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Análise da taxa de ocupação hospitalar dos Hospitais

Universitários Federais Brasileiros via Business


Intelligence

Hospital occupation rate analysis of the Brazilian


Federal University Hospitals through Business
Intelligence

Carlo Alessandro Melo Noce, Georges Daniel Amvame Nze e Lourdes Mattos Brasil
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica / PPGEB, Faculdade Gama-FGA, Faculdade de Tecnologia-FT
Universidade de Brasília-UnB
Brasília-DF, Brasil
alessandro_mn@hotmail.com, georges.amvame@gmail.com e lmbrasil@gmail.com

Resumo — A área hospitalar é um ambiente que necessita strategic administration because they provide information
constantemente de atenção e cuidados. Devido às suas urgências, reliability. The aim of this work is to propose to the Brazilian
possui vulnerabilidades e riscos que prejudicam a qualidade da Federal University Hospitals (FUH's) the use of an open source
gestão hospitalar. Ferramentas tecnológicas de gestão mostram-se Business Intelligence (BI) tool, Pentaho, to analyze the Hospital
eficazes na melhoria de processos e na administração estratégica, Occupancy Rate (HOR) and support clinical decision making.
pois proporcionam confiabilidade nas informações. O objetivo This paper describes BI and Pentaho, as well as the main points of
deste trabalho é propor aos Hospitais Universitários Federais the E-EFI-01 efficiency documentation established by the National
(HUF’s) Brasileiros a utilização de uma ferramenta open source de Agency of Supplementary Health (NASH), with emphasis on the
Business Intelligence (BI), o Pentaho, para análise da Taxa de hospital indicator Occupancy Rate. Through Pentaho, is made the
Ocupação Hospitalar (TOH) e apoio à tomada de decisão clínica. data extraction and the transformation, as well as loading them
Este trabalho descreve o BI e o Pentaho, e também, os principais into the Data Warehouse (DW), all based on a relational database
pontos da documentação de eficiência E-EFI-01 estabelecida pela of the Brazilian Hospital Services Company (BHSC). After that,
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), com destaque no dimensional cubes are created for the generation of graphic panels
Indicador Hospitalar Taxa de Ocupação. Por meio do Pentaho é in dashboards. It can be seen that most BHSC hospitals are not yet
feita a extração e a transformação dos dados, e o carregamento adequately using their operational beds, being outside the goal
deles no Data Warehouse (DW), tudo isso tendo como referência established by NASH. Several steps are taken to achieve efficient
uma base de dados relacional da Empresa Brasileira de Serviços hospital administration, but the joint working of Information and
Hospitalares (Ebserh). Após isso, cubos dimensionais são criados Communication Technology (ICT) solutions with the health area
para a geração de painéis gráficos em dashboards. Percebe-se que and its standards, provides a major step towards efficient hospital
a maioria dos hospitais da Ebserh ainda não estão utilizando de management.
forma adequada os seus leitos operacionais, estando fora da meta
estabelecida pela a ANS. Diversas são as etapas para se obter uma Keywords – ICT, hospital management; BI; BHSC; hospital
administração eficiente dos hospitais, porém, o trabalho conjunto indicators.
de soluções de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)
com a área da saúde e suas normas, proporciona um grande passo I. INTRODUÇÃO
à gestão hospitalar eficiente. O século XXI está proporcionando à humanidade a vivência
da era da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) na
Palavras Chave – TIC; gestão hospitalar; BI; Ebserh; sociedade. O seu crescente e constante avanço está trazendo
indicadores hospitalares.
diversos benefícios para todos que a utilizam. A área da saúde é
Abstract — The hospital area is constantly in need of care and uma das mais beneficiadas, sendo perceptíveis as melhorias no
attention. Because of its urgencies, it has vulnerabilities and risks acesso aos serviços de saúde, na qualidade do atendimento e na
that hinder the quality of hospital management. Technological produtividade do sistema de saúde. Os hospitais são ambientes
management tools are effective in improving processes and complexos que necessitam de soluções tecnológicas para
prestação dos seus serviços. Suas demandas são sempre urgentes Dessa forma, uma solução tecnológica que já está sendo
e precisam constantemente de atenção especial e de cuidados utilizada por diversas empresas de TIC para a gestão da
intensivos. Portanto, é fundamental equipar esses informação e do conhecimento e a melhoria dos processos é o
estabelecimentos com tecnologias que auxiliem os professionais Business Intelligence (BI). BI é um conjunto de técnicas e
de saúde no diagnóstico de doenças e no tratamento de pacientes. ferramentas que auxiliam as empresas a tomarem decisões de
