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SOROTERAPIA EM ACIDENTES OFÍDICOS

Iran Mendonça da Silva


Médico Infectologista
Mestre em Medicina Tropical
Doutor em Doenças Tropicais e Infecciosas
Pesquisador da FMT-HVD/UEA
Prof. Universidade do Estado do Amazonas
02
Sumário
• Introdução  Contextualização
• Ação dos venenos das serpentes
• Medidas populares e alternativas
• Diagnóstico clínico e epidemiológico
• Soroterapia em acidente botrópico
• Soroterapia em acidente laquético
• Soroterapia em acidente crotálico
• Soroterapia em acidente elapídico
• Otimização na abordagem terapêutica
• Soro antiofídico trivalente liofilizado
• Finalização
2
03
Introdução
̶ Acidentes ofídicos – lista da OMS como Doença Tropical Negligenciada (NTDs) (4)
̶ Soro antiofídico – lista da OMS como Medicamento Essencial (4)
̶ No Mundo (2008) – pelo menos 421.000 casos com 20.000 mortes ocorrem por ano (podem chegar a 1.841.000
casos com cerca de 94.000 mortes) (1)
̶ Pelo menos 5.5 milhões de pessoas são vítimas de acidentes ofídicos onde 2.7 milhões são casos graves
resultando em 400.000 casos de incapacidades e 125.000 óbitos (2017)
̶ No Brasil (MS) – total de 416.109 casos (2000 a 2015), cerca de 28.000 casos/ano) (3)
̶ Na Região Norte (2015) – 52.6 casos/100.000 habitantes/ano (5)
̶ No Estado do Amazonas (2015) – 55.4 casos/100.000 habitantes (3)
̶ No Estado do Amazonas (2015) – taxa de letalidade de 0.6% (idosos e demora no atendimento) (5)
(1) Kasturiratne, A. et al 2008
(2) http://www.who.int/topics/epidemiology/en/
(3) http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/1025-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/animais-peconhentos-serpentes/l2-animais-peconhentos-
serpentes/13712-situacao-epidemiologica-dados. (Accessed 1.10.17)
(4) http://www. snakebiteinitiative.org/?page_id=287)
(5) Feitosa et al 2015
3
04
Distribuição por regiões das estimativas de mortes
no mundo devido a picadas de serpentes

Fonte: doi: 10.1371/journal.pmed.0050218.g007-PLoS Medicine | www.plosmedicine.org 1599 November 2008 | Volume 5 | Issue 11 | e218
05
Distribuição espacial dos acidentes (2007 a 2012)
Weather conditions or river waterlevel Maior bacia hidrográfica

Vegetação de alta densidade

Variação no nível hídrico

Uma grande área com alta taxa de incidência que se extende da Região Nordeste para a Região Central, onde a taxa de
incidência chega a ~ 150 casos/100.000 habitantes/ano (Feitosa et al 2015) http://d.emtempo.com.br/DIA-A-DIA/18121/nivel-das-aguas-do-rio-
negro-permanece-estavel-nesta-sexta
06

Manaus

Municípios
do entorno

31 – Maués – guaraná
10 – Rio Preto da Eva - laranja e indústria madeireira
16 – Uarini – mandioca
06 – Novo Airão – ecoturismo

ESTADO DO AMAZONAS – ACIDENTES RELACIONADOS À


ATIVIDADE LABORATIVA
07 Sazonalidade (número mensal de acidentes relacionados ao
período de chuvas) dos acidentes ofídicos registrados no Estado
do Amazonas de 2007 a 2012. (Feitosa et al. 2015)

7
08

https://www.todamateria.com.br/rio-amazonas/ http://www.iguiecologia.com/category/solo/

̶ O rio Amazonas possui aproximadamente 1.100 afluentes que formam a maior bacia hidrográfica do mundo,
com extensão de 7.008.370 km²
̶ O rio Amazonas percorre territórios do Peru, Brasil, Colômbia, Bolívia, Equador, Guiana e Venezuela. No Brasil o
rio se estende por 3.843.402 km² e banha os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará e
Mato Grosso
̶ O rio Amazonas atravessa uma das maiores florestas tropicais do mundo, a Floresta Amazônica. A flora da
Amazônia apresenta grande variedade de espécies, sendo a maior biodiversidade do planeta, incluindo mais de
1,5 milhões de espécies vegetais catalogadas
̶ O rio Negro é o segundo maior rio do mundo em volume de água e o maior afluente da margem esquerda do
Rio Amazonas
09
A maior bacia fluvial do mundo

Quais são os fatores determinantes no socorro às vítimas de acidentes ofídicos?


