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FUNDAMENTOS DE BIOLOGIA

AULA 4

Profª Thaisa Maria Nadal


CONVERSA INICIAL

Classificação biológica

Observar, para compreender a natureza. Condições, hoje, já aferidas, de


vários seres vivos. A natureza humana, além dessa condição empírica, tem
também a característica de juntar semelhantes. Se olharmos para o início da
civilização humana, desde a pré-história notamos essa capacidade, com os
coletores e outros grupos que os seguiram. No avanço das civilizações, gregos,
mesopotâmios, celtas e romanos se empenharam para desvendar a ciência da
vida e a diversidade dos seres vivos. Os egípcios e os orientais desenvolveram
técnicas para tratamento de doenças e manutenção dos corpos, como no caso
da mumificação. Na Idade Média, apareceram os primeiros tratados escritos
sobre os seres vivos, o interesse dos estudiosos e a forma científica de classificá-
los.
São objetivos desta aula:
Geral:

 Relacionar a história, os conceitos e as bases de classificação biológica


com a importância das pesquisas científicas e entender as coleções de
seres vivos.

Específicos:

 Diferenciar e classificar os seres vivos em reinos e domínios.


 Conhecer a história da classificação biológica e a importância de vários
cientistas na classificação biológica de Lineu.
 Identificar, com base em artigos científicos, a importância da classificação
biológica para as pesquisas científicas.
 Refletir sobre o processo de coleções biológicas e o papel do biólogo na
preservação de espécies, na atualidade.
 Construir uma coleção biológica virtual com fotos de seres vivos e suas
respectivas classificações.

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TEMA 1 – HISTÓRIA DA CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS

Em relação ao mundo dos seres vivos, observamos, no decorrer da


formação da ciência da vida, hoje biologia, inúmeras tentativas de reunir em
grupos seres vivos semelhantes. Na fase contemporânea, o primeiro estudioso
a citar o interesse pela morfologia e pelo agrupamento dos animais foi o filósofo
grego Aristóteles (342 a.C.).
Aristóteles foi o primeiro estudioso a relatar na área das ciências naturais
com um enfoque maior nos animais e é considerado por estudiosos como o pai
da zoologia.
Já para os estudos de sistemática e classificação de botânica, os relatos
mais antigos apresentam alguns estudos sobre ervas medicinais por
mesopotâmios, orientais e celtas. Mas, só um discípulo de Aristóteles, de nome
Teofrasto, escreveu, no sec. IV, dois trabalhos sobre vegetais: A história das
plantas (De historia plantarum) e Sobre as razões do crescimento vegetal (De
causis plantarum), que foram traduzidos na Europa apenas no sec. XV.
Antes de Aristóteles, a ciência natural não era muito prestigiada por alguns
dos mais importantes filósofos. Platão, o mestre de Aristóteles, por exemplo,
considerava o mundo natural inferior ao que ele chamava de mundo das ideias.
Para ele, era melhor gastar o tempo filosofando sobre as formas do triângulo do
que observar o mundo à sua volta (Lana, 2003).
Segundo Araújo, Menezes e Costa (2012), o trabalho de Aristóteles na
área da biologia é muito extenso e inovador: ele dissecou dezenas de animais
(mas não seres humanos). Seu trabalho na área da biologia é muito extenso e
inovador: ele descreveu cerca de 500 espécies de animais, baseado em
informações coletadas de caçadores, pescadores e viajantes de seu tempo. Ele
também fazia, pessoalmente, estudos sobre a anatomia animal. Apesar de bem
conhecido, principalmente por seus trabalhos filosóficos, dedicou grande parte
do seu tempo ao trabalho científico. Ele escreveu mais de 400 trabalhos, dos
quais aproximadamente 150 são conhecidos hoje. Um quarto desses trabalhos
são estudos biológicos. Como exemplos de seus escritos podemos citar: Sobre
o mundo; Sobre a natureza; Sobre os animais; Sobre as plantas; Sobre a
locomoção animal; Sobre as partes dos animais, entre outros.
Alguns dos trabalhos desenvolvidos por Aristóteles foram: a
caracterização de golfinhos e baleias como animais distintos de peixes e a

