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Podemos considerar que a matemática tanto se interessa pelos «nú-

meros», pelos «espaços» ou pelas «estruturas», enfim, pelos «objectos»


ou pelos «sistemas formais». Em epistemologia,limitar-nos-emos a uma
reflexão estritamente metodológica. As semioses fundam a possibilidade
de conhecer as coisas e a possibilidade de comunicar os conhecimentos
na composição. Fundem tudo o que se relaciona com as manipulações
criativas operadas nas coisas, que também podemos denominar objectos
artificiais ou objectos da composição, objectos técnicos ou objectos de
arte. Esta situação é comparável e insere-se na lógica neopositivista, ine-
rente à linguagem e às matemáticas.

Kikutake
1(.
Jnabara - 1962

,
.......

Isozaki - Cidade Espacial - 1962 I

124
K. Kikutake

Bf Cook
..g-in-city - 1964
.e Peter Cook
Torre de exposições
para Montreal - 1964

Kisho Kurokava
Plano urbano para Tóquio
Torres helicoidais
Maqueta e esboceto -1961
Moshe Safdie
Habitat 67 - Montreal
Jern Utzon (1964/1967)
Ópera de Sydney
Austrália - 1957/1967

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oshe Safdie
abitat Porto Rico (1968/1971)
4. SIGNIFICAÇÃO DA «TEORIA CRÍTICA» - ESCOLA cionalista de ietzsche, contrário à matemática, ao abstracto, ao mecâ-
DE FRANKFURT nico e ao próprio racionalismo. O primeiro alvo da «Teoria Crítica» foi
a metafísica onde estas teorias desembocaram e foi a base da análise
A Escola de Frankfurt inicia-se em 1923, como um Instituto de Pes- da Identidade nos primeiros decénios do século xx, onde Adorno foi
quisas Sociais que se desagrega na década de trinta e volta a ser agrupa- um dos principais teóricos. É através da dialéctica Negativa que a críti-
da em 1950. Apesar de não constituir um movimento revolucionário, ca da Identidade se designa por ão-Identidade no âmbito do conhe-
não possuir um discurso sociológico nem ser sequer uma escola filosófica, cimento. Portanto, servindo-se da matéria da dialéctica, Adorno tenta
os seus teóricos investigaram, através de um método a que chamaram destruir a teoria da Identidade, «pois ela representa o tornar-se seme-
«Teoria Crítica», matérias como a filosofia, a sociologia e a análise política lhante». ão é só com a «Teoria Crítica» que a Identidade é atacada,
à luz de uma filosofia social. Impulsionada por Marx Horkheimer, que mas simultaneamente com a própria lógica matemática, que
teve como seguidores Theodor Adorno, Walter Benjamin, Marcuse, corresponde a uma outra filosofia. Esta crítica, teoricamente, é uma
Habermas e, mais recentemente, nos EUA, Hal Foster e Frederic [ameson, história filosófica complexa, por estar já na origem do existencialismo
a Escola de Frankfurt segue uma análise próxima do marxismo e liga-se apresentado por Kierkegaard, conforme Adorno afirma em 1929/1930.
à psicanálise de Freud, inter-relacionando estas duas teorias. Aquelas Simplificando um pouco estes confrontos, podemos dizer que o
três matérias (filosofia, sociologia e análise política) são complementa- positivismo e o pragmatismo modernos representam a separação en-
