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RESUMO
O papel de uma alimentação saudável na manutenção da saúde tem despertado interesse dos
consumidores e da comunidade científica, o que vem estimulando inúmeros estudos com o
intuito de comprovar a atuação de componentes bioativos na redução de riscos de certas
doenças. Os alimentos funcionais devem produzir benefícios específicos à saúde, reduzindo o
risco de diversas doenças, conduzindo ao bem estar físico e mental. Assim sendo, tem
ocorrido um grande avanço no desenvolvimento dos chamados produtos probióticos,
prebióticos e simbióticos. Entre os papéis potencialmente benéficos dos probióticos, são
citadas a ativação do sistema imune, atividade anticarcinogênica, síntese de vitaminas do
complexo B, melhora na digestão da lactose por indivíduos lactase não persistentes e a
modulação dos níveis de colesterol sérico. Este trabalho apresenta uma revisão sobre os
conceitos, principais microrganismos, alegações de função e saúde dos probióticos em
alimentos destinados para humanos.
ABSTRACT
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NUTRIR GERAIS – Revista Digital de Nutrição – Ipatinga: Unileste-MG, V. 2 – N. 3 – Ago./Dez. 2008.
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The role of the healthy feed on health maintenance have increase the interest or consumers
and scientists, stimulating many studies aiming to give evidence the performance of
bioactives ingredients on decreased of diseases hazards. The functional foods should to
enhance specific benefits to the health, reducing the risk of several diseases and promoting
physicals and mental health. The main roles of probiotics are to stimulate the immune system,
the antimutagenic and the anticarcinogenic properties, complex B vitamins syntesis,
alleviation of lactose intolerance and modulation on serum cholesterol. This work shows the
review about the concepts, main microorganisms, functional and health claim of the
probiotics used in foods to human.
INTRODUÇÃO
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Em meados dos anos 80, surgiu no Japão o termo “alimentos funcionais”, como
resultado de esforços para desenvolver alimentos que possibilitassem a redução dos gastos
com saúde pública, considerando a elevada expectativa de vida naquele país (ARAYA e
LUTZ, 2003). Até aquela data, o Japão era o único país que tinha formulado uma regulação
específica para os alimentos funcionais, conhecidos como Alimentos para Uso Específico de
Saúde (FOSHU) (ROBERFROID, 2002).
O termo “funcional” implica que o alimento tem algum valor principal identificado
para o benefício da saúde, incluindo a redução do risco de doença para a pessoa que o esteja
consumindo (STRINGHETA et al., 2007b).
Os alimentos funcionais podem ser considerados como parte importante do bem-estar,
no qual também se incluem uma dieta equilibrada e atividade física. O guia alimentar para a
população brasileira recomenda o estímulo à prática de atividade física e a adoção de uma
dieta variada e alerta para não se mistificar os componentes funcionais dos alimentos
(MORAES & COLLA, 2006; STRINGHETA et al., 2007b).
Alimentos funcionais também são conhecidos por outros nomes, como nutracêuticos,
alimentos terapêuticos e alimentos medicinais. Tais alimentos podem conter um ou até
mesmo uma combinação de componentes que dão desejáveis efeitos fisiológicos no corpo
humano (CRUZ et al., 2007).
No Brasil, estima-se que as vendas de alimentos funcionais chegam a US$ 500
milhões por ano, representando aproximadamente 1% do total do comércio brasileiro de
alimentos processados industrializados, segundo dados da Associação Brasileira de Indústrias
de Alimentos (ABIA). Esta associação representa os interesses da indústria de alimentos
brasileiros e adicionalmente dos produtos lácteos funcionais, nutracêuticos e produtos à base
de soja que já ocupam um significativo e promissor mercado (ALIMENTO SEGURO, 2005).
Neste contexto, tem ocorrido um grande avanço no desenvolvimento dos chamados
produtos probióticos, prebióticos e simbióticos (LOURENS-HATTING, 2002). O interesse
pelos efeitos benéficos à saúde humana proporcionado especialmente por bactérias ou
leveduras viáveis tem provocado um aumento mundial na comercialização de produtos que
contenham estes microrganismos (ARAÚJO, 2007).
Este trabalho apresenta uma revisão sobre os conceitos, principais microrganismos e
fontes, alegações de função e de benefícios para saúde.
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no intestino grosso, embora eles possam ter também algum impacto sobre os microrganismos
do intestino delgado (GIBSON e ROBERFROID, 1995; ROBERFROID, 2001; SAAD,
2006). Eles agem estimulando o crescimento dos grupos endógenos de população microbiana
benéfica para a saúde humana, como as bifidobactérias e os lactobacilos (ROBERFROID,
2002).
De acordo com Lorente e Serra (2001), as substâncias mais estudadas por seu efeito
prebiótico são os oligossacarídeos, os glicoconjugados do leite humano e os frutooligossacarí-
deos encontrados em frutas e hortaliças. Os oligossacarídeos protegem especificamente os re-
cém-nascidos frente à patógenos causadores de diarréia, favorecendo a colonização por Bifi-
dobacterium bifidum e interferem na ação patógena de Escherichia coli e Campylobacter je-
juni.
