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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

APOSTILAS OPÇÃO

ou pessoa jurídica. Sendo assim pode atuar tanto em


instituições públicas como privadas, cuidando de arquivos
públicos ou privados, centros de documentação, instituições
culturais entre outras. Outras atividades realizadas pelo
profissional arquivista é a elaboração de instrumentos de
pesquisa e recuperação da informação, considerando a teoria
das três idades dos arquivos: corrente, intermediária e
permanente.

O gerenciamento da informação, o desenvolvimento das


teorias, e as práticas de gestão foram extremamente
2.1. Conceitos Fundamentais importantes, intensamente revolucionárias e fundamentais
de Arquivologia. para o desenvolvimento da arquivologia. Esse gerenciamento
da informação conta ainda com desenvolvimento de projetos,
planejamentos, estudos e técnicas de organização sistemática
Arquivologia e implantação de instituições e sistemas arquivísticas. Embora
existam muitas técnicas, ferramentas, estudos que buscam a
O Arquivo é um conjunto de documentos criados ou conservação de arquivos, um grande desafio encontrado nesta
recebidos por uma organização, firma ou indivíduo. Esses área é que muitas empresas/organizações não tem uma
documentos são fontes das informações utilizadas para a preocupação específica pelos seus arquivos. Quando ocorre
execução de tarefas/atividades. São documentos reunidos por esse desinteresse consequentemente o profissional também é
acumulação ao longo das atividades e isso ocorre desconhecido pela organização e as atividades que esse
independentemente do suporte ou da natureza, sejam em profissional qualificado realizaria em prol do gerenciamento
atividades que envolvem pessoas físicas ou empresas em das informações passam a ser exercidas por profissionais de
geral. outras áreas não capacitados a atuar como arquivista. Uma
consequência do posicionamento de algumas organizações é
Um documento é qualquer meio que comprove a existência justamente a qualidade e resultado dos serviços.
de um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação. É uma
unidade de registro de informação independente do suporte O documento arquivístico pode ser produzido ou recebido
utilizado. Juridicamente, os documentos podem ser durante uma atividade realizada por uma pessoa ou por uma
considerados como atos, cartas ou escritos que carregam um organização, deve possuir conteúdo, contexto e estrutura de
valor probatório. Os documentos preservados pelo arquivo modo que sirva como prova da atividade. É uma informação
podem ser classificados por diferentes tipos em vários registrada, independente da forma ou do suporte.
suportes. A totalidade dos documentos conservados em um arquivo
recebe o nome de acervo. O acesso é a disponibilidade de um
Os arquivos são mantidos por entidades públicas federais, arquivo para consulta. As embalagens destinadas à proteção
estaduais e municipais, assim como institucionais comerciais. dos documentos e a facilitar o seu manuseio, são chamadas de
Para Martins1 o arquivo também pode ser definido como acondicionamento. O conjunto de operações de
“a entidade ou órgão administrativo responsável pela acondicionamento e armazenamento de documentos é o
custódia, pelo tratamento documental e pela utilização dos arquivamento.
arquivos sob sua jurisdição”.
Os Princípios Arquivísticos constituem o marco principal da
Os conjuntos de atas de reuniões da Diretoria, de projetos diferença entre a arquivística e as outras ciências
de pesquisa e de relatórios de atividades, mais os conjuntos de documentárias. São eles:
dossiês de empregados, prontuários médicos, de boletins de
notas, de fotografias etc., constituem-se o Arquivo de uma Princípio da Proveniência
Unidade por exemplo, e devem naturalmente refletir as suas Fixa a identidade do documento, relativamente a seu
atividades. produtor. Por este princípio, os arquivos devem ser
organizados em obediência à competência e às atividades da
A ciência que estuda as funções, os princípios, as instituição ou pessoa legitimamente responsável pela
técnicas do arquivo é chamada de arquivologia. produção, acumulação ou guarda dos documentos. Arquivos
originários de uma instituição ou de uma pessoa devem
O profissional que exerce atividade ligada a manter a respectiva individualidade, dentro de seu contexto
arquivologia pode ser chamado de arquivista. orgânico de produção, não devendo ser mesclados a outros de
origem distinta.
A arquivologia busca gerenciar informações que possam
ser registradas em documentos de arquivos. É muito comum Princípio da Organicidade
utilizar-se de principais, técnicas, normas e outros As relações administrativas orgânicas se refletem nos
procedimentos no processo de identificação, organização, conjuntos documentais. A organicidade é a qualidade segundo
desenvolvimento, processamentos, análise, coleta, utilização, a qual os arquivos espelham a estrutura, funções e atividades
publicação, fornecimento, circulação, recuperação e da entidade produtora/acumuladora em suas relações
armazenamento das informações. internas e externas.
Algumas atribuições do profissional arquivista são:
gerenciar as informações, realizar atividades de conservação, Princípio da Unicidade
preservação, gestão documental, disseminação da informação Não obstante, forma, gênero, tipo ou suporte, os
que se encontra nos documentos, atuar em prol da documentos de arquivo conservam seu caráter único, em
preservação do patrimônio documental de uma pessoa física função do contexto em que foram produzidos.

1 Martins, N.R. Noções básicas para organização de arquivos ativos e http://biblioteca.planejamento.gov.br/biblioteca-tematica-


semiativados. Rio de Janiero: 1998. Disponível em: 1/textos/biblioteconomia-e-arquivologia.

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Princípio da Indivisibilidade ou integridade que lidam com o recebimento de documentos não sabem, ou
Os fundos de arquivo devem ser preservados sem mesmo não foram orientadas sobre como proceder para o
dispersão, mutilação, alienação, destruição não autorizada ou documento cumpra a sua função na instituição. Para que este
adição indevida. problema inicial seja resolvido, a implantação de um sistema
de base de dados, de preferência simples e descentralizado,
Princípio da Cumulatividade permitindo que, tão logo cheguem às instituições, os
O arquivo é uma formação progressiva, natural e orgânica. documentos fossem registrados, pelas devidas pessoas, no seu
próprio setor de trabalho seria uma ótima alternativa. Tal ação
Além dos princípios arquivísticos mencionados, as bancas diminuiria o montante de documentos que chegam as
organizadoras tem explorado esse assunto, dessa forma, aqui instituições, cumprem suas funções, mas sequer tiveram sua
vai mais alguns princípios2: tramitação ou destinação registrada.
Algumas rotinas devem ser adotadas no registro
- Princípio da pertinência (ou temático) – os documentos documental, afim de que não se perca o controle, bem como
deveriam ser reclassificados por assunto, sem levar em surjam problemas que facilmente poderiam ser evitados. Um
consideração a proveniência e a classificação original. exemplo é como ocorre o preenchimento do campo Assunto,
na maioria das vezes é feito de forma errônea, ainda que seja
- Princípio da reversibilidade – todo procedimento ou um campo extremamente importante.
tratamento empreendido em arquivos pode ser revertido, se
necessário. Modelos de arquivos
Baseados nas primeiras definições podemos dizer que
- Princípio da proveniência territorial (ou Princípio da existem vários tipos de Arquivos, tudo depende dos objetivos
territorialidade) – os arquivos deveriam ser conservados em e competências das entidades que os produzem. Os Arquivos
serviços de arquivo do território no qual foram produzidos, podem ser classificados: Segundo as entidades criador-
excetuados os documentos elaborados pelas representações mantenedoras:
diplomáticas ou resultantes de operações militares. - Públicos (federal, estadual, municipal)
- Privados - Institucionais (empresas, escolas, igrejas,
- Princípio da proveniência funcional – com a transferência sociedades, clubes, associações). - Pessoais (fotos de família,
de funções de uma autoridade para outra como resultado de cartas, originais de trabalhos, etc.).
mudança política ou administrativa, documentos relevantes Temos também os Arquivos que guardam e organizam
ou cópias são também transferidos para assegurar a documentos cujas informações são registradas em suportes
continuidade administrativa. Também chamado pertinência diferentes do papel: discos, filmes, fitas e são chamados de
funcional. Especiais. Estes podem fazer parte de um Arquivo mais
completo. Existem aqueles que guardam documentos gerados
O nível de importância dos arquivos está relacionado com por atividades muito especializadas como os Arquivos
a maneira como são geridos. Para que os arquivos alcancem Médicos, de Imprensa, de Engenharia, Literários e que muitas
um nível de importância ainda maior, é necessário que sejam vezes precisam ser organizados com técnicas e com materiais
geridos da forma correta, a fim de evitar o acúmulo de massas específicos. São conhecidos como Arquivos Especializados.
documentais desnecessárias, de agilizarem ações dentro de Os tipos de pastas existentes são: pastas suspensas
uma instituição, enfim, que cumpram a sua função, seja desde (frontais ou laterais), pastas intercaladoras, pastas A/Z ou
o valor probatório até o cultural. outras.
Sendo assim, ter seus documentos arquivados
corretamente e devidamente organizados é uma iniciativa que Pastas Suspensas
precisa ser cultivada sempre, e os motivos vão desde agilidade Indicada para o arquivamento de documentos em
na hora de encontrar o que procura, até a praticidade de tamanhos: oficio ou A4. Os documentos são arquivados na
dividir o espaço com outras pessoas e trazer eficiência ao posição vertical dentro da pasta, e a pasta é colocada em
trabalho. estantes. Possuem etiquetas laterais para identificação da
É extremamente importante que os documentos de documentação ou da pasta. É muito utilizado em arquivo
arquivos estejam sempre organizados por datas, colocados em corrente.
pastas separadas e devidamente identificados com etiquetas
ou marcações nas caixa-arquivos, de modo que sua localização Pastas Intercaladoras
seja rápida caso necessária. Essas pastas não utilizam varões nem visores, e destina-se
à guarda de pequenos volumes de papéis.
A gestão de documentos é o conjunto de procedimentos e No dia-a-dia dos escritórios, no entanto,
operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso, vários documentos são constituídos por grande quantidade de
avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, papéis, e as peças que os constituem necessitam ser mantidas
visando a sua eliminação ou recolhimento para a guarda na ordem em que foram produzidas ou acumuladas, para não
permanente. perderem o sentido, como nos casos dos dossiês, por exemplo.
Protocolo é a denominação geralmente atribuída a setores
encarregados do recebimento, registro, distribuição e Pasta AZ
movimentação dos documentos em curso; denominação Ideal para o arquivamento de documentos em tamanhos
atribuída ao próprio número de registro dado ao documento; oficio ou A4. Os documentos são arquivados na posição
Livro de registro de documentos recebidos e/ou expedidos. vertical. Possibilita a colocação de guias indicando nome ou nº
Durante a tramitação os arquivos correntes podem exercer do documento ou pasta. É muito utilizado em arquivo corrente.
funções de protocolo como recebimento, registro, distribuição,
movimentação e expedição de documentos, daí a denominação Pasta Sanfonada
comum de alguns órgãos como Protocolo e Arquivo. E é neste Confeccionada em diversos tamanhos. Possuem divisórias
ponto que os problemas têm seu início. Geralmente, as pessoas e guias para indicar o assunto. É ideal para o arquivamento de

2 ARQUIVO NACIONAL, Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística,


2005.

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documentos utilizados em atividades externas, pois há maior Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos
mobilidade do usuário para o arquivamento de documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou
em tamanho oficio ou A4. recolhimento. É nesta etapa que a expedição de documentos
torna-se importante, pois por meio dela, fica mais fácil fazer
Pasta Americana uma avaliação do documento, podendo-se assim decidir de
Confeccionada em diversos tamanhos. Pasta estilo caso uma forma mais confiável, o destino do documento. Dentre as
policial que possui aba para identificações. É ideal para o recomendações com relação à expedição de documentos,
arquivamento de documentos utilizados em atividades destacam-se:
externas, pois há maior mobilidade do usuário para o
arquivamento de documentos em tamanho oficio ou A4. - Receber a correspondência, verificando a falta de anexos
e completando dados;
Fichário - Separar as cópias, expedindo o original;
- Encaminhar as cópias ao Arquivo.
O fichário se classifica como arquivo permanente. O
fichário é um móvel de aço próprio para fichas, que pode ter É válido ressaltar que as rotinas acima descritas não valem
uma, duas, três ou quatro gavetas ou estar conjugado com como regras, visto que cada instituição possui suas tipologias
gavetas para fichas e documentos. documentais, seus métodos de classificação, enfim, surgem
No fichário horizontal, as fichas são guardadas em posição situações diversas. Servem apenas como exemplos para a
horizontal, uma sobre as outras – modelo KARDEX. As fichas elaboração de rotinas em cada instituição.
são fixados por meio de bastões metálicos presos às gavetas.
Dessa disposição das hastes resulta que a primeira ficha presa, Cadastro Nacional de Entidades Custodiadoras de
a partir do fundo, ficará inteiramente visível, deixando que da Acervos Arquivísticos
imediatamente inferior apareça uma faixa correspondente à
dimensão da barra, e assim sucessivamente, lembrando o O Cadastro Nacional de Entidades Custodiadoras de
aspecto de uma esteira. As faixas que aparecem funcionam Acervos Arquivísticos foi instituído pela Resolução nº 28 do
como verdadeiras projeções, nas quais são feitas anotações. CONARQ, com o objetivo de fornecer o código previsto na
O fichário vertical é aquele em que as fichas são guardadas Norma Brasileira de Descrição Arquivística - NOBRADE,
em posição vertical, uma atrás das outras, geralmente denominado Código de Entidade Custodiadora de Acervos
separadas por guias. É o modelo mais usado por ser mais Arquivísticos - CODEARQ, tornando possível a identificação de
econômico. As gavetas ou bandejas podem comportar um cada entidade custodiadora de acervos arquivísticos no Brasil.
grande número de fichas. Após o cadastramento e fornecimento do CODEARQ, as
entidades custodiadoras de acervos arquivísticos terão
Cadastro: recebimento e registro disponíveis no site do CONARQ, informações básicas sobre sua
instituição, como: missão institucional, acervos, endereço,
Receber as correspondências, separando as de caráter horário de funcionamento e formas de contato.
oficial de caráter particular, distribuindo as de caráter O CODEARQ somente será fornecido às entidades
particular a seus destinatários. custodiadoras que permitam acesso a seu acervo, mesmo que
Após essa etapa, os documentos devem seguir seu curso, a com algumas restrições.
fim de cumprirem suas funções. Para que isto ocorra, devem A solicitação do código de identificação pela entidade
ser distribuídos e classificados da forma correta, ou seja, custodiadora e, quando for o caso, da unidade administrativa
chegar ao seu destinatário. a ela subordinada ou da subunidade custodiadora, deverá ser
encaminhada à Coordenação do CONARQ, por meio do
Para isto recomenda-se: preenchimento do formulário Cadastro de Entidade
- Separar as correspondências de caráter ostensivo das de Custodiadora de Acervos Arquivísticos e o envio do mesmo
caráter sigiloso, encaminhado as de caráter sigiloso aos seus para o e-mail: conarq@arquivonacional.gov.br.
respectivos destinatários;
- Tomar conhecimento das correspondências de caráter Plano de Classificação e a Tabela de Temporalidade
ostensivos por meio da leitura, requisitando a existência de
antecedentes, se existirem; O Plano de Classificação e a Tabela de Temporalidade de
- Classificar o documento de acordo com o método da Documentos de Arquivo são instrumentos eficazes de gestão
instituição; carimbando-o em seguida; documental. Estes dois instrumentos garantem a simplificação
- Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao e a racionalização dos procedimentos de gestão, imprimindo
protocolo. maior agilidade e precisão na recuperação dos documentos e
- Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando a das informações, autorizando a eliminação criteriosa de
segunda via da ficha ao documento; documentos desprovidos de valor que justifique a sua guarda
- Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora com e a preservação dos documentos de guarda permanente.
os dados das fichas de protocolo; O Plano de Classificação de Documentos de Arquivo resulta
-Arquivar as fichas de protocolo. da atividade de classificação que recupera o contexto de
produção dos documentos de arquivo agrupando-os de acordo
A tramitação de um documento dentro de uma instituição com o órgão produtor, a função, a subfunção e a atividade
depende diretamente se as etapas anteriores foram feitas da responsável por sua produção ou acumulação.
forma correta. Se feitas, fica mais fácil, com o auxílio do A Tabela de Temporalidade de Documentos de Arquivo
protocolo, saber sua exata localização, seus dados principais, resulta da atividade de avaliação, que define prazos de guarda
como data de entrada, setores por que já passou, enfim, para os documentos em razão de seus valores administrativo,
acompanhar o desenrolar de suas funções dentro da fiscal, jurídico-legal, técnico, histórico, autoriza a sua
instituição. Isso reduz o tempo de algumas ações dentro da eliminação ou determina a sua guarda permanente.
instituição, acelerando assim, processos que anteriormente
encontravam dificuldades, como a não localização de
documentos, não se podendo assim, usá-los no sentido de
valor probatório, por exemplo.

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Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização


do instrumento:

1. Assunto: Neste campo são apresentados os conjuntos


documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente
distribuídos de acordo com as funções e atividades
desempenhadas pela instituição. Para possibilitar melhor
identificação do conteúdo da informação, foram empregadas
funções, atividades, espécies e tipos documentais,
genericamente denominados assuntos, agrupados segundo
um código de classificação, cujos conjuntos constituem o
referencial para o arquivamento dos documentos.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que
contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente
A classificação parte de um processo intelectual de para agilizar a sua localização na tabela.
identificação e de reagrupamento sistemático de temas
semelhantes, segundo suas características comuns, podendo, 2. Prazos de guarda: Referem-se ao tempo necessário para
em seguida, serem diferenciados, desde que a quantidade arquivamento dos documentos nas fases corrente e
assim o exija. Essa função consiste em um conjunto de intermediária, visando atender exclusivamente às
convenções, de métodos e regras de procedimentos necessidades da administração que os gerou, mencionado,
logicamente estruturados que permite a classificação dos preferencialmente, em anos. Excepcionalmente, pode ser
documentos em grupos ou em categorias, quaisquer que sejam expresso a partir de uma ação concreta que deverá
os suportes e a idade desses documentos. necessariamente ocorrer em relação a um determinado
De acordo com Faria3, o plano de classificação é o conjunto documental. Entretanto, deve ser objetivo e direto na
instrumento desenvolvido por arquivistas para auxiliar na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até
organização das informações para a recuperação futura e para homologação da aposentadoria; e até quitação da dívida. O
o armazenamento ordenado. Ele traduz o conhecimento dos prazo estabelecido para a fase corrente relaciona-se ao
gestores sobre o estoque informacional arquivístico da período em que o documento é frequentemente consultado,
instituição. Podemos ainda considerar como o esforço da exigindo sua permanência junto às unidades organizacionais.
organização, conjunto de documentos ou arquivos de uma A fase intermediária relaciona-se ao período em que o
instituição ou pessoa física por meio da função arquivística de documento ainda é necessário à administração, porém com
classificação. menor frequência de uso, podendo ser transferido para
O Plano de Classificação de Documentos de Arquivo depósito em outro local, embora à disposição desta.
apresenta os documentos hierarquicamente organizados de A realidade arquivística no Brasil aponta para variadas
acordo com a função, subfunção e atividade (classificação formas de concentração dos arquivos, seja ao nível da
funcional), ou de acordo com o grupo, subgrupo e atividade administração (fases corrente e intermediária), seja no âmbito
(classificação estrutural), responsáveis por sua produção ou dos arquivos públicos (permanentes ou históricos).
acumulação. Para recuperar com maior facilidade esse
contexto da produção documental, atribuímos códigos Assim, a distribuição dos prazos de guarda nas fases
numéricos aos tipos/séries documentais. corrente e intermediária foi definida a partir das
A ausência de normas, métodos e procedimentos de seguintes variáveis:
trabalho provocam o acúmulo desordenado de documentos,
transformando os arquivos em meros depósitos de papéis, I – Órgãos que possuem arquivo central e contam com
dificultando o acesso aos documentos e a recuperação de serviços de arquivamento intermediário:
informações necessárias para a tomada de decisões no âmbito Para os órgãos federais, estaduais e municipais que se
das instituições públicas e privadas. Diante dessa realidade, a enquadram nesta variável, há necessidade de redistribuição
elaboração do Plano de Classificação assume uma importância dos prazos, considerando-se as características de cada fase,
relevante como ferramenta de gestão documental, exigindo, desde que o prazo total de guarda não seja alterado, de forma
para sua elaboração, profundo conhecimento da estrutura e a contemplar os seguintes setores arquivísticos:
funcionamento do organismo produtor e o comprometimento - arquivo setorial (fase corrente, que corresponde ao
dos profissionais de todas as suas áreas de atuação. arquivo da unidade organizacional);
- arquivo central (fase intermediária I, que corresponde ao
Tabela de temporalidade de documentos de arquivo setor de arquivo geral/central da instituição);
A tabela de temporalidade é um instrumento arquivístico - arquivo intermediário (fase intermediária II, que
resultante de avaliação, que tem por objetivos definir prazos corresponde ao depósito de arquivamento intermediário,
de guarda e destinação de documentos, com vista a garantir o geralmente subordinado à instituição arquivística pública nas
acesso à informação a todos que dela necessitem. Sua esferas federal, estadual e municipal).
estrutura básica deve necessariamente contemplar os
conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma II – Órgãos que possuem arquivo central e não contam com
instituição no exercício de suas atividades, os prazos de guarda serviços de arquivamento intermediário: Nos órgãos situados
nas fases corrente e intermediária, a destinação final – nesta variável, as unidades organizacionais são responsáveis
eliminação ou guarda permanente, além de um campo para pelo arquivamento corrente e o arquivo central funciona como
observações necessárias à sua compreensão e aplicação. arquivo intermediário, obedecendo aos prazos previstos para
esta fase e efetuando o recolhimento ao arquivo permanente.