res em críticas à vida quotidiana e sem elas não se podem generalizar os tre a exigência científica do saber e a procura da verdade e quando se
aspectos condutores da acção humana. Ao mesmo tempo, libertam as coaduna com a metafísica, não é mais do que a «união do empirismo
pressões, em particular as impostas pelas frustrações registadas no in- com a lógica matemática».
consciente, porque constituem análises críticas epistemologicamente Querendo a «Teoria Crítica» negar as teorias positivistas empíricas,
diferentes das teorias das ciências naturais, pois estas são objectivas e as que são baseadas nas manifestações artísticas da semiologia/semiótica
teorias críticas propostas são reflexivas, dando às manifestações da vida ou do estruturalismo e pós-estruturalismo, estamos a entrar numa área
social e cultural um conhecimento e uma emancipação, tornando-se, da filosofia para compreendermos a superstrutura da arte. Isto quer di-
deste modo, uma crítica ao neopositivismo. O pensamento neopositivista zer que os positivistas-empiristas não conseguem tirar das suas próprias
considera as proposições matérias verdadeiras ou falsas, possuindo con- concepções científicas um conhecimento do que é o trabalho científico
teúdos cognitivos que podem ser avaliados exclusivamente no âmbito inserido na vida social. É por isso que os teóricos da Escola de Frankfurt
racional e só verificáveis cientificamente. É neste âmbito que a Escola de afirmam que o homem, que hoje baseia o seu pensamento na matemáti-
Frankfurt observa como é que o neopositivismo se defronta com a crítica ca como ciência concreta, não só não se conhece a si próprio como não
científica e a própria crítica positivista. conhece a sociedade que representa. Para compreendermos a «Teoria
Crítica» é necessário, em primeiro lugar, saber o que são as ciências sociais
«Por essa razão, o positivismo não é um obstáculo particular ao de-
senvolvimento da ciência natural, mas é uma séria ameaça aos princi- que irão contribuir para a análise do processo dessa Crítica. Estas ciências
pais veículos de emancipação humana, as teorias críticas. Uma meta sociais não possuem o carácter materialista dialéctico de Marx, mas es-
básica da Escola de Frankfurt é a crítica ao positivismo e a reabilitação tão de acordo com estudos elaborados pelos teóricos de Frankfurt, em
da "reflexão" com uma categoria de conhecimento válido.» 1930, por Horkheimer, em 1950, por T Adorno, e, em 1980, por Habermas.
in Teoria Crítica de Hubermas e a Escola de Fmnkiur), Em 1952, Adorno considera que a sociologia corresponde ao eixo crítico
de Raymond Geuss, Edições Papirus, pág. 9 da Escola de Frankfurt e que a filosofia crítica e a tendência sociológica
se interligam. Mais tarde, nos anos 80, Habermas afirma que é a teoria
Uma das investigações fundamentais desta Escola incide sobre a da sociologia crítica que deve propor a concepção crítica, estando a psica-
crítica à Identidade. A «Teoria Crítica» expõe também a análise do nálise ao serviço da psicologia social, fazendo uma viragem ao pós-estrutu-
racionalismo na filosofia contemporânea, oriunda do pensamento irra- ralismo de Lacan do inconsciente individualista.