Os Simbióticos referem-se à combinação de bactérias probióticas e de substâncias
prebióticas que afetam beneficamente o hospedeiro por melhorar a sobrevivência e
implantação de microrganismos vivos no trato gastrodigestório e por favorecer seletivamente
o crescimento ou atividade metabólica de bactérias promotoras de saúde no cólon
(O’SULLIVAN, 2001; ARAÚJO, 2007). Os alimentos simbióticos estão representados
principalmente pelos produtos lácteos fermentados (ROWLAND et al., 1997; DIPLOCK et
al., 1999).
A interação entre o probiótico e o prebiótico in vivo pode ser favorecida por uma
adaptação do probiótico ao substrato prebiótico anterior ao consumo, podendo resultar em
uma vantagem competitiva para o probiótico, se ele for consumido juntamente com o
prebiótico. Alternativamente, esse efeito simbiótico pode ser direcionado às diferentes regiões
do trato gastrintestinal. O consumo de probióticos e de prebióticos apropriadamente
selecionados pode aumentar os efeitos benéficos de cada um deles, uma vez que o estímulo de
cepas probióticas conhecidas leva à escolha dos pares simbióticos substrato-microrganismo
ideais (BIELECKA et al., 2002; HOLZAPFEL e SCHILLINGER, 2002; MATTILA-
SANDHOLM et al., 2002; PUUPPONEN-PIMIÄ et al., 2002; SAAD, 2006).
Em virtude dos efeitos benéficos produzidos pelos probióticos e prebióticos, tem
havido um considerável interesse por parte das indústrias em desenvolver produtos
alimentícios que contenham estes microrganismos e ingredientes funcionais (STANTON et
al., 1998).
A MICROBIOTA INTESTINAL
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e transtornos. Além disso, o processo fermentativo normal pode produzir metabólitos
indesejáveis como amônia, compostos fenólicos e toxinas (RASTAL et al., 2000).
A microbiota do intestino também está susceptível à contaminação por patógenos
passageiros, que altera a estrutura da colonização normal, podendo levar a desordens
intestinais agudas e/ou crônicas. Sendo assim, o intestino grosso é o foco principal para os
alimentos funcionais que são utilizados no fortalecimento das funções normais do intestino, e
ajudando a prevenir deficiências orgânicas. A colonização da microbiota é determinada pela
suscetível ação de certos grupos e mecanismos dietéticos (SALMINEN et al., 1998).
A hidrólise e o metabolismo de carboidratos no intestino grosso são influenciados por
uma variedade de fatores físicos, químicos, biológicos e ambientais. Destes, provavelmente
seja a natureza e quantidade de substrato disponível que tenha maior significado, fazendo da
dieta o principal e mais fácil mecanismo pelo qual se pode influenciar o perfil de fermentação.
Outros fatores que afetam a colonização e crescimento de bactérias no intestino são o pH do
intestino, a produção de metabólitos inibidores (ácidos e peróxidos) e de substâncias
inibitórias específicas (bacteriocinas), sais biliares e eventos imunológicos (RASTAL et al.,
2000).
O conhecimento da microbiota intestinal e suas interações levou ao desenvolvimento
de estratégias alimentares objetivando a manutenção e o estímulo das bactérias normais ali
presentes (GIBSON e FULLER, 2000). É possível aumentar o número de microrganismos
promotores da saúde no trato gastrintestinal através da introdução de probióticos pela
alimentação ou com o consumo de suplemento alimentar prebiótico, o qual irá modificar
seletivamente a composição da microbiota, fornecendo ao probiótico vantagem competitiva
sobre outras bactérias do ecossistema (CRITTENDEN, 1999).
A ligação de bactérias probióticas aos receptores da superfície celular dos enterócitos
também dá início às reações em cascata que resultam na síntese de citocinas (KAUR et al.,
2002). Dados experimentais indicam que diversos probióticos são capazes de modular
algumas características da fisiologia digestiva, como a imunidade da mucosa e a
permeabilidade intestinal (FIORAMONTI et al., 2003).
OS PROBIÓTICOS
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Lactobacillus, Bifidobacterium, Streptococcus e ainda algumas cepas não patogênicas de
Escherichia coli (CABRÉ e GASSULL, 2007). A reintrodução destes grupos microbianos no
hospedeiro é feita por meio da administração de probióticos que afetam beneficamente o
hospedeiro pela melhora do balanço da microbiota intestinal (BOTELHO, 2005).
As bactérias lácticas são Gram-positivas, quase sempre catalase negativas, não
formadoras de esporos e acumulam ácido lático no ambiente em que crescem como produto
do metabolismo primário. Todos os componentes do grupo lático são fastidiosos e estão
presentes em ambientes nutricionalmente ricos como vegetais, leite, carne e trato intestinal.
