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O DIREITO MODERNO DA SOCIEDADE

OCIDENTAL
O DIREITO ROMANO

Rosinete Cavalcante da costa


Mestre em Direito: Relações Privadas e Constituição
Professora da Faculdade Batista de Vitória-ES (Fabavi)
Professora da Faculdade Nacional (FINAC)
Advogada e Consultora Jurídica

Copyright © 2008. Reprodução e distribuição autorizadas desde que


mantido o “copyright”. É vedado o uso comercial sem prévia autorização por
escrito da autora.
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O DIREITO ROMANO

Palácio de Pilatos

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O DIREITO ROMANO

1. INTRODUÇÃO
 1.1. Conceito
• É o conjunto de normas vigentes em Roma e nos
territórios submissos à dominação romana, desde a
fundação de Roma (754 a.C.) até a
morte do Imperador
Justiniano (565 d.C.).
 1.2. Características
• Proteção do indivíduo;
• Autonomia da família;
• Prestígio e poder do pater famílias;
• Valorização da palavra empenhada etc.
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O DIREITO ROMANO

1. INTRODUÇÃO
 1.3. Definição histórica
• É um sistema de princípios,
conceitos e regras jurídicas
que tiveram origem na Antiga
Roma e se perpetuam até o
presente dos povos que os
mantém vigentes ou por
continuidade histórica ou por
recepção intelectual ,
formando o contemporâneo
Sistema Jurídico Romanista.
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2. A IMPORTÂNCIA DO DIREITO ROMANO


 O Direito Romano vive, ainda hoje, em várias
instituições liberais individualistas
contemporâneas, principalmene naquelas
instituições jurídicas concernentes ao direito de
propriedade no seu prisma civilista e ao direito
das obrigações, norteando o caráter privatístico
do nosso Código Civil, priorizador da defesa da
propriedade como direito real (erga omnes).
 Reside na profunda revolução interna, na
transformação completa que causou em todo
nosso pensamento jurídico.
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2. A IMPORTÂNCIA DO DIREITO ROMANO


 Nada menos do que
80% (oitenta por
cento) dos artigos de
nosso Código foram
confeccionados
baseando-se direta
ou indiretamente nas
fontes jurídicas
romanas;
 Em ter chegado a ser, como o cristianismo um
elemento da Civilização Moderna.

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3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 3.1. Período Arcaico (754 a.C. a 27 a.C): Surgimento das
Leis das XII Tábuas:
• Direito baseado nos costumes e extremamente formal;
• Não havia advogado;
• O direito era do domínio de poucos;
• O pretor trabalhava por um ano e expedia editos - normas a
serem seguidas no processo.

 Pretores: Havia duas espécies de pretor:


• Urbano: cuidava das causas que envolviam cidadãos romanos
(ius civile);
• Peregrino: resolvia causas em que apareciam estrangeiros (ius
gentium);
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3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 3.1 Período Arcaico (754 a.C. a 27 a.C):
Desenvolvimento das Ações:
• As partes iam até o pretor, que ouvia as explanações e,
se houvesse motivo para instaurar o processo, remetia
as partes para árbitros particulares, que resolveriam o
problema (in judicium);
• Para que o processo fosse aceito, a parte deveria
enquadrar a questão em uma das cinco legis actiones
existentes, e fazer uma combinação de palavras e
gestos para que o pretor aceitasse seu pedido;
• O processo era oral, gratuito e sem recurso.
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3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 3.1 Período Arcaico (754 a.C. a 27 a.C): As legis
actiones
a) Actio sacramenti: Usada todas as vezes que
inexistisse lei específica;
b) Iudicis postulatio: Divisão da herança;
c) Condictio: Cobrança de créditos;
d) Manus injectio: Ação executória;
e) Pignoris capio: Cobrança de créditos específicos,
soldos, impostos, etc.
• Com o tempo surgiu a necessidade de serem criadas
mais ações.
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3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 3.2. Período Clássico (27 a.C. a 284 d.C.):
• Surgimento dos jurisconsultos (proferiam a
última palavra acerca de determinada
contenda.);
• O direito civil desenvolveu-se nesta fase;
• No período seguinte os Imperadores passaram a
decidir pessoalmente as questões de maior
relevância;
• Era o início do processo romano escrito.
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A ROMA CLÁSSICA: O DIREITO ROMANO

3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 3.2.1. Jurisconsultos de destaque:
• Gaius;
• Domicius;
• Julius Paulus;
• Emílio Papiniano;
• Herennius Modestinus.

