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RESUMO
Modelos Teóricos da Criminologia
• Sociológicas.
Teorias biológicas
Busca constante e detalhada das razões do crime no corpo do criminoso. São teorias
que partem do princípio positivista da diversidade (que considera que o ser humano
delinquente é diferente do não delinquente).
Antropometria: considera que haveria uma suposta correlação entre determinadas
características corporais e a delinquência. Alphonse Bertillon (1853-1914), criminólogo
francês, desenvolveu um sistema conhecido por bertilonagem: trata-se de um sistema
de onze medidas corporais que, unidas às fotografias dos delinquentes, pretendia servir
como instrumento para identificá-los, no marco da criminalística.
Antropologia: parte da hipótese de existência de um tipo humano criminoso, que é
inferior, degenerado, com carga hereditária. Charles B. Göring, em sua obra de 1913,
The English convict: a statistical study, concluiu que havia, sim, motivos para acreditar
na inferioridade do delinquente, que apresentaria deficit psíquico de inteligência, e no
caráter hereditário da criminalidade. Mas isso não significava que o delinquente era
anormal. Earnest A. Hooton, antropólogo norte-americano, rebateu Göring em sua obra
The American Criminal: An Antropological Study, de 1939. Para Hooton, o criminoso era
um ser organicamente inferior. Para ele, haveria relação entre certos traços corporais e
os tipos de delito praticados.
Biotipologia: Os seres humanos são classificados em tipos, destacando o predomínio de
um órgão ou função. A cada tipo físico corresponderiam traços caracterológicos ou
temperamentais próprios. Ernst Kretschmer, psiquiatra alemão, publicou em 1921 uma
tipologia dupla. Os atléticos seriam os mais criminosos, com alta taxa de violência. Os
pícnicos apresentariam índices baixos de delinquência, e os leptossomáticos seriam
pessoas de difícil tratamento e inclinados à reincidência. O casal Glueck, na década de
1950, chegou à conclusão de que as pessoas mesomórficas tinham traços que os
habilitavam à prática de crimes violentos. Notaram também que aspectos familiares
influenciavam na escolha de respeito ou desrespeito às normas.
Neurofisiologia: procuraram, a partir da descoberta do eletroencefalograma (EEG),
estabelecer uma correlação entre irregularidades ou disfunções criminais e a conduta
humana.
Teorias sobre o sistema nervoso autônomo ou sistema nervoso neurovegetativo: o
funcionamento do sistema nervoso autônomo poderia predispor a pessoa a um
comportamento antissocial ou delitivo.
Endocrinologia criminal: são teorias que associam o comportamento delitivo com
processos hormonais ou endócrinos patológicos.
Genética criminal: partiu de avanços nos estudos genéticos para analisar quais fatores
hereditários influenciam na conduta delitiva. As teorias instintivistas, ancoradas nos
pensamentos de Darwin, entendem que a conduta agressiva do ser humano é um
instinto inato.
Endocrinologia criminal: são teorias que associam o comportamento delitivo com
processos hormonais ou endócrinos patológicos. Genética criminal: partiu de avanços
nos estudos genéticos para analisar quais fatores hereditários influenciam na conduta
delitiva. As teorias instintivistas, ancoradas nos pensamentos de Darwin, entendem que
a conduta agressiva do ser humano é um instinto inato.
Sociobiologia e bioquímica: os fatores biológicos, ambientais e os processos de
aprendizagem podem, dinamicamente, levar à criminalidade. A Sociobiologia rompe
com a ideia de equipotencialidade. Clarence Ray Jeffery defende que a conduta humana
deriva tanto de variantes ambientais quanto de genéticas e que a aprendizagem é, aliás,
um processo psicobiológico que inclui mudanças na estrutura bioquímica e celular do
cérebro. Sua teoria defende uma intervenção agressiva e eficaz do infrator, com o
controle ambiental de sua vida e com a modificação das condições biológicas
(engenharia genética, equilíbrio bioquímico cerebral por meio de dieta, medicamentos,
cirurgias). Criou o CPTED, que significa Crime Prevention Through Enviromental Design,
ou seja, prevenção de crime por meio de desenho ambiental.
Teorias Psicológicas
A Psiquiatria ou Psicopatologia delimita os conceitos de enfermidades mentais,
tentando estabelecer a correlação entre doenças psíquicas e crimes. Nas concepções
primitivas, o delinquente era endemoniado, maldito, anormal. Depois, a teoria da
loucura moral, ou insanity, propugnou a hereditariedade da enfermidade mental.
Posteriormente, veio a teoria da personalidade criminal, que acredita na existência de
um conjunto de características ou uma estrutura psicológica delitiva por si própria.
A Psicologia estuda a estrutura, gênero e desenvolvimento da conduta criminal. Há
quatro modelos fundamentais na Psicologia:
Modelos biológico-condutuais ou de condicionamento do processo de socialização. A
ideia é entender por que os delinquentes fracassam na paralização eficaz das condutas
socialmente proibidas que o resto das pessoas aprende a evitar.
Modelos sociocondutuais ou de aprendizagem social: tenta explicar como se aprende o
comportamento criminoso. Albert Brandura, psicólogo canadense, defende que o crime
se aprende por meio da observação e imitação de outro comportamento criminal.