forma inteligente, por meio de dados e informações obtidas
Nos últimos anos, a ciência e a tecnologia proporcionaram
pelos diversos sistemas de TIC. BI pode ser definido também
uma larga gama de ferramentas aos profissionais de saúde. Esta
como o processo de coletar, organizar, analisar, compartilhar e
variedade de produtos e desenvolvimento de novos dispositivos monitorar informações que proporcionam suporte à tomada de
médicos ou soluções se deve, em parte, à competitividade entre
decisão nos negócios empresariais. Ou seja, agrupar e
as empresas. O crescimento de atividades baseadas em transformar dados de diversas fontes sem qualquer tipo de
Telemedicina e aprimoramento do tratamento de pacientes relacionamento, em informações consolidadas e disponíveis em
criam no setor de saúde grande demanda por recursos tempo real para serem facilmente manipuladas pela gestão
tecnológicos [1]. estratégica de quaisquer corporações. O BI oferece um sistema
Assim como nos mais diversos setores da sociedade, a de mecanismos poderoso que auxilia o gestor no suporte à
utilização das TIC’s gera reflexos importantes na área da saúde, tomada de decisão [6].
sobretudo no que diz respeito à qualidade do atendimento ao Empresas que hoje não utilizam o BI podem estar deixando
cidadão, à eficiência na gestão dos estabelecimentos de saúde e de obter mais agilidade e, consequentemente, tomar melhores
ao uso inteligente das informações disponíveis [2]. decisões, por não conseguirem visualizar os benefícios da
A Gestão Hospitalar é a área que proporciona o solução e não entenderem como tais ferramentas podem
planejamento, o controle, a coordenação, a organização, a contribuir no seu processo decisório. Em alguns casos, elas até
avaliação e a manutenção dos ambientes assistenciais de saúde, possuem o potencial analítico, porém não utilizam as
com foco estratégico na obtenção de melhores resultados. Ela ferramentas adequadas para análises [7].
direciona o fluxo de atividades utilizando processos que foram
A necessidade crescente de dados e indicadores confiáveis
definidos por meio de leis, normas, portarias, manuais e para a tomada de decisão, a falta de gerenciamento e colaboração
políticas, para integrar e padronizar de forma gerencial cada uma
da informação, a dificuldade no acesso rápido à informação e os
das etapas necessárias que envolvem a prestação do serviço de gastos elevados com tecnologias que não atendem às demandas
saúde à sociedade. de atenção à saúde são fatores relevantes para que hospitais,
Os hospitais são organizações complexas, sendo sua clínicas e laboratórios passem a mudar e a adotar o quanto antes
adequada gestão um grande desafio. Essa complexidade é a estratégia orientada pela gestão hospitalar e a gestão de TIC, e
oriunda da multiplicidade de serviços existentes no âmbito desse nesta área, apoiada pelo BI.
tipo de organização, os quais contribuem para o alcance dos fins
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), agência
a que essa instituição se propõe. Esse nível de complexidade reguladora vinculada ao Ministério da Saúde (MS), é
pode ser ainda maior ou menor, de acordo com a disponibilidade
responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. Ela possui
de um produto que é indispensável para a gestão: a “informação” um Programa de Qualificação dos Prestadores de Serviços de
[3]. Saúde (QUALISS) que visa estimular a qualificação dos
Em geral, muitos erros médicos são consequências da falta prestadores de serviços na saúde suplementar e aumentar a
de informações corretas e completas que foram obtidas no disponibilidade de informações. Durante o estágio de
momento do atendimento, levando a diagnósticos errados e a planejamento do QUALISS, 26 Indicadores Hospitalares (IH’s)
problemas de incompatibilidades entre medicamentos. Isto essenciais foram definidos no âmbito do seu Comitê Gestor
torna-se grave principalmente diante de situações de emergência (COGEP). Esses indicadores proporcionam melhorias na
onde ações rápidas são necessárias e os profissionais presentes prestação do serviço de saúde, sendo seis domínios de atuação
podem não possuir habilidades ou não estarem familiarizados [8]:
com o histórico de saúde do paciente [4].
• Acesso – possui dois documentos que tratam sobre
Atualmente, as TIC’s possuem soluções inovadoras para acolhimento com classificação de risco e tempo de
realizar a gestão da informação. Essas ferramentas tecnológicas espera na urgência e emergência;
proporcionam um gerenciamento adequado da informação,
mapeando o fluxo dos dados nos diferentes setores de uma • Centralidade no paciente – possui dois documentos
empresa, a fim de apoiar o desenvolvimento das atividades que descrevem sobre a satisfação do cliente e
diárias e a tomada de decisão no ambiente empresarial. monitoramento da manifestação do cliente.

