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Prova I - Capacidade da Linguagem

Steve Pinker, em seu livro O Instinto da Linguagem,​ trata de vários argumentos para embasar a
teoria de que a linguagem é um instinto humano, seguindo uma linha de pensamento contrária à dos
linguistas Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf (hipótese Sapir-Whorf). A fim de comprovar sua
tese, Pinker reproduz uma linha de pensamento baseada em como ocorre o desenvolvimento da
linguagem nas crianças, por exemplo.
No primeiro capítulo de sua obra, intitulado ​Um Instinto para adquirir uma arte, ​o autor nos faz
pensar em como a linguagem tem um papel importante para nossa convivência em sociedade e sua
essencialidade na experiência de vida humana, sendo algo que faz parte de nós desde que nos
entendemos como indivíduos. O conhecimento dessa ferramenta é tão natural, que muitas vezes não
nos damos conta de como sua formação ocorre e tudo aquilo que podemos produzir a partir de seu
uso. Logo em nossos primeiros anos de vida, as primeiras etapas de nossa aprendizagem se dão a
partir da imitação, porém somente isso não é o suficiente para explicar como funciona todo o
processo de aquisição. Para Pinker, nós seres humanos já nascemos com todo o aparato necessário
para obtenção da linguagem, (“​Mas prefiro o simples e banal termo “instinto”. Ele transmite a
idéia de que as pessoas sabem falar mais ou menos da mesma forma que aranhas sabem tecer
teias.”​ - p. 9), sendo inclusive um dos principais pontos que nos diferencia dos animais.
No processo de adequação da linguagem, a criança comete erros na fala e acaba produzindo frases
como “eu fazi” ou “eu sabo”, e a partir desse momento fica claro que ela não está simplesmente
reproduzindo o que ouviu de seus pais ou pessoas com quem tem contato frequente, pois é muito
provável que eles não falem dessa maneira. A capacidade dela vai muito além disso, seu cérebro
está processando todas as informações gramaticais daquela língua a qual está sendo exposta, e a
cada nova descoberta a fala é aprimorada. Além disso a adequação também se faz presente e coisas
como saber o que falar e quando falar dependendo de determinada situação são inseridas à cognição
no decorrer desse processo. A habilidade que as cerca desde de muito pequenas de aprender línguas
às quais estão expostas é uma prova de que o cérebro está preparado desde de sempre para receber
esse tipo de informação e organizá-la para que a comunicação ocorra de forma efetiva, sem a
necessidade de alguém para ensinar como dar início ao processo, conforme é citado no seguintes
trechos: ​“Do ponto de vista do cientista, a complexidade da linguagem é parte de nossa herança
biológica inata; não é algo que os pais ensinam aos filhos ou algo que tenha de ser elaborado na
escola [...]”​ (p. 11).
Desta forma podemos chegar a conclusão de que aprendemos a falar não porque algum dia alguém
decidiu que esse seria nosso meio de interação, e tão pouco existe uma relação com níveis de
escolaridade, mas sim por que é algo que faz parte do processo evolutivo da nossa raça (​“A
capacidade de tecer teias não foi inventada por alguma aranha genial não reconhecida e não
depende de ter educação adequada ou ter aptidão para arquitetura ou negócios imobiliários.” ​-
p.10). O contato externo no que diz respeito a exposição à cultura, costumes e até mesmo a
gramática também são importantes pois são os meios que irão gerar a língua do indivíduo e até
mesmo mais de uma língua pode ser adquirida ao mesmo tempo, mas a capacidade que temos de
seguir determinadas regras sem ao menos conhecê-las, combinar palavras ,ou partes de palavras a
partir desse aparato é algo considerado instintivo, e diz respeito à linguagem.

Referências:
PINKER, Steven. O Instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem. São Paulo:
Martins Fontes, 2002. (versão original: Pinker, S.(1994). ​The Language Instinct.​ New York:
Harper Perennial Modern Classics)

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