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1 INTRODUÇÃO

1.1 Introdução a segurança com eletricidade

A Norma Regulamentadora n° 10 é uma norma do Ministério do Trabalho e


Emprego que estabelece as medidas de controle, os sistemas preventivos, as técnicas e
práticas de serviços relacionadas a serviços realizados em instalações elétricas e nos
serviços com eletricidade. O objetivo dessa norma é garantir a segurança e a saúde
daqueles que realizam esses serviços e mesmo dos consumidores finais.
Quando falamos no setor elétrico, referimo-nos normalmente ao Sistema
Elétrico de Potência. Definido como o conjunto de todas as instalações e equipamentos
destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, inclusive o sistema
de medição. Nessa definição estão inseridos todos os locais onde existe o trabalho junto
à energia elétrica ou locais energizados.

Figura 1: Sistema elétrico de potência.


A segurança com a eletricidade é importante devido aos perigos inerentes a essa
força da natureza. Acidentes no setor elétrico podem ocasionar desde leves ferimentos,
até mesmo a morte das pessoas envolvidas. Essa parte do treinamento apresenta ao
aluno o sistema elétrico, seus componentes, os métodos de distribuição e manutenção
nas linhas elétricas.
A única maneira possível para nos assegurar de que nunca iremos sofrer um
acidente com eletricidade, é nos abster completamente do uso da energia elétrica. É
verdade, que a vida sem a luz elétrica seria muito difícil e diferente, pois não iria existir

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televisão, rádio, geladeira, iluminação artificial, trens, elevadores e a maioria dos itens
que fazem parte da nossa vida cotidiana.
Se o homem não tivesse descoberto como utilizar a energia elétrica de forma
relativamente segura, ficaria até difícil de imaginar como seria a nossa sociedade, hoje,
extremamente dependente das facilidades proporcionadas pela eletricidade.
A eletricidade está presente na natureza (raios, eletricidade estática), e também
no nosso corpo, pois os neurônios do nosso cérebro funcionam através dos impulsos
elétricos. O funcionamento do coração e dos outros músculos no nosso organismo,
também é regulado por meio de impulsos elétricos.
A eletricidade está presente no cerne da matéria, pois os átomos são constituídos
por elétrons (carga negativa), prótons (carga positiva) e por nêutrons (sem carga
elétrica). Os prótons e nêutrons constituem o núcleo de átomo.
Qualquer material que permita que a carga elétrica se desloque através dele é
denominado condutor de eletricidade.
Podemos definir corrente elétrica, como o movimento ordenado de elétrons. A
sua unidade de medida é o Ampére (A).
A oposição que a corrente encontra para a sua circulação é chamada de
resistência elétrica, e sua unidade é o Ohm.

1.2 Riscos em instalações e serviços com eletricidade.

Hoje em dia, com o domínio da ciência da eletricidade, o ser humano usufrui de


todos os seus benefícios. Construídas as primeiras redes de energia elétrica, tivemos
vários benefícios, mas apareceram também vários problemas de ordem operacional,
sendo o mais grave o choque elétrico. Atualmente os condutores energizados perfazem
milhões de quilômetros, portanto, aleatoriamente o defeito (ruptura ou fissura da
isolação) aparecerá em algum lugar, produzindo um potencial de risco ao choque
elétrico.
Sempre há alguém perto do defeito, e o acidente é inevitável. Portanto, a
compreensão do mecanismo do efeito da corrente elétrica no corpo humano é
fundamental para a efetiva prevenção e combate aos riscos provenientes do choque
elétrico.
Em termos de riscos fatais, o choque elétrico, de um modo geral, pode ser
analisado sob dois aspectos:

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 Correntes de choques de baixa intensidade, provenientes de acidentes
com baixa tensão, sendo o efeito mais grave a considerar as paradas cardíacas e
respiratórias;
 Correntes de choques de alta intensidade, provenientes de acidentes com
alta-tensão, sendo o efeito térmico o mais grave, isto é, queimaduras externas e internas
no corpo humano.

Figura 2: Queimaduras com choque elétrico.