São anaeróbios, anaeróbios facultativos ou microaerófilos (SAAD, 2006).
Para garantir um efeito contínuo, os probióticos devem ser ingeridos diariamente.
Alterações favoráveis na composição da microbiota intestinal foram observadas com doses de
100 g de produto alimentício contendo 108-109 UFC de microrganismos probióticos (107 a 106
UFC/g de produto), geralmente com a administração durante o período de 15 dias
(BLANCHETTE et al., 1996; JELEN e LUTZ, 1998).
Bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium e, em menor
escala, Enterococcus faecium, são mais freqüentemente empregadas como suplementos
probióticos para alimentos, uma vez que elas têm sido isoladas de todas as porções do trato
gastrintestinal do humano saudável (SAAD, 2006). O íleo terminal e o cólon parecem ser os
locais de preferência para colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias
(CHARTERIS et al., 1998; BIELECKA et al., 2002). Entretanto, deve ser salientado que o
efeito de uma bactéria é específico para cada cepa, não podendo ser extrapolado, inclusive
para outras cepas da mesma espécie (GUARNER e MALAGELADA, 2003).
Bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium são mais
freqüentemente empregadas como suplementos probióticos para alimentos (CHARTERIS et
al., 1998).
O uso mais comum de microrganismos probióticos tem sido em produtos lácteos - lei-
tes fermentados, sorvetes e queijos. E sua viabilidade neste tipo de produto pode ser afetada
por vários fatores como a produção de ácido lático e peróxido de hidrogênio por fermentos
tradicionais, presença de oxigênio, assim como interações entre cepas presentes e a concentra-
ção de açúcar (BARRETO et al., 2003; SHAH et al., 2007).
Microrganismos probióticos são freqüentemente usados em alimentos fermentados e a
fermentação age para reter e otimizar a viabilidade microbiana e produtividade, enquanto,
simultaneamente, preserva as propriedades probióticas. Durante a fermentação, vários
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produtos metabólicos aparecem no alimento, incluindo ácido láctico, ácido acético,
bacteriocinas, e o pH do produto diminui. Estas mudanças podem afetar a estabilidade de
bactérias probióticas, alterando suas propriedades funcionais. Na aplicação em produtos
fermentados devem também contribuir na melhoria da qualidade sensorial do produto
(ISOULARI et al., 2004).
Gênero Bifidobacterium
Segundo Gomes e Malcata (2002), as bifidobactérias foram isoladas pela primeira vez
no final do século 19 por Tissier, sendo, em geral, caracterizadas por serem microrganismos
gram-positivos, não formadores de esporos, desprovidos de flagelos, catalase-negativos e
anaeróbios. No que diz respeito à sua morfologia, podem ter várias formas que incluem
bacilos curtos, curvados ou bifurcados. Atualmente, o gênero Bifidobacterium inclui 30
espécies, 10 das quais são de origem humana (cáries dentárias, fezes e vagina), 17 de origem
animal, 2 de águas residuais e 1 de leite fermentado. Esta última tem a particularidade de
apresentar uma boa tolerância ao oxigênio, ao contrário da maior parte das outras do mesmo
gênero.
Dentre as bactérias pertencentes ao gênero Bifidobacterium, destacam-se B. bifidum,
B. breve, B. infantis, B. lactis, B. animalis, B. longum e B. thermophilum (LEE et al., 1999;
SANDERS e KLAENHAMMER, 2001). Somente cinco espécies de Bifidobacterium de
origem humana (B. longum, B. bifidum, B. breve, B. infantis e B. adolescentis) têm atraído a
atenção da indústria para a produção de produtos lácteos fermentados com fins terapêuticos
(BOTELHO, 2005).
Bifidobactérias são habitantes naturais do trato gastrintestinal humano. Atualmente,
estudos científicos in vivo usando animais ou voluntários humanos têm demonstrado que o
consumo de células vivas destes microrganismos tem efeito sobre a microbiota do trato
digestivo. Estirpes selecionadas sobrevivem ao estômago e ao trânsito intestinal e atingem o
cólon em número elevado. Recém-nascidos são colonizados por bactérias bífidas durante os
dias após o nascimento e a população parece se manter relativamente estável até idade
avançada, quando ocorre um declínio. Entretanto, dieta, antibióticos e estresse são apontados
como capazes de influenciar a população de bifidobactérias no intestino (SHAH, 2007).
Para resistir às condições do trato gastrointestinal culturas probióticas devem
apresentar tolerância à bile e atividade de hidrólise de sais biliares, além de resistir a
condições ácidas e ricas de proteases. Adicionalmente, devem ser capazes de competir com a
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microbiota normal e resistir aos metabólitos produzidos por membros dessa microbiota,
incluindo bacteriocinas, ácidos orgânicos e outros agentes antimicrobianos
(KLAENHAMMER e KULLEN, 1999).
