O IMPERIALISMO ROMANO:
novas perspectivas a partir da Bretanha
ORGANIZADORES:
Renata Senna Garraffoni
Pedro Paulo Funari
Renato Pinto
TRADUÇÃO:
Luciano César Garcia Pinto
Infothes Informação e Tesauro
O IMPERIALISMO ROMANO:
NOVAS PERSPECTIVAS A PARTIR DA BRETANHA
CONSELHO EDITORIAL
Eduardo Peñuela Cañizal
Norval Baitello Junior
Maria Odila Leite da Silva Dias
Celia Maria Marinho de Azevedo
Gustavo Bernardo Krause
Maria de Lourdes Sekeff (in memoriam)
Cecilia de Almeida Salles
Pedro Roberto Jacobi
Lucrécia D’Aléssio Ferrara
© Richard Hingley
Prefácio ..................................................................................................... 07
NORMA MUSCO MENDES
O “Legado” de Roma:
Ascensão, Declínio e Queda da Teoria da Romanização .......................... 27
Introdução
Os estudos sobre o mundo antigo têm passado por um momento de
renovação e esse aspecto não ficou despercebido na academia brasileira.
Talvez essa renovação seja um dos grandes legados de Edward Said: quando
na década de 1970 escreveu seu livro Orientalismo (2001), não poderia
imaginar os desdobramentos de suas críticas e os profundos impactos que
causaria entre os estudiosos do mundo antigo. Ao afirmar que o Orientalismo
foi uma construção européia de base acadêmica, profundamente marcada
por uma política imperialista e que ajudou a construir uma noção de
10 O IMPERIALISMO ROMANO
1.
Cf. http://www.capes.gov.br/bolsas/programas-especiais/escola-de-altos-estudos.
12 O IMPERIALISMO ROMANO
2.
Cf. também http://www.dur.ac.uk/richard.hingley/.
3.
Na avaliação atual da CAPES, o curso da Unicamp obteve a nota máxima 7 e a UFPR
também marca muito boa, 5; cf. http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/
ProjetoRelacaoCursosServlet?acao=pesquisarIes&codigoArea=70500002&descricaoArea
=CI%CANCIAS+HUMANAS+&descricaoAreaConhecimento=HIST%D3RIA&descricao
AreaAvaliacao=HIST%D3RIA.
Richard Hingley 13
4.
Cf: http://www.heladeweb.net/Portugues/indexportugues.htm. Número especial: Anais
do Grupo de Trabalho (GT) de História Antiga - Realizado no XXI Simpósio Nacional da
ANPUH de 23 a 25 de julho de 2001 e Coord. por Gilvan Ventura da Silva (UFES).
Richard Hingley 15
5.
Com relação às moedas, Carlan chama a atenção para essa questão em vários estudos.
Cf, por exemplo: Carlan, 2006a; 2006b; 2007 e 2008.
16 O IMPERIALISMO ROMANO
clássicas, para a leitura dos textos, mas poucos se dedicaram ao diálogo com
a Arqueologia, relegando a cultura material a um segundo plano.
A dificuldade de estabelecer um diálogo entre Arqueologia e História,
embora tenha suas particularidades no território nacional, não é uma
exclusividade dos estudos clássicos no Brasil. Ray Laurence (2005), em um
recente estudo, afirma que na Grã-Bretanha as pesquisas nestes dois campos
correm quase em paralelo e nem sempre os profissionais concordam com o
diálogo, procurando reafirmar a separação entre ambas as disciplinas. Neste
contexto, é possível afirmar que a separação entre as disciplinas é mais uma
postura teórico-metodológica que uma dificuldade de acesso às fontes, pois
implica em discutir a percepção de História e Arqueologia na qual o classicista
é formado e, também, na sua postura diante da possibilidade ou não de
concretizar este diálogo.
A partir destas considerações, acreditamos ser importante buscar meios
de preencher essa lacuna no território brasileiro. Se admitirmos que
Arqueologia proporcione uma grande contribuição para pluralizar nossas
percepções acerca do mundo romano é imprescindível provocarmos uma
reflexão teórico-metodológica para buscar por novos conceitos para
interpretar o passado clássico. Nesse contexto, optamos por reunir, nessa
obra, artigos de Richard Hingley, estudioso britânico de nomeada mundial,
que tem sistematicamente contribuído para um repensar das maneiras como
entendemos a noção de Império romano. Considerando a Arqueologia pelo
prisma das críticas pós-coloniais, as reflexões de Hingley têm indicado
caminhos alternativos para se entender o passado romano e, além disso,
suas pesquisas têm enfatizado que a cultura material, quando contraposta
aos textos, proporciona novas abordagens sobre as relações estabelecidas
entre os nativos e romanos durante o principado. Assim, acreditamos que a
iniciativa de publicar textos de diferentes momentos da carreira do estudioso,
inéditos em português, permitirá ao público brasileiro um maior contato com
sua trajetória intelectual, bem como possibilitará uma reflexão mais
aprofundada acerca das múltiplas maneiras que nos relacionamos com o
passado romano em nosso tempo presente.
Sobre o estudioso
Richard Hingley é professor do Departamento de Arqueologia da
Universidade de Durham, na Inglaterra. Nos últimos anos, tem se dedicado a
Richard Hingley 17
6.
Cf. http://www.unicamp.br/unicamp/divulgacao/2008/07/26/escola-de-altos-estudos-
da-capes-e-unicamp-trazem-professor-britanico.
18 O IMPERIALISMO ROMANO
O legado de Roma
7.
Todos os textos de Richard Hingley aqui apresentados foram traduzidos por Luciano
César Garcia Pinto, doutorando do IEL/Unicamp, e revisados por Renata S. Garraffoni,
Renato Pinto e Pedro Paulo A. Funari.
Richard Hingley 19
O campo romano
mundo romano como Nicola Terrenato, Greg Woolf e Carol van Driel-Murray.
Questões como o conhecimento do latim, urbanização, militarização e
marginalização no Império Romano são tratadas para apresentar um cenário
de grande heterogeneidade no Mundo Romano.
O Muro de Adriano
Agradecimentos
Agradecemos ao Prof. Richard Hingley, por sua disposição de estar
entre nós e por sua imensa simpatia. Também muito devemos a Christina Unwin,
grande co-autora e parceira do Prof. Hingley. Somos gratos, ainda, a todos os
professores que participaram do projeto, em particular: Cláudia Beltrão, Claudio
Carlan, Margarida Maria de Carvalho, Fábio Vergara Cerqueira, André Leonardo
Chevitarese, Gabriele Cornelli, Andrea Dorini, Norma Musco Mendes, Monica
Selvatici, Glaydson José da Silva. Lembramos, ainda, a participação dos
estudantes Andrés Alarcon, Natalia Ferreira Campos, Marina Regis Cavicchioli,
Nathalia Monseff Junqueira, Karla Fredel, Adilton Martins, Gabriella Rodrigues,
Bruno Sanches, Luciano César Garcia Pinto, Roberta Alexandrina da Silva e
Marina Fontolan. Este livro não seria possível sem o apoio institucional da
CAPES, do Núcleo de Estudos Estratégicos (NEE/Unicamp), dos Programas
de Pós-Graduação em História da Unicamp e da UFPR. A responsabilidade
pelas idéias restringe-se aos autores.
Bibliografia citada
Bernal, M. (1987) Black Athena. The afroasiatic roots of Classical
Civilization, Rutgers: New Brusnwick.
Bernal, M. (2005) “A imagem da Grécia antiga como uma ferramenta para o
colonialismo e para a hegemonia européia”, in: Repensando o mundo antigo
– Martin Bernal, Luciano Canfora e Laurent Olivier (Funari, P.P.A. – org),
Textos Didáticos no 49, IFCH/UNICAMP.
24 O IMPERIALISMO ROMANO
Rago, M.; Funari, P.P. (2008) Antigos e modernos: cidadania e poder médico
em questão, Subjetividades antigas e modernas. São Paulo, Annablume/
CNPq, PP. 15-28.
Said, E.W. (2001) Orientalismo – Oriente como invenção do Ocidente, Com-
panhia das Letras, S.P.
Silva, G. J. da (2007) História Antiga e usos do passodo: um estudo de apropria-
ções da Antiguidade sob o Regime de Vichy (1940-1944), São Paulo: Annablume.
Silva, G.J.; Martins, A. (2008), Genealogia e História Antiga, Subjetividades
antigas e modernas. São Paulo, Annablume/CNPq, PP. 47-58.
Silva, R.A. (2008) “Afaste-se, Maria, de nós, pois as mulheres não merecem
a vida”: heterodoxia e ortodoxia nos inícios do Cristianismo, Subjetividades
antigas e modernas. São Paulo, Annablume/CNPq, PP. 123-135.
Ucko, P. (1995) “Archaeological interpretation in a world context” in: Theory
in Archaeology – a world perspective, Routledge, Londres, pp. 1-27.
O “LEGADO” DE ROMA: ASCENSÃO, DECLÍNIO
E QUEDA DA TEORIA DA ROMANIZAÇÃO8
Introdução
Neste artigo, discutir-se-ão três tópicos relacionados entre si. Em
primeiro lugar, explorarei como alguns estudiosos, administradores e políticos
britânicos usaram ativamente o Império Romano para ajudar a identificar e a
definir suas próprias aspirações e, ao fazê-lo, traçaram um paralelo entre Grã-
Bretanha e Roma. Na discussão desse tópico, farei uma breve consideração
do trabalho de Francis Haverfield, um pioneiro dos estudos arqueológicos
romano-britânicos. Em segundo lugar, mostrarei como alguns estudiosos
contemporâneos conservam um conceito positivo acerca da experiência
romana, e identificarei algumas das maneiras pelas quais isso afeta a
Arqueologia dos dias de hoje sobre Roma. Em terceiro lugar, considerarei
algumas idéias que são correntemente promovidas pelos estudos pós-
8.