Como melhoria dessa gestão, surge uma nova etapa, a • Efetividade – possui cinco documentos que abordam
necessidade de gerenciar o aglomerado de informações, ou seja, sobre implantação de diretrizes e protocolos clínicos e
realizar a administração do conhecimento. A gestão do taxas de mortalidade;
conhecimento é um conjunto de estratégias para criar, adquirir, • Eficiência – possui oito documentos que descrevem
compartilhar e utilizar ativos de conhecimento, bem como sobre taxas de ocupação operacional e médias de
estabelecer fluxos que garantam a informação necessária no permanência;
tempo e formato adequados, a fim de auxiliar na geração de
ideias, solução de problemas e tomada de decisão [5].
• Equidade – possui dois documentos que abordam Nuno C. Garcia,
sobre acessibilidade à pessoa com deficiência e Nuno M. Garcia
medidas para garantir, nos atendimentos, a prioridade Ano 2012 2009 2014
às pessoas vulneráveis; e Hospitais da região Projeto
Organizações da
médio-norte mato- TICE.Healthy; e
Amostra Administração
• Segurança – possui sete documentos que tratam sobre grossense (MT-
indireta Brasileira
seu subprojeto
Brasil). Metabolic.Care.
taxas de densidade de incidência de infecção de Identificar na
corrente sanguínea associada ao Cateter Venoso Investigar a literatura e nessas Descrever esse
Central (CVC) na Unidade de Tratamento Intensivo situação desses organizações os projeto e
(UTI), taxas de utilização de CVC na UTI e Objetivos hospitais quanto à limites e as abordar com
conformidade com os padrões de cirurgia segura; utilização de SI de possibilidades da mais detalhes o
apoio à gestão. adoção de BI e IC seu subprojeto.
Esses indicadores fornecem subsídios fundamentais para que para o DATASUS.
se obtenha uma padronização e controle no atendimento Estudo de caso com Utilização de
Revisão
assistencial, favorecendo e facilitando a implantação e a Metodologia abordagem abordagem
bibliográfica
quantitativa. qualitativa.
execução da gestão hospitalar nos ambientes de saúde. Uso de IC e BI nas
Entretanto, o IH explorado neste trabalho se refere à Taxa de SI com informações
organizações é
Ocupação Operacional Geral (TOOG) do domínio de Eficiência administrativas: 8
incipiente, porém,
hospitais; SI com Resultados no
que avalia o grau de utilização dos leitos operacionais em um Resultados informações
com possibilidade
site:
hospital Brasileiro. A Empresa Brasileira de Serviços de incorporação. Já
clínicas: 1; SI com https://evida.pt/.
na área da saúde
Hospitalares (Ebserh) é uma empresa pública vinculada ao informações de