Quanto ao aspecto taxonômico, as culturas probióticas devem ser identificadas e
classificadas, com base em suas características fenotípicas e, principalmente, genotípicas. Na
caracterização genética é importante incluir análises filogenéticas em diferentes graus de
sofisticação, objetivando não só a correta classificação, mas também a geração de fingerprints
ou impressão digital da bactéria, que permitam a inequívoca recuperação e identificação em
alimentos e também quando introduzidas no sistema gastrointestinal em estudos de
sobrevivência, colonização e atividade funcional in vivo (KLAENHAMMER e KULLEN,
1999).
Gênero Lactobacillus
Outro gênero que integra o hall dos agentes probióticos é o Lactobacillus, isolado pela
primeira vez por Moro, em 1900, a partir das fezes de lactentes amamentados com leite
materno. Este investigador atribuiu-lhes o nome de Bacillus acidophilus, designação genérica
dos lactobacilos intestinais.
O gênero Lactobacillus conta hoje com 56 espécies reconhecidas, das quais 5 contêm
subespécies (delbrueckii, aviarius, salivarius, coryniformis e paracasei). Dezoito delas,
presentes na microbiota intestinal de humanos, são consideradas de interesse como
probióticos. Dentre as bactérias láticas deste gênero, destacam-se Lb. acidophilus, Lb.
helveticus, Lb. casei - subsp. paracasei e subsp. tolerans, Lb. paracasei, Lb. fermentum, Lb.
reuteri, Lb. johnsonii, Lb. plantarum, Lb. rhamnosus e Lb. salivarius (KLAENHAMMER e
KULLEN, 1999).
De acordo com o Bergey’s Manual of Determinate Bacteriology, o gênero
Lactobacillus é composto por bacilos Gram positivos, regulares e não esporulados. Possuem
morfologia celular variando de bacilos longos e finos até, algumas vezes, como bacilos
curvados e pequenos (BOTELHO, 2005). Este gênero compreende, neste momento, 56
espécies oficialmente reconhecidas (GOMES e MALCATA, 2002).
A dificuldade na classificação é discutida por diversos autores, já que o gênero
comporta muitas espécies, sendo algumas, muito distantes geneticamente umas das outras e
outras altamente relacionadas, variando somente na extensão da fermentação de alguns
carboidratos (BOTELHO, 2005).
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Os Lactobacillus são microaerófilos e, quando cultivados em meios sólidos,
geralmente o desenvolvimento é melhor em anaerobiose ou pressão de oxigênio reduzido e
5% a 10% de CO2; alguns são anaeróbios em isolamento. Nos meios usuais de crescimento,
os lactobacilos raramente produzem pigmentos que, quando presentes, são amarelados,
laranja-ferrugem ou vermelho-tijolo. Crescem em temperaturas que variam de 2ºC a 53ºC,
com valores ótimos, geralmente, de 30ºC a 40ºC. São acidúricos, com pH ótimo entre 5,5 e
6,2; o crescimento ocorre a pH 5,0 ou menos. A taxa de crescimento é freqüentemente
reduzida em meios neutros ou alcalinos. Nas diversas espécies, a redução do nitrato não é
usual, podendo acontecer, porém, quando o pH terminal é estabilizado acima de 6,0
(BOTELHO, 2005).
As características fenotípicas mais utilizadas na identificação de Lactobacillus são:
forma, coloração de Gram, arranjo, motilidade, catalase, temperatura máxima e mínima de
crescimento e fermentação de 33 diferentes tipos carboidratos (BOTELHO, 2005).
MECANISMOS DE AÇÃO
Três possíveis mecanismos de atuação são atribuídos aos probióticos, sendo o primeiro
deles a supressão do número de células viáveis através da produção de compostos com
atividade antimicrobiana, a competição por nutrientes e a competição por sítios de adesão. O
segundo desses mecanismos seria a alteração do metabolismo microbiano, através do aumento
ou da diminuição da atividade enzimática. O terceiro seria o estímulo da imunidade do
hospedeiro, através do aumento dos níveis de anticorpos e o aumento da atividade dos
macrófagos. O espectro de atividade dos probióticos pode ser dividido em efeitos nutricionais,
fisiológicos e antimicrobianos (SAAD, 2006).
Os probióticos exercem ações diversas sobre a saúde mediante distintos mecanismos
de ação. Atuam acidificando a luz intestinal, se agregando às substâncias que inibem o
crescimento de microrganismos patogênicos, consumindo nutrientes específicos,
competitividade a receptores intestinais de forma que mantêm a microbiota intestinal evitando
a ação de patógenos. Têm atividades imunomoduladoras, principalmente por modificarem a
resposta a antígenos; aumentarem a secreção de IgA especifica frente a rotavirus; facilitarem a
captação de antígenos na placa de Peyer; produzirem enzimas hidrolíticas, e diminuirem a
inflamação intestinal (LORENTE e SERRA, 2001).