Nota da tradução - originalmente publicado como: R. Hingley 1996 ‘The “Legacy” of
Rome: the rise, decline and fall of the theory of Romanization’, in J. Webster and N.
Cooper (eds.) Roman Imperialism: Post-Colonial Perspectives. Leicester Archaeological
Monographs No. 3. Leicester: 35-48.
28 O IMPERIALISMO ROMANO
9.
Francis Haverfield era, de fato, muito mais cosmopolita que alguns dos seus contemporâneos
(provavelmente como um resultado das doses de relação com os estudiosos continentais,
30 O IMPERIALISMO ROMANO
incluindo Mommsen - ver Freeman, 1996). Ele atribuía um valor diferente à civilização
européia como um todo, tendo-a por descendente direta da civilização romana. O ponto
de vista de Haverfield se expressa em várias obras. Por exemplo: “O homem que estuda
o sistema de fronteiras de Roma estuda não só uma grande obra, mas aquela que nos deu
toda a Europa ocidental moderna” (Haverfield, 1911: xix). E: “Assim como a importância
da cidade de Roma decaía na medida em que o mundo se tornava sem-Roma, uma grande
parte do mundo tornava-se romano” (Haverfield, 1905: 186).
10.
Trabalhos relevantes que traçam um paralelo entre os Impérios Britânico e Romano
incluem: Churchill, 1899; Mills, 1905; Baden-Powell, 1908; Cromer, 1910; Haverfield,
1911; Lucas, 1912; Stobart, 1912; e Bryce, 1914. Inúmeros autores modernos têm
fornecido uma variedade de pontos de vista diferentes sobre esses escritores do fim do
período vitoriano e os do período eduardiano; ver, por exemplo, Brunt, 1964-5; Hynes,
1968: 15-53; Betts, 1971; Wells, 1972: ix-x; Hingley, 1991; Jenkyns, 1992; Laurence,
1994; Majeed, por aparecer; Freeman, 1996. Estudiosos contemporâneos têm feito
observações parecidas sobre o valor dos estudos da Bretanha romana para a compreensão
do período moderno. Por exemplo, G. Webster, num estudo da revolta de Boudica,
sugeriu que: “Se pudéssemos compreender de maneira mais completa os fatores por trás
da revolta, e, em especial, a atitude do governo romano, estaríamos numa posição muito
melhor para avaliar a política atual... arqueólogos e historiadores podem oferecer suas
contribuições para o entendimento dos nossos problemas do presente, ao mostrar como
seqüências históricas em ritos e lugares diferentes concorrem em tão próximo paralelo”
(Webster, 1978: 132).
Richard Hingley 31
11.
É evidente que se usaram os paralelos gregos e romanos num conjunto de formas muito
diferentes durante os séculos XIX e XX, e eles podem ser vistos, em certa medida, como
imagens rivais (Turner, 1989; Freeman, 1996). Esse tema, no entanto, não será discutido aqui.
32 O IMPERIALISMO ROMANO
12.
Um mito celta de origem foi, sem dúvida, usado como alternativa por outras facções
na Grã-Bretanha durante o período em discussão.
Richard Hingley 33
Des-centrando
13.
Como Fabian argumentou em relação ao estudo da antropologia social, a disciplina
acadêmica conecta-se ideologicamente à economia política do imperialismo ocidental.
Não se pode simplesmente negar essa conexão, arrependendo-se dos modos dos nossos
predecessores: somos obrigados a repensar a própria natureza de nossa disciplina (Fabian
1983: 96).
38 O IMPERIALISMO ROMANO
elite e quase que ignorou as moradias dos aparentemente menos ricos. Isso
torna difícil o estudo dos grupos não pertencentes à elite (1991). É possível
que ações sutis de resistência à administração romana e à elite tribal se
valessem de conceitos da identidade passada. Como podemos desafiar o
modelo progressivo de romanização delineado por Haverfield, Millett entre
outros, se não escavamos as moradias dos pobres e dos não-poderosos e se
ignoramos as estruturas e os achados do período romano que se mostram
“arcaicos” (Hingley no prelo)?
Aqui encontramos outro problema, uma vez que nossas próprias
definições de riqueza e de pobreza baseiam-se na abordagem determinista,
progressiva de romanização, a qual, por sua vez, baseia-se em pressupostos
sobre nossa própria sociedade. Conforme tentei mostrar em Assentamento
rural na Bretanha romana (Hingley 1989), nem todas as famílias ricas
escolhiam as uillae com intuito de simbolizar o controle sobre a riqueza
excedente. Pode ter havido outras maneiras menos manifestas ou
arqueologicamente menos óbvias pelas quais se manifestava o poder tais
como o controle das festas ou do ritual. Algumas dessas opiniões não foram
examinadas, provavelmente, por causa dos modos conscientes e
inconscientes pelos quais a existente estrutura de poder acadêmica policia a
pesquisa, dirigindo as idéias das pessoas em determinadas direções.
Precisamos, também, pensar sobre outros conceitos que nos são
familiares. Embora a memória popular local possa ser duradoura, os conceitos
do que era romano e do que era nativo devem ter variado em toda a sociedade
no momento da conquista – os conceitos de identidade popular não devem
ter sido homogêneos ou padronizados. Ademais, tais idéias devem ter mudado
dramaticamente em grande parte da província entre os anos 43 e 410 d.C. Não
é necessário assumir que a resistência às tentativas da elite em ampliar seu
controle sempre envolveu o uso de símbolos materiais nativos (i.e. pré-
romanos; Hingley, no prelo). De fato, os conceitos de “romano” e de “nativo”
exigem uma vasta apreciação crítica (Jones 1994; Hingley, no prelo).
A maioria dos indivíduos dentro de uma sociedade é capaz de dominar
outros, e todos os indivíduos são, eles próprios, dominados. Por isso, a elite
nativa tribal provavelmente não deve, apenas, ter adotado novos conceitos
a fim de simbolizar suas relações com aqueles que dominaram ou desejaram
dominar; eles podem, além disso, ter reagido em oposição a outros pelos
quais eles eram dominados. De mesmo modo, até os pobres podem pretender
demonstrar seu poder sobre os outros ao adotar novas idéias e materiais.
Richard Hingley 41
Conclusão
Com base no que se disse acima, é possível propor os pontos que seguem.
Esperamos por modelos menos deterministas para explicar a mudança
na cultura material e na sociedade romano-britânicas. É evidente que os
indivíduos tinham a sua disposição escolhas variadas na resposta à situação
imperial. A conquista ofereceu novas oportunidades para alguns membros
da elite no tocante à dominação e ao controle social, mas deve ter representado
uma ameaça à liberdade e à segurança de alguns produtores agrícolas. Por
outro lado, alguns membros da elite podem, por vezes, ter se sentido
ameaçados pelas mudanças sociais e o exército romano, sem dúvida, ter
proporcionado, para alguns homens nativos, uma válvula de escape ao
penoso trabalho na agricultura.
Não podemos, em particular, esperar que toda a população nativa reagiu
da mesma maneira à conquista romana da Bretanha. Os processos de mudança
devem ter incluído interações complexas e contínuas provenientes de varias
influências. Precisamos considerar mudanças e continuidades em conjunto
com o pano de fundo das diferenças de poder, riqueza, geração, gênero,
identidade e regionais.
Precisamos livrar-nos do pressuposto de que a cultura material
“romana” era tecnologicamente superior àquela anterior à conquista. Novos
conceitos e objetos podem ter sido, em certas situações, mais convenientes,
mais poderosos ou mais acessíveis, mas os indivíduos, no interior da
sociedade, devem ter tido certa habilidade para resistir a certas representações
42 O IMPERIALISMO ROMANO
Agradecimentos
Sou muito grato ao Dr. J Majeed e a Phil Freeman por enviar-me cópias
de artigos seus a publicar, e agradeço a Sîan Jones por fornecer-me uma
cópia de sua tese de doutorado antes da publicação. Também sou muito
grato a Christina Unwin pelo trabalho editorial deste capítulo e pelas
discussões de várias idéias. David Breeze ajudou-me a formular algumas de
minhas interpretações sobre os imperialismos romano e britânico. Steve
Dickinson chamou minha atenção para os comentários de Haverfield sobre o
forte romano de Ambleside, e Phil Freeman alertou-me para uma série de
referências adicionais citadas neste capítulo. Lesley Macinnes e John Barrett
fizeram comentários do primeiro esboço deste texto. Sîan Jones também deu
sugestões sobre o texto e incrementou os argumentos em muitas passagens.
Bibliografia Citada
Ashcroft, B., Griffiths, G. and Tiffin, H. 1989 The Empire Writes Back: theory
and practice in post-colonial literatures. Londres.
Richard Hingley 43
Mills, E.E. 1905 [Anon] The Decline and Fall of the British Empire. Oxford.
Paynter, R. and McGuire, R. 1991 ‘The Archaeology of inequality: material
culture, dominance and resistance’, in McGuire, R. and Paynter, R. (eds.) The
Archaeology of Identity: 1-27. Oxford.
Piggott, S. 1975 Ruins in a Landscape: essays in Antiquarianism. Edinburgo.
Potter, T. 1986 ‘A Roman Province: Britain AD 43-410’, in Longworth, I. and
Cherry, J. (orgs.) Archaeology of Britain since 1945: 73-118. Londres.
Reynolds, D. 1991 Britannia overruled: British policy and world power in
the 20th century. Harlow.