1.2.1 Choque elétrico.

O choque elétrico é um estímulo rápido no corpo humano, ocasionado pela


passagem da corrente elétrica. Essa corrente circulará pelo corpo onde ele tornar-se
parte do circuito elétrico, onde há uma diferença de potencial suficiente para vencer a
resistência elétrica oferecida pelo corpo.
Embora tenhamos dito, que o circuito elétrico deva apresentar uma diferença de
potencial capaz de vencer a resistência elétrica oferecida pelo corpo humano, o que
determina a gravidade do choque elétrico é a intensidade da corrente circulante pelo
corpo. O caminho percorrido pela corrente elétrica no corpo humano é outro fator que
determina a gravidade do choque, sendo os choques elétricos de maior gravidade
aqueles em que a corrente elétrica passa pelo coração.
O choque elétrico pode ocasionar contrações violentas dos músculos, a fibrilação
ventricular do coração, lesões térmicas e não térmicas, podendo levar a óbito como
efeito indireto as quedas e batidas, etc.
A morte por asfixia ocorrerá, se a intensidade da corrente elétrica for de valor
elevado, normalmente acima de 30 mA e circular por um período de tempo

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relativamente pequeno, normalmente por alguns minutos. Daí a necessidade de uma
ação rápida, no sentido de interromper a passagem da corrente elétrica pelo corpo.
A morte por asfixia advém do fato do diafragma da respiração se contrair
tetanicamente, cessando assim, a respiração. Se não for aplicada a respiração artificial
dentro de um intervalo de tempo inferior a três minutos, ocorrerá sérias lesões cerebrais
e possível morte.

Figura 3: Exemplo de respiração artificial.


A fibrilação ventricular do coração ocorrerá se houver intensidades de corrente
da ordem de 15 mA que circulem por períodos de tempo superiores a um quarto de
segundo. A fibrilação ventricular é a contração disritimada do coração que, não
possibilitando desta forma a circulação do sangue pelo corpo, resulta na falta de
oxigênio nos tecidos do corpo e no cérebro.
O coração raramente se recupera por si só da fibrilação ventricular. No entanto,
se aplicarmos um desfribilador, a fibrilação pode ser interrompida e o ritmo normal do
coração pode ser restabelecido. Não possuindo tal aparelho, a aplicação da massagem
cardíaca permitirá que o sangue circule pelo corpo, dando tempo para que se
providencie o desfribilador.

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Figura 4: Exemplo de desfibrilador.

Figura 5: Exemplo de técnica de massagem cardíaca.


Além da ocorrência destes efeitos, podemos ter queimaduras tanto superficiais,
na pele, inclusive nos órgãos internos.
Os seguintes fatores que determinam a gravidade do choque elétrico:

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- percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;
- intensidade da corrente elétrica;
- tempo de duração;
- área de contato;
- freqüência da corrente elétrica;
- tensão elétrica;
- condições da pele do indivíduo;
- constituição física do indivíduo;
- estado de saúde do indivíduo.
A figura abaixo demonstra os caminhos que podem ser percorridos pela corrente
no corpo humano.

Figura 6: Percurso da corrente elétrica.

1.2.2 Arcos elétricos, queimaduras e quedas.

Dentre os riscos oferecidos pela eletricidade, o arco elétrico destaca-se como um


dos mais danosos aos trabalhadores. Em função da grande quantidade de energia
liberada e das altas temperaturas geradas por esse fenômeno, os trabalhadores podem
sofrer queimaduras graves com potencial, inclusive, para levá-los a óbito.

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Figura 7: Exemplo de queimadura com arco elétrico.

Além disso, os efeitos do arco elétrico são ainda mais amplos, pois, na sua
ocorrência, são gerados vapores metálicos tóxicos, projeção de metal fundido, luz
extremamente intensa e uma onda de pressão devido à expansão do ar.
Estatísticas do setor elétrico revelam que a ocorrência de acidentes com arco
elétrico vem diminuindo nos últimos anos. Contudo, todos os anos ainda ocorrem uma
quantidade significativa de acidentes envolvendo esse fenômeno.
A natureza do arco elétrico:
Um arco elétrico caracteriza-se pela passagem significativa de corrente elétrica
por um material normalmente não condutivo, como o ar, movimentando-se a altas
velocidades (aproximadamente 100 m/s).
As falhas que originam um arco elétrico estão associadas, em geral, a curtos-
circuitos (entre fases e fase-terra), sendo que a maioria dessas faltas é iniciada por meio
de um curto-circuito fase-terra, evoluindo rapidamente para um curto-circuito trifásico.
Os arcos elétricos produzem calor intenso, causam explosões, ondas de pressão,
entre outros efeitos, representando riscos aos trabalhadores expostos a esse fenômeno.
A junção de todos esses efeitos ocorridos durante um arco elétrico apresenta,
entre outros, os seguintes riscos para os seres humanos:
• Queimaduras;

