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ARTIGO original ISSN 2238-1589

PERFIL BIOQUÍMICO DOS ANIMAIS DE LABORATÓRIO DO


BIOTÉRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP
Marilda Osti Spinelli1, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy1, Milena Coutinho da Motta1,
Robison José da Cruz1, Mara de Souza Junqueira1, Juliana Bortolatto1

Objetivo: 1 Diretoria Técnica de Apoio ao Ensino e à


RESUMO

Pesquisa da Faculdade de Medicina da


Universidade de São Paulo

Autor para correspondência:


Ma- Marilda Osti Spinelli
teriais e Métodos marilda@biot.fm.usp.br

Recebido para publicação: 10/09/2011


Aceito para publicação: 24/11/2011

-
Resultados:

Conclusão: -

Palavras-chave:

1 Introdução -

-
4.

-
1. -
-

.
-
.

76 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 76-81, jan./fev./mar. 2012


Marilda Osti Spinelli, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy, Milena Coutinho da Motta, Robison José da Cruz, Mara de Souza Junqueira, Juliana Bortolatto

7.

-
-

. .

2.3 Análise Bioquímica

-
pool

- -

-
-

2 material e método

2.1 Animais -
-

hamsters
3 resultados

ad libitum.

4 discussão
2.2 Coleta de Sangue

µ -

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 76-81, jan./fev./mar. 2012 77


PERFIL BIOQUÍMICO DOS ANIMAIS DE LABORATÓRIO DO BIOTÉRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP

- -
17

Tabela 1 -

Linhagem C57BI/6 Balb/c Swiss


Biotério CB FMUSP CB FMUSP CB FMUSP
Parâmetros Sexo
Idade > 10 sem > 10 sem > 10 sem > 10 sem > 10 sem > 10 sem
Unidade Resultados

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Marilda Osti Spinelli, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy, Milena Coutinho da Motta, Robison José da Cruz, Mara de Souza Junqueira, Juliana Bortolatto

- -

Tabela 2 -

Linhagem Wistar Golden New Zeland


Biotério CB FMUSP CB FMUSP CB FMUSP
Rato
Sexo
Idade > 10 sem > 10 sem > 10 sem > 10 sem > 10 sem > 10 sem
Parâmetros Unidade Resultados

--- --- --- ---

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PERFIL BIOQUÍMICO DOS ANIMAIS DE LABORATÓRIO DO BIOTÉRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP

11 10 14
14 20
5 10.
10 11.

5.

11 e
14
17.

- -
-
10
21 22 -
-

Biochemical profile of laboratory animals of the


Medical School USP

Objective
ABSTRACT

Materials and Methods:

80 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 76-81, jan./fev./mar. 2012


Marilda Osti Spinelli, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy, Milena Coutinho da Motta, Robison José da Cruz, Mara de Souza Junqueira, Juliana Bortolatto

tometer (Cobas Mira) and Bioclin kits, and Labtest Biosystems. Results: Presented by
the means and standard errors of the concentrations of analytes in plasma, grouped by

ABSTRACT
sex. Conclusion: We determined the biochemical profiles of mice, rats, hamsters and
rabbits conventional Biotery FMUSP Center, offering a valuable tool for researchers to
analyze their experimental results. Certified No. 251/11 CEUA HCFMUSP.

Keywords: Animals, Laboratory. Mice. Rats. Hamsters. Rabitts. Biochemistry. Animal


House.

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BREVE COMUNICAÇÃO ISSN 2238-1589

PRESERVAÇÃO QUÍMICA DE CADÁVERES DE SUÍNOS: reduzir e


reciclar sem perder a qualidade no ensino
Sueli Blanes Damy1, Ruth Neves dos Santos2, Roberto de Souza Camargo1, Luiz Alberto Soares1,
Junko Takano Osaka1, Cláudio Antonio Vidotti1, José Pinhata Otoch1

Este artigo tem como objetivo descrever a preocupação da Faculdade de Medicina da 1 Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia
RESUMO

Universidade de São Paulo em reduzir o número de animais usados no ensino. De- Experimental FMUSP/LIM 26 - Laboratório
zesseis suínos, adquiridos de fornecedor comercial, com aproximadamente 20 quilos, de Investigação Médica.
receberam pré-anestésico, intramuscularmente, cloridrato de cetamina (15 mg/kg) e 2 Centro de Saúde Samuel Barnsley Pessoa
(CSEB), FMUSP
cloridrato de xilazina (2mg/kg); indução com Tiopental sódico (10 mg/kg) endovenoso,
veia marginal da orelha, utilizando cateter 22G; manutenção pela infusão de 100 ml
Autor para correspondência:
Sueli Blanes Damy
Intubação com sonda endotraqueal, com auxílio de laringoscópio, permanecendo E-mail: damy@usp.br
conectados ao respirador. Tiveram cateterizadas a carótida, para infusão de solução
Recebido para publicação:
potássio após aprofundamento do plano anestésico, para eutanásia. Quando o líquido Aceito para publicação:

ml/kg). Paralelamente, foram utilizados conjuntos torácicos: laringe, traqueia, pulmões,


coração; e conjuntos digestivos, desde a porção do esôfago torácico até o ílio. Tanto
as carcaças inteiras como os conjuntos foram mantidos a -20ºC e descongeladas, à
temperatura ambiente, 48 horas antes de serem utilizadas. As carcaças mantiveram
características físicas. Os modelos alternativos aos animais apresentados foram
utilizados com sucesso em inúmeras práticas em treinamento das habilidades dos
graduandos e residentes da FMUSP, e outras áreas para estudos prévios de cirurgias
experimentais, permitindo a redução, a reciclagem e a reutilização de carcaças suínas
º 0828/08 HCFMUSP.

Palavras-chave: Suínos. Embalsamamento. Ensino. Técnica Cirúrgica.

graduandos em cirurgia e ortopedia, bem como


1 Introdução para testar hipóteses de aperfeiçoamento de téc-
nicas e estudos de dissecções para reconstrução
A evolução dos conhecimentos anatômicos está foram utilizados pioneiramente pela Faculdade
intimamente ligada à técnica de preservação de de Medicina Veterinária da Universidade de São
cadáver, que desde o século 17, com a injeção de Paulo, com o aproveitamento de cães mortos por
cera e turpentina em vísceras, até as mais moder- causas naturais3.
1, con- Na docência da medicina, particularmente
tribuiu para o aperfeiçoamento do entendimento naquelas disciplinas em que é de absoluta neces-
das estruturas anatômicas e suas interrelações2. sidade o exercício prático, ou seja, nas quais o
A possibilidade de utilizar cadáveres de animais objetivo não se resume ao aprendizado e sim ao
conservados para os primeiros treinamentos de aprimoramento, bem como nas áreas em que se

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Sueli Blanes Damy, Ruth Neves dos Santos, Roberto de Souza Camargo, Luiz Alberto Soares, Junko Takano Osaka, Cláudio Antonio Vidotti, José Pinhata Otoch

desenvolvem habilidades psicomotoras, o uso de


animais sempre foi muito intenso. Intubação com sonda endotraqueal, com auxílio
Na Faculdade de Medicina da USP, a Discipli- de laringoscópio, permanecendo conectados ao
na de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental
- Procedeu-se à abertura das vias de acesso e
aproveitar animais utilizados em alguns projetos
de pesquisa ou mesmo em cirurgias não invasivas
praticadas pelos residentes. Entretanto, preocupa-
da com a redução do número de animais neces-
sários para aulas práticas, lançou mão da técnica
de preservação química e física, buscando assim, -
otimizar o uso dos animais.
Em cirurgia, cadáveres tratados com produtos
- -
bilidade e plasticidade dos tecidos são utilizados
para ensino e treinamento de pós-graduandos em
abordagens laparoscópicas, artroscópicas e cirur-
gias torácicas e abdominais, com a vantagem de
manter os pulmões ventilados durante a cirurgia . Os suínos foram mantidos sob ventilação me-
Dessa forma, este artigo tem como objetivo des- cânica durante todo o processo de perfusão, para
crever nossa experiência na redução do número impedir acúmulo de líquido nos pulmões, realizada
de suínos através do uso de peças embalsamadas. -

a solução drenada tornava-se clara, procedeu-se à


2 MATERIAL E MÉTODOS

Todos os procedimentos descritos abaixo foram


realizados segundo princípios éticos internacionais
e aprovados pela Comissão de ética para análise

2.1 Embalsamamento do suíno inteiro

Dezesseis suínos, adquiridos de fornecedor

receberam pré-anestésico, intramuscularmente,

todo o período cirúrgico recebendo infusão de so-


Figura 1 - Aspecto da abertura das vias de acesso na
carótida e de drenagem na jugular externa
Cálculo para velocidade de infusão de Tiopental

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PRESERVAÇÃO QUÍMICA DE CADÁVERES DE SUÍNOS: reduzir e reciclar sem perder a qualidade no ensino