3 FARIA, Wadson Silva. A normalização dos instrumentos de gestão Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação. Departamento de
arquivística no Brasil: um estudo da influência das resoluções do Conarq na Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília (UnB),
organização dos arquivos da Justiça Eleitoral Brasileira. Dissertação (Mestrado Brasília, 2006.
em Ciência da Informação) – Faculdade de Economia, Administração,

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III – Órgãos que não possuem arquivo central e contam - Visibilidade às funções, subfunções e atividades do
com serviços de arquivamento intermediário: Nesta variável, organismo produtor;
as unidades organizacionais também funcionam como arquivo - Padronização da denominação das funções, atividades e
corrente, transferindo os documentos – após cessado o prazo tipos/séries documentais;
previsto para esta fase – para o arquivo intermediário, que - Controle do trâmite;
promoverá o recolhimento ao arquivo permanente. - Atribuição de códigos numéricos;
- Subsídios para o trabalho de avaliação e aplicação da
IV – Órgãos que não possuem arquivo central nem contam Tabela de Temporalidade
com serviços de arquivamento intermediário:
Quanto aos órgãos situados nesta variável, as unidades A tabela de temporalidade deverá contemplar as
organizacionais são igualmente responsáveis pelo atividades meio e atividades-fim de cada órgão público. Desta
arquivamento corrente, ficando a guarda intermediária a forma, caberá aos mesmos definir a temporalidade e
cargo das mesmas ou do arquivo público, o qual deverá destinação dos documentos relativos às suas atividades
assumir tais funções. específicas, complementando a tabela básica. Posteriormente,
esta deverá ser encaminhada à instituição arquivística pública
3. Destinação final: Neste campo é registrada a destinação para aprovação e divulgação, por meio de ato legal que lhe
estabelecida que pode ser a eliminação, quando o documento confira legitimidade.
não apresenta valor secundário (probatório ou informativo)
ou a guarda permanente, quando as informações contidas no Métodos de Arquivamento
documento são consideradas importantes para fins de prova, Assim como a Teoria das 3 idades, os métodos de
informação e pesquisa. arquivamento são um dos assuntos de Arquivologia mais
A guarda permanente será sempre nas instituições cobrados em concurso público. Talvez o que caia com mais
arquivísticas públicas (Arquivo Nacional e arquivos públicos constância, sobretudo as regras de alfabetação (método
estaduais, do Distrito Federal e municipais), responsáveis pela alfabético), o método geográfico e o método numérico simples.
preservação dos documentos e pelo acesso às informações
neles contidas. Outras instituições poderão manter seus Conceito dado pelo Dicionário Brasileiro de Terminologia
arquivos permanentes, seguindo orientação técnica dos Arquivística, revela que métodos de arquivamento é =
arquivos públicos, garantindo o intercâmbio de informações Sequência de operações que determina a disposição dos
sobre os respectivos acervos. documentos de um arquivo ou coleção, uns em relação aos
outros, e a identificação de cada unidade.
4. Observações: Neste campo são registradas informações
complementares e justificativas, necessárias à correta Importante: O uso de métodos de arquivamento
aplicação da tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à apropriados é muito importante para o organismo, pois
alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos dessa forma quem trabalha com a documentação irá
quanto à destinação dos documentos, segundo a organizá-la melhor (arranjo, disposição), a fim de
particularidade dos conjuntos documentais avaliados. recuperá-la com rapidez quando for necessário.
A necessidade de comunicação é tão antiga como a
formação da sociedade humana, o homem, talvez na ânsia de Mas, como escolher o método mais adequado? Cada
se perpetuar, teve sempre a preocupação de registrar suas organismo deve adotar métodos de arquivamento que
observações, seu pensamento, para deixar como legado às atendam às suas necessidades específicas, levando-se em
gerações futuras. consideração a estrutura da entidade e as características dos
Assim começou a escrita. Na sua essência. Isto nada mais é documentos a serem arquivados. O ideal é a instituição não
do que registrar e guardar. Por sua vez, no seu sentido mais adotar um único método de arquivamento, e sim vários deles,
simples, guardar é arquivar. considerando sempre a documentação existente nos setores
Por muito tempo reinou uma completa confusão sobre o componentes de determinada empresa.
verdadeiro sentido da biblioteca, museu e arquivo.
Indiscutivelmente, por anos e anos, estas instituições tiveram DIVISÃO
mais ou menos o mesmo objetivo. Eram elas depósitos de tudo
o que se produzira a mente humana, isto é, do resultado do - CLASSES
trabalho intelectual e espiritual do homem. Os métodos de arquivamento são divididos em duas
O arquivo, quando bem organizado, transmite ordens, grandes classes:
evita repetição desnecessária de experiências, diminui a • básicos
duplicidade de documentos, revela o que está por ser feito, o • padronizados
que já foi feito e os resultados obtidos. Constitui fonte de
pesquisa para todos os ramos administrativos e auxilia o - BÁSICOS
administrador a tomada de decisões. Podemos dividir os métodos básicos em:
• alfabético (principal elemento a ser considerado num
O Plano de Classificação e as Tabelas de Temporalidade de documento: nome)
Documentos associados garantem a simplificação e a • geográfico (principal elemento: local ou procedência)
racionalização dos procedimentos de gestão documental, • numérico (principal elemento: número)
imprimem maior agilidade e precisão na recuperação dos • ideográfico (principal elemento: assunto)
documentos e das informações e autorizam a eliminação
criteriosa de documentos cujos valores já se esgotaram. Observações:

Objetivos e benefícios da classificação 1ª) Os métodos numéricos podem ser:


- Organização lógica e correto arquivamento de simples/cronológico/dígito-terminal
documentos; 2ª) Os métodos ideográficos podem ser:
- Recuperação da informação ou do documento; • alfabético (enciclopédico/dicionário)
- Recuperação do contexto original de produção dos • numérico (duplex/decimal /unitermo ou indexação
documentos; coordenada)

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-PADRONIZADOS Exemplos: métodos alfabético e geográfico.


 Variadex
É o método alfabético, acrescentando cores (excelente - Sistema indireto
auxiliar mnemônico) às letras. Para recuperar o documento é necessário recorrer a um
Trabalha-se com 5 cores diferentes. As cores são atribuídas índice alfabético remissivo ou a um determinado código.
em função da 2ª letra do nome de entrada no arquivo. As guias
são coloridas e as notações alfabéticas. Exemplo: métodos numéricos.

Ex.: LETRAS → CORES


O, P, Q e abreviações → azul

Cores convencionadas:
A – D e abreviações – ouro ou laranja
E – H e abreviações – rosa ou amarelo
I – N e abreviações – verde
O – Q e abreviações – azul
R – Z e abreviações – palha ou violeta Método alfabético
As cores são cambiáveis, de acordo com as nossas É o sistema mais simples, fácil, lógico e prático, porque
conveniências obedecendo à ordem alfabética pode-se logo imaginar que não
Obs.: Não precisa memorizar a tabela acima. Numa prova, apresentará grandes dificuldades nem para a execução do
aparece um nome específico, e aí basta ao candidato usar as trabalho de arquivamento, nem para a procura do documento
regras de alfabetação, e atribuir a cor em função da segunda desejado, pois a consulta é direta.
letra do nome de entrada no arquivo, como mostra o exemplo
da cliente Carolina Souto Neto. A tabela vem inserida na prova. Método numérico simples
-Automático - Usa-se para arquivar nomes, evitando
acumular pastas de sobrenomes iguais. Combina letras, Consiste em numerar as pastas em ordem da entrada do
números e cores correspondente ou assunto, sem nenhuma consideração à
ordem alfabética dos mesmos, dispensando assim qualquer
-Soundex - Usa-se para arquivar nomes, reunindo-os pela planejamento anterior do arquivo. Para o bom êxito deste
semelhança da pronúncia, apesar de a grafia ser diferente. método, devemos organizar dois índices em fichas; numas
fichas serão arquivadas alfabeticamente, para que se saiba que
-Mnemônico - Usa-se para codificar os assuntos através da numero recebeu o correspondente ou assunto desejado, e no
combinação de letras em lugar de números. As letras são outro são arquivadas numericamente, de acordo com o
consideradas símbolos, pelo fato de este método pretender número que recebeu o cliente ou o assunto, ao entrar para o
auxiliar a memória do arquivista, a fim de possibilitar, de arquivo. Este último índice pode ser considerado tombo
forma mais ágil, a recuperação da informação. (registro) de pastas ocupadas e, graças a ele, sabemos qual é o
último número preenchido e assim destinaremos o número
 Rôneo - Combina letras, números e cores. Está seguinte a qualquer novo cliente que seja registrado.
obsoleto.
Método alfabético numérico
ATENÇÃO: Os métodos padronizados raramente caem
em prova, sobretudo para cargos de nível médio. Caem Como se pode deduzir pelo seu nome, é um método que
mais para cargos de nível superior ou para concursos procurou reunir as vantagens dos métodos alfabéticos simples
envolvendo a área Arquivística, ligados aos profissionais e numérico simples, tendo alcançado seu objetivo, pois desta
da área. Mesmo assim, o mínimo que o concursando deve combinação resultou um método que apresenta ao mesmo
saber é identificá-los (VASM-R, estão lembrados). Vale tempo a simplicidade de um e a exatidão e rapidez, no
ressaltar, ainda, o fato de os métodos automático e soundex arquivamento, do outro. É conhecido também pelo nome de
não serem utilizados nos arquivos brasileiros, e os métodos numeralfa e alfanumérico.
mnemônico e rôneo estarem obsoletos.
Método geográfico
SISTEMAS
Este método é muito aconselhável quando desejamos
Os métodos básicos e padronizados fazem parte de dois ordenar a documentação de acordo com a divisão geográfica,
grandes sistemas: isto é, de acordo com os países, estados, cidades, municípios
• direto etc. Nos departamentos de vendas, por exemplo, é de especial
• indireto utilidade para agrupar os correspondentes de acordo com as
praças onde operam ou residem.
- Sistema direto
O próprio nome sugere: busca direta ao local de guarda do Método específico ou por assunto
documento, sem o auxílio de índice ou quaisquer outros Indiscutivelmente, o método específico, representado por
instrumentos de pesquisa. palavras dispostas alfabeticamente, é um dos mais difíceis
processos de arquivamento, pois, consistindo em agrupar as
pastas por assunto, apresenta a dificuldade de se escolher o
melhor termo ou expressão que defina o assunto. Temos o
vocabulário todo da língua à nossa disposição e justamente o
fato de ser tão amplo o campo da escolha nos dificulta a seleção
acertada, além do que entra muito o ponto de vista pessoal do
arquivista, nesta seleção.

Noções de Arquivologia 6
APOSTILAS OPÇÃO

Método decimal As determinações sobre a destinação devem ser aplicadas


aos documentos de forma sistemática no curso rotineiro das
Este método foi inspirado no Sistema Decimal de Melvil atividades do órgão ou entidade. Essas mesmas determinações
Dewey. Dewey organizou um sistema de classificação para não poderão ser implementadas em documentos que estejam
bibliotecas, muito interessante, o qual conseguiu um grande com pendências, sob litígio ou investigação. O sistema de
sucesso; fora publicado em 1876. gestão arquivística de documentos deve prever as seguintes
Dividiu ele os conhecimentos humanos em dez classes, as ações:
quais, por sua vez, se subdividiram em outras dez, e assim por
diante, sendo infinita essa possibilidade de subdivisão, graças - Retenção dos documentos, por um determinado período,
à sua base decimal. no arquivo corrente do órgão ou entidade que os gerou.
- Eliminação física;
Método simplificado - Transferência;
- Recolhimento para instituição arquivística pública.
Este a rigor não deveria ser considerado propriamente um
método, pois, na realidade, nada mais é do que a utilização de O arquivamento de registros informatizados ocorre por
vários métodos ao mesmo tempo, com a finalidade de reunir meio de programas ou sistemas informatizados geralmente
num só móvel as vantagens de todos eles. não usam papéis, e podem usar as formas de classificação por
método numérico, por assunto ou mesmo o método alfabético.
Avaliação, Temporalidade e Destinação Porém, é sempre importante o sistema conter campos de
A avaliação é uma atividade vital em um programa de busca de dados e opção de cópia de segurança (backup) ou de
gestão arquivística de documentos, pois permite racionalizar impressão, a fim de impedir a perda de dados ou arquivos.
o acúmulo dos documentos nas fases corrente e intermediária, De acordo com o Conselho Nacional de Arquivos
facilitando a constituição dos arquivos permanentes. A (CONARQ)4, os procedimentos e operações técnicas do sistema
avaliação é o processo de análise dos documentos de gestão arquivística de documentos digitais e convencionais:
arquivísticos, visando estabelecer prazos de guarda e a
destinação, de acordo com os valores primário e secundário Captura
que lhes são atribuídos. A captura consiste em declarar um documento como sendo
Os prazos de guarda e as ações de destinação deverão estar um documento arquivístico por meio das ações de:
formalizados na tabela de temporalidade e destinação do - registro;
órgão ou entidade. Os prazos de guarda referem-se ao tempo - classificação;
necessário para o arquivamento dos documentos nas fases - indexação;
corrente e intermediária, visando atender exclusivamente às - atribuição de outros metadados;
necessidades da administração que os gerou, baseado em - arquivamento.
estimativas de uso. Nesse sentido, nenhum documento deverá Os objetivos da captura são:
ser conservado por tempo maior que o necessário. - identificar o documento como documento arquivístico;
A aplicação dos critérios de avaliação é feita com base na - demonstrar a relação orgânica dos documentos.
teoria das três idades e efetiva-se, primeiramente, nos
arquivos correntes, a fim de se distinguirem os documentos de A captura é a incorporação de um documento ao sistema
valor eventual (de eliminação sumária) daqueles de valor de gestão arquivística, quando passará a seguir as rotinas de
probatório e/ou informativo. Deve-se evitar a transferência tramitação e arquivamento. Uma vez capturado, o documento
para os arquivos intermediários de documentos que não tanto poderá ser incluído num fluxo de trabalho e
tenham sido anteriormente avaliados, pois as atividades de posteriormente arquivado, como ser imediatamente
avaliação e seleção nesses arquivos são extremamente arquivado em uma pasta, no caso de documentos em papel, ou
onerosas do ponto de vista técnico e gerencial. diretório, no caso de documentos digitais.
A destinação dos documentos é efetivada após a atividade Tradicionalmente, nos sistemas de gestão arquivística de
de seleção, que consiste na separação dos documentos de valor documentos em papel, a captura é feita no momento em que o
permanente daqueles passíveis de eliminação, mediante documento é registrado, classificado e/ou identificado. Em um
critérios e técnicas estabelecidos na tabela de temporalidade e Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos
destinação. (SIGAD), o documento tanto pode ser produzido diretamente
A complexidade e a abrangência de conhecimentos dentro do sistema e então capturado automaticamente no
exigidos pelo processo de avaliação, que implica no momento do registro, como pode ser produzido fora do
estabelecimento de critérios de valor, requerem a participação sistema e capturado e registrado posteriormente.
de pessoas ligadas a diversas áreas profissionais do órgão ou Além do código de classificação, descritores, número de
entidade, conforme legislação vigente. protocolo e número de registro, a captura pode prever a
O sistema de gestão arquivística de documentos, introdução de outros metadados tais como: data e hora da
particularmente no caso de um SIGAD, deve identificar a criação, da transmissão e do recebimento do documento;
temporalidade e a destinação prevista para o documento no nome do autor, do originador, do digitador e do destinatário,
momento da captura e do registro, de acordo com os prazos e entre outros.
as ações previstas na tabela de temporalidade e destinação do Esses metadados podem ser registrados em vários níveis
órgão ou entidade. de detalhe, dependendo das necessidades geradas pelos
Essa informação deve ser registrada em um metadado procedimentos do órgão ou entidade e do seu contexto jurídico
associado ao documento. O sistema de gestão arquivística de administrativo. Os metadados são essenciais para identificar o
documentos deve também ter capacidade de identificar os documento arquivístico de um modo inequívoco e mostrar sua
documentos que já cumpriram sua temporalidade para relação com os outros documentos.
implementar a destinação prevista. No caso de um SIGAD, esse A captura tem como pré-requisito a definição de: quais
sistema deverá ser capaz de listar os documentos que tenham documentos (produzidos e recebidos) serão capturados pelo
cumprido o prazo previsto na tabela de temporalidade e sistema de gestão arquivística de documentos; quem deve ter
destinação.

4 http://www.uel.br/cch/cdph/arqtxt/downloads_e_ARQ.pdf

Noções de Arquivologia 7
APOSTILAS OPÇÃO

acesso a esses documentos e em quais níveis; por quanto - data de produção;


tempo serão retidos. - data e hora da transmissão e recebimento;
As decisões sobre captura e retenção devem ser - destinatário (com identificação do cargo);
consideradas no momento da concepção do sistema de gestão - espécie documental;
arquivística de documentos. A decisão sobre quais - classificação de acordo com o código de classificação;
documentos devem ser capturados e por quanto tempo devem - associações a documentos diferentes que podem estar
ser mantidos devem seguir o Modelo de requisitos para relacionados pelo fato de registrarem a mesma atividade ou se
sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos referirem à mesma pessoa ou situação;
- julho/2006 Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos / - software e versão sob a qual o documento foi produzido
CONARQ - e levar em conta a análise dos seguintes fatores: ou no qual foi capturado;
legislação vigente, exigências quanto à transparência e ao - máscaras de formatação (template) necessárias para
exercício das atividades do órgão ou entidade, bem como grau apresentar o documento;
de risco que correm caso não capturem documentos - restrição de acesso;
arquivísticos. - descritor;
- prazos de guarda.
Documentos que exigem captura são aqueles que:
- responsabilizam uma organização ou indivíduo por uma Classificação
ação;
- documentam uma obrigação ou responsabilidade; Classificação é o ato ou efeito de analisar e identificar o
- estão relacionados à prestação de contas do órgão ou conteúdo dos documentos arquivísticos e de selecionar a
entidade. classe sob a qual serão recuperados. Essa classificação é feita a
partir de um plano de classificação elaborado pelo órgão ou
Registro entidade que poderá incluir, ou não, a atribuição de um código
O registro consiste em formalizar a captura do documento aos documentos.
arquivístico dentro do sistema de gestão arquivística por meio A classificação determina o agrupamento de documentos
da atribuição de um número identificador e de uma descrição em unidades menores (processos e dossiês) e o agrupamento
informativa. Em um SIGAD, essa descrição informativa é a destas em unidades maiores, formando o arquivo do órgão ou
atribuição de metadados. O registro tem por objetivo entidade. Para tanto, deve tomar por base o conteúdo do
demonstrar que o documento foi produzido ou recebido e documento, que reflete a atividade que o gerou e determina o
capturado pelo sistema de gestão arquivística de documentos, uso da informação nele contida. A classificação também define
bem como facilitar sua recuperação. a organização física dos documentos, constituindo-se em
Os documentos podem ser registrados em níveis referencial básico para sua recuperação.
diferentes dentro de um sistema de gestão arquivística de
documentos, ou seja, além do número identificador atribuído Os objetivos da classificação são:
pelo sistema, um documento pode receber também um - Estabelecer a relação orgânica dos documentos
número único de processo/dossiê ao qual pertence. arquivísticos;
As atividades de protocolo são constituídas pelo conjunto - Assegurar que os documentos sejam identificados de
de operações que visam o controle dos documentos forma consistente ao longo do tempo;
produzidos e recebidos que tramitam no órgão ou entidade, - Nome da pessoa física ou jurídica (órgão ou entidade)
assegurando sua localização, recuperação e acesso. Após o com autoridade e capacidade para emitir o documento ou em
recebimento dos documentos, o serviço de protocolo faz o cujo nome ou sob cujo comando o documento é emitido.
registro, atribuindo número e data de entrada, anotando o - Nome da pessoa física ou jurídica que tem autoridade e
código de classificação e o assunto e procedendo à distribuição capacidade para elaborar o conteúdo do documento.
do documento nas unidades destinatárias. - Nome da pessoa física ou jurídica designada no endereço
Na Administração Pública, em determinados casos, eletrônico no qual o documento é gerado ou enviado.
documentos formarão processos, os quais deverão ser
autuados por uma unidade protocolizadora. Um processo é o A classificação deve se basear no plano de classificação e
documento ou o conjunto de documentos que exige um estudo envolve os seguintes passos:
mais detalhado ou procedimentos como despachos, pareceres - Identificar a ação que o documento registra;
técnicos, anexos ou ainda instruções para pagamento de - Localizar a ação ou atividade no plano de classificação;
despesas. No procedimento de autuação, a unidade - Comparar a atividade com a estrutura organizacional
protocolizadora faz o registro do processo, atribuindo-lhe um para verificar se é apropriada à unidade que gerou o
número único. Esse número é formado a partir de parâmetros documento;
estabelecidos por normas que garantam a sua unicidade e Aplicar a classificação ao documento.
integridade.
Existe legislação específica para utilização dos serviços de Indexação
protocolo nas diversas esferas e âmbitos da Administração
Pública, que regulamenta o registro, a autuação e outros A indexação é a atribuição de termos à descrição do
procedimentos relativos aos processos e outros documentos documento, utilizando vocabulário controlado e/ou lista de
oficiais. A legislação pertinente ao órgão ou entidade deve ser descritores, tesauro e o próprio plano de classificação. A
seguida pelo programa de gestão arquivística de documentos. seleção dos termos para indexação normalmente é feita com
base em:
O registro inclui os seguintes metadados obrigatórios: - Tipologia documental;
- número identificador atribuído pelo sistema; - Título ou cabeçalho do documento;
- data e hora do registro; - Assunto do documento;
- título ou descrição abreviada; - Datas associadas com as transações registradas no
documento;
O registro pode incluir informações descritivas mais - Nome de clientes, órgãos ou entidades envolvidas;
detalhadas sobre o documento e sobre outros documentos a - Documentação anexada.
ele relacionados, tais como:

Noções de Arquivologia 8
APOSTILAS OPÇÃO

O objetivo da indexação é ampliar as possibilidades de Recolhimento


busca e facilitar a recuperação dos documentos, podendo ser
feita de forma manual ou automática. Recolhimento é a entrada de documentos em arquivos
permanentes de acordo com a jurisdição arquivística a que
Atribuição de restrição de acesso pertencem. Os documentos a serem recolhidos devem ser
acompanhados de instrumentos que permitam sua
Os documentos também devem ser analisados com relação identificação e controle, segundo a legislação vigente.
às precauções de segurança, ou seja, se são considerados Os procedimentos de transferência e recolhimento de
ostensivos ou sigilosos. No caso dos documentos sigilosos, a arquivos digitais para instituição arquivística que implicam na
legislação estabelece diferentes graus a serem atribuídos a transposição desses documentos de um SIGAD para outro
cada documento. Os documentos que dizem respeito à sistema informatizado deverão adotar algumas providências
segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles no que diz respeito a:
necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade, da
vida privada, da honra e da imagem das pessoas estarão - Compatibilidade de suporte e formato, de acordo com as
sujeitos às restrições de acesso, conforme legislação em vigor. normas previstas pela instituição arquivística recebedora;
A atribuição de restrições deve ser feita no momento da - Documentação técnica necessária para interpretar o
captura, com base no esquema de classificação de segurança e documento digital (processamento e estrutura dos dados);
sigilo elaborado pelo órgão ou entidade e envolve os seguintes - Instrumento descritivo que inclua os metadados
passos: identificar a ação ou atividade que o documento atribuídos aos documentos digitais e informações que
registra; identificar a unidade administrativa à qual o possibilitem a presunção de autenticidade dos documentos
documento pertence; verificar a precaução de segurança e o recolhidos à instituição arquivística;
grau de sigilo; - Informações sobre as migrações realizadas no órgão
produtor.
Eliminação
Pesquisa, localização e apresentação dos documentos
Eliminar significa destruir os documentos que, na
avaliação, foram considerados sem valor para a guarda O sistema de gestão arquivística de documentos deve
permanente. A eliminação deve ser precedida da elaboração prever funções de recuperação e acesso aos documentos
de listagem, do edital de ciência de eliminação e do termo de arquivísticos e às informações neles contidas, de forma a
eliminação, segundo a legislação vigente e deve obedecer aos satisfazer a condução das atividades e os requisitos relativos à
seguintes princípios: transparência do órgão ou entidade. A recuperação inclui a
pesquisa, a localização e a apresentação dos documentos.
- A eliminação deverá sempre ser autorizada pela Em um SIGAD a apresentação dos documentos consiste em
autoridade arquivística na sua esfera de competência; exibi-los em tela ou em imprimi-los; pode também implicar na
- Os documentos arquivísticos que estiverem pendentes, leitura de dados de áudio ou de vídeo. No âmbito do sistema
sob litígio ou investigação, não poderão ser destruídos; de gestão arquivística de documentos, a pesquisa é feita por
- A eliminação deverá ser realizada de forma a meio de instrumentos de busca tais como guias, inventários,
impossibilitar a recuperação posterior de qualquer catálogos, repertórios e índices.
informação confidencial contida nos documentos eliminados, Já em um SIGAD a pesquisa é feita por meio de parâmetros
como por exemplo dados de identificação pessoal ou pré - definidos, selecionados dentre as informações coletadas
assinatura. no momento do registro do documento e dentre os metadados
- Todas as cópias dos documentos eliminados, incluindo a ele associados. Todos os recursos de pesquisa, localização e
cópias de segurança e cópias de preservação, independente do apresentação de documentos têm que ser submetidos a
suporte, deverão ser destruídas. controles de acesso e segurança, os quais serão especificados
a seguir.
Transferência
Segurança: controle de acesso, trilhas de auditoria e cópias
Transferência é a passagem de documentos do arquivo de segurança
corrente para o arquivo intermediário, onde aguardarão o O sistema de gestão arquivística de documentos deve
cumprimento dos prazos de guarda e a destinação final. Ao prever controles de acesso e procedimentos de segurança que
serem transferidos, os documentos deverão ser garantam a integridade dos documentos. Dentre esses
acompanhados de listagem de transferência. A transferência procedimento, pode-se destacar o uso de controles técnicos e
pode ser realizada de diferentes formas, como se segue abaixo: programáticos, diferenciando tipos de documentos, perfis de
usuários e característica de acesso aos dados, manutenção de
- Transferência para uma área de armazenamento trilhas de auditoria e de rotinas de cópias de segurança.
apropriada sob controle do órgão ou entidade que produziu o Além disso, também devem ser levadas em conta
documento; exigências e procedimentos de segurança da infraestrutura
- Transferência para uma instituição arquivística, que das instalações. Controle de acesso O sistema de gestão
ficará responsável pela custódia do documento. arquivística de documentos precisa limitar ou autorizar o
acesso a documentos, por usuário e/ou grupos de usuários. O
Quando os documentos transferidos ficam sob a custódia controle de acesso deve garantir, no mínimo, as seguintes
de um órgão ou entidade diferente da que os produziu, a funções:
organização responsável pela custódia tem a obrigação de
mantê-los e gerenciá-los de forma adequada, garantindo sua - Restrição de acesso aos documentos;
destinação final, preservação e acesso. Todas essas obrigações - Exibição dos documentos, criptografados ou não, e dos
devem estar formalizadas em um contrato firmado entre o metadados somente aos usuários autorizados;
órgão ou entidade que produziu os documentos e o - Uso e intervenção nos documentos somente pelos
responsável pela sua custódia. usuários autorizados.

Noções de Arquivologia 9
APOSTILAS OPÇÃO

Os documentos também devem ser analisados com relação dados em resposta às atividades ou ações registradas em um
às precauções de segurança, ou seja, se são considerados documento; atribuir responsabilidade por uma ação a uma
ostensivos ou sigilosos. No caso dos documentos sigilosos, a pessoa; registrar a data em que uma ação deve ser executada
legislação estabelece diferentes graus a serem atribuídos a e a data em que ocorreu. A movimentação dos documentos
cada documento e as autoridades competentes para fazê-lo. arquivísticos deve ser registrada de forma a garantir que
Os documentos que dizem respeito à segurança da possam ser sempre localizados.
sociedade e do Estado, bem como aqueles necessários ao As trilhas de auditoria devem registrar o número
resguardo da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, identificador atribuído pelo sistema, o título, a pessoa ou
da honra e da imagem das pessoas – como por exemplo dossiês unidade que teve acesso ao documento e a hora e a data da
funcionais e prontuários médicos - também estarão sujeitos às movimentação. O sistema deve rastrear o fluxo, a transferência
restrições de acesso, conforme legislação em vigor. entre pessoas, o retorno do documento ao “originador” (home
Um sistema de gestão arquivística de documentos deve location) ou ao armazenamento, assim como a destinação ou o
garantir que os usuários não autorizados não tenham acesso recolhimento a qualquer órgão ou entidade externo, incluindo
aos documentos classificados, isto é, submetidos às categorias instituições arquivísticas.
de sigilo previstas em lei, bem como aqueles que são
originalmente sigilosos. O acesso aos metadados dos Cópias de segurança
documentos sigilosos depende de regulamentação interna do
órgão ou entidade. O sistema de gestão arquivística de documentos deve
O monitoramento e mapeamento das permissões de prever controles para proporcionar a salvaguarda regular dos
acesso são um processo contínuo em todos os sistemas de documentos arquivísticos e dos seus metadados. Devem
gestão arquivística de documentos. também poder recuperá-los rapidamente em caso de perda
devido a sinistros, falhas no sistema, contingência, quebra de
Uso e rastreamento segurança ou degradação do suporte. Esses mecanismos
devem seguir a política de segurança da informação do órgão
O uso dos documentos pelos usuários deve ser registrado ou entidade.
pelo sistema nos seus respectivos metadados. A gestão desse No caso dos sistemas de gestão arquivística de
uso inclui: documentos convencionais pode-se prever a reprodução de
- Identificação da permissão de acesso dos usuários, isto é, documentos para outros suportes como medida de segurança,
o que ele pode acessar; como, por exemplo, por processo de microfilmagem ou
- Identificação da precaução de segurança e da categoria de digitalização. No caso dos sistemas de gestão arquivística de
sigilo dos documentos; documentos digitais, o SIGAD deve prover meios de realização
- Garantia de que somente os indivíduos autorizados de cópias de segurança (backup). Este processo consiste na
tenham acesso a documentos classificados e aos originalmente realização de cópias periódicas das informações com o
sigilosos; propósito de restauração posterior das mesmas em caso de
- Registro de todos os acessos, tentativas de acesso e usos perda devido a falhas de software, hardware ou mesmo
dos documentos (visualização, impressão, transmissão e cópia acidente.
para a área de transferência) com identificação de usuário, O processo reverso ao backup é o de restauração (restore),
data, hora e, se possível, a estação de trabalho; que consiste em recuperar as informações para o ambiente de
- Revisão periódica das classificações de acesso a fim de produção do SIGAD em um estado consistente. Como o
garantir sua atualização. objetivo é restaurar o sistema em caso de falhas, as
informações não são armazenadas por períodos muito longos
O rastreamento dos documentos em trilhas de auditoria é (normalmente até um ano).
uma medida de segurança que tem por objetivo verificar a Dessa forma o procedimento de cópias de segurança não
ocorrência de acesso e uso indevidos aos documentos. O grau pode ser confundido com uma estratégia de preservação a
de controle de acesso e o detalhamento do registro na trilha de longo prazo. Segurança da infraestrutura A natureza das
auditoria dependem da natureza do órgão ou entidade e dos medidas de segurança da infraestrutura de instalações do
documentos produzidos. acervo digital diz respeito a requisitos operacionais e não é
muito diferente daquela do acervo analógico ou convencional.
Trilhas de auditoria Essas medidas devem levar em conta os seguintes
aspectos: as salas reservadas a computadores servidores,
A trilha de auditoria deve registrar o movimento e o uso equipamentos de rede e ao acervo digital devem ter
dos documentos arquivísticos dentro de um SIGAD (captura, temperatura ambiente e umidade relativa do ar controladas e
registro, classificação, indexação, arquivamento, fornecimento estável de energia elétrica.
armazenamento, recuperação da informação, acesso e uso, Deve haver controle contínuo para verificar se essas
preservação e destinação), informando quem operou, a data e condições estão sendo atendidas; equipamentos contra
hora e as ações tomadas. incêndio têm que ser providos em toda área de instalação e
A trilha de auditoria tem o objetivo de fornecer estarem de acordo com as normas de segurança estabelecidas;
informações sobre o cumprimento das políticas e regras da a substituição dos equipamentos contra incêndio tem que
gestão arquivística de documentos do órgão ou entidade e seguir uma rotina de verificação e ocorrer antes do final da
serve para: vida útil prevista para os mesmos; o órgão ou entidade tem que
prever instalações adequadas de para-raios, com
- Identificar os autores de cada operação sofrida pelos procedimentos de manutenção periódica, seguindo a
documentos; legislação e normas técnicas já estabelecidas; a área reservada
- Prevenir a perda de documentos; à instalação do SIGAD deverá ser compartimentada, com o
- Monitorar todas as operações realizadas no SIGAD. objetivo de controlar o acesso às informações; as salas de
- Garantir a segurança e a integridade do SIGAD. computadores servidores são de uso exclusivo de pessoal
autorizado e devem ter controle eletrônico de acesso; para
No caso de procedimentos que tenham prazos a serem acesso a áreas de segurança, identificações e credenciais de
cumpridos pelo órgão ou entidade, deve-se implementar ações autenticação têm que estar de acordo com as atribuições
de rastreamento de forma a: determinar os passos a serem individuais e com as regras de segurança do órgão ou entidade.

Noções de Arquivologia 10
APOSTILAS OPÇÃO

Armazenamento guardadas em depósitos; custo relativo das opções de


armazenamento dos documentos: além do custo dos
As considerações e as ações relativas ao armazenamento dispositivos de armazenamento, deve ser considerado o dos
dos documentos arquivísticos convencionais e digitais equipamentos para sua manipulação e dos softwares de
permeiam todo o seu ciclo de vida. Esse armazenamento deve controle.
garantir a autenticidade e o acesso aos documentos pelo Pelo previsível alto volume de custo, pode ser considerada
tempo estipulado na tabela de temporalidade e destinação. a opção de terceirização do armazenamento. Nesse caso,
Documentos que possuem valor permanente, porém, surgem outros problemas, como garantias legais sobre
independente do formato, requerem um armazenamento a custódia, restrições de acesso e capacidade tecnológica.
criterioso desde o momento da sua criação para garantir sua Medidas tecnológicas, como o uso de criptografia, podem
preservação de longo prazo. Num cenário híbrido, isto é, que impedir acessos não autorizados. Do mesmo modo, a utilização
envolve ao mesmo tempo documentos arquivísticos de técnicas como checksum permitem rastrear eventuais
convencionais e digitais, deve-se considerar requisitos de comprometimentos de conteúdo.
armazenamento que atendam igualmente às necessidades Os documentos digitais são armazenados em dispositivos
desses dois tipos de documentos. de armazenamento eletrônicos, magnéticos e ópticos. É
As condições de armazenamento devem levar em conta o interessante notar que do ponto de vista tecnológico,
volume e as propriedades físicas dos documentos. Devem ser distinguem-se três tipos de memória, em ordem decrescente
projetadas considerando também a proteção contra acesso de preço e velocidade de acesso:
não autorizado e perdas por destruição, furto e sinistro. No - Memória primária;
caso dos documentos arquivísticos digitais, os órgãos e - Memória secundária;
entidades devem dispor de políticas e diretrizes para - Memória terciária.
conversão ou migração desses documentos de maneira a
garantir sua autenticidade, acessibilidade e utilização. A memória primária é de funcionamento essencial,
Os procedimentos de conversão e migração devem necessária a qualquer sistema computacional. É nela que os
detalhar as mudanças ocorridas nos sistemas e nos formatos softwares e os dados são armazenados durante a execução.
dos documentos. Os fatores importantes na seleção das opções Representantes típicas dessa classe são as memórias RAM
de armazenamento são: volume e estimativa de crescimento (Random Access Memory). São memórias extremamente
dos documentos: esse fator deve ser levado em conta para se rápidas. Seu conteúdo é de natureza dinâmica, volátil,
avaliar a capacidade de armazenamento, isto é, áreas de permanecendo válido apenas durante a execução dos
depósito, tipos e quantidade de estante e, no caso de softwares, e não sobrevivendo a paradas do computador. A
documentos digitais, capacidade dos dispositivos de memória secundária apresenta volume maior de
armazenamento; armazenamento que a primária, sendo por outro lado mais
Segurança dos documentos: as instalações de lenta. Não é volátil. São exemplos os discos rígidos magnéticos
armazenamento (depósitos, arquivos, computadores) deverão (hard disk – HD), que podem ser usados isolados ou
prever limitação de acesso aos documentos, como, por combinados em disk arrays.
exemplo, controle das áreas de armazenamento e sistemas de Diversas tecnologias permitem através do uso de disk
detecção de entradas não autorizadas. O depósito deve estar arrays, obter maior desempenho e confiabilidade do que seria
localizado em área que não seja de risco. conseguido com discos isolados. A memória terciária
No caso de documentos digitais, devem ser previstos compreende fitas magnéticas, discos ópticos e outros. Usos
procedimentos que previnam a perda de documentos por falha típicos incluem armazenamento do acervo digital e cópias de
do SIGAD; características físicas do suporte e do ambiente: segurança. Outra nomenclatura corrente para essa classe de
fatores como tipo de suporte, peso, grau de contaminação do memória é "mídias de armazenamento". A memória terciária
documento e do ambiente, temperatura e umidade tem característica não volátil na preservação de dados. Seu
influenciarão na adequação das condições de armazenamento. preço unitário é tão pequeno que requisitos de confiabilidade
Nesse sentido, deverão ser adotados procedimentos - devem prevalecer. Em caso de desastre, o prejuízo da perda de
como o controle e verificação do tempo de vida útil e da dados é superior ao preço das mídias que fisicamente os
estabilidade dos suportes - para prevenir quaisquer danos aos contêm. As memórias secundária e terciária são adequadas
documentos. É importante que os meios de acondicionamento para armazenamento.
sejam robustos e adequados ao formato e à quantidade de
documentos. As áreas de depósito devem ter amplitude Código de Classificação5
adequada, estabilidade de temperatura e de níveis de
umidade, proteção contra sinistro, contaminação (tal como O código de classificação de documentos de arquivo é um
isótopos radioativos, toxinas e mofo) e infestação de insetos ou instrumento de trabalho utilizado para classificar todo e
micro-organismos. qualquer documento produzido ou recebido por um órgão no
Os documentos digitais devem passar periodicamente pela exercício de suas funções e atividades. A classificação por
troca de suporte, isto é, transferir as informações contidas assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos
num suporte para outro. Essa técnica é conhecida por sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua recuperação
rejuvenescimento. Frequência de uso: o uso mais ou menos e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação,
frequente dos documentos deve ser levado em conta na seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a
seleção das opções de armazenamento. esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é
No caso dos documentos convencionais, as opções realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete
envolverão acondicionamento (pastas suspensas, caixas entre a atividade que o gerou e determina o uso da informação nele
outros) e localização dos depósitos (próximos ou distantes da contida. A classificação define, portanto, a organização física
área de trabalho). Já em relação aos documentos digitais, as dos documentos arquivados, constituindo-se em referencial
opções podem envolver armazenamento on-line (disco rígido, básico para sua recuperação.
disk arrays, entre outros) ou off-line, nas chamadas “mídias” de
armazenamento (disco óptico, fita magnética e outros),

5 Classificação, Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo

Relativos às Atividades-Meio da Administração Pública. Disponível em:


http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/Media/resolucao_14.pdf.

Noções de Arquivologia 11
APOSTILAS OPÇÃO

No código de classificação, as funções, atividades, espécies A Classe 000, ADMINISTRAÇÃO GERAL, tem como
e tipos documentais genericamente denominados assuntos, subclasses:
encontram-se hierarquicamente distribuídos de acordo com
as funções e atividades desempenhadas pelo órgão. Em outras 010 – ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
palavras, os assuntos recebem códigos numéricos, os quais 020 – PESSOAL
refletem a hierarquia funcional do órgão, definida através de 030 – MATERIAL
classes, subclasses, grupos e subgrupos, partindo-se sempre 040 – PATRIMÔNIO
do geral para o particular. 050 – ORÇAMENTO E FINANÇAS
Para este instrumento adotou-se o modelo de código de 060 – DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
classificação decimal. Como o próprio nome indica, o sistema 070 – COMUNICAÇÕES
decimal de classificação por assuntos constitui-se num código 080 – (vaga)
numérico dividido em dez classes e estas, por sua vez, em dez 090 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES À
subclasses e assim sucessivamente. As dez classes principais ADMINISTRAÇÃO GERAL
são representadas por um número inteiro, composto de três 010 – ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
algarismos, como se segue: Classificam-se os documentos relativos à criação,
estruturação, funcionamento e organização interna do órgão.
Classe 000
Classe 100 020 – PESSOAL
Classe 200 Nesta subclasse incluem-se os documentos relativos aos
Classe 300 direitos e obrigações dos servidores lotados no órgão, de
Classe 400 acordo com a legislação vigente, bem como os direitos e
Classe 500 obrigações da instituição empregadora no que tange à
Classe 600 assistência, proteção ao trabalho e concessão de benefícios.
Classe 700
Classe 800 030 – MATERIAL
Classe 900 São classificados os documentos referentes à
administração dos materiais do órgão, necessários ao
As classes principais correspondem às grandes funções desenvolvimento de suas atividades, incluindo as formas de
desempenhadas pelo órgão. Elas são divididas em subclasses e aquisição e alienação, o controle do estoque e da distribuição
estas, por sua vez, em grupos e subgrupos, os quais recebem e a conservação e reparo.
códigos numéricos, seguindo-se o método decimal. Desta
forma, tomando-se como exemplo a classe 000, tem-se: 040 – PATRIMÔNIO
Classificam-se os documentos referentes aos bens
CLASSE 000 ADMINISTRAÇÃO GERAL patrimoniais imóveis, veículos e semoventes pertencentes ao
SUBCLASSE 010 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO órgão. Incluem-se, neste caso, as formas de aquisição e
GRUPO 012 COMUNICAÇÃO SOCIAL alienação, bem como os serviços de manutenção, limpeza e
SUBGRUPOS 012.1 RELAÇÕES COM A IMPRENSA recuperação.
012.11 CREDENCIAMENTO DE JORNALISTAS
050 – ORÇAMENTO E FINANÇAS
Note-se que os códigos numéricos refletem a subordinação Classificam-se os documentos relativos à previsão e
dos subgrupos ao grupo, do grupo à subclasse e desta, à classe. execução orçamentária e às operações contábeis e financeiras
Esta subordinação é representada por margens, as quais referentes ao uso dos recursos públicos e comprovação de
espelham a hierarquia dos assuntos tratados. receita e despesa. Incluem-se, ainda, a movimentação de conta
O Código de classificação de documentos de arquivo para a corrente, balanços e prestações de contas aos tribunais de
administração pública: atividades-meio, possui duas classes contas.
comuns a todos os seus órgãos: a classe 000, referente aos
assuntos de ADMINISTRAÇÃO GERAL e a classe 900, 060 – DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
correspondente a ASSUNTOS DIVERSOS. Incluem-se nesta subclasse os documentos referentes à
As demais classes (100 a 800) destinam-se aos assuntos publicação, produção editorial, preparo, impressão e
relativos às atividades fim do órgão. Estas classes não são distribuição de matérias, bem como à aquisição, controle,
comuns, cabendo aos respectivos órgãos sua elaboração, distribuição e acesso à documentação bibliográfica do órgão.
seguindo orientações da instituição arquivística na sua esfera Incluem-se, ainda, os documentos referentes à produção,
específica de competência. controle, avaliação, arquivamento e destinação de documentos
Compõe ainda este código o índice, instrumento auxiliar à arquivísticos, como também os documentos relacionados com
classificação, no qual os assuntos são ordenados as atividades de reprodução, conservação e informática.
alfabeticamente e remetidos ao código numérico
correspondente. 070 – COMUNICAÇÕES
Entendidos os mecanismos de elaboração do Código de Classificam-se os documentos relacionados com a
classificação de documentos de arquivo, serão apresentadas, a instalação, manutenção, operação e uso dos recursos e
seguir, algumas explicações acerca das classes 000 e 900, e serviços postais, de telecomunicações e de tecnologias da
suas respectivas subclasses. informação.