10

https://sandcarioca.wordpress.com/2010/10/26/seca-e- https://sandcarioca.wordpress.com/2010/10/26/seca- https:// sandcarioca.wordpress.com /2010/10


cheia-um-fenomeno-natural-na-amazonia/ e-cheia-um-fenomeno-natural-na-amazonia/ /26/seca-e-cheia-um-fenomeno-natural-na-amazonia/

https:// sandcarioca.wordpress.com /2010/10/26/seca-e- http://www.oeco.org.br/oecoamazonia/majestosa-rios- https://int.search.myway.com/search/AJimage.jhtml?&n


cheia-um-fenomeno-natural-na-amazonia/ da-amazonia/ =782b7042&p2=%5EBVB%5Exdm388%5ETTAB02%5Ebr&
pg=AJimage&pn=10&pt

https://manauspramim.com.br/2011/09/21/a-maior- https:// sandcarioca.wordpress.com /2010/10/26/seca-e- www.clickamazonia.com


cachoeira-do-brasil-araca-amazonas/ cheia-um-fenomeno-natural-na-amazonia/
11

http://www.fab.mil.br/noticias/mostra/ http://acritica.uol.com.br/amazonia/Situacao- http://portalamazonia.com/noticias/aviao-fretado-pelo-


municipios-interior-Amazonas- exercito-cai-em-roraima-quatro-pessoas-morrem
critica_0_663533648.html

http://www.fab.mil.br/noticias/mostra/
http://portalamazonia.com/noticias/aviao-fretado-pelo-
exercito-cai-em-roraima-quatro-pessoas-morrem

https://newsavia.com/queda-de-aviao-anfibio-no-amazonas-
http://www.fab.mil.br/noticias/mostra/ provoca-uma-morte/
12

ESTIMATIVA DE CUSTOS COM EVACUAÇÃO AEROMÉDICA DE ACORDO


COM A PROCEDÊNCIA E O DESTINO
PROCEDÊNCIA DESTINO VALOR

São Gabriel da
Manaus 34.476,00
Cachoeira
Tabatinga Manaus 47.476,00
Eirunepé Manaus 49.335,00
Apuí Manaus 18.798,00
Tefé Manaus 16.000,00
Parintins Manaus 16.000,00
Ipixuna Manaus 44.000,00
Fonte: Direção Aeromédica da empresa Manaus Aerotáxi (contrato
007/2011 entre a empresa e o governo do Amazonas). 12
13
13
“Tempo é tecido”
14
15
Região Norte => 52.6 vítimas/100.000
habitantes
‒ Serpente não identificada em cerca de 20% dos casos
‒ No Amazonas: 97% são casos por Bothrops (Jararacas)
2% - Lachesis (Surucucu)
1% - Micrurus (Coral)
‒ Faixa Etária e Sexo - 15 a 49 anos
80 % Homens
20 % Mulheres
Letalidade Variável

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16
MEDIDAS POPULARES E ALTERNATIVAS
17
Ação dos venenos das serpentes

Bothrops atrox adulta (arquivo próprio) Lachesis muta Crotalus durissus terrificus Micrurus leminiscatus
Fonte: arquivo próprio Fonte: http://www.serpentario.edu.uy/expolaura/3.html Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Micrurus lemniscatus

http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/janeiro/20/1-Casos-Ofidismo-2000-2015.pdf
18
19
Acidentes ofídicos

Arquivo próprio
20

Diagnóstico rápido e preciso

Urgência médica
21

Diagnóstico
clínico e epidemiológico

Soroterapia específica
22
Soroterapia específica
Aspectos históricos
Dr. João Batista de Lacerda Dr. Vital Brasil

Botucatu/Rio Claro
Lacerda no laboratório
de fisiologia do Museu Instituto
Nacional (1902). Butantan
(1901)

Arquivo próprio
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/contagio/contagio-27.php#ixzz20XR045Dw
23
24