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A ROMA CLÁSSICA: O DIREITO ROMANO

3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 Gaius:
• No Império de Adriano (117), exerceu a função imperial de
encarregado de bibliotecas e arquivos, foi secretário da
correspondência do imperador (121-122).
• Sua celebridade deve-se principalmente às obras como:
- De viris illustribus (sobre as vidas dos mais importantes
autores romanos), como biografias de Horácio e Virgílio;
- De vita caesarum (a mais importante de suas obras
conservadas), coleção de biografias de Júlio César e dos 11
imperadores até a morte de Domiciano, organizadas por
tópicos: antecedentes familiares do imperador, carreira antes
da ascensão ao trono, ações públicas, vida privada,
aparência, personalidade e morte.
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A ROMA CLÁSSICA: O DIREITO ROMANO

3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 Domicius Ulpianus:
• Ocupou cargos nos reinados de Sétimo
Severo, Caracala (188-217), Alexandre
Severo e Paupiniano. Trouxe para Roma a
tolerância para os cristãos. Nomeado
prefeito pretoriano (comandante da
guarda pretoriana) foi assassinado por
eles ao tentar limitar-lhes o poder.
• No reinado de Caracalla suas obras
formaram a base da legislação romana
codificada.
• Destacam as coleções Libri ad Sabinum (Livros contra Sabino) e
Libri ad edictum praetoris urbani (Livros sobre os editos dos pretores
urbanos), comentários sobre direito privado, penal e administrativo.
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3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 Emílio Papiniano:
• Sua obra sobre o estudo do direito,
desenvolvido paulatina e juntamente com as
obras de outros famosos juristas como Gaio,
Paulo, Ulpiano e Modestino convenceram o
Imperador Romano Caracala, a estender o
direito de cidadania a todos os habitantes das
províncias. Dessa medida inclusive resultou a
melhoria para o tesouro. Dentro de um estilo
muito sóbrio escreveu Responsa (19 livros),
Quastiones (37 livros) e Definitionis (2 livros).

• A posteridade o consagrou como o maior jurista romano por seu


gênio e pela profundidade de suas inspiradas respostas em Justiça e
a Eqüidade. Considerado o príncipe da justiça.
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3. PERIODIZAÇÃO DO DIREITO ROMANO


 3.3. Período Pós-Clássico (284
d.C. a 565 d.C.):
• Vai até Justiniano e representa o
declínio do Império Romano;
• Aparece a figura do advogado;
• Admite-se recurso;
• O direito se resume nas constituições
imperiais, chamadas leges;
• Em 395 o Império Romano foi dividido em dois: o
primeiro com sede em Milão e o segundo com capital
em Istambul.
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Conquistas de Justiniano

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Divisão do Império Romano

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4. Fontes do direito romano


 4.1. Definição

• Pode ser
entendido
como fontes do
direito os
diversos modos
de formação do
direito.

• Tem também outro sentido, significando toda a


espécie de documento que dá conhecimento do
direito.
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4. Fontes do direito romano


 4.1. Costumes (Consuetudo)
• É a prática reiterada de diversos atos, que se cristaliza
através do hábito e do consentimento tácito do povo. Em
determinada época confundiu-se com o ius non scriptum.
• Exemplos
- Fides: Tem como sentido o cumprimento de um
juramento que compromete a ambas as partes na
observância de um pacto.
- Pietas: Se define como um sentimento de obrigação do
Pater famílias para com aqueles que está ligadoa pelo
sangue, política ou do dever para com os deuses, a pátria e
a família. Item do more maiorum que justificava o poder
do Pater famílias.
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4. Fontes do direito romano


 4.2. Leis (Lego, Ler) e Plesbicitos
• Lex: Para os romanos indicava uma deliberação de
vontade com efeitos obrigatórios.
- Lex Privatae: Fala-se para cláusula de um
contrato;
- Lex Colegii: Fala-se para se referir ao estatuto de
uma cidade;
- Lex Publica: Para fala-se sobre as deliberações
dos órgãos do Estado (com o mesmo sentido
moderno).
• Votadas nas Assembléias (Comitia).
• Quando votadas pelas concilia plebis, tomavam o
nome de plebiscita.
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4. Fontes do direito romano


 4.3. Edito dos Magistrados
• Edito (edicta): São os documentos expedidos pelos
magistrados (em especial os pretores), lidando com
ações, exceções, remédios jurídicos em geral.
- Edictum Tralacium:
- Edictum Repentinum:

