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9 Superelevaçao PDF
9 Superelevaçao PDF
10.1. INTRODUÇÃO
Ao se definir a velocidade diretriz para o projeto geométrico de uma rodovia, procura-
se estabelecer, ao longo do traçado em projeto, condições tais que permitam aos usuários o
desenvolvimento e a manutenção de velocidades de percurso próximas a esta velocidade de
referência, em condições de conforto e segurança.
Visando minimizar o impacto negativo desses fatores inerentes aos trechos curvos, são
introduzidos os conceitos de superelevação e de superlargura que, devidamente
considerados nos projetos das curvas horizontais, ensejam condições de operação mais
homogêneas para os usuários ao longo das rodovias.
10.2. SUPERELEVAÇÃO
Ao percorrer um trecho de rodovia em curva horizontal com certa velocidade, um
veículo fica sujeito à ação de uma força centrífuga, que atua no sentido de dentro para fora
da curva, tendendo a mantê-lo em trajetória retilínea, tangente à curva, conforme
esquematiza a Fig. 10.1.
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Não se considera restrição significativa o esforço lateral devido ao abaulamento, por ser contínuo e quase
imperceptível ao usuário, para os valores convencionais de declividade transversal recomendados.
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Fig. 10.1: Ação da força centrífuga nas curvas (Fonte: DE SENSO, 1980)
Fig. 10.2: Forças atuantes num veículo em curva (Fonte: PONTES FILHO, 1998)
Estando a pista inclinada com um ângulo α, a superelevação (e) pode ser expressa
por:
ou
P = peso do veículo;
N = reação normal à superfície do pavimento, devido ao peso do veículo;
Fa = força de atrito transversal;
Fc = força centrífuga;
Mas:
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m ⋅ v2
Fc = (10.4)
R
Fa = f ⋅ N (10.5)
onde:
m ⋅ v2
⋅ cos α = P ⋅ sen α + f ⋅ N (10. 6)
R
m ⋅ v2
⋅ cos α = P ⋅ sen α + f ⋅ (P ⋅ cos α + Fc ⋅ sen α ) (10. 8)
R
Mas:
P = m⋅ g (10. 9)
m ⋅ v2 m ⋅ v2
⋅ cos α = m ⋅ g ⋅ sen α + f ⋅ m ⋅ g ⋅ cos α + ⋅ sen α (10.10)
R R
m ⋅ v2 m ⋅ v2
= m ⋅ g ⋅ tgα + f ⋅ m ⋅ g + f ⋅ ⋅ tgα (10.11)
R R
v2
⋅ (1 − f ⋅ tgα ) = tgα + f (10. 12)
g⋅R
onde tg α = e = Superelevação.
Assim:
v2
⋅ (1 − f ⋅ e ) = e + f (10. 13)
g⋅R
v2
=e+ f (10. 14)
g⋅R
v2
e= −f (10. 15)
g⋅R
2
v
3,6
e= −f (10. 16)
9,8 ⋅ R
V2
e= −f (10. 17)
127 ⋅ R
onde :
e = superelevação (m/m);
V = velocidade diretriz (km/h);
R = raio de curvatura (m);
f = coeficiente de atrito transversal, entre pneu/pavimento.
Esses valores são inferiores aos limites verificados3 para condições usuais de pneus
e de pavimentos, e correspondem, na verdade, a coeficientes de atrito medidos em
experimentos, com equipamentos apropriados, em velocidades tais que os motoristas, no
limiar da sensação de desconforto, reagiam instintivamente, evitando transitar em
velocidades maiores.
Nos trechos em curva, a retirada das águas superficiais da pista é possibilitada pela
existência de superelevações.
Para curvas com raios muito grandes em relação à velocidade diretriz de projeto, os
efeitos da força centrífuga resultariam desprezíveis, podendo-se projetar seções transversais
da pista nessas curvas nas mesmas condições consideradas para os trechos em tangente, ou
seja, com abaulamentos, dispensando-se o uso de superelevações.
Curvas com raios abaixo dos valores apontados na Tabela 10. 2 exigem a
consideração de superelevação adequada.
projetos de rodovias em classe IB, para as regiões de relevo plano e ondulado, que
compreendem velocidades diretrizes não inferiores a 80 km/h.
A Tabela 10.3, apresentada a seguir, procura resumir o que foi exposto nesta seção.
Uma vez definido o valor da superelevação máxima para o projeto de uma rodovia,
este limite deverá ser observado em todo o projeto, servindo como parâmetro de referência
na determinação dos valores específicos de superelevação a adotar para os diferentes raios
de curvas, nas concordâncias horizontais.
V2
R= (10.18)
127 ⋅ (e + f )
e na condição limite:
V2
Rmín = (10.19)
127 ⋅ (emáx + f máx )
As normas do DNER fornecem a Tabela 10.6 para os raios mínimos de curva para
projetos (para a superelevação máxima), em função da classe da estrada e da região onde a
mesma será construída.
Esta condição está matematicamente implícita na Equação (10.17), a qual pode ser
convenientemente transformada para facilitar sua interpretação, resultando na igualdade:
V2
e+ f =
127 ⋅ R
(10.20)
2 ⋅ Rmín Rmín
2
e R = emáx ⋅ − 2
(10.21)
R R
onde:
eR = superelevação a adotar para a curva com raio R, em %;
emáx = superelevação máxima para a classe de projeto, em %;
Rmín = raio mínimo de curva para a velocidade diretriz dada, em m;
R = raio da curva circular utilizada na concordância, em m.