3,
fechando-se o O conjunto digestivo, acondicionado em caixa de
cateter conectado à jugular e infundindo-se vaga- polipropileno, foi utilizado para treinamento de
colicistectomia, gastroenteroanastomose, gastrec-
Os animais foram acondicionados em sacos tomia, piloroplastia, anastomose de alças intesti-
plásticos brancos, após higienização, nais, pancreatectomia e esplenectomia tanto para
com uma etiqueta registrada com a data, proce- cirurgias tradicionais como para videocirurgias,
dimento cirúrgico a que foram submetidos, nome com detalhes relatados em outro estudo*.

e o descongelamento na temperatura ambiente


4 DISCUSSÃO

Os dilemas bioéticos sobre o uso de animais


3 RESULTADOS
em ensino e pesquisa têm originado diversas
iniciativas para criação de modelos substitutivos.
As alterações de pele, articulação, musculatura
modelo biológico e a relevância do estudo devem
ser aspectos fundamentais para a decisão de um
pesquisador realizar um projeto utilizando animais.
A Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Ex-

o uso de animais por alternativas que estão sendo


validadas e incorporadas às aulas práticas**, com

quanto à consistência, elasticidade e cor. As carcaças de suínos embalsamadas represen-


As carcaças embalsamadas inteiras possibilita- taram o início das pesquisas para adequação às exi-
ram estudos pilotos em cirurgias experimentais nas gências éticas internacionais de reduzir o número
áreas de ortopedia, otorrinolaringologia, cabeça e de animais, utilizando técnicas mais avançadas
pescoço. O conjunto torácico, conectado a um res- para treinamento dos alunos, que seria traduzido
pirador mecânico através de um tubo introduzido por tempos cirúrgicos menores, minimizando os
na traqueia, permitiu o treinamento de anastomo- traumas e a recuperação pós-operatória, dando aos

Figura 2 - Cirurgia experimental da coluna vertebral em carcaça de suíno embalsamada (foto esquerda); conjunto torácico com

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Sueli Blanes Damy, Ruth Neves dos Santos, Roberto de Souza Camargo, Luiz Alberto Soares, Junko Takano Osaka, Cláudio Antonio Vidotti, José Pinhata Otoch

Nos resultados do presente estudo, as carcaças Em cirurgia experimental, os suínos foram tes-
dos suínos embalsamadas e congeladas apresen- tados em inúmeras áreas, como em transplantes de
órgãos procedimentos de parada cardíaca e ressus-
consistência semelhante à encontrada no animal citação , existindo grande interesse pelas diferentes
especialidades em sua utilização. A carcaça de suíno
músculos, a cor próxima à da musculatura do animal embalsamado serviu tanto para o estudo da anato-
vivo, conservando os contornos e a arquitetura. As mia comparada, como para experimentos pilotos
vísceras mantiveram as características físicas. Re- de implantação de novas técnicas, trazendo ainda a
sultados semelhantes foram obtidos por Silva et al3, possibilidade de o pesquisador ter sempre disponí-
utilizando a mesma solução preservativa em cães. vel o modelo para o desenvolvimento de seu projeto
No ensino, a carcaça embalsamada permitiu a
sua utilização em práticas de sutura de pele e de
tendão, sendo que as vísceras formaram um inte-
5 conclusão
ressante modelo não somente quando utilizadas
na carcaça inteira, como quando os conjuntos
digestivos e respiratórios foram acondicionados As carcaças preservadas quimicamente permiti-
em caixas de polipropileno para treinamento de ram a reutilização por quatro semanas, em rotinas
colicistectomia, gastroenteroanastomose, gas- de congelamentos e descongelamentos, sem per­
trectomia, piloroplastia, anastomose de alças in-
testinais, pancreatectomia, esplenectomia, sutura e cor, representando uma economia oito vezes
pulmonar e sutura cardíaca, tanto para cirurgias inferior aos custos da utilização de animais vivos
tradicionais como para videocirurgias. para cada procedimento.
O treinamento de alunos em cirurgias tradi- A alternativa aos animais vivos apresentada
cionais não possui muitas alternativas, devido ao foi utilizada com sucesso em inúmeras práticas
uso de modelos inanimados não permitir a prática em treinamento das habilidades dos graduandos
de hemostasia. No entanto, o modelo apresenta- e residentes da FMUSP, bem como permitiram o
do neste trabalho permite o aprendizado e o seu compartilhamento com outras áreas para estudos
controle pelos professores, dando oportunidade prévios de cirurgias experimentais, contribuindo
de repetições das tarefas, proposição de procedi- com a redução do número de animais vivos, a re-
mentos mais complexos e abrangentes, permitindo ciclagem pela reutilização de carcaças de suínos
criar práticas deliberadas para o desenvolvimento
de habilidades5.
Toda inovação na área médica deve ser rigo-
rosamente avaliada. Alguns autores relatam a
agradecimentos

considerado, acompanhando-se o desenvolvimen- Agradecemos ao técnico Ourisval Santana pela


to de habilidades dos alunos desde o terceiro ano, colaboração nas diferentes etapas para realização
passando pelo quinto ano até a residência médica. deste trabalho.
Dessa forma, o uso de carcaça embalsamada de
suínos no ensino de técnicas cirúrgicas representa -
não somente um avanço para o aperfeiçoamento gia - encaminhado para publicação.
dos alunos de medicina nessa área, como uma eco-
nomia substancial para a instituição, uma vez que
o mesmo modelo pode ser utilizado em diferentes uso de animais no ensino de técnica cirúrgica -
procedimentos. encaminhado para publicação.

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PRESERVAÇÃO QUÍMICA DE CADÁVERES DE SUÍNOS: reduzir e reciclar sem perder a qualidade no ensino

PRESERVATION OF CORPSES OF CHEMICAL PIGS: reduce and


recycle without loss of quality in teaching

ABSTRACT
Paulo, to reduce the number of animals used in teaching. Sixteen pigs, purchased

drainage. Euthanasia was performed with anesthesia overdose and supersaturated

thoracic esophagus to the ilium. Both sets as whole carcasses were kept at -20°C and
-

in numerous practices in skills training of graduate students and residents of FMUSP,

CEUA 0828/08 HCFMUSP.

Keywords: Swine. Embalming. Teaching. Surgical Techniques.


REFERêNCias

Saudi Gen.

The embalmed cadaver vs the fresh transplantation of the uterus in the


cadaver. domestic pig (Sus scrofa

Dec 3.

AACM. Preservation of cadavers for analogical transfer and problem


surgical technique training. Vet Surg. solving. Acad Med.

7. Osman M. Positive transfer and

86 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 82-86, jan./fev./mar. 2012


BREVE COMUNICAÇÃO ISSN 2238-1589

Detecção de Mycoplasma pulmonis no trato respiratório


superior em roedores através da técnica de PCR
Milena Coutinho da Motta1, Jussimara Félix Sartorelli1, Marilda Osti Spinelli1,
Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy1, Mara de Souza Junqueira1, Robison José da Cruz1,
Flávio Martins Ferreira1, Selmo Vicente Bernardino da Silva1, Leandro Iannuzzi1, Juliana Bortolatto1

1 Diretoria Técnica de Apoio ao Ensino e à Objetivo: apresentar a técnica de PCR para a detecção de Mycoplasma pulmonis das

RESUMO
Pesquisa da Faculdade de Medicina da colônias convencionais de camundongos das linhagens isogênicas C57BL/6, BALB/c e
Universidade de São Paulo heterogênica Swiss, e ratos Wistar. Material e Métodos: A extração do DNA foi realizada
a partir de fragmento de traqueia, utilizando para a reação de PCR os oligonucleotí-
Autor para correspondência:
Milena Coutinho da Motta
deos iniciadores F: 5’- CA TGT TCT TGG CCA CCTAT - 3’ e R:5’ - ATC CCT CAA TGA
E-mail: milena@biot.fm.usp.br
separados por eletroforese em gel de agarose. A visualização e fotodocumentação
Recebido para publicação: 09/08/2011 Resultados e conclusão
Aceito para publicação: 18/12/2011

de Mycoplasma pulmonis º

Palavras-chave: Camundongos. Ratos. PCR. Mycoplasma pulmonis.

de fusão, os componentes do micoplasma são


1 Introdução liberados dentro da célula hospedeira e afetam
as funções normais da célula, devido à ação de
Os micoplasmas fazem parte de um grande enzimas bacterianas, dentre as quais as nucleases4,
grupo de microorganismos procariotos com mais que podem degradar o DNA da célula hospedeira.
de 190 espécies1, distinguindo-se dos demais por Os micoplasmas interagem com os fagócitos
ser a menor bactéria autoreplicante2, apresentar mononucleares, estimulando a síntese de citocinas
diminuto genoma3 e ausência de parede celular. 5, excretam peróxido de hidrogê-

Devido a sua limitada capacidade de biossíntese, nio e radicais superóxidos, possibilitando lesões na
algumas espécies são parasitas de hospedeiros e membrana das células hospedeiras onde se aderem
2.