existem poucas
Ministério da Educação (MEC) e gerencia, até a presente data, gestão de custos: 1.
experiências.
na sua rede de hospitais, 39 Hospitais Universitários Federais Utilização de BI na
Utilização de SI Integração de
(HUF’s) dos 50 que existem em todo território Brasileiro [14]. Pontos em área da saúde para
para apoio à gestão soluções TIC
No seu Manual de Conceitos e Nomenclaturas de Leitos comum
hospitalar.
apoio à gestão
para a Saúde.
Hospitalares ela adota esse IH no serviço de planejamento hospitalar.
Não utiliza BI. Não Não utiliza BI.
assistencial e o descreve como Taxa de Ocupação Hospitalar Não realiza o
Diferenças realiza o estudo de Não realiza o
(TOH). A TOOG é importante para os hospitais, pois IH’s.
estudo de IH’s.
estudo de IH’s.
proporciona uma gestão eficiente do leito operacional
aumentando a oferta de leitos para o sistema de saúde [21]. III. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho tem como objetivo propor aos HUF’s a O presente trabalho tem como foco analisar a TOH dos
utilização de uma ferramenta open source de BI para análise da HUF’s Brasileiros por meio de BI, fazendo o cruzamento de
TOH e apoio à tomada de decisão clínica. Dessa forma, na seção dados entre pacientes internados e leitos ativos (para cálculo da
II é realizada a fundamentação teórica, sendo analisados três TOH), HUF’s e tempo. Ou seja, usar o Pentaho, ferramenta
trabalhos correlatos. Na seção III, em materiais e métodos, é gratuita de BI, para fornecer a esses hospitais um gerenciamento
feito o processo de BI por meio da coleta e análise de dados da eficaz, eficiente e inteligente dos dados obtidos das bases de
base relacional da Ebserh e a transformação desses dados em dados relacionais. Bem como disponibilizar uma visualização
informações gerenciais. E na seção IV são apresentados os adequada das informações sobre TOH à alta gestão para a
resultados obtidos, por meio de painéis gráficos e estatísticos tomada de decisão técnica e estratégica.
gerados pelo Pentaho, sendo a principal contribuição, a
A. Passo 1: analisar a estrutura do BI e do Pentaho.
possibilidade de visualizar em tempo real a TOH.
II. TRABALHOS CORRELATOS
A. Sistema de Informação aplicado à gestão hospitalar: um
panorama situacional da região médio-norte mato-
grossense [3].
B. Inteligência nas organizações públicas de saúde: soluções
e informações estratégicas para gestão [9].
C. TICE.Healthy: Integração de soluções TIC para a Saúde e
Qualidade de Vida [10].
Tabela 1. Resumo dos principais trabalhos. Figura 1. Estrutura da arquitetura de um BI [11].