CLASSE 000 – ADMINISTRAÇÃO GERAL 080 – (VAGA)


Esta subclasse mantém-se vaga para possíveis expansões e
Nesta classe são classificados os documentos referentes às inserção de documentos referentes à ADMINISTRAÇÃO
atividades relacionadas à administração interna dos órgãos GERAL, que resultem de novas atividades desenvolvidas pelo
públicos, as quais viabilizam o seu funcionamento e o alcance órgão.
dos objetivos para os quais foram criados.

Noções de Arquivologia 12
APOSTILAS OPÇÃO

090 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES À 940 – VISITAS E VISITANTES


ADMINISTRAÇÃO GERAL Classificam-se os documentos referentes a solicitações de
Incluem-se nesta subclasse documentos de caráter visitas, orientação e assessoramento a visitantes.
genérico relativos à ADMINISTRAÇÃO GERAL. Utiliza-se,
também, esta subclasse, como recurso para inclusão de 950 a 980 – (VAGAS)
assuntos que não possuam classificação específica no Código Estas subclasses mantêm-se vagas para possíveis
de classificação de documentos de arquivo, bem como para expansões e inserção de documentos referentes a ASSUNTOS
evitar a proliferação de subclasses que possam ser reservadas DIVERSOS.
para possíveis expansões. Entretanto, os documentos só
poderão ser aqui classificados após a verificação da não- 990 – ASSUNTOS TRANSITÓRIOS
existência de outras subclasses nas quais possam ser Incluem-se nesta subclasse documentos de caráter
inseridos. genérico, tais como pedidos e cartas de apresentação e
recomendação; comunicações de posse, endereço e
O mesmo se aplica aos últimos grupos: afastamento; convites; felicitações e congratulações;
019 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES À ORGANIZAÇÃO protestos, reivindicações e oferecimentos diversos.
E FUNCIONAMENTO
029 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A PESSOAL Aplicação do Código de Classificação de Documentos
039 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A MATERIAL de Arquivo
049 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A PATRIMÔNIO
059 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A ORÇAMENTO E A classificação é uma das atividades do processo de gestão
FINANÇAS de documentos arquivísticos, o qual inclui procedimentos e
069 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES À rotinas específicas que possibilitam maior eficiência e
DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO agilidade no gerenciamento e controle das informações.
079 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A Desta forma, para que o Código de classificação de
COMUNICAÇÕES documentos de arquivo possa ser aplicado eficientemente,
apresentam-se, a seguir, as operações e rotinas para
Cabe ressaltar que, de acordo com as necessidades, os classificação e arquivamento de documentos.
órgãos poderão desenvolver os grupos e subgrupos referentes
a outros assuntos. Os itens criados, bem como sua Classificação e Arquivamento de Documentos
temporalidade e destinação, deverão ser encaminhados à
instituição arquivística pública na sua respectiva esfera de A classificação deve ser realizada por servidores treinados,
competência para aprovação. de acordo com as seguintes operações.

CLASSE 900 – ASSUNTOS DIVERSOS a) ESTUDO: consiste na leitura de cada documento, a fim
Esta classe refere-se aos documentos de caráter genérico de verificar sob que assunto deverá ser classificado e quais as
que se relacionam com as diversas atividades desenvolvidas referências cruzadas que lhe corresponderão. A referência
pelo órgão. cruzada é um mecanismo adotado quando o conteúdo do
documento se refere a dois ou mais assuntos.
A classe 900, ASSUNTOS DIVERSOS, tem como subclasses: b) CODIFICAÇÃO: consiste na atribuição do código
910 – SOLENIDADES. COMEMORAÇÕES. HOMENAGENS correspondente ao assunto de que trata o documento.
920 – CONGRESSOS. CONFERÊNCIAS. SEMINÁRIOS.
SIMPÓSIOS. ENCONTROS. CONVENÇÕES. CICLOS DE Rotinas Correspondentes Às Operações De Classificação
PALESTRAS. MESAS REDONDAS 1. Receber o documento para classificação;
930 – FEIRAS. SALÕES. EXPOSIÇÕES. MOSTRAS. 2. Ler o documento, identificando o assunto principal e
CONCURSOS. FESTAS o(s) secundário(s) de acordo com seu conteúdo;
940 – VISITAS E VISITANTES 3. Localizar o(s) assunto(s) no Código de classificação de
950 – (vaga) documentos de arquivo, utilizando o índice, quando
960 – (vaga) necessário;
970 – (vaga) 4. Anotar o código na primeira folha do documento;
980 – (vaga) 5. Preencher a(s) folha(s) de referência, para os assuntos
990 – ASSUNTOS TRANSITÓRIOS secundários.
OBS: Quando o documento possuir anexo(s), este(s)
910 – SOLENIDADES. COMEMORAÇÕES. HOMENAGENS deverá(ão) receber a anotação do(s) código(s)
Incluem-se nesta subclasse documentos referentes à correspondente(s).
organização de solenidades, comemorações, homenagens,
bem como aos discursos e palestras proferidas por dirigentes, Arquivamento
servidores ou convidados.
Uma vez classificado e tramitado, o documento deverá ser
920 – CONGRESSOS. CONFERÊNCIAS. SEMINÁRIOS. arquivado, obedecendo às seguintes operações:
SIMPÓSIOS. ENCONTROS. CONVENÇÕES. CICLOS DE a) INSPEÇÃO: consiste no exame do(s) documento(s) para
PALESTRAS. MESAS REDONDAS verificar se o(s) mesmo(s) se destina(m) realmente ao
Classificam-se os documentos referentes a eventos, arquivamento, se possui(em) anexo(s) e se a classificação
promovidos ou não pelo órgão. atribuída será mantida ou alterada.
b) ORDENAÇÃO: consiste na reunião dos documentos
930 – FEIRAS. SALÕES. EXPOSIÇÕES. MOSTRAS. classificados sob um mesmo assunto. A ordenação tem por
CONCURSOS. FESTAS objetivo agilizar o arquivamento, minimizando a possibilidade
Incluem-se nesta subclasse os documentos relativos a de erros. Além disso, estando ordenados adequadamente, será
eventos promocionais, do órgão ou de outras instituições, bem possível manter reunidos todos os documentos referentes a
como material de divulgação. um mesmo assunto, organizando-os previamente para o
arquivamento.

Noções de Arquivologia 13
APOSTILAS OPÇÃO

Após a ordenação, os documentos classificados sob o d) RETIRADA E CONTROLE (EMPRÉSTIMO): esta operação
mesmo código formarão dossiês acondicionados em capas ocorre quando processos, dossiês ou outros documentos são
apropriadas com prendedores plásticos, com exceção dos retirados do arquivo para:
processos e volumes. Os dados referentes ao seu conteúdo – emprestar aos usuários;
(código, assunto e, se for o caso, nome de pessoa, órgão, firma – prestar informações;
ou lugar) serão registrados na capa de forma a facilitar sua – efetuar uma juntada.
identificação. Os dossiês, processos e volumes serão
arquivados em pastas suspensas ou em caixas, de acordo com Nesta fase é importante o controle de retirada, efetuado
suas dimensões. Esta operação possibilita: por meio do recibo de empréstimo (ver item 2.3), no qual são
– racionalizar o arquivamento, uma vez que numa mesma registradas informações sobre processos, dossiês ou outros
pasta poderão ser arquivados vários dossiês correspondentes documentos retirados, além do setor, nome, assinatura do
ao mesmo grupo ou subclasse, diminuindo, assim, o número de servidor responsável pela solicitação e, posteriormente, a data
pastas. da devolução do documento. O recibo de empréstimo tem
como finalidade controlar o prazo para devolução do
Exemplo: documento e servir como indicador de sua frequência de uso,
fator determinante para o estabelecimento dos prazos para
Pasta: 061 – PRODUÇÃO EDITORIAL sua transferência e recolhimento.
Por meio desse controle é possível informar com precisão
Dossiês: 061.1 – EDITORAÇÃO. PROGRAMAÇÃO e segurança a localização do(s) documento(s) retirado(s).
VISUAL O recibo de empréstimo é preenchido em duas vias, sendo:
061.2 – DISTRIBUIÇÃO. PROMOÇÃO. – 1ª via: tal como guia-fora substitui o documento na pasta
DIVULGAÇÃO de onde foi retirado, devendo ser eliminada quando da
devolução do documento;
– organizar internamente cada pasta, separando os – 2ª via: arquivada em fichário à parte, em ordem
documentos referentes a cada pessoa, órgão, firma ou lugar, cronológica, para controle e cobrança, quando vencido o prazo
sempre que a quantidade de documentos justificar e desde que de devolução.
relativos a um mesmo assunto.
Preservação
Exemplo:
Os documentos arquivísticos têm que se manter acessíveis
Pasta: 021.2 – EXAMES DE SELEÇÃO e utilizáveis por todo o tempo que se fizer necessário,
garantindo-se sua longevidade, funcionalidade e acesso
Dossiês: Será criado um dossiê para cada tipo de exame contínuo. Deverão ser asseguradas as características dos
e título de concurso, ordenados alfabeticamente. documentos – tais como autenticidade e acessibilidade - pela
adoção de estratégias institucionais e técnicas proativas de
c) ARQUIVAMENTO: consiste na guarda do documento no criação e de preservação, que garantam a sua perenidade.
local devido (pasta suspensa, prateleira, caixa), de acordo com Essas estratégias são estabelecidas por uma política de
a classificação dada. Nesta fase deve-se ter muita atenção, pois preservação.
um documento arquivado erroneamente poderá ficar perdido, Tradicionalmente a preservação de documentos
sem possibilidades de recuperação quando solicitado arquivísticos se concentra na obtenção da estabilidade do
posteriormente. suporte da informação. Nos documentos convencionais, o
conteúdo e o suporte estão intrinsecamente ligados, dessa
Rotinas Correspondentes às Operações de forma a manutenção do suporte garante a preservação do
Arquivamento documento. De forma distinta, nos documentos digitais, o foco
da preservação é a manutenção do acesso, que pode implicar
1. Verificar a existência de antecedentes (documentos que na mudança de suporte e formatos, bem como na atualização
tratam do mesmo assunto); do ambiente tecnológico. A fragilidade do suporte digital e a
2. Reunir os antecedentes, colocando-os em ordem obsolescência tecnológica de hardware, software e formato
cronológica decrescente, sendo o documento com data mais exigem essas intervenções periódicas.
recente em primeiro lugar e assim sucessivamente; As estratégias de preservação para os documentos
3. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes, arquivísticos devem ser selecionadas com base na sua
de acordo com a ordem estabelecida (cronológica, alfabética, capacidade de manter as características dos documentos e na
geográfica ou outra), formando dossiês. Verificar a existência avaliação custo-benefício. Podem incluir monitoramento e
de cópias, eliminando-as. Caso o original não exista, manter controle ambiental, restrições de acesso, cuidados no seu
uma única cópia; manuseio direto e obtenção de suportes e materiais mais
4. Fixar cuidadosamente os documentos às capas duráveis (papel, tinta, disco óptico, fita magnética, etc). No
apropriadas com prendedores plásticos, com exceção dos caso específico dos documentos digitais, essas estratégias
processos e volumes que, embora inseridos nas pastas incluem a prevenção da obsolescência tecnológica e de danos
suspensas, permanecem soltos para facilitar o manuseio; físicos ao suporte, por meio de procedimentos de migração
5. Arquivar os documentos nos locais devidos, como rejuvenescimento (refreshing) e conversão.
identificando de maneira visível as pastas suspensas, gavetas Outras técnicas utilizadas na preservação de documentos
e caixas; digitais são: emulação, encapsulamento e preservação da
6. Manter reunida a documentação seriada, como por tecnologia. A adoção de formatos digitais abertos se configura
exemplo boletins e atas, em caixas apropriadas, procedendo o adicionalmente como medida de preservação recomendável e
registro em uma única folha de referência, arquivada em pasta necessária. Qualquer que seja a estratégia de preservação
suspensa, no assunto correspondente, repetindo a operação adotada, há que se documentar os procedimentos e as
sempre que chegar um novo número. estruturas de metadados.
O desenvolvimento de novas tecnologias pode tornar
disponíveis outros procedimentos para preservar documentos
digitais por longos períodos. As estratégias de preservação de

Noções de Arquivologia 14
APOSTILAS OPÇÃO

documentos digitais e dos respectivos metadados devem ser (B) Biblioteca Nacional (BN).
formulados e integrados ao SIGAD desde a fase de elaboração (C) Agência Bibliográfica Nacional (ABN).
do projeto desse sistema. Só assim será possível garantir o uso (D) Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT).
e acesso aos documentos digitais durante todo o período (E) Instituto Nacional do Livro (INL).
previsto para sua guarda.
Respostas
Questões
01. D / 02. A / 03. A / 04. E / 05. B”
01. A seguir temos a representação de uma pequena parte
de uma Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos
sem os títulos de cada coluna:
2.2. Gestão de Documentos.
I II III
Serviço 074 2 anos Eliminaç
telefônico ão
Gestão de documentos
Listas 074. Enquan Eliminaç
telefônicas 2 to vigora ão A gestão de documentos é um processo essencial no
internas andamento da organização. É necessário estabelecer uma
Ações 091 De 5 a Guarda série de práticas que garanta a organização e preservação de
judiciais 95 anos permanente arquivos, para que a empresa possa tomar decisões, recuperar
Solenidad 910 1 ano Eliminaç informações e preservar a memória dos arquivos.
es ão O gerenciamento de documentos arquivísticos assegura à
empresa ter um maior controle sobre as informações que
As colunas I, II e III correspondem respectivamente, a: produzem e/ou recebem, racionalizar o layout onde os
(A) espécie documental, prazos de guarda e observação. documentos são guardados, desenvolver as atividades com
(B) assunto, código de classificação e prazos de guarda. maior rapidez e eficiência e melhorar o atendimento aos
(C) plano de classificação, observação e prazos de guarda. clientes.
(D) código de classificação, prazos de guarda e destinação De acordo com o art. 3º da Lei nº 8.159/91, referente à
final. política nacional de arquivos públicos e privados, é
(E) número do documento, ciclo documental e controle. considerado gestão de documentos “o conjunto de
procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção,
02. Ao organizar e arquivar uma série de documentos, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e
ordenados por nome, assunto ou local, o sistema de intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para
classificação utilizado será: guarda permanente”6.
(A) alfabético.
(B) alfanumérico. A gestão ocorre nas fases: corrente e intermediária,
(C) cronológico. atuando na:
(D) geográfico. - Produção;
(E) numérico. - Avaliação;
- Uso;
03. Com relação ao campo teórico da arquivologia, assinale - Tramitação;
a alternativa correta. - Arquivamento.
(A) A arquivologia estuda as funções dos serviços ou
instituições de arquivo e os princípios e as técnicas a serem Objetivos da Gestão de Documentos
observados no tratamento e na disponibilidade dos acervos - Possibilitar a produção, administração, controle e
arquivísticos. manutenção do conjunto documental de forma racional,
(B) As três idades documentais podem ser denominadas econômica e eficiente;
de corrente, semiativa e informativa. - Viabilizar a recuperação da informação através de
(C) O ramo da arquivologia que estuda acervos de ferramentas tecnológicas modernas que facilitam a localização
documentos ancestrais é adjetivado de arqueoló gico. e utilização da informação com eficiência, rapidez e precisão;
(D) A arquiví́stica é a té cnica e a arquivologia, a ciencia, - Preservar a memória institucional;
segundo a visão difundida pelo Arquivo Nacional. - Otimizar o uso da informação independente da natureza
(E) O triplo objeto da arquivologia é o fundo arquivístico, o do suporte.
arquivista e a instituição arquivística.
Organização e administração de arquivos
04. O termo que melhor caracteriza o que são as massas Os resultados satisfatórios de uma eficiente organização e
documentais acumuladas é o arquivo administração de arquivos de qualquer organismo/instituição
(A) corrente. estão diretamente relacionados ao emprego indispensável de:
(B) intermediário. - política interna que reconheça a importância do arquivo
(C) permanente. na estrutura da empresa;
(D) inativo. - ferramentas apropriadas;
(E) morto. - redução do tempo de arquivamento;
- profissionais qualificados;
05. No Brasil, atualmente o órgão responsável pelo - instrumentos de controle e monitoramento do
depósito legal de publicações no Brasil é o (a) armazenamento e tráfego documental e;
(A) Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e - instalações físicas apropriadas, compatíveis com o acervo
Tecnologia (IBICT). documental.

6 Palácio do Planalto. Lei nº 8.159, de 8 de Janeiro de 1991. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8159.htm>.

Noções de Arquivologia 15
APOSTILAS OPÇÃO

Objetivos: Questões
- redução de custos com a administração e manutenção do
acervo; 01. O processo administrativo que permite analisar e
- padronização dos sistemas e métodos de arquivamento; controlar sistematicamente, ao longo de seu ciclo de vida, a
- aproveitamento adequado e ganho de espaço físico; informação registrada que se produz, recebe, mantém ou
- maior controle da massa documental; utiliza uma organização, em consonância com sua missão,
- sigilo das informações; objetivos e operações, denomina-se
- preservação e conservação dos documentos; (A) Gestão da Informação.
- recuperação rápida e eficiente das informações. (B) Gestão de Depósito.
(C) Gestão do Conhecimento.
Para Marilena Leite Paes, a organização e administração de (D) Gênero Documental.
arquivos compreendem 4 etapas, são elas: (E) Gestão de Documentos.

1º) Levantamento de dados 02. Em relação a gestão de documentos na esfera pública,


Pressupõe o conhecimento da estrutura da organização e a julgue os itens subsequentes. A fase de utilização refere-se às
coleta de informações a respeito: atividades de controle, organização e acesso a documentos em
fase corrente, incluindo-se arquivamento, recuperação e
• Do funcionamento dos órgãos internos; descarte de documentos e informações.
• Do trâmite documental; (...) Certo
• Dos sistemas e métodos de arquivamento utilizados; (...) Errado
• Da entrada e expedição de documentos;
• Do manuseio, acondicionamento e armazenamento dos 03. No que se refere à gestão de documentos, julgue os
arquivos; itens a seguir. São três as fases de um programa de gestão de
• Da disponibilização do acervo mediante consulta e documentos: implantação, armazenamento e eliminação.
empréstimo; (...) Certo
• Do gênero e espécie dos documentos existentes; (...) Errado
• Do volume dos documentos arquivados;
• Da tecnologia empregada na reprodução e conservação 04. A gestão de documentos engloba, entre outras, as fases
dos documentos; de:
• Das normas e legislação arquivística empregadas na (A) produção e destinação
instituição etc. (B) emulação e migração;
(C) conservação e restauração;
2º) Análise dos dados coletados (D) eliminação e preservação;
Faz-se um diagnóstico de arquivo, ou seja, a análise de toda (E) criação e aquisição.
documentação de arquivo, identificando falhas e fatores que
contribuem para o mau funcionamento do arquivo. Respostas

3º) Planejamento Etapa que compreende a elaboração 01: E / 02: ERRADO / 03: ERRADO / 04: A.
de um plano de arquivo (plano arquivístico) levando-se
em consideração:
• As instituições físicas e equipamentos empregados; 2.3. Instrumentos de
• Elaboração de um projeto de arquivo;
• Os recursos humanos e financeiros;
Gestão de Documentos.
• Os sistemas e métodos de arquivamento que serão
utilizados;
Prezado candidato(a), ressaltamos que os instrumentos
• O lugar ocupado pelo arquivo no organograma da
de Gestão de Documentos são os seguintes: o Código de
instituição, etc.
Classificação e a Tabela de Temporalidade e Destinação de
Documentos de Arquivo. Logo, destacamos que estes
4º) Implantação e acompanhamento
assuntos são devidamente abordados no tópico 2.1.
Finalizando o processo de organização e administração de
Conceitos Fundamentais de Arquivologia.
arquivos, é a etapa responsável pela execução do que foi
planejado, nessa fase:
• Leva-se ao conhecimento do corpo administrativo e
operacional da instituição a necessidade de se adequar aos
novos procedimentos referentes ao manuseio/trato de 2.4. Protocolo.
documentos desde a sua criação/recepção até a
eliminação/descarte;
• Qualificam-se, através de cursos e treinamentos, pessoas PROTOCOLO.7
que lidam, direta ou indiretamente, com os arquivos;
• Acompanha-se periodicamente a implementação e Antes de qualquer coisa, apresentaremos os conceitos de
execução do planejamento; gestão documental e protocolo, que serão de grande
• Por fim, elabora-se o manual de arquivo, respeitando a importância para uma melhor compreensão do tema proposto.
legislação pertinente e as necessidades da instituição.
“Considera-se gestão de documentos o conjunto de
procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção,
tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e

7 PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. 3.ed. Rio de Janeiro: FGV, SENAC. D. N. Técnicas de arquivo e protocolo. Rio de Janeiro: Senac, 1999.
2004. p. 53-60. p. 37-44.