Permanece ainda a dúvida se micoplasmas nos resultados experimentais quando presente nos
aderem à superfície das células ou as invadem2. A animais de laboratório6.
falta de parede celular permite um contato íntimo Por serem ubíquos no reino animal, poten-
entre a membrana do micoplasma e a membrana cialmente os mamíferos, aves, répteis, anfíbios
da célula hospedeira e, em condições apropriadas, e peixes podem ser portadores de espécies de
pode ocorrer fusão celular1. Durante o processo 2. Os biotérios conven-

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 87-91, jan./fev./mar. 2012 87


Detecção de Mycoplasmapulmonisno trato respiratório superior em roedores através da técnica de PCR

cionais apresentam alta prevalência desse agente linhagens isogênicas C57BL/6, BALB/c e da
infeccioso7,8 usualmente na forma subclínica, linhagem heterogênica Swiss e de ratos Wistar,
porém quando os animais encontram condições -
ambientais desfavoráveis, tais como aumento de de Medicina da Universidade de São Paulo,
criados em condições convencionais, protegidos
do hospedeiro, estresse experimental, por exem- com barreiras sanitárias, no período de janeiro de
plo, podem desenvolver sintomas clínicos, como 2008 a dezembro de 2010, dentro do programa de
pneumonia e otite8. Controle Sanitário da unidade. Todos os procedi-
O diagnóstico da infecção por Mycoplasma pul- mentos foram realizados de acordo com princí-
monis pode ser realizado utilizando métodos so- pios internacionais de ética e bem-estar animal e
rológicos como teste imunoenzimático (ELISA) e aprovados pelo Comitê de Ética do complexo HC/
º 251/11.
in vitro é um processo demorado e esses métodos
sorológicos frequentemente dão resultados incor- 2.2 Coleta de Amostras
retos devido às reações cruzadas entre diferentes
espécies de micoplasmas. São exames de baixa Os animais foram eutanasiados em câmara de
sensibilidade, pois, no início da infecção ou em CO2 e, após a assepsia com etanol 70%, em ca-

a retirada de um fragmento de aproximadamente


a sua detecção. A reação em cadeia de polimerase 0,5 mm. O material coletado foi colocado em
um microtubo e mantido a -80ºC até o momento
o resultado não será comprometido se a infecção do uso.
estiver em um estágio precoce ou se o animal for
6. 2.3 Extração de DNA
Com o intuito de ampliar as informações no
contexto do monitoramento sanitário de animais A extração do DNA foi realizada como descrito
de laboratório, o Laboratório de Biologia Mole- por Ausubel10 -
sumidamente, a solução de lise é preparada com
Medicina da Universidade de São Paulo implantou os seguintes reagentes Tris-HCL 0,5M; NaCl 5M;
a técnica de PCR para a detecção do Mycoplasma SDS 10%; EDTA 0,5M; Proteinase K, diferen-
pulmonis, devido a sua alta sensibilidade e espe- ciando da original que utiliza fenol/clorofórmio/
9. álcool isoamílico.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho é apre-
sentar a técnica de PCR para a detecção do Myco- 2.4 Reações em cadeia da polimerase (PCR)
plasma pulmonis das colônias convencionais de
camundongos das linhagens isogênicas C57BL/6, Para a reação de PCR, foram utilizados 100
BALB/c e heterogênica Swiss e de ratos Wistar. ng de DNA; 0,2 mMdNTPsmix (desoxiribonu-
cleotídeos trifosfato); 1X tampão da Taq DNA
polimerase; 2,0 mM MgCl2; 1U (unidade) de
AmpliTaq DNA polimerase Platinum; água milli-
2 material e métodos
1 reação de 20 mL e 0,5 µmol/L de cada oligo-
2.1 Animais

sexos, com idade entre 10 e 11 semanas, das 152 pb. Os primers foram desenhados utilizando

88 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 87-91, jan./fev./mar. 2012


Milena Coutinho da Motta, Jussimara Félix Sartorelli, Marilda Osti Spinelli, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy, Mara de Souza Junqueira, Robison José
da Cruz, Flávio Martins Ferreira, Selmo Vicente Bernardino da Silva, Leandro Iannuzzi, Juliana Bortolatto

o Primer 3 Software frodo.wi.mit.edu/primer3 e

www.ncbi.nlm.nih.gov/blast, sendo que a região


do genoma bacteriano inicia-se em 96732 e ter-
mina em 96883.

minutos; 35 ciclos de 95ºC por 1 minuto, 58ºC por

Figura 1 - Mycoplasma pulmonis em diferentes


4ºC. Os produtos obtidos pela PCR foram separa- linhagens de camundongos e rato, analisados
dos por eletroforese em gel de agarose (Invitrogen
ultrapura) 1,5% contendo brometo de etídio. O
marcador de peso molecular utilizado foi 50 pb
DNA Ladder (Invitrogen).
A visualização e fotodocumentação foi reali-
zada sob luz ultravioleta no BioDoc-It Imaging
System - UVP.

de animais positivos para Mycoplasma pulmonis


detectados por meio da utilização da técnica de
La-
boratório de Controle de Qualidade Sanitária do uma amostra por espécie/linhagem por canaleta.
CEMIB/UNICAMP, bem como controles negati- O M.pulmonis foi detectado em camundongos
vos (água e reagentes). isogênicos C57BL/6, BALB/c e heterogênicos
Swiss, nas percentagens de 38, 24 e 14, respec-
tivamente, e em ratos Wistar, na percentagem de
52 (Tabela 1).
3 resultados

Os resultados obtidos pela PCR espécie-especí-


Mycoplasma pulmonis em
4 discussão
camundongos e ratos mantidos em sistema con-
vencional podem ser observados na tabela 1. Os A infecção por M. pulmonis afeta de maneira
produtos da PCR para Mycoplasma pulmonis estão distinta as espécies de roedores de laboratório.

Tabela 1 -

Espécie Camundongos Rato


Linhagem C57BL/6 BALB/c Swiss Wistar
Positivos/Total de animais
% positivos 38

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 87-91, jan./fev./mar. 2012 89


Detecção de Mycoplasmapulmonisno trato respiratório superior em roedores através da técnica de PCR

Penetrando pelas vias respiratórias, inicia a foram detec- 17,

colo­nização pela cavidade nasal, com provável tadas 64,58% de amostras positivas de 240 ratos
progressão para ouvido médio, laringe, traqueia Wistar convencionais, provenientes de 8 biotérios
e pulmões. A evolução depende de fatores do diferentes.
hospedeiro (idade, linhagem e estado sanitário) e
do ambiente, como altas concentrações de amô- recomenda 18,19

a triagem periódica dessa bactéria nas colônias de


bacteriana. Algumas linhagens de camundongos camundongos e ratos. O diagnóstico de infecção
são altamente resistentes, sendo geralmente as- por micoplasma é geralmente realizada por de-
sintomática. Quando se manifesta clinicamente, terminação sorológica ou isolamento por cultura.
pode provocar a doença crônica respiratória, com Porém, no diagnóstico sorológico pode ocorrer
broncopneumonia aguda em combinação com frequentemente reações cruzadas entre espécies,
outras infecções pneumotrópicas ou fatores ex- enquanto, no cultivo, é muito demorado para al-
trínsecos. Em jovens, geralmente é inaparente. Em guns micoplasmas exigentes15. Sendo assim, no

ranger os dentes, dispneia, perda de peso, letargia, foi implantada como rotina do programa de con-
pelos arrepiados, movimentos giratórios quando trole sanitário a técnica de PCR para a detecção
suspensos pela cauda, cabeça inclinada, perda de de Mycoplasma pulmonis, por tratar-se de um
-
redor dos orifícios nasais e dos olhos. Pode ainda ção desse agente etiológico, além de apresentar
provocar infecção no trato genital com redução uma economia nos custos de aproximadamente
da fertilidade11. 40%, quando comparado aos custos do teste de
Neste estudo, a pesquisa de Mycoplasma pul- ELISA, segundo a avaliação realizada em nosso
monis possibilitou a detecção de camundongos laboratório.
positivos, sendo 38% da linhagem C57BL/6, As diferentes taxas de contaminação encon-
24% da linhagem BALB/c e 14% do heterogênico tradas pelos diversos autores, provavelmente,
Swiss; 52% de ratos Wistar. deve-se ao fato de as colônias convencionais
Pesquisas sorológicas realizadas em outros terem origens e manejo diversos, além de terem
países registraram uma prevalência de 69% de sido detectados por diferentes métodos. Os re-
M. pulmonis em camundongos de diferentes sultados apresentados neste artigo referem-se a
biotérios na Coreia, em levantamento feito de animais de laboratório mantidos há mais de 30
1999 a 200312. Em Taiwan, mais que 20% das anos em condições convencionais, data do início
colônias de camundongos estavam contaminadas
em 200713. de Medicina da USP, com as barreiras sanitárias
sendo introduzidas ao longo dos anos.
controlado no Brasil, 57% de positividade M.
pulmonis em camundongos, isolados por cultu-
ra. Enquanto que o diagnóstico sorológico, por
5 conclusão
ELISA, constatou 92% de positividade da mesma
colônia, mostrando que a sensibilidade do ELISA
foi maior do que a do isolamento por cultura14. Os resultados deste estudo sugerem que o
Em ratos, houve a constatação de 75% infec- emprego da técnica de PCR constitui uma ferra-
tados em biotérios da Coreia e 40% em biotérios
de Taiwan12,13. Na Europa Ocidental, M .pulmonis infecções por Mycoplasma pulmonis em colônias
foi o agente infeccioso mais prevalente em mais de camundongos e ratos.
de 100 colônias analisadas entre 2007 e 200815,16.

