Estado, o pilar da República. Era membro dos cavaleiros,
mas interessado na classe senatorial, combatia nas duas frentes. Cícero agita o ideal
Republicano da velha Roma e invoca a Liberdade, que, basicamente, consistia no
direito de todos os nobres ocuparem um lugar no estado e os cidadãos honestos
deveriam participar dos negócios públicos. Portanto era contra o partido popular, para
ele esses homens representam apenas a desordem. Despreza os pobres que ostentam
e defende que estes não podem ter qualquer espécie de crença política. Chama-os de
valdevinos, desclassificados e malfeitores, baseado no princípio de que estas pessoas
não conseguiriam conservar seus bens nem a moral; Cícero tenta reagrupar pessoas
de bem numa aliança de bens comuns, que se define, mais moralmente do que
politicamente, assim, não há exclusão, visto que é uma União Sagrada, à volta de uma
República que no seu conjunto Cícero considera aceitável, no campo da filosofia contra
os relativismos e ceptismos. Esse partido se define como meio termo, um partido
acolhedor e inimigo dos excessos que são as causas das grandes modificações que se
revoltava contra os senadores ambiciosos e contra os publicanos desonestos.
Cícero tenta demonstrar que o Estoicismo e a Nova Academia estão caminhando juntos
em relação aos problemas fundamentais e principalmente quanto à origem da moral e
da Lei. Tem ele a necessidade de provar que a moral e a Lei são conceitos distintos de
uma mudança das convenções humanas. O que Cícero, transmite é que não é a lei
criada por convenções que deve o homem seguir, mesmo que esta possa trazer
alguma lei justa, é a moral, ligada a razão, que o homem traz em si a e dentro do que
há de melhor nele é capaz de construir uma lei justa e universal.
A contraposição é que para os estóicos, a moral consiste em obedecer à natureza e
que para eles todas as outras atividades são indiferentes. Cícero diz poder demonstrar
tal indiferença, expõe que o soberano bem dos platônicos e o bem único de Zenão são
uma mesma coisa – O Belo – e que na verdade a disputa entre eles é uma questão de
palavra. 
Em princípio a moral de Cícero nasceu com a convivência com os filósofos gregos,
caracterizada pela universalidade e extensão por entre os círculos romanos. Se
politicamente Cícero nunca conseguiu concretizar totalmente seus princípios é por que
se converteu à igualdade dos povos. Cícero tem preferência por duas sociedades: a
que une pessoas de bem ou uma que une pelos costumes parecidos, a união pela
amizade e também pela pátria justa.

Cícero assim como Políbio, recomendava a constituição mista que combina as


vantagens dos três poderes, o que é de fato a constituição romana. Otimista, vê nesta
mistura uma garantia da igualdade, merecedora de um povo livre e de estabilidade. Vê
também múltiplas possibilidades de degenerescência na democracia, como exemplo
disso, há a sua preferência pela realeza como regime puro. Como vários cidadãos,
Cícero admirava Cipião, gostava de imaginar um cidadão que fosse modelo e que
bastasse para reforçar o Estado.

A Republica
-O Círculo dos Cipiões

Século II;

Roma passa por um período de mudanças decorrentes de grandes conquistas;


Devido a essas mudanças Roma se vê na obrigação de deixar a sua visão conservadora
e nacionalista de Catão para adotar uma política que comportasse o vasto império, e
cabe a Cipião Emiliano (orientado por Panécio e Políbio) instaurar tal política;

Panécio fica a cargo de elaborar uma doutrina mais humanista, algo que trouxesse a
Roma uma disciplina moral, contrapondo a ambição dos conquistadores imperialistas;
para isso Panécio faz uso de princípios do estoicismo, tornando-o prático e lavando-o a
exaltar a atividade civilizadora;

Políbio veio atuar no campo político, em sua obra História Universal ele defende Roma
como centro da perspectiva histórica, sendo que as histórias particulares de cada povo
viriam a alcançar o seu ápice sob o governo romano. Ele lança a ideia de
predestinação do povo romano e impõe como necessária a solidariedade entre Roma e
os povos conquistados