• 4.4. Pretores: Cargo na República que era responsável


diretamente pela Justiça.
- As edictas eram publicadas para tornar pública a
maneira pela qual os pretores administravam a justiça
durante seu ano.
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4. Fontes do direito romano


 4.5. Jurisconsultos
• Eles indicavam as formas dos atos
processuais aos magistrados e às partes,
mas não atuavam em juízo;
• Elaboravam instrumentos jurídicos e
escreviam pareceres;
• Desenvolveram a jurisprudência;
• A atividade era gratuita
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4. Fontes do direito romano


 4.6. Senatus-Consultos
• Senatus-consultos: Eram deliberações do senado
mediante proposta dos magistrados.
- Elas somente passam a ser fonte de lei após o Principado
(século I a.C.), portanto, somente após este período, os
senatus-consultos podem ser considerados fonte do
direito.
• Inicialmente, o Senado representava o auctoritas patrum
(autoridades dos patriarcas), de caráter mais consultivo.
Somente no final da República tomou feição
interpretativa e sugestiva, passando depois para função
normativa.
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4. Fontes do direito romano


 4.7. Constituições Imperiais
• São os atos do Imperador: Passaram a a ser fonte
de direito a partir do segundo século depois de
Cristo – depois do Imperador Adriano.
- Edicta: Disposições de ordem geral para o
Império.
- Decreta: Julgamentos, decisões ou sentenças,
que se transformavam em precedentes
- Rescripta: Respostas às consultas dos
magistrados.
- Mandata: Ordens administrativas ou fiscais
dirigidas aos governadores.
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4. Fontes do direito romano


 4.8. Opinião dos prudentes
• Criavam precedentes para casos
concretos:
- Ad respondendum: Respostas aos
pedidos das partes;
- Ad agendum: Respostas aos pedidos
dos pretores e juízes;
- Ad cavendum: Feitura de documentos.

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O DIREITO ROMANO

5. Divisão do Direito Romano


• A divisão do Direito Romano dava-se com base
na história, na origem da norma, na aplicação
ou no sujeito a quem era destinada a norma.

 5.1. Principal divisão:


• Ius Civile ou Ius Quiritium: É o direito
próprio do cidadão romano e exclusivo deste.
• Ius Gentium: É o direito universal, aplicável a
todos os homens livres, inclusive os
estrangeiros.
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O DIREITO ROMANO

5. Divisão do Direito Romano


 5.2. Divisão baseada na origem:
• Ius Civile: Era o direito tradicional que
provinha dos costumes, das leis, dos presbicitos
e, na época imperial, dos senatus consultos e
das Constituições imperiais;
• Ius Honorarium: Era o Direito elaborado e
introduzido pelos pretores;
• Ius Extraordinário: Era derivado da
atividade jurisdicional do Imperador na época
do Império.
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A ROMA CLÁSSICA: O DIREITO ROMANO

5. Divisão do Direito Romano


 5.3. Divisão baseada na
aplicabilidade
• Ius Cogens: É a regra absoluta. Sua
aplicação não depende da vontade das
partes interessadas.
• Ius Dispositivum: Este Direito admitia a
expressão da vontade dos particulares, as
regras podiam ser modificadas ou postas
de lado de acordo com o desejo das partes.
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5. Divisão do Direito Romano


