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Esse tipo de informática tem chegado às instituições de ensino por diferentes cami-
nhos, os quais nem sempre levam a uma associação tranquila entre educação e informática.
É muito comum que o primeiro contato de uma escola com o mundo dos com-
putadores tenha sido no momento em que ela opta pela informatização de suas áreas
administrativas, como a secretaria, tesouraria e o setor financeiro.
Esse tipo de utilização, mesmo não estando voltado diretamente para fins edu-
cativos, marcou a entrada da informática na escola. Os professores começaram a ver
nos computadores um recurso para facilitar sua vida na hora de preparar as provas
e exercícios, usando editor de textos, uma impressora e a máquina de reprodução.
Assim, esse primeiro contato com o mundo da informática, pela via administrativa,
fez sentido em posturas educacionais tradicionais, centradas no professor e no ensino.
Contra essa tendência se ergueram diversas vozes, indicando outros usos para o com-
putador na escola. A informática educativa começou seriamente com a introdução de com-
putadores pequenos ligados a monitores de TV, rodando programas desenvolvidos com a
linguagem Logo1. Numa perspectiva um tanto romântica, propunha-se dotar os alunos de
conhecimentos de programação, para que eles pudessem fazer com o computador aquilo
que desejassem e não o que os programadores lhes impusessem.
Mesmo incorporando mais tarde recursos de multimídia, os projetos baseados em Logo
não conseguiram vencer suas sérias limitações pedagógicas e foram gradualmente dando
lugar a outra forma de uso educativo dos computadores.
Com o sucesso e a difusão das interfaces gráficas, como o Windows, e a redução dos
preços dos computadores, difundiu-se junto à sociedade a ideia de que a informática com-
põe o rol das habilidades e competências básicas que todo aluno deverá possuir para enfren-
tar o novo mundo e a economia do mercado globalizado atual.
“O analfabeto do futuro será aquele que não souber utilizar computadores” – uma frase
de efeito que é repetida ao cansaço em todos os meios. O que exatamente significa alfabe-
tizar para o computador é uma questão ainda em aberto. Essa linha, no Brasil, é conhecida
por letramento digital.
Surgiram então as escolinhas de informática básica, modelo incorporado pela maioria
das instituições de ensino.
É compreensível que tais instituições vejam com bons olhos tal proposta, por estar mais
próxima ao que os pais esperam da escola. Suas expectativas geralmente se dão consoantes
à ideia de que a educação fomentada pela escola deva ajudar os alunos a desenvolverem
habilidades consideradas necessárias, para que possam futuramente arranjar um posto no
mercado de trabalho.
Contudo, não se pode ensinar informática básica para sempre, posto que os conhe-
cimentos referentes a essa área são finitos e, tão logo sejam compreendidos pelos alunos,
deixam de ser atrativos por não mais corresponderem a uma novidade.
Percebendo o grande potencial de consumo das instituições de ensino que investiram
em laboratórios, editoras e produtoras de materiais didáticos, foram desenvolvidos pelo
mercado programas prontos para serem usados pelos professores, abrindo a era do soft-
ware educativo. A adoção desses programas nas escolas visava reduzir a distância entre o
laboratório e as disciplinas curriculares, disponibilizando programas prontos para usar, os
chamados softwares de prateleira.
Algumas instituições partiram para o desenvolvimento de seus próprios programas, o
que poderia ter sido uma boa opção se os recursos financeiros e humanos fossem adequa-
dos. No entanto, isso não foi verificado na maioria dos casos.
Essas propostas encontraram seus limites, devido a diversos fatores, entre os quais
podemos citar: falta de softwares adequados a cada disciplina e faixa etária; necessidade
1 A linguagem Logo foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores liderados por Saymour Papert,
com finalidades educacionais. Seu objetivo é tornar acessível a exploração de vários conceitos por su-
jeitos dos mais diversos tipos de escolaridade (PRADO, 1999).
A internet abriu uma fronteira imensa a ser explorada pelos educadores. Da ampliação
do acesso à informação ao uso da rede como canal de comunicação e de aproximação de
pessoas e povos, a internet nos surpreende a cada dia com as iniciativas provenientes de
diversos campos de saber e de atividade. Instituições de ensino do mundo inteiro estão des-
cobrindo e explorando essas novas fronteiras.
A internet se constituiu numa fonte de inestimável importância para professores e alu-
nos, pois trouxe uma gama enorme de informações cuja riqueza dificilmente pode ser ava-
liada. É preciso, no entanto, ter um plano para trabalhar essas informações. O simples acesso
a elas não basta: os alunos devem poder construir novos conhecimentos a partir de seu
estudo e análise, aplicando quando possível esses conhecimentos na solução de problemas
e situações concretas.
Alicerçadas nessa potencialidade, as grandes empresas produtoras de software educati-
vo passaram a ofertar os portais educacionais e os objetos de aprendizagem.
A perplexidade face ao crescente volume de informações disponíveis na internet justifi-
ca a ideia de termos alguém que selecione o que pode nos interessar, facilitando a nossa vida
e poupando o nosso tempo. A ideia de um portal, uma entrada organizada no mundo da in-
formação digital, encantou muitos professores e deu novo alento às empresas produtoras e
distribuidoras de materiais e suportes didáticos que viram sua proposta de software educati-
vo encontrar seus limites mais cedo do que esperavam. Esses mesmos professores passaram
então a investir na criação de portais para os assuntos educacionais, deslocando seu foco da
venda de programas em mídias fixas, para a venda de acesso e de serviços via assinatura.