Rubertone, P.B. 1989 ‘Archaeology, colonialism and 17th-century Native
America: towards an alternative interpretation’, in Layton, R. (org.) Conflict
in the Archaeology of living traditions: 32-45. Londres.
Ruffhead, O. 1757 Monthly Review, 17: 339-40.
Said, E.W. 1978 Orientalism. Londres.
Said, E.W. 1993 Culture and Imperialism. Londres.
Slemon, S. 1994 ‘The scramble for post-colonialism’ in Tiffin, C. and Lawson,
A. (eds.) Describing Empire: post-colonialism and textuality: 15-32. Londres
Spivak, G.C., 1993 [1988] ‘Can the Subaltern Speak?” in Williams, P. and
Chrisman, L. (eds.), Post-colonial Theory: A reader: 66-111. Londres.
Spurr, D. 1993 The Rhetoric of Empire: colonial discourse in journalism,
travel writing and imperial administration. Londres.
Stobart, J.C. 1912 The Grandeur that was Rome: a survey of Roman Culture
and Civilization. Londres.
Thomas, N. 1994 Colonialism’s Culture: anthropology, travel and
government. Oxford.
Turner, F. 1981 The Greek Heritage in Victorian Britain. Nova Haven.
Turner; F. 1989 ‘Why the Greeks and not the Roman in Victorian Britain’, in
Clarke, G.W. (org.) Rediscovering Hellenism: The Hellenistic Inheritance
and the English Imagination: 61-83. Cambridge.
Webster, G. 1978 Boudica and the British revolt against Rome. Londres.
Wilson, P. 1989 ‘“High Pindaricks upon stilt:” a case-study in the eighteenth
century classical tradition’ in Clarke, G.W. (org.) Rediscovering Hellenism:
The Hellenistic Inheritance and the English Imagination: 23-41. Cambridge
Richard Hingley 47
Introdução
A intenção deste capítulo é considerar certos conceitos e temas
relevantes ao estudo do assentamento rural Romano-britânico. Nenhuma
tentativa será feita para recensear a abundância de evidências de
assentamento relativas à província; ao contrário, a intenção é considerar um
conjunto de modelos que examinam a natureza das evidências (ver Hingley
1989 para uma revisão mais completa).
O ideal do autor seria escrever uma história social do assentamento
rural (Ste. Croix 1981:218). Essa história envolveria uma discussão de aspectos
amplos da organização social, da posse da terra e do conjunto da organização
econômica dentro do contexto da influência da administração romana no
desenvolvimento da província. Em virtude da natureza da evidência histórico-
arqueológica, é impossível, por ora, escrever uma história social da Bretanha
romana que seja abrangente (Todd 1978:197).
14.
Nota da tradução - Publicado originalmente em: R.F.J. Jones (ed.) 1991 Roman
Britain: Recent Trends. J. R. Collis Publications, Sheffield: 75-80.
50 O IMPERIALISMO ROMANO
Terminologia
Há uma grande riqueza de evidências relativas ao assentamento rural
romano indicando que a planície britânica foi coberta por distribuição de
assentamentos de vários tipos. Taylor citou a densidade de 1 (um)
assentamento para cada 0,4 ou 0,5 quilômetros quadrados no leste de
Northamptonshire e em áreas de Bedfordshire; densidades comparadas têm
sido registradas em outros lugares (Taylor 1985: 83; C. Smith 1977; Hallam
1970; Williamson 1985).
Sítios de assentamento romano-britânico variam em tamanho, forma,
abundância, função e localização. Os sítios maiores, localizados no campo,
são “pequenas cidades”, muitas dos quais têm mais características urbanas
que rurais. Na outra ponta da escala estão pequenas quintas, provavelmente
as moradias de famílias tão-somente nucleares ou extensas. Entre as pequenas
cidades e as quintas há um conjunto de sítios de tamanho variado, às vezes,
chamados de “vilarejos” e de “vicos” (e.g. Hallam 1970).
Considera-se que a riqueza é importante na distinção dos tipos de
assentamento. As casas em estilo uilla eram construções vigorosas, erguidas
com uso da riqueza excedente, e diferenciáveis de outros assentamentos
destinados à agricultura e sem as feições de uma uilla. A função é algo
também de importância: a maioria dos assentamentos rurais eram, sobretudo,
agrícolas (Applebaum 1972), mas pequenas cidades tinham comércio e, por
vezes, em alguns casos, uma função industrial importante.
Pequenas cidades
Vilarejos suficientemente grandes acham-se no sul da Bretanha e
pequenas cidades são também muito comuns (ver Todd 1970; Rodwell e
Rowley (eds.) 1975; e R. Smith 1987 para as pequenas cidades). Não está de
modo algum claro o lugar no qual se dá a demarcação entre os vilarejos e as
pequenas cidades. O tamanho mostra-se de alguma importância; sítios
classificados como pequenas cidades têm, em geral, pelo menos, dez hectares
de tamanho e podem chegar a cinqüenta ou mais hectares (introdução a
Rodwell e Rowley (eds.) 1975). Alguns vilarejos, no entanto, mostram-se tão
grandes quanto as pequenas cidades de menor extensão. Supostamente, a
Richard Hingley 53
A organização do assentamento
Forma da edificação
A forma do assentamento
O tamanho do assentamento
A organização da paisagem
Como o conjunto dos sítios relaciona-se na paisagem? Nesta secção,
uma série de estudos de sistemas de assentamentos será recenseada. Esses
modelos são tentativas, uma vez que é impossível escavar sistemas completos
de assentamento, e as evidências para se formularem afirmações sobre
protótipos de assentamento regional nunca são adequadas.
Richard Hingley 59
Perspectiva
Ao longo deste capítulo, direcionou-se a atenção a aspectos da
organização social, ao se estudar a organização espacial dos assentamentos
rurais. Discutiram-se os conhecimentos relacionados à organização dos
grupos familiares tanto no nível das edificações, quanto dos complexos de
quintas e de uillae. Ademais, foi levada em consideração a organização dos
grupos familiares dentro de assentamentos particulares. Por fim, tentou-se
considerar a distribuição de grupos sociais através da paisagem.
O conhecimento a respeito de todos esses aspectos é limitado. Isso se
deve, em parte, ao fato de que os romanistas tendem a dar rótulos aos
assentamentos rurais e consideram que nenhuma outra análise é necessária.
A investigação está direcionada para estabelecer se um assentamento é uma
uilla, um “assentamento nativo” ou uma pequena cidade, mas pouco se
tenta compreender os sítios em seus contextos. Por conseguinte, vêm sendo
feitos poucos estudos de assentamentos completos e mesmo poucos de
paisagens completas. Os sistemas complexos de organização social que
outrora existiram não podem ser reconstruídos a partir de fragmentos de
evidências, resultantes de uma pesquisa retalhada, e é, em parte, por isso
que uma história social das províncias não é possível. Prospecções regionais
destinadas a recuperar paisagens completas de assentamentos (e.g. o
levantamentos de Fenland feito por Hallam), combinadas com a escavação
extensiva de sítios selecionados, farão melhorar a base de dados. Além disso,
Richard Hingley 63
Bibliografia citada
Applebaum S. 1972 Roman Britain. In H.P.R. Finberg (org.), The Agrarian
History of England and Wales, Volume 1:2 (AD 43-1042). Cambridge: 3-277.
Bloemers J.H.F. 1983 Acculturation in the Rhine/Meuse Basin in the Roman
period: a preliminary survey. In R. Brandt and J. Slofstra (eds.), Roman and
Native in the Low Countries. BAR S184. Oxford: 159-210.
Booth P.M. 1980 Roman Alcester. Warwick Museum.
Branigan K. 1977 Gatcombe Roman Villa. BAR 44. Oxford.
Clarke D. 1972 A provisional model for an Iron Age society and its settlement
system. In D. Clarke (org.), Models in Archaeology. Oxford: 801-869.
Clarke G. 1982 The Roman Villa at Woodchester. Britannia 13: 197-228.
Collingwood R.G. 1930 The Archaeology of Roman Britain. Londres.
Collingwood R.O. and Myres J.N.L. 1937 Roman Briton and the English
Settlement. Londres.
Crawford D.J. 1976 Imperial Estates. In M.I. Finley (org.), Studies in Roman
Property. Londres: 35-70.
Cunliffe B.W. 1971 Excavations at Fishbourne. 1961-69. Londres.
Drinkwater J.F. 1983 Roman Gaul. Londres.
Duncan-Jones R. 1974 The Economy of the Roman Empire. Cambridge.
Frere S.S.1967 Britannia. Londres.
Hallam S.J. 1970 Settlement round the Wash. In C.W. Phillips (org.), The
Fenland in Roman Tines. Londres: 22-113.
Hingley R. 1988 The Influence of Rome on Indigenous Social Groups in the
Upper Thames Valley. In R.F.J. Jones et al. (eds.), First Millennium Papers.
BAR S401; Oxford.
Hingley R. 1989 Rural Settlement in Roman Britain. Londres.
64 O IMPERIALISMO ROMANO
15.
Nota da tradução - Não publicado, artigo no prelo (2008)
16.
Gopal Balakrishnan, “Introduction,” in Debating Empire, ed. Gopal Balakrishnan (Londres:
Verso, 2003), x.
17
Richard Hingley, Globalizing Roman Culture: Unity, Diversity and Empire (Londres:
Routledge, 2005). Para algumas idéias anteriores, ver Richard Hingley, “Recreating
Coherence without Reinventing Romanization,” Digressus: The Internet Journal for the
Classical World 3 (2003): 112-9.
18.