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atribuição da denominação de cetáceos a esses animais, um termo ainda em
uso para os golfinhos, atualmente; a distinção de peixes que têm esqueletos
ósseos daqueles que não o têm; o ciclo de vida das abelhas, detalhadamente
descrito; os efeitos climáticos e ambientais sobre os animais; padrões de
migração sazonal de aves e peixes. Pouco se sabe do trabalho de Aristóteles
sobre as plantas, mas seu extensivo estudo sobre o reino animal influenciou a
formação nessa área durante muitos séculos. Muitos de seus trabalhos contêm
referências à natureza das plantas. Em sua opinião, elas estariam classificadas
entre algo inanimado e os animais, pois acreditava na existência de uma
transição entre esses dois grupos. Aristóteles atribuiu à vida a habilidade de
pensar e sentir, mover-se e crescer. Estava ciente da conexão existente entre a
ingestão (nas plantas, através das raízes) e o crescimento. Em contraste com os
animais, Aristóteles determinou que a fêmea, nas plantas, seria indivisível do
macho. Para ele, as plantas pareciam carregar ambos os gêneros. Observou
que a finalidade principal dos vegetais era a produção de frutas e a sua
propagação (Araújo; Menezes; Costa, 2012).
Aristóteles, em seu livro História dos animais, escreveu: “os animais sem
sangue são, em regra geral, inferiores em termos de tamanho aos animais com
sangue; embora, também sejam encontradas no mar algumas poucas criaturas
sem sangue de tamanho anormal, como é o caso de determinados moluscos”.
(Bellini, [S.d.]).
Vários estudiosos, na época renascentista, voltaram seus estudos para a
botânica, entre eles o italiano Andrea Cesalpino (1519-1603), os alemães Otto
Brunfels (1488-1534), Jerome Bock (1498-1554) e Leonhard Fuchs (1501-1566)
e os franceses Mathias de l’Obel (1538-1616) e Charles de Lécluse (1526-1609).
Suas contribuições para as ciências naturais foram muito importantes, pois
formaram a base de conhecimento que temos hoje.
Foram muitos estudos, no decorrer da história, até se concretizar o ramo
da biologia que estuda a classificação dos seres vivos. Foram criando-se normas
e regras e agrupando-se os seres semelhantes nessas classificações.
Faremos, a partir de agora, um estudo detalhado sobre a classificação
biológica dos seres vivos e as ciências relacionadas à biologia que estudam essa
classificação, como a sistemática e a taxonomia. Veremos também os critérios
que são utilizados para a classificação, o estabelecimento dos reinos e domínios
da biodiversidade e os principais cientistas.

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TEMA 2 – AS BASES DA CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA DE CARL VON LINNEU

Para Amabis e Martho (2015), a sistemática é o ramo da biologia que


estuda a diversidade biológica, isto é, os tipos e as variações existentes entre os
seres vivos nos diversos níveis da organização biológica.
Os resultados desses estudos formam a taxonomia ou classificação
biológica, que é um sistema esquemático que organiza as coleções de seres
vivos de acordo com suas características comuns e meios evolutivos. De
grandes grupos, denominados reinos, como o Animal e o Vegetal, passando por
filo, classe, ordem, família e gênero até a unidade classificatória denominada
espécie.
O início dos estudos da sistemática foi feito pelo sueco Car Von Linnée
(ou Linneu) (1701-1788). Em seus estudos, Linneu utilizou o grau de semelhança
entre os seres vivos e os critérios de anatomia e fisiologia. No seu livro Sistema
naturae, classificou os animais pela estrutura corporal e as plantas pelo sistema
reprodutivo. Também criou a nomenclatura biológica utilizada até hoje.

