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Inquérito
Policial
Carreiras Policiais

Direito Processual
Penal

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APRESENTAÇÃO:

A presente apostila foi desenvolvida especificamente para os concursos voltados para


as carreiras policiais, especificamente a polícia judiciária, seja no âmbito estadual
(PC) ou no âmbito federal (PF). Nela estaremos abordando, de forma teórica e com
questões comentadas, os principais temas cobrados para esses concursos dentro da
matéria de direito processual penal.

Após um levantamento das últimas provas das Polícias Civis do país, bem como da
Polícia Federal, nos diversos cargos destas (com especial atenção aos cargos de
Delegado, Escrivão, Investigador e Perito Criminal), separamos os temas que são
mais cobrados nestes concursos na matéria de direito processual penal, os quais estão
sendo abordados na referida apostila.

A apostila está dividida com os seguintes tópicos: A presente apostila é conteúdo


gratuito que contém somente um tópico da apostila original, qual seja: Inquérito
Policial.

Ao final do referido tópico disponibilizamos 20 questões comentadas.

ATUALIZADO CONFORME A LEI 13.964/19 (PACOTE ANTICRIME) – só não


incluímos os dispositivos que tratam do “Juiz das Garantias”, uma vez que estes
encontram-se suspensos pelo STF por tempo indeterminado (Medida Cautelar na ADI
6.299/DF – suspenso até que o STF decida se tais dispositivos são ou não compatíveis
com a Constituição Federal).

Autor: Iago Oliveira Redivo, professor e Advogado.

Bons estudos!!

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Sumário

2. Inquérito Policial ...................................................................................................... 1


2.1 Atribuição (Competência) ................................................................................ 2
2.1.1 Da Atribuição em Face da Natureza da Infração Penal .............................. 4
2.1.2 Da Atribuição em Face do Local da Consumação da Infração Penal ........ 7
2.2 Verificação de Procedência das Informações (VPI) ......................................... 8
2.3 Características do Inquérito Policial ................................................................. 8
2.3.1 Escrito ......................................................................................................... 9
2.3.2 Inquisitorial (Inquisitivo / Inquisitório) ...................................................... 9
2.3.3 Discricionário ........................................................................................... 11
2.3.4 Oficial ....................................................................................................... 12
2.3.5 Oficioso .................................................................................................... 12
2.3.6 Sigiloso ..................................................................................................... 13
2.3.7 Indisponível .............................................................................................. 15
2.3.8 Dispensável ............................................................................................... 15
2.4 Valor Probatório do Inquérito Policial ........................................................... 17
2.5 Do Procedimento Investigatório (IP) Face aos Servidores Vinculados aos
Órgãos da Segurança da Pública (art. 144 da CF/88) ................................................. 19
2.6 Prazos para Conclusão do Inquérito Policial .................................................. 21
2.6.1 Regra Geral ............................................................................................... 21
2.6.2 Prazos Especiais ....................................................................................... 22
2.6.3 Prazo para Conclusão do Inquérito Policial no Caso de Indiciado Preso
Temporariamente .................................................................................................... 24
2.6.4 Contagem dos Prazos ............................................................................... 24
2.7 Vícios .............................................................................................................. 25
2.8 Notícia do Crime (Notitia Criminis)............................................................... 25
2.8.1 Espécies de Notícia Crime ........................................................................ 26
2.8.1.1 Notícia Crime Direta ou Espontânea (Cognição Imediata) ............... 26
2.8.1.2 Notícia Crime Inqualificada ou Delação Apócrifa (a chamada
“denúncia anônima”) .......................................................................................... 27
2.8.1.3 Notícia Crime Indireta ou Provocada (Cognição Mediata) ............... 27
2.8.1.3.1 Requisição do juiz ou do Ministério Público ................................ 27
2.8.1.3.2 Requerimento da Vítima ............................................................... 28

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2.8.1.3.3 Delação ......................................................................................... 28


2.8.1.3.4 Representação da Vítima (Delatio Criminis Postulatória) ........... 29
2.8.1.3.5 Requisição do Ministro da Justiça ................................................ 29
2.8.1.4 Notícia Crime Revestida de Forma Coercitiva ................................. 29
2.9 Procedimentos do Inquérito Policial............................................................... 31
2.9.1 Início ......................................................................................................... 31
2.9.2 Desenvolvimento ...................................................................................... 31
2.9.2.1 Indiciamento ...................................................................................... 33
2.9.2.1.1 Indiciado Menor ............................................................................ 34
2.9.2.1.2 Desindiciamento ........................................................................... 34
2.9.2.1.3 Vedação do Indiciamento ............................................................. 35
2.9.3 Final do Inquérito Policial ........................................................................ 38
2.9.3.1 Destino dos Autos do Inquérito Policial ........................................... 39
2.9.3.1.1 Crimes de Ação Penal Pública ...................................................... 40
2.9.3.1.2 Crimes de Ação Penal Privada ...................................................... 42
2.10 Arquivamento do Inquérito Policial ............................................................... 43
2.10.1 Do Procedimento – ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) ......... 43
2.10.2 Do Procedimento – Com o Advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime)
46
2.10.3 Efeitos do Arquivamento do IP ................................................................ 48
2.10.4 Arquivamento Implícito ........................................................................... 51
2.10.5 Arquivamento Indireto ............................................................................. 51
2.11 Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) – art. 28-A do CPP, inserido pela
Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) .............................................................................. 52
2.12 Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) ............................................... 59
2.13 Controle Externo da Atividade Policial .......................................................... 59
2.14 Questões ......................................................................................................... 60

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2. Inquérito Policial

A persecução criminal apresenta dois momentos distintos: o da investigação e


o da ação penal. Esta consiste no pedido de julgamento da pretensão punitiva,
enquanto a primeira é atividade preparatória da ação penal, de caráter preliminar
e informativo. Em outros termos, a persecução penal estatal se constitui de duas
etapas: (1) a investigação preliminar, gênero do qual é espécie o inquérito
policial, objeto deste capítulo, cujo objetivo é formar lastro probatório mínimo
para a deflagração válida da fase seguinte; e (2) o processo penal, que é
desencadeado pela propositura de ação penal perante o Judiciário.

Inquérito Policial é um procedimento administrativo inquisitório e


preparatório, anterior ao processo, presidido pela autoridade policial
(Delegado de Polícia) que conduz diligências, as quais objetivam a colheita de
elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração
penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.

● Natureza Jurídica: Procedimento Administrativo

Procedimento: Não se trata, pois, de processo judicial, nem tampouco de processo


administrativo, porquanto dele não resulta a imposição direta de nenhuma sanção.

Administrativo: O inquérito policial é um procedimento administrativo, porque é


realizado pela polícia judiciária, que é um órgão do Poder Executivo, poder este que tem
como função típica a de administrar a coisa pública. Apesar do nome polícia judiciária, ela
não é subordinada ao Poder Judiciário e sim ao Poder Executivo, haja vista o delegado da
polícia estadual (a PC como um todo) está subordinado ao Secretário de Segurança Pública,
e este, por sua vez, está subordinado ao Governador de Estado, responsável pela
administração pública estadual. De igual modo, o delegado da polícia federal (a PF como
um todo) está subordinado ao Ministro da Justiça, e este, por sua vez, está subordinado ao
Presidente da República, responsável pela administração pública federal (caso queira saber mais
acerca da organização dos órgãos de segurança pública, os quais se inserem a PC e a PF – Apostila Revisão
Final – Carreiras Policiais – Direito Constitucional, tópico 6, páginas 169 a 173).

● Finalidade: Preparatório – informar o titular da ação penal sobre o resultado da


investigação criminal, colaborando com a formação da sua opinião quanto à existência e à
autoria de determinado crime.

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2.1 Atribuição (Competência)


Anote-se que, conforme disposto na Constituição Federal, a atividade de polícia
de segurança compreende a polícia ostensiva (administrativa) e a polícia
judiciária. A polícia ostensiva tem por objetivo prevenir os delitos de forma a
se preservar a ordem pública. A polícia judiciária exerce atividades de
investigação, de apuração das infrações penais e de indicação de sua autoria, a
fim de fornecer os elementos necessários ao Ministério Público em sua função
persecutória das condutas criminosas, ou seja, é a polícia judiciária que é
responsável pela produção do inquérito policial (IP), especificamente a
autoridade da polícia judiciária (Delegado de Polícia que preside o IP – art. 2º,
§1º, da Lei 12.830/13).

Desse modo, A atividade policial no Brasil pode ser analisada em duas espécies:
● Polícia Administrativa (Ostensiva)
A polícia administrativa, enquanto exerce atividade policial, é aquela que tem
natureza preventiva do ilícito penal e possui uma característica ostensiva,
como a Polícia Militar (PM) a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia
Ferroviária Federal (PFF).
● Polícia Judiciária
A polícia judiciária atua quando a polícia administrativa não funciona. A sua
natureza é repressiva, ocorrendo a sua atuação quando o ilícito penal já
ocorreu. A polícia judiciária dos Estados e do Distrito Federal é a Polícia Civil
(PC), e a Polícia Federal (PF) é exclusiva da União. A Polícia Civil e a Polícia
Federal são polícias judiciárias não subordinadas ao Poder Judiciário. A Polícia
Civil é subordinada aos governadores dos Estados e do Distrito Federal, e a
Polícia Federal, ao Presidente da República, ou seja, ambas ao Poder Executivo.

Atividade Policial

Polícia Administrativa Polícia Judiciária:


(Ostensiva): → Atividades de investigação,
de apuração das infrações
→ Prevenir delitos (é
penais e a indicação de sua
preventiva). autoria (responsável pelo IP)
→ Atua antes mesmo de → Auxilia o judiciário.
ocorrer um crime.
→ Atua depois que ocorreu o
Funções típicas da: PRF, crime (é repressiva). 2
PFF e PM Funções típicas da: PF e PC.

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Importante ressaltar, todavia, que, se tratando de crimes militares, a atribuição


para as investigações recai sobre a autoridade de polícia judiciária militar
(PM, Corpo de Bombeiros, Exército, Marinha ou Aeronáutica), a quem
compete determinar a instauração de inquérito policial militar (IPM).

Desse modo, as autoridades dos seguintes órgãos podem instaurar e presidir um


inquérito policial (IP) para investigar infrações penais:

→ Polícia Civil

→ Polícia Federal

Temos ainda o inquérito policial militar (IPM), o qual é instaurado e presidido


pela autoridade da:

→ Polícia Judiciária Militar - (PM, Corpo de Bombeiros, Exército,


Marinha e Aeronáutica) – trata-se de uma EXCEÇÃO / função atípica,
ocorre nos casos de crimes militares - IPM.

**OBS: Na presente apostila estaremos tratando especificamente do inquérito


policial propriamente dito, que é aquele que compete a PC e a PF, sem
adentrar em especificidades do IPM (salvo quando falarmos expressamente de
que se trata do IPM), uma vez que estamos abordando estritamente o CPP, e
não do CPPM.

Não obstante, vale lembrar que a atividade investigatória que antecede uma
ação penal NÃO é exclusiva da Polícia Judiciária. Com efeito, o próprio
Código de Processo Penal, em seu art. 4°, parágrafo único, acentua que a
atribuição para a apuração das infrações penais e de sua autoria não excluirá a
de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Ou seja, existem outros instrumentos que investigam infrações penais que

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não são policiais (que NÃO são inquéritos policiais), tais quais: Inquérito
Parlamentar, o qual fica a encargo da Comissão Parlamentar de Inquérito;
Investigação Criminal a encargo do Ministério Público (apesar de haver
entendimento doutrinário divergente, o STF reconheceu a legitimidade do
Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de
natureza penal – info 785 do STF); as investigações de infrações penais
praticadas por magistrados ou por promotores, as quais são presididas pelos
órgãos de cúpula de cada carreira, de acordo com o que dispõe o art. 33,
parágrafo único, da LOMAN, e art. 41, parágrafo único, da LONMP; dentre
outros.

2.1.1 Da Atribuição em Face da Natureza da Infração Penal

Estabelecidos quais os órgãos que podem instaurar IP, cabe agora estabelecer
quando será a competência de cada um destes para exercer tal função.

A autoridade policial responsável para instauração de um IP (a competência para


investigação) será definida, a princípio, pela natureza da infração praticada,
valendo lembrar que eventual investigação policial em andamento somente
poderá ser avocada ou redistribuída por superior hierárquico, mediante despacho
fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de
inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que
prejudique a eficácia da investigação (Lei no 12.830/13, art. 2°, § 4°).

Em se tratando de crime militar, a atribuição para as investigações recai sobre a


autoridade de polícia judiciária militar, a quem compete determinar a
instauração de inquérito policial militar (IPM), seja no âmbito das Polícias
Militares ou dos Corpos de Bombeiros, nos crimes da alçada da Justiça Militar
Estadual, seja no âmbito do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica, em
relação aos crimes militares de competência da Justiça Militar da União. No
caso de militares federais de corporações distintas, mas sujeitos à Justiça Militar

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da União (v.g., crime militar praticado em coautoria por um militar do Exército e


outro da Aeronáutica), afigura-se possível uma interpretação extensiva do art.
97, parágrafo único, do CPPM, concluindo-se, então, que a atribuição para a
presidência do IPM será determinada pela prevenção. Caso, todavia, o crime
tenha sido cometido por um oficial da ativa do Exército e um soldado da
Marinha, prevalece a atribuição da corporação à qual pertence o oficial da ativa,
daí por que, nessa hipótese, o IPM deveria ser instaurado no âmbito do Exército.

No caso de infrações penais de competência da Justiça Federal, a atribuição


para a realização das investigações incide sobre a Policia Federal. Afinal, de
acordo com o art. 144, § 1°, I, primeira parte, da Constituição Federal, à Polícia
Federal incumbe a apuração de infrações penais contra a ordem política e social
ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades
autárquicas e empresas públicas. Ademais, de acordo com o art. 144, § 1°, IV,
da Carta Magna, cabe à Polícia Federal exercer, com exclusividade, as funções
de polícia judiciária da União.

Na hipótese de crimes da competência da Justiça Eleitoral, a qual é tida como


uma Justiça da União, a atribuição para a realização das investigações é,
precipuamente, da Polícia Federal (regra).

Todavia, como já se pronunciou o próprio Tribunal Superior Eleitoral,


verificando-se a prática de crime eleitoral em município onde não haja órgão da
Polícia Federal, nada impede que sua investigação seja levada a efeito pela
Polícia Civil (exceção) - TSE, HC 439, DJ 27/06/2003. Portanto, a atribuição
legal da Polícia Federal para a instauração de inquéritos policiais de apuração da
prática de crimes eleitorais não exclui a atribuição subsidiária da autoridade
policial estadual, quando se verificar a ausência de órgão da Polícia Federal no
local da prática delituosa.

Cuidando-se de crime da competência da Justiça Estadual, as investigações


devem ser presididas, em regra, pela Polícia Civil. No entanto, por força da

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própria Constituição Federal, também é possível a atuação da Polícia Federal


(execeção). Deveras, de acordo com o art. 144, § 1°, I, in fine, da Constituição
Federal, à Polícia Federal também incumbe a apuração de infrações penais cuja
prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei.

A lei a que se refere o dispositivo é a Lei n° 10.446/02, cujo art. 1º preceitua que, quando
houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o
Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade
dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial
das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das
seguintes infrações penais: I - sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro, se
o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função
pública exercida pela vítima; II - formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4° da
Lei n° 8.137/90); III - relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa
do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja
parte; IV - furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em
operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou
bando (associação criminosa – art. 288, CP) em mais de um Estado da Federação; V -
falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do- Código Penal).- este inciso V foi incluído
pela Lei no 12.894/13; VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo
agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação
criminosa em mais de um Estado da Federação (Incluído pela Lei no 13.124/15).

Ademais, segundo o art. 1°, parágrafo único, da Lei no 10.446/02, verificada a repercussão
interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, o Departamento de Polícia
Federal procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou
determinada pelo Ministro de Estado da Justiça.

Importante não perder de vista que, por força do art. 11 da Lei Antiterrorismo (Lei n°
13.260/16), a Polícia Federal também passou a ter atribuições investigatórias para apurar os
delitos previstos no referido diploma normativo: terrorismo propriamente dito (art.
2°),organização terrorista (art. 3°), preparação de terrorismo (art. 5") e financiamento ao
terrorismo (art. 6°).

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2.1.2 Da Atribuição em Face do Local da Consumação da Infração


Penal

Firmada a atribuição da Polícia Civil, Federal, ou da Polícia Judiciária Militar, o


passo seguinte é determinar à qual delegacia caberá a investigação do fato
delituoso.

Nesse ponto, tem-se que, nos mesmos moldes como é fixada a


COMPETÊNCIA TERRITORIAL do juízo para processar e julgar o crime, a
atribuição para as investigações também é determinada em virtude do local onde
se consumou a infração penal, ou no caso de tentativa, com base no local em
que foi praticado o último ato de execução. Assim, se um crime de competência
da Justiça Estadual foi perpetrado na cidade de São Mateus/ES, temos que a
atribuição para investigá-lo recai sobre a autoridade policial da circunscrição a
que pertencer o referido município.