Trabalhos Um BI pode ser estruturado conforme está exemplificado na


Tabela
A B C Fig. 1 [11]. Dados são coletados das diversas bases de dados
P. C. Souza, A.
Virginie relacionais de uma empresa (sistemas empresariais e
Felizardo, Paula transacionais), para serem transformados em informações e
Berndt, L. S.
Autores L. C. M. Frota Sousa, Daniel
Medeiros, R. S.
Oliveira, Celina
iniciar o processo de BI por meio da etapa Extract, Transform
Souza e D. Teixeira
Alexandre, and Load (ETL) – extrair, transformar e carregar. Essas
informações são armazenadas em um Data Warehouse (DW -
armazém de dados – base de dados dimensional), sendo (campos: chaves primárias das tabelas dimensionais e
subdivididos em DataMarts (DM - repositório de dados), e métricas/medidas do quantitativo de leitos, internação e taxa de
assim, são utilizadas em dashboards (painéis gráficos e ocupação dos HUF’s.
estatísticos e relatórios dinâmicos), capazes de fornecer
informações fundamentais sobre a situação atual da empresa,
apoiando a alta gestão no processo de tomada de decisão técnica
e estratégica.
O Pentaho é uma ferramenta de BI open source (gratuita)
que possui uma suíte de aplicativos para realizar cada uma das
etapas da inteligência empresarial. Neste estudo foram utilizados
os seguintes aplicativos dessa ferramenta: Pentaho Data
Integration (PDI - Kettle): aplicativo que realiza o ETL para
realizar o carregamento das informações no DW; Pentaho
Schema Workbench (PSW - Mondrian): aplicativo que realiza a Figura 2. Modelo dimensional do DW. Fonte: Autores.
criação dos cubos dimensionais de processamento analítico em
tempo real, Online Analytical Processing (OLAP); Pentaho Existem outros modelos dimensionais descritos na literatura
Administration Console (PAC): aplicativo que gerência a que permitem a construção de uma base de dados para DW. Por
solução, criando por exemplo usuários e seus perfis de acesso; exemplo, o modelo floco de neve (snow flake) permite que as
Pentaho User Console (PUC): aplicativo que fornece acesso aos tabelas dimensionais se relacionem com a tabela fato, porém,
usuários a visualizarem os dashboards; e Community algumas dimensões se relacionam somente entre elas. E o
Dashboard Editor (CDE): plugin que permite a confecção e a modelo constelação de fatos que permite múltiplas tabelas fato
geração dos dashboards [12]. compartilharem as dimensões entre outras tabelas [20].
B. Passo 2: realizar a coleta de dados da base de dados Tendo como referência o modelo supracitado, iniciou-se o
relacional. processo ETL utilizando o aplicativo Kettle. Esse aplicativo
Uma base de dados relacional é um banco que possui dados realizou a consulta na base de dados obtida da Ebserh, extraindo
estruturados, porém, estão separados, não havendo uma apenas os dados referente ao quantitativo de pacientes
interação entre as suas tabelas. Neste estudo, foi obtido uma base internados e leitos ativos.
de dados relacional, de dados publicados na Internet [13], da A Fig. 3 exibe por meio do Kettle o fluxograma do processo
Ebserh. Esses dados brutos clínicos estão cadastrados no de extração, transformação e carregamento dos dados no DW,
Aplicativo de Gestão dos Hospitais Universitários (AGHU). criando um DM, uma dimensão referente ao extrato de ocupação
Foram analisados dados de abril de 2015 relacionados ao nos HUF’s. O primeiro objeto chamado de table input realiza a
quantitativo de pacientes internados por HUF e ao quantitativo consulta na tabela extrato_ocupacao da base de dados relacional
de leitos ativos por HUF. obtida. O segundo objeto chamado de select values seleciona as
C. Passo 3: instalação do Pentaho, transformação e colunas dessa tabela para obtenção dos seus dados. E o terceiro
carregamento dos dados e geração dos cubos OLAP. objeto chamado de tablet output cria no DW a tabela
dimensional, ou seja, o DM com os dados extraídos da tabela
O Pentaho foi instalado em uma máquina virtual (Virtual relacional.
Machine - VM) utilizando a ferramenta open source Oracle VM
VirtualBox [15] e o sistema operacional Linux – Ubuntu Server
[16] com a configuração de um banco de dados PostgreSQL
[17], um servidor web Apache [18] para visualização das páginas
dinâmicas e a linguagem de programação PHP Hypertext
Preprocessor PHP [19] para programação de páginas dinâmicas.
Um modelo dimensional é uma técnica utilizada em DW
para agrupamento de informações específicas e preparo para
análise da informação em mais de uma dimensão. Esse modelo
define as tabelas dimensão que possuem o conjunto de
informações a serem trabalhadas no BI, e a tabela fato que possui
as chaves das dimensões e as métricas/medidas para a análise Figura 3. Fluxograma do processo ETL do extrato de ocupação nos HUF's,
dimensional [20]. utilizando o Kettle. Fonte: Autores.