TEMA 3 – A IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA PARA AS


PESQUISAS CIENTÍFICAS

Após os estudos de Darwin sobre as genealogias e as adaptações das


espécies, muitos outros estudiosos se ocuparam desse tema e hoje são
chamadas de árvores filogenéticas ou filogenias o resultado das relações de
parentesco evolutivo entre os grupos de seres vivos, caracterizadas por
adaptações ambientais e evoluções genéticas.
Também se utiliza a cladística, que é um método para se estabelecer as
relações de filogenia entre um grupo de espécies que apresentam um ancestral
ou diferentes ancestrais em comum.
Saímos da classificação de Linneu com dois reinos, o Animal e o Vegetal,
e hoje temos a proposta de Margulis e Schwartz (1980), americanas que
reconheceram os seguintes reinos: Animal (Animalia), Vegetal (Plantae), dos
Fungos (Fungi), das Moneras (Monera) e dos Protistas (Protista) e um grupo à
parte, os vírus.
Atualmente, a taxonomia classifica pela evolução a filogenia em sete
táxons. As regras de nomenclatura são principalmente utilizadas com o nome
científico de cada espécie composto por dois nomes, na maioria em latim: o
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primeiro representa o gênero em maiúsculo e o segundo a espécie, em
minúsculo, como por exemplo Homo sapiens (homem).
Foi grande o avanço que alicerçam hoje as pesquisas científicas, com
estudos baseados em conhecimentos científicos e novas descobertas sobre os
seres vivos que compõem essa vasta diversidade do planeta Terra.

TEMA 4 – COLEÇÕES DE ESPÉCIES ANIMAIS E VEGETAIS

O Brasil tem a mais diversa flora do mundo, com um número superior a


55 mil espécies descritas (24% do total mundial).
As coleções de espécies visam salvaguardar o rico material genético nos
ambientes mais diversos do planeta Terra.
Preocupados com as altas taxas de erosão de recursos genéticos e com
a perda de componentes da biodiversidade e, mais ainda, interessados no
incremento de esforços voltados à conservação dos recursos biológicos em todo
o planeta, países, independentemente da sua condição episódica de usuários ou
provedores de material genético, promoveram negociações, no âmbito do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que resultaram
na adoção da Convenção sobre Diversidade Biológica, que se refere à variedade
da vida no planeta ou à propriedade dos sistemas vivos de serem distintos (ONU,
1992) (MMA, [2018]).
A composição total da biodiversidade brasileira não é conhecida e talvez
nunca venha a ser na sua plenitude, tal a sua magnitude e complexidade. Nesse
sentido, e considerando-se que o número de espécies existentes no território
nacional, particularmente na plataforma continental e nas águas jurisdicionais
brasileiras – em grande parte ainda desconhecido –, é elevado, é fácil inferir que
o número de espécies, tanto terrestres quanto marinhas, ainda não identificadas,
no Brasil, pode alcançar valores da ordem de dezena de milhões. Apesar dessas
estimativas, a realidade é que o número de espécies conhecidas atualmente, em
todo o planeta, está em torno de 1,7 milhão, valor que atesta o alto grau de
desconhecimento da biodiversidade, especialmente nas regiões tropicais. Além
disso, é interessante registrar que a maior parte dos conhecimentos sobre a
biodiversidade no nível específico se refere a organismos de grande porte. O
nosso conhecimento sobre outros organismos, a exemplo dos insetos, líquens,
fungos e algas é ainda muito incipiente. A parcela da biodiversidade menos

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conhecida está localizada na copa das árvores, no solo e nas profundezas
marinhas (MMA, [2018]).