Para Políbio as sociedades seguem uma linha natural de governo: a monarquia


original, onde prevalece o mais forte; a realeza, que nada mais é do que uma
monarquia moralizada; a aristocracia, onde aqueles que se revoltam contra a tirania
real tomam o poder; logo a aristocracia se transforma em oligarquia, causando a
revolta do povo, que instaura a democracia; a ambição dos ricos corrompe o povo, que
se torna dependente dos bens alheios, isso gera crises, que levam a uma “catástrofe
inevitável” de onde sairá novamente uma monarquia;

A divisão política de Roma é ideal segundo Políbio, essa é uma visão tendenciosa que
favorece a classe senatorial, que detinha então a maior parte do poder efetivo;

A constituição e a expansão eram fatores interdependentes para Políbio, ambos


necessários e indissociáveis;

Tendo atingido Roma o seu apogeu, a preocupação de Políbio era com uma possível
crise decorrente da revolta popular, por isso advertiu quanto a exibição de luxo por
parte dos ricos;

No período de 31 a.C foi dado início de uma série de alterações políticas. Baseado
principalmente pelos fenômenos políticos versus movimento doutrinal.

Havendo muitas lutas entre os senadores e os libertos.

Nessa evolução ideológica, houveram diversos movimentos sucessivos de valores


doutrinários desiguais.

Com todas essas contradições, resultou numa ideologia confusa e heterogênea.

Vespasiano que é da aristocracia provinciana conciliadora surge então para elaborar


uma doutrina coerente com tradições de pensamentos helenísticos, isso no fim do
século II. A partir do século III o império evolui para a monarquia Oriental, inclinada
mais para o neopitagorismo e neoplatonismo.
Augusto restaura a República, instaurando assim a paz num mundo dividido. O
governo de Roma conserva-se democrático, uma vez que o Principe (leia-se Augusto)
representa o povo.

E a hierarquia das leis são: as finanças dependem do Senado; o tesouro militar e o seu
fiscus: ao Imperador. Isso seria uma diarquia.

O império não é de modo algum uma propriedade transmissível, os príncipes romanos


jamais puderam utilizar-se desses domínios como propriedade pessoal. Eles eram
apenas depositários do patrimônio.

A partir de 14, Augusto organiza metodicamente a religião ao serviço de sua


autoridade. Tudo o que ele almeja, ele não queria obter o poder por intermédio da Lei,
então utiliza o truque da religião.

O povo não gosta do principado, mas também não querem o governo do passado,
percebem que o Império é necessário.

Eis que surge Séneca para apaziguar os ânimos dos tiranos. Impondo que os homens
devessem dar-se um chefe, portanto teria um príncipe, mas este deveria agir em favor
somente de seus súditos, um tutor e não um senhor. E esse príncipe deveria ser um
sábio. Deveria respeitar e também apoiar o Senado.

 A reforma da figura do Principe. Mais ou menos na forma de um primeiro


Ministro, com o apoio e regras da nobreza.
 Roma se firma como Império através do domínio militar, principalmente sobre
os povos helênicos
 Nesse mesmo contexto, algumas cidades já esperavam a conquista por Roma,
pois tinham uma necessidade de garantia
 Os gregos antecipam, com Políbio (visionários) a futura grandeza de Roma.
Historicametne Roma herdaria a grandeza, pois tem organização política,
técnica militar e o espírito desbravador romano. A garantia dos helênicos da
fortuna e da providência de Roma
 Conservadorismo romano dos mais antigos caracterizada pela aversão aos
gregos e adiáticos. Ex. Juvenal queria uma Roma eternamente latina ao mesmo
tempo que muitas outras cidades esperavam “festejando” a mudança por um
governo Romano. Nessa época era evidente a necessidade de um império, uma
dependência.
 Surge a tendência do Cristianismo com o monoteísmo de base – transformando
a monarquia em monarquia divina. Uma junção das cidades dos homens e a de
Deus (espada e Deus). Estoicismo tenta nesse processo, final do século I criar
um sistema cívico para as nações conquistadas. Nesse mesmo período deu-se a
fusão Grécia-Roma. Os bárbaros antes inimigos, hoje fundamentam o regime
romano. Quem não for Greco-romano é considerado bárbaro, pois não é
abrangido pela civilização.
 Os bárbaros antes inimigos, hoje fundamentam o regime romano. Quem não
for Greco-romano é considerado bárbaro pois não é abrangido pela civilização.
 Aqui surgem regras e normas de sucessão para criar uma nação de democracia
para agradar a nobreza e criar um sentimento de satisfação as camadas
populares. Quem vai mandar em todos deve ser escolhidos entre todos.
Passavam a ilusão porém era muito persuasiva.
 Nasce o poder monárquico, sem contestação, ideal pois era divino. A
representação de Deus era o monarca.
 Cai o estoicismo e o Cristianismo assume todas as funções que o
neoplatonismo deveria exercer, começa assim o grande império católico-
apostólico-romano.