A Fig. 2 exibe o esquema do modelo dimensional estrela Em seguida foi utilizado o Kettle para criar a dimensão
(star schema), pois as tabelas dimensionais que o compõe dim_data, que contêm os dados do tempo de ocupação nos
relacionam-se diretamente com a tabela fato. Tabela HUF’s. A Fig. 4 apresenta o fluxograma do processo ETL dessa
dimensional extrato_ocupacao (campos: chave primária, sigla dimensão criando no DW o seu DM. Ele é chamado de
dos HUF’s, especialidades de atendimento, o quantitativo de General_populate_date_dimension_AU.ktr [12], e gera 40.000
leitos ativos e pacientes internados, taxa de ocupação e hora dados de datas, iniciando no ano de 1950 e indo até
atual). Tabela dimensional dim_data (campos: chave primária, aproximadamente o ano de 2040. O objeto dayofweekdescgen
data, ano, mês e dia). Tabela fato, fato_extrato_ocupacao agrupa a relação dos dias da semana e o objeto monthdescgen
agrupa a relação de meses. Esses dois objetos fazem referência estão na tabela fato e possuem três níveis hierárquicos, a sigla
com o primeiro objeto 40000days100+years que define o do HUF, a especialidade de atendimento e a data de análise. Por
período de anos. Após isso, os dados são agrupados e é criado fim, eles possuem as suas respectivas métricas/medidas.
no DW o DM da tabela dimensão dim_data.
D. Passo 4: Taxa de Ocupação Operacional Geral (TOOG)
O indicador de estágio de eficiência 01 (E-EFI-01) [21] da
ANS define a TOOG e os seguintes conceitos: Pacientes-dia
(pd): unidade de medida que representa a assistência prestada a
um paciente internado durante um dia hospitalar; Leitos-dia (ld)
operacionais: unidade de medida que representa a
disponibilidade de um leito hospitalar de internação por um dia
hospitalar. Recomenda-se uma taxa de ocupação entre 75 e 85%;
a taxa de ocupação acima de 85% está relacionada com o
aumento de eventos adversos; a taxa de ocupação abaixo de 75%
indica baixa utilização e ineficiência na gestão do hospital; A
meta é manter a taxa de ocupação entre 80 e 85%. A TOOG tem
Figura 4. Fluxograma do processo ETL do tempo da ocupação nos HUF's, um método de cálculo que é feito pelo somatório do número de
utilizando o Kettle [12].
pacientes-dia no período, dividido pelo somatório do número de
leitos-dia ativos no período, vezes 100, conforme a Equação 1.
Utilizando-se o Kettle, foi criada a tabela fato,
fato_extrato_ocupacao, conforme apresentada no modelo ∑ nº pd no período
estrela do DW supracitado. A Fig. 5 mostra o fluxograma de TOOG = x 100 (1)
∑ nº ld ativos no período
criação da tabela fato no DW. O primeiro objeto tablet input
seleciona os dados da tabela dimensional extrato_ocupacao, o IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
segundo objeto dimension lookup/update obtêm a chave
primária da tabela extrato_ocupacao, o terceiro objeto database Como resultados foram gerados 2 painéis gráficos por meio
lookup obtêm a chave primária da tabela dimensional dim_data, do plugin CDE. A Fig. 7 apresenta o dashboard da situação dos
o quarto objeto select values seleciona as colunas dessas tabelas HUF’S em abril de 2015, quantidade de pacientes internados por
para obtenção dos seus dados, e o último objeto tablet output HUF e quantidade de leitos ativos por HUF. Esse painel
cria no DW a tabela fato com os dados extraídos das tabelas proporciona uma visualização mais adequada para análise da
dimensionais. situação de cada um dos hospitais, facilitando a identificação de
qual deles possui mais e menos pacientes internados, bem como
qual deles possui mais e menos leitos ativos.

Figura 5. Fluxograma do processo de criação da tabela fato, utilizando o


Kettle. Fonte: Autores.

