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DESTINO, RISCO E SEGURANÇA

TÓPICO I. Sina, Fatalismo, momentos decisivos

O contexto da modernidade tardia, marcado pelo controle do homem em relação à natureza e


ao meio social e a reflexividade, possibilita a vivência onde existem tanto oportunidades
quanto riscos. Numa ordem pós-tradicional o homem é capaz de colonizar o futuro, através da
aferição do risco. Apesar de não desaparecerem completamente, as concepções de sina e
destino perdem cada vez mais a preponderância que possuíam nos períodos pré-modernos.
Nesses períodos, o homem não detinha controle sobre o seu futuro, estando ele nas mãos da
sina. A sina de uma pessoa seria uma pré-determinação de seu futuro, possuindo um
significado cósmico, um prisma esotérico em relação aos eventos do dia-a-dia.

O conceito de fortuna associa-se às ideias de sina e passou por algumas modificações ao


longo do tempo, enfocando o papel do homem nas ações em detrimento da ação de Deus.

O risco marca a modernidade tardia e, sua aferição é algo característico desse período por
meio da colonização do futuro e esse tipo de comportamento, o colonizar algo que está por
vir, manifesta o controle que o homem possui no meio natural e social. Dessa forma, toda a
ação do homem passa por um calculo em relação ao risco e todos são influenciados por esse
tipo de comportamento pela disseminação dos sistemas abstratos.

Já o conceito de fatalismo associa-se àquele comportamento em que há a aceitação de


determinado acontecimento, que aceita que as coisas devem ser seu curso. Sendo um evento
que liga-se mais à modernidade do que a períodos anteriores, o fatalismo seria uma negação
de uma orientação de domínio no que concerne ao futuro.

O risco relaciona-se aos momentos decisivos, que são aqueles em que o sujeito precisa tomar
certas decisões que podem proporcionar consequências a ele - Giddens denomina- os riscos de
alta consequência. A maioria dos acontecimentos cotidianos é isento dessa característica,
outros o são, mas são manejados pelos sujeito de forma rotinizada.

Nesses momentos em que as decisões significam importantes etapas da vida do sujeito, ele
poderia “convocar”, em contextos tradicionais, ordens divinas ou sobrenaturais. Na
modernidade tardia, o conhecimento oriundo dos sistemas abstratos são de suma importância
no calculo do risco. Os momentos decisivos podem ameaçar o casulo protetor que protege a
segurança ontológica do sujeito, pela sensação de risco que causa.
TÓPICO III. Cortejar ativamente o risco.

Giddens difere os riscos involuntários, oriundos de estilos de vida adotados, daqueles


causados voluntariamente, como os possibilitados pela institucionalização de ambientes que
permitem que o individuo escolha se vai ou não arriscar, do qual os esportes são um exemplo.

Os riscos estão presentes nas ações dos indivíduos na modernidade tardia e, mesmo que se
queira, não é possível escapar deles. Algumas pessoas buscam o risco pela sensação que eles
causam, como a adrenalina e são característicos do que Giddens chama de “risco cultivado”.
A aceitação dos perigos, de acordo com o autor, seria influenciada pelo planejamento e estilo
de vida dos sujeitos, pois os riscos são aceitos como toleráveis dentro daquilo que foi
planejado.

Na modernidade tardia, o ato de aferir o risco é constante e ocorre, pois, o casulo protetor
filtra todos os perigos potenciais com a finalidade de manter integra a segurança ontológica
do individuo.

TÓPICO V. Risco, confiança e sistemas abstratos.

Os sistemas abstratos são importantes elementos de segurança em um contexto onde está


presente o calculo do risco que, por mais angustiante que possa ser, é uma forma de manter
equilibrados os resultados/consequências e colonizar o futuro. Eles proporcionam segurança
pela confiança e previsibilidade que seu uso oferece aos sujeitos em um contexto onde o risco
é constantemente calculado. Considerando a constante revisão do conhecimento, os sistemas
abstratos estão cada vez mais trazendo benefícios e facilitando a vida dos sujeitos tanto no
âmbito social quanto no natural.

Entretanto, os sistemas abstratos não carregam consigo nenhuma recompensa moral, outrora
possibilitado pelos períodos tradicionais e criam, ainda, os riscos de alta consequência. Como
esses sistemas são globalmente conectados, os riscos locais podem afetar o sistema como um
todo. Em contextos pré-modernos, não era possível ter um controle e previsibilidade em
relação à natureza, mas a modernidade tardia trouxe novos riscos que já não podem ser
controlados de forma efetiva, como o aquecimento global.

TÓPICO VII. Empoderamento e dilemas do saber

Na modernidade tardia existem várias correntes de conhecimento que podem discordar ou


concordar entre si, sem possuir, qualquer um deles, a autoridade. Nessas situações, o sujeito
pode optar por escolher entre as diversas possibilidades, mas, para além disso, o sujeito leigo
se apropria desse conhecimento, para então fazer uma escolha. Essa escolha associa-se
intimamente à auto-identidade, pois refere-se a aspectos do estilo de vida do sujeito. Mas é
importante ressaltar que, a essas decisões podem estar atreladas concepções de fortuna,
fatalismo e etc e que, esse conhecimento está constantemente sob revisão.

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