Tal perspectiva influenciou os estudos clássicos em geral, aí incluídas as pesquisas
sobre Grécia, Roma e outras sociedade mediterrâneas. Publicações recentes incluem, por
exemplo, Emma Dench, Romulus’ Asylum: Roman Identities from the Age of Alexander
to the Age of Hadrian (Oxford: Oxford University Press, 2005); Carol Dougherty and
Leslie Kurke (eds), The Cultures within Greek Culture: Contact, Conflict, Collaboration
(Cambridge: Cambridge University Press, 2003); Mark Golden and Peter Toohey (orgs.),
68 O IMPERIALISMO ROMANO
Inventing Ancient Culture: Historicism, Periodization, and the Ancient World (Londres:
Routledge, 1997); Janett Huskinson (org.), Experiencing Rome: Culture, Identity and
Power in the Roman Empire (Londres: Routledge, 2000).
19.
Dench (2005 op.cit. n.3), 233.
20.
Ver Dench (2005 op.cit. n.3), 231, que faz referência a trabalhos sobre classe, raça,
“desenvolvimentos” militar e tecnológico, a que podemos acrescentar os vários trabalhos
a respeito do “tornar-se romano”, que são discutido abaixo.
21.
Dench (2005 op.cit. n.3), 11. Alguns estudos empregaram a idéia de “multiculturalismo”
para explorar esses tópicos. Não empregarei esse termo neste estudo, nem meu estudo
deveria ser julgado, de forma simplista, como um ataque ao multiculturalismo (ver p x).
Richard Hingley 69
22.
Apesar disso, valeria a pena ressaltar que o uso do conceito de “romanização”
continua muito comum.
23.
Hingley (2005 op.cit. n.2) apresenta uma discussão mais detalhada.
24.
Alguns exemplos de um grupo extenso de estudos relevantes: Monique Dondin-Payre,
“L’exercitus Africae inspiratrice de l’armée française d’Afrique: Ense et aratro,” Antiquités
Africaines 27 (1991): 141-9; Jean-Louis Ferrary, “L’Empire Romain, l’oikoumène et
l’Europe,” in L’idée de l’Europe au fil de deux millénaires, ed. M. Perrin (Le Centre
d’Histoire des Idées Université de Picardie Jules-Verne, Paris: Beauchesne, 1994), 39-54;
Richard Hingley, Roman Officers and English Gentlemen (Londres: Routledge, 2000);
David J. Mattingly, “From One Colonialism to Another: Imperialism and the Maghreb,” in
Roman Imperialism: Post-colonial Perspectives, eds Jane Webster and Nicholas J. Cooper
(Leicester Archaeological Monographs No. 3, Leicester: School of Archaeological Studies,
University of Leicester, 1996), 49-70; Salvatore Settis, The Future of the Classical (Londres:
Polity Press, 2006); Fernando Wulff Alonso, Romanos e Itálicos en la Baja República.
Estudios sobre sus relaciones entre la II Guerra Púnica y la Guerra Social (201-91 a.C.)
(Brussels: Latomus, 1991); Fernando Wulff Alonso, Las esencias patrias: historiografía e
historia antigua en la construcción de la identidad española (siglos XVI-XX) (Barcelona:
Crítica, 2003) and papers in Catherine Edwards (ed.), Roman Presences: Receptions of
Rome in European Culture, 1789-1945 (Cambridge: Cambridge University Press, 1999);
Richard Hingley (org.), Images of Rome: Perceptions of Ancient Rome in Europe and the
Unites States of America in the Modern Age (Journal of Roman Archaeology, Supplementary
Series No. 44, 2001); Maria Wyke and Michael Biddiss (eds), The Uses and Abuses of
Antiquity (Bern: Peter Lang, 1999).
25.
David. S. Potter, Literary Texts and the Roman Historian (Londres: Routledge, 1999), 152.
26.
Thomas N. Habinek, The Politics of Latin Literature: Writing, Identity and Empire in
Ancient Rome (Princeton: Princeton University Press, 1998).
70 O IMPERIALISMO ROMANO
27.
Hingley (2001 op.cit. n.9), (2005 op.cit. n.2); Duncan F. Kennedy, “‘Augustan’ and
‘Anti-Augustan’: Reflections on Terms of Reference,” in Roman Poetry & Propaganda
in the Age of Augustus, ed. Anton Powell (Bristol: Bristol Classical Press, 1992), 26-58;
Greg Woolf, Becoming Roman: The Origins of Provincial Civilization in Gaul (Cambridge:
Cambridge University Press, 1998); Greg Woolf, “Inventing Empire in Ancient Rome,”
in Empires: Perspectives from Archaeology and History, eds Susan Alcock, Terrence N.
D’Altroy, Kathleen D. Morrison and Carla M. Sinopli (Cambridge: Cambridge University
Press, 2001b), 311-22.
28.
Woolf (1998 op.cit. n.12), 54-60.
29.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 62-7.
30.
Philip Freeman, “”Romanisation” and Roman Material Culture,” Journal of Roman
Archaeology 6 (1993): 438-45; Philip Freeman “British Imperialism and the Roman
Empire,” in Roman Imperialism: Post-colonial Perspectives, eds Jane Webster and
Nicholas J. Cooper (Leicester Archaeological Monographs No. 3, Leicester: School of
Archaeological Studies, University of Leicester, 1996), 19-34; Hingley (2001 op.cit.
n.9), (2005 op.cit. n.2); Herfried Münkler, Empires: The Logic of World Domination
from Ancient Rome to the United States (Cambridge: Polity, 2007).
Richard Hingley 71
31.
Ferrary (1994 op.cit. n.9); Hingley (2001 op.cit. n.9).
32.
Ver os importantes trabalhos de Wulff Alonso (1991 op.cit. n.9); Nicola Terrenato
“Tam Firmum Municipium. The Romanization of Volaterrae and its Cultural
Implications,” Journal of Roman Studies 88 (1998b): 94-114; Nicola Terranato,
“Introduction,” in Italy and the West: Comparative Issues in Romanization, eds Simon
Keay and Nicola Terrenato (Oxford: Oxbow, 2001), 1-6 acerca da contribuição de
Mommsen, e Freeman (1993 op.cit. n.15), 1996) e Hingley (2005 op.cit. n.2), 31-7
acerca de Haverfield.
33.
Mike Featherstone, Undoing Culture: Globalization, Postmodernism and Identity
(Londres: Sage, 1995), 10; John Tomlinson, Globalisation and Culture (Oxford: Polity,
1999), 32-47. Para uma abordagem constrastante das modernidades contemporâneas,
ver Bruce M. Knauft (ed.), Critically Modern: Alternatives, Alterities, Anthropologies
(Bloomington: Indiana University Press, 2002).
72 O IMPERIALISMO ROMANO
34.
Anthony Giddens, The Constitution of Society: Outline of a Theory of Structuration
(Cambridge: Polity, 1984), 239; Tomlinson (1999 op.cit. n.18), 36.
35.
Paolo Desideri, “La Romanizzazione dell’Impero,” Storia di Roma 2, 2 (1991):
577-626; Hingley (2000 op.cit. n.9)
36.
Para a posição relativamente imutável do texto clássico em épocas anteriores, ver
Joseph Farrell, Latin Language and Latin Culture: From Ancient to Modern Times
(Cambridge, Cambridge University Press, 2001); Kennedy (1992 op.cit. n.12), 37 and
Wyke and Biddiss (1999 op.cit. n.9).
37.
Greg Woolf, “Beyond Roman and Natives,” World Archaeology 28 (1997): 339;
Woolf (1998 op.cit. n.12), 54-67; Hingley (2005 op.cit. n.2), 15.
38.
Woolf (1997 op.cit. n.22), 339.
39.
Ibid.
40.
Derek Gregory, The Colonial Present (Oxford, Blackwell, 2004), 47-8; Hingley (2005
op.cit. n.2), 15; Münkler (2007 op.cit. n.15). Diferenças de opiniões existem acerca de se
vivemos agora num mundo pós-imperial ou pós-colonial, diferenças que projetam idéias
comparáveis sobre a continuidade da modernidade. Muitos, tais como Michael Hardt e
Antonio Negri, Empire (Londres: Harvard University Press, 2000), argumentam que o
sistema mundial atual não é mais do tipo imperial, ao passo que outros afirmam que o
imperialismo mantém-se presente e vem sendo revivido de novas e poderosas maneiras
nos últimos anos. Ver, por exemplo, Timothy Brennan, “The Italian Ideology,” in Debating
Empire, ed. Gopal Balakrishnan (Londres: Verso, 2003), 93; Chalmers A. Johnson, The
Sorrows of Empire: Militarism, Secrecy, and the End of the Republic (Londres: Verso,
Richard Hingley 73
44.
Exemplos de tais estudos incluem os trabalhos de Marcel Bénabou, La résistance
africaine à la romanisation (Paris: François Maspero, 1976) e de Richard Reece, “Town
and Country: The End of Roman Britain,” World Archaeology 12 (1980): 77-91.
45.
Leonard A. Curchin, The Romanization of Central Spain: Complexity, Diversity and
Change in a Provincial Hinterland (Londres: Routledge, 2004), 9-10; Dench (2005 op.cit.
n.3), 84-5; van Dommelen, 1993 op. Cit. n.27); Hingley (2005 op.cit. n.2), 40-1.
46.
van Dommelen (1997 op.cit. n.27).
47.
Sobre o interesse, que cresce na mesma proporção, no que tange ao uso da literatura
clássica para os estudos de gênero, sexualidade, “raça” e “desabilidade”, ver Dench (2005
op.cit. n.3), 225-6.
48.