Atualmente apresentação em frascos


25
25
Soros Heterólogos

Fonte: https://int.search.myway.com/search/video.jhtml?enc=0&n=78673f91&p2=%5EBZC%5Exdm165%5ES34892%5Ebr&pg=video&pn=1&ptb=BDC2E6A8-
7FB7-403E-8A6F-865E3DB26358&qs=&searchfor=produ%C3%A7%C3%A3o+do+soro+antiof%C3%ADdico&si=&ss=sub&st=tab&tpr=sbt&trs=wtt
26
26
Tamanho e idade da serpente
27
Diagnóstico epidemiológico
‒ Quais as características do acidente?
‒ Onde ocorreu?
‒ Quais as circunstâncias da ocorrência?
‒ Quais as medidas tomadas no pré-atendimento?
‒ Qual o tempo ocorrido entre o acidente e o atendimento
médico?
‒ Há informações sobre os ofídios locais?
‒ Há conhecimento sobre a sinonímia regional?
‒ Trouxeram ou viram a serpente envolvida no acidente?
28
Acidente botrópico

28
29

Diagnóstico Clínico
‒ Ação do Veneno: Proteolítica
Coagulante
Hemorrágica
‒ Quadro Clínico: dor e edema Progressivos
Sangramento
‒ Manifestações Sistêmicas: hemorragias secundárias,
náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão, choque
30 D
I
A
G
Bothrops atrox adulta (arquivo próprio) N Bothrops atrox filhote em que nota-se a para o engodo

Ó caudal (arquivo próprio) cauda com coloração branca

S
T
I
C
Ferimentos puntiformes causados pelas presas de Bothrops O Sangramento espontâneo na região da picada por Bothrops
atrox (arquivo próprio)
atrox (arquivo próprio)

Extensa área de equimose à distância (região dorso-lombar) causada


Coloração violácea por equimose na região da picada por por acidente com filhote de Bothrops atrox em membro superior Bolha causada pelo uso de torniquete na região em acidente causado
Bothrops atrox (arquivo próprio) esquerdo (arquivo próprio). por Bothrops atrox em membro superior direito (arquivo próprio).
31

Evolução e tratamento
‒ COMPLICAÇÕES: Síndrome compartimental
Infecção Secundária/abscesso
Necrose
Insuficiência Renal Aguda
Bloqueadores H1 e H2
Corticosteróides
‒ TRATAMENTO: Soroterapia Heteróloga SAB Acidentes Leves,
Moderados, graves (4, 8, 12 ampolas)
Seguimento das complicações
Prioritariamente em ambiente hospitalar
32
Abordagem primária

‒ Acalmar e confortar a vítima, que quase


sempre está agitada
‒ Manter a vítima em decúbito dorsal
‒ Lavar o local apenas com água e sabão
33
Abordagem primária

‒ Repouso – diminui a absorção da peçonha


‒ Não fazer garroteamento do membro afetado
‒ Remoção do acidentado para a Unidade de Saúde onde
houver o soro no menor tempo possível
‒ Diagnóstico do acidente por serpentes peçonhentas:
botrópico, crotálico, elapídico e laquético
34
Abordagem terapêutica

‒ Coletar sangue para análise laboratorial antes da


soroterapia para avaliação da evolução
‒ Aplicar o soro específico após a pré-medicação
‒ Membro acometido deve ser mantido elevado
‒ Compressas com água morna
‒ Administrar analgésico evitando drogas depressoras do
sistema nervoso
35
Abordagem terapêutica
36
Acidentes botrópicos leves
37
Acidentes botrópicos moderados
38
Acidentes botrópicos graves
39
Acidentes botrópicos graves
40
Acidentes botrópicos graves
41
Acidentes botrópicos graves
42
Importância do diagnóstico epidemiológico

Acidente por gravetos Acidente botrópico grave sem


com celulite complicações (B. bilineata em Urucu)
43
Condutas inadequadas no pré-atendimento
44
Acidente leve com infecção secundária
45
Complicações

Fonte: arquivos próprios


46
Acidente laquético
47
‒ Surucucu Pico-de-Jaca (maior serpente peçonhenta das Américas)
‒ Habita matas primárias e são umbrófilas.
‒ Manifestações Locais – Semelhante dos acidentes botrópicos.
‒ Manifestações Sistêmicas – Semelhante aos acidentes botrópicos + “Síndrome
Vagal” ( hipotensão, tonturas, turvação visual, bradicardia, naúseas, vômitos, dor
abdominal, diarréia, síncope)

‒ Tratamento – SABL
Acidentes moderados e
graves – 10 e 20 ampolas)
48
Acidente elapídico (micrúrico)
49

Micrurus sp
(coral, coral verdadeira)