90 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 87-91, jan./fev./mar. 2012


Milena Coutinho da Motta, Jussimara Félix Sartorelli, Marilda Osti Spinelli, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy, Mara de Souza Junqueira, Robison José
da Cruz, Flávio Martins Ferreira, Selmo Vicente Bernardino da Silva, Leandro Iannuzzi, Juliana Bortolatto

Mycoplasma pulmonis detection in the rodents


respiratory tract by PCR

Objective: To introduce the PCR technique for detection of Mycoplasma pulmonis in

ABSTRACT
rats. Methods: DNA extraction was made from a fragment of the trachea, using the PCR
primers F: 5’-CA TCT TGG TGT CCA CCTAT - 3’ and R:5’ - ATC CCT CAA TGA GCT GGT

electrophoresis. The viewing and photo documentation were performed under ultravioleta
light. Results and Conclusion: The PCR allowed the detection of positive mice, 38% of

that the use of PCR technique was effective for the diagnosis of Mycoplasma pulmonis

Keywords: Mycoplasma pulmonis.

1. Rottem S. Interaction of growth in rat tracheal organ cultures rats. Braz J Microbiol. 2002

REFERêNCias
mycoplasmas with host cells. Physiol by ammonium chloride. Lab Anim Sci.
15.Kim DJ, Park JH, Seok, SH,
2. Razin S, Yogev D, Naot Y. 9. Veilleux C, Razin S, May LH. Cho, SA, Baek, MW, Lee, KH,
Molecular biology and pathogenicity Detection of Mycoplasma infection
of mycoplasmas. Microbiol Molec Biol of Mycoplasma pulmonis and M.
procedures in mycoplamology.

Academic Press; 1996. p. 431-8. 16. Mahler M, Kohl W. A sorological


“on being the right size”. Proc Natl Acad
survey to evaluate contemporary
prevalence of viral agents and
4. Paddenberg R, Wulf S, Weber A, Wiley; 1994. p. 221-3. Mycoplasma pulmonis in laboratory
mice and rats in western Europe. Lab
Internucleosomal DNA fragmentation in
cultured cells under conditions reported
to induce apoptosis may be caused by
mycoplasma endonucleases. Eur J Cell Press; 2000. p. 99-132. LM, Oliveira RC, Neto RL, Buzinhani
M, et al. Detection of Mycoplasma
12. Won YS, Jeong ES, Park HJ, pulmonis in laboratory rats and
Lee CH, Nam KH, Kim HC, et al. technicians. Zoonoses Public Health.
mycoplasmas and the immune system. Microbiological contamination of
laboratory mice and rats in Korea
from 1999 to 2003. Exp Anim. 2006 18. Nicklas W. Recommendations
for the health monitoring of rodent
Mycoplasmal and rickettsial diseases. and rabbit colonies in breeding and
13. Liang CT, Shih A, Chang YH, experimental units. Lab Anim. 2002
SH, editors. The laboratory rat. New Liu CW, Lee YT, Hsieh WC, et al.
Microbial contaminations of laboratory
mice and rats in Taiwan from 2004 to
7. Timenetsky J, De Lucca RR. Detection 2007. J Am Assoc Lab Anim Sci. 2009 Van Herck H, Nicklas W, Rugaya Z, et
of Mycoplasma pulmonis from rats and
mice of São Paulo/SP/Brazil. Lab Anim on Animal Health. Recommendations
14. Barreto ML, Nascimento ER, for the health monitoring of mouse, rat,
hamster, gerbil, guineapig and rabbit
8. Pinson DM, Schoeb TR, Lin SL. experimental units. Lab Anim. 1996
Promotion of Mycoplasma pulmonis of Mycoplasma pulmonis in laboratory

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 87-91, jan./fev./mar. 2012 91


BREVE COMUNICAÇÃO ISSN 2238-1589

Redução do número de camundongos utilizados na


obtenção de formas infectantes de Trypanosoma cruzi
através de imunossupressão com ciclofosfamida
Gabriel Melo de Oliveira1

A infecção experimental pelo Trypanosoma cruzi no Laboratório de Biologia Celular/ 1 Laboratório de Biologia Celular , Instituto
RESUMO

IOC é realizada através da obtenção da forma infectante (tripomastigotas sanguíneas) Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, Rio de Janeiro
em camundongos. Em 2005, foram utilizados cerca de 250 animais por semana para
alcançar o volume de 70x106 parasitas/ml. De acordo com os princípios éticos descritos Autor para correspondência:
Gabriel Melo de Oliveira
E-mail: gmoliveira@ioc.fiocruz.br
protocolo de imunossupressão com ciclofosfamida. Nosso objetivo foi estabelecer um
protocolo para redução do número de camundongos utilizados, mantendo a quantidade de
Recebido para publicação: 30/06/2011
parasitas obtidos. A aplicação de 200 mg/kg de ciclofosfamida dois dias após a infecção Aceito para publicação: 28/11/2011
reduziu o número de animais por semana em até 76%, mantendo o pico de parasitemia

aplicação de novos protocolos que visem o bem-estar animal e principalmente a redução


do número de animais. Nossos resultados demonstram a redução de até 3.317 camun-
dongos por ano e a manutenção da quantidade das formas tripomastigotas infectantes
em 25 parasitas x 106

Palavras-chave: Trypanosoma cruzi. Ciclofosfamida. Ética. Camundongos.

1 Introdução animais foram direcionados para a manutenção e


obtenção de formas infectantes de T. cruzi
O Laboratório de Biologia Celular do Institu- -
to Oswaldo Cruz (LBC/IOC) é responsável por 6

número considerável de publicações de artigos


foi utilizado na infecção de outros camundongos
laboratório utiliza o modelo experimental camun- para ensaios in vivo ou em experimentos de cultura
dongo para o estudo de vários aspectos da infecção de células (in vitro
pelo Trypanosoma cruzi O uso ético de animais em ensaios biomédicos
Os diversos ensaios realizados in vivo exigem a
manutenção semanal, bem como aquisição de do uso desses animais para benefício próprio e
formas infectantes (tripomastigotas sanguineos) dos seres humanos1 ,o
de T. cruzi
total de animais utilizados em nosso laboratório conduta baseadas em escolhas morais feitas à luz

92 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 92-96, jan./fev./mar. 2012


Gabriel Melo de Oliveira

feitas com consciência plena e total responsabili-


3 estudado por ser o protocolo estabelecido para
discute que questões éticas surgem em nossa vida a obtenção e manutenção do parasita em nosso
-
tantes de T. cruzi, um grupo de camundongos foi
eutanasiado em câmara com ambiente saturado de
CO

de desenvolvimento ético e humanitário das técni- grupo submetido à imunossupressão foi inoculado

- IP e a imunossupressão foi induzida no segundo

de laboratório ciclofosfamida (CY - Genuxal® -


Através dos resultados de trabalhos anteriores,
observamos que o uso de imunossupressores,
como a ciclofosfamida, na infecção pelo T. cruzi
circulantes por meio do método descrito por Pizzi
parasitas
sistema imune de camundongos, dependendo da macrófagos peritoneais, realizada após a eutanásia
dose e do tempo de administração8 dos animais em câmara com ambiente saturado de
tem como objetivo estabelecer um protocolo de CO , foi coletada através de lavagem da cavidade
redução do número de camundongos utilizados
para a obtenção de formas infectantes de T. cruzi, horas (h) as culturas foram lavadas e infectadas
mantendo a quantidade de formas tripomastigotas com as formas tripomastigotas de T. cruzi numa

protocolo baseado na técnica de imunossupressão as culturas também foram lavadas para retirar os
por ciclofosfamida em camundongos utilizados -
na manutenção e aquisição da forma infectante
do T. cruzi.