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Entretanto, em 1940, Horkheimer e Adorno opõem-se ao «revisionismo uma atitude pouco cultural, que resulta numa «solidão» e não numa apreci-
neofreudiano» socializando a clareza do carácter das pessoas por meio do ação artística fecunda. O que põe em causa o valor do «gozo» estético dado
humanismo. É uma viragem antropológica através da dialéctica, contrá- pela hermenêutica e pela história de arte, como se verificava antes da
rio ao pessimismo do pós II Guerra Mundial, pretendendo fazer renascer I Guerra Mundial e que correspondia a um dos temas principais da psi-
uma esperança. Assim, a psicanálise deixa de ser uma filosofia irracional, cologia da teoria da Arte, exposta por Bertolt Brecht na literatura, criti-
como Adorno a denomina em 1927, quando o carácter «transcendental» e cando a atitude do modernismo desregrado substituindo-o por uma
social não estavam agrupados. É evidente que foi um acto que pretendia reflexão crítica e pelo prazer estético transmitido pela obra.
juntar a área do inconsciente à área histórica. Chega-se assim, pela crítica Para estudar a estética da egatividade de Adorno na arte moderna
e pela utopia, à psicanálise, através da qual a teoria crítica faz com que o e contemporânea, devemos saber que o prazer estético se distingue do pra-
marxismo se apresente com uma outra importância, dando uma nova di- zer sensorial pela percepção, pela distância estética entre o sujeito e o objecto.
mensão à filosofia da história, valorizando a subjectividade destas e con- Adorno parte de um esquema social denunciando a especulação por
siderando a psicanálise uma abertura às teorias da massificação da socie- razões conceptuais e pelo seu poder, o que nega a validade da arte, sen-
dade. É segundo estes princípios que Adorno considera o materialismo do necessário para contrariar esta situação uma prática de realização
marxista como uma «Tónica», para estudar a dialéctica das diferenças sem com uma finalidade (Praxis), contrariando-se o método do consumismo
destruir as ideias de Marx sobre exploração, mais-valia, proveito, ou a arte mercantil pela prática social e estabelecendo-se uma fusão dos
pauperização e queda, que devem ser matérias para transformação e cor- esquemas sociais com uma nova tese autónoma de pensamento que con-
recção da sociedade, interpretando o marxismo não como uma doutrina, traria as relações da dominação da arte pela arte. Esta autonomia de
reflexo do interesse do «proletariado», por considerar que este não tem consumo limita a arte como domínio superior sem finalidade e domínio
uma perfeita consciência do materialismo dialéctico. O sujeito social do inferior como utilidade. Ao repensar a estética da Negatividade até aos
trabalho e da prática é mais do que uma atitude tecnológica e instrumen- anos 50 pretende-se restaurar a função da comunicabilidade da arte e,
tal visto, para Adorno, o marxismo ser uma ideologia de «encantamento» simultaneamente, contribuir para a sua função criadora de normas. Para
como se fosse uma mercadoria e um poder e não um «encantamento crí- isso, ela tem uma aproximação prática que tenta sublinhar a teoria crítica
tico». É nesta base que Adorno observa a não-unidade destes conceitos como uma pura teoria, denunciando a especulação das diversas tendên-
numa posição negativa da sua globalidade, proposta que, para muitos, é cias, visto estas fazerem em parte a articulação com as teorias da
considerada um sistema crítico IDEALISTA. subjectividade e com a dependência do estado da sociedade política do
A Escola de Frankfurt, através das análises teóricas de Adorno, estu- momento. Dados estes condicionalismos, hoje torna-se imperioso ser
da as condições artísticas do modernismo ligadas à indústria cultural crítico e examinar as condições de intervenção artística e ao mesmo tempo
que a burguesia, a partir das décadas de quarenta e cinquenta, começou verificar como se expressam na prática.
por considerar como um imenso valor, relacionando-a com a intelec- Como complemento, salientemos que a não evidência da arte é
tualização. Adorno mostra-nos que essa intelectualização, no fundo, não consequência de uma oposição à ideia da sua essência ser independen te
incrementa as qualidades artísticas, mas transmite uma maior informa- da situação histórica e resultado de uma situação social extremamente am-
ção em geral, favorecendo também os interesses económicos dos inter- bígua, que nos leva a questionar se arte se situa fora da realidade social,
mediários através do consumo. Esta situação é consequência da burguesia inseri da nas oposições ideológicas dominantes, ou se opõe totalmente a
pretender aplicar o dinheiro como investimento e, ao mesmo tempo, esse meio. Por isso, Adorno considerava que a «Teoria Crítica», se não
mostrar o seu poder econômico adquirindo obras dos artistas mais des- resolve estas interrogações, pelo menos tenta resolvê-Ias levantando ou-
tacados pela crítica, opondo-se aos princípios culturais de Adorno, que tras mais evidentes. Assim, a teoria crítica, mesmo aparentemente neutra,
pretendia que a arte fosse simples, despida dessa ostentação burguesa a coloca os problemas num campo socioeconómico, levantando várias
fim de anular esse consumo. Assim, chamou a toda esta concepção es- questões, conforme o marxismo psicanalítico propõe no seu sistema crítico,
tética, a estética da negatividade, por esse consumo artístico corresponder a tema a que voltaremos na última parte deste ensaio.

