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MERCADO DE

Plano de hibernação: GÁS


NO
Um BRASIL:
manual de boas práticas
para a indústria
POTENCIAL E DESAFIOS
Sumário

03 05
Introdução: Capítulo 01:
Instabilidade Riscos, processos
e redução e procedimentos
de custos operacionais

09
Capítulo 02:
Boas práticas
para a hibernação
Introdução: Instabilidade e redução de custos

Introdução:
Instabilidade
e redução
de custos
O impacto do novo coronavírus
na indústria chegou para todo o
mercado. A Pesquisa Industrial
Mensal (PIM), do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE),
ajuda a entender a dimensão:
a produção industrial recuou 9,1%
frente a fevereiro de 2020, maior
queda desde maio de 2018 (-11%),
refletindo os efeitos do isolamento
social provocado pela Covid-19.
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Introdução: Instabilidade e redução de custos

Entre as atividades, a influência Com a baixa demanda, o índice de


negativa mais relevante foi em Utilização da Capacidade Instalada
(UCI), medido pela Confederação
veículos automotores, Nacional das Indústrias (CNI),
recuou 10 pontos percentuais (p.p.)
reboques e carrocerias de fevereiro a março, para 58%.
Trata-se do menor percentual em
(-28%). toda a série histórica da sondagem
industrial, iniciada pela entidade em
janeiro de 2010.
Como resultado, 80% das
fábricas do país estão com
atividades suspensas ou com níveis
Outros segmentos com
operacionais reduzidos, informa
recuos expressivos na
medição da CNI. Neste cenário de
atividade foram:
O resultado levou a produção industrial queda abrupta de demanda, redução
a níveis próximos aos de agosto de 2003. de custos virou palavra de ordem,

Ao todo, 23 dos 26 calçados e não raro muitas empresas optam


por hibernar parte do ou todo o
confecções (-31,5%) maquinário das fábricas.
ramos pesquisados Este material tem como objetivo
(-37,8%) auxiliar a área técnica a desenvolver
pelo IBGE planos de hibernação, citando uma
apresentaram queda bebidas móveis série de boas práticas que permitirão
uma rápida retomada quando o
no indicador. (-19,4%) (-27,2%) mercado reagir à crise. Boa leitura!

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Capítulo

01
Capítulo 01: Riscos, processos e procedimentos operacionais

Riscos, processos
e procedimentos
operacionais
Em meio a um cenário de redução
de custos e de plantas parcialmente ou
totalmente paralisadas, a manutenção é
fator de sobrevivência e competitividade.
Segundo especialistas, a baixa demanda é o
momento ideal para antecipar manutenções
preventivas programadas – o que pode ser
inviável em função dos impactos financeiros
causados pela redução do consumo e das
medidas de distanciamento social. Por
essa razão, adotar um plano de hibernação
pode ser a melhor opção para boa parte
da indústria. Se bem executado, ele afasta
riscos de corrosão ou de danos superficiais
de partes e componentes, ocorrências
comuns que podem prejudicar a integridade
dos equipamentos para o momento da
retomada da produção.

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Embora cada plano de hibernação
seja praticamente tailor made, existe um
fluxograma a ser seguido em todos os
casos. Seja para fábricas que vão ficar com
atividades parcialmente suspensas
ou para plantas que paralisarão totalmente
a operação, os procedimentos são
parecidos. O que muda é a definição de
critérios para análise dos equipamentos
que seguem ativos para produção
e os que serão hibernados.
No primeiro caso, após a decisão
sobre quais equipamentos continuarão
ou não em operação, deve-se conduzir o
processo de desligamento do maquinário;
criar e realizar um checklist de inspeção de
condição de manutenção; tratar eventuais
não conformidades encontradas;
promover uma limpeza geral; e finalizar
tudo com proteção e acondicionamento Vale destacar que qualquer plano
correto das partes e componentes, além de hibernação demanda também
da aplicação de etiqueta que identifique a criação de um planejamento das
que a hibernação foi realizada e que atividades, bem como cronograma
registre os principais aspectos, como data,
responsável e protetivos utilizados. de execução, definição de
responsáveis por cada tarefa e
treinamento de membros da
equipe ainda não familiarizados
com os procedimentos.

