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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

A VENDA DE BENS ALHEIOS: UMA PERSPECTIVA DE DIREITO


COMPARADO

Luanda- Novembro- 2019


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO

A VENDA DE BENS ALHEIOS: UMA PERSPECTIVA DE


DIREITO COMPARADO

Trabalho elaborado para efeitos de avaliação

Autores:
1- Joni Pereira. Nº 13789
2- Rafael Ndumba. Nº 14278
3- Ruth Luyeye. Nº 13780

Luanda-Novembro- 2019
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não
é senão uma gota de água no mar.
Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.
- Madre Teresa de Calcutá
Índice
Fase Analítica ................................................................................................................... 5

1.Direito Brasileiro ........................................................................................................... 7


1.1 CONCEITO DE COMPRA E VENDA ............................................................................................. 7
1.2 ELEMENTOS ESSENCIAS .............................................................................................................. 7
1.3. COMPRA E VENDA E TRASMISSÃO DA PROPRIEDADE ....................................................... 7
1.4. VENDA DE BENS ALHEIOS .......................................................................................................... 8
1.5. Valor Jurídico da Venda de bens alheios ........................................................................................... 9
1.6 TUTELA DOS INTERESSES ......................................................................................................... 10

2.Direito Peruano ............................................................................................................ 10


2.1. CONCEITO DE COMPRA E VENDA .......................................................................................... 10
2.2. ELEMENTOS ESSENCIAS ........................................................................................................... 10
2.3 COMPRA E VENDA E TRASMISSÃO DA PROPRIEDADE ...................................................... 11
2.4. VENDA DE BENS ALHEIOS ........................................................................................................ 11
2.5. Valor Jurídico da Venda de bens alheios ......................................................................................... 12
2.6. TUTELA DOS INTERESSES ........................................................................................................ 13

3. Direito Angolano ........................................................................................................ 13


3.1 CONCEITO DE COMPRA E VENDA ........................................................................................... 13
3.2 ELEMENTOS ESSENCIAS ............................................................................................................ 13
3.3 COMPRA E VENDA E TRASMISSÃO DA PROPRIEDADE ...................................................... 14
3.4. VENDA DE BENS ALHEIOS ........................................................................................................ 14
3.5 VALOR JURÍDICO DA VENDA DE BENS ALHEIOS ................................................................ 15
3.6 TUTELA DOS INTERESSES ....................................................................................................... 15

Síntese comparativa ........................................................................................................ 16

BIBLIOGRÁFIA ............................................................................................................ 17
Fase Analítica

O presente estudo comparativo tem por objecto a análise da problemática da


venda de bens alheios. Para o efeito, de modo a procedermos a delimitação do estudo,
não trataremos das consequências penais que eventualmente possam ter lugar. Assim o
estudo terá como enfoque as consequências civis da venda de bens alheios sendo que
ainda neste âmbito não pretendemos tratar das situações em que as partes consideram a
coisa alheia como sendo futura e convencionam neste sentido.
Identificação das comparandas: nas palavras de Patrícia Jerónimo1, o Direito
comparado tem por objecto a comparação de direitos. Em consequência disso, não é
possível fazer um estudo de direito comparado sem procurar olhar para a visão do
problema avançada por diferentes ordenamentos jurídicos, assim justifica-se a
necessidade de proceder-se à escolha das comparandas sendo que como afirma Moura
Vicente 2 “essa selecção há de ser feita tendo em conta diversos factores entre estes
avulta a própria finalidade visada pela comparação de direitos”. Para o efeito, temos
como comparandas os seguintes direitos: direito brasileiro, direito peruano e direito
angolano.
Justificação das comparandas: a escolha das comparandas foi feita com base
nos seguintes critérios: finalidade académica do estudo, as línguas oficiais das
comparandas por possibilitar maior acesso as fontes quer primárias quer secundárias e
como afirma Moura Vicente 3 “os eventuais esclarecimentos de problemas de
interpretação devem ser feitos à luz da doutrina e jurisprudência do sistema
considerado”, razão pela qual foram escolhidos países cuja língua oficial é o português
(Brasil e Angola) e o espanhol (Peru) por serem ambas línguas latinas e muito próximas
reduzindo desta forma os riscos decorrentes da tradução de textos jurídicos, como
observam Carlos de Almeida e Jorge Carvalho4 “as dificuldades acrescidas da tradução
jurídica derivam da natureza conotada das linguagens jurídicas, isto é, da circunstância
de estas se formarem a partir de significados de outros sistemas de linguagens (maxime,
a linguagem comum) transfigurando-os de acordo com as regras semânticas do seu
próprio sistema”.
Tipo de comparação: far-se-á um estudo micro-comparativo uma vez que
pretende-se analisar as diferentes respostas dadas ao problema da venda de bens alheios
no direito brasileiro, peruano e angolano, culminando com o levantamento sistemático
das principais diferenças e semelhanças. Para tal o critério utilizado para a
comparabilidade é o da aproximação funcional e como reforça Deo Campos Dutra 5“a
lei ao redor do mundo pode ser conectada a uma função central e externa a ela. Essa lei,
por sua vez, procura solucionar o mesmo grupo de problemas sociais”.
Elementos a comparar: estes consubstanciam-se em questões relativas ao
problema formulado e que através da sua análise poderemos chegar às razões das
soluções legislativas adoptadas pelas comparandas facilitando tanto a compreensão do
1
Lições de Direito Comparado, p. 11.
2
Direito Comparado, p. 45.
3
Ob. cit, p. 48.
4
Introdução ao Direito Comparado, p. 34.
5
Método(s) em Direito Comparado. In Revista da Faculdade de Direito – UFPR, Curitiba, vol. 61, nº 3,
set./dez. 2016, p. 199.