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Entendemos que não devemos prosseguir a análise dos métodos da Hal Foster, na via do pensamento mais recente da Escola de Frankfurt, o
semiologia semiótica como matéria representativa dos símbolos de gru- importante é o Sujeito, como História e a sua identidade. Deste modo,
po e dos meios de produção, sem relembrar que as teorias marxistas critica o Sujeito que se manifesta no espaço cultural numa tendência de
psicanalíticas de Theodor Adorno nos conduzem à aceitação da vanguar- pesquisa individual das suas dúvidas e problemas provocados pelas con-
da, visto os seus princípios serem próprios das condições contemporâ- dições sociais, perdendo os seus sentimentos de solidariedade e adqui-
neas representativas da arte da sociedade burguesa. Estas condições, rindo tendências esquizofrénicas. Esta situação é pesquisada na área da
embora estejam relacionadas com as teorias dialécticas, opõem-se às psicanálise por Freud e Lacan e nos aspectos sociais por Sartre, Merleau-
vanguardistas «clássicas» contemporâneas de G. Lukács por considera- -Ponty e Roland Barthes. Em qualquer dos períodos que Hal Foster esta-
rem o seu carácter realista estético como uma tendência decadente e belece, a tecnologia não é separada do método hermenêutico positivo,
conservadora. Para Adorno, a vanguarda surge como uma estrutura so- pois este envolve a descoberta e a técnica da resolução dos problemas,
cial relativa ao momento em curso. Esta matéria, bem complexa e cheia usando o raciocínio e a experiência do passado. Assim, como já referi-
de conflitos, é mencionada aqui apenas para se poder definir o percurso mos oportunamente nos capítulos referentes às proposições, classes e
das tendências culturais do século xx. valores, as imagens/signos dos anos 30 correspondem às imagens
mecanicistas e fenomenológicas de Le Corbusier e Mies van der Rohe,
retratando as condições tecnológicas e artísticas deste período
4. 1. Leitura dos princípios dos meios de produção neopositivista. Relativamente aos anos 60, a actividade cultural possui
novos códigos, o que leva Foucault a dizer que o Homem se desfaz num
A teoria do relacionamento dos objectos artísticos com os meios de enigma, Lacan a afirmar que a sexualidade e o inconsciente fragmen-
produção, específico de cada momento histórico, investigada pela Esco- tam o Homem e Roland Barthes a sustentar que as condições sociais
la de Frankfurt na segunda metade do século xx, tem vindo a esclarecer provocam a ruína do Artista como humanista. Em suma, estes três teóri-
que esse relacionamento é feito predominante na criação do signo/ima- cos mostram-nos o despedaçar do Sujeito, efeito que é consequência da
gem. Nessa via, os teóricos Hal Foster e Frederic lameson baseiam-se no
intromissão das forças dominantes dirigidas pelo capital. Para os anos
economista Ernest Mandei e na sua esquematização dos últimos cento e
90, Hal Foster, na sua esquematização da sociedade do século xx e das
cinquenta anos, em períodos de 50 anos, ligados às etapas tecnológicas
suas imagéticas, considera que este período é assinalado por duas im-
do sistema económico da civilização burguesa. Para Mandei esses três
portantes influências que se irão reflectir uma na subjectividade, na se-
períodos são: 1848/1900 - capitalismo de mercado; 1900/1950 - capitalis-
xualidade e na tecnologia, dando origem ao nascimento de múltiplas
mo monopolista; 1950/2000 - capitalismo multinacional.
culturas, onde o Sujeito está relacionado com as dinâmicas do capital e
Aplicando esta esquematização à literatura, e mantendo as mesmas
designações para os mesmos períodos, [arneson acrescenta também: as transformações das coisas e as fragmentações do quotidiano físico
1848/1900 - o individualismo pragmático do período realista; 1900/1950 e económico; a outra, no paradoxo da relação do pensamento entre a
razão e a irracionalidade, bem como no ressurgir dos valores super-
- a abstracção subjectiva como resposta à complexidade da vida buro-
dominantes das etnias.
crática, e 1950/2000 - o pastiche como um sentimento dos espaços e das
formas. Quanto a Hal Foster, propõe outra divisão classificadora das
manifestações tecnológicas e culturais em etapas correspondentes aos
Produção inâustrializad» liberal burguesa
anos 30, aos anos 60 e anos 90: anos 30 - civilização mecanicista; anos 60
- a ruptura com o Sujeito, definida por Michel Foucault e Roland Barthes,
Definiram-se, de um modo geral, os princípios das mensagens dos
e anos 90 - a liberdade da electrónica e do ciberespaço. signos e dos seus valores através do sistema semiótico, ou da semiologia,
Relativamente às esquematizações de Ernest Mandei e Frederic nas décadas de trinta a sessenta. Contudo, a análise desta tendência teó-
Jameson, elas possuem em comum a tecnologia e os meios de produção rica ficou incompleta por não termos referido outras teorias que englo-
como elemento coordenador dos signos, numa perspectiva marxista. Para