Teorias do desenvolvimento moral e do processo cognitivo: atribuem o comportamento
delitivo a processos cognitivos, ao modo como o delinquente percebe o mundo.
Modelos fatorialistas de traços ou variáveis da personalidade: tratam de identificar
traços da personalidade relacionados com o comportamento delitivo,
A Psicanálise examina a estrutura psicodinâmica da personalidade. Para Sigmund Freud,
e para a psicanálise em geral, há três instâncias mentais – Id, Ego e Superego – que
devem andar equilibradas para a estabilidade mental do indivíduo. O Id, componente
inato das pessoas, consiste nos desejos. O Ego busca regular os impulsos do Id e
satisfazê-los de modo menos imediatista. O Superego aconselha o Ego, dizendo-lhe o
que é moralmente aceito e quais princípios devem ser seguidos. Os atos humanos,
incluídos os delitos, são respostas que expressam o equilíbrio ou desequilíbrio dessas
instâncias psíquicas.
Teorias sociológicas
A Sociologia tem dois troncos principais. O europeu, vinculado a Durkheim, e o norte-
americano, derivado originalmente da Escola de Chicago. A Sociologia criminal entende
que o crime é um fenômeno social, causado por variados fatores e que guarda relação
com situações ordinárias da vida cotidiana.
Grandes condomínios de luxo, que se assemelham a cidades e são mais populosos que
muitos municípios, com ruas, enormes áreas de lazer e até lojas, cercados de muros,
constantemente vigiados, e afastados do centro da cidade são realidades bastante
comuns nas metrópoles brasileiras. Alphaville em São Paulo (e presente também em
outras cidades brasileiras) e condomínios da Barra da Tijuca (Rio de Janeiro) são citados
como exemplos que se encaixam perfeitamente na descrição da zona V de Burgess. O
aumento da tensão social e a decadência de certos bairros da cidade faz com que as
pessoas queiram se agrupar em comunidades fechadas, em que fiquem distantes da
confusão. Iniciativas como essa acabam por fragmentar o espaço social, criando a cidade
dual. E o conceito de dual city só faz crescer a distância social entre os dois grupos. Os
moradores dos condomínios não veem os pobres, não convivem com eles e logo, não se
preocupam com suas questões. E quanto mais desconhecemos o outro, quanto mais
ficamos afastados e o consideramos um estranho, mais fácil é criminalizar suas
condutas. A distância social aumenta a tendência de que certas condutas sejam
criminalizadas
Clifford Shaw e Henry McKay são outros dois nomes importantes na Escola de Chicago.
Preocupados com a delinquência juvenil, na obra Delinquency Areas, demonstraram
que, quanto mais perto do loop, maior a degradação e as taxas de criminalidade dos
bairros.
Concluíram, também, que nas áreas criminais, o controle social informal é pouco
eficiente na formatação do comportamento dos jovens, já que familiares, amigos e
vizinhos geralmente aprovam condutas antissociais delinquência começaria cedo,
como brincadeira das ruas e alguns bairros ofereceriam mais oportunidades ao crime,
como pessoas dispostas a adquirir bens roubados. Não se deve, no entanto, entender
que há um determinismo ecológico, ou seja: a pessoa cometerá crimes apenas por
habitar ou frequentar uma região. O que ocorre é que o fato de estar localizado em uma
área da cidade é um vetor criminógeno, ou seja, um fator que pode contribuir com a
prática de um delito.
A escola de Chicago percebe que é mais apropriado falar em “cidades”, no plural, pois
cada parte do município tem sua cultura própria, sua dinâmica particular, com estatutos,
usos, costumes.
As formas de adaptação das pessoas à cidade fazem com que haja um processo de
permanente interação. As interações são tantas que se fala em sobrecarga ou saturação.
E ao mesmo tempo em que há interação, é comum, nas cidades, que haja anonimato:
as pessoas têm mais liberdade de ação de modo que os freios exercidos pelas instâncias
de controle social se afrouxam. As pessoas, nas cidades, se distanciam, são seletivas em
seus processos de aproximação, competem pelos escassos recursos da cidade, tudo isso
resultando em uma postura individualista que tem impacto na criminalidade. Como
as cidades são dotadas de mobilidade, há grande fluidez de pessoas pelas regiões, o que
tende a confundir e desmoralizar as pessoas, pois o controle social informal é tanto
menor quanto mais a pessoa se distancie de suas raízes
Dentro dos bairros, dos quarteirões, dos edifícios, as pessoas se aproximam por serem
similares. Os vizinhos controlam, informalmente, as atividades uns dos outros, numa
espécie de polícia natural. Nas chamadas “regiões morais”, um grupo de habitantes se
identifica
Os estudiosos de Chicago notaram, ainda, que as taxas de doença mental estavam
distribuídas diferencialmente por bairro da cidade. Os bairros mais pobres
apresentavam maiores taxas de criminalidade e maiores índices de distúrbios mentais.
As precárias condições das famílias, a falta de intervenção estatal e as dificuldades de
adaptação decorrentes da imigração e do isolamento contribuíam enormemente para
as altas taxas de insanidade mental.