5
estudo bem como a elaboração da síntese comparativa. Assim são elementos a
comparar6 os seguintes: conceito de compra e venda, elementos essenciais da compra e
venda, compra e venda e transmissão da propriedade, venda de bens alheios, valor
jurídico da venda de bens alheios e, por último, tutela dos interesses.

6
A selecção dos elementos a comparar foi feita tendo em atenção a relação de interdependência entre
eles. A título de exemplo, ao saber-se qual a relação que se estabelece entre contrato e transmissão da
propriedade nos ordenamentos em análise saber-se-á, logo a partida, se é admissível ou não a celebração
de um contrato cujo objecto seja um bem alheio.

6
1.Direito Brasileiro

1.1 CONCEITO DE COMPRA E VENDA

O código civil brasileiro no art. 481. ̊ não apresenta uma noção de compra e venda
estabelecendo apenas as obrigações resultantes do contrato.

A doutrina, com fundamento no direito positivo7 (Código Civil, art. 481. ̊), define
compra e venda como sendo o contrato em que uma pessoa (vendedor) se obriga a
transferir a outra pessoa (comprador) o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea,
mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente.

1.2 ELEMENTOS ESSENCIAS

Quantos aos elementos essenciais 8 do contrato, a doutrina apresenta três


elementos, nomeadamente: a coisa, o preço e o consentimento.
A coisa deve reunir dentre outras qualidades essências a possibilidade de
transferência ao comprador, isto é, não basta que a coisa esteja disponível, é mister que,
na espécie em concreto, possa ela ser transferida ao comprador.
Em duas hipóteses não o poderá ser:

1. Quando já pertence ao próprio comprador;


2. Quando a coisa não pertence ao vendedor, mas a terceiro.

1.3. COMPRA E VENDA E TRASMISSÃO DA PROPRIEDADE

Regime legal. O art. 481. ̊ do C.C brasileiro, dispõe que: “Pelo contrato de
compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o
outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.”
Outrossim em relação a transmissão de propriedade de bens móveis o art. 1226. ̊
estabelece que “os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.” O mesmo artigo
remete para o art. 1267. ̊ estatuindo que “a propriedade das coisas não se transfere pelos
negócios jurídicos antes da tradição.”

No que respeita a imóveis, o artigo 1227. ̊ estatui que “os direitos reais sobre
imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o
registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1245.̊ a 1247.̊),
salvo os casos expressos neste Código.”

7
CAIO PEREIRA. Instituições do Direito Civil. P. 217. Vol. III. Desta noção fazemos ressaltar, desde
logo, o ponto essencial, que marca a posição do nosso direito: o caráter meramente obrigatório do
contrato. Seguindo, como se vê, a tradição romana, e fiel à nossa determinação histórica, a compra e
venda não opera, segundo o nosso Código, a transmissão do domínio.
8
Ob. Cit. p. 190.

7
Doutrina. A doutrina brasileira quanto essa questão é pacífica, segundo Caio
Pereira 9 “para o direito brasileiro, portanto, o contrato por si só é inábil a gerar a
translação da propriedade, embora seja dela uma causa determinante. É mister a
realização de um daqueles actos a que a lei reconhece o efeito translatício: a tradição da
res vendita, se se tratar de coisa móvel; ou a inscrição do título aquisitivo no registro, se
for imóvel o seu objeto.”