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baram a fase económica e social da produção deste período histórico, o 158 apartamentos. Também Paul Rudolph projectou junto ao rio Hudson,
que iremos, resumidamente, fazer de seguida. Ao inventariarmos essa nos EUA, o Centro de Artes Gráficas, num conjunto de torres constituin-
hermenêutica positiva, temos um conjunto imagético dos finais daque- do uma verdadeira cidade de casas/células pré-fabricadas, com cerca de
le período, referente às classes tipológicas de habitações, que demons- 3000 fogos.
tram claramente os condicionamentos das ideias e os percursos do perío-
do capitalista, que se desenvolveu numa estruturação paralela em vários
países. Atingiu-se um nível bastante elevado quanto ao número de cons- Agrupamento em células - construção industrializada
truções habitacionais realizadas e quanto às investigações sobre a rapi-
dez em obra, projectando-se áreas urbanas de grande qualidade, numa Como exemplos bem significativos, referimos seguidamente algumas
resposta ao aumento demográfico e à necessidade de reconstrução das obras que marcaram a imagética deste período:
zonas devastadas pela II Guerra Mundial, o que levou os governos a
programarem sistemas de produção e proporcionarem condições, no- Jorn Utzon
meadamente meios financeiros, para as cooperativas poderem desen- - Ópera de Sydney - Austrália (construída) -1957/1967.
volver a sua acção neste campo. Surgiram, então, várias grandes empresas Segundo afirma Siegfried Giedion, Jorn Utzon é o sucessor de Le
construtoras, utilizando novas tecnologias em vastas zonas urbanas, or- Corbusier. O edifício da Ópera é um jogo de luz e movimento, que faz
ganizadas em macro-objectos, em particular nos países do mundo in- dela algo vivo, como se fosse uma igreja gótica.
dustrializado. Empresas como Camus, Coignet e Balancy fabricam, cada Mo he Safdie
uma, cerca de 1500 a 2000 fogos por ano, e outras, como Barets, Estiot e - Habitat 67 (primeira fase) Montreal (construída) -1964/1967.
Trocoba, com uma produção menor, mesmo assim de 300 apartamentos Construção pré-fabricada pesada - Industrializada, numa continua-
por ano, em países com menos poder económico e em áreas urbanas de ção do conceito de «caixas» de Le Corbusier, possuindo uma filosofia
menores dimensões. fenomenológica.
É um período histórico, onde o Estado ainda colabora como entida- - Habitat de ova Iorque - EsquemaII - Projecto 1968.
de coordenadora e disciplinadora a nível do planeamento, não se res- Concepção em pirâmide/torre.
ponsabilizando, contudo, pela resolução das crises do problema - Habitat Porto Rico - Projecto 1968/1971.
habitacional. Mas esta situação agrava-se nos anos seguintes com o de- Faz a adição da construção com o sítio, numa forma piramidal.
saparecimento da intervenção estatal, com excepção da União Soviética - San Francisco State College Union - Projecto 1968/1969.
e da Checoslováquia. Durante esta época a tecnologia construtiva, que Agrupamento de células.
inicialmente era constituída por painéis pré-fabricados pesados, passou
a utilizar o sistema da chamada construção em «caixas» ou células.
Criam-se modelos habitacionais que se repetem centenas de vezes com Metabolismo Japonês
o objectivo de se obterem soluções o mais económicas possíveis. Em face
de toda esta inovação tecnológica e da comercialização, consequência Kisho oriaki Kurokava
da oferta e da procura, coube ao arquitecto encontrar no seu imaginário - Plano urbano para Tóquio - Torres «helicoidais» - Maqueta e
signos dignificantes, que ainda hoje são considerados exemplos cultu- esboceto -1961.
rais. O arquitecto israelita Moshe Safdie aplicou pela primeira vez estes - Pavilhão, Toshiba - Expo 70 - Osaka - 1968/1970 (construído).
princípios em células para a Exposição Universal de 1967, em Montreal, A estrutura é fabricada numa variante das células tetraédricas de
no Canadá. Aquelas células, de várias tipologias habitacionais, possuíam Alexander Graham Bell.
áreas entre os 56 m- e os 170 mZ e formavam um sistema de diversas - Cápsula - vivenda da Expo 70 (não construída) - Osaka - 1968/
pirâmides agrupadas num todo de expressão aberta fluida, contendo /1970.