Martin Millett, The Romanization of Britain: an Essay in Archaeological Interpretation
(Cambridge: Cambridge University Press, 1990); Nicola Terrenato, “The Romanization
of Italy: Global Acculturation or Cultural bricolage?” in TRAC 97: Proceedings of the
Seventh Annual Theoretical Roman Archaeology Conference, Nottingham 1997, eds
Colin Forcey, John Hawthorn and Robert Witcher (Oxford: Oxbow, 1998a), 20-7; Woolf
(1998 op.cit. n.12); papers in Simon Keay and Nicola Terranato (orgs.), Italy and the
West: Comparative Issues in Romanization (Oxford: Oxbow, 2001).
49.
Dench (2005 op.cit. n.3), 11; William S. Hanson, “Dealing with Barbarians: The
Romanization of Britain,” in Building on the Past: Papers Celebrating 150 Years of the
Royal Archaeological Institute, ed. Blaise Vyner (Londres: Royal Archaeological Institute,
1994), 149-63.
Richard Hingley 75
vez disso, o que elas valorizam difere das narrativas anteriores, ao darem
uma importância diferente para a tradição e para a localidade, em contraste
ao foco imperial de muitos trabalhos anteriores50.
Reconstrói-se o império romano como concentrado em numerosas elites,
no interior do núcleo imperial do Mediterrâneo, que negociava suas próprias
identidades para criar um sistema imperial que trabalhava para o benefício de
todos, ou, ao menos, para uma parcela significante (a mais significante?). A
cultura “romana” não é mais vista como uma entidade monolítica e claramente
delimitada, mas como derivada de uma variedade de fontes ao longo do
Mediterrâneo. Durante os séculos finais do primeiro milênio a.C., grupos
dominantes através da Itália desenvolveram uma progressiva unidade por
meio de um processo que Nicola Terrenato chamou de “negociação da elite” 51.
Uma nova cultura emergiu como resultado dos benefícios dados a esses
grupos, a partir dos contatos mais próximos com o crescente poder de Roma52.
Nicola Terrenato argumentou que, como parte desse processo, comunidades
dentro do império em expansão tornaram-se aliadas de Roma e foram
incorporadas, precisamente porque se lhes oferecia, elas barganhavam ou
lutavam por, o privilégio de reterem o núcleo de sua organização tradicional
dentro de um esqueleto imperial que se propunha a garantir ordem e
estabilidade53. A narrativa de Greg Woolf do “tornar-se romano” na Gália
explorou esse modo de lidar que destaca as elites no interior dessas províncias54.
Vêm-se os conceitos de romano e de nativo caírem completamente por terra
num império global que recria a si mesmo por meio dos compromissos locais55.
As formas mais avançadas de tais teorias integram forças imperais e interesses
locais, ao explicarem os modos por que as tentativas dos povos de fora de
Roma e da Itália de “se tornarem romanos” realimentavam a questão relacionada
50.
Para o contexto contemporâneo, ver Knauft (2002 op.cit. n.18), 25.
51.
Terrenato (1998a op.cit. n.33), (2001 op.cit. n.17)
52.
Terrenato (2001 op.cit. n.17), 3; ver também: Andrew Wallace-Hadrill “The Roman
Revolution and Material Culture,” in La Révolution Romaine après Ronald Syme:
Bilans et perspectives (Entretiens sur l’antiquité classique, Genève: Vandœuvres, 2000),
311 and Dench (2005 op.cit. n.3).
53.
Terrenato (2001 op.cit. n.17), 5.
54.
Woolf (1997 op.cit. n.22), (1998 op.cit. n.12); Greg Woolf, “The Roman Cultural
Revolution in Gaul,” in Italy and the West: Comparative Issues in Romanization, eds
Simon Keay and Nicola Terrenato (Oxford: Oxbow, 2001a), 173-86.
55.
Woolf (1997 op.cit. n.22).
76 O IMPERIALISMO ROMANO
a conceito cada vez mais desenvolvido do que era ser romano ao longo de
grande parte do império56.
Essa abordagem pode estar sujeita a crítica por sua ênfase à construção
de consensos57. Também se pode criticá-la por seu foco na elite, ressaltando
um viés inerente a abordagens prévias da romanização58. Carol van Driel-
Murray argumentou que a aplicação dessas abordagens recentes aos batavos
do Vale do Baixo Reno constrói elites “indefinidas, indiferenciadas e aparentemente
só masculinas” 59, uma crítica que também se pode aplicar, no geral, aos
importantes estudos produzidos por Terrenato, Woolf e, ultimamente, por
Dench60. Em resposta a tais críticas de elitismo, os estudos do início do
56.
Por exemplo, Terrenato (1998a op.cit. n.33), (2001 op.cit. n.17); Woolf (1997
op.cit. n.22), (1998 op.cit. n.12). Woolf (2001a op.cit. n.39), 183, em sua discussão da
“revolução cultural romana na Gália”, dá exemplos de banhos, terra sigillata, arquitetura
e viticultura.
57.
C. Berrendoner, “La romanisation de Volterra: ‘a case of mostly negotiated
incorporation, that leaves the basic social and cultural structure intact’ (N. Terrenato, in
Italy and the West, Oxford 2001),” Digressus: The Internet Journal for the Classical
World 3 (2003): 46-59; Simon James, “Romanization and the Peoples of Britain,” in
Italy and the West: Comparative Issues in Romanization, eds Simon Keay and Nicola
Terrenato (Oxford: Oxbow, 2001), 198; Henrik Mouritsen, Italian Unification: a Study
in Ancient & Modern Historiography (Londres: Institute of Classical Studies, 1998), 42.
58.
Susan Alcock, “Vulgar Romanization and the Dominance of the Elites,” in Italy and
the West: Comparative Issues in Romanization, eds Simon Keay and Nicola Terrenato
(Oxford: Oxbow, 2001), 227-30.
59.
Carol van Driel-Murray “Ethnic Soldiers: The Experience of the Lower Rhine
Tribes,” in Kontinuität und Diskontinuität: Germania inferior am Beginn und am Ende
der römischen Herrschaft. Beiträge des deutsch-niederländischen Kolloquiums in der
Katholieke Universiteit Nijmegen (27. bis 30.06.2001), eds Thomas Grünewald and
Sandra Seibel (Berlin: Walter de Gruyter, 2002), 200. Lisa Rofel, “Modernity’s Masculine
Fantasies,” in Critically Modern: Alternatives, Alterities, Anthropologies, ed. Bruce M.
Knauft (Bloomington: Indiana University Press, 2002), 175-93, rotula o livro Império
de Hardt e Negri de um exemplo de “fantasias masculinas da modernidade”; muitas
narrativas do império Romano mostram-se abertas a críticas similares. Críticas de gênero
são relativamente raras na arqueologia romana. Para exemplos, ver Eleanor Scott,
“Tales from a Romanist: a Personal View of Archaeology and ‘Equal Opportunities’,” in
TRAC 97: Proceedings of the Seventh Annual Theoretical Roman Archaeology
Conference, Nottingham 1997, eds Colin Forcey, John Hawthorn and Robert Witcher
(Oxford: Oxbow, 1998), 138-47, and van Driel-Murray 2002).
60.
Richard Hingley, “The ‘Legacy’ of Rome: the Rise, Decline and Fall of the Theory
of Romanization,” in Roman Imperialism: Post-colonial Perspectives, eds Jane Webster
and Nicholas J. Cooper (Leicester Archaeological Monographs No. 3, Leicester: School
of Archaeological Studies, University of Leicester, 1996), 35-48; James (2001 op.cit.
n.42) e, ultimamente, por Dench. Ver a autocrítica de Dench (2005, op.cit. n.3), 367.
Richard Hingley 77
61.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 91-116.
62.
James (2001 op.cit. n.42); Hingley (2005 op.cit. n.2), 91-109; Ray Laurence,
“Roman Narratives: the Writing of Archaeological Discourse - a View from Britain?”
Archaeological Dialogues 8 (2001a): 90-101; Ray Laurence, “The Creation of
Geography: An Interpretation of Roman Britain,” in Travel and Geography in the
Roman Empire, eds Colin Adams and Ray Laurence (Londres: Routledge, 2001b), 67-
94; van Driel Murray (2002 op.cit. n.44).
63.
Dench (2005 op.cit. n.3), 134.
64.
Soldados: James (2001 op.cit. n.42), suas esposas e famílias: van Driel Murray (2002
op.cit. n.44), comerciantes: Laurence (2001b op.cit. n.47), trabalhadores: Sandra R.
Joshel, Work, Identity and Legal Status at Rome: A Study of the Occupational Inscriptions
(Londres: University of Oklahoma Press, 1992) e agricultores: Evan W. Haley, Baetica
Felix: People and Prosperity in Southern Spain from Caesar to Septimius Severus
(Austin: University of Texas Press, 2003), 4.
65.
James (2001 op.cit. n.42).
66.
ibid, 203; Laurence (2001a op.cit. n.47).
78 O IMPERIALISMO ROMANO
67.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 30-48 aplica os conceitos de modernismo e de pós-modernismo
a esse debate, mas também reconhece alguns dos problemas de empregar tal perspectiva.
68.
Por exemplo, Huskinson (2000 op.cit. n.3); Ray Laurence, “Introduction,” in Cultural
Identity in the Roman World, ed. Ray Laurence and Joanne Berry (Londres: Routledge,
1998), 1-9.
69.
Ver Georg G. Iggers, Historiography in the Twentieth Century: from Scientific Objectivity
to the Postmodern Challenge (Londres: Wesleyan University Press, 1997); Katy Gardner
and David Lewis, Anthropology, Development and the Post-modern Challenge (Londres:
Pluto Press, 1996); Gilbert Rist, The History of Development: from Western Origins to
Global Faith (Londres: Zed, 1997); Teodor Shanin, “The Idea of Progress,” in The Post-
Development Reader, eds Majid Rahnema and Victoria Bawtree (Londres: Zed, 1997), 66.