Orlando Gomes 10 , para dar resposta a questão parte da clássica distinção


Romana entre titulus adquirendi e modus acquisitionis, sendo que o modus acquisitionis
é o facto ao qual a lei atribui o efeito de constituir um direito real ou operar a sua
transmissão ao passo que o titulus adquirendi é a causa jurídica ou razão de ser da
aquisição ou transmissão do Direito, no caso o contrato.
Assim o autor conclui dizendo: “prevalece, entretanto, a opinião de que o Direito
nacional não atribui ao contrato de compra e venda efeitos reais como se depreende,
sem esforço, das disposições concernentes ao registro da propriedade imóvel”.

1.4. VENDA DE BENS ALHEIOS

Regime Legal. O Código Civil brasileiro de 2002, não apresenta de forma


directa ou em específico, uma norma que se refira a venda de bens alheios no sentido da
admissibilidade ou proibição da mesma.
Todavia tem-se como ponto de partida para a admissibilidade indirecta os efeitos
da compra e venda estabelecidos no art. 481. ̊, mormente a obrigatoriedade de
transferência da propriedade da coisa distinguindo-se a venda de coisa alheia com a
entrega (tradição) de coisa de outrem por força do contrato de compra e venda 11 .
Ademais, para reforçar esta ideia, o regime da evicção (art. 447. ̊ 12 . e ss) tem sido
entendido como referente a venda de bens alheios, uma vez que, caso o adquirente seja
privado da propriedade da coisa por direito de terceiro, neste caso o verdadeiro titular, é
o alienante que responde por tal facto.

Outrossim, o direito brasileiro consagra o instituto da tradição13, havendo uma


proibição da tradição de coisa alheia, como decorre do art. 1268. ̊ “a tradição feita por
quem não seja proprietário não aliena a propriedade”. Assim sendo, a tradição de coisa
alheia visa a protecção do titular da coisa pois, de outro modo, com o acto da tradição,
ele ver-se-ia privado da titularidade da mesma.

Doutrina. Orlando Gomes14 afirma que: “parece absurda a venda de coisa alheia,
pois, intuitivamente, a coisa vendida deve pertencer ao vendedor. Uma vez, porém, que,
pelo contrato, o vendedor se obriga, tão-só, a transferir a propriedade da coisa, nada
obsta que efetue a venda de bem que ainda lhe não pertence; se consegue adquiri-lo para

9
Caio Pereira, ob cit, p. 217.
10
Orlando Gomes, Contratos, p.270,271.
11
Ob, cit. p. 174.
12
Nos Contratos onerosos, o alienante responde pela evicção
13
Maria Helena. Código Civil anotado. p.886. A tradição consiste na entrega de bem móvel ao
adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio em razão de título translativo de propriedade
14
Orlando Gomes. Ob. cit. p. 274.

8
fazer a entrega prometida, cumprirá especificamente a obrigação; caso contrário, a
venda resolve-se em perdas e danos”.

Jurisprudência: O Supremo Tribunal Federal tem-se pronunciado no sentido da


admissibilidade da venda de bens alheios.

1.5. Valor Jurídico da Venda de bens alheios

Regime Legal. O código civil brasileiro não faz menção ao valor jurídico da
venda de bem alheio, não obstante o art. 1268. ̊ estabelece a ineficácia da tradição de
coisa alheia, no seu §1 admite a possibilidade de convalidação desde que o alienante em
momento posterior adquira a propriedade da coisa.

Doutrina. Para autores como Orosimbo Nonato 15 , é o acto inexistente em


relação ao verdadeiro dono. Para outros, é o acto nulo em razão de faltar o pressuposto
fáctico essencial, que é o direito do alienante à coisa.
Para outros, e neste sentido se posiciona Caio Pereira, o contrato é anulável
porque admite convalescimento, fundamentando com o disposto no §3 do art. 1268. ̊ .
Orlando Gomes por seu turno defende a validade do contrato16.
O mesmo não ocorre em relação a tradição de coisa alheia, na medida em que se
o transmitente não for o proprietário do bem móvel a tradição não terá o efeito de
transferir o domínio.17
Em decorrência da essência desses regimes, para os autores que defendem a
validade do contrato, o cumprimento do contrato fica dependente da aquisição pelo
alienante da titularidade do bem objecto do contrato18, quando tal não se verifica, “a
venda resolve-se em perdas e danos19”.

Jurisprudência. Quanto a essa questão, o Supremo tribunal Federal 20 tem-se


pronunciado no sentido da validade do contrato sendo apenas ineficaz em relação ao
verdadeiro dono: a venda a non dominu não é nula de pleno direito, nem anulável. É
negócio condicional. Inexiste com respeito ao verus dominus. O Supremo Tribunal
Federal21 admite a possibilidade de convalidação da venda de bem alheio desde que o
alienante adquira o domínio da coisa alienada.