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Os prebióticos exercem um efeito osmótico no trato gastrintestinal, enquanto não são
fermentados. Quando fermentados pela microbiota endógena, eles aumentam a produção de
gás. Portanto, os prebióticos apresentam o risco teórico de aumentar a diarréia em alguns
casos (devido ao efeito osmótico) e de serem pouco tolerados por pacientes com síndrome do
intestino irritável. Os probióticos, por outro lado, não apresentam esse inconveniente teórico e
têm sido efetivos na prevenção e no alívio de diversos episódios clínicos, envolvendo diarréia
(MARTEAU e BOUTRON-RUAULT, 2002).
A modulação da microbiota intestinal por esses prebióticos é conseqüente à alteração
da composição desta microbiota por uma fermentação específica, a qual resulta em uma
comunidade em que há predomínio de bifidobactérias (KAUR e GUPTA, 2002).
Vem crescendo as evidências que sugerem que probióticos possam ser efetivos na
prevenção de infecção no trato urinário. O mecanismo de ação proposto inclui inibição do
crescimento e adesão de patogênicos na mucosa vaginal e uretral antes do acesso destes
patógenos dentro da bexiga (GERASIMOV, 2004).
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• Promoção da resistência gastrintestinal à colonização por patógenos;
• Diminuição da população de patógenos através da produção de ácidos acético e lático,
de bacteriocinas e de outros compostos antimicrobianos;
• Promoção da digestão da lactose em indivíduos intolerantes à lactose;
• Estimulação do sistema imune;
• Alívio da constipação;
• Aumento da absorção de minerais e produção de vitaminas.
Os probióticos auxiliam a recompor a microbiota intestinal, através da adesão e
colonização da mucosa intestinal, ação esta que impede a adesão e subseqüente produção de
toxinas ou invasão das células epiteliais (dependendo do mecanismo de patogenicidade) por
bactérias patogênicas. Adicionalmente, os probióticos competem com as bactérias
indesejáveis pelos nutrientes disponíveis no nicho ecológico. O hospedeiro fornece as
quantidades de nutrientes que as bactérias intestinais necessitam e estas indicam ativamente as
suas necessidades. Essa relação simbiótica impede uma produção excessiva de nutrientes, a
qual favoreceria o estabelecimento de competidores microbianos com potencial patogênico ao
hospedeiro. Além disso, os probióticos podem impedir a multiplicação de seus competidores,
através de compostos antimicrobianos, principalmente bacteriocinas, ácidos orgânicos
voláteis e peróxido de hidrogênio (KOPP-HOOLIHAN, 2001; CALDER e KEW, 2002;
GUARNER e MALAGELADA, 2003).
O efeito dos probióticos no sistema imune tem também sido objeto de numerosos
estudos há mais de 20 anos. Certas linhagens de Bactérias do Ácido Lático são capazes de
estimular, bem como regular, vários aspectos das respostas imune natural e adquirida. Estas
incluem, por exemplo, aumento da atividade fagocítica de leucócitos, estimulação de resposta
não-específica (IgA) e específica (anticorpos) e aumento da produção de citocinas in vivo.
Grande parte das evidências de sistemas in vitro e de modelos animais e humanos sugere que
os probióticos podem estimular tanto a resposta imune não-específica quanto específica.
Acredita-se que esses efeitos sejam mediados por uma ativação dos macrófagos, por um
aumento nos níveis de citocinas, por um aumento da atividade das células destruidoras
naturais (NK = natural killer) e/ou dos níveis de imunoglobulinas (GILLILAND, 2001;
SAAD, 2006).
Quanto aos critérios dietéticos e terapêuticos, culturas probióticas destinadas ao
consumo humano devem ser originárias do trato intestinal humano, porque são altamente
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compatíveis com o ambiente intestinal e toleradas pelo sistema imunológico do hospedeiro,
uma vez que persistem nesse ecossistema ao longo do tempo (KLAENHAMMER e
KULLEN, 1999).
Strauss e Caly (2003) citam que há possibilidade de opcionalmente se prevenir com
probióticos a recorrência de peritonite bacteriana espontânea causada por cirrose ou
insuficiência hepática, por diminuir o número de bactérias patogênicas e por aumentar a
imunidade do intestino, juntamente com antibióticos de uso contínuo – como a norfloxacina –
que já são utilizados no tratamento clássico.
A alteração do metabolismo microbiano pelos probióticos ocorre por meio do aumento
ou diminuição da atividade enzimática. Uma função vital das bactérias láticas na microbiota
intestinal é produzir a enzima β-D-galactosidade (galactosidase), auxiliando a quebra da
lactose no intestino. Essa ação é fundamental, particularmente no caso de indivíduos com
intolerância à lactose, os quais são incapazes de digeri-la adequadamente, o que resulta em
desconforto abdominal em grau variável (LOURENS-HATTINGH e VILJOEN, 2002).