Richard Hingley 79
70.
Akhil Gupta and James Ferguson, “Beyond “Culture”: Space, Identity, and Politics of
Difference,” in The Anthropology of Globalization: a Reader, eds Jonathan X. Inda and
Renato Rosaldo (Oxford: Blackwell, 2002), 75; Hardt and Negri (2000 op.cit. n.25), 44-
5; Knauft (2002 op.cit. n.18), 25 and Balakrishnan (2003 op.cit. n.1), xiv. Essa
interpretação do “Império” contemporâneo não deixa de receber críticas. Ver Gopal
Balakrishnan, “Gopal Balakrishnan on Michael Hardt and Antonio Negri, Empire.
Globalization as a New Roman Order, Awaiting its Early Christians” New Left Review 5
(September-October, 2000), http://www.newleftreview.net/NLR23909.shtml;
Balakrishnan (2003 op.cit. n.1); Brennan (2003 op.cit. n.25); Atilio A. Boron, Empire
& Imperialism: A Critical Reading of Michael Hardt and Antonio Negri. Londres: Zed,
2005); Rofel (2002 op.cit. n.44).
71.
Balakrishnan (2000 op.cit. n.56), 3, (2003 op.cit. n.1) xiv; Hardt and Negri (2000
op.cit. n.25), 44-5.
72.
Balakrishnan (2000 op.cit. n.56), 2.
73.
Balakrishnan (2003 op.cit. n.1), x. É importante registrar que Balakrishnan (2000
op.cit. n.56), (2003 op.cit. n.1) tem problemas similares com a sugestão de Hardt e
Negri de que o multiculturalismo está no coração do Império. O uso que Hales faz dos
comentários de Bhabha, que a rejeição do pós-modernismo apenas leva a retornar ao
modernismo, com sua lógica imperialista inerente, vale-se de um ponto similar.
74.
A precisão com que Hardt e Negri usam os textos clássicos não me é de grande
interesse neste capítulo, embora muito se poderia escrever sobre esse tópico; tampouco
me concernem o valor, ou as dúbias conotações éticas, de sua idéia de “Império”. Ver
Brennan (2003 op.cit. n.25) e Boron (2005 op.cit. n.56) acerca desses tópicos.
80 O IMPERIALISMO ROMANO
80.
Dench (2005 op.cit. n.3); Hingley (2005 op.cit. n.2).
81.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 119, valendo de Brennan (2003 op.cit. n.25), 98.
82.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 115-6, comenta informações relevantes concernentes à
relativa falta de integração ao império de vários grupos no sul da Bretanha.
82 O IMPERIALISMO ROMANO
83.
Dench (2005 op.cit. n.3), 35.
84.
Derek Gregory, numa reflexão sobre os escritos de Hardt e Negri no livro Império
(2000 op.cit. n.25), afirmou o seguinte: “Se o capitalismo global é agressivamente des-
territorializante, movendo-se sempre em direção ao exterior num processo de expansão
incessante e de destruição furiosa de barreiras ao acúmulo de capital, então a modernidade
colonial é intrinsecamente territorializante, instalando sempre cisões entre “nós” e
“eles”. Gregory (2004 op.cit. n.25), 253-5.
85.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 120.
86,
Emmanuele Curti, “Toynbee’s Legacy: Discussing Aspects of the Romanization of
Italy,” in Italy and the West: Comparative Issues in Romanization, eds Simon Keay and
Nicola Terrenato (Oxford: Oxbow, 2001), 24.
87.
James (2001 op.cit. n.42), 198.
Richard Hingley 83
88.
van Driel Murray (2002 op.cit. n.44), 215.
89.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 115-6.
90.
Dench (2005 op.cit. n.3); Woolf (1997 op.cit. n.22); Hingley (2005 op.cit. n.2).
84 O IMPERIALISMO ROMANO
91.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 11. Tais estudos podem ser melhor empreendidos de
maneiras que utilizem todas as fontes disponíveis de materiais. O impressionante e
recente livro de Dench (2005 op.cit. n.3) critica uma variedade de abordagens atuais
vindas dos “arqueólogos da Bretanha romana” (ibid, 84 e nota 149). O que alguns dos
trabalhos que Dench repudia visa a realizar, segundo minha leitura, o desenvolvimento de
uma perspectiva não tão centrada nas elites, por meio de uma exploração dos vestígios
materiais de sociedades passadas. Embora eu possa concordar com algumas das
preocupações de Dench acerca das tentativas de fazer descrições puramente arqueológicas
do passado romano (ver Hingley [2005 op.cit. n.2, 10-11]), a ênfase nas elites, dada por
muitos dos trabalhos provenientes de um olhar centrado na literatura antiga, requer que
examinemos outras fontes de prova. Por exemplo, uma fonte útil poderia ser fornecida
pela informação material relativa às versões locais da cultura escrita do latim. Ver Greg
Woolf, “Afterword: how the Latin West was Won,” in Becoming Roman, Writing Latin?
Literacy and Epigraphy in the Roman West, ed. Alison Cooley (Journal of Roman
Archaeology, Supplementary Series No. 48, 2002).
92.
van Driel Murray (2002 op.cit. n.44), 204, discute os problemas de identificação
geográfica dos batavos, um assunto que é tratado na discussão feita no fim desta seção.
93.
Ton Derks and Nico Roymans, “Seal-Boxes and the Spread of Latin Literacy in the
Rhine Delta,” in Becoming Roman, Writing Latin? Literacy and Epigraphy in the
Roman West, ed. Alison Cooley (Journal of Roman Archaeology, Supplementary Series
No. 48, 2002), 87-134; Nico Roymans, “The Sword or the Plough: Regional Dynamics
in the Romanisation of Belgic Gaul and the Rhineland Area,” in From the Sword to the
Plough, ed. Nico Roymans (Amsterdam: Amsterdam Archaeological Studies No. 1,
1996), 9-126; Nico Roymans, Ethnic Identity and Imperial Power: The Batavians in the
Early Roman Empire (Amsterdã: Amsterdam University Press, 2004); van Driel Murray
(2002 op.cit. n.44).
94.
Para o contexto, ver Hingley (2005 op.cit. n.2), 91-116.
95.
van Driel Murray (2002 op.cit. n.44).
Richard Hingley 85
96.
Ton Derks, Gods, Temples and Ritual Practices: the Transformation of Religious
Ideas and Values in Roman Gaul (Amsterdam: Amsterdam University Press, 1998);
Derks and Roymans (2002 op.cit. n.83); Nico Roymans, “Romanization, Cultural
Identity and the Ethnic Discussion. The Integration of the Lower Rhine Populations in
the Roman Empire,” in Integration in the Early Roman West: The Role of Culture and
Ideology, eds Jeannot Metzler, Martin Millett, Nico Roymans and Jan Slofstra (Dossiers
d’Archéologie du Musée National d’Histoire et d’Art, 4. Luxembourg: Musée National
d’Histoire et d’Art, 1995), 47-64; Roymans (1996 op.cit. n.83), (2004 op.cit. n.83).
97.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 95.
98.
Derks (1998 op.cit. n.86), 55-66; Roymans (1995 op.cit. n.86), 48.
99.
Derks (1998 op.cit. n.86), 64.
100.
Derks and Roymans (2002 op.cit. n.83), 88.
101.
Roymans (1995 op.cit. n.86), 48.
102.
Derks (1998 op.cit. n.86), 63-4; Roymans (1995 op.cit. n.86), 49-50.
103.
Derks (1998 op.cit. n.86), 64-5.
104.
Roymans (1995 op.cit. n.86), 50-3.
86 O IMPERIALISMO ROMANO
Para as poucas uillae que, de fato, existem nessa área, a hipótese que venho
defendendo é a de que se trataria de moradias de soldados veteranos,
retornados depois de um período de serviço militar. Tem-se argumentado
que os centros urbanos do período romano localizados no Baixo Reno foram
estabelecidos, como parte de uma política romana oficial, numa área que
continha sociedades não-acostumadas ao urbanismo105. Esses centros
urbanos podem ter sido dominados por colonos que vinham de longe em
direção ao sul e pelo exército romano, ao passo que a elite local tinha, na
grande maioria das vezes, apenas uma contribuição limitada para seu
estabelecimento, desenvolvimento e administração106. Nico Roymans
recentemente desafiou esse argumento, ao propor um papel mais ativo para
a elite nativa na criação dessas cidades107. Essa interpretação adapta-se ao
desenvolvimento de uma perspectiva acerca do urbanismo romano, segundo
a qual a administração romana teria, sempre que possível, usado a elite nativa
no desenvolvimento dos centros urbanos locais108.
A despeito da relativa falta de uillae e de urbanização nativas, tem-se
argumentado que existem evidências consideráveis, entre a população nativa
local, de uma cultura escrita do latim109. A descoberta de várias das chamadas
“caixas de selo” pode indicar a difusão da cultura escrita do latim a partir do
recrutamento de batavos pelas forças auxiliares romanas. Os batavos eram
conhecidos pelas suas habilidades pugnazes, e os homens da comunidade
foram levados, em grande quantidade, às unidades auxiliares do exército110,
quiçá pelo recrutamento que utilizava um sistema nativo pré-romano, adaptado
como resultado de tratados entre a administração romana e os líderes
105.
Maureen Carroll, “The Genesis of Roman Towns on the Lower Rhine,” in The
Archaeology of Roman Towns, ed. Pete Wilson (Oxford: Oxbow, 2003), 22; Roymans
(2004 op.cit. n.83), 196-200.
