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INTRODUÇÃO
Depreende-se, portanto, que o tipo penal em análise não estabelece uma pena de
prisão (seja ela uma prisão simples, detenção ou reclusão), como ocorria na
legislação anterior, fato que representa uma significativa mudança no tratamento
relacionado ao usuário de drogas.
Dessa feita, doutrinadores passaram a defender que, com a entrada em vigor da lei
atual (Lei n.º 11.343/06), não é mais possível considerar o consumo pessoal de
drogas uma infração penal, ocorrendo abolitio criminis, pois estaria em desacordo
com o que determina o artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, senão
vejamos:
CRIME PERMANENTE
Deve ser destacado, também, que o artigo 28 é uma norma penal em branco, pois
necessita de uma complementação para sua integral efetividade, cabendo à Portaria
da ANVISA, n.º 344/98, estabelece quais as substâncias são consideradas ilícitas e,
consequentemente, caracterizadoras do consumo pessoal de drogas, as quais
estão relacionadas nas Listas F1 e F2.
Outra característica dessa infração é que ele contém várias condutas em seu tipo
penal, fazendo com que se trate de um crime de ação múltipla, bastando a prática
de uma só conduta para a caracterização do crime.
Entrementes, isso não significa que a prática de mais de uma ação, dentro do
mesmo contexto fático, pelo mesmo indivíduo configura mais de um crime, se
tratando, mesmo assim, de crime único. Dessa feita, se o indivíduo compra e traz
consigo uma droga, apesar de ter realizado duas condutas tipificadas no artigo em
análise, praticou um só crime.
É possível perceber que mais uma vez se trata de um tipo penal composto por mais
de um verbo (semear, cultivar e colher), de modo que, praticada mais de uma
conduta típica dentro da mesma situação fática, haverá crime único, tratando-se,
assim, de um tipo misto alternativo ou de conteúdo variado.
AÇÃO PENAL
REINCIDÊNCIA(?)
PRESCRIÇÃO
Outra característica dessa infração é que ele contém várias condutas em seu tipo
penal (18 no total), fazendo com que se trate de um crime de ação múltipla,
bastando a prática de uma só conduta para a caracterização do crime.
Entrementes, isso não significa que a prática de mais de uma ação, dentro do
mesmo contexto fático, pelo mesmo indivíduo configura mais de um crime, se
tratando, mesmo assim, de crime único. Dessa feita, se o indivíduo compra e traz
consigo uma droga, apesar de ter realizado duas condutas tipificadas no artigo em
análise, praticou um só crime.
CRIME PERMANENTE
Deve ser destacado, também, que o artigo 33 é uma norma penal em branco, pois
necessita de uma complementação para sua integral efetividade, cabendo à Portaria
da ANVISA, n.º 344/98, estabelece quais as substâncias são consideradas ilícitas e,
consequentemente, caracterizadoras do consumo pessoal de drogas, as quais
estão relacionadas nas Listas F1 e F2.
Portanto, existem outras três figuras equiparadas no referido parágrafo, todas com
penas que variam de 05 a 15 anos de reclusão e multa, além de serem crimes
equiparados a hediondos.
CRIME HEDIONDO
Estabelece o § 2º que:
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300
(trezentos) dias-multa.
CONSUMAÇÃO
CONSUMAÇÃO
Desse modo, o primeiro ponto a ser observado é que, em que pese seja
popularmente chamado de “tráfico privilegiado”, a sua natureza jurídica é de
uma causa de diminuição de pena.
Agora que já sabemos que o parágrafo quarto faz menção a uma causa de
diminuição e não efetivamente a um crime privilegiado, vejamos quais são os
requisitos legais para a sua aplicação:
Uma das questões mais interessantes é que o legislador não incluiu a quantidade e
a variedade de drogas no rol de requisitos para a aplicação ou não do benefício.
Apesar de não ser um tema pacífico, eu defendo que tais questões (quantidade e
variedade) devem ser levadas em consideração como critério para a quantidade da
diminuição (entre 1/6 a 2/3), na terceira fase da dosimetria da pena, desde que não
utilizadas na primeira fase da dosimetria para aumentar a pena base.
É cediço que o crime de tráfico de drogas é equiparado aos crimes hediondos, nos
termos do artigo 5º, XLIII, da Constituição.
Desse modo, reconhecida a causa de diminuição, dentre outras questões, uma das
mais importantes é de que a progressão do regime de cumprimento de pena será de
1/6, além de ser permitido sursis, indulto, graça e anistia, dentre outras questões
vedadas aos crimes hediondos.