Noções de Arquivologia 16
APOSTILAS OPÇÃO

intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para a Dentre as recomendações de recebimento e


guarda permanente” (Lei Federal nº 8.159, de 8-1-1991). registro, destaca-se:
-Receber as correspondências, separando as de caráter
A gestão de arquivos é um processo essencial no oficial da de caráter particular, distribuindo as de caráter
andamento da organização. É necessário estabelecer uma particular a seus destinatários.
série de práticas que garanta a organização e preservação de Após essa etapa, os documentos devem seguir seu curso, a
arquivos, para que a empresa possa tomar decisões, recuperar fim de cumprirem suas funções.
informações e preservar a memória dos arquivos.
Para que isto ocorra, devem ser distribuídos e classificados
O gerenciamento de documentos arquivísticos assegura à da forma correta, ou seja, chegar ao seu destinatário. Para isto,
empresa ter um maior controle sobre as informações que recomenda-se:
produzem e/ou recebem, racionalizar o layout onde os -Separar as correspondências de caráter ostensivo das de
documentos são guardados, desenvolver as atividades com caráter sigiloso, encaminhado as de caráter sigiloso aos seus
maior rapidez e eficiência e melhorar o atendimento aos respectivos destinatários;
clientes. -Tomar conhecimento das correspondências de caráter
ostensivos por meio da leitura, requisitando a existência de
Protocolo é a denominação geralmente atribuída a setores antecedentes, se existirem;
encarregados do recebimento, registro, distribuição e -Classificar o documento de acordo com o método da
movimentação dos documentos em curso; denominação instituição; carimbando-o em seguida;
atribuída ao próprio número de registro dado ao documento; -Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao
Livro de registro de documentos recebidos e/ou protocolo.
expedidos. (PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. -Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando a
3.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004. p. 27). segunda via da ficha ao documento;
-Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora com
É de conhecimento comum o grande avanço que a os dados das fichas de protocolo;
humanidade teve nos últimos anos. Dentre tais avanços, -Arquivar as fichas de protocolo.
incluem-se as áreas que vão desde a política até a tecnológica.
Tais avanços contribuíram para o aumento da produção de A tramitação de um documento dentro de uma instituição
documentos. Cabe ressaltar que tal aumento teve sua depende diretamente se as etapas anteriores foram feitas da
importância para a área da arquivística, no sentido de ter forma correta. Se feitas, fica mais fácil, com o auxílio do
despertado nas pessoas a importância dos arquivos. protocolo, saber sua exata localização, seus dados principais,
Entretanto, seja por descaso ou mesmo por falta de como data de entrada, setores por que já passou, enfim,
conhecimento, a acumulação de massas documentais acompanhar o desenrolar de suas funções dentro da
desnecessárias foi um problema que foi surgindo. Essas instituição. Isso agiliza as ações dentro da instituição,
massas acabam por inviabilizar que os arquivos cumpram suas acelerando assim, processos que anteriormente encontravam
funções fundamentais. Para tentar sanar esse e dificuldades, como a não localização de documentos, não se
outros problemas, que é recomendável o uso de um sistema de podendo assim, usá-los no sentido de valor probatório, por
protocolo. exemplo.
Durante a sua tramitação, os arquivos correntes podem Nenhuma correspondência oficial recebida poderá
exercer funções de protocolo (recebimento, registro, permanecer sem tramitação no Protocolo-Geral e no
distribuição, movimentação e expedição de documentos), daí a Processamento Técnico por mais de 24 horas, salvo as
denominação comum de alguns órgãos como Protocolo e recebidas às sextas-feiras, véspera de feriados e pontos
Arquivo. E é neste ponto que os problemas têm seu início. facultativos. Todo documento deverá ter sua tramitação
Geralmente, as pessoas que lidam com o recebimento de registrada em sistema informatizado, sendo VEDADA a
documentos não sabem, ou mesmo não foram orientadas tramitação informal. A tramitação de documentos será
sobre como proceder para o documento cumpra a sua função efetuada de forma descentralizada, sendo a última unidade
na instituição. Para que este problema inicial seja resolvido, a organizacional, detentora do documento, responsável por dar
implantação de um sistema de base de dados, de preferência continuidade à tramitação no sistema informatizado.
simples e descentralizado, permitindo que, tão logo cheguem Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos
às instituições, os documentos fossem registrados, pelas devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou
devidas pessoas, no seu próprio setor de trabalho seria uma recolhimento.
ótima alternativa. Tal ação diminuiria o montante de É nesta etapa que a expedição de documentos torna-se
documentos que chegam as instituições, cumprem suas importante, pois por meio dela, fica mais fácil fazer uma
funções, mas sequer tiveram sua tramitação ou destinação avaliação do documento, podendo-se assim decidir de uma
registrada. forma mais confiável, o destino do documento.
Algumas rotinas devem ser adotadas no registro A expedição trata-se da saída da correspondência e demais
documental, afim de que não se perca o controle, bem como documentos de uma instituição, a qual envolve procedimentos
surjam problemas que facilmente poderiam ser evitados inerentes às rotinas da expedição de documentos
(como o preenchimento do campo Assunto, de muita
importância, mas que na maioria das vezes é feito de forma Dentre as recomendações com relação a expedição de
errônea). documentos, destacam-se:
-Receber a correspondência, verificando a falta de anexos
Recebimento: e completando dados;
Principais atividades: recebe o documento; separa os -Separar as cópias, expedindo o original;
documentos (oficial do particular, ostensivo do sigiloso); -Encaminhar as cópias ao Arquivo.
encaminha os documentos de natureza sigilosa e particular
aos determinados destinatários; interpreta e classifica os É válido ressaltar que as rotinas acima descritas não valem
documentos ostensivos; encaminha os documentos ao setor de como regras, visto que cada instituição possui suas tipologias
registro e movimentação. documentais, seus métodos de classificação, enfim, surgem

Noções de Arquivologia 17
APOSTILAS OPÇÃO

situações diversas. Servem apenas como exemplos para a Processamento Técnico por mais de 24 horas, salvo as
elaboração de rotinas em cada instituição. recebidas às sextas-feiras, vésperas de feriados e ponto
Após a discussão das vantagens de implantação de um facultativos.
sistema de protocolo, cabe avaliar as desvantagens do uso (...) Todo documento deverá ter sua tramitação registrada
deste sistema, se feito de forma errônea. em sistema informatizado, sendo aceita à tramitação informal
Em um primeiro momento, deve-se pensar num sistema em casos apropriados.
simples de inserção de dados, que venha a atender as (...) A tramitação de documentos será efetuada de forma
necessidades da empresa. Contudo, é essencial que as pessoas descentralizada, sendo a última unidade organizacional,
que trabalham diretamente com o recebimento e registro de detentora do documento, responsável por dar continuidade à
documentos, recebam um treinamento adequado, para que tramitação no sistema informatizado.
possam executar essa tarefa da forma correta, visto que, se (...) Para efetivo controle dos documentos, a tramitação
feita da forma errada, todo o trâmite do documento pode ser ocorrerá sempre por intermédio dos responsáveis pelos
comprometido. Deve-se esquecer a ideia de que basta inserir Arquivos Setoriais, cabendo a estes gerenciar o recebimento e
dados e números num sistema, que todos os problemas serão a distribuição dentro das unidades organizacionais.
resolvidos. (...) Ao receber um documento, o responsável pelo Arquivo
A própria conscientização dos funcionários, no sentido de Setorial deve verificar se este já está cadastrado e tramitado
que, se organizados e devidamente registrados, as tarefas que no sistema; caso não esteja, deve-se solicitar ao Protocolo-
necessitam do uso de documentos se tornarão mais fáceis para Geral seu cadastramento e tramitação.
todos que venham a executá-las, proporcionado assim um (A) F/ V/ V/ F/ F
melhor rendimento de todo o pessoal. Portanto, fica claro que (B) V/ F/ V/ V/ V
o protocolo pode ser uma saída para os problemas mais (C) V/ V/ V/ F/ F
comuns de tramitação documental, desde que utilizado da (D) F/ /F/ F/ V/ F
forma correta. Do contrário, a implantação deste sistema pode (E) V/ F/ F/ F/ V
ocasionar outros problemas, talvez de cunho ainda maior.
Diante do quadro exposto, fica mais fácil entender porque 03. Ao receber os documentos para expedição, o
as grandes instituições optam por um sistema de protocolo. Protocolo- Geral não deverá proceder da seguinte forma:
Independente do tamanho da instituição, a ideia da
implantação de um sistema de protocolo é válida, desde que (A) verificar se as correspondências recebidas coincidem
algumas ações sejam tomadas no sentido de colaborar para com o controle de expedição efetuado no sistema pela unidade
que este sistema atenda às necessidades para que foi organizacional.
criado. Esperamos que tenha ficado claro que de nada adianta (B) conferir o endereçamento.
apenas idealizar e implantar um sistema de protocolo se não (C) preencher o(s) formulário(s) específico(s) da Empresa
houver uma colaboração instituição / funcionários. Brasileira de Correios e Telégrafos, quando necessário.
É um procedimento relativamente simples, se comparado (D) expedir pelo Correio ou por outros meios, de acordo
as facilidades que pode trazer. Fica ainda a ideia que não se com as necessidades.
deve parar os estudos sobre tal assunto, visto que os suportes (E) expedir correspondência de caráter particular com
estão sempre em transformação, necessitando assim de especial atenção.
melhores condições na manutenção destes.
Respostas
Questões
01: D / 02: B / 03: E
01. De acordo com a doutrina sobre o tema Gestão de
Documentos, o Protocolo Geral de uma Agência deve executar
as seguintes rotinas:
2.5. Legislação Arquivística.
I. verificar se o destinatário ou a unidade pertencem ou não
à Agência; em caso negativo, devolverá a correspondência ao
remetente, apondo carimbo apropriado e identificando o
Caro(a) Candidato(a) apresentaremos neste tópico as
motivo da devolução.
leis mais exigidas nos concursos públicos, caso tenha
II. registrar, utilizando carimbo próprio, no canto inferior
interesse em estudar todo o conteúdo pertinente a
direito do original e da cópia do interessado, quando houver, a
legislação arquivística acesse:
data, hora e assinatura do recebedor.
http://www.conarq.gov.br/legislacao/coletanea-da-
III. separar a correspondência institucional da particular.
legislacao.html
IV. distribuir a correspondência pública diretamente, e a
correspondência particular mediatamente ao destinatário.
LEI N° 5.433, DE 8 DE MAIO DE 1968
V. registrar em sistema e encaminhar a correspondência
institucional ao Processamento Técnico.
Regula a microfilmagem de documentos oficiais e dá
É correto o que está contido em:
outras providências.
(A) I e IV, apenas.
(B) III, apenas.
Art. 1° É autorizada, em todo o território nacional, a
(C) II e V, apenas.
microfilmagem de documentos particulares e oficiais
(D) I, II, III e V, apenas.
arquivados, estes de órgãos federais, estaduais e municipais.
(E) I, III e IV, apenas.
§1° Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as
certidões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas
02. Sobre o assunto Distribuição e Tramitação de
diretamente dos filmes produzirão os mesmos efeitos em
Correspondências, marque V para verdadeiro ou F para falso
juízos ou fora dele.
e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência
§2° Os documentos microfilmados poderão, a critério da
correta.
autoridade competente, ser eliminados por incineração,
(...) Nenhuma correspondência oficial recebida poderá
destruição mecânica ou por outro processo adequado que
permanecer sem tramitação no Protocolo Geral e no
assegure a sua desintegração.

Noções de Arquivologia 18
APOSTILAS OPÇÃO

§3° A incineração dos documentos microfilmados ou sua temporária, do País, de obras raras atingidas no art. 1º e seu
transferência para outro local far-se-á mediante lavratura de parágrafo único.
termo, por autoridade competente, em livro próprio.
§4° Os filmes negativos resultantes de microfilmagem Art. 3º A infringência destas disposições será punida na
ficarão arquivados na repartição detentora do arquivo, vedada forma da lei, devendo ser efetivadas pela autoridade
sua saída sob qualquer pretexto. competente as apreensões dela decorrentes.
§5° A eliminação ou transferência para outro local dos Parágrafo único. A destinação dos bens apreendidos será
documentos microfilmados far-se-á mediante lavratura de feita em proveito do patrimônio público, após audiência do
termo em livro próprio pela autoridade competente. Conselho Federal de Cultura.
§6° Os originais dos documentos ainda em trânsito,
microfilmados não poderão ser eliminados antes de ser Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação e
arquivados. será regulamentada dentro de 60 (sessenta) dias.
§7° Quando houver conveniência, ou por medida de
segurança, poderão excepcionalmente ser microfilmados Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.
documentos ainda não arquivados desde que autorizados por Brasília, 9 de julho de 1968; 147º da Independência e 80º
autoridade competente. da República.
A. COSTA E SILVA
Art. 2° Os documentos de valor histórico não deverão ser Tarso Dutra
eliminados, podendo ser arquivados em local diverso da
repartição detentora dos mesmos. LEI Nº 8.159, DE 08 DE JANEIRO DE 1991

Art. 3° O Poder Executivo regulamentará, no prazo de 90 Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e
(noventa) dias, a presente Lei, indicando as autoridades privados e dá outras providências.
competentes, nas esferas federais, estaduais e municipais para
a autenticação de traslados e certidões originais de CAPÍTULO I
microfilmagem de documentos oficiais. DISPOSIÇÕES GERAIS
§1° O decreto de regulamentação determinará, igualmente,
quais os cartórios e órgãos públicos capacitados para Art. 1º É dever do Poder Público a gestão documental e a
efetuarem a microfilmagem de documentos particulares bem proteção especial a documentos de arquivos, como
como os requisitos que a microfilmagem realizada, por aqueles instrumento de apoio à administração, à cultura, ao
cartórios e órgãos públicos devem preencher para serem desenvolvimento científico e como elementos de prova e
autenticados, a fim de produzirem efeitos jurídicos em juízos informação.
ou fora dele, quer os microfilmes, quer os seus traslados e
certidões originárias. Art. 2º Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os
§2° Prescreverá também o decreto as condições que os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos
cartórios competentes terão de cumprir para autenticação de públicos, instituições de caráter público e entidades privadas,
reproduções realizados por particulares, para produzir efeitos em decorrência do exercício de atividades específicas, bem
jurídicos com a terceiros. como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da
informação ou a natureza dos documentos.
Art. 4° É dispensável o reconhecimento da firma da
autoridade que autenticar os documentos oficiais arquivados, Art. 3º Considera-se gestão de documentos o conjunto de
para efeito de microfilmagem e os traslados e certidões procedimentos e operações técnicas referentes à sua
originais de microfilmes. produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase
corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou
Art. 5° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. recolhimento para guarda permanente.

Art. 6° Revogam-se as disposições em contrário. Art. 4º Todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular ou de interesse
Brasília, 8 de maio de 1968; 147° da Independência e 80° coletivo ou geral, contidas em documentos de arquivos que
da República. serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
LEI Nº 5.471, DE 09 DE JULHO DE 1968 da sociedade e do Estado, bem como à inviolabilidade da
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das
Dispõe sobre a Exportação de Livros Antigos e Conjuntos pessoas.
Bibliográficos Brasileiros.
Art. 5º A administração pública franqueará a consulta aos
Art. 1º Fica proibida, sob qualquer forma, a exportação de documentos públicos na forma da Lei.
bibliotecas e acervos documentais constituídos de obras
brasileiras ou sobre o Brasil, editadas nos séculos XVI a XIX. Art. 6º Fica resguardado o direito de indenização pelo dano
Parágrafo único. Inclui-se, igualmente, nesta proibição a material ou moral decorrente da violação do sigilo, sem
exportação de: prejuízo das ações penal, civil e administrativa.
a) obras e documentos compreendidos no presente artigo
que, por desmembramento dos conjuntos bibliográficos, ou CAPÍTULO II
isoladamente, hajam sido vendidos; DOS ARQUIVOS PÚBLICOS
b) coleções de periódicos que já tenham mais de dez anos
de publicados, bem como quaisquer originais e cópias antigas Art. 7º Os arquivos públicos são os conjuntos de
de partituras musicais. documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas
atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do
Art. 2º Poderá ser permitida, para fins de interesse Distrito Federal e municipal em decorrência de suas funções
cultural, a juízo da autoridade federal competente, a saída administrativas, legislativas e judiciárias.

Noções de Arquivologia 19
APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos § 1º São Arquivos Federais o Arquivo Nacional do Poder
produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por Executivo, e os arquivos do Poder Legislativo e do Poder
entidades privadas encarregadas da gestão de serviços Judiciário. São considerados, também, do Poder Executivo os
públicos no exercício de suas atividades. arquivos do Ministério da Marinha, do Ministério das Relações
§ 2º A cessação de atividade de instituições públicas e de Exteriores, do Ministério do Exército e do Ministério da
caráter público implica o recolhimento de sua documentação Aeronáutica.
à instituição arquivística pública ou a sua transferência à § 2º São Arquivos Estaduais o arquivo do Poder Executivo,
instituição sucessora. o arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder Judiciário.
§ 3º São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do Poder
Art. 8º Os documentos públicos são identificados como Executivo, o arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder
correntes, intermediários e permanentes. Judiciário.
§ 1º Consideram-se documentos correntes aqueles em § 4º São Arquivos Municipais o arquivo do Poder Executivo
curso ou que, mesmo sem movimentação, constituam objeto e o arquivo do Poder Legislativo.
de consultas frequentes § 5º Os arquivos públicos dos Territórios são organizados
§ 2º Consideram-se documentos intermediários aqueles de acordo com sua estrutura político-jurídica.
que, não sendo de uso corrente nos órgãos produtores, por
razões de interesse administrativo, aguardam a sua eliminação Art. 18 Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o
ou recolhimento para guarda permanente. recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo
§ 3º Consideram-se permanentes os conjuntos de Poder Executivo Federal, bem como preservar e facultar o
documentos de valor histórico, probatório e informativo que acesso aos documentos sob sua guarda, e acompanhar e
devem ser definitivamente preservados. implementar a política nacional de arquivos.
Parágrafo único - Para o pleno exercício de suas funções, o
Art. 9º A eliminação de documentos produzidos por Arquivo Nacional poderá criar unidades regionais.
instituições públicas e de caráter público será realizada
mediante autorização da instituição arquivística pública, na Art. 19 Competem aos arquivos do Poder Legislativo
sua específica esfera de competência. Federal a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos
e recebidos pelo Poder Legislativo Federal no exercício de suas
Art. 10 Os documentos de valor permanente são funções, bem como preservar e facultar o acesso aos
inalienáveis e imprescritíveis. documentos sob sua guarda.

CAPÍTULO III Art. 20 Competem aos arquivos do Poder Judiciário


DOS ARQUIVOS PRIVADOS Federal a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos
e recebidos pelo Poder Judiciário Federal no exercício de suas
Art. 11 Consideram-se arquivos privados os conjuntos de funções, tramitados em juízo e oriundos de cartórios e
documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou secretarias, bem como preservar e facultar o acesso aos
jurídicas, em decorrência de suas atividades. documentos sob sua guarda.

Art. 12 Os arquivos privados podem ser identificados pelo Art. 21 Legislação Estadual, do Distrito Federal e municipal
Poder Público como de interesse público e social, desde que definirá os critérios de organização e vinculação dos arquivos
sejam considerados como conjuntos de fontes relevantes para estaduais e municipais, bem como a gestão e o acesso aos
a história e desenvolvimento científico nacional. documentos, observado o disposto na Constituição Federal, e
nesta Lei.
Art. 13 Os arquivos privados identificados como de
interesse público e social não poderão ser alienados com CAPÍTULO V
dispersão ou perda da unidade documental, nem transferidos DO ACESSO E DO SIGILO DOS DOCUMENTOS PÚBLICOS
para o exterior.
Parágrafo único - Na alienação desses arquivos o Poder [Os artigos de nº 22 a 24 foram revogados pela Lei nº
Público exercerá preferência na aquisição. 12.527, de 18 de novembro de 2011]

Art. 14 O acesso aos documentos de arquivos privados DISPOSIÇÕES FINAIS


identificados como de interesse público e social poderá ser
franqueado mediante autorização de seu proprietário ou Art. 25 Ficará sujeito à responsabilidade penal, civil e
possuidor. administrativa, na forma da legislação em vigor, aquele que
desfigurar ou destruir documentos de valor permanente ou
Art. 15 Os arquivos privados identificados como de considerado como de interesse público e social.
interesse público e social poderão ser depositados a título
revogável, ou doados a instituições arquivísticas públicas. Art. 26 Fica criado o Conselho Nacional de Arquivos -
CONARQ, órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que definirá a
Art. 16 Os registros civis de arquivos de entidades política nacional de arquivos, como órgão central de um
religiosas produzidos anteriormente à vigência do Código Civil Sistema Nacional de Arquivos - SINAR.
ficam identificados como de interesse público e social. § 1º O Conselho Nacional de Arquivos será presidido pelo
Diretor-Geral do Arquivo Nacional e integrado por
CAPÍTULO IV representantes de instituições arquivísticas e acadêmicas,
DA ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE públicas e privadas.
INSTITUIÇÕES § 2º A estrutura e funcionamento do Conselho criado neste
ARQUIVÍSTICAS PÚBLICAS artigo serão estabelecidos em regulamento.

Art. 17 A administração da documentação pública ou de Art. 27 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
caráter público compete às instituições arquivísticas federais,
estaduais, do Distrito Federal e municipais. Art. 28 Revogam-se as disposições em contrário.