15
Apud Caio Pereira, Instituições de Direito Civil. p. 217. Vol. III, p. 194.
16
Supra. 1.6.
17
Maria Helena. ob. Cit. p. 887.
18
Maria Helena. Ob. Cit. p. 887. Mas se o adquirente estava de boa fé e se o alienante vier a adquirir,
posteriormente, a propriedade da coisa, considera-se realizada a transferência desde o momento em que se
deu a tradição, operado estará, portanto, o efeito ex tunc da tradição.
19
Orlando Gomes. Ob. Cit. p. 274
20
RE 37330/ GO. Órgão Julgador: 2ª Turma. Relator: Min. Ribeiro da Costa. Julgamento: 12.09.1958,
Publicação: ement. V. 00363-01, p. 00640, DJ data: 30.10.58. Apud. AZEVEDO, Ana Carolina Garcez
de. Venda de coisa alheia. Revista Jus Navigandi.
21
RE 68001/PR.Órgão Julgador: 2ª Turma. Relator: Min. Adaucto Cardoso. Julgamento: 23.10.1970.
Publicação: RTJ V.00055-03, P.00577, DJ data: 04.12.70, p. 0638. Apud. . AZEVEDO, Ana Carolina
Garcez de. Venda de coisa alheia. Revista Jus Navigandi.

9
1.6 TUTELA DOS INTERESSES

O regime consagrado pelo legislador brasileiro, visa à tutela de vários interesses:


por um lado a proteção do verdadeiro proprietário eventualmente lesado, que se efectiva
com a cominação da ineficácia do contrato em relação a ele; por outro lado a proteção
do comprador, que se encontra na expectativa de vir a adquirir a propriedade do bem,
efectivando-se com a possibilidade de convalidação do contrato pelo adquirente de boa
fé como consequência da aquisição posterior da coisa pelo alienante, ou ainda com a
anuência do verdadeiro titular da coisa, e em ultima instancia com o direito a
indemnização por perdas e danos; por fim a proteção do tráfico jurídico negocial no
sentido de garantia de maior segurança e certeza jurídica, efectivada com a consagração
dos regimes supracitados.

2.Direito Peruano

2.1. CONCEITO DE COMPRA E VENDA

O código civil peruano não apresenta um conceito de compra e venda,


estabelecendo apenas as obrigações resultantes deste contrato (art. 1529.̊).
Doutrina. Mario Freyre22 define compra e venda como sendo “contrato através do
qual uma das partes denominada vendedor se obriga a transferir a propriedade de um
bem a outra, por sua vez denominada comprador, que se obriga a pagar àquela um preço
em dinheiro”.

2.2. ELEMENTOS ESSENCIAS

Regime legal. O art. 1532. ̊ 23 do código civil peruano estabelece que para que
sejam objeto da venda os bens devem possuir as seguintes características: existência ou
possibilidade de virem a existir, determinação ou determinabilidade, que a sua alienação
não esteja proibida por lei.
Doutrina. Mario Freyre acrescenta que “o código civil peruano não estabelece
como requisito que um bem seja próprio (do vendedor) para que seja objecto da
prestação de dar”.24
Jurisprudência. A jurisprudência peruama acrescenta a capacidade e a
legitimidade como elementos essenciais da compra e venda (imóveis).

22
Mario Freyre, Los Contratos Sobre Bienes Ajenos, p. 155.
23
Pueden venderse los bienes existentes o que puedan existir, siempre que sean determinados o
susceptibles de determinación y cuya enajenación no esté prohibida por la ley.
24
Mario Freyre, ob. cit, p. 156.

10
2.3 COMPRA E VENDA E TRASMISSÃO DA PROPRIEDADE

Regime Legal. Pelo preceituado no art. 1529.̊ conjugado ao art. 1549.̊, o contrato
de compra e venda apenas gera a obrigação do vendedor transferir a propriedade ao
comprador ao passo que a transmissão da propriedade efectiva-se com a tradição (no
caso de coisas moveis) e quanto aos imóveis o art. 949.̊, estabelece que a obrigação de
transferir a propriedade faz do comprador proprietário da coisa25.
Doutrina. A doutrina peruana não é unanime, a discussão tem girado em torno de
três correntes: a realista, defendida fundamentalmente por Bigio e Guilhermo Lohmann,
para qual o contrato pode transferir directamente a propriedade; a obrigacionista,
defendida por Miguel Torres e Manuel de la Puente, para os quais o contrato não pode
transferir directante a propriedade uma vez que unicamente cria, regula, modifica ou
extingue obrigações; e, por último, a corrente mista, defendida por Ugo Forno,
Osterlingue e Mário Freyre, para os quais há, no ordenamento jurídico peruano, uma
convivência do princípio solo consensus, com a teoria do título e do modo no sentido de
que o contrato transfere directamente a propriedade imóvel (art. 949.º), o que não ocorre
com a propriedade móvel nos termos do artigo 947.º.26

