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Abstract⎯ This work proposes a tool for remote monitoring and evaluation of the operative state of Coupling Capacitor Volt-
age Transformers (CCVTs) installed in substations in operation. The methodology used in this system is based on the monitoring
of the zero-sequence voltage resulting from each three-phase set of CCVTs at the substation. The monitoring tool computes the
phasors of the fundamental frequency voltage by processing the sampled data from the secondary of each CCVT. With the three
phasors, the zero-sequence voltage is calculated and compared with a threshold. The objective of the tool is to support the main-
tenance specialists in the task of detecting defects in CCVTs, in order to assure their correct operation and, consequently, the cor-
rect operation of the protection and measurement systems.
Keywords⎯ Coupling Capacitor Voltage Transformer (CCVT), Instrument Transformers, Monitoring, zero-sequence voltage.
Resumo⎯ Este artigo apresenta uma ferramenta de monitoramento remoto e avaliação do estado operativo de Transformadores
de Potencial Capacitivo (TPCs) instalados em subestações em operação. A metodologia empregada neste sistema é baseada no
monitoramento das tensões de seqüência zero resultantes de cada conjunto trifásico de TPCs instalados na subestação. A rotina
computacional calcula os fasores de tensão de freqüência fundamental a partir do processamento dos dados amostrados de tensão
provenientes do secundário dos TPCs. Com os fasores obtidos, a tensão de seqüência zero é calculada e comparada com um limi-
ar tolerável pré-estabelecido. O objetivo da ferramenta é auxiliar as equipes de manutenção das concessionárias de energia elétri-
ca na detecção de defeitos e anomalias nestes equipamentos para o correto funcionamento dos sistemas de proteção e medição
que fazem parte do sistema de potência.
Palavras-chave⎯ Transformadores de Potencial Capacitivo (TPCs), Transformadores para Instrumentos, Monitoramento, Ten-
são de Seqüência Zero
pas envolvidas. Os dados são processados em tempo V : Fasor estimado da harmônica de ordem k ;
real pelo sistema de supervisão. Caso a estação local ( v : Sinal amostrado;
instalada na subestação) detecte em algum momento N : Número de amostras por ciclo;
que o limiar de tensão de seqüência zero estabelecido n : Número da amostra;
(V0 limite) foi ultrapassado, os valores amostrados de k : Ordem da harmônica considerada ( k =1,2,3,...);
todas as tensões provenientes da UAD serão salvos e
posteriormente transferidos para estação remota. Portanto, para obter a componente harmônica fun-
damental (60 Hz) adota-se k =1. O cálculo dos valores
de módulo e ângulo dos fasores é realizado a partir do
deslocamento da janela contendo N amostras do sinal
da rede. Após obter os fasores de tensão, são realiza-
dos os cálculos da componente de tensão de seqüência
zero V0 com aplicação do teorema de Fortescue para
cada conjunto trifásico monitorado de TPCs da subes-
tação, sendo a tensão de seqüência zero dada pela e-
quação (3).
1
Va 0 = (Va + Vb + Vc) (3)
3
Figura 7: Arquitetura do sistema de monitoramento proposto Para estabelecer os limites considerados normais
de tensão de seqüência zero no secundário de TPCs
Na estação remota é realizada uma análise com- foram avaliados registros oscilográficos fornecidos
plementar de forma off-line comparando as diferenças pela empresa de transmissão parceira deste projeto
entre as tensões de seqüência zero resultantes dos con- gravados em situações normais e durante faltas empre-
juntos trifásicos de TPCs ligados ao mesmo ponto elé- gando o formato COMTRADE (Common Format for
trico com um outro limiar de tensão estabelecido (Δ- Transient Data Exchange). Isto foi necessário porque
V0(limite)). Caso seja detectado algum defeito nestes e- na época destes estudos o sistema de monitoramento
quipamentos o sistema identificará qual unidade possui ainda não estava instalado na subestação onde será
problema(s) acionando os alarmes necessários. O sis- utilizado.
tema de monitoramento permitirá a visualização dos Na prática sempre existirá uma pequena compo-
níveis de tensão fasoriais de cada TPC informando nente de tensão de seqüência zero no sistema de moni-
data e hora das ocorrências dos alarmes. Estas infor- toramento das tensões secundárias dos TPCs, portanto
mações podem ser utilizadas no planejamento da ma- o sistema deve possuir limiares para discriminar os
nutenção destes equipamentos. defeitos nestes equipamentos dos erros de medição e
variações de tensão normais no sistema de potência.