Noções de Arquivologia 20
APOSTILAS OPÇÃO

Brasília, em 08 de janeiro de 1991; 170º da Independência I - preservar a memória presidencial como um todo num
e 103º da República. conjunto integrado, compreendendo os acervos privados
arquivísticos, bibliográficos e museológicos;
LEI Nº 8.394, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1991 II - coordenar, no que diz respeito às tarefas de
preservação, conservação, organização e acesso aos acervos
Dispõe sobre a preservação, organização e proteção dos presidenciais privados, as ações dos órgãos públicos de
acervos documentais privados dos presidentes da República, documentação e articulá-los com entidades privadas que
e dá outras providências. detenham ou tratem de tais acervos;
III - manter referencial único de informação, capaz de
CAPÍTULO I fornecer ao cidadão, de maneira uniforme e sistemática, a
DISPOSIÇÕES GERAIS possibilidade de localizar, de ter acesso e de utilizar os
documentos, onde quer que estejam guardados, seja em
Art. 1º Os acervos documentais privados de presidentes da entidades públicas, em instituições privadas ou com
República e o acesso à sua consulta e pesquisa passam a ser particulares, tanto na capital federal como na região de origem
protegidos e organizados nos termos desta Lei. do presidente ou nas demais regiões do País;
Parágrafo Único. A participação de pessoas físicas ou IV - propor metodologia, técnicas e tecnologias para
jurídicas de direito privado detentoras de acervo presidencial, identificação, referência, preservação, conservação,
nos benefícios e obrigações decorrentes desta Lei, será organização e difusão da documentação presidencial privada;
voluntária e realizada mediante prévio acordo formal. e
V - conceituar e compatibilizar as informações referentes à
Art. 2º Os documentos que constituem o acervo documentação dos acervos privados presidenciais aos
presidencial privado são na sua origem, de propriedade do documentos arquivísticos, bibliográficos e museológicos de
Presidente da República, inclusive para fins de herança, caráter público.
doação ou venda. Parágrafo Único. O acesso a documentos sigilosos fica
sujeito aos dispositivos legais que regulam a segurança do
Art. 3º Os acervos documentais privados dos presidentes Estado.
da República integram o patrimônio cultural brasileiro e são
declarados de interesse público para os fins de aplicação do § Art. 7º O sistema de acervos documentais privados dos
1º do artigo 216 da Constituição Federal, e são sujeitos às presidentes da República será coordenado pela Comissão de
seguintes restrições: Memória dos Presidentes da República, que atuará em caráter
permanente junto ao Gabinete Pessoal do Presidente da
“Constituição Federal República.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, § 1º A Comissão será composta pelos titulares do Arquivo
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por Nacional, Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC,
meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e Museu da República, Biblioteca Nacional, Secretaria de
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e Documentação Histórica do Presidente da República,
preservação Departamento de Documentação da Secretaria-Geral da
I - em caso de venda, a União terá direito de preferência; e Presidência da República, como membros natos, por titulares
II - não poderão ser alienados para o exterior sem de outras entidades integrantes do sistema, e por
manifestação expressa da União.” personalidades de notório saber e experiência em
arquivologia, biblioteconomia e documentação em geral,
CAPÍTULO II designados por decreto do Presidente da República.
DO SISTEMA DOS ACERVOS DOCUMENTAIS PRIVADOS § 2º Além dos membros designados pelo Presidente da
DOS PRESIDENTES DA REPÚBLICA República, participarão das reuniões da Comissão, com direito
a voz mas não a voto, os titulares de entidades ou detentores
Art. 4º Os acervos documentais privados dos presidentes de acervos admitidos formalmente ao sistema.
da República ficam organizados sob a forma de sistema que § 3º A Comissão terá por Secretário-Executivo o titular da
compreende o conjunto de medidas de providências a serem Secretaria de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal do
levadas a efeito por entidades públicas e privadas, Presidente da República.
coordenadas entre si, para a preservação, conservação e § 4º A Comissão poderá delegar poderes a subcomissões,
acesso aos acervos documentais privados dos presidentes da que atuarão junto ao Secretário-Executivo.
República, mediante expresso consentimento deles ou de seus § 5º A Organização e o funcionamento da Comissão serão
sucessores. regulados através de seu regimento interno.
Parágrafo Único. O sistema atuará de forma integrada aos § 6º A participação na Comissão Memória dos Presidentes
sistemas nacionais de arquivos, bibliotecas e museus. da República será considerada de natureza relevante e não
remunerada.
Art. 5º O sistema de acervos documentais privados dos § 7º A Secretaria-Geral da Presidência da República e o
presidentes da República terá participação do Arquivo Gabinete Militar da Presidência da República prestarão apoio
Nacional, Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, administrativo à Comissão.
Museu da República, Biblioteca Nacional, Secretaria de § 8º As despesas relativas a transporte e a hospedagem dos
Documentação Histórica da Presidência da República e, membros da Comissão serão efetuadas na forma do disposto
mediante acordo, de outras entidades públicas e pessoas no artigo 17 desta Lei.
físicas ou jurídicas de direito privado que detenham ou tratem
de acervos documentais presidenciais. Art. 8º Compete à Comissão Memória dos Presidentes da
República:
Art. 6º O sistema de acervos documentais privados dos I - estabelecer política de proteção aos acervos
presidentes da República, através de seus participantes, terá presidenciais privados;
como objetivo: II - assessorar o Presidente da República nos assuntos
referentes à sua documentação;

Noções de Arquivologia 21
APOSTILAS OPÇÃO

III - opinar sobre os projetos suscitados por mantenedores Art. 11. Com o objetivo de organizar o acervo documental
de acervos para fins de concessão de apoio técnico, humano e privado do Presidente da República em exercício, fica criada,
financeiro; como órgão integrante do Gabinete Pessoal do Presidente da
IV - opinar sobre a celebração de convênios entre República, a Secretaria de Documentação Histórica, à qual
mantenedores de acervos e entidades públicas, e fiscalizar sua compete:
execução; I - coordenar e gerir a formação do acervo privado do
V - apoiar, com recursos técnicos e financeiros, a Presidente da República, a partir do levantamento,
preservação, conservação, organização e difusão dos acervos; preservação, conservação e organização dos documentos e
VI - definir as normas básicas de conservação, organização informações complementares;
e acesso necessárias à garantia da preservação dos II - registrar cronologicamente as atividades do Presidente
documentos e suas informações; da República e os fatos decorrentes do exercício do mandato
VII - assegurar a manutenção do inventário geral e registro presidencial; e
dos acervos privados presidenciais, bem como suas condições III - realizar trabalhos de pesquisa histórica e documental
de conservação, organização e acesso; relativos ao acervo, ao Presidente e à sua época
VIII - estimular os proprietários de acervos privados a
ampliar a divulgação de tais acervos e o acesso a eles; Art. 12 A Secretaria de Documentação Histórica será
IX - manifestar-se nos casos de alienação de acervos dirigida por um Secretário, que exercerá a coordenação dos
presidenciais privados, em conformidade com o artigo 3º assuntos, ações e medidas referentes ao acervo documental
desta Lei; privado do Presidente da República.
X - fomentar a pesquisa e a consulta a acervos, e Parágrafo Único. As atividades de apoio técnico e
recomendar providências para sua garantia; e administrativo da Secretaria de Documentação Histórica serão
XI - estimular a iniciativa privada a colaborar com os desempenhadas por técnicos, requisitados, de acordo com a
mantenedores de acervos, para a preservação, divulgação e legislação relativa à Presidência da República, do Arquivo
acesso público. Nacional, do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural, da
Biblioteca Nacional e de outros órgãos federais de
Art. 9º Os órgãos participantes do sistema de acervos documentação.
documentais dos presidentes da República atuarão de forma
articulada, cabendo, especialmente: Art. 13 Ao final do mandato presidencial, os documentos
I - ao Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural, apoiar os tratados pela Secretaria de Documentação Histórica do
projetos ou programas específicos de interesse do sistema, Presidente da República serão entregues ao titular.
fornecendo os meios técnicos, financeiros e administrativos a Parágrafo Único. Os documentos privados não recolhidos
instituições de documentação ou a detentores de acervos pelo Presidente da República ao final do mandato terão
presidenciais privados; destinação definida pela Comissão Memória dos Presidentes
II - ao Arquivo Nacional, a orientação técnica relativa ao da República.
acervo arquivístico, a organização de centro de referência de
acervos presidenciais que reúna e coloque à disposição dos CAPÍTULO IV
interessados informações sobre documentos arquivísticos, DOS MANTENEDORES DOS ACERVOS
bibliográficos e museológicos, de natureza pública ou privada,
dos presidentes da República, e a manutenção de setor de Art. 14 As entidades, públicas ou privadas, ou as pessoas
arquivos privados presidenciais apto a receber doações de físicas mantenedoras de acervos documentais presidenciais
documentos dessa natureza; privados, poderão solicitar dos órgãos públicos orientação ou
III - ao Museu da República e outros setores do Instituto assistência para a sua organização, manutenção e preservação,
Brasileiro do Patrimônio Cultural, a orientação técnica relativa e pleitear apoio técnico e financeiro do poder público para
ao acervo museológico; projetos de fins educativos, científicos ou culturais.
IV - à Biblioteca Nacional, a orientação técnica relativa ao
acervo bibliográfico; Art. 15 O apoio referido no artigo anterior ficará
V - À Secretaria de Documentação Histórica do Presidente condicionado a que:
da República, organizar, durante cada mandato presidencial, o I - os detentores dos acervos adiram à Política de acervos
acervo privado do Presidente, adequando-o ao estabelecido documentais presidenciais privados formulada pela Comissão
nesta Lei; e dos Acervos Documentais Privados dos Presidentes da
VI - à Fundação Casa de Rui Barbosa, à Fundação Joaquim República e cumpram sua orientação técnica, visando ao
Nabuco, aos serviços de documentação do Ministério da atendimento à coletividade;
Marinha, do Ministério da Aeronáutica e do Ministério do II - os projetos tenham finalidade educacional, científica ou
Exército, ao Arquivo Histórico do Ministério das Relações cultural;
Exteriores, às demais entidades públicas de documentação e, III - os acervos sejam acessíveis à consulta pública e à
mediante acordo, às pessoas físicas ou jurídicas de direito pesquisa, com exceção das restrições previstas em lei.
privado ligadas à documentação, tais como o Centro de § 1º Fica assegurada a consulta ou pesquisa, para fins de
Pesquisa e Documentação da História Contemporânea da estudo ou trabalho, de caráter técnico ou acadêmico, mediante
Fundação Getúlio Vargas, o Instituto Histórico e Geográfico solicitação fundamentada.
Brasileiro e a Associação dos Arquivistas Brasileiros, as § 2º O pesquisador ficará estritamente sujeito às normas
atividades complementares. de acesso e às recomendações de uso estabelecidas pelo
proprietário ou gestor.
CAPÍTULO III § 3º Será estritamente cumprida a classificação de sigilo de
DA ORGANIZAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL documentos imposta pelo titular, quando do exercício do
PRIVADO DO PRESIDENTE EM EXERCÍCIO cargo.
§ 4º Os documentos só poderão sofrer restrições
Art. 10. O acervo documental do cidadão eleito Presidente adicionais de acesso, por parte do mantenedor, pelo prazo de
da República será considerado presidencial a partir de sua até trinta anos da data de sua publicação ou, no caso de
diplomação, mas o acesso a ele somente se fará mediante revelação constrangedora à honra ou à intimidade, pelo prazo
expressa autorização de seu titular. de até cem anos da data de nascimento da pessoa mencionada.

Noções de Arquivologia 22
APOSTILAS OPÇÃO

CAPÍTULO V § 3º Os órgãos do Poder Judiciário poderão criar um


DISPOSIÇÕES FINAIS cadastro único para o credenciamento previsto neste artigo.

Art. 16 Ocorrendo com entidade privada mantenedora de Art. 3º Consideram-se realizados os atos processuais por
acervo presidencial privado a extinção prevista no artigo 22 do meio eletrônico no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder
Código Civil, os documentos que o compõem serão Judiciário, do que deverá ser fornecido protocolo eletrônico.
transferidos para a guarda da União. Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for enviada
Parágrafo Único. Não havendo no Município ou no Estado, para atender prazo processual, serão consideradas
no Distrito Federal ou no Território ainda não constituído em tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas
Estado, em que a associação teve sua sede, estabelecimento do seu último dia.
nas condições indicadas, o patrimônio se devolverá à Fazenda
do Estado, à do Distrito Federal, ou à da União”. Capítulo II
Da comunicação eletrônica dos atos processuais
Art. 17 As despesas decorrentes desta Lei correrão à conta
das dotações orçamentárias próprias da Presidência da Art. 4º Os tribunais poderão criar Diário da Justiça
República e dos órgãos e entidades participantes do sistema eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial de
de acervos documentais privados dos presidentes da computadores, para publicação de atos judiciais e
República. administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados,
bem como comunicações em geral.
Art. 18 O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta § 1º O sítio e o conteúdo das publicações de que trata este
Lei nº prazo de noventa dias. artigo deverão ser assinados digitalmente com base em
certificado emitido por Autoridade Certificadora credenciada
Art. 19 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. na forma da lei específica.
§ 2º A publicação eletrônica na forma deste artigo substitui
Art. 20 Revogam-se as disposições em contrário. qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer
efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem
Brasília, 30 de dezembro de 1991; 170º da Independência intimação ou vista pessoal.
e 103º da República. § 3º Considera-se como data da publicação o primeiro dia
útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da
LEI Nº 11.419, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2006 Justiça eletrônico.
§ 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil
Dispõe sobre a informatização do processo judicial; altera que seguir ao considerado como data da publicação.
a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo § 5º A criação do Diário da Justiça eletrônico deverá ser
Civil; e dá outras providências. acompanhada de ampla divulgação, e o ato administrativo
correspondente será publicado durante 30 (trinta) dias no
Capítulo I diário oficial em uso.
Da informatização do processo judicial
Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico em
Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de portal próprio aos que se cadastrarem na forma do art. 2º
processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial,
peças processuais será admitido nos termos desta Lei. inclusive eletrônico.
§ 1º Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos § 1º Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o
processos civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação,
especiais, em qualquer grau de jurisdição. certificando-se nos autos a sua realização.
§ 2º Para o disposto nesta Lei, considera-se: § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, nos casos em que a
I - meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ou consulta se dê em dia não útil, a intimação será considerada
tráfego de documentos e arquivos digitais; como realizada no primeiro dia útil seguinte.
II - transmissão eletrônica toda forma de comunicação a § 3º A consulta referida nos §§ 1º e 2º deste artigo deverá
distância com a utilização de redes de comunicação, ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data do
preferencialmente a rede mundial de computadores; envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação
III - assinatura eletrônica as seguintes formas de automaticamente realizada na data do término desse prazo.
identificação inequívoca do signatário: § 4º Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa
a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido de correspondência eletrônica, comunicando o envio da
por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei intimação e a abertura automática do prazo processual nos
específica; termos do § 3º deste artigo, aos que manifestarem interesse
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, por esse serviço.
conforme disciplinado pelos órgãos respectivos. § 5º Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma
deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou
Art. 2º O envio de petições, de recursos e a prática de atos nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla
processuais em geral por meio eletrônico serão admitidos ao sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro
mediante uso de assinatura eletrônica, na forma do art. 1º meio que atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo
desta Lei, sendo obrigatório o credenciamento prévio no juiz.
Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos § 6º As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da
respectivos. Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para todos os
§ 1º O credenciamento no Poder Judiciário será realizado efeitos legais.
mediante procedimento no qual esteja assegurada a adequada
identificação presencial do interessado.
§ 2º Ao credenciado será atribuído registro e meio de
acesso ao sistema, de modo a preservar o sigilo, a identificação
e a autenticidade de suas comunicações.

Noções de Arquivologia 23
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 6º Observadas as formas e as cautelas do art. 5º desta § 2º A arguição de falsidade do documento original será
Lei, as citações, inclusive da Fazenda Pública, excetuadas as processada eletronicamente na forma da lei processual em
dos Direitos Processuais Criminal e Infracional, poderão ser vigor.
feitas por meio eletrônico, desde que a íntegra dos autos seja § 3º Os originais dos documentos digitalizados,
acessível ao citando. mencionados no § 2º deste artigo, deverão ser preservados
pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sentença ou,
Art. 7º As cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um quando admitida, até o final do prazo para interposição de
modo geral, todas as comunicações oficiais que transitem ação rescisória.
entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e os § 4º (VETADO)
dos demais Poderes, serão feitas preferentemente por meio § 5ºOs documentos cuja digitalização seja tecnicamente
eletrônico. inviável devido ao grande volume ou por motivo de
ilegibilidade deverão ser apresentados ao cartório ou
Capítulo III secretaria no prazo de 10 (dez) dias contados do envio de
Do processo eletrônico petição eletrônica comunicando o fato, os quais serão
devolvidos à parte após o trânsito em julgado.
Art. 8º Os órgãos do Poder Judiciário poderão desenvolver § 6º Os documentos digitalizados juntados em processo
sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais por eletrônico somente estarão disponíveis para acesso por meio
meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, da rede externa para suas respectivas partes processuais e
preferencialmente, a rede mundial de computadores e acesso para o Ministério Público, respeitado o disposto em lei para as
por meio de redes internas e externas. situações de sigilo e de segredo de justiça.
Parágrafo único. Todos os atos processuais do processo
eletrônico serão assinados eletronicamente na forma Art. 12. A conservação dos autos do processo poderá ser
estabelecida nesta Lei. efetuada total ou parcialmente por meio eletrônico.
§ 1º Os autos dos processos eletrônicos deverão ser
Art. 9º No processo eletrônico, todas as citações, protegidos por meio de sistemas de segurança de acesso e
intimações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, serão armazenados em meio que garanta a preservação e
feitas por meio eletrônico, na forma desta Lei. integridade dos dados, sendo dispensada a formação de autos
§ 1º As citações, intimações, notificações e remessas que suplementares.
viabilizem o acesso à íntegra do processo correspondente § 2º Os autos de processos eletrônicos que tiverem de ser
serão consideradas vista pessoal do interessado para todos os remetidos a outro juízo ou instância superior que não
efeitos legais. disponham de sistema compatível deverão ser impressos em
§ 2º Quando, por motivo técnico, for inviável o uso do meio papel, autuados na forma dos arts. 166 a 168 da Lei nº 5.869,
eletrônico para a realização de citação, intimação ou de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, ainda que
notificação, esses atos processuais poderão ser praticados de natureza criminal ou trabalhista, ou pertinentes a juizado
segundo as regras ordinárias, digitalizando-se o documento especial.
físico, que deverá ser posteriormente destruído. § 3º No caso do § 2º deste artigo, o escrivão ou o chefe de
secretaria certificará os autores ou a origem dos documentos
Art. 10 A distribuição da petição inicial e a juntada da produzidos nos autos, acrescentando, ressalvada a hipótese de
contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em existir segredo de justiça, a forma pela qual o banco de dados
formato digital, nos autos de processo eletrônico, podem ser poderá ser acessado para aferir a autenticidade das peças e das
feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem respectivas assinaturas digitais.
necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial, § 4º Feita a autuação na forma estabelecida no § 2º deste
situação em que a autuação deverá se dar de forma artigo, o processo seguirá a tramitação legalmente
automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo. estabelecida para os processos físicos.
§ 1º Quando o ato processual tiver que ser praticado em § 5º A digitalização de autos em mídia não digital, em
determinado prazo, por meio de petição eletrônica, serão tramitação ou já arquivados, será precedida de publicação de
considerados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte e editais de intimações ou da intimação pessoal das partes e de
quatro) horas do último dia. seus procuradores, para que, no prazo preclusivo de 30
§ 2º No caso do § 1º deste artigo, se o Sistema do Poder (trinta) dias, se manifestem sobre o desejo de manterem
Judiciário se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo pessoalmente a guarda de algum dos documentos originais.
fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil Art. 13º O magistrado poderá determinar que sejam
seguinte à resolução do problema. realizados por meio eletrônico a exibição e o envio de dados e
§ 3º Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter de documentos necessários à instrução do processo.
equipamentos de digitalização e de acesso à rede mundial de § 1º Consideram-se cadastros públicos, para os efeitos
computadores à disposição dos interessados para distribuição deste artigo, dentre outros existentes ou que venham a ser
de peças processuais. criados, ainda que mantidos por concessionárias de serviço
público ou empresas privadas, os que contenham informações
Art. 11 Os documentos produzidos eletronicamente e indispensáveis ao exercício da função judicante.
juntados aos processos eletrônicos com garantia da origem e § 2º O acesso de que trata este artigo dar-se-á por qualquer
de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão meio tecnológico disponível, preferentemente o de menor
considerados originais para todos os efeitos legais. custo, considerada sua eficiência.
§ 1º Os extratos digitais e os documentos digitalizados e § 3º (VETADO)
juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares,
pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, Capítulo IV
pelas autoridades policiais, pelas repartições públicas em Disposições gerais e finais
geral e por advogados públicos e privados têm a mesma força
probante dos originais, ressalvada a alegação motivada e Art. 14 Os sistemas a serem desenvolvidos pelos órgãos do
fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de Poder Judiciário deverão usar, preferencialmente, programas
digitalização. com código aberto, acessíveis ininterruptamente por meio da

Noções de Arquivologia 24
APOSTILAS OPÇÃO

rede mundial de computadores, priorizando-se a sua "Art. 221 ........................................................................