‒ São fossoriais
‒ Presas inoculadoras posteriores
‒ Acidentes nas extremidades dos membros
‒ Acidentes são RAROS
‒ Potencialmente graves → Insuficiência respiratória
50
AÇÃO DO VENENO:
‒ NEURÓTOXICA (Pós-Sináptica):
• M. frontalis e M. lemniscatus
• Compete com a acetilcolina pelos receptores
(bloqueio neuro-muscular)
‒ NEUROTÓXICA (Pré-Sináptico):
• M. corallinus
Terminação
• Bloqueia a liberação da acetilcolina (não Bloqueio
nervosa
pré-sináptico
deflagra o potencial de ação) Bloqueio
pós-
sináptico
QUADRO CLÍNICO:
‒ Dor e parestesia local e progressiva

Receptores Célula
de ACh muscular
51
Acidente elapídico (micrúrico)

MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS:
- Vômitos
- Astenia progressiva
- Ptose palpebral
- Oftalmoplegia
- Mialgia
- Paralisia dos músculos respiratórios
TRATAMENTO
Comprometimento da ventilação - SAEL – 10 ampolas
- Suporte ventilatório (UTI),
Insuficiência Respiratória quando necessário
52
Acidente crotálico
53
Diagnóstico clínico epidemiológico

Crotalus durissus terrificus Crotalus durissus ruruima


Fonte: http://www.serpentario.edu.uy/expolaura/3.html Fonte: https://cobrasserpentes.blogspot.com.br/2012/09/cacavel.html

Acidente crotálico grave


apresentando fácies MANIFESTAÇÃES
miastênica com ptose
palpebral bilateral LOCAIS:
semelhantes aos
Fonte: http://biologiaeterna.blogspot.com.br/2011/04/fotos-de- acidentes botrópicos
acidentes-ofidicos.html
Foto: F. Bucaretchi
54

AÇÃO DO VENENO:
- Coagulante
- Miotóxica (rabdomiólise)
- Neurotóxica (pré-Sináptica)

QUADRO CLINICO:

- Dor (pequena intensidade ou ausente)


- PARESTESIA (local ou regional)
- EDEMA e ERITEMA - discretos
55
Acidente crotálico

- Manifestações Sistêmicas:
Mal estar, prostração, sudorese, sonolência ou
inquietação, xerostomia
- Neurológicas:
Fácies miastênica (ROSENFELD) - Ptose
palpebral uni ou bilateral, flacidez da
musculatura da face, anisocoria, oftalmoplegia,
distúrbios de acomodação visual (turvação
visual, diplopia), paralisia venopalatina - Complicações:
- Musculares: Insuficiência Renal (NTA) – nas
Mialgia precoce generalizada primeiras 48 horas
56
Acidente crotálico

- Tratamento: SAC ou SABC (Acidente leve, moderado ou grave – 5, 10 ou 20 ampolas)


Prevenção da IRA – Hidratação venosa
Avaliação criteriosa da função renal (laboratório, diurese)
- Hemodiálise: se necessário
57
Acidente crotálico

Os soros antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico, quando injetados


no paciente picado por espécies de serpentes do
gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, cotiara, urutú, caiçaca e outras)
ou do gênero Crotalus (cascavel), agem neutralizando o veneno em
circulação. O resultado do tratamento com a aplicação das doses
recomendadas é mais eficiente quanto mais precocemente essas doses
forem administradas. As injeções deverão ser aplicadas por via
intravenosa.
58
Colubrídeos
‒ Philodryas sp (cobra-verde, cobra-cipó)

‒ Clelia sp (mussurana)

‒ Erythrolampus aesculappi (semelhante a uma coral)

‒ Ação do Veneno:
• Proteolítica
• Hemorrágica
• Fibrinolítica
• Fibrinogeniolítica Philodryas olfersii
59
Colubrídeos

- Quadro Clínico:
• Dor
• Edema
• Equimose

- Tratamento:
• Sintomático

- Em acidentes com Phylodrias sp, que apresentem


hemorragias, pode ser usado o SAB
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Quadro geral de tratamento
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Pré-medicação e tratamento das
reações adversas
MEDICAMENTOS NA PRÉ-SOROTERAPIA MEDICAMENTOS NAS REAÇÕES ADVERSAS (NA
(20 MINUTOS ANTES DO SAV) DEPENDÊNCIA DA REAÇÃO APRESENTADA)
Adrenalina 1:1000 SC, se choque anafilático (adultos) –
Hidrocortisona EV 500 mg (adultos)
repetido a cada 10 minutos se necessário.
Para crianças – de acordo com o peso e/ou idade.