Essa atribuição da autoridade policial para apurar os fatos ocorridos dentro de


sua circunscrição não impede a realização de diligências em outra circunscrição,
desde que esteja na mesma comarca; caso contrário, será necessária a expedição
de carta precatória (CPP, art. 22).

Nada impede que essa atribuição territorial para a investigação também


seja subdividida a partir da natureza da infração penal. Isso porque, visando
ao aperfeiçoamento das investigações, e considerando as vantagens que a
divisão do trabalho proporciona, tanto a Polícia Federal quanto a Polícia Civil
tem instituído delegacias especializadas (Delegacia Antissequestro, Delegacia
da Mulher, Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, Delegacia de
Repressão a Roubos e Assaltos, dentre outras) no combate a certas espécies de
crimes.

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De todo modo, ainda que uma investigação tenha sido presidida por autoridade
policial que não detinha atribuições para fazê-lo, quer nos casos de um "crime
federal" investigado pela Polícia Civil, quer nas hipóteses de investigação
presidida por autoridade policial territorialmente sem atribuições, como o
inquérito policial é considerado mera peça informativa de valor probatório
relativo, trata-se de mera irregularidade, que não tem o condão de contaminar
com nulidade o processo penal a que der origem (STJ, 6ª Turma, HC 44.154/SP,
Rei. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 09/03/2006, DJ 27/03/2006 p. 337).

2.2 Verificação de Procedência das Informações (VPI)

A verificação de procedência de informações recebida pela autoridade policial é


um procedimento simplificado, iniciado de forma prévia ao inquérito
policial. O dispositivo legal que possibilita a instauração dessa espécie de
sindicância preliminar ao IP é o §3º, do art. 5º, do CPP. De acordo com o teor
desse enunciado, a partir da notícia crime levada ao conhecimento da autoridade
policial, esta, verificada a procedência das informações, ordenará a instauração
de IP.

Vale dizer, a VPI é a forma preliminar de constatação de elementos mínimos


necessários para que um inquérito policial não seja instaurado
temerariamente. Ou seja, antes de instaurar um IP, a autoridade policial deve
verificar a constatação dos indícios mínimos de materialidade e autoria de um
crime (esse é o procedimento a ser adotado em casos em que a suspeita se baseia
exclusivamente em denúncia anônima, por exemplo – nesse sentido: STJ. 6ª
Turma. HC 204.778/SP).

2.3 Características do Inquérito Policial

São várias características do inquérito policial. Vejamo-las, separadamente.

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2.3.1 Escrito

Todas as diligências realizadas no curso do inquérito policial devem ser


passadas a termo (escritas), para que seja facilitada a troca de informações
entre os órgãos responsáveis pela persecução penal.

O delegado tem a faculdade de filmar ou gravar diligências realizadas, mas isso


não afasta a obrigação de transcrever todas por escrito.

CPP, art. 405, § 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do


investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou
recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações

Sendo assim, possível que o delegado, havendo meios, documente atos do IP


através das formas de tecnologia existentes, inclusive captação de som e
imagem.

2.3.2 Inquisitorial (Inquisitivo / Inquisitório)

Cuida-se, a investigação preliminar, de mero procedimento de natureza


administrativa, com caráter instrumental, e não de processo judicial ou
administrativo. Dessa fase pré-processual não resulta a aplicação de uma sanção,
destinando-se tão somente a fornecer elementos para que o titular da ação penal
possa dar início ao processo penal. Logo, ante a impossibilidade de aplicação de
uma sanção como resultado imediato das investigações criminais, como ocorre,
por exemplo, em um processo administrativo disciplinar, NÃO se pode
EXIGIR a observância do contraditório e da ampla defesa (pelo menos não
de forma plena) nesse momento inicial da persecução penal.

As atividades investigatórias estão concentradas nas mãos de uma única


autoridade (Delegado de Polícia), que deve conduzir a apuração de maneira
discricionária (e não arbitrária) de modo a colher elementos quanto à autoria e

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materialidade do fato delituoso. Logo, não há partes no IP, temos somente o


delegado de polícia investigando um crime e, consequentemente, um suspeito.

Desse modo, o IP caracteriza-se como um procedimento inquisitório em razão


dos seguintes elementos:

» Não obrigatoriedade da existência do contraditório e da ampla defesa


(de forma plena) – entendimento majoritário.
Não obstante, cumpre observar que o Estatuto da OAB, bem como o STF, através da súmula
vinculante n.º 14, estabelecem direitos ao advogado durante o IP, os quais devem ser observados:
Estatuto da OAB, art. 7º São direitos do advogado: [...]XIV - examinar, em qualquer instituição
responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de
investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. [...]XXI - assistir a seus
clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo,
inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos;
Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

» Atribuições concentradas nas mãos de uma única autoridade


(Delegado de Polícia)

» Inexistência de partes

Importante ressaltar que a característica inquisitória do Inquérito Policial NÃO


se confunde com o SISTEMA PROCESSUAL PENAL adotado no Brasil.
Segundo o entendimento majoritário e já sedimentado, o sistema processual
penal adotado no Brasil é o ACUSATÓRIO!
Quando o Código de Processo Penal entrou em vigor, prevalecia o entendimento de que o sistema nele previsto era
misto. A fase inicial da persecução penal, caracterizada pelo inquérito policial, era inquisitorial. Porém, uma vez
iniciado o processo, tínhamos uma fase acusatória.
Entretanto, com o advento da Constituição Federal, que prevê de maneira expressa a separação das funções de
acusar, defender e julgar, estando assegurado o contraditório e a ampla defesa, além do princípio da presunção de

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não culpabilidade, estamos diante de um sistema acusatório).


O próprio art. 3-A do CPP, incluído pela Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), o qual se encontra suspenso por tempo
indeterminado pelo STF (a suspensão valerá até que o plenário do STF decida se as novas regras estão de acordo
com a constituição. ainda não há data marcada para análise), afirma expressamente que o sistema processual penal
adotado no Brasil é o acusatório.

Há quem discorde que o IP tenha característica inquisitória, mas não é o


entendimento que prevalece atualmente.

2.3.3 Discricionário

Ao contrário da fase judicial, em que há um rigor procedimental a ser observado,


a fase preliminar de investigações é conduzida de maneira discricionária
(liberdade de atuação dentro dos limites traçados pela lei) pela autoridade
policial, que deve determinar o rumo das diligências de acordo com as
peculiaridades do caso concreto.

O rumo das diligências está a cargo do delegado, e os arts. 6° e 7'º, do CPP


indicam as diligências que podem ou devem ser desenvolvidas por ele. A
autoridade policial pode atender ou não aos requerimentos patrocinados pelo
indiciado ou pela própria vitima (art. 14, CPP), fazendo um juízo de
conveniência e oportunidade quanto à relevância daquilo que lhe foi solicitado.
Só não poderá indeferir a realização do exame de corpo de delito, quando a
infração praticada deixar vestígios, pelo que se pode afirmar que
discricionariedade do inquérito não é absoluta. Havendo denegação da diligência
requerida, nada impede que seja apresentado recurso administrativo ao Chefe de
Polícia, por analogia ao art. 5°, § 2º, CPP. Sempre é bom lembrar que apesar de
não haver hierarquia entre juízes, promotores e delegados, caso os dois
primeiros emitam requisições ao último, este está obrigado a atender, por
imposição legal (art. 13, I, do CPP).

Discricionariedade implica liberdade de atuação nos limites traçados pela


lei. Se a autoridade policial ultrapassa esses limites, sua atuação passa a ser
arbitrária, ou seja, contrária à lei. Logo, não se permite à autoridade policial a

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adoção de diligências investigatórias contrárias à Constituição Federal e à


legislação infraconstitucional.

Não podemos entender discricionariedade como uma faculdade do delegado


iniciar ou não uma investigação, porque, conforme veremos adiante, em alguns
casos a investigação é obrigatória. A discricionariedade está relacionada às
diligências que o delegado irá adotar durante as investigações, haja vista que
cada crime é um acontecimento único e, como tal, não existirá uma “receita”
certa para solucioná-lo, devendo o delegado adotar os procedimentos previstos
em lei que acredita serem os mais adequados para alcançar tal finalidade.

2.3.4 Oficial

A realização do inquérito policial é atribuição de um órgão oficial do Estado


(Polícia Judiciária), com a presidência deste incumbida a autoridade policial do
respectivo órgão (Delegado de Polícia – art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13).

2.3.5 Oficioso

Ao tomar conhecimento de notícia de crime de ação penal pública


incondicionada, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício,
independentemente de provocação da vítima e/ou qualquer outra pessoa. Deve,
pois, instaurar o inquérito policial de ofício, nos exatos termos do art. 5°, I, do
CPP, procedendo, então, às diligências investigatórias no sentido de obter
elementos de informação quanto à infração penal e sua autoria. Cumpre
observar, entretanto, que o delegado deve, antes de instaurar o IP, verificar a
constatação de elementos mínimos para que se possa instaurar um IP (VPI).

No caso de crimes de ação penal pública condicionada à representação e de


ação penal de iniciativa privada, a instauração do inquérito policial está
condicionada à manifestação da vítima ou de seu representante legal.

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Essa característica da oficiosidade do inquérito policial não é incompatível com


a discricionariedade de que tratamos acima. A oficiosidade está relacionada à
obrigatoriedade de instauração de inquérito policial quando a autoridade policial
toma conhecimento de infração penal de ação penal pública incondicionada; a
discricionariedade guarda relação com a forma de condução das investigações,
seja no tocante à natureza dos atos investigatórios (provas periciais, acareações,
oitiva de testemunhas, etc.), seja em relação à ordem de sua realização.

2.3.6 Sigiloso

Ao contrário do que ocorre no processo, o inquérito NÃO comporta


publicidade, sendo procedimento essencialmente sigiloso, disciplinando o art.
20, do CPP, que "a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade".

→ Finalidade do sigilo

O sigilo do IP tema a finalidade de preservar a imagem do suspeito e, ainda,


garantir a eficiência das investigações.

→ Classificação do sigilo

Sigilo externo: destinado aos terceiros desinteressados e a imprensa.

Sigilo Interno: destinado aos interessados no processo.

O sigilo do IP NÃO atinge o juiz e o membro do Ministério Público.

Quanto ao advogado do investigado, o Estatuto da OAB traz, em art. 7º, XIV, a


seguinte redação:
Art. 7º São direitos do advogado: [...]XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por
conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer
natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
apontamentos, em meio físico ou digital.

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Complementando o raciocínio, o STF editou a seguinte súmula vinculante:

Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Desse modo, em regra, o sigilo também MÃO se estende ao advogado do


investigado, podendo este ter acesso aos elementos de prova já documentados
no procedimento investigatório conduzido pela polícia judiciária (investigações
já concluídas e passadas a termo). Quanto aos elementos ainda não
documentados, ou seja, em relação às investigações ainda em andamento, o
advogado não terá acesso, o qual só será concedido após o término da
diligência, haja vista que o acesso a diligências ainda em andamento poderia
comprometer a eficiência destas (não pode o advogado, por exemplo, ter acesso
a uma interceptação telefônica ainda em curso, pois este acesso evidentemente
comprometeria a diligência).

Assim sendo, caso o advogado seja impedido de ter acesso aos autos do IP,
ele poderá se valer de duas ferramentas contra essa ilegalidade: o Mandado de
Segurança ou uma Reclamação Constitucional, que é a ferramenta eficaz para
combater o desrespeito a uma súmula vinculante.

Apesar do IP ser sigiloso, o delegado, quando achar conveniente, pode quebrar


o sigilo, prestando informações à imprensa, tais como: diligências que serão
realizadas, divulgar retrato do suspeito, etc.

• Decretação do segredo de justiça (preservar a imagem da vítima)

Como acabamos de ver, o delegado pode, em alguns casos, quando achar


conveniente, divulgar informações à imprensa. Para evitar tal conduta,
visando especificamente a proteger a imagem da vítima ou do investigado, o
juiz pode decretar segredo de justiça da investigação; então as informações
não poderão vazar. Mas nesse caso, é mantido o acesso aos autos pelo juiz,
MP e advogado.

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2.3.7 Indisponível

A persecução criminal é de ordem pública, e uma vez iniciado o inquérito, não


pode o delegado de polícia dele dispor. Se diante de uma circunstância fática,
o delegado percebe que não houve crime, nem em tese, não deve iniciar o
inquérito policial. Daí que a autoridade policial não está, a princípio obrigada a
instaurar de qualquer modo o inquérito policial, devendo antes se precaver,
aferindo a plausibilidade da notícia do crime, notadamente aquelas de natureza
apócrifa (delação anônima). Contudo, uma vez iniciado o procedimento
investigativo, deve levá-lo até o final, não podendo arquivá-lo, em virtude
de expressa vedação contida no art. 17 do CPP.

● Delegado NÃO pode arquivar IP (art. 17 do CPP).


Quem ordena o arquivamento do IP é o juiz, a pedido do membro do MP (QUANTO A ESSA
AFIRMAÇÃO, CONFERIR OS TÓPICOS 2.10.1 e 2.10.2; BEM COMO O ÚLTIMO
PARÁGRAFO DA PÁGINA 47 – PACOTE ANTICRIME), no caso de ação penal pública (art.
18, CPP) – (no caso de ação penal privada, os atos do IP serão encaminhados ao juiz competente,
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao
requerente, se este assim requerer, mediante traslado – art. 19, CPP). Caso o magistrado discorde do
requerimento de arquivamento do IP realizado pelo MP, este deverá encaminhá-lo ao Procurador
Geral, o qual poderá oferecer a denúncia, designar outro órgão do MP para oferecê-la, ou insistir no
pedido de arquivamento, ficando o juiz, neste último caso, obrigado a atender (art. 28, CPP).

2.3.8 Dispensável

Da leitura de dispositivos que regem a persecução penal preliminar, a exemplo


art. 39, § 5º, CPP, podemos concluir que o inquérito NÃO é imprescindível
para a propositura da ação penal. Se os elementos que venham lastrear a
inicial acusatória forem colhidos de outra forma, não se exige a instauração do
inquérito policial. Tanto é verdade que a denúncia ou a queixa podem ter por
base, como já ressaltado, inquéritos não policiais (em investigações, outras, que
não sejam policiais), dispensando-se a atuação da polícia judiciária. Contudo, se
o inquérito policial for a base para a propositura da ação, este vai acompanhar a
inicial acusatória apresentada (art. 12, CPP).

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2.4 Valor Probatório do Inquérito Policial

Como visto anteriormente, a finalidade do inquérito policial é a colheita de


elementos de informação quanto à autoria e materialidade do delito, no intuito
de auxiliar o titular da ação penal (MP, no caso de ação penal pública; ou
ofendido ou seu representante legal, no caso de ação penal privada). Tendo em
conta que esses elementos de informação não são colhidos sob a égide do
contraditório e da ampla defesa, deduz-se que o inquérito policial tem
VALOR PROBATÓRIO RELATIVO.

Se esses elementos de informação são colhidos na fase investigatória, sem a


necessária participação dialética das partes, ou seja, sem a obrigatória
observância do contraditório e da ampla defesa, questiona-se acerca da
possibilidade de sua utilização para formar a convicção do juiz em sede
processual.

Prevalece o entendimento, assim como preconiza o art. 155 do CPP, de que os


elementos de informação colhidos durante a fase investigatória NÃO podem
ser utilizados exclusivamente como fundamento de uma decisão, haja vista
que estes são colhidos sem a obrigatória observância dos princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

No entanto, tais elementos podem ser usados de maneira subsidiária,


complementando a prova produzida em juízo sob o crivo do contraditório.
Como já se manifestou o Supremo, "os elementos do inquérito podem influir na
formação do livre convencimento do juiz para a decisão da causa quando
complementam outros indícios e provas que passam pelo crivo do contraditório
em juízo" (STF, 2º Turma, RE-AgR 425.734/MG. Em sentido semelhante: STF,
1º Turma, RE 287.6S8/MG; STF, 1º Turma, HC 83.348/SP).

Desse modo, pode-se dizer que, isoladamente considerados, elementos


informativos não são idôneos para fundamentar uma condenação. Todavia, não
devem ser completamente desprezados, podendo se somar à prova produzida em

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juízo e, assim, servir como mais um elemento na formação da convicção do


órgão julgador.

Importante ressaltar, todavia, que o próprio art. 155 do CPP faz ressalvas em
relação às provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, as quais, portanto,
ainda que produzidas durante o inquérito, podem ser utilizadas exclusivamente
para fundamentar uma sentença condenatória.

→ Provas cautelares: São aquelas em que há um risco de desaparecimento do


objeto da prova por decurso do tempo. Se não forem produzidas logo perdem sua
razão de produção, depende de autorização judicial, mas tem seu contraditório
postergado/diferido/retardado- ex: interceptações telefônicas, busca e apreensão.

→ Provas não repetíveis ou irrepitíveis: São aquelas que quando produzidas


não tem como serem produzidas novamente, o exemplo mais citado é o exame de
corpo de delito, não dependem de autorização judicial e seu contraditório
também é diferido.

→ Provas antecipadas: São aquelas em que sua colheita é feita em momento


processual distinto daquele legalmente previsto, por isso a classificação (era uma
prova que deveria ser produzida durante o processo, porém, teve que ser
antecipada, uma vez que correria o risco de não ter como fazê-la, caso houvesse a
demora). Possuem contraditório real (o contraditório também é antecipado para o
momento de realização da prova), exemplo clássico da testemunha que está no
hospital em fase terminal. Depende de autorização judicial.