BIS IN IDEM
É necessário ficar atento para que a natureza, quantidade e variedade de drogas
não seja utilizada na primeira fase da dosimetria, para aumentar a pena base, e na
terceira fase, seja para aplicar uma fração mais severa ou até mesmo para não
aplicar a causa de diminuição.
Uma outra questão que deve chamar a nossa atenção é de que o entendimento
jurisprudencial majoritário é no sentido de que a condenação pelo crime de
associação para o tráfico (do artigo 35 da Lei de Drogas) afasta a aplicação da
causa de diminuição, principalmente pelo fato de que, para a caracterização da
associação, é preciso demonstrar a estabilidade e a permanência do grupo.
AULA 5 DIFERENÇA ENTRE CONSUMO PESSOAL E TRÁFICO DE DROGAS
REQUISITOS
Segundo esse artigo, portanto, o juiz deverá se atentar para os seguintes fatores:
ROL EXEMPLIFICATIVO
Como disse, apesar de a lei trazer esses quatro fatores, esse não é um rol taxativo,
mas exemplificativo, o que possibilita ao juiz utilizar outros critérios para conseguir
decidir sobre qual o crime praticado.
SELETIVIDADE PENAL
De acordo com os critérios estabelecidos pela lei, os integrantes das classes sociais
mais baixas, infelizmente, terão muito mais chance de serem considerados
traficantes do que aqueles que possuem condições um pouco melhores de vida,
principalmente quando levamos em consideração o local, as condições em que se
desenvolveu a ação e as circunstâncias da prisão.
De qualquer modo, apesar das críticas, necessário ter em mente que, para
diferenciar o traficante do usuário, segundo a legislação específica, é necessário
levar em consideração a destinação das drogas (se para consumo próprio ou para
terceiros); a quantidade de drogas encontrada; além do local em que o flagrante
ocorreu; das condições e circunstâncias em que o agente se encontrava, bem como
a “vida pregressa” daquele que estava com as drogas.
IN DUBIO PRO REO
Por fim, tendo em vista que um dos princípios é o in dubio pro reo, se o magistrado,
mesmo após levar em consideração todos os critérios mencionados e quaisquer
outros possíveis e relevante para formar o seu convencimento, ainda tenha dúvida
quanto a destinação das drogas, deverá sempre optar pela condenação no crime
menos grave, no caso, o consumo pessoal de drogas.
Inclusive, caso não conclua qual a destinação da droga, se para o consumo pessoal
ou de terceiros, a saída será absolver o réu.
AULA 6 LAUDO PRELIMINAR DE EXAME QUÍMICO COMO REQUISITO DE
PROCEDIBILIDADE PARA A DENÚNCIA
O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1.º deste artigo não ficará
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
De acordo com o 159 do Código de Processo Penal, o laudo definitivo deve ser
confeccionado por perito oficial ou, na sua falta, segundo o § 1º:
Interessante destacar que a Lei de Drogas não diz expressamente em que momento
deve ser juntado aos autos o laudo definitivo da droga apreendida.
O que é certo é que o laudo deve ser juntado aos autos antes da audiência de
instrução e julgamento, para que as partes tenham o direito de se manifestarem
sobre ele, podendo, inclusive, impugná-lo ou requerer contraprova.
Logo, não tem a força probatória necessária para substituir o laudo pericial.
Uma questão muito importante em uma ação penal é a estratégia que usará para
fins de alcançar o seu objetivo.
Assim, se, por exemplo, atuar desde a fase policial, deverá fazer constar nos termos
de depoimento prestados perante a Autoridade Policial que o preso é, na verdade,
um usuário de drogas e não um traficante.
Com isso, deverá explorar algumas questões, como a confissão do acusado (quanto
à propriedade da droga para consumo pessoal), a quantidade de drogas
apreendidas, as condições pessoais do preso, a quantidade de drogas consumida
diariamente por ele, eventual situação laborativa, dentre outros aspectos que
consigam desde já demonstrar que se trata de um mero usuário.
Caso isso seja realizado, a tarefa será muito mais simples, pois depois, caso seja
indiciado por tráfico, será muito mais difícil reverter a situação para usuário.
De todo modo, sendo indiciado por tráfico de drogas, é importante que você leve
para os autos a comprovação de que se trata de um usuário, principalmente por
meio de provas testemunhais.