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_ Cápsula - escritório Bc-25 - Ginza - Tóquio -1970. Torre com 140 - Walking Cities, Ron Herron -1964.
cápsulas, agrupadas em espiral. - Living Pod, David Greene -1966.
- Plug-in-Tower, Warren Chalk - 1964. Este estudo é constituído
Kujanori Kikutake , . por um conjunto de cápsulas habitacionais envolvendo um eixo que
_ Projecto de civilização marinha (três versões, não construídas): CI- contém as comunicações verticais. estas cápsulas, a expressão formal
dade Marinha (1958), Cidade Torre (1959), Cidade do Oceano (1960). Estes dos espaços, o dimensionamento destes e o seu equipamento (cozi-
projectos inspiram-se na sagrada «coluna do céu» que se enco~tra nos nhas, instalações sanitárias e mobiliário geral) é concebido à semelhança
Santuários de Izumo e Ise. Foi a primeira proposta metabolista de Kikutake. dos módulos lunares, no âmbito de uma tecnologia altamente sofisti-
Combinou o tema coluna/torre com a visão utópica de uma civilização cada.
marinha que revitalizasse o factor oceano na consciência japonesa. As tor- - Centro de Recreio Mónaco-Monte Carlo- (concurso) -1969. Peter
res têm em comum um eixo central oco. De referir, também, a torre de Cook e outros (não construído). Este objecto prevê-se enterrado, não
Osaka, construída para a Expo 70, a qual possui cápsulas de alumínio prejudicando o ambiente natural paisagístico, uma vez que a sua gran-
poliédricas salientes, numa versão mais genuína das unidades separáveis. de cápsula central de betão armado era coberta por uma lomba artificial
de terra. O espaço interior podia ser alterado e organizado de acordo
Arata Isozaki - (Era da Electrónica e Ciberespaço) com as actividades que se realizassem (hóquei sobre o gelo, conferências,
_ Cidade Espacial, 1962 (não construída). As raízes aéreas (braços ond.e espectáculos, etc.). Este projecto previu serviços mecânicos, à base de
se situam as habitações) imitam a combinada carpintaria japonesa tradi- robôs, cápsulas e apoios móveis.
cional. - Proposta urbanística para Inglaterra, Plug-in-City - Peter Cook -
_ Festival Plaza - Expo 70 - Osaka -1968/1970 (colaboração com Kenzo 1964.
Tange). Isozaki concebeu uma versão consideravelmente mais compli- O grupo Archigram considera a cidade como um sistema complexo
cada do que a de Peter Cook para o Centro de Recreio de Mónaco, incl~- de malha quadrada e cúbica disposta diagonalmente, que constitui o
do o robô que tinha capacidade para converter em realidade as fantasias suporte estrutural de uma série de objectos cónicos contendo as células
mais extravagantes do Archigram. residenciais, de altura variável entre os 280 e 290 metros.