Provas cautelares,
PODEM, isoladamente, embasar uma
não repetíveis ou
sentença condenatória
antecipadas
Valor Probatório
do IP NÃO podem, isoladamente, embasar uma
sentença condenatória
Elementos de
informação Difere de prova, uma vez que não precisa
observar o contraditório e a ampla defesa
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2.5 Do Procedimento Investigatório (IP) Face aos


Servidores Vinculados aos Órgãos da Segurança da
Pública (art. 144 da CF/88)

A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) incluiu o art. 14-A ao Código de Processo


Penal, com a seguinte redação:

Art. 14-A. Nos casos em que SERVIDORES VINCULADOS ÀS


INSTITUIÇÕES DISPOSTAS NO ART. 144 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL figurarem como INVESTIGADOS em inquéritos policiais,
inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo
objeto for a INVESTIGAÇÃO DE FATOS RELACIONADOS AO USO DA
FORÇA LETAL PRATICADOS NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL, de
forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o
indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado DEVERÁ
SER CITADO DA INSTAURAÇÃO DO PROCEDIMENTO
INVESTIGATÓRIO, podendo constituir defensor no prazo de até 48
(quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de
nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela
investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o
investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do
investigado.
§ 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores

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militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da constituição


federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a
garantia da lei e da ordem.”

O artigo traz muitas especificações que fará com que seja aplicado em
determinados casos. Vamos a elas.

A primeira é que o investigado deve compor o quadro da segurança pública


(art. 144 da CF/88):

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade


de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

O artigo se aplica às investigações não só de inquérito policial, mas também de


inquérito policial militar e qualquer procedimento investigatório extrajudicial.
Tais investigações devem ser sobre o uso da força letal no exercício da
profissão, consumado ou tentado, mesmo os que sejam amparados pelas
excludentes de ilicitude.

Caso todos esses requisitos sejam preenchidos, o investigado terá direito a


constituir um defensor. Na verdade, todos têm direito a constituir um defensor,
independente do crime praticado ou de quem seja e qual a sua profissão. Até
mesmo em procedimentos investigatórios militares e extrajudiciais.

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Os parágrafos trazem a devida citação da abertura da investigação para que o


investigado possa constituir seu defensor no prazo de 48 horas. Caso não o
faça, a instituição a qual estava ou está vinculado, será intimada para que
indique um defensor.

Os servidores vinculados ao exército, marinha e aeronáutica também têm


direito, desde que os fatos estejam relacionados à Missão para garantir a
Lei e a Ordem.

2.6 Prazos para Conclusão do Inquérito Policial

O inquérito policial não pode se estender indefinidamente (é temporário),


dispondo o Código de Processo Penal e a legislação extravagante acerca dos
prazos de sua conclusão.

2.6.1 Regra Geral

Como regra geral, para os crimes da atribuição da polícia civil estadual, o prazo
para a conclusão do inquérito é de 10 dias, estando o indiciado preso, prazo

este improrrogável 1, e de 30 dias, se o agente está solto. Este último prazo


comporta prorrogação, a requerimento do delegado e mediante autorização do
juiz (art. 10, CPP), não especificando a lei qual o tempo de prorrogação nem
quantas vezes poderá ocorrer, o que nos leva a crer que esta pode se dar pela

1
IMPRORROGÁVEL POR ENQUANTO – com o advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime),
foi acrescentado o art. 3-B ao CPP, o qual se encontra no tópico “Juiz das Garantias”, passando a dispor,
dentre as várias competências do “Juiz das Garantias”, a possibilidade de que este possa prorrogar o IP
quando o investigado estiver preso – “Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá,
mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma ÚNICA
VEZ, a duração do INQUÉRITO POR ATÉ 15 (QUINZE) DIAS, após o que, se ainda assim a
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada” – art. 3-B, §2º. TAIS ARTIGOS
ESTÃO SUSPENSOS – no dia 22/01/20 o Ministro Luiz Fux SUSPENDEU a implementação dos
artigos que tratam do “Juiz das Garantias” (e de alguns outros dispositivos da referida Lei) POR PRAZO
INDETERMINADO (A SUSPENSÃO VALERÁ ATÉ QUE O PLENÁRIO DO STF DECIDA SE AS
NOVAS REGRAS ESTÃO DE ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO. AINDA NÃO HÁ DATA
MARCADA PARA ANÁLISE).

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frequência e pelo tempo necessários, desde que haja autorização judicial para
tanto. Não se fez previsão quanto à prévia oitiva do MP para que haja ou não
prorrogação.

2.6.2 Prazos Especiais

A legislação extravagante consagra regras especiais de conclusão do inquérito


policial. As principais regras são:

● Inquéritos a cargo da polícia federal: Se o indiciado estiver preso, o prazo


para conclusão do inquérito é de 15 dias, prorrogável por igual período,
pressupondo autorização judicial (art. 66 da Lei n° 5.010/1966). Estando solto o
indiciado, seguimos a regra geral, ou seja, 30 dias para a conclusão,
prorrogáveis mediante solicitação do delegado e autorização do juiz, cabendo a
este estipular o prazo, haja vista o silêncio da lei sobre o quanto de prorrogação.
Nada impede, a toda evidência, que haja mais de uma prorrogação.

● Crimes contra a economia popular: O §lº do art.10 da Lei n.º 1.521/1951


prevê o prazo de 10 dias para a conclusão do inquérito policial. Todavia, não faz
distinção entre indiciado preso ou solto, logo o prazo é único, NÃO
contemplando prorrogação.

● Lei Antitóxicos (Lei de Drogas): A nova lei de repressão aos entorpecentes,


Lei n.º 11.343/2006, prevê o prazo de 30 dias, duplicáveis, em estando o
indiciado preso, e de 90 dias, também duplicáveis, se solto estiver, por
deliberação judicial, ouvindo-se o Ministério Público, mediante pedido
justificado da autoridade de polícia judiciária (art. 51).

● Inquéritos militares: Caso o indiciado esteja preso, o encerramento do


inquérito policial militar deve ocorrer em 20 dias. Já se solto estiver, o prazo é
de 40 dias, prorrogáveis por mais vinte dias pela autoridade militar superior,
desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja

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necessidade de diligências indispensáveis à elucidação do fato (art. 20, caput, §


1°, CPPM).

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2.6.3 Prazo para Conclusão do Inquérito Policial no Caso de Indiciado


Preso Temporariamente

No que se refere aos prazos aplicados para conclusão do inquérito policial


quando o indiciado estiver preso, estes NÃO serão aplicados quando se tratar
de PRISÃO TEMPORÁRIA, haja vista que, tratando-se de prisão temporária,
o prazo para conclusão do IP será o prazo de duração desta, ou seja, o prazo
para conclusão do IP quando o indiciado estiver preso temporariamente será de:

→ Regra: 05 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e


comprovada necessidade (art. 2º, caput, da Lei 7.960/89);

→ Crimes hediondos ou equiparados: 30 dias, prorrogável por igual


período em caso de extrema e comprovada necessidade (art. 2º, §4º, da Lei
8.072/90).

Cumpre salientar que só caberá prisão temporária quando se tratar dos crimes
previstos no rol do art. 1º da Lei 7.960/89 e/ou quando se tratar de crimes
hediondos ou equiparados.

2.6.4 Contagem dos Prazos

Estado o indiciado solto, o prazo tem como termo inicial a Portaria de


Instauração do IP. Trata-se aqui de prazo processual, ou seja, exclui o dia de
começo e inclui o último dia (art. 798, §1º, do CPP).

Estando o indiciado preso, o prazo terá como termo inicial a data da


efetivação da prisão (data em que se executar a ordem de prisão). Trata-se aqui
de prazo material, ou seja, inclui-se o dia de começo e exclui o último dia (art.
10 do CP).

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Se o prazo do inquérito encerrar-se em dia onde não há expediente forense,


não cabe falar-se em prorrogação para o primeiro dia útil subsequente, assim
como se a prisão em flagrante ocorreu no final de semana, o inquérito terá o seu
início imediatamente, afinal as delegacias de polícia atuam em sistema de
plantão.

2.7 Vícios

Os vícios ocorridos no inquérito policial não atingem a ação penal.

Tem prevalecido tanto nos tribunais como na doutrina que, sendo o inquérito
dispensável, algo que não é essencial ao processo, não tem o condão de, uma
vez viciado, contaminar a ação penal. Em outras palavras, os males ocorridos
no inquérito não têm a força de macular a fase judicial. A irregularidade-
ocorrida durante o inquérito poderá gerar a invalidade ou ineficácia do ato
inquinado, todavia, sem levar à nulidade processual. Ex.: havendo prisão em
flagrante ilegal durante o inquérito, ela deve ser relaxada; todavia, este fato não
leva à nulidade do futuro processo contra o suposto autor do fato. Nesse sentido:
STF- Primeira Turma- HC 111094; STJ- Sexta Turma- HC 216.201.

2.8 Notícia do Crime (Notitia Criminis)

É o conhecimento pela autoridade, espontâneo ou provocado, de um fato


aparentemente criminoso.

A notícia do crime pode ser endereçada a autoridade policial (delegado), ao


membro do Ministério Público ou ao magistrado. Caberá ao delegado, diante do
fato aparentemente típico que lhe é apresentado, iniciar as investigações. O
MP, diante de notícia crime que contenha em si elementos suficientes revelando
a autoria e a materialidade, dispensará a elaboração do inquérito, oferecendo a
denúncia; diante de notícia crime deficiente, poderá requisitar diligências à

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autoridade policial. Já o magistrado, em face da notícia crime que lhe é


apresentada, poderá remetê-la ao MP, para providências cabíveis, ou requisitar
a instauração do inquérito policial.

OBS: como advento do Pacote Anticrime, foi expressamente vedada a


iniciativa do juiz na fase de investigação, conforme preconiza o art. 3-A
do CPP.
Desse modo, podemos concluir que fica vedado ao juiz requisitar a
instauração do IP, com o entendimento de que o supracitado dispositivo
revogou tacitamente parte do art. 5º, II, do CPP, o qual autorizava a
autoridade judiciária de requisitar a instauração do IP.
Ademais, vale ressaltar que alguns doutrinadores já defendiam que o tema
em discussão (do art. 5º, II, do CPP) não foi recepcionado pela CF/88.
Não obstante, vale lembrar que o art. 3-A do CPP, incluído pelo Pacote
Anticrime, está suspenso pelo STF por tempo indeterminado.

Notícia do Crime
Autoridade Policial Inicia as investigações

Oferece a denúncia ou requisita


Membro do MP diligências à autoridade policial

Magistrado Remete ao MP ou requisita a


instauração de IP

2.8.1 Espécies de Notícia Crime

2.8.1.1 Notícia Crime Direta ou Espontânea (Cognição Imediata)

É o conhecimento direto dos fatos pela autoridade policial ou através de


comunicação informal. Ex.: a autoridade tem notícia da infração através de suas
investigações ou pela imprensa.

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2.8.1.2 Notícia Crime Inqualificada ou Delação Apócrifa (a chamada


“denúncia anônima”)

A chamada delação apócrifa ou notitia criminis inqualificada é o que


vulgarmente chamamos de denúncia anônima. Em que pese a Constituição
Federal consagrar a livre manifestação de pensamento, vedando o anonimato
(art. 5º, IV), certo é que a polícia deve acautelar-se diante da notícia anônima, e
proceder às investigações com cuidado redobrado, porém não deixando de atuar.
Nesse sentido é que STF e STJ têm admitido a denúncia anônima apenas quando
precedida de diligências preliminares que atestem a verossimilhança dos fatos
noticiados (STJ- Sexta Turma, HC 237.164; STF- Segunda Turma- HC 105484.

2.8.1.3 Notícia Crime Indireta ou Provocada (Cognição Mediata)

É o conhecimento da infração pela autoridade mediante provocação de terceiros.

2.8.1.3.1 Requisição do juiz ou do Ministério Público

Nos crimes de ação penal pública, o juiz ou o promotor de justiça podem


determinar a instauração do inquérito policial através da requisição. Aqui,
requisição é sinônimo de imposição, devendo a autoridade dar início ao
inquérito policial. Se o procedimento instaurado é visivelmente arbitrário, a
autoridade requisitante deve ser indicada como coatora (juiz ou promotor), o
que vai direcionar a competência para apreciar eventual habeas corpus
trancativo, é dizer, o TJ, se a autoridade é estadual, ou o TRF, se é federal.

É importante ressaltarmos que, apesar da requisição ser sinônimo de ordem,


o delegado não é subordinado hierarquicamente ao MP ou ao Juiz,
entretanto, a requisição é uma ordem lastreada na lei. O art. 13, II, do CPP,
determina que aquele deve cumprir as requisições emanadas pelo juiz ou
pelo membro do MP.

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OBS: como advento do Pacote Anticrime, foi expressamente vedada a iniciativa do


juiz na fase de investigação, conforme preconiza o art. 3-A do CPP.
Desse modo, podemos concluir que fica vedado ao juiz requisitar a instauração do
IP, com o entendimento de que o supracitado dispositivo revogou tacitamente parte do
art. 5º, II, do CPP, o qual autorizava a autoridade judiciária de requisitar a instauração
do IP.
Ademais, vale ressaltar que alguns doutrinadores já defendiam que o tema em discussão
(do art. 5º, II, do CPP) não foi recepcionado pela CF/88.
Não obstante, vale lembrar que o art. 3-A do CPP, incluído pelo Pacote Anticrime,
está suspenso pelo STF por tempo indeterminado.

2.8.1.3.2 Requerimento da Vítima

A vítima da infração ou o seu representante legal noticiam o fato à


autoridade policial através de requerimento, devendo conter a narração dos
fatos e suas circunstâncias; a individualização do suposto autor da infração,
ou seus sinais característicos e razões de convicção de ser o mesmo o sujeito
ativo do delito; a nomeação de testemunhas, com indicação da profissão e
das respectivas residências (art. 5º, § 1°, CPP).

Caso o delegado de polícia indefira o requerimento do ofendido para


instauração do inquérito policial, por entender que não há infração penal a
apurar, poderá haver recurso administrativo ao chefe de polícia (art. 5º,
§2°, CPP).

2.8.1.3.3 Delação

Qualquer do povo, nos crimes de ação penal pública incondicionada, pode,


validamente, noticiar o fato delituoso à autoridade policial, dando ensejo à
instauração do inquérito, através da delação. Esta não tem cabimento nos
crimes de ação privada e pública condicionada, já que nestas hipóteses o
inquérito, para ser iniciado, pressupõe manifestação do legítimo interessado.

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2.8.1.3.4 Representação da Vítima (Delatio Criminis Postulatória)

Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, ou seja,


naqueles em que o legislador, por urna questão de política criminal, conferiu
à vítima o poder de autorizar ou não a persecução criminal, se ela resolve
fazê-lo, noticiando o fato para que o inquérito seja instaurado, estará
representando.

A representação funciona como verdadeira condição de procedibilidade, e


sem ela, o inquérito não poderá ser instaurado. E se for? A vítima poderá
impetrar mandado de segurança para trancá-lo, afinal é latente a violação de
direito líquido e certo do ofendido de não ver iniciada a investigação sem
sua autorização.

2.8.1.3.5 Requisição do Ministro da Justiça

Em alguns crimes, ditos de ação pública condicionada, a persecução


criminal está a depender de autorização do Ministro da Justiça, também
chamada de requisição. O que é sempre conveniente distinguir é que esta
requisição, apresentada pelo Ministro da Justiça, ao contrário da requisição
emanada dos juízes e promotores, NÃO é sinônimo de ordem, e sim uma
mera autorização para o início da persecução criminal em algumas infrações
que a exigem.

2.8.1.4 Notícia Crime Revestida de Forma Coercitiva

É aquela apresentada juntamente com o infrator preso em flagrante. Pode


representar hipótese de notícia crime espontânea, quando quem realiza a prisão
é a própria autoridade policial ou seus agentes, ou provocada, quando quem
realiza a prisão é um particular (art. 301, CPP).

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2.9 Procedimentos do Inquérito Policial

Após estudarmos as regras fundamentais sobre o inquérito policial, podemos ver


os procedimentos adotados na sua confecção. São eles: o início, o
desenvolvimento e o final do inquérito policial.

2.9.1 Início

Após o recebimento da notícia do crime, o delegado dá início ao inquérito


policial através de um documento chamado de PORTARIA. Ela é a peça que
inicia/instaura o inquérito policial e nela deve conter as seguintes
informações:

→ O fato a ser investigado.

→ Envolvidos.

→ Diligências a serem imediatamente realizadas.

→ Determinação do início das investigações.

2.9.2 Desenvolvimento

O IP se desenvolve por meio da realização de diligências que objetivam apurar a


autoria e a materialidade do crime. O art. 6º do CPP traz um rol exemplificativo
de algumas diligências que podem ser adotadas pela polícia judiciária no curso
de um inquérito policial.

Esse rol é exemplificativo, pois o IP é um procedimento discricionário, ou seja,


o delegado tem liberdade para escolher as diligências que achar conveniente
para o sucesso da investigação. Vejamos o que dispõe o art. 6º do CPP.