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Capítulo 01: Riscos, processos e procedimentos operacionais

Fluxograma
Plano de hibernação
NÃO Realizar limpeza
geral

NÃO Aplicar etiqueta


Iniciar de hibernação
procedimentos de
desligamento do
Analisar e definir Existem maquinário
equipamentos equipamentos que Encontrou algum FIM
INÍCIO Proteger e
que continuam ou continuam em problema?
não em operação operação? acondicionar
partes e
componentes
Aplicar checklist
de inspeção nos
SIM equipamentos que
serão hibernados

SIM
Atualizar plano de
gestão de ativos

Resolver
Realizar manutenção problema
de rotina

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Capítulo

02
Capítulo 02: Boas práticas para a hibernação

Boas práticas
para a
hibernação
Com o passo a passo da
hibernação em mãos, é hora de
compreender cada uma de suas
etapas. Antes, é bom ressaltar
novamente: cada fábrica é um
caso, e a análise sobre paralisação
total ou parcial, bem como quais
equipamentos e por quanto tempo
serão desativados, é uma decisão
estratégica de cada empresa. Por isso,
a primeira etapa citada no fluxograma
do capítulo anterior – análise e
definição dos equipamentos que
continuam ou não em operação –
não será considerada.

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Capítulo 02: Boas práticas para a hibernação

1
Operação de
desligamento
Ponto importante, pois pode prejudicar o
plano de hibernação. Siga os protocolos

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de parada estabelecidos pelos fabricantes.
Os procedimentos de preservação
devem ser iniciados imediatamente após Inspeção e
a parada dos equipamentos. Após o
desligamento, se possível escore ou trave
checklist de
eixos pesados para evitar movimentação manutenção
ou vibração, aliviando o apoio sobre os Após o desligamento, entenda as
mancais de deslizamento. Além disso, demandas do equipamento. Inclua no
antes de desligar, acione os equipamentos checklist o registro da condição de cada
rotativos para promover a circulação do item de verificação, indicando seu estado:
lubrificante existente e do protetivo, caso (C) conforme, (NC) não conforme e
Como garantir que o utilizado, garantindo a sua distribuição (AC) necessita ação corretiva. Faça um
equipamento está protegido? para a proteção das superfícies e dos levantamento das partes mais críticas
componentes internos. para criar o plano de preservação dos
Se há umidade, como saber se componentes. É importante também
foi totalmente retirada? identificar possíveis modos de falha
e tipos de intempéries que podem
Como fazer manutenção de

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causá-la (poeira, umidade ou irradiação de
calor, por exemplo) para definir a melhor
equipamentos que não estão Identificação estratégia de preservação. Faça verificação
sendo utilizados? e informação
visual de componentes eletrônicos, que
são bastante sensíveis à umidade e têm
A seguir, boas práticas válidas Utilize etiquetas para identificar no elevado risco de corrosão. Em caso de
para todas as indústrias. equipamento, de forma clara e visível, ocorrência, remova o mais rápido possível.
o que já foi feito e a validade. Exemplo: qual Se possível, estime o período que
o protetivo utilizado? Quando foi aplicado a máquina ficará parada, pois isso guiará
pela última vez? Quando a proteção deverá o nível e tipo de proteção dado
ser renovada? Quem é o responsável? ao equipamento, partes e componentes.
Abasteça o software de gestão da fábrica
com todas essas informações.

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Capítulo 02: Boas práticas para a hibernação

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Riscos por
inatividade
Com o tempo prolongado de inatividade,
a película de óleo e/ou protetivo que
protege as superfícies e os componentes
internos dos equipamentos vai se
dissipando e, para impedir o problema,
recomenda-se acionar as máquinas ou
componentes de tempos em tempos. No Caso o equipamento não possa ser
caso específico de equipamentos rotativos acionado, o eixo deve ser girado
em que o eixo é apoiado sobre rolamentos manualmente em uma volta e um quarto
(caso de motores elétricos, redutores, para renovar o filme de óleo lubrificante
etc.), é necessário garantir que após o e estabelecer novas áreas de contato na
procedimento o eixo não pare na mesma região de carga, prevenindo a ocorrência
marca ou posição em que se encontrava do “false brinelling” nos rolamentos por
anteriormente. vibração. Equipamentos que dispõem
de bomba auxiliar de lubrificação,
pré-lubrificação e similares podem utilizar
esses componentes para a recirculação
do óleo e/ou protetivo, evitando
o acionamento do equipamento.