T Student e
Mann-Whitney (não paramétrico) para determinar
2 materiais e métodos
p
de parasitas obtidos após imunossupressão por
Neste trabalho utilizamos camundongos da camundongo em comparação com animais não
imunossuprimidos e a capacidade infectiva de
adultos, fornecidos pelo Centro de Criação de

animais foram mantidos em nosso laboratório con-


forme os padrões internacionais para as condições
3 resultados
ambientais e sanitárias
avaliados e autorizados sob a licença da Comissão
Inicialmente comparamos a cinética de parasite-
mia para os camundongos que receberam tratamen-
infectados pelo T. cruzi (cepa Y) com o inóculo to de CY dois dias após a infecção (G1) e o grupo

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 92-96, jan./fev./mar. 2012 93


Redução do número de camundongos utilizados na obtenção de formas infectantes de Trypanosoma cruzi através de imunossupressão com ciclofosfamida

de animais que não receberam nenhum tratamento 6

Assim, para obter o número necessário de parasitas


alterou o modelo de infecção; ambos os grupos de-

de camundongos tratados com a CY, nenhuma

o número de camundongos versus número de para- os macrófagos infectados mostraram números se-
melhantes de parasitas internalizados, infectados
-
na, então, cada animal apresenta um rendimento p
= p=
p p=

Figura 1 – Cinética de parasitemia em camundongos tratados com Cy (G1) e não tratados (G2) durante o curso da infecção pelo
T. cruzi. A: Parasitemia entre os dias 5 e 15 B: Número médio de
parasitas sanguíneos no 7
(p p = 0,005)

Tabela 1 -

Categoria / ano 2005 2009


90 22
0.2 parasitas x 106/ ml 1.17 parasitas x 106 / ml
25 parasitas x 106 / ml 25 parasitas x 106 / ml
4.373 1.056

94 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 92-96, jan./fev./mar. 2012


Gabriel Melo de Oliveira

Tabela 2 - Número de parasitas em macrófagos peritoneais

Categoria / ano 24h 48h 72h


G1 25.0 ± 1.2
G2 15.9 ± 1.7 33.0 ± 3.4

da CY está diretamente relacionada com as células


4 discussão do sistema imunológico dos camundongos e não
interfere com a infectividade do parasita6
- para obtermos a quantidade média de parasitas
tigotas sanguíneos obtidos em nosso laboratório
foi realizada, utilizando o modelo experimental ml) por semana podemos usar aproximadamente
T. cruzi (cepa

ml em cada animal (IP), observamos o pico de novo protocolo técnico para a obtenção de formas
infectantes do T. cruzi -
de parasita exige um novo grupo de camundongos
meio desse protocolo, mesmo com o aumento do
opção para aumentar o número de parasitas era o volume de ensaios e a necessidade de aumentar o
-
6 descreveram que o uso de CY modula

a intensidade da miocardite e da carga parasitária nosso objetivo é reduzir ainda mais o número de
e está diretamente relacionada à dosagem e aos animais utilizados na manutenção e aquisição de
formas infectantes de T. cruzi em camundongos,
usando uma passagem semanal em cultura de
antes da infecção, apresentaram um pico de parasi- -
temia semelhante entre os grupos tratados e os não mo, veremos o princípio ético de reduzir não só o
número de camundongos utilizados, mas também
dpi
mostrou um aumento constante na parasitemia
em comparação aos animais que não foram imu-
nossuprimidos
5 conclusão

no número de parasitas ocorreu durante o pico de


- visem ao bem-estar animal e principalmente à

dos parasitas internalizados nos macrófagos perito- por ano e a manutenção da quantidade das formas
neais em ambos os grupos não mostraram diferença 6/

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 92-96, jan./fev./mar. 2012 95


Redução do número de camundongos utilizados na obtenção de formas infectantes de Trypanosoma cruzi através de imunossupressão com ciclofosfamida

Reducing the number of mice used to obtain infective


forms of Trypanosoma cruzi by immunosuppression
with cyclophosphamide

Trypanosoma cruzi
ABSTRACT

Keywords: Trypanosoma cruzi.


REFERêNCias

drugs as a tool to explore


experimental acute and subacute

animais para o estudo in vivo da

96 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1,p. 92-96, jan./fev./mar. 2012


BREVE COMUNICAÇÃO ISSN 2238-1589

Triagem de Helicobacter spp em Fezes de Roedores de


Laboratório Através da Técnica de PCR
Milena Coutinho da Motta1, Jussimara FélixSartoreli1,
Marilda Osti Spinelli1, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy1,
Robison José da Cruz1, Juliana Bortolatto1

1 Diretoria Técnica de Apoio ao Ensino e à Este trabalho tem como objetivo otimizar a triagem da bactéria Helicobacter spp em

RESUMO
Pesquisa da Faculdade de Medicina da programa de controle sanitário de animais de laboratório, aplicando a técnica de PCR
Universidade de São Paulo (Polymerase Chain Reaction). Cinquenta amostras de fezes de cada linhagem ou es-
pécie: camundongo C57BL/6, BALB/c, Swiss; ratos Wistar e Hamster foram submetidas
Autor para correspondência:
à reação de PCR, utilizando os oligonucleotídeos iniciadores F: 5’ CTATGACGGGTA-
Milena Coutinho da Motta
E-mail: milena@biot.fm.usp.br
pb. Separados por eletroforese em gel de agarose, os produtos foram visualizados e
Recebido para publicação: 09/09/2011 fotodocumentados sob luz ultravioleta.A técnica de PCR possibilitou a detecção de
Aceito para publicação: 18/12/2011 camundongos positivos, sendo 18% da linhagem C57BL/6, 52% da linhagem BALB/c,
62% da linhagem Swiss. Em ratos da linhagem Wistar, foram detectados 28% de positi-

Helicobacter spp em colônias de animais de laboratório.


º

Palavras-chave: Camundongos. Ratos. Hamsters. PCR. Helicobacter spp.

1 Introdução 3-6.

-
O gênero Helicobacter compreende mais de gos, Helicobacter hepaticus e Helicobacter bilis
trinta espécies de bactérias gram negativas, mi- ,

- Helicobacter bilis
ros1,2 - Helicobacter muridarium -
cies de Helicobacter estão associadas a doenças H. cinaedi e espécies do
3. H.rappini

- 6,7.

Em ratos as principais espécies associadas são


- H. troglontum, H. muridarum, H. hepaticus, H.
bilis H. cholecystus e H. cienae-
8-10
di .

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 97-101, jan./fev./mar. 2012 97


Triagem de Helicobacterspp em Fezes de Roedores de Laboratório Através da Técnica de PCR

- -
- 13

11

8, µ
-
12, necessitando de
2 -
-
Helicobacter spp, para o programa µ
µ

2 material e método

- -

-
-
de animais positivos para Helicobacter spp detec-

º -

3 resultados

-
Helicobacter spp
-

Helicobacter
spp

98 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 97-101, jan./fev./mar. 2012


Milena Coutinho da Motta, Jussimara FélixSartoreli, Marilda Osti Spinelli, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy, Robison José da Cruz, Juliana Bortolatto

Figura 1 - Expressão de Helicobacter spp em diferentes maioria das bactérias do gênero Helicobacter em
linhagens de camundongos, ratos e hamsters 6. A técnica empre-
analisados por PCR. O DNA foi extraído das fezes

Canaleta 1- marcador de peso molecular 100


pb; 2- Controle positivo; 3- Controle negativo;
As bactérias do gênero Helicobacter apre-
5- Amostra positiva de camundongo BALB/c;
6- Amostra positiva de camundongo Swiss;
res convencionais
7- Amostra positiva de Rato Wistar; 8- Amostra
positiva de hamster Golden
6

cionais.
Helicobacter spp - Helicobacter spp
-

detectaram Helicobacter spp

ratos convencionais.
4 discussão
-
tes métodos de detecção12, a reação em cadeia de

de bactérias do gênero Helicobacter, através de

-
Helicobacter murino,
- -

Tabela 1 - Número de animais positivos e porcentagens sobre o total analisado

Espécie Camundongos Rato Hamster


Linhagem C57BL/6 BALB/c Swiss Wistar Golden
Positivos/Total de animais 19/50 26/50 31/50 22/50
% positivos 18% 52% 62% 28%

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 97-101, jan./fev./mar. 2012 99


Triagem de Helicobacterspp em Fezes de Roedores de Laboratório Através da Técnica de PCR

-
. nero Helicobacter
-

-
5 conclusão
-
12. Helicobacter
spp
para a extração de DNA na detecção de Helico-
bacter spp

o diagnóstico de Helicobacter spp


- -
knock-outs

bactérias e parasitas.

Screening for Helicobacter spp inrodent feces


Laboratory using PCR technique

This work aimed to optimize the screening of the bacterium Helicobacter spp in sanitary
ABSTRACT

control program of laboratory animals, using the PCR (Polymerase Chain Reaction).
Fifty stool samples from each strain or species: C57BL/6, BALB/c, Swiss, Hamster and
Wistar rats were subjected to PCR using the primers F: 5’ CTATGACGGGTATCCGGC

by agarose gel electrophoresis, products were visualized and photographed under


ultraviolet light. The PCR technique allowed the detection of positive mice, 18% of
C57BL/6, 52% of the strain BALB/c, 62% of Swiss strain. In Wistar rats were detected

was effective in screening for Helicobacter spp in colonies of laboratory animals. Certi-
Nº 251 .