KenzoTange Frei Otto


_ Estádio de Basquetebol- Tóquio -1964. As suas obras são realizadas utilizando coberturas suspensas com uma
_ Palácio dos Desportos - Takamatsu - 1965. estrutura em forma de tenda, destacando-se de entre elas:
- Quatro pavilhões - tenda para a Exposição de Horticultura Inter-
Archigram. . .
Associação de indivíduos unidos por «interesses e antipatias», con~- nacional- Hamburgo - 1963.
tituída, em 1961, por Peter Cook, Mike Webb e David Gree~e que, mais - Cinco grandes tendas para a Exposição Nacional Suíça - Lausana-
tarde, agregaram outros arquitectos. Poucos dos seus. p!oJectos fo~am 1964.
concretizados em construção, mas as numerosas exposlçoes que realiza- - Pavilhão da Alemanha - Expo 67 - Mon treal.
ram testaram as reacções públicas, as quais, de um modo geral, foram - Coberturas para o complexo desportivo dos Jogos Olímpicos de
favoráveis. Estes projectos de conjuntos habitacionais propu~h~ f~)f- Munique -1972 (Futebol, atletismo e natação).
mas imagéticas de «não edifício», que libertaria o homem das lirrutaçoes
do edifício monumental.
_ Torre de Exposições para Montreal (não construída), ,P~ter Coo~,
1964. A imagética deste edifício mostra afinidades com deposItos de gas
e torres de destilação de petróleo.

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OS ESQUEMAS - DESCONTINUIDADES PÁTIOS

Chiswick Villa (Kent, -Desiqns of Inigo Jones-, 1727)


·-1
I
Robert Venturi, Newcastle County (Del.), 1978

SI. Paul, de Wren


_.J
CRISTIAN DE PORTZANPARC - PÁTIOS- I - Concurso de La Roquette

ríes Moore
.ersicade
:alitórnia - 1973
o

Siza Vieira
P~vilhão Carlos Ramos (Porto)
Palio

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~a Vieira
=aculdade
:e Arquitectura (Porto)
::>álio
Janela - Lago - Jardim
Charles Moore
5. CLASSES LINGUÍSTICAS

5. 1. Elementos tipológicos

uma outra abordagem do conceito de classe e retomando à análise


estruturalista, apresentaremos agora a sua divisão em tipologias linguís-
ticas e históricas.
A tipologia corresponde a uma teoria metodológica de informação
que pode ser empírica, onde existe um formalismo de investigação sub-
jectiva, ou uma matéria sócio-humanista possuindo um sentido crítico
dos elementos que se investigam para obtermos uma situação diacrónica
do objecto. A história da tipologia pode considerar-se, nos últimos dois
séculos, dividida em três fases de significados:
A primeira concebia a arquitectura como uma imitação da ordem
Quarteirão/Pátio/Rua fundamental da própria natureza e aliava a rusticidade primitiva da
Rob Krier - Viena
cabana a um ideal de geometria perfeita, definida por Newton como o
príncipio director do universo físico. A partir do século XIX,
Quatrernêre-de-Quincy, Durand, Viollet Le-Duc, Ruskin e Semper,
pressupunham que a tipologia tinha um carácter atemporal relativa-
mente aos factores históricos e universais, aplicando-se, pois, em qual-
quer sociedade. Dentro deste grupo, J. . Durand teve um papel
sintetizador das duas correntes nascidas da tipologia orgânica. Os seus
projectos tipológicos eram desenhados sobre quadrículas numa sim-
plicidade de elementos compositivos. A sistematização dos diferentes
tipos de edifícios resulta de combinações e permutações, tendo como
base o Pártenon, o Panteon, o Circo Romano, a ViIla Rotonda, os pátios
do Escorial, etc.
No Movimento Moderno, da segunda fase tipológica, fazia-se
corresponder um conjunto de necessidades, sintetizando no termo
FUNÇÃO um sistema coordenado de proporções físicas de espaço. Neste
sentido, o período funcionalista - dos anos 20 aos 50 - fornece elemen-
tos de princípios ou regras úteis para análise e classificação, a fim de
definir os objectos arquitectónicos. A sua aplicação, num sistema de con-
tinuidade correspondente, produz-se de inúmeras maneiras e é subme-
tida à lei darwiniana da selecção, segundo as capacidades funcionais.
Os edifícios representam máquinas, servindo e modelando as necessi-
dades humanas, segundo critérios económicos. Estas duas tipologias ti-
nham uma base comum: assentavam em conceitos estéticos compositivos
e teorias formais, exteriores ao conceito da própria arquitectura.

147
Quarteirão/Pátio/Rua
Rob Krier - Viena

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