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ELETRôNICA 2

Figura 8.21
Schmitt trigger:
a) circuito e
b) formas de onda.
8 4
7
+Vcc
Capítulo 9
R1
6
C1 V2
Ve
3 V
2 555 s

5
R2
C2
1
0,01uF

(a)

4
2
Ve
0
(V)
-2
-4

12

Transistor
V2 8
(V)
4
0

12
VS

unijunção
8
(V)
4
0

(b)

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eletrônica 2 CAPÍTULO 9

2. Se entre as bases for aplicada uma tensão VBB, com o emissor aberto entre as
resistências RB1 e RB2, aparecerá uma tensão, chamada de razão intrínseca de
disparo, dada por:
RB1
VRB1 = ⋅ VBB = η ⋅ VBB
RB1 + RB 2

RB1
em que η = , com η valendo entre 0,6 e 0,8.
RB1 + RB 2

C omo o nome diz, o transistor unijunção (UJT) tem somente uma


junção. Sua estrutura física se constitui de uma barra de material
N levemente dopada, na qual são difundidas impurezas tipo P
com maior concentração que o material N. Existe também o UJT complemen­
tar, em que a barra é de material P e a base de material N. A figura 9.1 mostra a
3. Se for aplicada uma tensão Ve a partir de zero, quando a tensão for igual a
Vd + η · VBB, o diodo ficará polarizado e começará a conduzir. A partir desse
momento, a ação de regeneração (realimentação positiva) fará com que a corrente
de emissor se eleve, sendo limitada unicamente por RB1. Dizemos, então, que o
UJT disparou. O UJT voltará ao corte se a tensão de emissor ficar abaixo de
estrutura física, o símbolo e o circuito equivalente. uma tensão denominada tensão de vale (V V). A figura 9.2a mostra a curva
característica com a indicação dos principais pontos e a figura 9.2b, a família de
Figura 9.1 curvas do dispositivo 2N2646.
UJT: B2

a) estrutura física, Figura 9.2


b) símbolo e UJT (a) VE região de resistência negativa a) Curva característica de
c) circuito equivalente. RB2 região de corte um UJT e
B2
VP b) curvas do UJT 2N2646.
E região de saturação
Vbb

E P+ N Vd

n Vbb
Ve RB1

B2
E
Vv
B1
B1 B1
Iv IE
(a) (b) (c)

(b) VE (V)

Observe na figura 9.1a que E é o terminal de emissor, B1 o terminal de base 1 e 20

B2 o terminal de base 2. 18

16
Pontos de pico
A barra de uma extremidade à outra tem uma resistência chamada de resistência
14
interbases (RBB), igual a RB1 + RB2, em que RB1 representa a resistência da jun­ VBB = 30 V
ção até a base 1 e RB2, a resistência da junção até a base 2. O valor da resistência 12

interbases está entre 5 e 10 kΩ. 10 VBB = 20 V

8
VBB = 10 V
No circuito equivalente da figura 9.1c, o diodo representa a junção, e os resisto­
6
res em série RB1 e RB2, a resistência interbases entre B1 e B2. VBB = 5 V
4

O funcionamento do UJT pode ser descrito em três etapas: 2


IB2=0
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
1. Quando, inicialmente, não há tensão aplicada no UJT, se for colocado um IE (mA)

ohmímetro entre B1 e B2, a resistência medida será RBB.

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9.1  Oscilador de relaxação O período das oscilações é calculado por:

As principais aplicações do UJT são como oscilador e temporizador. A figura 9.3


1
ilustra o circuito básico do oscilador de relaxação. T = R ⋅ C ⋅ ln
1− η
Figura 9.3
Circuito básico do Ao realizar a configuração do circuito descrito na figura 9.3, o resistor RB1 deve,
oscilador de relaxação. em geral, ser menor que 100 Ω, e o resistor R, maior que 3 kΩ e menor que
3 MΩ. O limite inferior do resistor R é definido para que o UJT não sature,
R RB2
isto é, se R ficar abaixo desse valor, o UJT pode disparar, entrando na região
de saturação e impossibilitando que o dispositivo oscile. Já o limite superior
Vcc
B2
do resistor R é estabelecido para que a corrente de emissor seja maior que a
Vc E corrente no ponto de pico (IP). A faixa da tensão de alimentação costuma ser de
VR B1
10 a 35 V. Essa faixa é determinada levando em consideração que o sinal deve
C
B1

RB1
ter amplitude aceitável e que o valor máximo é limitado pela máxima potência
que o UJT pode dissipar.