2.4. VENDA DE BENS ALHEIOS

Regime Legal. O código civil peruano, não possui nenhuma norma que consagre
de forma expressa a venda de bens alheios, estabelecendo apenas no nº 2 do art 1409. ̊ 27
que as prestações nas relações jurídico-contratuais podem versar sobre bens alheios, no
artigo 1537. ̊ o compromisso de venda de bem alheio no art 1539. ̊ a rescisão do
compromisso da venda de bens alheios.
Doutrina. A doutrina Peruana, é consensual quanto a possibilidade da venda de
bens alheios em relação a móveis, havendo divergência de opiniões em relação a venda
de bens imóveis por força do efeito translativo atribuído ao contrato pelo art. 949.̊.28
Mário Freyre na sua obra intitulada Los Contratos sobre Bienes Ajenos, afirma
que o código civil peruano de 1984 consagrou a venda de bens alheios em sentido
restrito, e recorrendo ao disposto ao artigo 1409.̊ e 1539.̊, apresenta os seguintes
elementos da venda de bem alheios: consciência da celebração da compra e venda;
consciência de que o objecto da prestação de dar contida no contrato e a cargo do
vendedor é um bem que não faz parte do seu património no momento da celebração do
contrato (nem do comprador); em razão disso as partes estão convictas de que estão a
contratar no sentido de que o vendedor se está a obrigar a transferir a propriedade desse
bem alheio e o comprador a pagar o preço. O autor acrescenta que pelo facto da compra

25
O código civil peruano adopta um duplo regime: um em que há transmissão da propriedade com a
compra e venda (imóveis) e outro em que não há transmissão da propriedade (móveis).
26
Freddy Escobar Rozas, El contrato y los efectos reales (Análisis del sistema de transferência de
propiedad adoptado por el Código Civil peruano).
27
La prestación materia de la obligación creada por el contrato puede versar sobre: 2. - Bienes ajenos
o afectados en garantía os embargados o sujetos a litígio por cualquier otra causa.
28
La sola obligación de enajenar un inmueble determinado hace al acreedor propietario de él, salvo
disposición legal diferente o pacto en contrario.

11
e venda ter efeito meramente obrigacional, não haverá em princípio nenhuma razão
válida para recusar a regulação de um contrato com essas características na legislação
civil.29
No que concerne a bens imóveis, o autor defende a admissibilidade da venda de
bens alheios, argumentando que o artigo 949.̊ só será aplicável quando o vendedor tiver
a propriedade do imóvel (disposição indicada em sede de direitos reais), e recorrendo ao
artigo 1529.̊ o autor afirma que não há inconveniente algum à admissibilidade da venda
de bem imóvel alheio, já que pode vender-se um bem com essas características à luz do
referido artigo. O que não se pode fazer é transferir a propriedade desse bem, pois o
vendedor carece de faculdade para fazer. Para os que negam tal possibilidade
argumentam com a impossibilidade de compatibilização com o artigo 949.̊, todavia o
autor entende que isso é possível por força das excepções contidas no artigo ante citado,
na medida em que o disposto no artigo 1539.̊ é disposição legal em contrário, e o facto
das partes celebrarem contrato nesse sentido é convenção em contrário.30
Jurisprudência. No caso nº 748-2009-CUZCO, a Sala do Cível Transitória da
Corte Suprema pronunciou-se em relação a venda de bens alheios no sentido do
reconhecimento de uma existência relativa deste contrato nos casos do art. 1539.̊,
sempre que o comprador desconheça da alienidade do bem, sem prejuízo do verdadeiro
proprietário poder exercer as ações que visam tutelar o seu direito sobre a coisa.31 Não
obstante, os tribunais superiores peruanos têm desincentivado a celebração de contratos
cujo objecto seja um bem alheio.

2.5. Valor Jurídico da Venda de bens alheios

Regime Legal. O código civil peruano no art. 1539. ̊ faz referência a possibilidade
de rescisão do compromisso de venda de bem alheio sempre que o comprador
desconheça a alienidade do bem. Ressalvando a possibilidade de convalidação do
contrato, no caso em que o vendedor adquira a propriedade antes de ser citado na acção
de rescisão. O referido artigo apenas reserva a possibilidade de intentar a acção de
rescisão ao comprador, pois o regime do código civil peruano não prevê a possibilidade
de o vendedor estar de boa fé.32
Doutrina. Neste sentido a doutrina peruana, tem interpretado este artigo como
sendo referente a verdadeira venda de bens alheios ou a venda de bens alheios em
sentido restrito e não ao compromisso de venda de bem alheio. Assim, para autores
como Manuel de la Puente 33 , a venda de bens alheios, por ter como pressuposto o
desconhecimento de tal qualidade pelo comprador, seria rescindível por força do art.
1539.̊, ao passo que para autores como Mario Freyre34, que acolhe a concepção restrita
que exige o conhecimento por parte do comprador da alienidade do bem, a venda de