Keywords: Mice. Rats. Hamsters. PCR. Helicobacter spp.

100 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 97-101, jan./fev./mar. 2012


Milena Coutinho da Motta, Jussimara FélixSartoreli, Marilda Osti Spinelli, Cyntia Marques dos Santos Corrêa de Godoy, Robison José da Cruz, Juliana Bortolatto

REFERêNCias
Helicobacter
hepaticus

Helicobacter
species

Helicobacter
species
Helicobacter
species , ,
, Deeny AA,

p. 221-3.

Helicobacter species by

, , ,
273-83.
, , Kim D

Helicobacter bilis

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 97-101, jan./fev./mar. 2012 101


ARTIGO DE REVISÃO ISSN 2238-1589

TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E


CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS
EM MODELOS ANIMAIS
Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto1, Gui Mi Ko1,2, Valderez Bastos Valero-Lapchik3,
Carolina Batista Ariza3, Marimélia Porcionatto3

O teste de labirinto em cruz elevado representa importante instrumento de pesquisa na 1 Disciplina de Biologia Molecular,
RESUMO

área experimental para estudos de comportamentos relacionados à ansiedade, em es- Departamento de Bioquímica – UNIFESP
pecial na análise do efeito farmacológico de novas drogas para esses transtornos. Esse 2 CEDEME – UNIFESP
teste tem sido utilizado como principal ferramenta no processo de desenvolvimento de 3 Laboratório de Experimentação Animal
- – INFAR – UNIFESP
volvidos em Neurologia e Psiquiatria. Apesar de sua criação há mais de 50 anos, foram
Autor para correspondência:
necessários cerca de 30 anos para o uso efetivo do teste de labirinto em cruz elevado
Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto
em investigações pré-clínicas em Farmacologia. Somente em 1987, houve o primeiro E-mail: wladimirbvrpinto@gmail.com
uso do teste de forma sistematizada em camundongos. Por se tratar de método de baixo
- Recebido para publicação: 10/09/2011
senta uma revisão da metodologia e dos parâmetros avaliados, os fatores extrínsecos Aceito para publicação: 10/12/2011
e intrínsecos ao organismo animal e os modelos experimentais utilizados no teste de
labirinto em cruz elevado.

Palavras-chave: Labirinto em Cruz Elevado. Modelos Animais. Testes Comportamentais.

1 Introdução

- -

102 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

-
-

- -

14
9

Teste de campo aberto (open- )


Teste de comportamento agressivo-defensivo
Teste de labirinto em cruz elevado ( - )
Teste de labirinto aquático de Morris ( )
Teste de labirinto radial ( )
Teste de enterrar defensivo condicionado
Caixa de movimentação espontânea
Teste de suspensão pela cauda
Caixa luz-escuro ou claro-escuro ( - , )
Labirinto em zero elevado ( - )
Teste de - (campo vazado) e -
Teste de interação social ( )
Teste de competição social ( )
Paradigma de livre exploração ( )
Vocalização ultrassônica ( )
Hipofagia induzida pela novidade ( - )

Quadro 1 - Principais testes comportamentais utilizados na rotina de estudo em doenças neuropsiquiátricas

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 103


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS

bright-spaceanxiety open-
-spaceanxiety-likebehavior
-

- -

- Teste de labirinto em cruz elevado:


A ideia do approach-avoidconflict e o papel do
sistema neurossensorial nos comportamentos
incondicionados

-
-

preyer -

16

gentlewhiskerstimulation

17

- approach-
-

-
-
-

-
26-29

- -

104 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

- -
-
-
24

one-
trialtolerance
-
Metodologia empregada no teste de labirinto em
cruz elevado

-
-

- -

-
dos

-
-

-
-
riskassessment -

22 one-trialtolerance

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 105


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS

- -
-

- 42

44

- -

24

106 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

Parâmetros avaliados no teste de labirinto em cruz


elevado

-
de headdippings ou head-dips

22

freezing
freezing
grooming
grooming
stretchedattendpostures

rearing
-

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 107


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS

21 -

- 24

- -

head-dippings

49 -

- 24

108 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

Tempo gasto nos braços fechados ou abertos


Primeiro sítio escolhido após o início do teste
Porcentagem de tempo gasto nos braços fechados ou abertos em relação ao tempo total de teste
Número total de entradas nos braços abertos e fechados em conjunto
Número de entradas nos braços fechados ou abertos (incluindo a análise para cada braço separadamente)
Porcentagem de entradas nos braços abertos em relação ao número total de entradas
Porcentagem de entradas nos braços fechados em relação ao número total de entradas
Distância total percorrida nos braços abertos e fechados
Distância total percorrida nos braços fechados ou abertos
Porcentagem de distância percorrida nos braços fechados em relação à distância total
Porcentagem de distância percorrida nos braços abertos em relação à distância total percorrida
Número total de ou

Número de episódios de (ou congelamento) e tempo total gasto em


Número de eventos de (ou autolimpeza) e tempo total gasto em
Número total de espreitas ou
Número total de eventos de

Quadro 2 - Parâmetros e índices comportamentais tradicionais e modernos avaliados no teste de labirinto em


cruz elevado

22

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 109


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS

headdippings

27 -

-
-

-
- do27

-
-

.
headdippings

,
-

110 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

riskassessment
head-dippings e de

headdippings -

Fatores extrínsecos ao organismo animal -


relacionados ao desempenho no teste de labirinto -
em cruz elevado

- -

24

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 111


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS

sham

-
freezing

- -

24

-
- -
freezing

Fatores intrínsecos ao organismo animal


relacionados ao desempenho no teste de labirinto
em cruz elevado

112 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

Paredes dos braços fechados (opacas, transparentes)


Tipo de transporte do animal ao local de teste
Nível de iluminação do local de teste
Ruídos ambientais internos e externos ao local de teste
Procedimentos invasivos prévios (injeção intraperitoneal, dentre outros)
Privação de sono (permanente ou transitória)
Manipulação e manuseio prévios dos animais
Isolamento ambiental ou alojamento conjunto
Nível de luminosidade e condições prévias do biotério
Alternância de temperatura entre altos e baixos graus
Condições de estresse classicamente utilizadas (odores animais, estímulos elétricos prévios e exposição
à água)

Quadro 3 - Principais fatores extrínsecos moduladores do desempenho observado no labirinto em cruz elevado

- -

64
61

rea-
ring stretchedattendpostures
headdippings
groo- 62

ming19
-
-

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 113


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS

64

- -

-
te -
-

69

-
-
66

-
one-trialtolerance
spontaneouslyhypertensiverats
67

shift

71

-
-

- -
72

114 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

-
1A
-

-
-

-
-
as -
-

Modelos experimentais animais do teste de labirinto


em cruz elevado

- -

A -
-

Modelos experimentais animais genéticos

Idade dos animais


Exposição prévia ao teste (etapas de teste e de reteste)

Quadro 4 - Principais fatores intrínsecos moduladores do desempenho observado no labirinto em cruz elevado

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 115


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS

-
-

74

- -

2 -
-

76

forwardge-
netics
-

-
1A

-
-

77 -

one-trialtolerance

116 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

2 conclusões

- -
-

-
-
-

TEST ELEVATED PLUS MAZE: APPLICATIONS AND CONTRIBUTIONS


TO THE STUDY OF ANIMAL DISEASE MODELS IN NEUROLOGY AND
PSYCHIATRY DISORDERS

The elevated plus maze test is an important research tool in experimental studies of
ABSTRACT

anxiety-related behaviors, especially linked to the pharmacological effect of new drug


for these disorders. This test has been used as the main instrument in the development
of experimental animal models, representative of the pathophysiological mechanisms
involved in Neurology and Psychiatry. Although its creation over 50 years, it took about
30 years to be in effective use in preclinical investigations in Pharmacology. Only in

disseminated methodology and simple way to perform, this article presents a review
of methodology and the parameters evaluated, the extrinsic and intrinsic factors to the
animal and the experimental models used in the elevated plus maze.

