Coordenadoria de Saúde – CSAD/DPROS

Saúde física e mental em tempos de Covid-19 (coronavírus)

Data de criação: 24/3/2020 10:12:00
A quarentena necessária ao combate do Covid-19 (coronavírus) alterou a rotina de
todos, fazendo com que tivessem de lidar com situações novas no dia a dia. Com o
objetivo de ajudar a enfrentar o estresse vivido neste momento, a Coordenadoria de
Saúde (CSAD) divulga a mensagem a seguir, de autoria do psicólogo do TRT/RJ Tulio
Fonseca Coimbra:

Como lidar com o stress em tempos de crise e isolamento?

Nesse momento, além do impacto concreto e objetivo da crise em si - seus efeitos

econômicos, sociais e políticos - devemos também encarar o seu impacto psíquico e
subjetivo. No desenrolar do atual cenário, cada um receberá os efeitos de uma forma, e
terá que lidar com problemas muito distintos que advirão da reorganização de suas
vidas. Uns terão que enfrentar a solidão e o tédio, ao passo que outros terão que
conviver diuturnamente com sua família e suas diferenças internas. Uns sentirão
ansiedade, medo e pânico, enquanto outros tentarão, para continuar em frente,
subestimar o perigo, minimizar os problemas, numa postura negacionista. A forma como
cada um reage é sempre muito particular, mas cabe a todos nós enfrentar a realidade
na justa medida das ações que ela exige. Por isso, prudência e razoabilidade nas nossas
atitudes individuais serão os pontos fundamentais para que os danos dessa crise sejam
minimizados.

Se sentir que a situação está saindo fora do seu controle, não hesite em procurar redes
de apoio, o seu médico assistente, inclusive terapeuta que já o acompanha. Caso não
possua nenhuma dessas opções em seu entorno, procure indicações com amigos ou
conhecidos de terapeutas que atendem por via remota. Além disso, hoje há vários canais
de atendimento online disponíveis na internet que oferecem serviços de terapia.

A seguir, há também algumas medidas que podem ser colocadas em prática para
minimizar o efeito do stress gerado pelo atual momento:
NUTRIÇÃO: em momentos de sobrecarga é importante repor as energias. Vitaminas e
outros nutrientes podem contribuir para o fortalecimento do organismo nos momentos
de maior stress. Por isso, uma boa indicação é se alimentar de forma saudável com
legumes, verduras e frutas. Não exagerar nos carboidratos e consumir carnes magras.
Vale reforçar a dieta com alimentos ricos em vitamina C tais como: brócolis, laranja,
morango, limão, acerola. Em caso de insônia (comum em momentos de stress), opte por
chás como o chá de capim limão e o chá de erva cidreira, que possuem propriedades
calmantes e relaxantes e ajudam a dormir.

RELAXAMENTO: quando estamos tensos precisamos de alguns momentos de descanso,

a fim de nos recuperarmos do stress excessivo. Este relaxamento pode ser em forma de
exercícios de respiração profunda, yoga, relaxamento muscular, música, filmes, bate
papo ou leitura. O relaxamento ajuda a eliminar o excesso de adrenalina produzida e
restabelece a homeostase interna do organismo.

EXERCÍCIO FÍSICO: quando exercitamos por 30 minutos ou mais, nosso corpo produz
uma substância chamada “beta endorfina” que produz uma sensação de tranquilidade
e de bem-estar. Quando se está atravessando momentos difíceis, o exercício físico - seja
ele ginástica, pular corda, caminhar, dançar, etc. - nos ajuda a atingir uma sensação de
bem estar e calma. Encontre um pequeno espaço na sua casa e procure trazer de volta
ao corpo o seu dinamismo. Fazer algumas polichinelos ou abdominais, subir ou descer
as escadas (sem colocar as mãos no corrimão!) ou até mesmo dançar uma música
podem ser o bastante para aliviarmos a tensão.

EXCESSO DE INFORMAÇÕES: quando somos confrontados com o excesso de

informações - muitas inclusive contraditórias entre si - ficamos confusos, angustiados e
nos sentimos impotentes frente ao tamanho do problema. Em função disso, procure
filtrar a informação recebida; verifique as fontes das informações e cheque com outras
notícias a convergência delas e sua adequação à realidade. Procure, sobretudo, conciliar
a informação com momentos de distração: o excesso de informação só vai trazer maior
sensação de sobrecarga. Procure dosar de forma mais harmônica os momentos de se
informar com aqueles de se distrair.

DIÁLOGO: muitas vezes, em situações de forte stress, subestimamos o poder de uma

conversa aberta e franca. A simples manifestação honesta daquilo que sentimos para
um outro apto a ouvir sem emitir julgamentos pode ser o bastante para reduzir o
impacto do stress. Escolha alguém em quem você confia e a quem você atribui uma boa
capacidade de escuta (o que significa “escutar sem julgar”) para colocar para fora as
suas impressões, seus medos e angústias.

Por fim, tenho a certeza de que atravessaremos essa crise, já que nada é eterno. Não
sem perdas, não sem traumas, mas certos de que mais maduros enquanto indivíduos e
enquanto coletividade, uma vez que de experiências como essas só levamos os
aprendizados.

Tulio Fonseca Coimbra - mestre em psicologia pela UFMG e psicólogo do TRT/RJ