 5.4.Divisão baseda no sujeito
• Ius commune: É o conjunto de regras
que regem de modo geral uma série de
casos normais. É a regra que opõe-se a
exceção;
• Ius Singulare: São as regras que valem
somente para uma categoria de pessoas,
grupos ou siturações específicas.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.1. Conceito: Aptidão para ser sujeito de direitos e
obrigações.
• Em Roma, para se ter capacidade jurídica de gozo era
preciso reunir três precondições:
a) Status Libertatis: Ser livre;
b) Status Civitatis: Ter cidadania romana;
c) Status Familiae: Ser independente do pátrio
poder
• Note-se que poderia haver perda da capacidade
jurídica de gozo, chamada Cápitis Deminútio.
• A mulher nunca teria plena capacidade.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.1. Direito de
Família: Etimologia
• Família prende-se a
famulus, escravo, que, em
Roma, tinha obviamente
valor econômico.
• Interessa-nos o conceito
de família no sentido de
conjunto de pessoas
ligadas pelo vínculo
direto.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.2. Direito de Família: Origem
• Na acepção original: família era evidentemente a
familia proprio iure, isto é, o grupo de pessoas
efetivamente sujeitas ao poder do paterfamilias;
• Noutra acepção (mais lata e mais nova): família
compreendia todas as pessoas que estariam sujeitas ao
mesmo paterfamilias, se este não tivesse morrido: era a
familia communi iure. Communi iure familiam dicimus
omnium adgnatorum.
- Em ambos os conceitos de família, a base do liame são a
pessoa e a autoridade do paterfamilias, que congrega
todos os membros.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.3. Direito de Família: Parentesco – Liame ou
vínculo que une os membros de uma família:
• No direito romano arcaico, o seu conceito era puramente
jurídico. Dependia, exclusivamente, do poder que o
paterfamilias tinha ou teve sobre os membros da família.
- Parentesco jurídico (adgnatio): Transmitia-se só pela
linha paterna, pois somente o varão podia ser paterfamilias.
A adgnatio era chamada também de cognatio virilis.
- Parentesco consangüíneo (cognação): Existente entre
os pais e os filhos e todos os que tem ascendentes comuns.
Tal parentesco era entendido como incluindo os liames pela
linha materna.

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O DIREITO ROMANO

6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.3.1. Direito de Família: Cálculo do Grau de
Parentesco
• O cálculo do grau de parentesco fazia-se pelas gerações:
- Na linha reta (entre ascendentes): Contava-se o número de
gerações. Pai e filho, por conseguinte, eram parentes do 1º
grau, avô e neto do 2º grau;
- Na linha transversal (entre parentes colaterais): Era preciso
remontar ao ascendente comum e contar todas as gerações
intermediárias; dois primos eram parentes em 4º grau
(porque há duas gerações entre o avô comum e um dos
primos e outras tantas gerações para chegar do avô ao outro
primo). O parentesco não era reconhecido além do 7º grau.

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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.4. Direito de
Família: Pátrio Poder
• O pátrio poder implicava a
centralização de todos os
direitos patrimoniais na
pessoa do paterfamilias;
• A organização familiar
romana repousava na
autoridade inconste dele.

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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.4.1. Direito de Família: Pater famílias
• Líderes iniciais de seus descendentes, tinham um poder
exarcebado sobre a família (pátrio poder), e poder de vida
e de morte sobre seus descendentes (ius vitae ac necis);
• Único com capacidade para deter propriedade, realizar
negócios; assim, quanto às obrigações contratuais,
eventualmente assumidas pelo filiusfamilias, elas, em
princípio e pelo direito quiritário, não o obrigavam ;
• Podia aceitar ou abandonar os filhos e, também, adotar;
• Originariamente podia casar seus filhos, mesmo sem o
consentimento destes. No direito clássico, porém exigia-se
o consentimento dos nubentes.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.5. Direito de Família:
O Casamento –Definição

• O matrimônio era
considerado no direito
romano não como uma
relação jurídica, mas
sim como um fato
social, que, por sua vez,
tinha várias
conseqüências jurídicas.

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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.5.1. Direito de Família: O Casamento –
Consequências jurídicas:
- O matrimônio era considerado no direito romano
como um fato social, que, por sua vez, tinha várias
conseqüências jurídicas;
• Coemptio: A venda formal da nubente pelo seu
paterfamilias ao nubente, venda esta que se fazia
através da mancipatio.
• Usus: Este se baseava na idéia da aquisição do
poder jurídico absoluto pela posse prolongada;
• Sine manu: matrimônio sem poder marital.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.5.2. O Casamento – Elementos constitutivos
- Affectio maritalis (intenção de ser marido e mulher);
- Honor matrimonii (a realização condigna dessa
convivência conjugal);
- Tratando-se de um ato contínuo de consentimento
entre os cônjuges, o matrimônio dissolvia-se,
logicamente, quando desaparecia aquele consenso;
- O Casamento estava essencialmente disciplinado pelo
direito privado (não existia contrato de casamento,
mas apenas um contrato de dote).