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Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II – apreender os instrumentos e todos os objetos que tiverem relação com o fato;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que
Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer
juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu
temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
indicado pela pessoa presa.

Reprodução Simulada dos Fatos

Também chamada de reconstituição do crime, é uma diligência prevista no art.


7º do CPP, cobrada em questões de concursos com frequência.

A reprodução simulada dos fatos é a famosa reconstituição do crime; tem a


finalidade de verificar se a infração foi praticada de determinado modo. Nesse
caso, o suspeito não é obrigado a contribuir com a diligência, uma vez que
ninguém é obrigado a produzir provas contra si, porém, estará obrigado a
comparecer.

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Cumpre ressaltar que NÃO será admitida reprodução simulada do fato que
contrarie a moralidade ou a ordem pública. Imagine uma reprodução
simulada do fato que tentasse reproduzir um crime de estupro; não é possível,
pois estaria contrariando a moralidade. Ou imagine uma reconstituição do delito
que tentasse reproduzir um incêndio; também não é possível, porque estaria
contrariando a ordem pública.

2.9.2.1 Indiciamento

É a informação ao suposto autor a respeito do fato objeto das investigações. É a


cientificação ao suspeito de que ele passa a ser o principal foco do inquérito.
Saímos do juízo de possibilidade para o de probabilidade e as investigações são
centradas em pessoa determinada. Logo, só cabe falar em indiciamento se
houver um lastro mínimo de prova vinculando o suspeito à prática delitiva, o
que se faz após análise técnico-jurídica do fato, indicando-se autoria,
materialidade e circunstâncias, como dispõe a Lei no 12.830/2013. Deve a
autoridade policial deixar clara a situação do indivíduo, informando-lhe a
condição de indiciado sempre que existam elementos para tanto. O indiciamento
não pode se consubstanciar em ato de arbítrio. Se feito sem lastro mínimo, é
ilegal, dando ensejo à impetração de habeas corpus para ilidi-lo ou até mesmo
para trancar o inquérito policial iniciado.

O indiciamento é ato privativo do Delegado de Polícia (art. 2º, §6º, da Lei


12.830/13). Ou seja, não pode o magistrado, nem o membro do MP, requisitar
que o Delegado de Polícia faça o indiciamento (nesse sentido: STF- Segunda
Turma- HC 115015).

NÃO é ato discricionário, pois se fundamenta nas provas colhidas durante as


diligências. Se as provas apontam um suspeito, ele DEVE ser indiciado; se não
apontam, o delegado não pode indiciar ninguém.

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2.9.2.1.1 Indiciado Menor

Os indivíduos entre dezoito e vinte e um anos, antes do advento do atual


Código Civil, eram reputados relativamente capazes. Assim, praticando
infração, deveriam ser assistidos, ainda na fase do inquérito, por curador.
Contudo, com o advento do Código Civil de 2002, seu art. só passou a
considerar os maiores de dezoito anos absolutamente capazes, pelo que
parte da doutrina veio a entender que o art. 15 do CPP- que impõe a
nomeação de curador na fase inquisitorial - teria perdido a razão de
existir. Não obstante, o certo é que com a revogação de dispositivo do
Código de Processo Penal que preconizava a necessidade de curador ao
menor de vinte e um anos e maior de dezoito para o ato de interrogatório
perante o juiz, pela Lei no 10.792/2003, uniformizaram-se doutrina e
jurisprudência no sentido de ser desnecessária a nomeação de curador ao
indiciado menor de vinte e um anos, bem como no de que se operou
revogação tácita do mencionado art. 15, do Código.

Subsiste, todavia, a possibilidade de nomeação de curador para o índio não


aculturado (isto é, não, adaptado ao convívio em sociedade), bem como para
a pessoa inimputável (art. 151, CPP).

2.9.2.1.2 Desindiciamento

Nada impede que a autoridade policial, ao entender, no transcurso das


investigações, que a pessoa indiciada não está vinculada ao fato, promova o
desindiciamento, seja na evolução do inquérito, ou no relatório de
encerramento do procedimento. De qualquer sorte, tudo deve ser descrito no
relatório, de forma a permitir a pronta análise pelo titular da ação penal. É
possível também que o desindiciamento ocorra de forma coacta, pela
procedência de habeas corpus impetrado no objetivo de trancar o inquérito
em relação a algum suspeito.

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2.9.2.1.3 Vedação do Indiciamento

Algumas autoridades não podem ser objeto de indiciamento formal por


parte da autoridade policial, segundo disposição legal ou por força de
entendimento jurisprudencial. As respectivas regras destacam que toda vez
que, no curso de investigação preliminar, existir indício de prática de
infração penal por parte de agente com prerrogativa de função, a autoridade
policial, civil ou militar remeterá, imediatamente, sob pena de
responsabilidade, os respectivos autos ao Chefe da respectiva instituição, a
quem competirá tomar as providências previstas para o prosseguimento da
apuração. São elas: (1) magistrados (art. 33, parágrafo único, da Lei
Complementar no 35/1979); e (2) membros do Ministério Público (art. 18,
parágrafo único, da Lei Complementar n° 75/1993; art. 41, parágrafo único,
da Lei n° 8.625/1993).

Desse modo, NÃO podem ser indiciados:

● Magistrados

● Membros do Ministério Público

Quanto às autoridades com foro por prerrogativa de função (“foro


privilegiado”), deve ser observado, quando se tratar de foro no STF, o
mais recente entendimento do Supremo Tribunal Federal, que torna possível
o indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função, desde
que previamente autorizado pelo Ministro Relator (aquele que autorizou
a instauração do IP) do tribunal competente para o julgamento (info 825 do
STF). Aliás, é exigida a autorização do Ministro Relator inclusive para a
abertura de inquérito policial contra autoridades que possuam foro por
prerrogativa de função (STF - Tribunal Pleno - Pet 3825 QO).

● Assim sendo, para que seja instaurado IP contra autoridades com foro por
prerrogativa de função NO STF, bem como para que a autoridade policial (Delegado
de Polícia) possa indiciar essas autoridades, é necessária a autorização do respectivo
tribunal (especificamente do Ministro Relator responsável).

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Todavia, em relação às autoridades com foro por prerrogativa de função nos


demais tribunais, de acordo com o STJ (precipuamente julgados a partir
de 2018), o foro por prerrogativa não incide na etapa investigativa, podendo
o delegado de polícia investigar e indiciar sem intervenção do respectivo
Tribunal. Nesse sentido: STJ, 5º Turma, Recurso Especial 1.563.962/RN;
STJ, 5º Turma, HC 404.228/RJ.

***Até que o STF decida acerca dessa divergência, devem-se levar em


consideração os dois entendimentos!!

Não obstante, cumpre salientar que o STF passou a entender que as normas
da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por
prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente,
aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o
exercício do cargo e em razão dele.

Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser


diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF,
devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de
parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no
mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas,
também não haverá foro privilegiado.
Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-
se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados
às funções desempenhadas.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018.
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de
intimação para apresentação de alegações finais, a competência para
processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente
público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que
seja o motivo.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.

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Tal entendimento tem bastante impacto no que tange a investigação das


autoridades com foro por prerrogativa de função, haja vista que, a partir do
momento que o crime supostamente praticado não foi durante o exercício do
cargo e/ou não tem relação com as funções desempenhadas, a autoridade
supostamente autora do delito passa a não ter o foro especial para
julgamento, fazendo com que a competência para o processamento e o
julgamento seja da 1º instância e, consequentemente, passa a NÃO se exigir
a autorização do tribunal (aquele que teria a competência para julgar em
razão do foro por prerrogativa de função) para a instauração do IP,
tampouco para o indiciamento da autoridade.

Autoridades com Foro por Prerrogativa de Função


Situação Atribuição para Investigar
Se o crime foi praticado antes da Polícia (Civil ou Federal).
diplomação; ou Não há necessidade de autorização
Se o crime foi praticado depois da do Tribunal para a instauração do
diplomação (durante o exercício do IP, tampouco para o indiciamento.
cargo), mas o delito não tem relação Medidas cautelares são deferidas
com as funções desempenhadas. pelo juízo de 1ª instância (ex: quebra
Ex: homicídio culposo no trânsito. de sigilo)
Se o crime foi praticado depois da Polícia Federal, com supervisão
diplomação (durante o exercício do judicial do STF.
cargo) e o delito está relacionado Há necessidade de autorização do
com as funções desempenhadas. Tribunal para instauração do IP,
Ex: corrupção passiva. bem como para o indiciamento.

Esse entendimento que restringe o foro por prerrogativa de função vale para
todas as hipóteses de foro privilegiado? Até o presente momento, NÃO!

Em que pese à tendência de que tal entendimento passe a ser aplicado a


quase todas as autoridades com foro especial por prerrogativa de função, só

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há, até o presente momento, precedentes nesse sentido em relação às


seguintes autoridades:
→ Deputados Federais e Senadores (STF. Plenário. AP 937 QO/RJ);
→ Ministros de Estado (STF, Inq 4703 QO/DF); e
→ Governadores e Conselheiros de Tribunais de Contas dos Estados (STJ. Corte
Especial. APn 857/DF; STJ. Corte Especial. APn 866/DF)

O STJ, inclusive, mitigou o entendimento citado acima para um membro


do poder judiciário (Desembargador, especificamente – O STJ manteve a
sua competência para julgar crime de um Desembargador que não tinha
relação alguma com a função que este desempenha – ou seja, manteve o
foro por prerrogativa de função, mesmo o crime não tendo relação com
a função). O entendimento foi em questão de ordem na ação penal (APn
878) que trata de caso de lesão corporal cometido por desembargador contra
a própria mãe e irmã. O desembargador denunciado integra o mesmo
Tribunal no qual o juiz de 1º instância, se competente, iria julgá-lo. Por isso,
o ministro Benedito Gonçalves votou por manter a prerrogativa por foro do
desembargador na Corte (entendeu que não haveria imparcialidade, uma
vez que o juiz que iria julgá-lo integra o Tribunal no qual ele é
Desembargador).

2.9.3 Final do Inquérito Policial

Após a abertura do IP, realizado por meio da portaria, e seu desenvolvimento,


vermos o seu desfecho.

O inquérito policial é finalizado com a produção de um documento chamado


RELATÓRIO. Nele, o delegado vai relatar as diligências realizadas, dentre
outras. Veja as suas características:

» É uma peça descritiva

» Vai indicar as diligências realizadas no IP

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» Justifica as diligências que não foram realizadas por algum motivo

» O delegado NÃO deve emitir opinião no relatório, ressalva feita à Lei n.º
11.343/2006 (Lei de Drogas), prevendo que, na elaboração do relatório, a
autoridade policial deva justificar as razões que a levaram à classificação do
delito (art. 52).

Após a confecção desse relatório o inquérito policial estará concluído.

2.9.3.1 Destino dos Autos do Inquérito Policial

Os autos do inquérito, integrados com o relatório, serão remetidos ao


JUDICIÁRIO (art. 10, § 1°, CPP), para que sejam acessados pelo titular da
ação penal.

Não obstante, existem algumas legislações estaduais prevendo a tramitação


direta de inquéritos policiais entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público.

Aqui há, até o presente momento, uma divergência entre o STJ e o STF
quanto a esta possibilidade:

STJ: Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na
Res. CJF n. 63/2009, estabelece a tramitação direta de inquérito policial
entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. STJ. 5ª Turma.
RMS 46.165-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/11/2015 (Info
574).

STF: já decidiu que é INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a


tramitação direta do inquérito policial entre a polícia e o Ministério
Público. STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim
Barbosa, julgado em 3/4/2014 (Info 741).

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Não obstante, foi ajuizada uma ADI (ADI nº 4305) impugnando a


constitucionalidade da Resolução nº 063/2009-CJF (que possibilita a tramitação
direta do IP entre a Polícia Judiciária e o MP), Resolução esta utilizada para
fundamentar a decisão do STJ. Até o presente momento não houve o julgamento
da referida ADI (que irá pacificar o tema, ante o efeito vinculante e a eficácia
erga omnes que a referida ação possui), permanecendo a divergência quanto ao
tema entre o STJ e o STF.

Pois bem, chegando ao juízo os autos do inquérito, teremos o seguinte:

2.9.3.1.1 Crimes de Ação Penal Pública

Deve o magistrado abrir vistas do inquérito ao titular da ação penal,


leia-se, o Ministério Público.

Os destinatários do IP, no caso de ação penal pública, são classificados da


seguinte forma:
» Destinatário IMEDIATO ou DIRETO: MP

» Destinatário MEDIATO ou INDIRETO: Juiz

É pertinente reparar na inversão que temos aqui. O delegado encaminha o IP


ao juiz (destinatário mediato) que encaminha ao promotor (destinatário
imediato). Essa classificação não leva em consideração a ordem de
recebimento e sim a finalidade dada por essas autoridades ao inquérito. O
juiz exerce controle, e por isso também é destinatário do IP, mas o IP é
preparado para o titular da ação penal, que é, no caso de ação penal pública,
o MP.

Recebido o IP, o MP então deverá proceder da seguinte forma:

(1) Se o inquérito foi exitoso, e apurou a contento a autoria e a


materialidade delitiva, deverá o membro do Parquet exercer a ação

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penal, oferecendo denúncia no intuito de que o processo criminal se


inicie. Sobre essa etapa, trataremos no próximo capítulo, quando do
estudo da ação penal.

(2) Caso o inquérito não tenha apurado os elementos que o MP repute


imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, abre-se a oportunidade da
requisição de novas diligências, que terão por finalidade complementar
o material que já foi colhido (art. 16, CPP). Esta requisição passa pelo
juiz, já que seguimos o sistema presidencialista, e deve ser remetida à
autoridade policial com prazo para cumprimento. Realizadas as
diligências, retornam ao magistrado que deverá abrir vistas ao promotor.
Satisfeito com o material angariado, abre-se então ao Ministério Público
a oferta da denúncia. Caso contrário, em não sendo o material
complementar elucidador, restaria a promoção do arquivamento.
Vale destacar que as diligências complementares só poderão ser requisitadas se o
suspeito estiver solto. Caso esteja preso, a sua colocação em liberdade é de rigor,
afinal, se ainda não existem elementos para a propositura da denúncia, com muita
razão não há lastro para a manutenção da prisão.

(3) Já se entender que não é caso de oferecer a denúncia, pela absoluta


ausência de elementos mínimos a indicar a autoria ou a materialidade
delitiva, ou até mesmo a existência de alguma infração, deve promover
o arquivamento, aguardando então o surgimento de novos elementos a
justificar a propositura da inicial acusatória (OBS: abordaremos o
arquivamento mais adiante).
MP oferece
denúncia

Remete os autos do Sendo ação penal MP requisita


Conclusão do
IP, integrados com pública, o juiz novas
inquérito policial
o relatório, ao juiz abre vistas ao MP diligências

MP promove
arquivamento

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Importante ressaltar que, caso o MP se mantenha inerte (não ofereça


denúncia, não requisite novas diligências e não promova o arquivamento)
dentro do prazo 5 dias, estando o investigado (ou indiciado) preso
(lembrando que nessa hipótese o MP não poderá requisitar novas
diligências, haja vista que tal requisição acarretaria a liberdade do
investigado ou indiciado), e de 15 dias, se este estiver solto, caberá ação
penal privada subsidiária da pública, a qual poderá ser intentada pelo
ofendido (ou seu representante legal) ou, no caso de morte ou quando
declarado ausente por decisão judicial, pelo cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão deste (arts. 29, 30, 31 e 46, todos do CPP).

→ Os referidos prazos para o MP são contados a partir da data que este receber o IP, e
no caso de devolução do IP para novas diligências, a partir da data que este receber
novamente os autos (art. 46, CPP).

→ A ação penal privada subsidiária da pública poderá ser intentada dentro do prazo
decadencial de 6 meses, contados do dia em que se esgotar o prazo do MP (art. 38,
CPP).

2.9.3.1.2 Crimes de Ação Penal Privada

Em se tratando de crime de ação penal de iniciativa privada, deve o juiz,


após o recebimento dos autos do inquérito policial, determinar a
permanência dos autos em cartório, aguardando-se a iniciativa do
ofendido ou de seu representante legal. Sobre o assunto, dispõe o art. 19
do CPP que, nos crimes em que não couber ação pública, os autos do
inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa
do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao
requerente, se o pedir, mediante traslado.

Os destinatários do IP, no caso de ação penal privada, são classificados da


seguinte forma:

» Destinatário IMEDIATO ou DIRETO: Ofendido (e, eventualmente,

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os sucessores processuais deste - representante legal ou, no caso de


morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial,
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão – art. 24, caput e §1º, e art.
31, ambos do CPP)
» Destinatário MEDIATO ou INDIRETO: Juiz

Como já expliquei no tópico anterior, essa classificação não leva em


consideração a ordem de recebimento e sim a finalidade dada por essas
autoridades ao inquérito. O juiz exerce controle, e por isso também é
destinatário do IP, mas o IP é preparado para o titular da ação penal, que é,
no caso de ação penal privada, o ofendido (e, eventualmente, os sucessores
processuais deste – representante legal ou, no caso de morte do ofendido ou
quando declarado ausente por decisão judicial, cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão – art. 24, caput e §1º, e art. 31, ambos do CPP).