Keywords:

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 117


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS
REFERêNCias

118 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Gui Mi Ko, Valderez Bastos Valero-Lapchik, Carolina Batista Ariza, Marimélia Porcionatto

REFERêNCias

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012 119


TESTE DE LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES NO ESTUDO DE DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM MODELOS ANIMAIS
REFERêNCias

1A

120 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 102-120, jan./fev./mar. 2012


revisão ISSN 2238-1589

CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA AMOSTRA EM EXPERIMENTOS COM


RATOS WISTAR
Adriano Bento-Santos1, José Antonio dos Santos1, Aline Isabel da Silva1, Lígia Cristina Monteiro Galindo Novaes1,
Kelli Nogueira Ferraz-Pereira1, Sandra Lopes de Souza1, Carol Virgínia Góis Leandro1, Raul Manhães-de-Castro1

1 Departamento de Nutrição – Universidade O presente estudo tem como objetivo contribuir para delimitação, por meio de achados na

RESUMO
Federal de Pernambuco, Brazil literatura, de critérios de inclusão e de exclusão para escolha de ratos albinos Wistar em
pesquisas experimentais. Foi realizada uma busca literária nas bases de dados eletrônicas
Autor para correspondência: PUBMED, SCIELO e MEDLINE a partir do ano de 1950 até o ano de 2011. Na coleta biblio-
Adriano Bento-Santos
pregnancy; rats; Wistar; gestation; suckling;
E-mail: absbio@yahoo.com.br
lactation. Como critérios de inclusão, utilizaram-se citações que abordassem alguns dos
Recebido para publicação: 11/11/2011
Aceito para publicação: 02/01/2012 -

tamanho real da amostra e controle do ambiente experimental. Foram excluídos do estudo


short communications full text. Trata-se de um tema

Palavras-chave: Prenhez. Ratos Wistar. Lactação.

clareza, os critérios de inclusão e exclusão utiliza­


1 Introdução
compõem a amostra. Desta forma, o presente estudo
O uso de modelos de experimentação animal tenta contribuir para delimitação, por meio de acha­
tem contribuído para o entendimento de muitos dos na literatura, de critérios de inclusão e exclusão
aspectos referentes à genética, às doenças e às de ratos albinos Wistar para estudos experimentais.
interações medicamentosas de diversos fármacos1.

utilizados ao longo dos anos em diversos estudos


2 materiais e métodos
­
zação de ratos ao invés de animais com maior por­
te, como ovelhas e macacos, é devida aos curtos ­
ciclos reprodutivos desses roedores1. Além disso,

de ratos ocorrem de forma similar em humanos2. foram consultadas na forma de artigos publicados
Uma variedade de estudos com ratos de labora­ em revistas indexadas na base de dados do SCIE­
3-13. No ­
DLINE a partir do ano de 1950 até o ano de 2011.

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012 121


CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA AMOSTRA EM EXPERIMENTOS COM RATOS WISTAR

Na seleção dos artigos foram utilizadas as se­


Wistar

e no peso ao nascer da prole é o peso corporal das


genitoras. O peso corporal de ratas está diretamente
correlacionado com sua idade14. Na literatura, é
muito comum utilizar ratas com aproximadamente
­ 220 gramas16
14.

gramas ao nascimento17
Foram excluídos do estudo short communications normalmente encontrada para o peso ao nascer da
e trabalhos não disponíveis no formato full text. prole de ratos Wistar é em torno de 6 gramas3,14.

16 é me­

3 critérios para escolha das genitoras


submetidas a 40% de restrição alimentar17. Desta

o acasalamento pode induzir baixo peso ao nascer


­
sideração critérios como idade, peso, utilização de crescimento intrauterino, e ser confundido com os
ratas primíparas para o acasalamento e o controle efeitos de outro estímulo como uma desnutrição
genético dos genitores.
A maioria dos artigos encontrados não revela
com precisão a idade reprodutiva das ratas Wistar. normalmente aumenta com a paridade da genitora,
No entanto, consideramos esta variável funda­ ­
mental devido ao início e duração do período em terno entre a primeira e a segunda prenhez de ove­
lhas e ratos da linhagem Sprague-Dawley .
Regina14, a idade média para o início da puberdade
Wistar,
abertura do canal vaginal e o primeiro proestro. Já bem como a primeira prenhez, pode desempenhar
1 em relação ao crescimento do tecido adiposo na

primeiras células nucleadas no esfregaço vaginal


são observadas entre o 35o e o 40o Sprague-Dawley,

reprodutivo das ratas compreende, aproximada­ da prole pode estar relacionada com a idade e a
mente, a idade entre 100 e 300 dias de vida14, é paridade materna9,11
­
experimentais com ratos .

15. rata a determinada manipulação (principalmente


A explicação para se adotar esta postura não foi 19,20. Para

dada em nenhum estudo, contudo, parece estar


relacionada à maturação do sistema reprodutor

122 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012


Adriano Bento-Santos, José Antonio dos Santos, Aline Isabel da Silva, Lígia Cristina Monteiro Galindo Novaes, Kelli Nogueira Ferraz-Pereira,
Sandra Lopes de Souza, Carol Virgínia Góis Leandro, Raul Manhães-de-Castro

14

utilizamos animais irmãos para compor um grupo .


experimental e o grupo controle, sendo composto ­
por animais de ninhadas diferentes, podemos não
células presentes no epitélio vaginal nas diversas
fases do ciclo estral . Encontram-se também no
ser mais ou menos responsivos a determinada
manipulação19. As principais formas de eliminar Logo, a escolha29.

entre um ou outro método de monitoramento do

ninhada por casal reprodutor21.


poderão ser manipulados a partir do primeiro ciclo
­
26. Os ratos
4 critérios para escolha daa prole
Wistar geralmente nascem entre 13 e 15 horas do
21º dia de gestação ou entre 9 e 11 horas do 22º dia
de gestação1. A determinação do 1º DPN é impor­
­
nutri­ 22,23,

cionais3,6e comportamentais24,25.
A utilização
da prole pode ser realizada havendo ou não a ao 14º dia de vida pela nutriz30. Como a nutriz, ao
manipulação da rata genitora, porém são diversas lamber a cria, capta fatores sensoriais provenientes
as variáveis a serem analisadas para escolha e
­
­ nipulação dos ratos recém-nascidos pode interferir

rata30. A importância do período compreendido


proporção entre sexos nas ninhadas. entre o 1º e o 3º DPN parece induzir alteração no
Wistar
em idade reprodutiva constituem ninhadas de 12 a ou aumentadas a partir do 3º dia de vida, sugerindo
141. Cripps et al.26 ­ haver, até o 3º DPN, a regulação da produção de
das de gestantes submetidas à dieta hipoproteica 31.

ou normoproteica apresentaram, em média, 13 Desta forma, não é ocasional o fato de muitos


trabalhos referirem a primeira manipulação das ni­
nhadas pela primeira vez no intervalo entre o 1º e o
provavelmente, apresentarão o peso ao nascer fora ­
da faixa normalmente encontrada (em torno de 6 ra manipulação da prole ocorre no 1º 9,25,32,33 ou no
2º DPN34,35
comportamentais, como observado na atividade um relatou pesagem da prole no dia zero13 ou no
motora no início da vida14,27. Quando se pretende terceiro DPN36. Entretanto, independentemente
obter ninhadas nascidas no mesmo dia é possível do dia de realização da primeira manipulação dos
mapear o ciclo estral da rata e escolher o período
estro para o acasalamento . Também é interes­ fármacos, – deve ser mínimo o contato do mani­

feedback
diz respeito à orientação para as tetas.

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012 123


CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA AMOSTRA EM EXPERIMENTOS COM RATOS WISTAR

A determinação da UE e do “n” depende dos


ao longo do período de lactação é outro ponto ­
mentos, como nos dois exemplos a seguir. Em um

alimentares utiliza oito ratos wistar por ninhada,


podendo esta conter animais apenas do sexo e/ou a ninhada inteira formam um grupo de trata­
masculino ou ser constituída de forma mista, com mento, a UE é a ninhada e não cada descendente
35,36. No entanto, há trabalhos

grupo10 ­
por ninhada35, 37 ­ as não são manipuladas durante a gestação e/ou
9,11. Quando se
recebem tratamentos distintos (ex: doses de drogas
o catch up crescimento e induzir obesidade em
ratos wistar podem ser utilizadas ninhadas redu­
. Ao cada ninhada terá representante em todos os gru­
contrário, existe trabalho enfatizando a restrição

avaliados por grupo representa o “n”37.


34 ­
por ninhada estará diretamente relacionado à ne­ correta da UE, em estudos com manipulação pré-
natal em espécies multíparas, é o “effect of litter”
10. Esse fenômeno ocorre em

ninhada como unidades amostrais independentes,


5 DETERMINAÇÃO DA UNIDADE EXPERIMENTAL (UE)
levando ao falso aumento do “n”10,40,41. O “effect of
E DO TAMANHO REAL DA AMOSTRA litter

A UE é representada por um indivíduo ou por

deve ser feita de acordo com a metodologia apli­ animais possuírem mesma carga genética e terem
cada no estudo e os dados registrados das UEs compartilhado mesmo ambiente intrauterino10,40,41.
37. Logo,

de uma mesma ninhada, os efeitos do tratamento


podem ser confundidos com efeitos de ninhada10.
­ Alguns métodos são recomendados para as

resultados e levar a conclusões incorretas10,12,40,41. effect of litter”.


Pode-se realizar uma randomização em cada ni­
efeitos de manipulações no período perinatal sobre a nhada para a escolha e utilização dos dados obtidos
prole . Em espécies geralmente uníparas, de apenas um animal por ninhada, de tal forma
­
das. Outra estratégia é utilizar alguns ou todos os
entanto, em espécies multíparas, como o rato, a UE
dos dados para representar cada ninhada, criando
10. 10,45,46.