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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.5.3. Direito de Família: Tutela e Curatela

• Tutela: Tinha como fim precípuo proteger o interesse da


família, isto é, dos herdeiros, e aplicava-se aos casos
normais de incapazes (pela idade e sexo).
• Curatela: Visava acautelar interesses patrimoniais, mas
em casos excepcionais de incapacidade, como a loucura, a
prodigalidade e, posteriormente, em alguns outros.
- A finalidade principal desses institutos é a de cuidar dos
interesses de uma pessoa que sozinha não possa tomar
conta dos seus negócios. Relacionam-se, portanto, com o
problema da capacidade para a prática de atos jurídicos.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.5.4. Direito de Família: Herança
• Significava, principalmente, além do processo de
sucessão, o objeto dela: os direitos e obrigações
transmissíveis.
• Não eram consideradas transmissíveis as servidões
pessoais, como o usufruto, o uso; a posse; algumas
relações obrigacionais, como o mandato, a
sociedade; as obrigações delituais; as actiones
vindictam spirantes, que visavam obter uma
satisfação pessoal pelo próprio ofendido, como em
caso de injúria etc.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.6. Direito sucessório
• Os romanos chamavam succedere in jus a
passagem de todos os direitos e
obrigações transmissíveis do defunto a
uma outra pessoa, seu sucessor.
• A palavra hereditas significava tanto o
processo desta passagem, como o seu
objeto, isto é, o patrimônio do defunto,
transmitido ao sucessor;
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.6. Direito Sucessório
• Não havendo descendentes, podia a família extinguir-se com
a morte do paterfamilias, e em tal caso, o culto dos deuses
do lar não subsistiria, com isso, deixaria de existir, também,
o centro de atividade agrícola que era a família;
• Para evitar que isso acontecesse, praticava-se ou a adrogatio
ou a designação solene do herdeiro, perante o corpo político
do Estado, na mesma forma da adrogatio, que se chamava
testamentum comitiis calatis: eis a origem da escolha
voluntária do sucessor.
• A esta forma de nomeação de sucessor se juntou, mais tarde,
outra, menos complicada e mais prática: por meio do ato per
aos et libram.
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.6. Direito Sucessório
• Por outro lado, a Lei das XII Tábuas previa o caso
de inexistência de testamento, e determinava a
linha dos sucessores;
• A sucessão dos sui heredes, isto é, das pessoas
livres que passavam de alieni iuris a sui iuris pela
morte do paterfamilias, era considerada tão
natural na mente dos romanos, que nem a
regularam expressamente: a Lei das XII Tábuas
continha disposições apenas para o caso de eles não
existirem;
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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 6.6. Direito Sucessório

• No caso de pluralidade de herdeiros, cada um sucedia


ao de cujus no patrimônio todo, sendo os direitos e
obrigações de cada herdeiro limitados apenas pelo
concurso dos demais, cabendo a todos alíquotas
ideais, sem divisão real: concursu partes fiunt;
• As dívidas eram transmitidas totalmente aos
herdeiros nessa hipótese. Quanto às obrigações
divisíveis, eram divididas entre eles; em caso
contrário ficavam os herdeiros devendo em comum.

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6. Capacidade Jurídica de Gozo


 Direito Sucessório
• A responsabilidade do herdeiro, no direito
romano clássico, era pessoal e ia além do
ativo da herança. Respondia com seu
próprio patrimônio, como se tivesse ele
próprio contraído o débito;
• As mulheres não recebiam Herança,
permanecendo em tutela perpétua.
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7. Corpus Iuris Civilis


 A ineficácia das leis das XII Tábuas fez
surgir uma praxe de solicitar a um jurista a
solução para um caso não previsto em lei;
 Esses pareceres são compilados,
constituindo a Codificação de Justiniano;
 O direito criado desde a lei das XII Tábuas,
incorporado ao Código de Justiniano,
constitui o marco inicial do direito
europeu.
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8. Código de Justiniano
 No período Bizantino, foi compilado no
código. A lei de talião é posta de lado;

 Constitui marco inicial do direito


europeu;

 É o berço de alguns vocábulos: Posse,


pessoa (persona), usucapião (usucapio)
etc
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9. O ressurgimento na Idade Média


 9.1. Glosas
• A medida que a sociedade feudal ia ficando
mais estável, evidenciava-se o advento de
uma unidade política mais forte;
• A solução surgiu com o achado do texto
completo do Digesto, de Justiniano: era o
direito que necessitava a Europa medieval;
• Suas interpretações marcam o renascimento
do direito romano na Idade Média.
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10. Resolução de controvérsias – Aula 15


 Houve três formas de resolução de controvérsias:
• Primeiro: As ações da lei: correspondem ao período
arcaico. Nelas o saber jurídico está na figura dos
pontífices;
• Em segundo: A tempo do processo formular: a
produção do direito – como cultura e como regra –
está na mão dos pretores ao lado dos juristas, ou
prudentes;
• Em terceiro: Período da cognição extraordinária: o
imperador e seus juristas se destacavam como
atores da nova ordem.
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11. Características de alguns institutos jurídicos