3.2 Descrição da metodologia proposta Os erros nos equipamentos de medição podem ocorrer
A fim de avaliar as conseqüências dos diferentes defei- tanto nos TPCs como também nos registradores digi-
tos que podem ocorrer em TPCs nos níveis de tensão tais de perturbações (RDPs). Com relação a estes e-
de seqüência zero, foram realizadas simulações utili- quipamentos podem ocorrer dois tipos de erros: Erro
zando o software PSCAD. Através dos níveis de ten- de Relação de Transformação e Erro de ângulo de Fa-
são de seqüência zero obtidos nas simulações, é possí- se.
Para determinar a incerteza na tensão secundária anterior seja detectada alguma tensão V0 superior ao
de seqüência zero (V0(incerteza)) através de cálculos, fo- limiar V0(limite), o sistema irá então comparar a diferença
ram considerados os seguintes erros de relação e de de magnitude entre todos os vetores V0 utilizando o
fase dos TPCs e RDP (na freqüência fundamental): limiar ΔV0(limite), visando identificar em qual conjunto
TPC: Erro de relação = 0,3%, Erro de fase = 10 min. trifásico está localizado o TPC suspeito. Em seguida o
RDP: Erro de relação ≤ 1%, Erro de fase = ± 50 µs. sistema analisa as tensões de fase dos três TPCs e i-
Com estes dados, foram realizados cálculos atra- dentifica qual é a fase do TPC defeituoso, acionando o
vés de combinações dos erros de relação e ângulo de alarme. Esta etapa de processamento é realizada de
fase dos TPCs e do RDP para se determinar o máximo forma off-line.
valor de incerteza na tensão de seqüência zero
(V0(incerteza)). Constatou-se que o máximo valor calcula- 3.4 Simulações dos defeitos em TPCs
do devido a estes erros e incertezas(V0(incerteza)) foi de
Foram simulados defeitos na coluna capacitiva e nos
8,7x10-3 pu no módulo de V0.
enrolamentos do transformador intermediário. Para
Utilizando os arquivos dos registradores digitais realizar as simulações dos defeitos na coluna capaciti-
de perturbações também foi avaliada a máxima dife- va, foram recalculados os valores de capacitância C1 e
rença destas tensões entre os conjuntos trifásicos de de C2 para uma determinada porcentagem de capaci-
TPCs instalados em dois barramentos de uma subesta- tância danificada e também, para um número variado
ção que operavam conectados, como mostra a Figura de elementos capacitivos danificados. Outras simula-
8. ções foram realizadas para reproduzir situações de
Caso o limar de seqüência zero seja ultrapassado defeito nos enrolamentos primário e secundário do
por um conjunto de TPCs, este será suspeito de conter transformador intermediário. Todas as simulações de-
defeito, caso seja ultrapassado por mais de um conjun- monstraram a influência dos defeitos na tensão secun-
to, isto poderá estar ocorrendo devido a situações a- dária dos equipamentos e na tensão de seqüência zero
normais no sistema de transmissão. resultante de cada conjunto trifásico destes equipamen-
tos. Com base nos manuais do TPC ARTECHE-DFK-
245 alguns parâmetros são apresentados a seguir:
C1(pF) = 9.350 / 140 elementos de capacitivos;
C2(pF) = 93.000 / 14 elementos de capacitivos;
Ctotal(pF) = 8.500 ;
Capacitância de cada elemento = 1.300.000 pF;
Resistência e indutância do enrolamento primário e
secundário do TPI (Ω/mH) ≤ 0,025;
Relação de transformação = 1.200/2.000:1;
Indutância do reator de compensação = 62H;
Tensão nominal de alta tensão no TPI = 22 / 3kV .