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Figura 8: Exemplo de queimadura por eletricidade.
• Traumatismos cranianos;

Figura 9: Queda devido a choque elétrico.


• Esmagamento dos pulmões;
• Perda de membro;
• Surdez;
• Ferimentos resultantes de estilhaços;
• Fraturas ósseas;
• Cegueira;
• Cataratas;

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• Morte.
Alguns procedimentos que podem ajudar a nos protegermos dos arcos elétricos
são:
 Os dispositivos e equipamentos que podem gerar arcos durante a
operação devem ser inspecionados e instalados de forma a garantir a
segurança do trabalhador;
 O trabalhador deverá usar vestimentas que protejam do arco elétrico;
 Não deverá utilizar roupas de nylon, pois podem queimar e ficar
agarradas na pele do trabalhador;
 Sistemas de intertravamento;
 Fechaduras com chave não intercambiáveis;
 Coberturas sólidas ou barreiras ao invés de coberturas ou telas;
 Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos;
 Emprego de dispositivos limitadores de corrente;
 Usar EPIS (equipamentos de proteção individual) e roupa de proteção
adequada.

Figura 10: Exemplos de EPIS (Equipamentos de Proteção Individual) para arcos


elétricos.

1.2.3 Campos eletromagnéticos.

Os campos eletromagnéticos são uma espécie de linhas de força invisíveis. Onde


existir corrente elétrica haverá campos eletromagnéticos. O normal de um campo
magnético é ter uma medição até um micro tesla. Vivemos em contato com o campo
eletromagnético o tempo todo.

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Ao falarmos ao telefone, ao utilizarmos o micro-ondas, ficamos expostos ao
campo eletromagnético dos aparelhos elétricos. Existem estudos que dizem que os
efeitos colaterais do campo eletromagnético afetam o corpo humano. Os campos
eletromagnéticos podem causar nos seres humanos: alterações em válvulas cardíacas,
em marca-passo, derrame, queimaduras, catarata.
Os cientistas ainda estão estudando outras possibilidades de doenças como:
perda de memória, cansaço, mudanças genéticas, Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson,
cânceres, leucemia, redução de fertilidade e impotência. Os trabalhadores que tiverem
próteses metálicas, pinos, encaixes, articulações metálicas, devem ter uma atenção
especial com o campo eletromagnético, pois a radiação emitida promove aquecimento
intenso nos elementos metálicos, podendo provocar necroses ósseas. Já àqueles que têm
marca-passo ou aparelhos auditivos, poderão ter um mau funcionamento dos mesmos.
A radiação eletromagnética é transmitida através das diversas fontes abaixo:
 Linhas de transmissão
 As estações de rádio e de TV,
 O sistema de telecomunicações à base de micro-ondas,
 Lâmpadas artificiais,
 Corpos aquecedores.

Figura 11: Campo magnético.

1.2.3.1 Campos eletromagnéticos das linhas de transmissão e


distribuição.

Os campos eletromagnéticos das linhas de transmissão e de distribuição são mais


perigosos e extensos, portanto existe uma faixa de segurança no trajeto destas linhas que
devem ser respeitadas.
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No Rio de Janeiro esta faixa é desrespeitada e existem linhas que passam
exatamente por cima de casas, expondo os moradores a extremo perigo de contato com
o campo eletromagnético.
As casas nas proximidades das linhas de transmissão acarretam um grande
problema para os moradores, pois eles ficam 24 horas expostos ao intenso campo
eletromagnético e com o passar do tempo muitos podem desenvolver diversas doenças
como anemias, leucemias e cânceres.

Figura 12: Linhas de transmissão.

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