106.
Roymans (1995 op.cit. n.86), 55-8; Maureen Carroll, Romans, Celts and Germans:
the German Provinces of Rome (Stroud: Tempus, 2001), 60-1; Carroll (2003 op.cit.
n.95), 28.
107.
Roymans (2004 op.cit. n.83), 202-5.
108.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 82, 95.
109.
Derks (1998 op.cit. n.86), 228-30; Derks and Roymans (2002 op.cit. n.83).
110.
Alan, K. Bowman, Life and Letters on the Roman Frontier (Londres: British Museum
Press, 1994a), 26-7; Brain Campbell, War and Society in Imperial Rome, 31 BC - AD
284. Londres: Routledge, 2002), 30; Carroll (2001 op.cit. 96), 65; Roymans (1996
op.cit. n.83), (2004 op.cit. n.83).
Richard Hingley 87
111.
Roymans (1995 op.cit. n.86), 58.
112.
Bowman (1994a op.cit. n.100), 26-7.
113.
Derks and Roymans (2002 op.cit. n.83), 87-8; Willem J.H. Willems, “Romans and
Batavians: a Regional Study in the Dutch East Rivers Area II,” Berichten van de Rijksdienst
voor het Oudheidkundig Bodemonderzoek 34 (1984): 236.
114.
Derks and Roymans (2002 op.cit. n.83), 94-7.
115.
Ibid.
116.
Alan K. Bowman, “The Roman Imperial Army: Letters and Literacy on the Northern
Frontier,” in Literacy and Power in the Ancient World, orgs Alan K. Bowman and Greg
Woolf (Cambridge: Cambridge University Press, 1994b), 112.
117.
van Driel Murray (2002 op.cit. n.44), 207.
118.
Bowman (1994a op.cit. n.100), (1994b op.cit. n.106).
88 O IMPERIALISMO ROMANO
119.
Roymans (1995 op.cit. n.86), 48.
120.
Ibid, 60.
121.
Derks and Roymans (2002 op.cit. n.83), 102; Roymans (1995 op.cit. n.86), 55.
122.
Alison Cooley, “Introduction,” in Becoming Roman, Writing Latin? Literacy and
Epigraphy in the Roman West, ed. Alison Cooley (Journal of Roman Archaeology,
Supplementary Series No. 48, 2002), 9, valendo-se do trabalho de Woolf.
123.
Veja os comentários de James N. Adams, “”Romanitas” and the Latin Language,”
Classics Quarterly 53 (2003): 189, on the attempts of potters at La Graufesenque to
become Roman and my comments (Hingley (2005 op.cit. n.2), 101) nessas observções.
124.
Derks and Roymans (2002 op.cit. n.83), 101.
125.
Bowman (1994b op.cit. n.106), 123.
Richard Hingley 89
126.
Derks and Roymans (2002 op.cit. n.83), 100.
127.
van Driel Murray (2002 op.cit. n.44), 211.
128.
Ian P. Haynes, “The Impact of Auxiliary Recruitment on Provincial Societies from
Augustus to Caracalla,” in Administration, Prosopography and Appointment Policy in
the Roman Empire, Proceedings of the First Workshop of the International Network
Impact of Empire (Roman Empire, 27 BC - AD 406) Leiden, June 28- July 1, 2000, ed.
Lukas de Blois (Amsterdã: J.C. Giebner, 2001), 71.
129.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 99.
130.
Para exemplos adicionais de incorporação flexível, ver Hingley (2005 op.cit. n.2).
90 O IMPERIALISMO ROMANO
periféricos como uma “tropa étnica”, situação que os mantinha numa posição
dependente e excluía-os dos centros do poder político131. Tal abordagem
enfatiza a natureza assimétrica do relacionamento entre batavos e romanos,
argumentando que as “tropas étnicas” representavam um aspecto da criação
deliberada da relação imperial desigual.
A língua latina e a cultura escrita devem, entre os batavos, ter sido um
grande símbolo dessa subserviência cultural, uma vez que a educação dos
jovens membros da elite governante romana deveria assegurar sua
importância como uma cultura de exclusão por demais efetiva; a dicção correta
fornecia, talvez, um jeito extremamente confiável de diferenciar, ao longo do
império, os muito educados dos relativamente não-educados132. A elite imperial
recrutava e usava esses soldados para seus próprios interesses, encorajando
o desenvolvimento de uma etnicidade militar preexistente que era posta em
prática com intuito de manter os soldados batavos numa posição de
dependência, simbolizada, de uma maneira efetiva, pelo caráter não-romano
da cultura deles133, sua relativa falta de envolvimento na vida urbana, e a
ausência geral de uillae e de outros aspectos da cultura imperial em seu
território134. É possível que aspectos da cultura batava projetassem a
marginalização dessas pessoas em relação às noções centrais de cultura
imperial “romana”, tanto dentro de seu próprio território, quanto na ocasião
em que viajavam para outras áreas do império.
Nesses termos, voltando às observações feitas por Isayev, a que
fizemos referência acima, podemos seguir van Driel-Murray, quando
interpretam a formação e a transformação ativas da comunidade dos batavos
e do território que ocupavam, como a criação, por Roma, de uma nova
etnicidade que servia aos fins estratégicos do império135. Novas categorias
131.
van Driel Murray (2002 op.cit. n.44), 215.
132.
Anton Corbeill, “Education in the Roman Republic: Creating Traditions,” in Education
in Greek and Roman Antiquity, ed. Yun Lee Too (Leiden: Brill, 2001), 282-4; Greg
Woolf, “Literacy,” in Cambridge Ancient History, XI: The High Empire, AD 70-192,
eds Alan K. Bowman, Peter Garnsey and Dominic Rathbone (Cambridge: Cambridge
University Press, 2000), 887.
133.
van Driel Murray (2002 op.cit. n.44), 215.
134.
Seria interessante tentar estabelecer até que ponto alguns membros da ciuitas dos
bataui (além das mulheres) eram excluídos da participação nas tropas auxiliares.
135.
van Driel Murray (2002 op.cit. n.44), 203. Para saber até que ponto as comunidades
situadas no Vale do Baixo Reno, durante os cinqüenta anos subseqüentes à conquista de
César, eram manipuladas por Roma, além de quão amplos eram os deslocamentos dessas
comunidades, ver Roymans (2004 op.cit. n.83), 23-9.
Richard Hingley 91
136.
ibid, 203-9.
137.
See Wilfried Hessing, “Foreign Oppressor versus Civiliser: the Batavian Myth as the
Source for Contrasting Associations of Rome in Dutch Historiography and Archaeology,”
in Images of Rome: Perceptions of Ancient Rome in Europe and the Unites States of
America in the Modern Age, ed. Richard Hingley (Journal of Roman Archaeology,
Supplementary Series No. 44), 126-44.
92 O IMPERIALISMO ROMANO
138.
Charles R. Whittaker, “Integration of the Early Roman West: the Example of
Africa,” in Integration in the Early Roman West: The Role of Culture and Ideology, eds
Jeannot Metzler, Martin Millett, Nico Roymans and Jan Slofstra (Dossiers d’Archéologie
du Musée National d’Histoire et d’Art, 4. Luxembourg: Musée National d’Histoire et
d’Art, 1995), 21.
139.
Benton and Fear (2003 op.cit. n.60); Paul Cartledge, “Classics: from Discipline in
Crisis to (Multi-) Cultural Capital,” in Pedagogy and Power: Rhetorics of Classical
Learning, orgs. Yun Lee Too e Niall Livingstone (Cambridge: Cambridge University
Press, 1998), 16-28; Hingley (2005 op.cit. n.2); Settis (2006 op.cit. n.9), 106-7.
140.
Hardt e Negri (2000 op.cit. n.25); Balakrishnan (2003 op.cit. n.1), xiii. Ver também
os artigos recentes de Paul James e Tom Nairn. “A Critical Introduction to Globalization
and Culture,” http://www.sagepub.com/upm-data/9930_45373intro.pdf (2006); Roland
Robertson and David Inglis, “The Global animus,” in Globalization and Global History,
orgs. Barry K. Gills and William R. Thompson (Londres: Routledge, 2006), 33-47 and
Willis (op.cit. n. 60).
141.
Hingley (2005 op.cit. n.2), 117-20.
Richard Hingley 93
Agradecimentos
Sou grato ao AHRC (Arts and Humanities Research Council) e à
Universidade de Durham pelos dois períodos de pesquisa, em 2003-4 e em
2006-7, que me possibilitam desenvolver e finalizar os argumentos
apresentados neste capítulo. Agradeço também a Shelley Hales e a Tamar
Hodos por me convidarem a escrever este capítulo e por sua ajuda e seus
comentários a versões prévias do meu texto. David Mattingly, Alison Wylie
e Greg Woolf fizeram comentários muito úteis a respeito das idéias discutidas
neste capítulo, enquanto Simon James, Ian Haynes e Fernando Wulff Alonso
apontaram várias referências relevantes. Nico Roymans e Carol van Driel-
Murray deram informações e conselhos sobre o estudo de caso referente
aos batavos, ao passo que Christina Unwin me ajudou a refinar as idéias
apresentadas aqui. Também sou grato às pessoas que assistiram aos
encontros em Stanford (USA, Cultures of Contact Conference, 2006), em
Birmingham (Roman Archaeology Conference, 2005), em Canterbury (Meeting
on Rural Settlement either side of the North Sea/Channel, 2007), e em Bristol
(Crossing Cultures Conference, 2005), pelos vários comentários feitos a
versões anteriores deste capítulo.
142.
