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Searadosmediuns
Searadosmediuns
com
Edgar Degas
A praia com barcos a vela
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Conteúdo resumido
Amigo leitor:
A Doutrina Espírita, em seu primeiro século, assemelha-se,
de algum modo, à árvore robusta espalhando ramaria, flores,
frutos e essências, em todas as direções.
Que princípios afins se lhe instalem nos movimentos, à
maneira de aves tecendo ninhos transitórios nos galhos de tronco
generoso, é inevitável; contudo, que os lavradores do campo lhe
devem fidelidade e carinho, para que as suas raízes se
mantenham puras e vigorosas, é outra proposição que não sofre
dúvida.
Assim pensando, prosseguimos em nossos comentários
humildes1 da Codificação Kardequiana, apresentando, neste
volume, o desataviado cometimento que nos foi permitido
atender, no decurso das 90 reuniões públicas, nas noites de
segundas e sextas-feiras, que tivemos a alegria de partilhar junto
dos irmãos uberabenses, em 1960, na sede da Comunhão Espírita
Cristã.
Dessa feita, "O Livro dos Médiuns", que justamente agora,
em 1961, está celebrando o primeiro centenário, foi objeto de
nossa especial atenção.
Os textos em exame foram escolhidos pelos companheiros
encarnados, em cada reunião, e, depois dos apontamentos verbais
de cada um deles, articulamos as considerações aqui expressas
que, em vários casos, fomos compelidos a deslocar do tema
proposto, à face de acontecimentos eventuais, surgidos nas
assembléias.
Algumas das páginas, que ora reunimos, foram publicadas em
"Reformador", o respeitado mensário da Federação Espírita
Brasileira, e no jornal "A Flama Espírita", da cidade de Uberaba.
Esclarecemos, porém, que, situando aqui as nossas apreciações
simples, na feição integral, com a ordem cronológica em que
foram escritas e na relação das questões e respectivos parágrafos
que "O Livro dos Médiuns" nos apresentava, efetuamos,
pessoalmente, a total revisão de todas elas para o trabalho natural
do conjunto.
Mais uma vez, asseguramos de público que o único móvel a
inspirar-nos, no serviço a que nos empenhamos, é apenas o de
encarecer o impositivo crescente do estudo sistematizado da obra
de Allan Kardec - construção basilar da Doutrina Espírita, a que
o Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo oferece cobertura
perfeita -, a fim de que mantenhamos o ensinamento espírita
indene da superstição e do fanatismo que aparecem, fatalmente,
em todas as fecundações de exotismo e fantasia.
Esperando, pois, que outros seareiros venham à lide
remediar-nos a imperfeição com interpretações e contribuições
mais claras e mais eficientes em torno da palavra imperecível do
grande Codificador, de vez que os campos da Ciência e da
Filosofia, nos domínios doutrinários do Espiritismo, são
continentes de trabalho a se perderem de vista, aqui ficamos em
nossa tarefa de apagado expositor da Religião Espírita, que é a
Religião do Evangelho do Cristo, para sublimação da
inteligência e aprimoramento do coração.
Emmanuel
Uberaba, 1º de janeiro de 1961.
1
Num século de Espiritismo
Espíritas!
O mundo de agora é o campo de luta a que fostes
conclamados para servir.
Todas as rotas oferecem contradições terríveis.
A cada trecho, surpreendemos os que falam em Cristo,
negando-lhe testemunho.
Ouvimos os que pregam desinteresse, agarrando-se à posse;
os que se referem à união, disseminando a discórdia; os que
exaltam a humildade, embriagando-se de orgulho, e os que
receitam sacrifício para uso dos outros, sem se animarem a tocar
com um dedo os fardos de trabalho que os semelhantes
carregam!...
Ontem, contudo, noutras reencarnações, éramos nós
igualmente assim...
Recorríamos à cruz do Senhor, talhando cruzes para os braços
do próximo; exalçávamos o desprendimento, entronizando o
egoísmo; louvávamos a virtude, endossando o vício, e
clamávamos por fraternidade, estimulando a perseguição a quem
não pensasse por nossa cabeça.
*
Hoje, no entanto, a Doutrina Espírita restaura para nós o
Evangelho, em versão viva e simples.
Não mais o Cristo abençoando a carniçaria da guerra.
Não mais o Cristo monumentalizado em prata e ouro.
Não mais a escravidão religiosa, imaginariamente do Cristo.
Não mais imposições e convenções, supostas do Cristo.
Agora, como devia ter sido sempre, encontramos no Mestre
Divino o companheiro da Humanidade, ensinando-nos a crescer
no bem para a vida vitoriosa.
Não nos baste, pois, simplesmente crer!...
Em toda parte, é necessário sejamos o exemplo do ensino que
pregamos, porque, se o Evangelho é a revelação pela qual o
Cristo nos entregou mais amplo conhecimento de Deus, a
Doutrina Espírita é a revelação pela qual o mundo espera mais
amplo conhecimento do Cristo, em nós e por nós.
70
Mediunidade e dúvida
Notas:
1
“Religião dos Espíritos” é o livro em que o autor espiritual comentou “O
Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, nas reuniões públicas de
Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, Minas Gerais. – (Nota da Editora)