No contexto histórico do séc. II, os cristãos passaram a construir uma moral, pelo
menos provisória em relação a cidade, isso se deu ao fato da demora do
apocalipse. Segundo Tertuliano, nesse período os Cristãos já estão em todas as
partes e não só entre os judeus e pobres. Também nesta época crenças e ritos do
cristão pareciam irracionais ou vulgares aos olhos dos pagãos, neste contexto,
aparece a figura de Celso, que em sua obra “O discurso verdadeiro”, age
politicamente, filosoficamente e relifiosamente contra os cristãos.

A queixa de Celso é sobre a traição política dos cristãos, pois estes procuravam os
escravos e pobres para aderirem à sua “seita”, o que ele repudiava. Também
criticava duramente os cristãos, pois se recusavam a cumprir seus deveres da vida
política, sejam eles militares ou civis.

A teoria de Celso era que os cristãos deveriam ajudar o imperador com todas as
suas forças, trabalhar e combater por ele. Outro ponto defendido por ele é que se
todos se comportassem como cristãos, o mundo cairia na mão dos bárbaros
dissolutos e ferozes e ainda que no mundo não é possível seguir a dois senhores.

Em contraposição do que dizia Celso, encontrava-se Tertuliano, que era um grande


apologista que seguia com fervor os ensinamentos de São Paulo, porém seu
rigorismo em reduzir tudo a regras pode ter o conduzido à heresia montanista, que
consistia em juntar aos dogmas da Igreja a constante intervenção do Espírito
Santo.

Para Tertuliano o fim do mundo era aparente e por isso os valores das coisas
terrestres eram medíocres. Possuía um espírito jurídico, mas nenhum espírito
político e seu ponto de vista era sempre religioso.

Ele seguia a máxima paulista que os cristãos deviam respeitar os imperadores, pois
estes foram escolhidos por vontade divina. Embora sua doutrina seguisse os
ensinamentos de São Paulo, em um ponto eles divergiam, para Tertuliano o reino
de César e de Deus são radicalmente diferentes.

Finalizando o pensamento, Tertuliano é firme em dizer que o Universo está


povoado de potências intermediárias, os demônios criados por Deus e adorados
pelos pagãos.
Já a Epístola a Diogneto, de autor desconhecido, se fundamenta na importância do
cristianismo para o império, entretanto o autor acentua que os cristãos se perdem
em um mar de pecados e corrupções enquanto simplesmente aguardam a vinda de
um império celeste, puro, livre de pecados e incorruptível. Ele também diz que o
fim dos tempos vem sendo adiado por Deus, graças aos trabalhos de evangelização
feitos pelos cristãos, afinal, para este autor são os cristão que mantém o mundo.

Em relação ao império o autor o considera um forte aliado no processo de


evangelização, pois acredita que este só se expandirá e continuará com a ajuda do
império. Atribuído a isso, está o sucesso da doutrina vigente, que a partir do
reinado de Augusto, houve várias expansões e nada ruim aconteceu e a Igreja
deve se complementar com o império e vice-versa.

Agora, tratando-se de Orígenes, os textos são breves e pobres politicamente, mas


não menos importantes. Para esse autor a história da humanidade e da salvação
caminham juntos (até certo ponto), nem tudo no império é ruim.

Em alguns pontos se opõe a Tertuliano, com relação ao milenarismo e o fim


apocalíptico. Dizia que o homem é um ser composto de corpo (mundo terrestre) e
alma (o que o liga a Deus). Os apóstolos Paulo e João concordam que os cristãos
que possuem interesses mundanos devem submeter-se aos poderes superiores.

Orígenes expressa claramente que o ser é dividido em duas partes (Deus e


mundo), mas devemos dar mais valor à parte espiritual, portanto a lei natural que
é voltada para Deus, mas não se opõe ao poder civil, logo, porque o próprio Deus
nos deu o poder da razão para avaliarmos da melhor forma possível tais interesses.
A lei de Deus se faz respeitar a segunda.