A internet proporciona hoje um meio ágil e rápido para distribuição de cursos, au-
las e programas de formação. Uma das formas tomadas pela informática educativa na
internet é o web-based training (WBT), versão online do computer-based training (CBT2). O
que muda é somente o canal de entrega (delivery) – agora o material didático é entregue
A letra e (abreviatura de eletrônico) está presente em muitas expressões de nossa era di-
gital. Fala-se em e-mail, e-business, e-commerce, e-governance, e-book e, até, em e-cash (dinheiro
eletrônico). Na educação a distância, o temo e-learning é bastante utilizado, em especial no
âmbito da educação corporativa.
O e-learning é usualmente associado a aprendizagem online (online learning), para en-
fatizar o fato de que é um tipo de EAD tornado possível pelas redes eletrônicas. Designa a
aprendizagem apoiada por recursos digitais, como o computador e a internet, mas não se
reduz ao uso de tecnologias: refere-se também a uma nova forma de aprender, uma combi-
nação entre autoinstrução, estudo dirigido e cooperação.
O e-learning revela uma aproximação entre a informática educativa e a educação a dis-
tância, iniciada pelo treinamento online e expandida para outras modalidades. Mais do que
uma opção barata e rápida para distribuição de conteúdos, o e-learning promete realizar a
possibilidade de se estudar a qualquer hora e em qualquer lugar.
Para tornar viável a oferta de cursos e a gestão de ensino-aprendizagem pela web, foi
necessário o desenvolvimento de alguns sistemas eletrônicos, como os Ambientes Virtuais
de Aprendizagem (AVAs) e os Learning Management Systems (LMS), que são sistemas infor-
matizados de gestão de aprendizagem. Ambos os sistemas se encontram muito próximos
AVAs são utilizados não somente para educação a distância, e-learning e aprendizagem
online. Seu uso também se dá nas próprias salas de aula presenciais. A legislação brasileira
vigente permite que até 20% da carga horária de um curso de graduação seja realizada a dis-
tância. Essa abertura tem conduzido a uma expansão dos AVAs nos espaços de ensino regu-
lar presenciais, permitindo, por seu uso mais intensivo, o aprimoramento desses sistemas.
Os ambientes virtuais de aprendizagem possibilitam aos estudantes não ficarem con-
finados aos espaços físicos como os das salas de aula, bibliotecas e auditórios. Obviamente,
essa liberação favorece a educação a distância e fortalece a modalidade.
3 Um ambiente tecnológico pode ser, por exemplo, uma rede de computadores locais, ainda que não usem
a internet. Também pode ser um ambiente físico em que recursos tecnológicos são usados intensivamente.
Outro recurso tecnológico importante para a educação a distância via internet é o sis-
tema de gerenciamento e controle chamado de LMS (Learning Management System). Um
LMS provê ferramentas para o planejamento, a disponibilização e a gestão dos processos
de ensino e de aprendizagem em todas as suas etapas e instâncias. Um bom LMS permite
o acompanhamento de todo o percurso dos alunos, desde sua matrícula até sua avaliação
final. Esse acompanhamento não se limita ao âmbito didático-pedagógico, mas inclui as
tarefas administrativas e gerenciais, envolvendo também professores, autores, tutores e ou-
tros profissionais.
Nesse cenário, podem ser encontradas combinações de AVA e LMS, como os ILMS
(Integrated Learning Management System), cada vez mais sofisticados.
A despeito de todos os benefícios que oferecem para a educação a distância, AVA e
LMS enfrentam algumas críticas severas. Uma delas sustenta que apesar dos muitos anos
de desenvolvimento, esses sistemas estão focados nas necessidades de professores e ad-
ministradores, não nas dos estudantes. Alegam estar centrados no aluno, mas são de fato
ferramentas de controle e de poder, úteis somente para a instituição.
Outras críticas se voltam para aspectos específicos dos ambientes e sistemas em-
pregados, como as interfaces complicadas e pouco amigáveis, o excesso de ferramentas
pouco utilizadas ou pouco úteis para o aluno, o isolamento da rede mundial, os limites
impostos pelos administradores e a desatualização face aos recursos já familiares da
internet social ou da web, que boa parte dos alunos utiliza no seu dia a dia.
Um dos maiores desafios enfrentados atualmente pelas instituições de ensino é a
integração desses ambientes virtuais com os espaços e recursos tradicionalmente uti-
lizados, como a sala de aula, os materiais impressos e audiovisuais, ao lado de com-
putadores, internet e ambientes virtuais. Um novo arranjo dos espaços de ensino e
aprendizagem também envolve a combinação de momentos presenciais e a distância,
que AVA e LMS podem ajudar a construir e sustentar.
Atividades
1. Uma pequena instituição de ensino profissionalizante recebeu recursos para a aqui-
sição e instalação de computadores. A verba é limitada e não permite a compra de
todos os recursos tecnológicos que a instituição havia pleiteado. Sua diretora está
enfrentando um dilema. A primeira opção é comprar 20 computadores e montar um
laboratório de informática para seus alunos e professores, porém não vai ser possível
ofertar o acesso a internet, dado o custo de “cabeamento”, conexão, provedor e ou-
tros. A segunda opção é adquirir apenas um projetor e cinco computadores, porém
com uma boa conexão a internet.