Diversas evidências têm demonstrado que o consumo de quantidades adequadas, de
cepas apropriadas de bactérias láticas (incluindo bactérias láticas não-probióticas como
Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus) é capaz de aliviar os sintomas de
intolerância à lactose. Desta maneira, consegue-se incorporar produtos lácteos e os nutrientes
importantes que fazem parte desses produtos de volta à dieta de indivíduos intolerantes à
lactose, que normalmente se vêem obrigados a restringir a ingestão desses produtos. Outro
efeito descrito foi a redução ou supressão da atividade de enzimas fecais, como a β-
glicuronidase, a nitrorredutase, a azorredutase (LEE et al., 1999; KOPP-HOOLIHAN, 2001).
Lactobacilos e bifidobactérias estão relacionados com a redução do risco de alergias
de origem alimentar. Estas bactérias são capazes de induzir a quebra de proteínas com
potencial alergênico no trato gastrintestinal, processo que pode contribuir para a redução da
alergenicidade de proteínas (MORAIS e JACOB, 2006).
Até então, o único tratamento para alergias de origem alimentar era a eliminação do
alimento envolvido da dieta. Entretanto, existem evidências científicas para a aplicação de
probióticos no controle destas alergias. Os resultados de ensaios conduzidos em crianças
confirmam que probióticos podem ser aplicados para atenuar sintomas de doenças alérgicas
em humanos e pode levar a uma nova forma de tratamento de alergias de origem alimentar,
particularmente em crianças que possuem microbiota em desenvolvimento (MATTILA-
SANDHOLM et al., 1999).
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Majamaa e Isolauri (1997) demonstraram que crianças com dermatite atópica e com
alergia ao leite de vaca ao serem alimentadas com uma fórmula de hidrolisado de soro
fortificado com probiótico (Lactobacillus GG.) durante o período de um mês de tratamento
apresentaram uma melhoria clínica, com redução de mais de 50% do índice de dermatite
atópica (SCORAD-Clinical score of atopic dermatitis) quando comparadas ao grupo placebo.
As bactérias lácticas são fatores que garantem a preservação e as características
sensoriais de vários produtos, contribuindo para textura, paladar, percepção do gosto e
estabilidade de produtos fermentados pela síntese de exopolissacarídeos (SOUZA et al.,
2007).
A contribuição das bactérias do iogurte na melhora da microbiota intestinal tem sido
vastamente reconhecida. A incorporação de L. acidophilus e B. bifidum nos iogurtes geram
produtos de excelente valor terapêutico. Um consumo regular de iogurte (400 – 500g/semana)
contém 1,0 x 106 UFC/g de Bifidobacterium sp. e L. acidophilus, estes por sua vez deverão
sobreviver à passagem pelo trato intestinal para que possam oferecer seus efeitos terapêuticos
benéficos (BOTELHO, 2005).
Embora ainda não comprovados, outros efeitos atribuídos a essas culturas são a
diminuição do risco de certos tipos câncer (como o de cólon) e de doenças cardiovasculares.
São sugeridos, também, a diminuição das concentrações plasmáticas de colesterol, efeitos
anti-hipertensivos, redução da atividade ulcerativa de Helicobacter pylori, controle da colite
induzida por rotavirus e por Clostridium difficile, prevenção de infecções urogenitais, além de
efeitos inibitórios sobre a mutagenicidade (KAUR et al., 2002; TUOHY et al., 2003). Quanto
aos seus efeitos anticarcinogênicos, estes podem ser atribuídos à inibição de enzimas pró-
carcinogênicas ou à estimulação do sistema imune do hospedeiro (ISOLAURI et al., 2004).
Cabré e Gassull (2007) relatam que, em contraste com a colite ulcerativa e a
inflamação aguda da mucosa intestinal, os benefícios da terapia com probióticos na prevenção
da reincidência/reaparição da doença de Crohn estão longe de serem provados.
Ainda os prebióticos, como os frutooligossacarídios, produzem efeitos benéficos à
saúde humana, reduzindo o colesterol e prevenindo alguns tipos de câncer (PASSOS e PARK,
2003).
VALOR NUTRITIVO
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Os alvos de estudo mais comuns na avaliação do valor nutritivo de estirpes probióticas
são os produtos lácteos fermentados por lactobacilos e bifidobactérias. Tais produtos contêm
um elevado teor de nutrientes, que variam com o tipo de leite utilizado, o tipo de
microrganismo adicionado e o processo de fabricação escolhido.
De uma forma geral, o aumento da digestibilidade das proteínas e gorduras, a redução
do conteúdo em lactose (de particular importância para os indivíduos com intolerância à
lactose), a absorção aumentada de cálcio e ferro, o equilíbrio de conteúdo em várias vitaminas
e a presença de alguns metabólitos secundários, acoplados à presença de células probióticas
viáveis, fazem dos leites fermentados um dos alimentos naturais mais valiosos recomendados
para o consumo humano (GOMES e MALCATA, 2002).