Com relação ao império, Orígenes diz que este facilitou muito a difusão do
evangelho, ele está convencido que a cidade do mundo desbravou os caminhos
para a cidade de Deus e que assim como Abrãao intercedeu por Sodoma, a Igreja
é também capaz de proteger Roma.

§ 3. As doutrinas da igreja vitoriosa


• Uma vez o culto cristão autorizado, pelo edito de Milão em 313, foi necessário
uma revisão da atitude dos cristãos em face do Estado.
• A doutrina do cristianismo muitas vezes se molda as formas do neoplatonismo e
os pontos convergentes entre as duas doutrinas são frequentes.
• Eusébio, bispo da época, não fica alheio e este movimento. 

Eusébio
• Eusébio, com seus escritos apoia Constantino sem reservas.
• E para limpar a mácula do império pela perseguição, afirma que Deus colocou os
cristãos a prova com as perseguições.
• Invocando por vezes ideias estoicas, e na maioria das vezes neopitagoricas e
neoplatônicas, indica que o poder político emana de Deus
• A doutrina neoplatônica da emanação do poder político de Deus, vem dar apoio à
doutrina cristã da Providência para constituir a teologia imperial.
• As vantagens do estoicismo combinadas com as do neoplatonismo reúnem-se
numa nova teoria do poder. 
• As ideias apocalípticas dão lugar a à ideia de progresso racional que se
desenvolve continuamente e de que o império é no presente motor.
• A legislação de Constantino, muito influenciada pelas ideias cristãs , é a melhor
demonstração desta teoria.
• Para Eusébio, a Igreja encontra no poder imperial o instrumento de uma
pedagogia exercida em seu proveito.
Incertezas
• Havia uma relação de benefícios recíprocos entre igreja e império.
• Comunidades terrena e celeste se identificam com intensidade, surge a
necessidade de uma categoria de homens que cuide exclusivamente dos assuntos
do plano espiritual: a reclusão moral fora do mundo, se estabelece uma partilha
entre aqueles que querem viver inteiramente voltados para a vida eterna e aqueles
que acedem a operar no seio do mundo.
• Século IV vai tentar definir a atitude cristã em todos os transes da vida política e
social, assim como a conformação cristã das instituições terrenas.
• Surge questões envolvendo a liberdade de consciência e não demora a restrição
pelo cristianismo em relação a outros cultos.
• No século IV desenvolveu-se entre os pagãos liberais, uma argumentação
sistemática, bastante nova na história das ideias, em favor da tolerância religiosa.

Santo Agostinho
• Igreja ocidental mais sutil, pois lida diretamente com os Bárbaros e possui pouco
apoio do poder político, está em crise, bem como a comunidade cristã.
• Santo Ambrósio, alto funcionário, tornou-se um sacerdote tardiamente, aceitou
corajosamente suas responsabilidades políticas, mas preservou-se um critão. 
• Representava o pensamento da igreja ocidental: o imperador encontra-se na
igreja, mas nunca acima da igreja.
• Em 390, Teodósio ordena o famoso massacre de Tessalonica, Santo Ambrósio o
excumunga até que ele se arrependa completamente. Sendo a primeira vez que a
igreja condena um imperador por atos que não dizem respeito a fé. Isto marca
uma data importante na evolução da consciência política. 
• Santo Agostinho, não é de forma nenhuma um político.
• Após saques em Roma os pagãos atribuem a responsabilidade desse fato aos
cristãos, empenhasse me refutar essa tese, demonstrando que a Roma pagão
possuía fraquezas correlatas as fraquezas da Roma cristã. 
• Escreve a Cidade de Deus, esta obra não expõe uma doutrina, toda ela é
permeada de sentimentos contraditórios. Essa meditação sobre a história universal,
encontra duradouro eco em toda a Idade Média. Serviu para alicerçar uma doutrina
política que, sob a hégede do bispo Hipona, programatizará a absorção do direito
do Estado pelo da Igreja.
• Mas como o neoplatonismo não representa o pensamento real de Platão, esse
agostinianismo político não deve ser confundido coma doutrina de Santo
Agostinho, muito mais rica e sutil.

Você também pode gostar