Outra dica é verificar


acúmulo de poeira
em algumas peças,
limpando-as caso haja
ocorrência e aplicando
o protetivo adequado
para a sua preservação.
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Capítulo 02: Boas práticas para a hibernação

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Desgaste
Cheque componentes como selos,

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vedações, juntas, retentores e anéis, entre
outros, que estão expostos à circulação de
fluidos (temperaturas altas ou baixas) e são Componentes
mais suscetíveis a desvios em função da
parada da máquina. A medida é necessária eletrônicos
porque, quando essas partes saem da sua Bastante sensíveis à umidade, têm elevado
condição normal de uso, pode ocorrer risco de corrosão. Portanto, é preciso fazer
contração da peça, por vezes resultando verificação visual é fundamental e, em caso
em trincas e rachaduras. Outra ocorrência de ocorrência, removê-los o mais rápido
comum que precisa ser evitada é o possível. No caso do zinabre, pode-se
ressecamento dos componentes. raspá-lo. Componentes móveis como reles
e medidores devem ser bloqueados, se
possível. Utilize sachês de sílica-gel para
a proteção de gabinetes e caixas elétricas.

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Motores com acionamento por escovas
devem ter as mesmas mantidas erguidas
Umidade durante o período de inatividade.
Busque manter os espaços internos
estanques e protegidos por leve
pressurização com gás inerte ou protetivo
volátil. Caso o isolamento não seja
possível, use filtros de sílica-gel nos pontos
de entrada e saída de ar para impedir
que a umidade entre no sistema. Drene
regulamente qualquer condensado que
se acumule no equipamento. Mantenha
limpas e secas superfícies externas.
Pulverize protetivo superficial de película
secativa e com ação desaguante para
garantir a proteção.

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Capítulo 02: Boas práticas para a hibernação

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Plano de lubrificação

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Eventuais mudanças, bem como as estratégias
adotadas, devem ser conduzidas considerando
A lubrificação é parte o tipo do equipamento, o ambiente que ele se
importante de qualquer plano encontra, do tempo planejado da hibernação e
de manutenção regular, e no o tempo disponível para partida após o fim da
processo de hibernação dos hibernação. Reveja o plano de amostragem dos
equipamentos lubrificados, sistemas críticos e monitore a presença de água
ganha um papel ainda mais sempre que possível. Use testes de campo para Contaminação
vital. Por isso, merece ser determinar a concentração de água. Se possível,
examinada à parte, com boas utilize unidades de filtragem portáteis para o Componentes mecânicos dos equipamentos
práticas específicas: tratamento das cargas de óleo. inativos estão em repouso, estáticos e não recebem
nenhuma circulação do óleo lubrificante. Por isso, é
vital verificar se houve algum tipo de contaminação
do óleo, principalmente por umidade, o que pode
provocar ferrugem e corrosão, abreviando a vida
útil do componente e, com isso, de todo o sistema.
A condição do lubrificante no momento de
pré-hibernação deve ser avaliada e as cargas que
apresentem restrições por presença elevada de
insolúveis, fuligem, água, acidez e fatores similares
devem ser tratadas ou substituídas para que não
comprometam a estabilidade do sistema.

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Capítulo 02: Boas práticas para a hibernação

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Tempo ocioso
Aproveite o momento para limpeza de filtros
e dos reservatórios. Use a oportunidade também
para filtrar a carga de óleo ao retirá-la do
reservatório para limpeza e ao retorná-la após
Corrosão e ferrugem o término do procedimento.
Produtos químicos denominados Inibidores de
Corrosão em Fase Vapor (VPCIs na sigla em inglês)
são alternativas simples e baratas para proteger
os componentes internos contra esses dois danos
em paradas longas e médias. Importante: quando
o maquinário retornar à operação, é usualmente
desnecessário efetuar “flushing” para a remoção do
VPCI remanescente antes de reabastecer com
a carga de lubrificante para a retomada da
operação. Deve-se, contudo, consultar
o formulador do óleo sobre a compatibilidade
de VPCIs com o lubrificante a ser utilizado.
Fontes: Marcelo Alves, docente do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (USP) e Ricardo Lorencini, engenheiro de Desenvolvimento da Moove.

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www.mobilindustrial.com.br
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