padronização. IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei
Parágrafo único. Os sistemas devem buscar identificar os própria." (NR)
casos de ocorrência de prevenção, litispendência e coisa
julgada. "Art. 237. ......................................................................
Parágrafo único. As intimações podem ser feitas de forma
Art. 15 Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à eletrônica, conforme regulado em lei própria." (NR)
justiça, a parte deverá informar, ao distribuir a petição inicial
de qualquer ação judicial, o número no cadastro de pessoas "Art. 365. .......................................................................
físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a Secretaria da V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e
Receita Federal. privados, desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas
Parágrafo único. Da mesma forma, as peças de acusação da lei, que as informações conferem com o que consta na
criminais deverão ser instruídas pelos membros do Ministério origem;
Público ou pelas autoridades policiais com os números de VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento,
registros dos acusados no Instituto Nacional de Identificação público ou particular, quando juntados aos autos pelos órgãos
do Ministério da Justiça, se houver. da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus
auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em
Art. 16 Os livros cartorários e demais repositórios dos geral e por advogados públicos ou privados, ressalvada a
órgãos do Poder Judiciário poderão ser gerados e alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou
armazenados em meio totalmente eletrônico. durante o processo de digitalização.
§ 1º Os originais dos documentos digitalizados,
Art. 17 (VETADO) mencionados no inciso VI do caput deste artigo, deverão ser
preservados pelo seu detentor até o final do prazo para
Art. 18 Os órgãos do Poder Judiciário regulamentarão esta interposição de ação rescisória.
Lei, no que couber, no âmbito de suas respectivas § 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo
competências. extrajudicial ou outro documento relevante à instrução do
processo, o juiz poderá determinar o seu depósito em cartório
Art. 19 Ficam convalidados os atos processuais praticados ou secretaria." (NR)
por meio eletrônico até a data de publicação desta Lei, desde
que tenham atingido sua finalidade e não tenha havido "Art. 399. .....................................................................
prejuízo para as partes. § 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo
máximo e improrrogável de 30 (trinta) dias, certidões ou
Art. 20 A Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de reproduções fotográficas das peças indicadas pelas partes ou
Processo Civil, passa a vigorar com as seguintes alterações: de ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição de
origem.
"Art. 38. ................................................................... § 2º As repartições públicas poderão fornecer todos os
Parágrafo único. A procuração pode ser assinada documentos em meio eletrônico conforme disposto em lei,
digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade certificando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do
Certificadora credenciada, na forma da lei específica." (NR) que consta em seu banco de dados ou do documento
digitalizado." (NR)
"Art. 154. .................................................................
Parágrafo único. (Vetado). (VETADO) "Art. 417. .......................................................................
§ 2º Todos os atos e termos do processo podem ser § 1º O depoimento será passado para a versão datilográfica
produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio quando houver recurso da sentença ou noutros casos, quando
eletrônico, na forma da lei." (NR) o juiz o determinar, de ofício ou a requerimento da parte.
§ 2º Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o
"Art.164. ................................................................... disposto nos §§ 2º e 3º do art. 169 desta Lei." (NR)
Parágrafo único. A assinatura dos juízes, em todos os graus
de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei." "Art. 457. .......................................................................
(NR) § 4º Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o
disposto nos §§ 2º e 3º do art. 169 desta Lei." (NR)
"Art. 169. ......................................................................
§ 1º É vedado usar abreviaturas. "Art. 556. .......................................................................
§ 2º Quando se tratar de processo total ou parcialmente Parágrafo único. Os votos, acórdãos e demais atos
eletrônico, os atos processuais praticados na presença do juiz processuais podem ser registrados em arquivo eletrônico
poderão ser produzidos e armazenados de modo inviolável e assinados eletronicamente, na forma da lei,
integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na devendo ser impressos para juntada aos autos do processo
forma da lei, mediante registro em termo que será assinado quando este não for eletrônico." (NR)
digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria,
bem como pelos advogados das partes. Art. 21. (VETADO)
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, eventuais contradições
na transcrição deverão ser suscitadas oralmente no momento Art. 22. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias depois de
da realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz sua publicação.
decidir de plano, registrando-se a alegação e a decisão no
termo." (NR) Brasília, 19 de dezembro de 2006; 185º da Independência
e 118º da República.
"Art. 202. .......................................................................
§ 3º A carta de ordem, carta precatória ou carta rogatória
pode ser expedida por meio eletrônico, situação em que a
assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei." (NR)

Noções de Arquivologia 25
APOSTILAS OPÇÃO

LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011 VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser
conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII sistemas autorizados;
do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha
da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de sido produzida, expedida, recebida ou modificada por
dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de determinado indivíduo, equipamento ou sistema;
2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; VIII - integridade: qualidade da informação não
e dá outras providências. modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na
CAPÍTULO I fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem
DISPOSIÇÕES GERAIS modificações.

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à
observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, informação, que será franqueada, mediante procedimentos
com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem
XXXIII do art. 5º no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. de fácil compreensão.
216 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: CAPÍTULO II
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de
Contas, e Judiciário e do Ministério Público; Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público,
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis,
públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades assegurar a:
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, I - gestão transparente da informação, propiciando amplo
Distrito Federal e Municípios. acesso a ela e sua divulgação;
II - proteção da informação, garantindo-se sua
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, disponibilidade, autenticidade e integridade; e
às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para III - proteção da informação sigilosa e da informação
realização de ações de interesse público, recursos públicos pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticidade,
diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, integridade e eventual restrição de acesso.
contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo,
ajustes ou outros instrumentos congêneres. Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as compreende, entre outros, os direitos de obter:
entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos I - orientação sobre os procedimentos para a consecução
públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada
prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas. ou obtida a informação almejada;
II - informação contida em registros ou documentos,
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
a assegurar o direito fundamental de acesso à informação e recolhidos ou não a arquivos públicos;
devem ser executados em conformidade com os princípios III - informação produzida ou custodiada por pessoa física
básicos da administração pública e com as seguintes ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus
diretrizes: órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
I - observância da publicidade como preceito geral e do IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
sigilo como exceção; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e
II - divulgação de informações de interesse público, entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e
independentemente de solicitações; serviços;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela VI - informação pertinente à administração do patrimônio
tecnologia da informação; público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de administrativos; e
transparência na administração pública; VII - informação relativa:
V - desenvolvimento do controle social da administração a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
pública. programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
bem como metas e indicadores propostos;
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se: b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
utilizados para produção e transmissão de conhecimento, e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios
contidos em qualquer meio, suporte ou formato; anteriores.
II - documento: unidade de registro de informações, § 1º O acesso à informação previsto no caput não
qualquer que seja o suporte ou formato; compreende as informações referentes a projetos de pesquisa
III - informação sigilosa: aquela submetida e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja
temporariamente à restrição de acesso público em razão de imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do § 2º Quando não for autorizado acesso integral à
Estado; informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou
natural identificada ou identificável; cópia com ocultação da parte sob sigilo.
V - tratamento da informação: conjunto de ações § 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações
referentes à produção, recepção, classificação, utilização, neles contidas utilizados como fundamento da tomada de
acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, do ato decisório respectivo.
destinação ou controle da informação;

Noções de Arquivologia 26
APOSTILAS OPÇÃO

§ 4º Negativa de acesso às informações objeto de pedido previstos no art. 73-B da Lei Complementar nº 101, de 4 de
formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º, quando maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas
disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei. Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada, mediante:
poderá o interessado requerer à autoridade competente a I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos
imediata abertura de sindicância para apurar o órgãos e entidades do poder público, em local com condições
desaparecimento da respectiva documentação. apropriadas para:
§ 6º Verificada a hipótese prevista nº § 5º deste artigo, o a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no informações;
prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas
que comprovem sua alegação. respectivas unidades;
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, informações; e
independentemente de requerimentos, a divulgação em local II - realização de audiências ou consultas públicas,
de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de incentivo à participação popular ou a outras formas de
informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas divulgação.
ou custodiadas.
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, CAPÍTULO III
deverão constar, no mínimo: DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
I - registro das competências e estrutura organizacional, Seção I
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de Do Pedido de Acesso
atendimento ao público;
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
recursos financeiros; acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art.
III - registros das despesas; 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido
IV - informações concernentes a procedimentos conter a identificação do requerente e a especificação da
licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem informação requerida.
como a todos os contratos celebrados; § 1º Para o acesso a informações de interesse público, a
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, identificação do requerente não pode conter exigências que
ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e inviabilizem a solicitação.
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. § 2º Os órgãos e entidades do poder público devem
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de
entidades públicas deverão utilizar todos os meios e acesso por meio de seus sítios oficiais na internet.
instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória § 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos
a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de motivos determinantes da solicitação de informações de
computadores (internet). interesse público.
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de
regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita conceder o acesso imediato à informação disponível.
o acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e § 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na
em linguagem de fácil compreensão; forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, I - comunicar a data, local e modo para se realizar a
tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
informações; II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas ou parcial, do acesso pretendido; ou
externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for
máquina; do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou,
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade,
estruturação da informação; cientificando o interessado da remessa de seu pedido de
V - garantir a autenticidade e a integridade das informação.
informações disponíveis para acesso; § 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual
acesso; será cientificado o requerente.
VII - indicar local e instruções que permitam ao § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das
interessado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, informações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão
com o órgão ou entidade detentora do sítio; e ou entidade poderá oferecer meios para que o próprio
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a requerente possa pesquisar a informação de que necessitar.
acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos § 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
termos do art. 17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá
e do art. 9º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e
Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe
julho de 2008. indicada a autoridade competente para sua apreciação.
§ 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) § 5º A informação armazenada em formato digital será
habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente.
internet a que se refere o § 2º, mantida a obrigatoriedade de § 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao
divulgação, em tempo real, de informações relativas à público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer
execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos outro meio de acesso universal, serão informados ao
requerente, por escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá

Noções de Arquivologia 27
APOSTILAS OPÇÃO

consultar, obter ou reproduzir a referida informação, Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de
procedimento esse que desonerará o órgão ou entidade desclassificação de informação protocolado em órgão da
pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o administração pública federal, poderá o requerente recorrer
requerente declarar não dispor de meios para realizar por si ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das competências
mesmo tais procedimentos. da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, previstas
no art. 35, e do disposto no art. 16.
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido à
pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em que apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente
poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao superior à autoridade que exarou a decisão impugnada e, no
ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados. caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando.
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos § 2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como
previstos no caput todo aquele cuja situação econômica não objeto a desclassificação de informação secreta ou
lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação
família, declarada nos termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de Informações prevista no art. 35.
de 1983.
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida denegatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de
em documento cuja manipulação possa prejudicar sua revisão de classificação de documentos sigilosos serão objeto
integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com de regulamentação própria dos Poderes Legislativo e
certificação de que esta confere com o original. Judiciário e do Ministério Público, em seus respectivos
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito
cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e de ser informado sobre o andamento de seu pedido.
sob supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por
outro meio que não ponha em risco a conservação do Art. 19. (VETADO).
documento original. § 1º (VETADO).
§ 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho
decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. Nacional do Ministério Público, respectivamente, as decisões
que, em grau de recurso, negarem acesso a informações de
Seção II interesse público.
Dos Recursos
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei nº
Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata
ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado este Capítulo.
interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a
contar da sua ciência. CAPÍTULO IV
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada, Seção I
que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. Disposições Gerais

Art. 16. Negado o acesso à informação pelos órgãos ou Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação
entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no fundamentais.
prazo de 5 (cinco) dias se: Parágrafo único. As informações ou documentos que
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos
negado; humanos praticada por agentes públicos ou a mando de
II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de
parcialmente classificada como sigilosa não indicar a acesso.
autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a
quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
III - os procedimentos de classificação de informação legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de
sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; segredo industrial decorrentes da exploração direta de
e atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder
procedimentos previstos nesta Lei. público.
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submetido Seção II
à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente Da Classificação da Informação quanto ao Grau e
superior àquela que exarou a decisão impugnada, que Prazos de Sigilo
deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da
Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação
entidade que adote as providências necessárias para dar as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
cumprimento ao disposto nesta Lei. I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a
§ 3º Negado o acesso à informação pela Controladoria- integridade do território nacional;
Geral da União, poderá ser interposto recurso à Comissão II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações
Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35. ou as relações internacionais do País, ou as que tenham sido
fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e
organismos internacionais;

Noções de Arquivologia 28
APOSTILAS OPÇÃO

III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da procedimentos de segurança para tratamento de informações
população; sigilosas.
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que,
econômica ou monetária do País; em razão de qualquer vínculo com o poder público, executar
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações atividades de tratamento de informações sigilosas adotará as
estratégicos das Forças Armadas; providências necessárias para que seus empregados,
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e prepostos ou representantes observem as medidas e
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a procedimentos de segurança das informações resultantes da
sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico aplicação desta Lei.
nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas Seção IV
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como Desclassificação
de investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas
com a prevenção ou repressão de infrações. Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito
da administração pública federal é de competência:
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
públicas, observado o seu teor e em razão de sua a) Presidente da República;
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, b) Vice-Presidente da República;
poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas
reservada. prerrogativas;
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
informação, conforme a classificação prevista no caput, e
vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes: e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; permanentes no exterior;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso
III - reservada: 5 (cinco) anos. I, dos titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas
§ 2º As informações que puderem colocar em risco a e sociedades de economia mista; e
segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos
respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como incisos I e II e das que exerçam funções de direção, comando
reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo Direção e
exercício ou do último mandato, em caso de reeleição. Assessoramento Superiores, ou de hierarquia equivalente, de
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º, poderá acordo com regulamentação específica de cada órgão ou
ser estabelecida como termo final de restrição de acesso à entidade, observado o disposto nesta Lei.
ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra § 1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se
antes do transcurso do prazo máximo de classificação. refere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o delegada pela autoridade responsável a agente público,
evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação.
automaticamente, de acesso público. § 2º A classificação de informação no grau de sigilo
§ 5º Para a classificação da informação em determinado ultrassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e”
grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros de
informação e utilizado o critério menos restritivo possível, Estado, no prazo previsto em regulamento.
considerados: § 3º A autoridade ou outro agente público que classificar
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade informação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão
e do Estado; e de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que Informações, a que se refere o art. 35, no prazo previsto em
defina seu termo final. regulamento.

Seção III Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de


Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas sigilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no
mínimo, os seguintes elementos:
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação I - assunto sobre o qual versa a informação;
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e II - fundamento da classificação, observados os critérios
entidades, assegurando a sua proteção. estabelecidos no art. 24;
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses
classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme
tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamente limites previstos no art. 24; e
credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das IV - identificação da autoridade que a classificou.
atribuições dos agentes públicos autorizados por lei. Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida
§ 2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a no mesmo grau de sigilo da informação classificada.
obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
§ 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas Art. 29. A classificação das informações será reavaliada
a serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de pela autoridade classificadora ou por autoridade
modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, hierarquicamente superior, mediante provocação ou de ofício,
transmissão e divulgação não autorizados. nos termos e prazos previstos em regulamento, com vistas à
sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, observado
Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências o disposto no art. 24.
necessárias para que o pessoal a elas subordinado § 1º O regulamento a que se refere o caput deverá
hierarquicamente conheça as normas e observe as medidas e considerar as peculiaridades das informações produzidas no
exterior por autoridades ou agentes públicos.

Noções de Arquivologia 29
APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser CAPÍTULO V


examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a DAS RESPONSABILIDADES
possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da
divulgação da informação. Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da responsabilidade do agente público ou militar:
informação, o novo prazo de restrição manterá como termo I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos
inicial a data da sua produção. desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou
fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade ou imprecisa;
publicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir,
destinado à veiculação de dados e informações inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente,
administrativas, nos termos de regulamento: informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas acesso ou conhecimento em razão do exercício das atribuições
nos últimos 12 (doze) meses; de cargo, emprego ou função pública;
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de
com identificação para referência futura; acesso à informação;
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como permitir acesso indevido à informação sigilosa ou informação
informações genéricas sobre os solicitantes. pessoal;
§ 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal
publicação prevista no caput para consulta pública em suas ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido
sedes. por si ou por outrem;
§ 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em
sigilo e dos fundamentos da classificação. prejuízo de terceiros; e
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
Seção V concernentes a possíveis violações de direitos humanos por
Das Informações Pessoais parte de agentes do Estado.
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser e do devido processo legal, as condutas descritas no caput
feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida serão consideradas:
privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças
e garantias individuais. Armadas, transgressões militares médias ou graves, segundo
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, os critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em
relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: lei como crime ou contravenção penal; ou
I - terão seu acesso restrito, independentemente de II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de
classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos dezembro de 1990, e suas alterações, infrações
a contar da sua data de produção, a agentes públicos administrativas, que deverão ser apenadas, no mínimo, com
legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos.
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por § 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso agente público responder, também, por improbidade
da pessoa a que elas se referirem. administrativa, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.
§ 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não será Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver
exigido quando as informações forem necessárias: informações em virtude de vínculo de qualquer natureza com
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa o poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e estará sujeita às seguintes sanções:
exclusivamente para o tratamento médico; I - advertência;
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de II - multa;
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo III - rescisão do vínculo com o poder público;
vedada a identificação da pessoa a que as informações se IV - suspensão temporária de participar em licitação e
referirem; impedimento de contratar com a administração pública por
III - ao cumprimento de ordem judicial; prazo não superior a 2 (dois) anos; e
IV - à defesa de direitos humanos; ou V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
V - à proteção do interesse público e geral preponderante. com a administração pública, até que seja promovida a
§ 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada penalidade.
com o intuito de prejudicar processo de apuração de § 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser
irregularidades em que o titular das informações estiver aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito
envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de
fatos históricos de maior relevância. 10 (dez) dias.
§ 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para § 2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada
tratamento de informação pessoal. somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido
o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV.
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de
competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou
entidade pública, facultada a defesa do interessado, no

Noções de Arquivologia 30
APOSTILAS OPÇÃO

respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de
vista. novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física
ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem entidades governamentais ou de caráter público.
diretamente pelos danos causados em decorrência da
divulgação não autorizada ou utilização indevida de Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à
informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo a reavaliação das informações classificadas como ultrassecretas
apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou e secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo
culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. inicial de vigência desta Lei.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa § 1º A restrição de acesso a informações, em razão da
física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a condições previstos nesta Lei.
informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento § 2º No âmbito da administração pública federal, a
indevido. reavaliação prevista no caput poderá ser revista, a qualquer
tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
CAPÍTULO VI observados os termos desta Lei.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação
previsto no caput, será mantida a classificação da informação
Art. 35. (VETADO). nos termos da legislação precedente.
§ 1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de § 4º As informações classificadas como secretas e
Informações, que decidirá, no âmbito da administração ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto no caput
pública federal, sobre o tratamento e a classificação de serão consideradas, automaticamente, de acesso público.
informações sigilosas e terá competência para:
I - requisitar da autoridade que classificar informação Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da
parcial ou integral da informação; administração pública federal direta e indireta designará
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou autoridade que lhe seja diretamente subordinada para, no
secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes
interessada, observado o disposto no art. 7º e demais atribuições:
dispositivos desta Lei; e I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos
como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto objetivos desta Lei;
o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e
soberania nacional ou à integridade do território nacional ou apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
grave risco às relações internacionais do País, observado o III - recomendar as medidas indispensáveis à
prazo previsto no § 1º do art. 24. implementação e ao aperfeiçoamento das normas e
§ 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única procedimentos necessários ao correto cumprimento do
renovação. disposto nesta Lei; e
§ 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1º IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao
deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de
documentos ultrassecretos ou secretos. Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da
§ 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista administração pública federal responsável:
de Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3º I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de
implicará a desclassificação automática das informações. fomento à cultura da transparência na administração pública
§ 5º Regulamento disporá sobre a composição, e conscientização do direito fundamental de acesso à
organização e funcionamento da Comissão Mista de informação;
Reavaliação de Informações, observado o mandato de 2 (dois) II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere
anos para seus integrantes e demais disposições desta Lei. ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência
na administração pública;
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de III - pelo monitoramento da aplicação da Lei nº âmbito da
tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e administração pública federal, concentrando e consolidando a
recomendações constantes desses instrumentos. publicação de informações estatísticas relacionadas no art. 30;
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança relatório anual com informações atinentes à implementação
Institucional da Presidência da República, o Núcleo de desta Lei.
Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por objetivos:
I - promover e propor a regulamentação do Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta
credenciamento de segurança de pessoas físicas, empresas, Lei nº prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de
órgãos e entidades para tratamento de informações sigilosas; sua publicação.
e
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de
aquelas provenientes de países ou organizações dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
internacionais com os quais a República Federativa do Brasil
tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qualquer outro ato Art. 116. ........................................................................................
internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministério das .............................................................................................................
Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
composição, organização e funcionamento do NSC. houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
outra autoridade competente para apuração;

Noções de Arquivologia 31
APOSTILAS OPÇÃO

.................................................................................” (NR) Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990, Brasília, 9 de julho de 2012; 191º da Independência e 124º
passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A: da República.

“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado Questões


civil, penal ou administrativamente por dar ciência à
autoridade superior ou, quando houver suspeita de 01. De acordo com a Lei nº 8159/1991, os procedimentos
envolvimento desta, a outra autoridade competente para e operações técnicas da gestão documental se referem à:
apuração de informação concernente à prática de crimes ou (A) produção, digitalização, tramitação, avaliação e uso.
improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em (B) produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento.
decorrência do exercício de cargo, emprego ou função (C) produção, higienização, tramitação, acesso e
pública.” arquivamento.
(D) produção, assinatura digital, tramitação, avaliação e
Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos destinação.
Municípios, em legislação própria, obedecidas as normas (E) produção, tramitação, higienização, microfilmagem e
gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras específicas, destinação.
especialmente quanto ao disposto no art. 9 º e na Seção II do
Capítulo III. 02. Conforme a Lei nº 8159 de 8 de janeiro de 1991, os
arquivos podem ser do tipo Público ou Privado. Referente aos
Art. 46. Revogam-se: arquivos Públicos ou Privados identifique com “V” as
I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005; e afirmativas verdadeiras e “F” as afirmativas falsas:
II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991. (...) Os documentos públicos são identificados como
Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias correntes, intermediários e permanentes.
após a data de sua publicação. (...) Para arquivos públicos, consideram-se documentos
intermediários aqueles que, mesmo sem movimentação,
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da Independência constituam objeto de consulta frequente.
e 123º da República. (...) Consideram-se documentos correntes aqueles que
devem ser definitivamente preservados.
LEI Nº 12.682, DE 9 DE JULHO DE 2012 (...) O acesso aos documentos privados identificados como
de interesse público e social poderá ser franqueado mediante
Dispõe sobre a elaboração e o arquivamento de autorização de seu proprietário ou possuidor.
documentos em meios eletromagnéticos (...) Consideram-se arquivos privados os conjuntos de
documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou
Art. 1º A digitalização, o armazenamento em meio jurídicas, em decorrência de suas atividades.
eletrônico, óptico ou equivalente e a reprodução de Assinale a alternativa correta:
documentos públicos e privados serão regulados pelo disposto (A) V, F, F, F, V.
nesta Lei. (B) V, F, F, V, V.
Parágrafo único. Entende-se por digitalização a conversão (C) V, F, V, F, V.
da fiel imagem de um documento para código digital. (D) F, V, V, F, F.