E isso poderá ser realizado tanto com testemunhas de defesa, quanto extraindo das
testemunhas de acusação questões importantes para a desclassificação, como o
local em que foi preso, a quantidade de drogas, a situação em que se encontrava, a
reação ao ser preso, a existência de quantia em dinheiro, dentre outras questões
que sirvam para o convencimento (ou a dúvida) do magistrado quanto a situação de
usuário de drogas.
Inclusive, o próprio laudo pericial definitivo pode te auxiliar nesse trabalho, pois você
conseguirá extrair dele algumas questões importantes, como a quantidade de
drogas, a forma como estavam acondicionadas, se estavam fracionadas ou em um
pedaço inteiro, dentre outros aspectos.
Veja, nós sabemos que no campo penal rege o princípio in dubio pro reo, ou seja,
caso o magistrado esteja na dúvida sobre se tratar de traficante ou de usuário,
deverá optar sempre pelo crime de consumo pessoal de drogas, por ser mais
benéfico.
De qualquer modo, esse é um ônus que caberá a você, ou seja, será você, na
condição de defesa técnica, que terá que trabalhar para comprovar a condição de
usuário ou deixar o magistrado em dúvida quanto a isso.
AULA 9 PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO - MOMENTO ADEQUADO
Caso atue desde a fase policial, deverá fazer junto ao Delegado essa consideração
acerca da condição de usuário, buscando evitar o indiciamento do preso pela
conduta de tráfico de drogas.
Caso mesmo assim ele seja indiciado pela prática do crime do artigo 33, quando
deverá pedir em Juízo?
Via de regra, o primeiro momento para se requerer algo é na Defesa Prévia, que
deve ser apresentada após a notificação do réu e antes do recebimento da
denúncia.
Nessa petição a parte deverá, principalmente, atacar a denúncia, visando o seu não
recebimento, ou seja, que o juiz, ao analisar a peça acusatória, a rejeite.
Mas tome cuidado para não antecipar as suas teses defensivas e acabar ficando
sem nenhum trunfo para o final do processo.
Ainda mais pelo fato de que a maioria dos juízes não analisa o mérito nessa fase
processual, pois entende que isso deverá ser realizado apenas depois da instrução
e da colheita de provas em Juízo.
Ou seja, você já falará na defesa prévia aquilo que pretende comprovar ao final da
instrução processual e dará à parte contrária (ministério público) e ao juiz toda a sua
estratégia processual, favorecendo, assim, a produção de provas contrárias à sua
tese.
Isso faz com que você consiga trabalhar a tese desclassificatória com tranquilidade
sem que ninguém saiba expressamente que é isso o que você busca comprovar.
Desse modo, você evita que a promotoria produza provas ou faça perguntas à
testemunha que venham a fragilizar o seu argumento ou inviabilizar o seu pedido.
Em alegações finais você já terá conseguido (ou ao menos tentado) produzir todas
as provas que queria e, assim, comprovado se tratar de um usuário e não de um
traficante.
Sem falar que, deixando para as alegações finais, você será o último a se
manifestar, após a apresentação dos memoriais pelo ministério público.
Com isso, saberá o que ele alegou e poderá, além de fundamentar o pedido de
desclassificação, atacar as alegações da promotoria, sem ter entregue toda a sua
estratégia processual.
Lembre-se, o processo é um jogo e você deve agir com cautela para sempre ter
uma carta na manga.
AULA 10 CONFISSÃO DO ACUSADO - SÚMULA 630/STJ
Durante o nosso curso nós já vimos um pouco sobre os tipos penais do artigo 28 e
33; os laudos periciais preliminar e definitivo; a produção de prova; e o momento
adequado para pedir a desclassificação.
Assim, quando falamos sobre desclassificação, uma coisa é certa, o acusado tem
que confessar a propriedade da droga e assumir que ela se destinava ao seu
consumo pessoal.
Por isso, quando tiver a oportunidade de se entrevistar com o réu e repassar a ele a
estratégia processual, você terá que lhe dizer que, caso queira tentar a
desclassificação, terá de confessar a propriedade da droga e confirmar que ela se
destinava unicamente ao seu consumo pessoal.
Com isso, diante das outras provas produzidas, será possível requerer a
desclassificação da conduta de tráfico para a de consumo pessoal.
Por fim, importante mencionar o teor da recente Súmula do STJ, de número 630,
segundo a qual, abre aspas