2.10 Arquivamento do Inquérito Policial

2.10.1 Do Procedimento – ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime)

No caso de ação penal pública, quando o MP entender que o inquérito não


obteve êxito algum, não havendo lastro probatório mínimo de materialidade e
autoria que consubstancie justa causa para o oferecimento da denúncia, bem
como nem existe, no momento, expectativa de que novas diligências vão mudar
esse cenário, o membro do MP irá requerer ao juiz o arquivamento do
inquérito policial e, caso este concorde com o pedido, ele irá homologá-lo,
arquivando o IP. Todavia, caso o juiz discorde do pedido formulado pelo
membro do MP, ele deverá encaminhar ao Procurador-Geral para que este
decida sobre o arquivamento (art. 28, CPP).

O Procurado-Geral, nesse último caso, poderá adotar as seguintes medidas:

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Caso concorde com o juiz e discorde do membro do MP:


» Oferece a denúncia
» Designa outro membro do MP para oferecer a denúncia (não poderá enviar para
aquele que requereu o arquivamento, em virtude da independência funcional).

Caso discorde do juiz e concorde com o membro do MP:


» Determina o arquivamento do IP e, nesse caso, o juiz estará obrigado a arquivar.

Como se pode observar, quem arquiva o IP é o juiz, mas desde que


provocado pelo MP, ou seja, o juiz não pode arquivar o IP de ofício – o ato de
arquivamento do IP é considerado um ato complexo, pois depende da
manifestação de vontade de dois órgãos / a soma de vontade de dois agentes
públicos de órgãos independentes com, em tese, a mesma força.

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Importante ressaltar, todavia, que o STF pode, de ofício, arquivar inquérito


quando verificar que, mesmo após terem sido feitas diligências de investigação
e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito, não foram
reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (STF. 2ª Turma. Inq
4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 - Info 912).

» No âmbito da justiça federal de primeira instância, essa função do


Procurador-Geral será exercida pela Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público Federal.

» No âmbito da justiça comum do DF de primeira instância, essa função do


Procurador-Geral será exercida pela Câmaras de Coordenação e Revisão do
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

» No âmbito dos Tribunais de Justiça e do STF, quando se tratar de


competência originária destes, NÃO há a aplicação de tal regra, haja vista que
a denúncia já é exercida pelos Procuradores-Gerais respectivos (PGJ no âmbito
dos TJs e PGR no âmbito do STF – eles são titulares da ação penal), de modo
que não caberá controle jurisdicional sobre o pedido de arquivamento do IP
formulado por eles, devendo ser prontamente atendido.
A Suprema Corte reiteradamente tem se manifestado a propósito, destacando que só há
necessidade de decisão jurisdicional, quando o fundamento seja meritório, notadamente
"extinção de punibilidade" ou "atipicidade". Nesse sentido: STF – Inq. 2341 QO, Tribunal
Pleno.

» No âmbito do STJ (competência originária deste), assim como no âmbito dos


TJs e do STF, NÃO há a aplicação de tal regra – Não existe esta possibilidade de
remessa para o PGR. Não se aplica o art 28 do CPP neste caso. Isso porque os membros do MPF
que funcionam no STJ atuam por delegação do Procurador-Geral da República. Assim, em
decorrência do sistema acusatório, nos casos em que o titular da ação penal se manifesta pelo
arquivamento de inquérito policial ou de peças de informação, não há alternativa, senão acolher
o pedido e determinar o arquivamento. Em suma, não há que se falar em aplicação do art 28 do
CPP nos procedimentos de competência originária do STJ. O MPF pediu o arquivamento, este
terá que ser homologado pela Corte. STJ. Corte Especial. Inq 967-DF (Info 558).

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2.10.2 Do Procedimento – Com o Advento da Lei 13.964/19 (Pacote


Anticrime)

A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) alterou o art. 28 do CPP, trazendo a


seguinte redação:

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer


elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e
encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de
homologação, na forma da lei.

§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o


arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei
orgânica.

§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da


União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua
representação judicial.

Desse modo, o procedimento para o arquivamento do IP passa a ser da seguinte


forma: o representante do Ministério Público emite manifestação pelo
arquivamento, comunica formalmente vítima e investigados, quando
existentes, advertindo expressamente da possibilidade recursal em 30 dias.

Efetivadas as comunicações formais, ausente pedido voluntário de revisão da


vítima (ou seu representante), investigado ou autoridade investigadora,
devidamente certificado o prazo, sobem os autos para homologação do

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arquivamento pelo órgão competente da Instituição do Ministério Público


que pode confirmar ou divergir, total ou parcialmente, caso em que será
designado novo membro do Ministério Público para o exercício da ação penal.

Em caso de manutenção do arquivamento os autos SERÃO ARQUIVADOS


NA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO PRÓPRIO MINISTÉRIO
PÚBLICO, com comunicação ao Juiz das Garantias (CPP, artigo 3º-B, IV) para
respectiva baixa do controle. 2

Em suma, o arquivamento do IP, com a nova redação dada pela Lei 13.964/19
(Pacote Anticrime), passa a ser EXCLUSIVAMENTE no âmbito do
MINISTÉRIO PÚBLICO, SEM intervenção do JUIZ (NÃO há mais
HOMOLOGAÇÃO JUDICAL do arquivamento do IP – a revisão e
homologação passam a ser competência do órgão de revisão dentro do próprio
MP).

2
Alexandre Morais da Rosa; Aury Lopes Jr. Artigo Conjur: "Como se procede o arquivamento no novo
modelo do CPP" < https://www.conjur.com.br/2020-jan-10/limite-penal-procede-arquivamento-modelo>.

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Importante ressaltar que a eficácia do artigo 28, caput, do Código de Processo


Penal, na redação dada pela Lei n. 13.964/19 (Alteração do procedimento de

arquivamento do inquérito policial) ESTÁ SUSPENSA POR


TEMPO INDETERMINADO PELO STF (Medida

Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.299/DF). Nos termos do artigo


11, §2º, da Lei n. 9868/99, a redação revogada do artigo 28 do Código de
Processo Penal permanece em vigor enquanto perdurar esta suspensão. Ou seja,
continua válido o procedimento previsto no art. 28, caput, do CPP, com a
redação anterior ao advento do Pacote Anticrime (tópico 2.10.1), enquanto
perdurar a suspensão (A SUSPENSÃO VALERÁ ATÉ QUE O PLENÁRIO
DO STF DECIDA SE AS NOVAS REGRAS ESTÃO DE ACORDO COM A
CONSTITUIÇÃO. AINDA NÃO HÁ DATA MARCADA PARA ANÁLISE),
devendo ser observados somente os §§ 1º e 2º da nova redação.

2.10.3Efeitos do Arquivamento do IP

Arquivado o inquérito policial, não pode a ação penal ser iniciada sem novas
provas (súmula 524 do STF). Assim sendo, o arquivamento do IP veda o
oferecimento de denúncia para promoção da ação penal, mas tal vedação
não é absoluta, pois, se surgirem novas provas, a acusação poderá ser oferecida
e ser iniciada a ação penal.

CPP, art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela


autoridade judiciária (OBS: com o advento do Pacote Anticrime, o procedimento para o
arquivamento passaria a ser aquele previsto no tópico 2.10.2, não sendo mais a autoridade
judiciária que arquivaria o IP – essa parte com risco seria tacitamente revogada. Como o caput
do art. 28 com a redação dada pelo Pacote Anticrime está suspenso por tempo indeterminado,

essa parte da redação continua válida, enquanto durar a suspensão ), por falta de base
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas,
se de outras provas tiver notícia.

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Essa regra também é importante, pois encontramos, com frequência, questões de


concurso afirmando que, se surgirem novas provas, a autoridade policial poderá
proceder novas pesquisas, desde que autorizado pelo poder judiciário. Tal
questão está errada, uma vez que não é necessário autorização alguma para que a
autoridade policial proceda novas pesquisas, bastando o surgimento de novas
provas. Ou seja, o simples surgimento de novas provas autoriza a
autoridade policial a reiniciar as investigações, independente de autorização
judicial.

Conjugando a súmula 524 do STF com o art. 18 do CPP, concluímos que o


arquivamento do IP NÃO tem, em regra, caráter definitivo (só faz coisa
julgada FORMAL), porque, quando surgirem novos indícios, a investigação
poderá ser reiniciada pela polícia judiciária independentemente de autorização
judicial.

Todavia, existem situações em que a doutrina e/ou a jurisprudência entende que


o arquivamento do IP TERÁ caráter DEFINITIVO (fará coisa julgada
FORMAL e MATERIAL), ou seja, mesmo que haja novas provas, as
investigações NÃO poderão ser retomadas.

● Arquivamento do IP por atipicidade (fato narrado não é crime): O


entendimento é uníssono no sentido de que o arquivamento, nesse caso,
SERÁ DEFINITIVO (faz coisa julgada formal e material), NÃO podendo
haver a retomada das investigações, mesmo que existam novas provas.
Nesse sentido: STF- Primeira Turma - HC 83346 - DJ 19/08/2005; STJ-
Sexta Turma- HC 173.397/RS - DJe 11/04/2011.

● Arquivamento pela existência de causa excludente de ilicitude:

STJ – possui precedente no sentido de que o arquivamento, por essa


razão, será DEFINITIVO, ou seja, fará coisa julgada formal e material,
não podendo haver a retomada das investigações, mesmo que existam
novas provas (STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ - Info 554).

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STF – diverge de tal posicionamento, entendendo que o arquivamento,


por essa razão, NÃO é definitivo, ou seja, só faz coisa julgada formal,
podendo haver a retomada das investigações em caso de novas provas
(STF. 2ª Turma. HC 125101/SP - Info 796; STF. Plenário. HC 87395/PR
- Info 858).

● Arquivamento pela existência de causa excludente de culpabilidade,


SALVO a inimputabilidade: doutrina entende que o arquivamento, nessa
hipótese, é DEFINITIVO, ou seja, faz coisa julgada formal e material, não
podendo haver a retomada das investigações, mesmo que existam novas
provas. OBS: como a inimputabilidade não é hipótese de rejeição de inicial,
mas de absolvição imprópria, que impõe medida de segurança, o
arquivamento do inquérito só pode acontecer quando feito com esteio em
outras excludentes de culpabilidade, tal como a coação irresistível.

● Reconhecimento de causa extintiva de punibilidade: as causas


extintivas de punibilidades, elencadas no art.107, do CP (prescrição, por
exemplo), podem ser invocadas na promoção de arquivamento do inquérito
policial. A decisão homologatória exarada nesses termos, também produz
coisa julgada formal e material, ou seja, o arquivamento, nesse caso é
DEFINITIVO, no podendo haver a retomada das investigações, mesmo que
existam novas provas. Note-se que se o motivo foi o óbito, o entendimento
dos tribunais é no sentido que se a decisão se basear em certidão de óbito
falsa ela será qualificada como inexistente, não havendo que se falar em
coisa julgada na hipótese.

Nas demais razões utilizadas para promover o arquivamento do IP, este não será
definitivo, fazendo somente coisa julgada formal, e podendo haver o a retomada
das investigações quando existirem novas provas.

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2.10.4Arquivamento Implícito

Entende-se por arquivamento implícito o fenômeno de ordem processual


decorrente de o titular da ação penal deixar de incluir na denúncia algum
fato investigado (arquivamento implícito objetivo) ou algum dos indiciados
(arquivamento implícito subjetivo), sem expressa manifestação ou justificação
deste procedimento.

Apesar da construção doutrinária, é bom destacar que a MAIORIA DA


DOUTRINA E DA JURISPRUDÊNCIA NÃO ADMITEM ESSA
MODALIDADE DE ARQUIVAMENTO, diante da indisponibilidade da ação
penal pública. Logo, mesmo que o órgão do Ministério Publico não tenha se
manifestado expressamente em relação a determinado fato delituoso e/ou
coautor ou partícipe, não haverá o arquivamento implícito. Nesse sentido: STF,
104.356.

No novo procedimento para o arquivamento do IP previsto no Pacote


Anticrime, o qual se encontra suspenso pelo STF por tempo indeterminado
(tópico 2.10.2), não acredito que o posicionamento acima irá mudar (mesmo no
novo procedimento, o arquivamento implícito continuará inadmissível, a
meu ver).

2.10.5Arquivamento Indireto

Ocorre quando o Ministério Público antes de oferecer a denúncia, verifica que


aquele juízo é incompetente, e requer que os autos sejam remetidos ao juízo
competente para regular prosseguimento do feito.

A doutrina entende que, não concordando o juiz com o pedido de declinação de


competência formulado pelo Ministério Público, ele pode receber a manifestação
do parquet como um pedido de arquivamento e aplicar, por analogia, o art. 28 do
CPP.

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No novo procedimento para o arquivamento do IP previsto no Pacote


Anticrime, o qual se encontra suspenso pelo STF por tempo indeterminado
(tópico 2.10.2), o arquivamento indireto seria inadmissível, uma vez que a
nova redação do caput do art. 28 passaria a não mais dispor a possibilidade de o
juiz se manifestar a respeito do arquivamento do IP.

2.11 Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) – art.


28-A do CPP, inserido pela Lei 13.964/19 (Pacote
Anticrime)

O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) já havia sido criado através da


resolução 181/2017 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Havia discussão sobre a sua constitucionalidade exatamente pela forma com que
foi criada, pois deveria ter sido por lei. A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime)
resolve essa questão ao trazer essa possibilidade no novel artigo 28-A do CPP.
Vejamos:

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e TENDO O INVESTIGADO


CONFESSADO FORMAL E CIRCUNSTANCIALMENTE A PRÁTICA DE
INFRAÇÃO PENAL SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA E COM PENA
MÍNIMA INFERIOR A 4 (QUATRO) ANOS, o Ministério Público poderá propor acordo
de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à
pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado
pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social,
a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger

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bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou


V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo,
serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O DISPOSTO NO CAPUT DESTE ARTIGO NÃO SE APLICA NAS SEGUINTES
HIPÓTESES:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional
do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo
membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na
qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na
presença do seu defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no
acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja
reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os
autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução
penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais
ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a
análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da
denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu
descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução
penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e
posterior oferecimento de denúncia.

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§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também


poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não
oferecimento de suspensão condicional do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de
certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste
artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente
decretará a extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não
persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na
forma do art. 28 deste Código.

O ANPP pode ser conceituado como um mecanismo consensual no qual o


imputado aceita (no caso do ANPP confessando formal e circunstancialmente a
prática de uma infração penal – art. 28-A, caput, do CPP) a imposição de uma
sanção não privativa de liberdade em troca de eventuais benefícios (sanções
mais brandas, não configuração de maus antecedentes, etc).

Em razão de o artigo ser extenso e de algumas modificações serem de fácil


entendimento com uma simples leitura, tratarei dos pontos mais importantes e
nebulosos do artigo.

O caput do art. 28-A, bem como o seu §2º, trazem os seguintes REQUISITOS
para que se possa celebrar o ANPP:

1- CONFESSADO formal e circunstancialmente a prática de infração


penal;
2- Ser uma infração penal SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA;
3- Ser uma infração penal com PENA MÍNIMA INFERIOR A 4
(QUATRO) ANOS;
4- NÃO ser cabível TRANSAÇÃO PENAL;
5- NÃO ser o investigado REINCIDENTE e não ter elementos

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probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou


profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;

6- O investigado NÃO ter sido beneficiado NOS ÚLTIMOS 5 ANOS


em transação penal, suspensão condicional do processo ou

ANPP; E
7- NÃO se tratar de crime no âmbito de VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
OU FAMILIAR, ou praticado CONTRA A MULHER POR
RAZÕES DA CONDIÇÃO DE SEXO FEMININO.

As condições trazidas pela lei podem ser cumulativas ou alternativas, o que


facilita muito na hora de ajustar o acordo. Costumam ser cumulativas, sem abrir
margem, mas neste caso o legislador optou por possibilitar que sejam
alternativas.

Na verdade, as condições configuram antecipação de penas restritivas de direito,


evitando tão somente um processo penal, indo direto para a sanção penal. Mas
em razão da confissão, pode ser a saída para desafogar os processos e tornar o
judiciário mais célere.

AS CONDIÇÕES SÃO:

1 - Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na


impossibilidade de fazê-lo;
2 - Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do
crime;
3 - Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a
dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do
art. 46 do Código Penal;

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4 - Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45


do Código Penal, a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função
proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados

pelo delito; E/OU

5 - Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo


Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração
penal imputada.

O parágrafo primeiro do art. 28-A nos diz que, para aferição da pena mínima de
quatro anos, deverão ser consideradas as causas de aumento e diminuição.
Lembrando que para as causas de aumento, considera-se o grau mínimo3 e para
as causas de diminuição o grau máximo4.

O acordo deverá ser escrito, com a participação de todos os atores (MP,


investigado e seu defensor) e haverá uma audiência para homologação, a fim de
constatar a voluntariedade por parte do investigado e a legalidade do acordo. A
presença do seu defensor é obrigatória.

Ao homologar o ANPP, o juiz poderá verificar se as condições são inadequadas,


insuficientes ou abusivas e devolverá os autos ao Ministério público para
reformular a proposta.