TEMA 5 – INICIANDO UMA COLEÇÃO VIRTUAL DE SERES VIVOS

Para Marandino et al. (2014):

A existência de coleções marca a história das ciências naturais e a


criação dos primeiros museus. No ensino de ciências elas também
estão presentes, havendo, contudo, proximidades e distâncias entre as
coleções científicas e as didáticas. Defende-se a relevância deste tema
para: envolver os futuros professores na produção de novas
estratégias para o ensino de ciências, ampliar a cultura desses sujeitos
e incentivar a visitação a espaços não formais onde a cultura científica
se expressa.

Com a massificação dos meios virtuais, propomos um exercício


metodológico de iniciarmos uma coleção virtual dos seres vivos utilizando uma
metodologia simples, baseada na classificação biológica atual e colocando-os
em arquivos separados por reinos, inclusive os vírus, com cinco fotos com a
característica básica de cada um dos seres vivos, sua taxonomia e habitat
predominante. No decorrer do curso, será constituída a coleção.
Sugestões:

 utilizar imagens autorizadas;


 realizar classificação biológica por reino e espécie;
 reunir características básicas;
 relacionar habitat predominante.

NA PRÁTICA

Todos os estudos que foram feitos na tentativa de se agrupar os seres


vivos tiveram como objetivo principal fazer coleções de seres semelhantes.
Fizemos um passeio, pela cronologia desses estudos, e pudemos notar que a
sistemática foi se aprimorando até chegar aos dias atuais, quando, além das
semelhanças morfológicas e fisiológicas, das características sociais, de
temperatura, cadeia alimentar, ambiente em que vivem, entre outras, desponta
com grande força um novo item para essa classificação, que engloba as
características genéticas e ancestrais comuns. Para exemplificar essa
classificação, também estudamos as coleções existentes nos museus e áreas
ambientais. E, para terminar esse estudo, aprendemos a construir uma coleção

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virtual dos seres vivos. Esses estudos todos farão parte da formação do
profissional em biologia tanto nas suas atividades relacionadas à educação
quanto nas suas atividades científicas e na sua atuação profissional em ciências
biológicas.

FINALIZANDO

Figura 1 – Classificação Biológica

BASES DA HISTÓRIA DA
CLASSIFICAÇÃO: CLASSIFICAÇÃO:
ARISTÓTELES E
LINNEU
TEOFRASTO

REINO FILO
COLEÇÕES DE
CLASSE
ESPÉCIES ANIMAIS
E VEGETAIS
CLASSIFICAÇÃO ORDEM
PRESERVAÇÃO DA FAMÍLIA
BIODIVERSIDADE BIOLÓGICA GÊNERO
ESPÉCIE

APLICAÇÕES:
PRÁTICA: PESQUISAS
CONSTRUINDO CIENTÍFICAS
SUA COLEÇÃO ATIVIDADES
DIDÁTICAS

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REFERÊNCIAS

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da Biologia. 4. ed. São Paulo:


Moderna, 2015. 839 p.

ARAÚJO, M. F. F. DE; MENEZES, A.; COSTA, I. A. S. da. História da biologia.


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conhecimento/aristoteles-biologia-biologos-conhecimento.shtml/0>. Acesso em:
13 dez. 2018.

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Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 352 p.

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LOPES, S.; ROSSO, S. Biologia. São Paulo: Saraiva, 2005.

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em: <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/234549/mod_resource/content/1/texto%
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MMA – Ministério do Meio Ambiente. Conservação in situ, ex situ e on farm.


Disponível em: < http://www.mma.gov.br/biodiversidade/conservacao-e-
promocao-do-uso-da-diversidade-
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farm.html>. Acesso em: 13 dez. 2018.

ONU – Organização das Nações Unidas. Convenção sobre diversidade


biológica. Rio de Janeiro, 5 jun. 1992.

POUGH, F. H.; HEISER, J. B.; JANIS, C. M. A vida dos vertebrados. São Paulo:
Atheneu, 2003.

RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 6. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

STORER, T. I. et al. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Editora Nacional, 2003.

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