Art. 2º (VETADO). Respostas

Art. 3º O processo de digitalização deverá ser realizado de 01: B / 02: B.


forma a manter a integridade, a autenticidade e, se necessário,
a confidencialidade do documento digital, com o emprego de
certificado digital emitido no âmbito da Infraestrutura de 2.6. Documentos
Chaves Públicas Brasileira - ICP - Brasil.
Arquivísticos Digitais.
Parágrafo único. Os meios de armazenamento dos
documentos digitais deverão protegê-los de acesso, uso,
alteração, reprodução e destruição não autorizados.
Primeiramente faz-se necessário conceituar o que é um
documento, mesmo que muitas vezes parece um conceito
Art. 4º As empresas privadas ou os órgãos da
simples e de fácil entendimento, é importante frisar as
Administração Pública direta ou indireta que utilizarem
particularidades sobre os documento arquivísticos ou
procedimentos de armazenamento de documentos em meio
documentos de arquivo.
eletrônico, óptico ou equivalente deverão adotar sistema de
Para tanto Adotaram-se como ponto de partida algumas
indexação que possibilite a sua precisa localização, permitindo
definições a respeito de documento arquivístico, documento
a posterior conferência da regularidade das etapas do
arquivístico eletrônico, fidedignidade e autenticidade, que são
processo adotado.
essenciais para o estabelecimento de diretrizes, padrões e
normas que devem nortear a gestão arquivística de
Art. 5º (VETADO).
documentos eletrônicos.
Art. 6º Os registros públicos originais, ainda que
Documento de arquivo8
digitalizados, deverão ser preservados de acordo com o
disposto na legislação pertinente.
Informação registrada, independente da forma ou do
suporte, produzida ou recebida no decorrer das atividades de
Art. 7º (VETADO).
uma instituição ou pessoa, dotada de organicidade, que possui

8 ROCHA, et.al. Gestão Arquivistica de Documentos Eletrônicos. Rio de Eletrônicos.http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/Media


Janeiro, 2004. CONARQ – Câmara Técnica de Documentos /publicacoes/gt_gestao_arquivistica__pagina_web_corrigido3.pdf.

Noções de Arquivologia 32
APOSTILAS OPÇÃO

elementos constitutivos suficientes para servir de prova Documentos correntes: são aqueles que estão em curso,
dessas atividades. Tais elementos são: isto é, tramitando, ou que foram arquivados, mas são objeto de
consultas frequentes; eles podem ser conservados nos locais
Suporte: base física do documento; onde foram produzidos sob a responsabilidade órgão
Forma: textual, iconográfico, sonoro; cor, tamanho e tipo produtor; • Documentos intermediários: são aqueles que não
de letra, data, local, assinatura, destinatário, logomarca, selo, são mais de uso corrente, mas que por razões de interesse
carimbo e outros; administrativo, aguardam sua eliminação ou recolhimento à
Anotações: urgente, arquive-se, ciente e outros; instituição arquivística. Esses documentos devem ser
Contexto jurídico-administrativo: leis, normas, recolhidos a um arquivo intermediário, sob a responsabilidade
regimentos, regulamentos, estrutura organizacional etc. conjunta dos funcionários do órgão produtor e da instituição
relativos à instituição criadora do documento. arquivística.
Contexto documentário: regras de workflow, código de
classificação, temporalidade, assunto e outros. Documentos permanentes: são aqueles de valor
Documento eletrônico: Documento em meio eletrônico, histórico, probatório e informativo que devem ser
com um formato digital, processado por computador. definitivamente preservados. Eles não são mais necessários ao
cumprimento das atividades da administração. Devem ser
Documento arquivístico eletrônico9 conservados nas instituições arquivísticas, sob a
responsabilidade dos profissionais de arquivo.
Documento arquivístico processado por um computador.
No caso dos documentos eletrônicos, além dos elementos Pode-se afirmar que a teoria das três idades trouxe como
citados acima, apresentam-se também: inovação a noção do documento intermediário, isto é, a
Forma: links, nome do originador (e-mail), assinatura constatação da existência de inúmeros documentos que,
digital, certificado da assinatura digital e outros. mesmo não sendo mais necessários ao cumprimento de uma
Anotações: data, hora e local da transmissão; indicação de certa atividade, precisam ser mantidos, por um determinado
anexos e outros. período, para fins de prova e informação. É o caso, por
Contexto: contexto tecnológico (hardware e software). exemplo, da documentação referente a pessoal, orçamento,
O documento de arquivo se caracteriza primordialmente material, entre outras.
pela sua estabilidade e durabilidade, pois a informação está No Brasil, a Lei Nacional de Arquivos, de 1991, definiu
registrada num suporte que pode ser conservado por centenas gestão de documentos como o conjunto de procedimentos e
ou até milhares de anos. No ambiente eletrônico, porém, os operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso,
documentos podem ser manipulados sem deixar qualquer avaliação e arquivamento dos documentos em fase corrente e
vestígio, sendo instáveis e extremamente vulneráveis à intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para
intervenção humana e à obsolescência tecnológica. guarda permanente.
Os documentos eletrônicos, gerados no curso das A lei reconheceu que as atividades relativas à
atividades de organizações e pessoas, constituem um documentação das fases corrente e intermediária, realizadas
problema arquivístico e não apenas tecnológico, que diz pelas entidades produtoras com acompanhamento das
respeito ao registro da informação. Se esse registro pode ser instituições arquivísticas, são distintas das atividades da fase
apagado ou modificado sem deixar traço, ou mesmo se tornar permanente, realizadas pelas instituições arquivísticas.
incompreensível em função da obsolescência tecnológica, a Reconheceu também a necessidade da participação das
primeira questão a ser enfrentada diz respeito a como instituições arquivísticas desde o início do processo de
produzir e manter documentos confiáveis, isto é, como produção documental a fim subsidiar os produtores de
garantir a integridade (autenticidade e fidedignidade) dos documentos com informações que facilitem o exercício das
documentos eletrônicos. suas atividades.
O documento de arquivo se caracteriza primordialmente Além disso, a lei reconheceu, no art. 8º, o conceito de ciclo
pela sua estabilidade e durabilidade, pois a informação está vital, importante para a definição do valor dos documentos e
registrada num suporte que pode ser conservado por centenas da responsabilidade pela sua guarda, incluindo sua
ou até milhares de anos. No ambiente eletrônico, porém, os organização, conservação e condições de acesso e uso.
documentos podem ser manipulados sem deixar qualquer Os conceitos de gestão de documentos e de ciclo vital, ao
vestígio, sendo instáveis e extremamente vulneráveis à serem incorporados na legislação, subsidiaram e
intervenção humana e à obsolescência tecnológica.5 Os possibilitaram a elaboração do código de classificação e da
documentos eletrônicos, gerados no curso das atividades de tabela de temporalidade das atividades-meio da
organizações e pessoas, constituem um problema arquivístico administração pública federal.
e não apenas tecnológico, que diz respeito ao registro da Esses instrumentos são fundamentais para implementar a
informação. Se esse registro pode ser apagado ou modificado gestão de documentos, pois permitem uma produção
sem deixar traço, ou mesmo se tornar incompreensível em controlada, formas de recuperação da informação arquivística
função da obsolescência tecnológica, a primeira questão a ser e o estabelecimento de prazos de retenção, que racionalizam a
enfrentada diz respeito a como produzir e manter documentos massa documental acumulada.
confiáveis, isto é, como garantir a integridade (autenticidade e A experiência nacional e internacional vem demonstrando
fidedignidade) dos documentos eletrônicos. que tão importante quanto criar documentos, é saber
O conceito de gestão de documentos foi estabelecido nos gerenciá-los. A informação arquivística, organizada e
Estados Unidos, a partir da década de 1950, como forma de acessível, serve de base para que a própria administração
racionalizar a produção documental e facilitar o seu acesso.7 possa tomar decisões, que dizem respeito a todos os cidadãos,
Uma das principais consequências da introdução deste e com isso tornar o processo decisório verdadeiramente
conceito foi a elaboração da teoria das três idades, ou ciclo democrático.
vital, isto é, os documentos de arquivo têm uma idade ou fase, As atividades de gestão, portanto, não se restringem a
de acordo com as necessidades do órgão que o produziu. evitar a produção de documentos desnecessários e a
estabelecer depósitos intermediários para garantir a
organização e a preservação dos documentos.

9 Idem.

Noções de Arquivologia 33
APOSTILAS OPÇÃO

A gestão abrange todas as operações referentes à produção Sistema de Informação10


(definição de suportes, estrutura do documento, incluindo
código de classificação de assunto), à tramitação (protocolo), Armazena e fornece acesso à informação, diz respeito à
ao uso (consulta e empréstimo), à avaliação (aplicação da aquisição de conhecimento. Tem como objetivo a aquisição e
tabela de temporalidade e destinação) e ao arquivamento gestão de informação proveniente de fontes internas e
(guarda e armazenamento). Neste sentido, todas as operações externas para apoiar o desempenho das atividades de uma
e procedimentos das fases corrente e intermediária têm por organização.
objetivo permitir o acesso e o uso dos documentos.
O desempenho desse conjunto de atividades precisa ser o Sistema de Gestão de Documentos11
mais completo possível, pois a ausência de um dos
componentes pode comprometer todo o processo. Como a Apoia a utilização de documentos para a atividade em
gestão de documentos incorpora duas fases, corrente e curso. Inclui indexação de documentos, gestão de
intermediária, sua efetivação só pode ser alcançada dentro de armazenamento, controle de versões, integração direta com
um sistema que possa acompanhar e controlar todas essas outras aplicações e ferramentas para recuperação dos
atividades. Além disso, o sistema deve incorporar ferramentas documentos, como por exemplo as ferramentas de GED.
e mecanismos para implementar a preservação a longo prazo Sistema de Gestão Arquivística de Documento
dos documentos arquivísticos intermediários e permanentes. É um conjunto de procedimentos e operações técnicas cuja
No âmbito das organizações públicas e privadas, os interação permite a eficiência e a eficácia na produção,
documentos eletrônicos tornaram mais urgente a gestão tramitação, uso, avaliação e destinação (eliminação ou guarda
arquivística de documentos, que inclui tanto os documentos permanente) de documentos arquivísticos correntes e
tradicionais como os produzidos em meio eletrônico. A gestão intermediários de uma organização. Inclui código de
arquivística de documentos eletrônicos não difere classificação de assuntos, controle sobre a modificação dos
essencialmente da gestão arquivística de documentos em documentos de arquivo, controle sobre os prazos de guarda e
papel, mas a manutenção dos documentos eletrônicos é mais eliminação e fornece um repositório protegido para os
dependente de um bom sistema de gestão arquivística de documentos de arquivo que sejam significativos para a
documentos. organização.
Além disso, a produção eletrônica de documentos introduz
também os sistemas eletrônicos de gerenciamento de Requisitos funcionais12
documentos. A fim de garantir a produção de documentos de
arquivo, fidedignos, autênticos e preserváveis, é fundamental Os requisitos funcionais estabelecem um conjunto de
que estes sistemas incorporem o conceito arquivístico e todos condições a serem cumpridas pela instituição produtora de
os seus requisitos necessários. Com relação ao termo gestão de documentos, pelo sistema de gestão arquivística e pelos
documentos há um problema conceitual que é necessário próprios documentos a fim de garantir a sua fidedignidade e
esclarecer. autenticidade ao longo do tempo, ou seja, o seu valor como
A Lei Nacional de Arquivos estabeleceu o conceito de fonte de prova das atividades desenvolvidas por uma dada
gestão de documentos, compreendendo todos os instituição.
procedimentos e operações técnicas das fases corrente e
intermediária, isto é, desde a produção até a destinação final, Assim, para implementar programas de gestão arquivística
que nesse texto estamos denominando gestão arquivística dos de documentos, é necessária a elaboração dos requisitos, que
documentos para diferenciar de outros sistemas de possibilitarão às instituições públicas e privadas produzir e
documentos que usam o termo gestão. manter documentos de arquivo fidedignos e autênticos, além
Um exemplo dessa situação ocorre na área de informática, de reconhecer documentos arquivísticos em sistemas
que passou a utilizar o termo gestão de documentos para eletrônicos de informação. Com base nos requisitos é possível
alguns procedimentos de recuperação da informação do estabelecer os metadados que fornecerão informações sobre o
material digitalizado, implantação de protocolos contexto jurídico-administrativo, documental e tecnológico
informatizados e/ou para controle do armazenamento, não em que os documentos foram criados, bem como informações
incorporando o conceito de original para produção de sobre seu conteúdo, tramitação etc.
documentos, código de classificação de assunto, tabela de
temporalidade, avaliação e destinação. As iniciativas internacionais têm promovido a
sistematização e descrição dos requisitos funcionais para
Assim, uma ferramenta de Gestão Eletrônica de orientar o desenvolvimento de sistemas eletrônicos de gestão
Documentos (GED) não necessariamente atende a todos os arquivística. Como, por exemplo, o Modelo de Requisitos
requisitos arquivísticos e jurídicos, aproximando-se, na Funcionais (MoReq) da União Europeia e a norma do
maioria das vezes, de uma aplicação de gestão de documentos Departamento de Defesa (DoD), que está sendo assumida pelo
e não de um sistema de gestão arquivística de documentos. Arquivo Nacional dos EUA para toda a administração pública
federal.
Resumiremos logo mais, as principais diferenças entre
Sistema de Informação, Sistema de Gestão de Documentos Um modelo de requisitos funcionais deve considerar as
e Sistema de Gestão Arquivística de Documentos, seguintes diretrizes para garantir a produção e a manutenção
conforme definidos pelo programa SIADE – Sistemas de de documentos arquivísticos tradicionais e eletrônicos,
Informação de Arquivo e Documentos Eletrônicos de autênticos e fidedignos: – produção de documentos essenciais
Portugal e pela CTDE. à administração da organização: evitar duplicação e garantir
que as atividades sejam registradas em documentos de
arquivo; – o documento deve ser completo, isto é, deve conter
elementos suficientes que assegurem sua capacidade de
sustentar os fatos que atesta: data, hora e lugar da produção,

10 Ibidem. Eletrônicos.http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/Media
11 ROCHA, et.al. Gestão Arquivistica de Documentos Eletrônicos. Rio de /publicacoes/gt_gestao_arquivistica__pagina_web_corrigido3.pdf.
Janeiro, 2004. CONARQ – Câmara Técnica de Documentos 12 Idem.

Noções de Arquivologia 34
APOSTILAS OPÇÃO

da transmissão e do recebimento; assinatura; nome do autor, eletrônicos abrangem documentos digitais: “todo documento
do destinatário e do redator; assunto, código de classificação digital é eletrônico, mas nem todo documento eletrônico é
etc. – controle sobre procedimentos de produção: os digital”.
procedimentos de criação devem ser rigorosos, detalhados e Para tanto, achamos interessante inserir dentro deste
rotineiros a fim de garantir a sua fidedignidade. contexto algumas dúvidas que foram postadas no site da
CONARQ (abaixo será apresentado o link) como “dúvidas mais
Os sistemas eletrônicos de gerenciamento arquivístico frequentes” a respeito dos documentos eletrônicos. Achamos
devem ser idôneos, prevendo: a limitação de acesso à interessantes compartilhar, pois muitas vezes tais dúvidas
tecnologia por meio da criação de privilégios de acesso (senha, podem ser as mesmas que você candidata possui.
cartões); a definição de regras de workflow através da
integração dos procedimentos administrativos e 1. O que é considerado um documento arquivístico
documentários e o estabelecimento de uma trilha de auditoria num ambiente digital
que registre todas as intervenções feitas no documento.10 –
métodos que garantam a não adulteração dos documentos: Resposta: Um documento em formato digital é
mecanismos que garantam a segurança da transmissão, considerado arquivístico quando produzido (elaborado ou
incluindo a capacidade do sistema eletrônico identificar o recebido) no curso de uma atividade, ou seja, de um processo
original; mecanismos de preservação (reprodução e migração) de trabalho, como instrumento ou resultado de tal atividade, e
e de verificação da proveniência. retido para ação ou referência.
Exemplos: textos, e-mail, fotografias, filmes, plantas de
É necessário que os arquivos facilitem o estabelecimento arquitetura, bases de dados, áudio ou mesmo websites, desde
de programas de gestão arquivística de documentos e que atendam aos critérios definidos anteriormente.
articulem a definição de requisitos funcionais, que devem se
tornar padrões ou normas, de forma a garantir que sejam 2. Documento digital é a mesma coisa que documento
incorporados aos sistemas eletrônicos de gestão arquivística. eletrônico?
Frente aos desafios apresentados pelos documentos digitais
quanto à produção, ao acesso contínuo e à preservação de Resposta: Na literatura arquivística internacional, ainda é
longo prazo, é preciso colocar em prática essas diretrizes, pois corrente o uso do termo “documento eletrônico” como
do contrário corre-se o risco de perdermos a memória sinônimo de “documento digital”. Entretanto, do ponto de vista
registrada do nosso país. tecnológico, existe uma diferença entre os termos “eletrônico”
e “digital”.
Qual a diferença entre documento eletrônico e Um documento eletrônico é acessível e interpretável por
documento digital? meio de um equipamento eletrônico (aparelho de
Na literatura arquivística internacional, ainda é corrente o videocassete, filmadora, computador), podendo ser registrado
uso do termo “documento eletrônico” como sinônimo de e codificado em forma analógica ou em dígitos binários. Já um
“documento digital”. Entretanto, do ponto de vista tecnológico, documento digital é um documento eletrônico caracterizado
existe uma diferença entre os termos “eletrônico” e “digital”. pela codificação em dígitos binários e acessado por meio de
Um documento eletrônico é acessível e interpretável por sistema computacional. Assim, todo documento digital é
meio de um equipamento eletrônico (aparelho de eletrônico, mas nem todo documento eletrônico é digital.
videocassete, filmadora, computador), podendo ser registrado Apesar de ter seu foco atualmente direcionado para os
e codificado em forma analógica ou em dígitos binários. Já um documentos digitais, a CTDE (Câmara Técnica de Documentos
documento digital é um documento eletrônico caracterizado Eletrônicos) mantém seu nome, uma vez que este escopo pode
pela codificação em dígitos binários e acessado por meio de ser expandido ao longo do desenvolvimento de seus trabalhos.
sistema computacional. Assim, todo documento digital é
eletrônico, mas nem todo documento eletrônico é digital. Exemplos:
1) documento eletrônico: filme em VHS, música em fita
Exemplos: cassete.
1) documento eletrônico: filme em VHS, música em fita 2) documento digital: texto em PDF, planilha de cálculo em
cassete. Microsoft Excel, áudio em MP3, filme em AVI.
2) documento digital: texto em PDF, planilha de cálculo em
Microsoft Excel, áudio em MP3, filme em AVI.” 3. Como posso preservar documentos em formato
digital?
O dicionário de Terminologia Arquivística define
documento eletrônico: Resposta: A instituição deve possuir um programa de
preservação de documentos arquivísticos que incorpore os
“Gênero documental integrado por documentos em meio documentos convencionais e digitais.
eletrônico ou somente acessíveis por equipamentos eletrônicos, A preservação digital é o conjunto de estratégias e
como cartões perfurados, disquetes e documentos digitais.” metodologias destinadas a preservar os documentos em
(DBTA, p. 75). formato digital. Ela pode implicar desde transferências
periódicas dos suportes de armazenamento até a conversão
E quanto ao documento digital: para outros formatos digitais, bem como a atualização do
ambiente tecnológico, o hardware e o software.
“Documento codificado em dígitos binários, acessível por Tais estratégias devem alcançar todas as características
meio de sistema computacional.” (DBTA, p. 75). essenciais que definem um documento digital, que são: físicas
(suporte / registro físico), lógicas (software e formato digital)
Embora estes conceitos do Conselho Nacional de Arquivos e conceituais (estrutura / conteúdo exibido). Além disso, elas
diferenciarem documento digital do eletrônico, há autores que devem levar em conta os elementos necessários para a
preferem usar somente o termo “documento eletrônico” para produção, a manutenção e o acesso aos documentos digitais.
abranger tanto os eletrônicos quanto os digitais, ao considerar Deve-se compreender, ainda, que a preservação digital não
as definições do CONARQ. Todavia não fogem do pensamento é a digitalização de documentos que se apresentam em outros
dos demais, uma vez que o CONARQ afirma que documentos suportes. A digitalização é uma ação que serve à captura de

Noções de Arquivologia 35
APOSTILAS OPÇÃO

documentos para sistemas de informação como forma de


facilitar seu gerenciamento e acesso, bem como auxiliar a
preservação dos originais. Já a preservação digital visa
exclusivamente à preservação dos documentos digitais.

Para você ter acesso à todas as dúvidas frequentes


respondidas, basta acessar o endereço eletrônico abaixo,
e será possível você se inteirar sobre outros pontos
importantes a respeito do documento eletrônico.

http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.
gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=10

Questão

01. No que se refere à microfilmagem e à digitalização


aplicada aos arquivos, julgue os itens a seguir.
Os documentos digitais podem ser gerados por sistemas
informatizados por meio de dados contidos em sistemas
gerenciadores de banco de dados, por processo de
digitalização ou diretamente com uso de software ou sistema
específico.
(...) Certo
(...) Errado

Resposta

01. Certo

Anotações

Noções de Arquivologia 36

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