Caberá ao Ministério Público a remessa do ANPP ao juízo da execução


penal para início do cumprimento, após a devida homologação. A homologação
somente poderá ocorrer quando preenchidos os requisitos, com as considerações

3
Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
4
[...] Entretanto, em se tratando de crime tentado, deve ser considerada a menor pena cominada em
abstrato para o delito, reduzida pela fração máxima prevista no art. 14, II, do Código Penal, isto é, de
2/3, o que possibilita a suspensão condicional do processo, na medida em que a pena mínima em
abstrato, com a redução pela tentativa, é inferior a 1 ano. (STJ; HC 505.156; Proc. 2019/0111147-1; SP;
Rel. Min. Rogério Schietti Cruz; DJE 21/10/2019).

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trazidas no §5º.

Em razão da voluntariedade, o investigado poderá recusar o ANPP, caso não


esteja de acordo com as condições. Deve ficar atento que se trata de acordo,
podendo ser negociadas as condições e o Ministério Público aberto à
negociação. Caso contrário, não há sentido no ANPP.

Caso seja recusado, o Ministério público seguirá com as investigações ou,


caso esteja satisfeito com as provas até então colhidas, oferecerá denúncia.
Sempre a vítima será intimada caso o acordo seja realizado ou até mesmo
descumprido, para que fique ciente da atuação estatal no caso.

Durante a execução, caso haja descumprimento das condições, o Ministério


Público comunicará ao juízo e oferecerá denúncia, caso não haja mais
diligências a serem realizadas e se for o caso de oferecimento.

O descumprimento poderá fazer com que o Ministério público não ofereça a


suspensão condicional do processo, caso seja possível, visto a prova de que o
investigado não tem dado a devida importância aos cumprimentos de condições
para não ser processado.

NÃO poderá constar em certidões de maus antecedentes o ANPP realizado,


somente deverá ter registro para fins de impedir novo ANPP.

Cumprido o ANPP, a PUNIBILIDADE SERÁ EXTINTA. E caso o


Ministério Público não ofereça o acordo, deverá o juiz das garantias encaminhar
a instância de revisão do Ministério Público, conforme preceitua o artigo 28,
modificado pela lei anticrime. Isso se dá, visto que o ANPP se torna um direito
subjetivo do investigado. Caso preencha os requisitos, o ANPP tem que ser
oferecido, assim como ocorre com a transação penal e com a suspensão
condicional do processo.

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2.12 Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO)

No âmbito do Juizado Especial Criminal, o qual trata das infrações penais de


menor potencial ofensivo (crimes com pena máxima não superior a dois anos e
todas as contravenções penais comuns), NÃO há necessidade de instauração de
inquéritos policiais. Prevê o art. 69, da Lei no 9.099/95, que a autoridade policial
que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando as requisições dos exames periciais necessários.

A legitimidade para presidência do TCO é da autoridade policial, afinal, é


ferramenta de investigação preliminar, estando circunscrita a margem de
atribuição da polícia judiciária.

2.13 Controle Externo da Atividade Policial

Dispõe o inciso VII, do art. l29, da CF/1988, que caberá ao Ministério Público
exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar, de iniciativa dos respectivos Procuradores-Gerais da União e dos
Estados. Este controle nada tem a ver com subordinação hierárquica, e sim como
forma de fiscalização externa salutar ao desempenho da atividade da polícia
judiciária.

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2.14 Questões

1) (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018
- Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal)
Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma
assertiva a ser julgada com relação à competência para requerer o arquivamento
de autos de IP e às consequências da promoção desse tipo de arquivamento.

Requerido pelo procurador-geral da República o arquivamento de IP, os autos


foram encaminhados ao STF, órgão com competência originária para o
processamento e o julgamento da matéria sob investigação, para as providências
cabíveis. Nessa situação, o pedido do procurador-geral da República não estará
sujeito a controle jurisdicional, devendo ser atendido.
Certo ( )
Errado ( )

Comentários: Quando o pedido de arquivamento de IP partir do próprio PGR, não caberá


controle jurisdicional sobre esse ato, devendo ser prontamente atendido.
No âmbito dos Tribunais de Justiça e do STF, quando tratar-se de ações de competência
originária destes, o titular da ação é próprio Procurador-Geral da respectiva esfera (Procurador-
Geral de Justiça no âmbito dos TJs e Procurador-Geral da República no âmbito do STF), de
modo que não há aplicação do art. 28 do CPP quando se trata do pedido de arquivamento
promovido por estes, uma vez que, em caso de discordância do judiciário, não teria a quem
enviar o pedido (lembrando que não há subordinação hierárquica do PGJ ao PGR), não podendo
o judiciário exercer esse controle, haja vista que a titularidade da ação penal pública pertence ao
Ministério Público.
Tal entendimento serve também No âmbito do STJ (competência originária deste) – Não existe
esta possibilidade de remessa para o PGR. Não se aplica o art 28 do CPP neste caso. Isso porque
os membros do MPF que funcionam no STJ atuam por delegação do Procurador-Geral da
República. Assim, em decorrência do sistema acusatório, nos casos em que o titular da ação
penal se manifesta pelo arquivamento de inquérito policial ou de peças de informação, não há
alternativa, senão acolher o pedido e determinar o arquivamento. Em suma, não há que se falar
em aplicação do art 28 do CPP nos procedimentos de competência originária do STJ. O MPF
pediu o arquivamento, este terá que ser homologado pela Corte. STJ. Corte Especial. Inq 967-DF
(Info 558).
Gabarito C
Importante ressaltar que a questão se baseia no procedimento para o arquivamento do IP adotado

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antes do advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), que é o procedimento atual, uma vez
que o caput do art. 28 do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei n. 13.964/19
(Alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial) ESTÁ SUSPENSA POR
TEMPO INDETERMINADO PELO STF (Medida Cautelar na Ação Direta de
Inconstitucionalidade 6.299/DF).
No procedimento dado pelo Pacote Anticrime o arquivamento do IP passa a ser
EXCLUSIVAMENTE no âmbito do MINISTÉRIO PÚBLICO, SEM intervenção do JUIZ
(NÃO há mais HOMOLOGAÇÃO JUDICAL do arquivamento do IP – a revisão e homologação
passam a ser competência do órgão de revisão dentro do próprio MP).

2) (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE – 2018
- Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal)
Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma
assertiva a ser julgada com relação à competência para requerer o arquivamento
de autos de IP e às consequências da promoção desse tipo de arquivamento.
Relatado o IP, sob a tese de atipicidade penal do fato, o MP requereu o
arquivamento dos autos, o que foi determinado pelo competente juízo, em
acolhimento à tese do MP. Nessa situação, o arquivamento dos autos nos termos
do requerimento do MP impede a reabertura das investigações pela autoridade
policial.
Certo ( )
Errado ( )

Comentários: Quando se tratar de arquivamento do IP por atipicidade (fato narrado não é


crime), o entendimento é uníssono no sentido de que o arquivamento, nesse caso, SERÁ
DEFINITIVO (faz coisa julgada formal e material), NÃO podendo haver o desarquivamento do
IP. Nesse sentido: STF- Primeira Turma - HC 83346 - DJ 19/08/2005; STJ- Sexta Turma- HC
173.397/RS - DJe 11/04/2011.
Gabarito C
Em que pese o argumento da questão não sofrer alteração, é importante ressaltar que esta se
baseia no procedimento para o arquivamento do IP adotado antes do advento da Lei 13.964/19
(Pacote Anticrime), que é o procedimento atual, uma vez que o caput do art. 28 do Código de
Processo Penal, na redação dada pela Lei n. 13.964/19 (Alteração do procedimento de

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arquivamento do inquérito policial) ESTÁ SUSPENSA POR TEMPO INDETERMINADO


PELO STF (Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.299/DF).
No procedimento dado pelo Pacote Anticrime o arquivamento do IP passa a ser
EXCLUSIVAMENTE no âmbito do MINISTÉRIO PÚBLICO, SEM intervenção do JUIZ
(NÃO há mais HOMOLOGAÇÃO JUDICAL do arquivamento do IP – a revisão e homologação
passam a ser competência do órgão de revisão dentro do próprio MP).

3) (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 -


PC-PI - Agente de Polícia Civil)
Quanto ao Inquérito policial e notitia criminis, marque a alternativa CORRETA.
A) A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato
ou exigido pelo interesse da sociedade. E nos atestados de antecedentes que lhe
forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer
anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes.
B) Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária,
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial não poderá proceder a
novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
C) Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, em qualquer hipótese, a autoridade policial deverá proceder
à reprodução simulada dos fatos.
D) É possível o indiciado ficar incomunicável, no entanto, sua
incomunicabilidade, que não excederá a seis dias, dependerá de despacho do
delegado nos autos do inquérito, comunicando, imediatamente, ao juiz.
E) O inquérito deverá terminar no prazo de 15 dias, se o indiciado tiver sido
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, ou no prazo de 10 dias,
quando estiver solto, mediante fiança.

Comentários: A – Correta. CPP, art.20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo


necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial
não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os
requerentes.

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B – Incorreta. CPP, art.18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária (OBS: com o advento do Pacote Anticrime, o procedimento para o arquivamento passaria
a ser aquele previsto no tópico 2.10.2, não sendo mais a autoridade judiciária que arquivaria o IP –
essa parte com risco seria tacitamente revogada. Como o caput do art. 28 com a redação dada pelo
Pacote Anticrime está suspenso por tempo indeterminado, essa parte da redação continua válida,
enquanto durar a suspensão), por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
C – Incorreta. CPP, art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à REPRODUÇÃO SIMULADA DOS
FATOS, desde que esta NÃO contrarie a moralidade ou a ordem pública.
D – Incorreta. CPP, art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho
nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da
investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 DIAS, será decretada por
despacho fundamentado do JUIZ, a requerimento da AUTORIDADE POLICIAL, ou do
ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo
89, inciso III, do Estatuto da OAB.
Cumpre ressaltar, todavia, que a CF/88 VEDA A INCOMUNICABILIDADE do preso (CF/88,
art. 136, §3º, IV), razão entende-se que o art. 21 do CPP NÃO foi recepcionado pela
Constituição Federal.
E – Incorreta. CPP, art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 DIAS
IMPRORROGÁVEL POR ENQUANTO – com o advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime),
foi acrescentado o art. 3-B ao CPP, o qual se encontra no tópico “Juiz das Garantias”, passando a
dispor, dentre as várias competências do “Juiz das Garantias”, a possibilidade de que este possa
prorrogar o IP quando o investigado estiver preso – “Se o investigado estiver preso, o juiz das
garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público,
prorrogar, uma ÚNICA VEZ, a duração do INQUÉRITO POR ATÉ 15 (QUINZE) DIAS, após o
que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada” –
art. 3-B, §2º. TAIS ARTIGOS ESTÃO SUSPENSOS – no dia 22/01/20 o Ministro Luiz Fux
SUSPENDEU a implementação dos artigos que tratam do “Juiz das Garantias” (e de alguns
outros dispositivos da referida Lei) POR PRAZO INDETERMINADO (A SUSPENSÃO
VALERÁ ATÉ QUE O PLENÁRIO DO STF DECIDA SE AS NOVAS REGRAS ESTÃO DE
ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO. AINDA NÃO HÁ DATA MARCADA PARA
ANÁLISE), se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente,
contado o prazo, nesta hipótese, A PARTIR DO DIA EM QUE SE EXECUTAR A ORDEM
DE PRISÃO, ou no prazo de 30 DIAS, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
Gabarito A

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4) (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE –


2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil)
O inquérito policial tem por finalidade identificar a autoria e a materialidade do
crime. É CORRETO afirmar que:
A) Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova,
devem ser encaminhados ao poder judiciário e acompanharão os autos do
inquérito remetidos ao Ministério Público.
B) O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à
autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao
oferecimento da denúncia.
C) O inquérito policial sendo dispensável não acompanhará a denúncia, mesmo
que sirva de base à denúncia, sendo, neste caso, não encaminhado com a
denúncia.
D) O delegado de polícia deve fornecer às autoridades judiciárias as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as
diligências requisitadas apenas pelo juiz, representar acerca da prisão preventiva.
E) A vítima, ou seu representante legal, e o réu poderão requerer qualquer
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. O delegado deve
cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias sempre
acompanhados do oficial de justiça.

Comentários: A – Incorreta. CPP, art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos
que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito (O qual é remetido ao PODER
JUDICIÁRIO, e não ao MP – art. 10, §1º, do CPP).
B – Correta. CPP, art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à
autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
C – Incorreta. CPP, art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre
que servir de base a uma ou outra.
D – Incorreta. CPP, art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: I - fornecer às autoridades
judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as
diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; IV - representar acerca da prisão
preventiva.
E – Incorreta. CPP, art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Art. 13.
Incumbirá ainda à autoridade policial: III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
autoridades judiciárias (não é necessário o acompanhamento do oficial de justiça). (Gabarito B)

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5) (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 -


PC-PI - Delegado de Polícia Civil)
Em relação aos procedimentos do inquérito policial, é CORRETO afirmar que:
A) A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os
autos ao juiz competente.
B) Em qualquer situação e em qualquer crime e para verificar a possibilidade de
haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos.
C) Todas as peças do inquérito policial serão, num só processo, reduzidas a
escrito ou digitadas e, neste caso, há dispensa de serem todas as páginas
rubricadas pela autoridade.
D) O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver
sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
nesta hipótese, a partir do dia da comunicação ao juiz do cumprimento da ordem
de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto, mediante fiança
ou sem ela.
E) No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. Quando o fato
for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer
ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo acordado pelo Ministério Público e marcado pelo juiz.

Comentários: A – Correta. CPP, art. 10º. §1º A autoridade fará minucioso relatório do que
tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
B – Incorreta. CPP, art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos,
desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
C – Incorreta. CPP, art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
D – Incorreta. CPP, art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver
sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver
solto, mediante fiança ou sem ela.

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E – Incorreta. CPP, art. 10º §2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas
que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade
poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas
no prazo marcado pelo juiz.
Gabarito A

6) (Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC –


2018 - PC-RS - Delegado de Polícia - Bloco II)
Ronaldo é morador de um bairro violento na cidade de Rondinha, dominado pela
disputa pelo tráfico de drogas. Dirigiu-se até a Delegacia de Polícia para
oferecer detalhes como o nome, endereço e telefone do maior traficante do local.
Foram anotadas todas as informações e, ao final, Ronaldo preferiu não revelar a
sua identidade por receio de retaliações. Diante disso, é correto afirmar que:
A) A Constituição Federal prestigia a liberdade de expressão e veda o
anonimato, razão pela qual o delegado de polícia deve requerer à autoridade
judiciária o arquivamento das informações prestadas, mediante prévia
manifestação do Ministério Público.
B) Trata-se de notitia criminis inqualificada, que torna obrigatória a imediata
instauração de inquérito policial e a representação por medidas cautelares
necessárias à obtenção da materialidade do delito imputado.
C) Segundo o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal, as
notícias anônimas, por si só, não autorizam o emprego de métodos invasivos de
investigação, constituindo fonte de informação e de provas.
D) Poderá o delegado de polícia representar pela interceptação telefônica,
havendo indícios razoáveis da autoria ou participação fornecidos pela notícia
anônima.
E) Segundo o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal, as
notícias anônimas autorizam o deferimento de medida cautelar de busca e
apreensão, mas não permitem, de imediato, a autorização de interceptação
telefônica, dado o caráter subsidiário desse meio de obtenção de prova.

Comentários: A situação narrada na assertiva apresenta uma notitia criminis inqualificada,


mais conhecida como denúncia anônima. Em que pese a Constituição Federal consagrar a livre

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manifestação de pensamento, vedando o anonimato (art. 5º, IV), certo é que a


polícia deve acautelar-se diante da notícia anônima, e proceder às investigações com
cuidado redobrado, porém não deixando de atuar. Nesse sentido é que STF e STJ têm
admitido a denúncia anônima para embasar um IP apenas quando precedida de diligências
preliminares que atestem a verossimilhança dos fatos noticiados (STJ- Sexta Turma, HC
237.164; STF- Segunda Turma- HC 105484.), ou seja, a denúncia anônima não pode, por si só,
autorizar meios invasivos de investigação, constituindo como fonte de informação.
Gabarito C

7) (Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB – 2014 -


PC-RO - Escrivão de Polícia Civil)
Quanto ao prazo para conclusão de inquérito policial por crime de tráfico de
drogas, é correto afirmar que:
A) será de cento e vinte dias, prorrogável por até metade, mediante deliberação
do juiz competente, para conclusão de seus trabalhos.
B) deverá terminar no prazo de dez dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante ou estiver preso preventiva mente, contado o prazo, nessa hipótese, a
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias,
quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
C) deverá terminar em vinte dias, se o indiciado estiver preso, contado esse
prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de
quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contado a partir da data em que
se instaurar o inquérito, podendo ser prorrogado por mais vinte dias pela
autoridade judiciária, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já
iniciados, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato.
D) será de quinze dias quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado
por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade
policial e deferido pelo juiz a que competir o conhecimento do processo.
E) será concluído no prazo de trinta dias, se o indiciado estiver preso e de 90
noventa dias, quando solto, podendo o prazo ser duplicado pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia
judiciária.

