Da mesma forma que um veículo novo pode ficar um bom tempo no showroom da concessionária sem
ser vendido, aceitar um veículo usado como parte do pagamento e reformá-lo não traz nenhuma
garantia de que o dinheiro investido na compra retornará ao caixa da empresa imediatamente.
Entender isso é importante porque nem sempre o preço mais baixo é o melhor negócio para a
concessionária de veículos.
Para entender melhor, imagine que um determinado comprador ofereça um SUV como parte do
pagamento para um veículo novo. Após fazer a avaliação do veículo usado, o avaliador da
concessionária consegue fechar uma ótima margem de lucro.
Contudo, o mesmo comprador oferece outra alternativa: como parte do pagamento do veículo novo, no
lugar do SUV ele pode oferecer um Hatch, porém com uma margem de lucro menor.
Analisando rapidamente os dados de mercado, o avaliador percebe que o Hatch pode ser vendido mais
rapidamente do que o SUV.
Aceitar como parte do pagamento um SUV, que possui uma alta margem de lucro, mas demora mais
para vender, ou um Hatch, que venderá mais rápido, mas não possui uma margem de lucro tão
vantajosa?
Primeiramente, deve-se se calcular qual é o Custo de Oportunidade de cada caso. Ou seja, quais serão as
consequências financeiras se a concessionária não conseguir vender o veículo seminovo no primeiro ou
segundo mês posterior à compra.
Caso a resposta seja negativa e/ou a concessionária estiver com o capital de giro comprometido, o mais
recomendado é sempre apostar nos veículos que serão vendidos mais rápidos, mesmo se a margem de
lucro for menor.
2. Despesas com manutenção e documentação
Avaliar um veículo usado e aceitá-lo como parte do pagamento são apenas os primeiros passos quando
se trata de veículos seminovos. Isso porque nem todos os veículos estarão prontos para serem
imediatamente colocados à venda, seja pelas documentações pendentes ou suas condições de uso.
Dependendo das condições da lataria, pintura e parte mecânica do veículo usado, muitas vezes o valor
da manutenção pode cobrir todo o lucro que a concessionária teria na revenda do seminovo ou,
em alguns casos, gerar prejuízos para o negócio. Outro ponto é que um veículo com muitas
manutenções a fazer é um grande gerador de garantias e insatisfações ao cliente no pós-venda.
O valor do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) pode variar bastante de acordo
com o veículo e sua localidade. Por se tratar de um imposto obrigatório, é responsabilidade da
concessionária que comprar o veículo legalizar os pagamentos pendentes (caso houver) e, por isso, deve-
se sempre levar em consideração a situação do IPVA na hora de avaliar um veículo usado.
Se a concessionária for vender o veículo usado utilizando-a como referência, é importante saber que o
valor de venda do veículo não é determinado exclusivamente pelas condições de uso do mesmo, mas
também de acordo com a sua facilidade de venda (giro).
Por se tratar de um ciclo de venda mais complexo do que as vendas de veículos novos, muitos gestores
deixam de analisar o desempenho do comprador por falta de indicadores reais para essa análise.