Ranitidina EV 50 mg (adultos)
OU Aminofilina EV 1 ampola diluído, gota a gota, se dispnéia.
Cimetidina EV 300 mg (adultos) Para crianças – de acordo com o peso e/ou idade.
Para crianças – de acordo com o peso e/ou idade.

Prometazina EV 1 ampola, se reação alérgica intensa, observar


Dexclorfeniramina VO 2 mg = 5 ml (adultos)
limite de dose com a dexclorfeniramina para evitar overdose
Para crianças – de acordo com o peso e/ou idade.
Para crianças – de acordo com o peso e/ou idade.

Intubação ou traqueostomia, se necessárias.


Elevação de decúbito
Obs1. Sempre utilizar equipo em Y (duas vias Oxigenioterapia sob máscara, intubação ou traqueostomia, se
Obs2. Paciente sempre em dieta zero antes da pré- necessário e de acordo com a evolução e gravidade de cada
soroterapia até o término da soroterapia específica caso.
Obs3. Iniciar o gotejamento do Soro Especifico 20 minutos
Obs1. Sempre interromper a administração do SAV fechando a
após o término da Pré-soroterapia e correr em 30 a 45
sua via de administração e aplicar o medicamento necessário.
minutos.
62
Reações alérgicas

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63
Reação anafilática  abordagem terapêutica

Aumento da permeabilidade
vascular

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64
Reação anafilática

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DC2E6A8-7FB7-403E-8A6F 865E3DB26358&qs=&searchfor=anafilaxia&si=&ss=sub&st=tab&tpr=sbt&trs=wtt&imgs=1p&filter=on&imgDetail=true
65
Reação anafilática

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66
Critérios diagnósticos para anafilaxia

Critério 1:
‒ Início agudo de uma doença (de minutos a horas) com envolvimento
da pele, tecido mucoso ou ambos (ex: urticária, prurido ou rubor
facial, edema de lábios, língua e úvula) e no mínimo um dos seguintes
achados:
• Comprometimento de vias respiratórias (ex: dispnéia, hipoxemia,
sibilos ou broncoespasmo, estertores)
• PA reduzida ou sintomas de hipofluxo sanguíneo (ex: hipotonia,
choque, síncope, incontinências)
67
Critérios diagnósticos para anafilaxia

Critério 2:
‒ Duas ou mais das seguintes manifestações ocorrendo imediatamente
após a exposição do indivíduo ao antígeno:
• Envolvimento da pele ou das mucosas
• Comprometimento respiratório
• Redução da PA ou sintomas associados
• Sintomas gastrintestinais persistentes (vômitos, cólica ou dor
abdominal)
68 Critérios diagnósticos para
anafilaxia

Critério 3:
‒ Redução da PA após a exposição a um alérgeno
conhecido para o paciente:
• Adultos: PA sistólica < 90 mmHg ou 30%
menor do que o nível basal para o indivíduo
69

Tratamento
1. Suspender o contato com o alérgeno
2. Chamar por ajuda
3. Administrar adrenalina 0,01 mg/kg (máximo 0,5 mg), IM,
no vasto lateral
4. Deitar o paciente e elevar os membros
5. Ofertar oxigênio suplementar (máscara a 10 L/min)
6. Avaliar a necessidade de IOT
7. Puncionar acesso venoso periférico calibroso (14G ou
16G) e iniciar a infusão salina
70

Anafilaxia
PACIENTE PERMANECE HIPOTENSO:
1. Acesso venoso calibroso
2. Administrar 20 mL/kg de salina em 1-2 minuto,
repetir se necessário
3. Repetir a dose de adrenalina a cada 3-5 minutos,
por via IM
4. Nos casos refratários, iniciar adrenalina IV em
infusão contínua (1-4 mcg/kg.min)
71

Anafilaxia – profilaxia
APÓS A ESTABILIZAÇÃO HEMODINÂMICA:

1. CORTICÓIDES
• Hidrocortisona, 300 mg, EV, de 6/6 horas
• Metilpredinisolona, 125 mg, EV, de 6/6 horas

2. ANTI-HISTAMÍNICOS
• Prometazina, 50 mg, IM ou
• Dexclorfeniramina, 5 mg, IM
72
Comparação de eventos adversos
entre o soro líquido e o liofilizado
Total (n=116) Grupo A (n=65) Grupo B (n=51) p
Evento Adverso
Number % Number % Number %
Outros 23 19.8 11 16.9 12 23.5 0.388
Urticária 16 13.8 11 16.9 5 9.8 0.286
Prurido 13 11.2 8 12.3 5 9.8 0.691
Rubor facial 4 3.4 3 4.6 1 2.0 0.811
Vômitos 4 3.4 2 3.1 2 3.9 >0.999
Cefaléia 2 1.7 0 0.0 2 3.9 0.821
Dispnéia 2 1.7 1 1.5 1 2.0 >0.999
Calafrios 2 1.7 1 1.5 1 2.0 >0.999
Congestão nasal 2 1.7 1 1.5 1 2.0 >0.999
Náuseas 1 0.9 1 1.5 0 0.0 0.632
Hiperemia conjuntival 1 0.9 1 1.5 0 0.0 0.632
Irritação faríngea 1 0.9 1 1.5 0 0.0 0.632
Legenda: Group A com uso do soro antiofídico trivalente liofilizado; Group B com soro antibotrópico, antibotrópico-laquético e antibotrópico-crotálico líquido.
73
Bula do soro antibotrópico-crotálico

‒ Cada mL do soro neutraliza no mínimo 5,0 mg de veneno-referência de Bothrops jararaca e 1,5 mg


de veneno-referência de Crotalus durissus terrificus, no total de no mínimo 50,0 mg de veneno-
referência de Bothrops jararaca e 15,0 mg de veneno-referência de Crotalus durissus terrificus por
frasco-ampola com 10 mL.

‒ Cada cartucho contém 5 frascos-ampola com 10 mL de soro antibotrópico (pentavalente) e


anticrotálico.

‒ O soro antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico é apresentado em frasco ampola contendo 10


mL de solução injetável da fração F(ab`)2 de imunoglobulinas heterólogas, específicas e
purificadas, capazes de neutralizar no mínimo 50,0 mg de veneno-referência de Bothrops
jararaca e 15,0 mg de veneno referência de Crotalus durissus terrificus (soroneutralização em
camundongos). O soro é obtido a partir do plasma de equinos hiperimunizados com uma mistura
de venenos de cinco espécies de serpentes do gênero Bothrops e com o plasma de equinos
hiperimunizados com uma mistura de venenos de serpentes Crotalus durissus ssp.
74
Soro liofilizado – contextualização

‒ O maior estado do Brasil (Floresta Amazônica)


‒ Nas regiões tropicais – Falha na distribuição de soro antiofídico na forma líquida
‒ Falta de adequada rede de frios em áreas remotas
‒ Liofilização sugerida para estabilidade do soro antiofídico
‒ Dificuldade na identificação do gênero do ofídio causador do acidente
‒ Embora o ideal seja o diagnóstico epidemiológico-clínico identificando o gênero de
ofídio, uma possível vantagem secundária pode existir no caso de dúvidas entre os
três principais gêneros causadores de acidentes
75
Vantagens da liofilização

‒ Processamento das amostras em condições assépticas


‒ Manutenção da estabilidade da formulação pela não utilização do
calor no processo
‒ Aumento do prazo de validade
‒ Redução do volume das amostras facilitando a distribuição
‒ Não necessidade de conservação do produto final sob refrigeração
76
Vantagens da liofilização
77
78
Conclusões
‒ A potência antiveneno para neutralizar as atividades do veneno de Bothrops, Lachesis e Crotalus não
mostrou significativo decréscimo quando comparada com a linha de base ao longo de um ano de
avaliações de termoestabilidade a 56⁰ C

‒ A incidência de reações adversas precoces, todas leves e sem risco de morte, foram similares a dois
outros estudos do Brasil e Colômbia

‒ As reações adversas tardias não foram observadas neste estudo, de acordo com os estudos prévios
mostrando ausência ou baixa incidência

‒ A completa dissolução foi observada visualmente quando os frascos de SATL foram delicadamente
agitados manualmente durante um minuto
79
Recomendações

1. Capacitação de recursos humanos deve ser contínua considerando a transitoriedade dos


profissionais de saúde
2. Análise ampla das sequelas causadas pelos acidentes por animais peçonhentos sem
atendimento do profissional de saúde ou com retardo no atendimento
3. Estudo sobre a viabilidade dos meios de transporte adequados para a evacuação das
vítimas
4. Minimização das subnotificações
5. Análise comparativa de custos entre o emprego do soro liofilizado e os meios de
transporte na evacuação das vítimas
6. Disponibilidade do soro com mais proximidade dos locais de ocorrência dos acidentes
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