Comentários: Lei 11.343/06 (Lei de Drogas), art. 51. O inquérito policial será concluído no

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prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz,
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
Gabarito E

8) (Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC -


2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de Polícia – Tarde)
Ao finalizar a apuração de um crime contra o patrimônio, a autoridade policial
entendeu por indiciar Fulano de Tal e Beltrano de Tal, em razão da prática, em
tese, do crime de roubo. Após a distribuição do inquérito policial junto ao Poder
Judiciário, o magistrado competente abriu vista da investigação criminal ao
Ministério Público, que, ao oferecer a denúncia, entendeu por também acusar
Sicrano de Tal. Em vista disso, assinale a alternativa correta.
A) Em razão dos termos constantes na ação penal pública, o Ministério Público
deverá requisitar à autoridade policial que indicie Sicrano de Tal, a fim de que
seja respeitado o princípio da congruência entre a acusação e o resultado final da
investigação criminal.
B) Em razão dos termos constantes na ação penal pública, o Ministério Público
deverá requerer à autoridade judicial que determine ao Delegado de Polícia o
indiciamento de Sicrano de Tal, a fim de que seja respeitado o princípio da
congruência entre a acusação e o resultado final da investigação criminal.
C) Em razão dos termos constantes na ação penal pública, a autoridade judicial,
de ofício, poderá determinar o indiciamento de Sicrano de Tal, a fim de que seja
respeitado o princípio constitucional da igualdade entre ele e os demais
acusados.
D) Em respeito ao princípio constitucional da igualdade, a autoridade policial,
assim que tomar conhecimento da formulação de acusação também contra
Sicrano de Tal, deverá, de ofício, rever o indiciamento anteriormente realizado,
de modo a agregar o nome deste ao rol de pessoas indiciadas naquela
investigação.
E) Ainda que a denúncia seja oferecida contra Fulano de Tal, Beltrano de Tal e
Sicrano de Tal, o Ministério Público e o Poder Judiciário não poderão
determinar o indiciamento de pessoa não constante nesse ato, por ser ele

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privativo de Delegado de Polícia.

Comentários: O indiciamento é ato privativo do Delegado de Polícia (art. 2º, §6º, da Lei
12.830/13). Ou seja, não pode o magistrado, nem o membro do MP, requisitar que o Delegado
de Polícia faça o indiciamento (nesse sentido: STF- Segunda Turma- HC 115015).
Gabarito E

9) (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Provas: CESPE – 2018 - PC-
MA - Perito Criminal)
A respeito do inquérito policial, assinale a opção correta.
A) O inquérito policial poderá ser iniciado apenas com base em denúncia
anônima que indique a ocorrência do fato criminoso e a sua provável autoria,
ainda que sem a verificação prévia da procedência das informações.
B) Contra o despacho da autoridade policial que indeferir a instauração do
inquérito policial a requerimento do ofendido caberá reclamação ao Ministério
Público.
C) Sendo o inquérito policial a base da denúncia, o Ministério Público não
poderá alterar a classificação do crime definida pela autoridade policial.
D) O inquérito policial pode ser definido como um procedimento administrativo
pré-processual destinado à apuração das infrações penais e da sua autoria.
E) Por ser instrumento de informação pré-processual, o inquérito policial é
imprescindível ao oferecimento da denúncia.

Comentários: A – Incorreta. STF e STJ têm admitido a denúncia anônima para embasar
um IP apenas quando precedida de diligências preliminares que atestem a verossimilhança
dos fatos noticiados (STJ- Sexta Turma, HC 237.164; STF- Segunda Turma- HC 105484.), ou
seja, a denúncia anônima não pode, por si só, autorizar meios invasivos de investigação,
constituindo como fonte de informação.
B – Incorreta. Por força do art. 5º, §2º, do CPP. Do despacho que indeferir o requerimento de
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
C – Incorreta. O Parquet (titular da ação penal) possui independência funcional entre vários de
seus princípios norteadores. Tal princípio se caracteriza como o próprio nome elucida pela total
independência de seus membros, tanto em relação uns dos outros e seus entendimentos ao fato
concreto, como em relação a outros órgãos como, por exemplo, o Poder Judiciário.
D – Correta. De fato o IP é um procedimento administrativo pré-processual destinado à

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apuração da infração penal e sua autoria.


E – Incorreta. O inquérito policial é procedimento de caráter administrativo dispensável
para posterior propositura da ação penal da qual é titular, desde que o Parquet já
possua elementos de convicção para pleitear a posterior ação penal. Um exemplo seria no caso
da ação penal pública a qual é proposta com base de investigações realizadas pelo próprio
Ministério Público.
Gabarito D

10) (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE – 2018 - PC-
MA - Escrivão de Polícia Civil)
Texto associado
Texto 1A2AAA
Em determinada comarca de um estado da Federação, em razão de uma
denúncia anônima e após a realização de diligências, a polícia civil prendeu
Maria, de dezoito anos de idade, que supostamente traficava maconha em uma
praça nas proximidades da escola pública onde ela estudava. Levada à delegacia
de polícia local, Maria foi autuada e indiciada. Depois de reunidos elementos
informativos suficientes, o delegado elaborou um relatório com a descrição dos
fatos, apontando os indícios de autoria. Com o encerramento das investigações,
o inquérito policial foi encaminhado à autoridade competente.

Com relação à situação hipotética descrita no texto 1A2AAA, assinale a opção


correta.
A) O prazo para a conclusão do inquérito policial não poderá ser superior a dez
dias.
B) A duplicação do prazo para o encerramento do inquérito policial poderá ser
requerida apenas pelo Ministério Público, por ser ele o titular da ação penal.
C) No relatório encaminhado ao titular da ação penal, a autoridade policial não
era obrigada a justificar as razões da classificação do delito.
D) O inquérito policial poderia ter sido instaurado em razão de notícia anônima,
desde que tivessem ocorrido investigações preliminares para averiguação dos
fatos noticiados.
E) Será necessário nomear curador especial para Maria, em razão da natureza
hedionda do delito por ela cometido.

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Comentários: A – Incorreta. O prazo de 10 dias é para o CPP, mas em se tratando de


tráfico aplica-se o princípio da espacialidade, com os prazos definidos na lei de drogas - Lei
11.343/06 - Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o
indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
B – Incorreta. Art. 51. Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade
de polícia judiciária (Lei 11.343/06).
C – Incorreta. Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de
polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à
classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto
apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da
prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente (Lei 11343).
D – Correta. No caso de noticia crime apócrifa (inqualificada) - denuncia anônima – segundo o
STF e o STJ deve a polícia aferir primeiro a verossimilhança (plausibilidade) para só então
instaurar a investigação se for o caso.
Nesse sentido: Informativo 565 STF "Nada impede, contudo, que o Poder Público, provocado
por delação anônima (“disque-denúncia”, p. ex.), adote medidas informais destinadas a apurar,
previamente, em averiguação sumária, “com prudência e discrição”, a possível ocorrência de
eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo de conferir a
verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a
formal instauração da “persecutio criminis”, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse
procedimento estatal em relação às peças apócrifas."
E – Incorreta. Art. 15 CPP. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade
policial. Art. 228 CF. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
normas da legislação especial. Não é o caso em questão.
Gabarito D

11) (Ano: 2018 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2018 - PC-GO -
Delegado de Polícia)
Quando o inquérito policial é instaurado a partir de um auto de prisão em
flagrante delito, diz-se haver:
A) notitia criminis inqualificada.
B) delatio criminis postulatória.
C) notitia criminis de cognição imediata.
D) notitia criminis de cognição mediata.

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E) notitia criminis de cognição coercitiva.

Comentários: Notícia Crime Revestida de Forma Coercitiva (cognição coercitiva) é


aquela apresentada juntamente com o infrator preso em flagrante. Pode representar hipótese de
notícia crime espontânea, quando quem realiza a prisão é a própria autoridade policial ou seus
agentes, ou provocada, quando quem realiza a prisão é um particular (art. 301, CPP).
Gabarito E

12) (Ano: 2018 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2018 – PC-GO -
Delegado de Polícia)
Sobre o inquérito policial, segundo o Código de Processo Penal, tem-se o
seguinte:
A) A representação, no caso de ação penal pública condicionada, pode ser
apresentada por procurador.
B) Em regra, irregularidade em ato praticado no inquérito policial gera a
nulidade do processo penal dele decorrente.
C) A representação do ofendido é irretratável depois de recebida a denúncia.
D) Da decisão que indefere o requerimento de abertura de inquérito policial
formulado pelo ofendido cabe recurso ao Ministério Público.
E) Se o investigado estiver preso em flagrante, o extrapolamento do prazo de
conclusão gera nulidade da investigação.

Comentários: A – Correta. CPP, art. 39: O direito de representação poderá ser exercido,
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral,
feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
B – Incorreta. Segundo o STF e o STJ, os vícios do IP NÃO contaminam o processo, afinal, a
investigação é dispensável. Os vícios do IP são ENDOPROCEDIMENTAIS (dentro do próprio
inquérito ).
C – Incorreta. CPP, art. 25: A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
Lembrando que se a questão tivesse abordado a Lei Maria da Penha, a questão estaria correta,
haja vista que lá a "A representação da ofendida é irretratável depois de recebida a denúncia."
D – Incorreta. CPP, art. 5º §2º: Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
E – Incorreta. Se o investigado estiver preso em flagrante, o extrapolamento do prazo de
conclusão NÃO tem o condão de gerar a nulidade da investigação. O que irá acarretar é a

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soltura do preso cautelarmente.


Gabarito A

13) (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 -
PC-SP - Delegado de Polícia)
A respeito do inquérito policial, assinale a alternativa correta.
A) Para saber qual é a autoridade policial competente para um certo inquérito
policial, utiliza-se o critério ratione loci ou ratione materiae.
B) A autoridade policial poderá arquivar autos de inquérito policial se
convencida da inexistência da materialidade delitiva.
C) Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, autoridade policial
poderá apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados
pelos peritos criminais.
D) Como peça obrigatória para o oferecimento da denúncia, os autos de
inquérito policial acompanharão a denúncia ou queixa.
E) O inquérito policial é um procedimento administrativo, de natureza
acusatória, escrito e sigiloso.

Comentários: A – Correta. Utiliza-se o critério ratione loci (em razão do lugar) e ratione
materiae (em razão da matéria).
Em razão da matéria: critério segundo o qual o inquérito poderá ser “tocado” pela PF, PC ou
ainda Polícia judiciária Militar.
Em razão do Lugar: segundo os critérios de fixação de competência do art. 70 do CPP (teoria do
resultado, em regra).
B – Incorreta. CPP. Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de
inquérito.
C – Incorreta. CPP. Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
autoridade policial deverá:
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
D – Incorreta. CPP. Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que
servir de base a uma ou outra.
CPP. Art. 39. § 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste
caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. Ou seja, o IP é peça dispensável.
E – Incorreta. O inquérito policial é um procedimento administrativo, de natureza inquisitiva,
escrito e sigiloso. (Gabarito A)

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14) (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 -
PC-SP - Escrivão de Polícia Civil)
A respeito do Inquérito Policial, tendo em conta o Código de Processo Penal, é
correto afirmar:
A) o arquivamento do inquérito policial somente se dará por decisão da
autoridade judiciária.
B) por se tratar de peça meramente informativa, inexistindo contraditório, o
investigado e o ofendido não poderão solicitar a realização de diligências.
C) o inquérito policial poderá ser iniciado, de ofício, pela autoridade policial,
nos crimes de ação penal pública incondicionada e condicionada à
representação. Já nos crimes de ação penal privada, só se instaurará inquérito
policial se houver requerimento.
D) o prazo para a autoridade policial finalizar o inquérito é de 10 (dez) dias, se o
investigado estiver preso, e de 30 (trinta) dias, se estiver solto, não sendo
possível a concessão de mais tempo, para a realização de diligências ulteriores.
E) o inquérito policial é imprescindível à propositura da ação penal, exceto nos
crimes de ação penal privada, em que a queixa-crime poderá ser apresentada
diretamente à autoridade judiciária.

Comentários: A – Correta. Quem arquiva o IP é o juiz, mas desde que provocado pelo MP,
ou seja, o juiz não pode arquivar o IP de ofício.
Importante ressaltar que a alternativa se baseia no procedimento para o arquivamento do IP
adotado antes do advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), que é o procedimento atual,
uma vez que o caput do art. 28 do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei n.
13.964/19 (Alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial) ESTÁ
SUSPENSA POR TEMPO INDETERMINADO PELO STF (Medida Cautelar na Ação Direta
de Inconstitucionalidade 6.299/DF).
No procedimento dado pelo Pacote Anticrime o arquivamento do IP passa a ser
EXCLUSIVAMENTE no âmbito do MINISTÉRIO PÚBLICO, SEM intervenção do JUIZ
(NÃO há mais HOMOLOGAÇÃO JUDICAL do arquivamento do IP – a revisão e homologação
passam a ser competência do órgão de revisão dentro do próprio MP). Ou seja, no procedimento
para o arquivamento do IP pela redação dada pelo Pacote Anticrime, a alternativa estaria
incorreta.
B – Incorreta. CPP, art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão

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requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.


C – Incorreta. CPP, art. 5º, §4º. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de
representação, não poderá sem ela ser iniciado.
D – Incorreta. CPP, art. 10 § 3º. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver
solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
OBS: só é possível a prorrogação quando o indiciado estiver solto – O IP QUANDO O
INVESTIGADO ESTIVER PRESO É IMPRORROGÁVEL POR ENQUANTO – com o
advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), foi acrescentado o art. 3-B ao CPP, o qual se
encontra no tópico “Juiz das Garantias”, passando a dispor, dentre as várias competências do
“Juiz das Garantias”, a possibilidade de que este possa prorrogar o IP quando o investigado
estiver preso – “Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante
representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma ÚNICA
VEZ, a duração do INQUÉRITO POR ATÉ 15 (QUINZE) DIAS, após o que, se ainda assim a
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada” – art. 3-B, §2º. TAIS
ARTIGOS ESTÃO SUSPENSOS – no dia 22/01/20 o Ministro Luiz Fux SUSPENDEU a
implementação dos artigos que tratam do “Juiz das Garantias” (e de alguns outros dispositivos
da referida Lei) POR PRAZO INDETERMINADO (A SUSPENSÃO VALERÁ ATÉ QUE O
PLENÁRIO DO STF DECIDA SE AS NOVAS REGRAS ESTÃO DE ACORDO COM A
CONSTITUIÇÃO. AINDA NÃO HÁ DATA MARCADA PARA ANÁLISE).
E – Incorreta. O IP é prescindível (dispensável) e não imprescindível (indispensável). Na leitura
do artigo 27 do CPP é possível fundamentar sobre a sua prescindibilidade, in verbis “Art. 27 -
Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que
caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e
indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção”. (Gabarito A)

15) (Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 -
PC-MG - Delegado de Polícia Substituto)
Sobre o ato de indiciamento realizado no âmbito de investigação criminal
conduzida por delegado de polícia, é CORRETO afirmar:
A) É realizado mediante o mesmo grau de certeza de autoria que a situação de
suspeito.
B) Não é ato exclusivo do delegado de polícia que conduz a investigação.
C) Não poderá o delegado de polícia retratar sua posição e “desindiciar” o
investigado.

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D) Resulta de um juízo de probabilidade e não de mera possibilidade sobre a


autoria delitiva.

Comentários: A – Incorreta. Durante a instrução do inquérito policial, quando se decide pelo


indiciamento de alguém, saímos do juízo de possibilidade para o de probabilidade (e não
certeza) e as investigações são centradas em pessoa determinada.
B – Incorreta. Art. 2°, 6º, da Lei 12830/2013: O indiciamento, privativo do delegado de polícia,
dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a
autoria, materialidade e suas circunstâncias.
C – Incorreta. Nada impede que a autoridade policial, ao entender, no transcurso das
investigações, que a pessoa indiciada não está vinculada ao fato, promova o desindiciamento,
seja na evolução do inquérito, ou no relatório de encerramento do procedimento. De qualquer
sorte, tudo deve ser descrito no relatório, de forma a permitir a pronta análise pelo titular da ação
penal. É possível também que o desindiciamento ocorra de forma coacta, pela procedência de
habeas corpus impetrado no objetivo de trancar o inquérito em relação a algum suspeito.
D – Correta. É o fundamento da (A).
Gabarito D

16) (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-
MA - Delegado de Polícia Civil)
De acordo com as legislações especiais pertinentes, o inquérito policial deve ser
concluído no
A) prazo comum de quinze dias, estando o indiciado solto ou preso, nos casos de
crimes de tortura.
B) mesmo prazo estipulado para a apreciação das medidas protetivas, nos
casos de crimes previstos na Lei Maria da Penha.
C) prazo comum de dez dias, estando o indiciado solto ou preso, nos casos de
crimes contra a economia popular.
D) prazo de trinta dias, se o indiciado estiver solto, e de quinze dias, se ele
estiver preso, de acordo com a Lei de Drogas.
E) prazo de quinze dias, se o crime for de porte ilegal de arma de fogo de uso
restrito, conforme o Estatuto do Desarmamento.