O resistor RB2 é usado para compensar a variação em VP segundo a temperatura,


pois VP diminui com a temperatura e RB2 aumenta.

Para entendermos o funcionamento do oscilador de relaxação, vamos considerar 9.2  Gerador de dente de serra
que, ao ligarmos o circuito, o capacitor está descarregado. Como, nessas con­
dições, Ve = 0, o UJT está cortado, e o capacitor C começa a se carregar com Uma onda da tensão dente de serra tem a forma indicada na figura 9.5. A eleva­
constante de tempo R · C. Quando a tensão em C atinge a tensão de disparo ção da tensão é linear e com tempo de subida (Ts), normalmente chamado de
VP, o UJT conduz bruscamente e o capacitor passa a se descarregar pelo UJT e tempo de traço (tem a ver com o dente de serra do osciloscópio), muito maior
pela resistência RB1 (com valor entre 27 e 47 Ω). Quando a tensão no capacitor que o tempo de descida (Td), em geral denominado tempo de retraço.
fica abaixo da tensão de vale, o UJT corta e a carga do capacitor recomeça. No
entanto, a partir do valor de tensão V V, o ciclo se repete. Figura 9.5
Forma de onda da
A figura 9.4 mostra as formas de onda no capacitor e em RB1. tensão dente de serra.

Figura 9.4
Formas de onda do
oscilador de relaxação: VC
T
a) capacitor e VP

b) RB1.

Ts
VV Td

(a)

VP

Pode-se obter uma forma de onda dente de serra de vários modos, todos eles
baseados na maneira como o capacitor se comporta enquanto está se carre­
gando. Se o capacitor se carrega por meio de uma resistência, a tensão cresce
exponencialmente, pois a corrente de carga sobre o capacitor não é constante.
(b) Se a carga é feita por uma corrente constante, a tensão varia linearmente com o
tempo, como ilustrado na figura 9.6.

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Figura 9.6 Figura 9.8


(a) Carga de um capacitor Vc I I I Circuito prático do gerador
( ) ( ) > ( )
por uma corrente C 2 C 2 C 1 +Vcc de dente de serra.
constante e (b) tensão de I
( )
acordo com o tempo. C 1 R1 RE IE = I
RB2
Vc

I C TR1
t
IC = IE B2

R2 TR2
(a) (b)
B1
C
RB1

A tensão no capacitor de acordo com o tempo quando um capacitor é carregado


por uma corrente constante I é dada por:

I Exemplo
VC = ⋅t
C
No circuito da figura 9.8, considere: R1 = 2 k, R 2 = 10 k, RE = 500 Ω, C
I
Essa expressão representa uma reta, em que é a inclinação da reta. = = 200 nF, RB1 = 33 Ω, RB2 = 1 k, VCC = 12 V, UJT com η = 0,8 e V V = 2
C V e VBE = VD = 0,7 V. Desenhe o gráfico da tensão no capacitor indicando os
principais valores de tempo e tensão.
Logo, a carga será rápida se a corrente for alta e/ou o capacitor tiver valor baixo.
Solução:
No circuito da figura 9.7a, a resistência R do circuito 9.3 foi substituída pela
fonte de corrente I. A figura 9.7b apresenta o gráfico da tensão no capacitor. Para calcularmos o período, devemos admitir I = IE = IC.

Figura 9.7 No circuito da figura 9.9:


Oscilador dente de serra:
(a) circuito e (b) forma 2k
VC
T VR1 = ⋅ 12 = 2 V
de onda no capacitor. I
RB2
VP
2 k + 10 k
Vcc
VC E
B2
Figura 9.9
VR B1
B1

C RB1 VV
+12 V

(a) (b) R1 RE
IE = I RB2
2k 500
1k
0,7 V
TR1
Pode-se determinar o período das oscilações pela expressão: Ic = IE B2
R2
TR2
( V − VV ) ⋅ C 10 k
T= P C B1
I 200n RB1
33
A figura 9.7a mostra o símbolo de uma fonte de corrente, porém esse compo­
nente não existe na prática. Portanto, é necessário montar uma fonte de corrente
utilizando alguns dispositivos eletrônicos. A figura 9.8 ilustra o gerador de dente
de serra com uma fonte de corrente prática.

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