29
Mario Freyre, Los Contratos Sobre Bienes Ajenos. p. 55.
30
Mario Freyre, ob. cit, p.p. 155, 156, 158, 166,169.
31
Apud José Díaz, NULIDAD DE LA COMPRAVENTA DE BIEN INMUEBLE AJENO EN EL CÓDIGO
CIVIL PERUANO DE 1984, p.98.
32
Outro aspecto que muchas veces no se contempla en el tratamento de este tema, es el caso del
vendedor de buena fe, para el cual la mayoría de código no otorgan expressamente acción alguna. Este
es caso del código civil peruano. Mario Freyre, ob. cit, p. 172.
33
Manuel de la Puente, ob. cit., p. 83.
34
Mario Freyre, ob. cit., p. 172.

12
bem alheio seria desprovida de vícios não sendo assim rescindível nos termos do art.
1539.̊ (contrario sensu).
Em decorrência desses regimes, para os autores que defendem a validade do
contrato, o cumprimento do contrato fica dependente da transmissão da titularidade do
bem pelo alienante ao comprador dentro do prazo convencionado, sob pena de o
vendedor responder por perdas e danos e o comprador exigir a resolução do contrato
(arts. 1371.̊ e 1428.̊), não podendo o vendedor invocar que o cumprimento não lhe é
imputável, uma vez que, como salienta Mario Freyre “ao ter assumido expressamente a
obrigação de transferir a propriedade de um bem que sabia que era alheio, assumiu o
risco derivado de uma hipotética impossibilidade de execução da obrigação”.35
Jurisprudência. A jurisprudência tem-se pronunciado quanto a venda de bens
imóveis alheios, no sentido da nulidade do contrato de compra e venda, como verifica-
se no caso N° 3041-2008-PUNO em que a Sala do Cível Permanente da Corte Suprema
estabeleceu que “ é impossível vender um bem sobre o qual não se tenha capacidade
nem legitimidade para dispor, sendo o acto ilícito e contrário à ordem pública em
consequência disso nulo por violar o disposto nos nº 3 e 4 do art. 219.̊.36

2.6. TUTELA DOS INTERESSES


O regime consagrado pelo legislador peruano, visa a tutela de vários interesses:
por um lado a proteção do verdadeiro proprietário, que se efectiva com a cominação da
ineficácia do contrato em relação a móveis e a nulidade tratando-se de imóveis; por
outro lado, a proteção do comprador nos casos em que desconheça da alienidade, que se
efectiva pela possibilidade de rescisão, a faculdade de resolver o contrato e exigir
indemnização em caso de incumprimento, a protecção pelo registo sempre que adquira a
título oneroso de quem esteja inscrito como titular da coisa desde que desconheça da
inexatidão do registo (arts. 2012.̊, 2013.̊, 2014.̊).

3. Direito Angolano

3.1 CONCEITO DE COMPRA E VENDA

Regime legal. O código civil angolano, apresenta no seu art. 874º a noção legal
de compra e venda, determinando que “compra e venda é o contrato pelo qual se
transmite a propriedade de uma coisa, ou outro direito, mediante um preço”.
3.2 ELEMENTOS ESSENCIAS

Regime Legal. O código civil angolano apresenta como elementos essenciais da


compra e venda: a coisa, o preço e a legitimidade, resultantes das disposições
conjugadas dos arts. 874. ̊ e 892.̊.

35
Ob. cit., p. 196.
36
Apud José Díaz, ob. cit., p. 97.

13
Doutrina. O professor Carlos Alberto B. Burity da Silva37, com base no art.
874º, identifica os seguintes elementos: a transmissão da propriedade da coisa ou a
titularidade do direito, a obrigação de entregar a coisa e a obrigação de pagar o preço.
Jurisprudência. O Tribunal Supremo angolano estabelece como elementos
essenciais da compra e venda: a legitimidade, a coisa e o preço.