Figura 7. Dashboard da análise da situação dos HUF's em abril de 2015.


Fonte: Autores.

A Fig. 8 exibe o dashboard da TOH dos HUF’s em abril de


2015. Esse painel permite uma visualização mais apropriada
para análise da TOH de cada um dos hospitais, facilitando a
identificação de qual deles está de acordo com os parâmetros
estabelecidos na documentação da ANS entre 75% e 85%, e qual
Figura 6. Cubos OLAP Leitos, Internação e Indicador_Hospitalar gerados deles está ou abaixo de 75% ou acima de 85%, estando fora da
pelo Mondrian. Fonte: Autores. faixa ideal. Analisando as Fig. 7 e 8, observa-se que o Complexo
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-
Concluindo esta etapa, foram criados os cubos dimensionais UFPR) ficou abaixo do recomendado com menos de 70% de
OLAP para realizar o cruzamento das informações, utilizando o TOH, o Hospital Universitário de Brasília da Universidade de
aplicativo Mondrian. A Fig. 6 apresenta os três cubos criados, Brasília (HUB-UnB) ficou bem próximo do recomendado com
leitos, internação e IH. Cada cubo obtêm as chaves primárias que 75% de TOH e o Hospital Universitário Walter Cantídio da
Universidade Federal do Ceará (HUWC-UFC) atingiu a meta Universidade de Brasília (UnB) e à Ebserh pelo auxílio dado
que é de 80,00% de TOH. para a realização deste trabalho de pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Por que GESITI?, “Gestão de Sistemas e Tecnologias da Informação em
Hospitais: panorama, tendências e perspectivas em saúde,” Ministério da
Saúde, Brasília-DF, 2014, p. 361.
[2] Panorama Setorial da Internet, “TIC no setor de Saúde: disponibilidade e
uso das tecnologias de informação e comunicação em estabelecimentos
de saúde brasileiros,” ano VI, n. 1, Janeiro 2014, p. 1.
[3] P. C. Souza, A. Berndt, L. S. Medeiros, R. S. Souza e D. Teixeira,
“Sistema de Informação aplicado à gestão hospitalar: um panorama
situacional da região médio-norte mato-grossense,” Revista de
Administração em Saúde , n. 54, Janeiro-Março, 2012, p. 20.
[4] M. N. Lima, “Saúde Móvel: conceitos, iniciativas e aplicações,” 1ª ed,
Curitiba-PR, Brasil, 2010, p. 9.
Figura 8. Dashboard da TOH dos HUF's em abril de 2015. Fonte: Autores. [5] M. L. P. Valentim, et al, “O processo de inteligência competitiva em
organizações.,” DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, Rio
de Janeiro-RJ, v. 4, n. 3, 2003, pp. 1–23.
Avalia-se então pelos dados obtidos, referentes ao ano em
[6] A. Guzzo, “Discussão sobre o Business Intelligence em empresas de
análise, que a maioria dos HUF’s estão fora da recomendação da Tecnologia da Informação,” Faculdades Integradas Campos Salles –
ANS com relação ao TOH. Diversos são os fatores que Revista Acadêmica, São Paulo-SP, n. 11, 2013, pp. 140-146.
favoreceram esse cenário, porém, pode-se destacar dentre [7] F. R. Botelho, E. D. Filho, “Conceituando o termo Business Intelligence:
outros, tendo como referência o relatório do TCU Ebserh: falta origem e principais objetivos,” Revista Iberoamericana de Sistemas,
de profissionais de saúde especializados para realizar os serviços Cibernética e Informática, v. 11, n. 1, 2014, p. 55.
assistenciais; resistência para substituir os terceirizados gerando [8] ANS, “Agência Nacional de Saúde Suplementar,” Disponível em:
impasses nas atividades rotineiras; dificuldade de implantação http://www.ans.gov.br/.
do modelo de gestão da Ebserh; infraestrutura hospitalar ainda [9] L. C. M. Frota, “Inteligência nas organizações públicas de saúde: soluções