Cartledge (1998 op.cit. n.129), 20; Hingley (2005 op.cit. n.2), 3; Toner (2002
op.cit. n.60), 2.
94 O IMPERIALISMO ROMANO
Bibliografia citada
Adams, J.N. “”Romanitas” and the Latin Language.” Classics Quarterly 53
(2003): 184-205.
Alcock, Sarah. “Vulgar Romanization and the Dominance of the Elites.” In
Italy and the West: Comparative Issues in Romanization, edited by S. Keay
and N. Terrenato, 227-30. Oxford: Oxbow, 2001.
Balakrishnan, Gopal. “Gopal Balakrishnan on Michael Hardt and Antonio
Negri, Empire. Globalization as a New Roman Order, Awaiting its Early
Christians.” New Left Review 5 (September-October, 2000), http://
www.newleftreview.net/NLR23909.shtml.
. ”Introduction.” In Debating Empire, edited by Gopal
Balakrishnan, vii-xix. Londres: Verso, 2003.
. (org.) Debating Empire. Londres: Verso, 2003.
Richard Hingley 95
Beltrán Lloris, F. “Writing, Language and Society: Iberians, Celts and Romans
in Northeastern Spain in the 2nd and 1st Centuries BC.” Bulletin of the
Institute of Classical Studies 43 (1999): 131-51.
Bénabou, Marcel. La résistance africaine à la romanisation. Paris: François
Maspero, 1976.
Benton, Cindy, and Fear, T. “Introduction: From Rome to Buffalo.” Arethusa
36 (2003): 267-70.
Berrendoner, C. “La romanisation de Volterra: ‘a case of mostly negotiated
incorporation, that leaves the basic social and cultural structure intact’ (N.
Terrenato, in Italy and the West, Oxford 2001).” Digressus: The Internet
Journal for the Classical World 3 (2003): 46-59.
Boron, A. A. Empire & Imperialism: A Critical Reading of Michael Hardt
and Antonio Negri. Londres: Zed, 2005.
Bowman, Alan, K. Life and Letters on the Roman Frontier. Londres: British
Museum Press, 1994a.
. “The Roman Imperial Army: Letters and Literacy on the
Northern Frontier.” In Literacy and Power in the Ancient World, edited by
Alan K. Bowman and Greg Woolf, 109-126. Cambridge: Cambridge University
Press, 1994b.
Brennan, T. “The Italian Ideology.” In Debating Empire, edited by Gopal
Balakrishnan, 97-120. Londres: Verso, 2003.
Campbell, Brian. War and Society in Imperial Rome, 31 BC - AD 284. Lon-
dres: Routledge, 2002.
Carroll, Maureen. Romans, Celts and Germans: the German Provinces of
Rome. Stroud: Tempus, 2001.
. “The Genesis of Roman Towns on the Lower Rhine.” In The
Archaeology of Roman Towns, edited by Pete Wilson, 22-30. Oxford: Oxbow, 2003.
Cartledge, Paul. “Classics: from Discipline in Crisis to (Multi-) Cultural Capi-
tal.” In Pedagogy and Power: Rhetorics of Classical Learning, edited by
Yun Lee Too and Niall Livingstone, 16-28. Cambridge: Cambridge University
Press, 1998.
Cooley, Alison. “Introduction.” In Becoming Roman, Writing Latin? Literacy
and Epigraphy in the Roman West, edited by Alison Cooley, 9-14. Journal of
Roman Archaeology, Supplementary Series No. 48, 2002.
96 O IMPERIALISMO ROMANO
van Driel-Murray, Carol. “Ethnic Soldiers: The Experience of the Lower Rhine
Tribes.” In Kontinuität und Diskontinuität: Germania inferior am Beginn
und am Ende der römischen Herrschaft. Beiträge des deutsch-
niederländischen Kolloquiums in der Katholieke Universiteit Nijmegen
(27. bis 30.06.2001), organizado por Thomas Grünewald and Sandra Seibel,
200-17. Berlin: Walter de Gruyter, 2002.
van Enckevort, H., and J. Thijssen. “Nijmegen - A Roman Town in the Frontier
Zone of Germania Inferior.” In The Archaeology of Roman Towns, edited
by Pete Wilson, 59-71. Oxford: Oxbow, 2003.
Vasunia, Phiroze. “Hellenism and Empire: Reading Edward Said.” Parallax 9
(2003): 88-97.
Wallace-Hadrill, Andrew. “Mutatio morum: The Idea of a Cultural Revolution.”
In The Roman Cultural Revolution, edited by Thomas N. Habinek and
Alessandro Schiesaro, 3-22. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
. “The Roman Revolution and Material Culture.” In La
Révolution Romaine après Ronald Syme: Bilans et perspectives, 283-314.
Entretiens sur l’antiquité classique, Genebra: Vandœuvres, 2000.
Webster, Jane. “The Just War: Graeco-Roman Text as Colonial Discourse.”
In TRAC 1994: Proceedings of the Fourth Theoretical Roman Archaeology
Conference Durham 1994, organizado por Sally Cottam, D. Dungworth,
Sarah Scott and J. Taylor, 1-10. Oxford: Oxbow, 1995.
Webster, Jane, and Nicholas J. Cooper (orgs.) Roman Imperialism: Post-
colonial Perspectives, Leicester Archaeological Monographs No. 3, Leicester:
School of Archaeological Studies, University of Leicester, 1996.
Whittaker, Charles R. “Integration of the Early Roman West: the Example of
Africa.” In Integration in the Early Roman West: The role of Culture and
Ideology, edited by Jeannot Metzler, Martin Millett, Nico Roymans and J.
Slofstra, 143-64. Dossiers d’Archéologie du Musée National d’Histoire et
d’Art, 4. Luxembourgo: Musée National d’Histoire et d’Art, 1995.
Willems, W.J.H. “Romans and Batavians: a Regional Study in the Dutch East
Rivers Area II.” Berichten van de Rijksdienst voor het Oudheidkundig
Bodemonderzoek 34 (1984): 39-332.
Wilson, Pete. (org.) The Archaeology of Roman Towns. Oxford: Oxbow, 2003.
Woolf, Greg. “Beyond Roman and Natives.” World Archaeology 28 (1997): 339-50.
. Becoming Roman: The Origins of Provincial Civilization in
Gaul. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
Richard Hingley 103
Introdução 144
Este curto capítulo, cujo intento é ser provocativo, trata de um enigma:
o declínio sério e dramático, nas universidades britânicas, da pesquisa relativa
ao primeiro monumento romano da Bretanha, o Muro de Adriano. A partir da
metade da década de 1850, essa grande fronteira era o foco de uma vívida
tradição acadêmica de pesquisa (Birley 1961; James 2002), mas não seria por
demais exagerado dizer que o assunto mostra-se, hoje, moribundo. Poucas
pesquisas acadêmicas sobre o Muro estão sendo feitas nas universidades
britânicas ou em instituições acadêmicas ultramarinas, ao passo que as
escavações são intermitentes (para reflexões mais abrangentes acerca do
estado dos estudos sobre a fronteira romana, ver James 2005). Uma importante
pesquisa vendo sendo conduzida, por exemplo, pelas Consultorias do Museu
de Tyne e Wear, mas a situação, nas universidades, mostra-se terminal: o
número de doutorandos que pesquisam o Muro pode ser contado nos dedos
143.
Originalmente publicado como: R. Hingley 2008 ‘Hadrian’s Wall in theory: a new
agenda’, in P. Bidwell (ed.) Understanding Hadrian’s Wall. The Arbeia Society. Titus
Wilson, Kendal.
144.
Sou muito grato a David Breeze pelos comentários sobre uma versão anterior deste
capítulo.
106 O IMPERIALISMO ROMANO
teorias que abarcam. São propostas várias novas direções para os estudos
que poderiam ajudar a estimular tal revolução.
Bibliografia citada
Beard, M. and J. Henderson (1999). ‘Rule(d) Britannia: Displaying Roman
Britain in the Museum’, in N. Merriman (org.) Making Early History in
Museums. Leicester, Leicester University Press, 44-73.
Birley, E. (1961). Research on Hadrian’s Wall. Kendal, Titus Wilson.
Bradley, R. (forthcoming). ‘Making strange: monuments and the creation of
the earlier prehistoric landscape’, in A. Fleming and R. Hingley (orgs.)
Prehistoric and Roman Landscapes. Wingather.
Breeze, D. J. (2003). ‘John Collingwood Bruce and the Study of Hadrian’s
Wall’, Britannia 34, 1-18.
Breeze, D. J. (2006). J. Collingwood Bruce’s Handbook to the Roman Wall.
14th edition. Newcastle upon Tyne.
Bidwell, P. (1999). Hadrian’s Wall 1989-1999: A summary of recent
excavation and research. Kendal, Titus Wilson.
Clarke, K. (2001). ‘An island Nation: re-thinking Tacitus’ Agricola’, Journal
of Roman Studies 91: 94-112.
Dench, E. (2005). Romulus’ Asylum: Roman Identities from the Age of
Alexander to the Age of Hadrian. Oxford, Oxford University Press.
Evans, R. (2003). ‘Containment and Corruption: the discourse of Flavian
empire’, in A. J. Boyle and W. J. Dominik (eds.) Flavian Rome: Culture,
Image, Text. Leiden, Brill.
Gregory, D. (2004). The Colonial Present. Oxford, Blackwell.
Haffner, A. and Schnurbein, S. von (1996) ‘Kelten, Germanen, Römer im
Mittelgebirgsraum zwischen Luxemburg und Thüringen’, Archäologisches
Nachrichtenblatt 1: 70-7.
114 O IMPERIALISMO ROMANO