124 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012


Adriano Bento-Santos, José Antonio dos Santos, Aline Isabel da Silva, Lígia Cristina Monteiro Galindo Novaes, Kelli Nogueira Ferraz-Pereira,
Sandra Lopes de Souza, Carol Virgínia Góis Leandro, Raul Manhães-de-Castro

­
realizado randomização, para formação dos grupos 47-50.

experimentais3,9-11,13 ­
naram, a maioria não explica como foi realizada
esta randomização9,11,13. Contudo, a escolha dos ­
50,51.
Todos os cuidados na criação desses
­ animais devem consistir em minimizar ao extremo

10,37. Outra 50,51.

Por isso, as variáveis ambientais são importantes

ratas para compor dois grupos (exemplo: controle vez mais considerada. Então, fatores como tempe­

10 pedaços de papel contendo o nome controle e e ruídos devem ser controlados ao máximo50,51.
Em se tratando do controle da temperatura,
é sacudido. Retira-se um pedaço de papel, pelo ­

indicado37. Este processo seria repetido com todos As mudanças nesses padrões levam a respostas
­
forem retirados devem voltar para o recipiente 52. A maioria dos animais

todos os animais tenham a mesma probabilidade


de serem escolhidos. Quando o neonato for a UE diante do calor53,54. A temperatura e a umidade

separadamente dentro de cada ninhada, através de ­


uma das formas descritas anteriormente37. tante o seu monitoramento diário. Portanto, para

animais devem ser mantidos nesta zona de conforto


6 controle do ambiente 53,54.

Os animais estão constantemente perdendo


A manutenção de animais em biotério, não calor, umidade e eliminando CO2, além de outras
apenas de ratos Wistar, implica em trabalhar em
ambientes controlados e com animais padroniza­ biotérios devem ter um mecanismo de renovação
­
bilidade e a possibilidade de fazer generalizações
47-50. No amônia, decorrente da degradação de excretas ni­
­
terismo nos levaram a resumir alguns cuidados
importantes na prática experimental. O cuidado na gaiola e no biotério. O aumento exagerado do
nível de amônia pode estar associado, por exem­
plo, com o aumento da umidade decorrente do
vazamento de bebedouros.
47-50. Desta ­
ciam o metabolismo e o ciclo estral dos ratos,
nos experimentos e para proporcionar o bem-estar

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012 125


CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA AMOSTRA EM EXPERIMENTOS COM RATOS WISTAR

promover períodos alternados e regulares de luz e como estes são manuseados. É importante o uso

o seu ciclo circadiano55. Além disso, os animais alterar os odores característicos do animal. Esses
albinos são mais sensíveis à luz. Então a intensi­
dade luminosa não pode ultrapassar 600 Lux na ­
sala a um metro do chão e no interior da gaiola
não deve exceder 60 Lux56,57. pelo tato59,60.

do animal. Os roedores possuem capacidade de


7 considerações finais
ouvidos humanos. A audição do rato varia de 500

nos biotérios deve ser mínimo e os horários de


entrada devem ser padronizados. A alta energia bom andamento de trabalhos experimentais. Em
sonora pode resultar em alterações auditivas e função de sua importância, eles devem ser levados
não auditivas nos ratos. Alterações não auditivas em consideração desde antes do início dos expe­

fertilidade reduzida. Algumas destas foram


correlacionadas com elevações de corticosteroides.
ratas para acasalamento às condições ambientais do
biotério podem alterar o delineamento experimen­
­ tal e constituir-se em variável passível de alterar
mente na resposta ao estresse . ­
­ térios e a sua padronização são um ponto essencial

CRITERIA FOR SELECTION OF THE SAMPLE IN EXPERIMENTS


WITH WISTAR RATS
ABSTRACT

exclusion criteria to choose Wistar


research in the PUBMED, SCIELO and MEDLINE databases (1950 to 2011). For database
Wistar

-
short communications and not available full text manuscript.

Keywords:

126 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012


Adriano Bento-Santos, José Antonio dos Santos, Aline Isabel da Silva, Lígia Cristina Monteiro Galindo Novaes, Kelli Nogueira Ferraz-Pereira,
Sandra Lopes de Souza, Carol Virgínia Góis Leandro, Raul Manhães-de-Castro

muscle mechanical properties of

REFERêNCias
Effect of repeated reproductive

Nutrition on the Development and status, lactational performance and undernutrition during gestation on
litter growth in ad libitum-fed and
the expression of genes that control
159:503-9. No abstract available.

treatment effects in multiparous


species. Neurotoxicol Teratol. 1992 Timing of nutrient restriction and
attenuate the effects of a maternal programming of fetal adipose tissue
development. Proc Nutr Soc. 2004

1959-66.

malnutrition programs sustained


alterations in nitric oxide released Jul 4.
Litter effects on caries in rats and
implications for experimental design.
Freitas-Silva SR, Prota J, Neto AAL,
Souza AC, et al. A Pharmacogenetic
protocol for Fluoxetine response
during a period of rapid brain
alimentar de ratos adultos submetidos development and weight gain in

sofreram desnutrição durante a

consumption. J Strength Cond Res.


Development of behavior in the
6. Lopes de Souza S, Orozco- litter huddle in rat pups: within- and
between-litter differences. Dev

protein restriction reduces the


Carvalho Filho EV, Aragão RS,

neonatal treatment program


low maternal protein diet during
Souza SL, et al. Short- and long-term
effects of a neonatal low-protein

glucose metabolism and serum leptin


Silva SR, Antunes DE, Cunha AD, et

R, Canon F. Effect of a low-protein reduces depressive behavior induced


Effect of strenous maternal exercise

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012 127


CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA AMOSTRA EM EXPERIMENTOS COM RATOS WISTAR

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REFERêNCias

31. Epub 2003 Jan 15.

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em Ratos Neonatos. Neurobiologia. Diabetes in old male offspring of rat
dams fed a reduced protein diet.
25. Oliveira AKP, Lins NF, Andrade

e da hipernutrição em ratos adultos


sobre o desempenho do labirinto em
cruz elevado. Neurobiologia. 2009
growth spurt alters the effect of

resistance: a novel murine model


of developmental programming.
Pizzol F, Rotta LN, et al. Effects of
maternal protein malnutrition on

cortex and cerebellum. Neurosci Lett.


or lactating rats programs lipid
Development of behavior in the 2006 Aug 22.
litter huddle in rat pups: within- and
between-litter differences. Dev
methods in studies using animal
models of development. ILAR J.
AP. Determination of the estrous
Selection of the experimental unit in

overfed, overweight rats respond


Feb 11.
releasing hormones. Neurosci Lett.
animal behavior is associated with
Set 11]. Available from: http://www. the animal welfare issue. J Anim Sci.

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éticos e práticas do uso de animais


to postnatal overfeeding. Neuroreport. de experimentação. São Paulo:

between-litter variance. J Nutr. 1979

Adams J, Nelson CJ, Vorhees CV,

128 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012


Adriano Bento-Santos, José Antonio dos Santos, Aline Isabel da Silva, Lígia Cristina Monteiro Galindo Novaes, Kelli Nogueira Ferraz-Pereira,
Sandra Lopes de Souza, Carol Virgínia Góis Leandro, Raul Manhães-de-Castro

biossegurança. Rio de Janeiro: EAD/

REFERêNCias
within animal facilities. Lab Anim

Corrado A. Situação dos biotérios increases fear and aggression in


brasileiros: fator limitante de estudos

59. Portella AK, Silveira PP, Diehl

56. Weihe W. The effect of light on


decreases serotonin turnover in
The control of the animal house the nucleus accumbens and affects
feeding behavior of adult rats. Dev

60. Silveira PP, Portella AK,

different housing conditions on


de segurança envolvendo animais behavioural and adrenocortical alters feeding behavior of adult rats.
reactions in veal calves. Reprod Nutr
Curso de aperfeiçoamento em 739-45.

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.1, p. 121-129, jan./fev./mar. 2012 129


INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Normas para publicação

Indicativos para Submissão


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Artigo RESBCAL Folha de Rosto (Identificação)

Carta de apresentação

Carta de autorização
-

Carta dos autores


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Considerações éticas Estrutura do Texto


Introdução:
-
Material e Métodos:

- -

Resultados: -

Discussão:

Conclusão:

Resumo e Palavras-Chave
originais

revisão

Ponto de vista -

-
Exemplos:

Tabelas
Exemplos:

Artigo de Periódico
-

Obs:

Unidades
-
Livro
Mesmo Autor da Obra no Todo
Abreviaturas e Siglas CT laboratory
animals

Autor distinto da obra no todo


Agradecimentos ver Folha de Rosto

Citações no Texto Dissertações/Teses


-

Dissertações/Teses on-line
Exemplo: -
-
1 hamsters -
Rattus
norvegicus

Exemplo:
2 Trabalho Apresentado em Evento

Referências (Vancouver)
- -

- Trabalho de evento publicado em periódico

Braz Oral Res


Impressão e acabamento

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