inadequada para realizar com prontidão todas as etapas da e informações estratégicas para gestão,” Rio de Janeiro-RJ, s.n, 2009.
atenção à saúde e falta de planejamento para implantar e utilizar [10] V. Felizardo, “TICE.Healthy: Integração de soluções TIC para a Saúde e
Qualidade de Vida,” Revista Ibérica de Sistemas e Tecnologias de
todos os recursos disponíveis para os atendimentos [22]. Informação, n. 14, 2014, pp. 17-32.
Por fim, os estudos apresentados na seção II têm correlação [11] M. Petrini, M. Pozzebon, F. Meirelles, “Incorporando gestão da
com este trabalho, pois abordam os seguintes assuntos: gestão sustentabilidade aos sistemas de inteligência de negócios,” XXXI
Encontro da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em
hospitalar, sistema de TIC e de saúde, utilização de informações Administração, Rio de Janeiro-RJ, Setembro, 2007, p. 3.
para tomada de decisão e hospitais. Contudo, o que difere essas
[12] Pentaho, “A Hitachi group company,” Disponível em:
pesquisas é que este estudo sugere a análise de um indicador http://www.pentaho.com/.
hospitalar, a TOH, que é fundamental à gestão hospitalar [13] Painel AGHU, “Painel de gestão do Aplicativo de Gestão dos Hospitais
eficiente, por meio de uma solução de TIC, o BI, para apoiar os Universitários da Ebserh,” Disponível em:
profissionais de saúde dos HUF’s a tomarem decisões eficientes. http://sig.ebserh.gov.br/painel/painelExterno.php?modulo=public/painel
Aghu
V. CONCLUSÕES [14] Ebserh, “Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares,” Disponível em:
http://www.ebserh.gov.br/.
Conclui-se que a utilização de uma ferramenta open source
[15] VirtualBox, “Oracle VM VirtualBox,” Disponível em:
de BI melhora sim a gestão da informação. Entretanto uma https://www.virtualbox.org/.
gestão sem regras de inteligência para o negócio, em nada irá
[16] Ubuntu, “Ubuntu Server,” Disponível em:
agregar na tomada de decisão. Dessa forma, para aperfeiçoar de https://www.ubuntu.com/server.
forma adequada as atividades assistenciais e os recursos [17] PostgreSQL, “The world’s most advanced open source database,”
tecnológico dos HUF’s, com relação à ocupação de leitos Disponível em: https://www.postgresql.org/.
hospitalares, este trabalho analisou o cruzamento de dados entre [18] Apache, “The Apache software foundation,” Disponível em:
pacientes internados e leitos ativos para o cálculo da TOH. https://httpd.apache.org/.
Como contribuição, este trabalho propõe a inserção da TOH nos [19] PHP, “The PHP group,” Disponível em: https://secure.php.net/.
dashboards do BI para que os gestores hospitalares possam ter [20] A. R. Nardi, “Fundamentos e Modelagem de Bancos de Dados
uma real visão gerencial da situação ocupacional dos HUF´s Multidimensionais,” Microsoft Brasil, Outubro 2007. Disponível em:
para correta tomada de decisão técnica e estratégica. E para https://msdn.microsoft.com/pt-br/library/cc518031.aspx.
trabalhos futuros, sugere-se a análise de outros indicadores [21] E-EFI-01, “Taxa de Ocupação Geral Operacional,” Disponível em:
hospitalares, bem como a criação de tarefas (jobs) agendadas http://www.ans.gov.br/images/stories/prestadores/E-EFI-01.pdf.
para a execução do Pentaho. [22] Relatório TCU Ebserh, “Relatório de auditoria operacional da Ebserh,”
Disponível em:
http://portal.tcu.gov.br/data/files/5F/14/53/92/52B31510ED8753152A28
AGRADECIMENTOS 18A8/032.519%20Empresa%20Servi_os%20Hospitalares%20comp.pdf.
Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Biomédica (PPGEB) da Faculdade Gama (FGA) –

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