As simulações dos defeitos nos elementos capaci-
Figura 8: Tensão de Seqüência Zero nos Barramentos tivos na unidade capacitiva superior C1 resultaram em
(Análise Oscilográfica) um aumento na tensão secundária do equipamento, ao
contrário dos defeitos simulados na unidade capacitiva
No segundo caso o sistema de monitoramento irá C2 que resultaram em uma queda da tensão secundária
comparar os valores de tensão de seqüência zero (V0) e uma maior sensibilidade na tensão de seqüência zero
com outros vetores resultantes de outros conjuntos, resultante. A Figura 9 mostra os resultados de simula-
considerando o desvio máximo que pode ocorrer entre ções para 1, 2, 3 e 5 elementos capacitivos danificados
dois conjuntos de TPCs (ΔV0(limite)), que garante que os em C2, significando uma queda percentual de 7,14%,
equipamentos estão operando normalmente até este 14,29%, 21,43% e 35,71% respectivamente no valor
valor limite. desta capacitância.
Através da análise de todas as oscilografias dispo- Este gráfico mostra uma queda significativa no
níveis e do valor das incertezas calculadas foram defi- perfil da tensão de saída e aumento da correspondente
nidos os seguintes limiares a serem utilizados para o tensão de seqüência zero resultante, versus a redução
sistema de diagnóstico de TPCs: V0(limite) (pu) = 0,030; percentual no valor da capacitância C2 devido aos ele-
ΔV0(limite) (pu) = 0,020. mentos capacitivos danificados nesta unidade. Nota-se
Após a aquisição e tratamento dos sinais que cul- uma queda da tensão no secundário de até 34%, para 5
minam com a obtenção das tensões secundárias de elementos capacitivos danificados, resultando em uma
seqüência zero de cada conjunto de TPC, são executa- tensão V0 de 0,112 pu. Percebe-se a grande sensibili-
das as seguintes etapas nas rotinas implementadas: dade que os elementos em C2 possuem na tensão de
primeiramente é feita uma comparação das tensões Vo saída e conseqüentemente na tensão de seqüência zero.
calculadas com os limiares; no caso de alguma das A Figura 10 ilustra os fasores das tensões de saída
tensões V0 ultrapassar o limiar de tensão V0(limite) estabe- e de seqüência zero V0, resultantes de 5% e 10% da
lecido, o processamento segue para a próxima etapa, capacitância C1 danificada nas unidades instaladas na
em caso negativo ele retorna ao início; caso na etapa fase A, respectivamente.
Os defeitos de isolamento na unidade eletromag- 4 Conclusões
nética também foram simulados.
O sistema apresentado visa intervir antes que o equi-
pamento falhe, evitando a evolução de defeitos que
poderiam ocasionar até mesmo a explosão do TPC.Da
mesma forma evita que os erros causados por estes
defeitos causem atuações indevidas no sistema de pro-
teção ou perdas de faturamento por medições errôneas.
Através de variações nos principais parâmetros do
circuito equivalente, foi possível analisar a influência
dos defeitos na tensão de seqüência zero resultante
(V0) de cada conjunto trifásico de TPCs. Os valores de
capacitância do divisor capacitivo e da relação de
transformação do TPI foram alguns dos principais pa-
râmetros que foram modificados para representar os
Figura 9: Perfil de tensão no secundário do TPC da Fase A e defeitos mais comuns encontrados em TPCs e que po-
de tensão de sequência zero resultante, versus a porcenta- derão ser detectados pelo sistema proposto a partir de
gem da capacitância C2 danificada.
certos níveis.
O método baseado na análise de tensão de se-
qüência zero apresentou sensibilidade frente aos dife-
rentes defeitos em TPCs, mostrando-se uma ferramen-
ta eficiente e de simples implementação, sem necessi-
dade de sensores ou transdutores especiais, mas so-
mente das tensões disponíveis no secundário dos
TPCs, como fonte de informações necessárias.