3.3 COMPRA E VENDA E TRASMISSÃO DA PROPRIEDADE

Regime legal. O código civil angolano, na al. a) do art. 879.̊ apresenta como um
dos efeitos da compra e venda a “transmissão da propriedade da coisa”, que se opera por
mero efeito do contrato (1ª Parte, nº 1, art. 408.̊), sendo este um modo de aquisição da
propriedade (art. 1316.̊ conjugado à al. a) do art. 1317.̊).
Doutrina. Segundo Joaquim Marques de Oliveira38 “o sistema jurídico angolano
acolheu, tal como o português o princípio da consensualidade dos direitos reais. Este
princípio postula que o direito real constitui-se ou transmite-se, solo consensu, no
momento da celebração do contrato, de forma instantânea e automática sem necessidade
de se proceder a entrega da coisa ou do registo no caso de coisas imoveis sujeitos ao
registo, e sem que dependa do cumprimento da obrigação estabelecida nesse contrato
como contrapartida, por exemplo o pagamento do preço no contrato de compra e
venda”. O autor conclui dizendo que o princípio da consensualidade vale tanto para
coisas móveis, quanto para as coisas imoveis. José Alberto Vieira 39 entende que “o
contrato é, assim, a um tempo real e obrigacional, produzindo simultaneamente os dois
tipos de efeitos, sem que, todavia, haja uma interferência recíproca entre eles”.
Jurisprudência. A jurisprudência angolana tem-se pronunciado no mesmo
sentido, verifica-se no acórdão nº 414/2016 do Tribunal Constitucional angolano, onde
se refere que “ao abrigo do art. 879.̊ do código civil a transferência da titularidade do
direito de propriedade sobre o imóvel objecto da presente contenda operou-se, deste
modo, por mero efeito do contrato de compra e venda”.40
3.4. VENDA DE BENS ALHEIOS

Regime Legal. O código civil angolano, mais do que uma mera referência
explícita apresenta um regime aplicável à venda de coisa alheia como própria, constante
do art. 892. ̊ a 904.̊. O legislador angolano concebe a venda bem alheio como um
contrato de compra e venda em que falta um dos seus elementos essenciais ˗ a
legitimidade. Por força disso considera inadmissível a celebração de um contrato com
estas características, não obstante estabelece alguns mecanismos de protecção41.

37
Teoria Geral do Direito Civil, p. 438.
38
Manual de Direitos Reais de Angola (Lições de Direitos Reais e Legislação Fundiária Angolana), pp.
88, 89.
39
Direitos Reais de Angola, p. 189.
40
ACÓRDAO N.° 414/ 2016, p.7.
41
Sobre esta questão debruçar-nos-emos com maior detalhe aquando da exposição do valor jurídico e da
tutela dos interesses.

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Jurisprudência. O Tribunal Supremo angolano tem-se pronunciado no sentido
da inadmissibilidade do contrato de compra e venda cujo objecto seja um bem alheio
por considerar ser “negócio celebrado contra a lei”42.
3.5 VALOR JURÍDICO DA VENDA DE BENS ALHEIOS

Regime Legal. O código civil angolano no art.892. ̊ comina com nulidade a


venda de coisa alheia, podendo a nulidade ser requerida pela parte que estiver de boa fé
(vendedor ou comprador). Ademais, o legislador consagra mecanismos de resgate do
contrato: a convalidação automática do contrato pela aquisição posterior da titularidade
da coisa pelo vendedor (art.895.̊) desde que não se verifique um dos casos de
impedimento da convalidação consagrados no art. 896.̊; a obrigação de convalidar
sempre que haja boa fé43 das partes, ficando o vendedor obrigado a envidar esforços no
sentido da aquisição da propriedade sob pena de responder pela não convalidação da
venda (arts. 897.̊ e 900. ̊) sem prejuízo da obrigação de indemnizar o comprador de boa
fé pela celebração de contrato nulo (art.899. ̊).
Nas situações em que não tenha sido possível sanar a venda e uma das partes do
contrato celebre com terceiro uma compra e venda sobre o mesmo bem, este poderá
estar protegido desde que esteja de boa-fé, tratando-se de bem sujeito a registo e tenha
procedido ao registo da aquisição após três anos a contar da celebração do primeiro
negócio e antes do registo da acção de nulidade ou do acordo sobre a invalidade do
negocio (aquisição tabular) arts.7.̊ CRP e art.291.̊ 44.
Jurisprudência. No processo nº 2033/13 45da Camara do Cível e Administrativo do
Tribunal Supremo, sobre a valor jurídico da venda de bem alheio o tribunal sustenta que
“o requerimento da compra efectudado, pela ré é invalido, o mesmo seria o contrato de
compra e venda, caso viesse a ser celebrado entre a ré e o Estado, por constituir um
negócio celebrado contra a lei, como dispõe o art. 294.̊ do Código Civil e pelo facto do
bem objecto do contrato ser alheio, conforme dispõe o art. 892.̊ do Código Civil.
3.6 TUTELA DOS INTERESSES

O regime consagrado pelo legislador angolano, visa a tutela de vários interesses:


por um lado a proteção do verdadeiro proprietário que se efectiva com a cominação da
nulidade do contrato; por outro lado a proteção do comprador nos casos em que
desconheça da alienidade, que se efectiva pela possibilidade de convalidação posterior
do contrato, os mecanismos indemnizatórios consagrados em caso de incumprimento da
obrigação de convalidar por parte do vendedor; a protecção pelo registo sempre que
adquira a título oneroso de quem esteja inscrito como titular da coisa.