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Comentários: A – Incorreta. A Lei de Tortura (Lei 9.455/97) não prevê prazo especial para o
término do inquérito policial. De Igual modo, a Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) também
não prevê prazo especial para o término do IP para os crimes hediondos ou equiparados (tortura
é crime equiparado a hediondo), salvo no caso de prisão temporária.
Assim sendo, aplica-se aos crimes de tortura o prazo geral previsto no CPP, qual seja, 10 dias
(improrrogável - IMPRORROGÁVEL POR ENQUANTO – com o advento da Lei 13.964/19
(Pacote Anticrime), foi acrescentado o art. 3-B ao CPP, o qual se encontra no tópico “Juiz das
Garantias”, passando a dispor, dentre as várias competências do “Juiz das Garantias”, a
possibilidade de que este possa prorrogar o IP quando o investigado estiver preso – “Se o
investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma ÚNICA VEZ, a duração do INQUÉRITO
POR ATÉ 15 (QUINZE) DIAS, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a
prisão será imediatamente relaxada” – art. 3-B, §2º. TAIS ARTIGOS ESTÃO SUSPENSOS –
no dia 22/01/20 o Ministro Luiz Fux SUSPENDEU a implementação dos artigos que tratam do
“Juiz das Garantias” (e de alguns outros dispositivos da referida Lei) POR PRAZO
INDETERMINADO (A SUSPENSÃO VALERÁ ATÉ QUE O PLENÁRIO DO STF DECIDA
SE AS NOVAS REGRAS ESTÃO DE ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO. AINDA NÃO
HÁ DATA MARCADA PARA ANÁLISE)), se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias (prorrogável), quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela (CPP, art. 10, caput). Caso o agente esteja preso temporariamente,
este prazo será de 30 dias prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade (Lei 8.072/90, art. 2º, §4º).
B – Incorreta. Não há previsão de prazo especial na Lei Maria de Penha (Lei 11.340/06), razão
pela qual se aplica a regra geral prevista no CPP, qual seja, 10 dias (improrrogável -
IMPRORROGÁVEL POR ENQUANTO – com o advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime),
foi acrescentado o art. 3-B ao CPP, o qual se encontra no tópico “Juiz das Garantias”, passando a
dispor, dentre as várias competências do “Juiz das Garantias”, a possibilidade de que este possa
prorrogar o IP quando o investigado estiver preso – “Se o investigado estiver preso, o juiz das
garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público,
prorrogar, uma ÚNICA VEZ, a duração do INQUÉRITO POR ATÉ 15 (QUINZE) DIAS, após o
que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada” –
art. 3-B, §2º. TAIS ARTIGOS ESTÃO SUSPENSOS – no dia 22/01/20 o Ministro Luiz Fux
SUSPENDEU a implementação dos artigos que tratam do “Juiz das Garantias” (e de alguns
outros dispositivos da referida Lei) POR PRAZO INDETERMINADO (A SUSPENSÃO
VALERÁ ATÉ QUE O PLENÁRIO DO STF DECIDA SE AS NOVAS REGRAS ESTÃO DE
ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO. AINDA NÃO HÁ DATA MARCADA PARA
ANÁLISE)), se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente,

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contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no
prazo de 30 dias (prorrogável), quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela (CPP, art. 10,
caput).
C – Correta. É o que prevê o §lº do art.10 da Lei n.º 1.521/1951. Importante ressaltar que os
referidos prazos são IMPRORROGÁVEIS.
D – Incorreta. Na Lei de Drogas (Lei 11.343/06), o prazo para o término do IP está regulado no
art. 51, vejamos: Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o
indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
E – Incorreta. O Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/13) não prevê prazo especial para o
término do IP. Desse modo, aplica-se a regra geral prevista no CPP, qual seja, 10 dias
(improrrogável - IMPRORROGÁVEL POR ENQUANTO – com o advento da Lei 13.964/19
(Pacote Anticrime), foi acrescentado o art. 3-B ao CPP, o qual se encontra no tópico “Juiz das
Garantias”, passando a dispor, dentre as várias competências do “Juiz das Garantias”, a
possibilidade de que este possa prorrogar o IP quando o investigado estiver preso – “Se o
investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma ÚNICA VEZ, a duração do INQUÉRITO
POR ATÉ 15 (QUINZE) DIAS, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a
prisão será imediatamente relaxada” – art. 3-B, §2º. TAIS ARTIGOS ESTÃO SUSPENSOS –
no dia 22/01/20 o Ministro Luiz Fux SUSPENDEU a implementação dos artigos que tratam do
“Juiz das Garantias” (e de alguns outros dispositivos da referida Lei) POR PRAZO
INDETERMINADO (A SUSPENSÃO VALERÁ ATÉ QUE O PLENÁRIO DO STF DECIDA
SE AS NOVAS REGRAS ESTÃO DE ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO. AINDA NÃO
HÁ DATA MARCADA PARA ANÁLISE)), se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias (prorrogável), quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela (CPP, art. 10, caput).
Cumpre ressaltar, entretanto, que o crime de porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito
é crime hediondo, de modo que, se o agente estiver preso temporariamente, o referido prazo
será de 30 dias prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade
(Lei 8.072/90, art. 2º, §4º).
Gabarito C

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17) (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE – 2018 –
PC-MA - Delegado de Polícia Civil)
Uma autoridade policial determinou a instauração de inquérito policial para
apurar a prática de suposto crime de homicídio. Entretanto, realizadas as
necessárias diligências, constatou-se que a punibilidade estava extinta em razão
da prescrição.
Nessa situação,
A) é cabível recurso em sentido estrito com o objetivo de trancar o inquérito
policial, mas somente após a decisão que recebe a denúncia.
B) não há instrumento processual capaz de trancar o inquérito policial.
C) poderá ser impetrado habeas corpus com o objetivo de trancar o inquérito
policial.
D) poderá ser impetrado mandado de segurança contra o ato da autoridade
policial para trancar o inquérito policial.
E) é cabível recurso de apelação com o objetivo de trancar o inquérito policial,
mas somente em caso de sentença penal condenatória.

Comentários: O trancamento de inquérito policial OU ação penal por meio de Habeas


Corpus é medida excepcional, somente autorizada em casos em que fique claro a:
- Atipicidade da conduta;
- Ausência de justa causa ou;
- Presença de causa extintiva da punibilidade (ex.: prescrição).
Lembrando que, o arquivamento do Inquérito Policial por uma causa extintiva de punibilidade
faz coisa julgada formal E material, o que impede seu posterior desarquivamento, ainda que
surjam fatos novos.
Gabarito C

18) (Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: CESPE - 2017 – DPU -
Defensor Público Federal)
A respeito de coisa julgada e inquérito policial, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: Lino foi indiciado por tentativa de homicídio. Após remessa
dos autos ao órgão do MP, o promotor de justiça requereu o arquivamento do

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inquérito em razão da conduta de Lino ter sido praticada em legítima defesa, o


que foi acatado pelo juízo criminal competente. Assertiva: Nessa situação, de
acordo com o STF, o ato de arquivamento com fundamento em excludente de
ilicitude fez coisa julgada formal e material, o que impossibilita posterior
desarquivamento pelo parquet, ainda que diante da existência de novas provas.
Certo ( )
Errado ( )

Comentários: Para o STF, o arquivamento de inquérito policial em razão do


reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada material. Logo, surgindo
novas provas seria possível reabrir o inquérito policial, com base no art. 18 do CPP e na Súmula
524 do STF. STF. 1ª Turma. HC 95211, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/03/2009. STF.
2ª Turma. HC 125101/SP , rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
julgado em 25/8/2015 (Info 796). O arquivamento de inquérito policial por excludente de
ilicitude realizado com base em provas fraudadas não faz coisa julgada material.
STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info
858).
Importante ressaltar que o STJ possui precedente em sentido contrário - Para o STJ, o
arquivamento do inquérito policial com base na existência de causa excludente da ilicitude faz
coisa julgada material e impede a rediscussão do caso penal. O mencionado art. 18 do CPP e a
Súmula 524 do STF realmente permitem o desarquivamento do inquérito caso surjam provas
novas. No entanto, essa possibilidade só existe na hipótese em que o arquivamento ocorreu por
falta de provas, ou seja, por falta de suporte probatório mínimo (inexistência de indícios de
autoria e certeza de materialidade). STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ , Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 25/11/2014 (Info 554).
O que a assertiva pede é o entendimento do STF, de modo que este entende que o arquivamento
com base em causa excludente de ilicitude NÃO faz coisa julgada material, NÃO
impossibilitando do desarquivamento do IP.
Gabarito E

19) (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE – 2018 - PC-
MA - Delegado de Polícia Civil)
Em inquérito policial para apurar a prática de crime de furto, a autoridade
policial reuniu provas suficientes de que o indiciado teria adquirido imóveis e

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veículos — todos registrados em seu nome — com recurso proveniente do


crime.
Nessa situação, a autoridade policial poderá
A) representar à autoridade judiciária competente, requerendo o sequestro dos
referidos bens.
B) enviar ofício ao juízo ou ao MP para que sejam decretadas as medidas
cabíveis, visto que a lei não lhe assegura competência para promover a restrição
dos direitos de propriedade do indiciado.
C) realizar a busca e apreensão dos citados bens, independentemente de
autorização judicial.
D) proceder à busca e apreensão dos referidos bens, desde que mediante
anuência do MP.
E) determinar, de ofício, o arresto ou a hipoteca legal, em decisão fundamentada,
e proceder à apreensão dos citados bens.

Comentários: Sequestro – O requisito indispensável é que haja indícios veementes de que o


bem sequestrado tenha sido adquirido com proventos da infração penal, ou seja, deve o bem ter
sido adquirido com origem ilícita. A ideia é deixar indisponível um bem de origem ilícita.
CPP, art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou
mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em qualquer fase
do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Gabarito A

20) (Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PJC-MT Prova: CESPE - 2017 -
PJC-MT - Delegado de Polícia Substituto)
O requerimento de arquivamento do inquérito policial formulado pelo MP
A) está sujeito, exclusivamente, a controle interno do próprio MP, de ofício ou
por provocação do ofendido.
B) não poderá ser indeferido, em respeito aos princípios da independência
funcional e do promotor natural.
C) não está sujeito a controle jurisdicional nos casos de competência originária
do STF ou do STJ.

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D) está sujeito a controle jurisdicional, devendo o juiz do feito, no caso de


considerar improcedentes as razões invocadas, designar outro membro do MP
para o oferecimento da denúncia.
E) defere ao ofendido, quando acolhido pelo juiz, o direito de ingressar com
ação penal subsidiária por via de queixa-crime.

Comentários: A – Incorreta. De fato está sujeito ao controle interno do próprio MP, porém,
isso acontece por provocação do juiz, conforme preconiza o art. 28 do CPP (ou seja, há controle
jurisdicional).
Importante ressaltar que a alternativa se baseia no procedimento para o arquivamento do IP
adotado antes do advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), que é o procedimento atual,
uma vez que o caput do art. 28 do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei n.
13.964/19 (Alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial) ESTÁ
SUSPENSA POR TEMPO INDETERMINADO PELO STF (Medida Cautelar na Ação Direta
de Inconstitucionalidade 6.299/DF).
No procedimento dado pelo Pacote Anticrime o arquivamento do IP passa a ser
EXCLUSIVAMENTE no âmbito do MINISTÉRIO PÚBLICO, SEM intervenção do JUIZ
(NÃO há mais HOMOLOGAÇÃO JUDICAL do arquivamento do IP – a revisão e homologação
passam a ser competência do órgão de revisão dentro do próprio MP). Ou seja, no procedimento
para o arquivamento do IP pela redação dada pelo Pacote Anticrime, a alternativa estaria correta.
B – Incorreta. De fato o juiz não pode simplesmente indeferir o pedido, porém, este encaminhará
ao Procurador-Geral caso discorde (ou seja, há controle jurisdicional), e este poderá, caso
concorde com o juiz, oferecer a denúncia ou designar outro membro do MP para que a ofereça
(art. 28, CPP).
Importante ressaltar que a alternativa se baseia no procedimento para o arquivamento do IP
adotado antes do advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), que é o procedimento atual,
uma vez que o caput do art. 28 do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei n.
13.964/19 (Alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial) ESTÁ
SUSPENSA POR TEMPO INDETERMINADO PELO STF (Medida Cautelar na Ação Direta
de Inconstitucionalidade 6.299/DF).
No procedimento dado pelo Pacote Anticrime o arquivamento do IP passa a ser
EXCLUSIVAMENTE no âmbito do MINISTÉRIO PÚBLICO, SEM intervenção do JUIZ
(NÃO há mais HOMOLOGAÇÃO JUDICAL do arquivamento do IP – a revisão e homologação
passam a ser competência do órgão de revisão dentro do próprio MP). Ou seja, no procedimento
para o arquivamento do IP pela redação dada pelo Pacote Anticrime, a alternativa estaria correta.
C – Correta. Inaplicabilidade do art. 28 do CPP nos procedimentos investigativos que tramitem
originariamente no STJ - Um Subprocurador-Geral da República, após autorização do STJ,

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instaurou procedimento de investigação contra um Governador do Estado (art. 105, I, “a”, da


CF/88). Ao final das diligências, o membro do MPF concluiu que não havia elementos para
oferecer a denúncia e requereu ao STJ o arquivamento do procedimento. O STJ NÃO poderá
discordar do pedido. Se o membro do MPF que atua no STJ requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação que tramitem originariamente perante o
STJ, este, mesmo que não concorde com as razões invocadas pelo MP, deverá determinar o
arquivamento solicitado. Como o pedido foi feito por um Subprocurador-Geral da República, se
o STJ discordar, ele não poderá remeter os autos para análise do Procurador-Geral da República,
não se aplicando, por analogia, o art. 28 do CPP. Não existe esta possibilidade de remessa para o
PGR. Não se aplica o art. 28 do CPP neste caso. Isso porque os membros do MPF que
funcionam no STJ atuam por delegação do Procurador-Geral da República. Assim, em
decorrência do sistema acusatório, nos casos em que o titular da ação penal se manifesta pelo
arquivamento de inquérito policial ou de peças de informação, não há alternativa, senão acolher
o pedido e determinar o arquivamento. Em suma, não há que se falar em aplicação do art. 28
do CPP nos procedimentos de competência originária do STJ. O MPF pediu o
arquivamento, este terá que ser homologado pela Corte. STJ. Corte Especial. Inq 967-DF,
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/3/2015 (Info 558).
Não há a aplicação do art. 28 também no âmbito do STF, haja vista que o titular da ação
penal de crimes originários desta corte é o próprio PGR, razão pela qual não há controle
jurisdicional do pedido de arquivamento formulado por este, devendo tal pedido ser prontamente
atendido.
Importante ressaltar que a alternativa se baseia no procedimento para o arquivamento do IP
adotado antes do advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), que é o procedimento atual,
uma vez que o caput do art. 28 do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei n.
13.964/19 (Alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial) ESTÁ
SUSPENSA POR TEMPO INDETERMINADO PELO STF (Medida Cautelar na Ação Direta
de Inconstitucionalidade 6.299/DF).
No procedimento dado pelo Pacote Anticrime o arquivamento do IP passa a ser
EXCLUSIVAMENTE no âmbito do MINISTÉRIO PÚBLICO, SEM intervenção do JUIZ
(NÃO há mais HOMOLOGAÇÃO JUDICAL do arquivamento do IP – a revisão e homologação
passam a ser competência do órgão de revisão dentro do próprio MP).
A alternativa estaria correta mesmo no novo procedimento, uma vez que, de fato, o
arquivamento do IP não estaria sujeito a controle jurisdicional (no âmbito do STF ou STJ, ou em
qualquer âmbito jurisdicional).
D – Incorreta. De fato existe um controle jurisdicional, porém, caso o juiz discorde do pedido,
este não poderá designar outro membro do MP para oferecer a denúncia, o que poderá fazer é
remeter ao Procurador-Geral para que este proceda de acordo com o art. 28 do CPP.

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Importante ressaltar que a alternativa se baseia no procedimento para o arquivamento do IP


adotado antes do advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), que é o procedimento atual,
uma vez que o caput do art. 28 do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei n.
13.964/19 (Alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial) ESTÁ
SUSPENSA POR TEMPO INDETERMINADO PELO STF (Medida Cautelar na Ação Direta
de Inconstitucionalidade 6.299/DF).
No procedimento dado pelo Pacote Anticrime o arquivamento do IP passa a ser
EXCLUSIVAMENTE no âmbito do MINISTÉRIO PÚBLICO, SEM intervenção do JUIZ
(NÃO há mais HOMOLOGAÇÃO JUDICAL do arquivamento do IP – a revisão e homologação
passam a ser competência do órgão de revisão dentro do próprio MP). Ou seja, no procedimento
para o arquivamento do IP pela redação dada pelo Pacote Anticrime, a alternativa estaria
incorreta mesmo assim, uma vez que não haveria mais controle jurisdicional sobre o
arquivamento do IP.
E – Incorreta. A ação subsidiária da pública só poderá ocorrer em caso de inércia do membro do
MP (art. 29 do CPP), sendo que o pedido de arquivamento não configura inércia.
Gabarito C

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