• A cidadania era dada a grupos (antes de 212
d.C.) e não a pessoas individualmente, sendo
estendida lentamente:
- No século I a.C. é dada aos habitantes da
itália;
- Em 212 d.C. é dada a todos os habitantes do
Império (Edito de Carala);
• As violações mais cruéis possuíam apenas
um caráter civil;
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O DIREITO ROMANO

11. Características de alguns institutos jurídicos


• Não existia um poder público coativo e exterior,
capaz de impor a sanção jurídica de forma organizada
e centralizada;
• As citações eram feitas pelas próprias partes;
• Conhecem-se apenas fragmentos da literatura dos
fins da República do começo do Principado;
• O comércio e o artesanato bastante desenvolvidos;
havendo exploração da escravidão;
• Religião (politeísta e antropomórfica); havia o culto
ao fogo; e o culto da alma e da morte. O Cristianismo,
tornou-se religião oficial a partir de 392);
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11. Características de alguns institutos jurídicos


• Proibia a compra de propriedade imóvel
por estrangeiros;
• A propriedade não era individual, e sim,
da família;
• Era perpétua e impassível de contestação
por outros devido ao seu caráter sagrado.
• O direito se consubstanciou na Lei das XII
Tábuas;
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12. Críticas ao Direito Romano


 As críticas ao direito romano são feitas por Agostinho,
no livro A Cidade de Deus, onde faz a defesa do
cristianismo e demonstra as causas da queda de Roma.
 Reconhece a utilidade, instrumentalidade e necessidade
do direito romano, mas afirma que o mesmo não
desempenha um papel motivador para uma civilização.
 A igreja, pela pretensão de universalidade, tende nesta
época alinhar-se ao princípio da territorialidade,
unificando o direito de todos os que aderem a um rei
bárbaro que se converte ao catolicismo.

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As Invasões Bárbaras

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13. As Mudanças em Roma Após as Conquistas


 Os romanos antes das
grandes conquistas,
eram muito mais
tradicionais do que os
romanos destas;
 Estes eram muito mais
cosmopolitas, mais
voltados para o mundo
e abertos a mudanças.

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Sistema Legal Global

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 Leitura e Filmes recomendados

• Filme: Nero - Um Império que Acabou em Chamas (2004). Direção: Doug


Lefler. Elenco: Ben Kingsley Ambrosinus, Colin Firth, Aishwarya Rai, Peter
Mullan, Kevin McKidd, Wulfila, John Hannah, e outros. 110 min.
• Filme: A Última Legião (The Last Legion, EUA, 2007). Direção: Doug
Lefler. Elenco: Ben Kingsley Ambrosinus, Colin Firth, Aishwarya Rai, Peter
Mullan, Kevin McKidd, Wulfila, John Hannah, e outros. 110 min.
• Filme: Gladiador (Gladiator, EUA, 2000). Direção: Ridley Scott.
Elenco: Russel Crowe, Joaquin Phoenix, Richard Harris, Connie Nielsen,
Oliver Reed, Derek Jacobi, Ralph Moeller, Spencer Treat Clark; 154 min.
• Filme:A Queda do Império Romano (The Fall of the Roman Empire, EUA
1964). Direção: Anthony Mann. Elenco: Sônia Loren, Alec Guinness, Jamas
Mason, Christopher Plummer, Anthony Quayle, Eric Poter, e outros. 172
min, Paramount Pictures.
• Filme: Spartacus (EUA, 1960). Direção: Stanley Kubrick. Elenco: Kirk
Douglas, Jean Simmons, Laurence Olivier, Peter Ustinov, Charles
Laughton, e outros. 196 min, Universal.

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 Referências:
• CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral
e Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
• WOLKMER, Antonio Carlos. Fundamentos de
História do Direito. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2006.
• LOPES, José Reinaldo de. O Direito na História:
Lições Introdutórias. 2. ed. São Paulo: Max Limond,
2002.
• BOBBIO, Norberto. O Positivismo jurídico. São
Paulo: Ïcone, 1995.
• GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo
do Direito. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
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A todos obrigada por terem assistido


a aula sobre: “O Direito Moderno
da Sociedade Ocidental: O
Direito Romano”, da Disciplina
de História do Direito.

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