42
Processo nº 2033/13 da Camara do Cível e Administrativo, p. 10.
43
Não obstante o legislador não ter definido a boa fé para efeitos da venda de bens alheios, ela pode ser
entendida como o “desconhecimento da alienidade da coisa ao tempo da celebração do contrato” fazendo
recurso a norma do nº 3 do art. 291.̊ do código civil angolano.
44
Sobre a questão, o Tribunal Constitucional no ACORDÃO N. ° 414/ 2016 “releva, deste logo, a
re1acionada com a proteção que resulta da designada aquisição tabular, prevista nos artigos 7.0 do CRP e
291.0 do Cc. Aquisição esta que, como se sabe, tem que ver com 0 efeito atributivo do registo predial e da
qual decorre a protecção de um terceiro que, com fundamento na fé publica do registo, adquire um direito
real, p.6
45
Processo nº2033/13 da Camara do Cível e Administrativo, p.10

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Síntese comparativa

Diferenças: o direito brasileiro não exige a legitimidade para a celebração da compra e


venda; no direito brasileiro o contrato é apenas titulus adquirendi; o direito brasileiro
exige o registo para a transmissão da propriedade sobre imóveis; o direito peruano
dentre as ordens em comparação é o único que apresenta um duplo regime podendo o
contrato ser titulus e modus adquirendi (imóveis) ou apenas titulus adquirendi (móveis);
no direito angolano o contrato produz ao mesmo tempo efeitos reais e obrigacionais; no
direito brasileiro a jurisprudência tem sido mais flexível no sentido da admissibilidade
ainda que condicionada da venda de bens alheios; o direito peruano apenas admite em
relação a moveis havendo divergência doutrinária a respeito da questão; no direito
angolano quer a lei quer a jurisprudência não admitem a venda de bens alheios; no
direito brasileiro quer a jurisprudência quer a doutrina consideram a venda de bens
alheios ineficaz em relação ao titular da coisa (tradição); o direito peruano considera o
contrato rescindível, bem como admite a resolução do contrato por incumprimento; no
direito peruano cessa a possibilidade de convalidação do contrato após a citação do
vendedor na acção de rescisão conferindo legitimidade activa apenas ao comprador; o
direito angolano considera a venda de bens alheios nula; no direito angolano cessa a
possibilidade de convalidação com o pedido judicial de nulidade; o direito angolano
confere legitimidade activa a parte que estiver de boa fé (vendedor ou comprador);
dentre as ordens em comparação o direito angolano é o único que impõe o dever legal
de convalidação da venda; ampla tutela da boa fé pelo legislador angolano; escasso
tratamento doutrinário da problemática da venda de bens alheios no direito angolano;
rico tratamento doutrinário da venda de bens alheios na doutrina peruana; o código civil
angolano apresenta uma noção de compra e venda é o único que possui um regime
jurídico-legal que de forma expressa trata da venda de bens alheios.

Semelhanças: o código civil brasileiro e o peruano não apresentam uma noção de


compra e venda; o direito brasileiro e o peruano consagram o regime da tradição como
modo de transmissão da propriedade sobre móveis; o direito brasileiro e o peruano (no
caso de móveis) admitem a venda de bens alheios; a jurisprudência angolana e a
peruana não admitem a venda de bens alheios; a jurisprudência angolana e peruana
consideram a venda de bens alheios nula e contrária à lei; o direito angolano e o peruano
admitem acções para invalidar a venda de bens alheios; a três ordens em comparação
admitem a possibilidade de convalidação do negócio em caso de aquisição posterior da
propriedade pelo alienante; no direito brasileiro e no peruano a não aquisição da
titularidade da coisa gera incumprimento contratual; as três ordens em comparação
tutelam os interesses em causa na venda de bens alheios.

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BIBLIOGRÁFIA

Direito brasileiro

Livros:

PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições do Direito Civil. São Paulo. Forense,
Vol. III. 22ª ed. 2018.
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Legislação:

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Legislação:
ANGOLA. CÓDIGO CIVIL.

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Jurisprudência:
Tribunal Constitucional: ACORDÃO N. ° 414/ 2016;
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Direito Comparado

ALMEIDA, Ferreira Carlos e CARVALHO, Jorge Morais, Introdução ao Direito


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VICENTE, Dário Moura, Direito Comparado (Introdução e parte geral). s.l.
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