Barrenetxe et al. (2006) estudaram o efeito de dietas suplementadas com probióticos
sobre a funcionalidade intestinal de ratos. Para tal, animais jovens (28 dias) da raça Swiss
foram distribuídos em três grupos experimentais (controle, Lactobacillus casei e
Bifidobacterium bifidum), os quais receberam dieta comercial durante 4 semanas acrescido
dos respectivos probióticos diluídos em leite, com concentração de 108 UFC/mL. De acordo
com os resultados, ambas as cepas bacterianas aumentaram a atividade imune, enzimática e de
captação de nutrientes do intestino delgado sem prejudicarem o desenvolvimento normal dos
animais.
VALOR TERAPÊUTICO
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Arvola et al. (1999) realizaram um teste duplo cego controlado em 119 crianças (idade
média de 4,5 anos) que receberam antibióticos para infecções respiratórias, juntamente com
cápsulas de L. rhamnosus GG ou de placebo. Observou-se manifestação de diarréia em 5%
das crianças que receberam o probiótico e em 16% das que receberam o placebo (p = 0,05). Já
no estudo de Thomas e colaboradores (2001) não se pode observar a diminuição do risco de
diarréia no teste controlado contra placebo em 267 adultos hospitalizados (29,3% versus
29,9%). Desta forma, é possível que os efeitos variem em função da região ou também da
idade.
Timmerman et al. (2007) demonstraram que o tratamento de ratos com peritonite bac-
teriana utilizando a associação da glutamina e probióticos confere um maior trofismo na mu-
cosa, diminuindo o estresse infeccioso.
McFarland et al. (1995, apud Marteau e Seksik, 2004) observaram que adultos que
tiveram diarréia devido ao Clostridium difficilis pela primeira vez, o tratamento com 1g/dia de
probiótico S. boulardii durante quatro semanas não foi significativo. Entretanto em indivíduos
que tinham uma reincidência da infecção, foi observada uma redução de metade do risco de
reincidência de tal diarréia (34,6 % vs 64,7 %, p = 0,04). Para obtenção destes resultados
foram utilizados também testes com placebo.
Surawicz et al. (2000) trataram adultos com reincidência de diarréia devido ao C.
difficile com forte dose de vancomicina e posteriormente com S. boulardii (1 g/dia, n=18) ou
placebo (n=14) durante 28 dias. Observaram que o risco de reincidência de C. boulardii foi de
16,7% para o grupo que recebeu o probiótico e de 50% para o grupo com placebo.
Rembacken et al. (1999) realizaram um estudo controlado com 116 pacientes que
tinham colite ulcerativa, a fim de avaliar a eficiência de uma estirpe de E. coli não patogênica
(Nissle 1917) versus Mesalazine® (considerado um eficiente anti-inflamatório) na prevenção
de tal doença. Os autores observaram que o probiótico E. coli não patogênico teve a mesma
eficiência que a droga farmacológica na redução da colite ulcerativa.
Em relação às crianças assistidas por centros de tratamento especializados, Weizman
et al. (2005) investigaram o efeito de duas diferentes espécies de probióticos na prevenção de
infecções gastrointestinais e respiratórias. Por meio de estudo duplo-cego, placebo-controlado
e randomizado, 201 crianças nascidas a termo, entre 4 e 10 meses de idade foram,
aleatoriamente, divididas em 3 grupos, que receberam diferentes tratamentos, durante 12
semanas: as alimentadas com fórmulas contendo Bifidobacterium lactis (n=73, teste 1) ou
Lactobacillus reuteri (n=68, teste2) e placebo (n=60). As crianças que receberam
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suplementação (teste 1 ou 2) quando comparadas ao placebo, mostraram menos episódios de
febre e diarréia, sendo estes episódios com menor duração. Tais efeitos foram mais
proeminentes para o teste 2. Em relação à infecção respiratória não foi observada nenhuma
modificação entre os tratamentos.
Em um estudo desenvolvido por Gotteland et al. (2006) objetivou-se avaliar o efeito
do consumo de um produto contendo Lactobacillus johnsonii La1, em diferentes
concentrações, sobre a homeostase da microbiota intestinal. Foram avaliados 8 indivíduos
saudáveis assintomáticos, os quais consumiram na primeira semana de teste 100 mL de um
produto contendo 108 UFC/mL, na segunda 200 mL e 500 mL na terceira semana. A excreção
fecal de La1 aumentou durante o período experimental até o 14º dia. Entretanto, observou-se
aumento das populações de Lactobacillus (p=0,056) e Bifidobacterium (p=0,067) e redução
de F. prausnitzii, um microrganismo potencialmente patogênico. Os resultados demonstraram
que o consumo regular de La1 é capaz de modular favoravelmente a microbiota intestinal.
Semelhante a esse estudo, Obregón e colaboradores (2003) avaliaram o consumo regular de
um produto contendo Lactobacillus johnsonii La1 e os efeitos sobre a colonização por
Helicobacter pylori (Hp) de indivíduos Hp positivo. Os resultados indicaram que a ingestão
regular do probiótico pode modular a colonização por H. pylori, sendo benéfica a microbiota
intestinal de indivíduos Hp positivo.
Interessantes resultados foram obtidos por Olivares et al. (2006), que avaliaram os
efeitos de duas cepas de probióticos sobre o sistema imune de indivíduos adultos. Trata-se de
um estudo randomizado, duplo-cego, ensaio clínico placebo controle que avaliou a atividade
das cepas Lactobacillus gasseri (CECT 5715) e Lactobacillus coryuniformis (CECT 5711), as
quais foram comparadas com um iogurte padrão. Foram recrutados 30 voluntários saudáveis
(15 mulheres) com idade entre 23 a 43 anos. Foram coletadas amostras sanguíneas antes e
após o período experimental e amostras de fezes foram coletadas semanalmente. O consumo
dos produtos contendo as cepas e de iogurte promoveu o aumento das concentrações e da
atividade de células fagocíticas, como monócitos e neutrófilos. Entretanto, quando
combinados, as duas cepas promoveram o aumento das concentrações de células natural
killer e IgA. Assim, as cepas testadas apresentaram melhores efeitos sobre o sistema imune,
em relação ao padrão, sendo os efeitos maiores após duas semanas de tratamento.
Liong e Shah (2005) investigaram as habilidades de remoção do colesterol de 11 cepas
(Lactobacillus acidophilus e L. casei) para entender os possíveis mecanismos de ação. E
concluíram que todas as 11 cepas apresentaram capacidades variadas para remover colesterol
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in vitro, e propuseram como possíveis mecanismos de ação a assimilação do colesterol
durante o crescimento, a incorporação do colesterol na membrana da célula e a ligação do
colesterol na superfície da célula. As cepas L. casei ASCC 292 e L. acidophilus 4962 foram as
que mais removeram o colesterol, indicando que estas cepas podem ser candidatas
promissoras usadas como um suplemento dietético para abaixar o colesterol sérico in vivo.
Greany et al. (2004) avaliaram o efeito dos probióticos Lactobacillus acidophilys e
Bifidobacterium longum na melhora do efeito das isoflavonas de soja em reduzir os níveis
séricos de lipídios sanguíneos. Participaram do estudo 37 mulheres que receberam
tratamentos distintos: isolado de proteína de soja (com isoflavona), isolado de proteína do
leite (sem isoflavona) e isolado de proteína de soja adicionado dos probióticos estudados
(isoflavona + probióticos). Comparando-se o isolado de proteína de soja ao do leite, o feito
das isoflavonas foi evidente, observando-se redução de 2,2% (p=0,02) e 3,5% (p=0,005) nos
níveis de colesterol total e LDL, respectivamente e aumento de 4,2% (p=0,006) no nível de
HDL. No entanto, o isolado de proteína de soja adicionado de probióticos não desempenhou
nenhum efeito adicional sobre os níveis de colesterol total e frações LDL e HDL.
O leite materno é essencial ao aleitamento de neonatos por favorecer o
desenvolvimento intestinal de bifidobactérias que participam da prevenção de infecções e da
modulação imune do indivíduo. Entretanto, o desenvolvimento de novas formulações infantis
contendo agentes probióticos se faz necessário em virtude do aleitamento materno nem
sempre ser possível (HUET et al., 2006).
Entre os benefícios creditados aos produtos de laticínio probióticos incluem-se:
promoção do crescimento, em estudos com ratos e aves; produção de vitaminas (riboflavina,
niacina, tiamina, vitamina B6, vitamina B12, ácido fólico); aumento na absorção de minerais;
aumento da resposta imune, pela elevação na produção de imunoglobulina A; diminuição da
população de patógenos, através da produção de ácido acético e ácido láctico e de
bacteriocinas; redução da intolerância à lactose; supressão de enzimas microbianas
potencialmente prejudiciais, associadas com o câncer de cólon, em animais; estabilização da
microbiota intestinal, especialmente após severos estresses intestinais ou uso de antibióticos;
alívio da constipação; redução do colesterol sangüíneo; e efeito antimutagênico (SGARBIERI
e PACHECO, 1999).
De uma forma geral, Urgell et al. (2005) salientam que os principais usos e indicações
dos probióticos em clínica e alimentação infantil são para a prevenção e tratamento de
diarréias infecciosas; para a modulação do sistema imune; para o tratamento de intolerância à
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lactose; para a síntese ou produção de subprodutos metabólicos com ação protetora intestinal,
e para a promoção endógena de mecanismos protetores para dermatite atópica e alergia de
alimentos.
Tendo em vista tantos benefícios, a divulgação dos efeitos positivos dos probióticos é
crucial. Segundo Reid e Hammond (2005), o conhecimento médico das provas clínicas do uso
de probióticos vai ajudá-los a sentirem-se confortáveis a recomendar o uso de suplementos
contendo probióticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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