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I

TELECOM

ENGENHARIA
TELECOMUNICAÇÕES

PROPAGAÇÃO EM SISTEMAS RÁDIO ENLACE

UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA


UNISANTA

Prof : Hugo Santana Lima


Santana@unisanta.br
UNISANTA

ÍNDICE

1. FUNDAMENTOS DA PROPAGAÇÃO EM MICROONDAS.....................................................................1


1.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................1
1.1.1. ABSORÇÃO.............................................................................................................................................3
1.1.2. ATENUAÇÃO DEVIDO À OBSTÁCULOS.......................................................................................................4
1.1.3. DESVANECIMENTO DEVIDO A DUTOS .......................................................................................................5
1.1.4. REFLEXÃO .............................................................................................................................................6
1.2. ÍNDICE DE REFRAÇÃO DA ATMOSFERA ...........................................................................................7
1.3. CONCEITO DE RAIO TERRESTRE EQUIVALENTE ............................................................................8
1.3.1. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................11
1.4. CONCEITO DE CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA E SEUS EFEITOS NAS ONDAS DE RÁDIO
EM UMA ATMOSFERA NÂO UNIFORME......................................................................................................11
1.4.1. CONCEITO DE PROPAGAÇÃO EM ESPAÇO LIVRE E FRENTE-DE-ONDA ......................................................11
1.4.2. CONCEITO DE CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA ......................................................................................13

2. ESTUDOS DOS DESVANECIMENTOS DEVIDO A DUTOS PELO MODELO DE TERRA PLANA. .14
2.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................14
2.2. REGIÕES DE ATENUAÇÃO E INTERFERÊNCIA DEVIDO A DUTOS...............................................15

3. PROBABILIDADE DE DESVANECIMENTO..........................................................................................18
3.1. FÓRMULA GERAL DA PROBABILIDADE DE DESVANECIMENTO TIPO RAYLEIGH PARA
TRAJETÓRIAS SEM REFLEXÕES SIGNIFICANTES ...............................................................................18

4. PROBABILIDADE DE INTERRUPÇÃO .................................................................................................22


4.1. QUEDA DE POTÊNCIA RECEBIDA ....................................................................................................22

5. MEDIDAS CONTRA DESVANECIMENTO.............................................................................................23


5.1. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE PROPAGAÇÃO.........................................................................23
5.2. CONTRAMEDIDAS EXISTENTES .......................................................................................................24
5.2.1. EQUALIZAÇÃO ADAPTATIVA ...................................................................................................................24
5.2.2. TÉCNICAS DE DIVERSIDADE...................................................................................................................24
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1. FUNDAMENTOS DA PROPAGAÇÃO EM MICROONDAS

1.1. INTRODUÇÃO

O ar atmosférico é o meio de transmissão utilizado pelos sistemas rádio de microondas em


visada direta.
O objetivo deste capítulo é estudar como as condições atmosféricas e de relevo influenciam
a propagação dos feixes de microondas, particularmente em enlaces de rádio digital.
Conceitua-se o desvanecimento da seguinte forma:
Um feixe de microondas ao atravessar seu meio de transmissão, sofre alterações de
amplitude e de percurso. Essas alterações, percebidas por atenuações, reforços e distorções no espectro do
sinal, é o que chamamos de desvanecimento.
Existem várias categorias de desvanecimento as quais são classificadas quanto a suas
causas e efeitos.
Como, em um lance de microondas, muitas de suas características podem ocorrer ao
mesmo tempo, estudar o desvanecimento em seu conjunto torna-se por demais complexo. De modo que,
para um melhor entendimento dos vários fenômenos devemos separar cada causa e cada efeito.
Dessa maneira, diremos:
a) Que existem fundamentalmente quatro causas de desvanecimento devido ao ambiente.
b) Essas causas influenciam fisicamente o feixe de ondas.
c) Consequentemente, surgem os dois tipos de desvanecimento possíveis, do ponto de vista
do espectro de freqüências: Desvanecimento Plano e Seletivo.
Assim temos:

CAUSAS AMBIENTAIS EFEITOS FÍSICOS NO FEIXE DE ONDA TIPOS DE


DESVANECIMENTOS
ABSORÇÃO
OBSTRUÇÃO,
ATENUAÇÃO ABSORÇÃO
OBSTÁCULOS DIVERGÊNCIA PLANO
/ CONVERGÊNCIA

DUTOS / INVERSÃO TÉRMICA INTERFERÊNCIA SELETIVO


REFLEXÃO EM SUPERFÍCIES DEGRADAÇÃO DA XPD DA ONDA

Em outras palavras, no espectro do sinal podem ser observados somente dois tipos de
desvanecimento, como mostrado na figura 1.1:
- Desvanecimento Plano
- Desvanecimento Seletivo

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A Desvanecimento Plano

f
Desvanecimento Seletivo

Figura 1.1 - Tipos de Desvanecimento

Os mesmos são conseqüência do que as condições atmosféricas e obstáculos causam na


trajetória e na intensidade do feixe de microondas (efeito físico na onda).
Na tabela 1.1, podemos ver como se relacionam cada causa, e cada efeito na onda,
resultando em cada tipo de desvanecimento:

Tabela 1.1 – Tipos de desvanecimentos


Tipo de PLANO SELETIVO
desvanecimento
Causa
ABSORÇÃO Atenuação por dissipação (chuva)
OBSTÁCULOS Atenuação por obstrução(Até
interrupção)
DUTOS Atenuação por divergência ou Interferências devido as multivías
convergência (atenuação negativa) provocando: I.I.S.
ou por região cega
REFLEXÃO Interferência por multivías.
---------
Na coluna esquerda da tabela 1.1 estão relacionadas as quatro causas ambientais de
desvanecimento. No alto da tabela estão os dois tipos de desvanecimento: Plano e Seletivo que surgirão
conforme efeito sofrido pela onda.
No interior da tabela, cada efeito físico sobre a onda de rádio está relacionado à sua causa e
conseqüente tipo de desvanecimento.
Começamos a análise pelas quatro causas básicas:

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1.1.1. Absorção

É a atenuação causada nas ondas de rádio pela ação de chuvas, cerração, neve, moléculas
de gás, etc., presentes no caminho de propagação através de absorção ou espalhamento dos raios.
No caso de chuva, as transmissões em faixas maiores do que 10 GHz ficam muito
prejudicadas. Chega-se a perder, por exemplo, cerca de 2 dB/Km para uma freqüência de 12 GHZ e
intensidade de chuva igual a 50 mm/h, como mostra a figura 1.2.

100
1
2

10
3
(dB/km)

4
1
6
ATENUAÇÃO

7
0.1

5
0.01

0.001
3 6 12 18 24 30 60 120 180 300

FREQUÊNCIA (GHz)

Figura 1.2 - Atenuação Atmosféricas de Ondas de Rádio

Notas: -Atenuação devido a chuva


1- 100 mm/h , 2- 50 mm/h , 3- 10mm/h
- Atenuação devido a absorção pela atmosfera
4- moléculas de oxigênio , 5- vapor de água
-Atenuação devido a neblina
6- 2,3 g/m3 , 7- 0,32 g/m3

Pela figura 1.2 pode-se ver que a chuva é a maior responsável pelos desvanecimentos
devido à absorção. Portanto, a chuva assume um papel de destaque no cálculo de sistemas para
freqüências iguais ou maiores que 10 GHZ.

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1.1.2. Atenuação Devido à Obstáculos

No cálculo de um enlace devemos considerar possíveis obstáculos no caminho do feixe de


ondas. O capítulo de cálculo de sistema apresenta critérios especiais de cálculo de altura de antenas para
minimizar os efeitos da obstrução vide figura 1.3.

Figura 1.3 - Atenuação devido a Obstáculos

Mesmo tendo-se tomado as referidas precauções os obstáculos podem aparecer, e são os


mais variados: morros, edifícios, árvores e até mesmo a própria superfície terrestre. Isto se explica pelo fato
de que a trajetória de um raio varia ao longo do tempo por causa da refratividade do ar, que é um fenômeno
variável aleatoriamente, e que será estudado com mais detalhes no próximo item.
Assim é possível perceber que um feixe de raios cujo caminho estava totalmente livre, pode
ser parcialmente obstruído. Se isto ocorrer, parte da frente de onda fica obstruída, atenuando o sinal de
microondas na estação receptora, como mostra a figura 1.4.

Figura 1.4 - Atenuação Parcial por Obstrução

Se a trajetória por sua vez, continuar variando no sentido de obstruir o feixe de raios ainda
mais, a transmissão pode ficar interrompida e o receptor "silenciará", como mostrado na figura 1.5.

Figura 1.5 - Obstrução Total por Obstáculos

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Este fenômeno origina o desvanecimento tipo Plano conforme quadro demonstrativo da
tabela 1.1.

1.1.3. Desvanecimento Devido a Dutos

O duto é um fenômeno atmosférico de inversão térmica, que ocorre paralelamente à


superfície terrestre podendo atingir distâncias da ordem de dezenas de Km. É capaz de alterar o curso de
um feixe de ondas, e de mantê-lo "canalizado" em parte, daí o nome, duto.
Em outras palavras, possui a característica de provocar partições dos raios de modo a
desviar uma parte, e "canalizar" a outra parte dos mesmos raios, como ilustrado na figura 1.6.

A RAIO DESVIADO A1
REGIÃO DE ATENUAÇÃO
s

t B1 B2
A2

RAIO CANALIZADO
- CONV/DIV
SUPERFÍCIE DA TERRA - INTERF. POR
MULTIVIA
DUTO

Figura 1.6 - Exemplo de Desvanecimento devido a Duto

Pela observação da figura 1.6 nota-se que foram destacados dois raios, A e B, de um feixe
transmitido pela antena mostrada.
O raio A, devido ao seu ângulo de emissão, toca o limite superior do duto e é bipartido, de
modo que surge uma região privada de irradiação sob o raio desviado A1 e o duto, que é chamada: região
de atenuação, hachurada no desenho.
Esta atenuação pode ser grande o suficiente para silenciar o receptor.
O raio B por sua vez possui um ângulo de emissão que o faz inicialmente atravessar o duto,
sofrendo um desvio até tocar seu limite inferior.
O comportamento do raio B é análogo ao do raio A, bipartindo-se.
O duto também provoca o aparecimento de um fenômeno que ora reforça, ora atenua a
frente de onda, chamado de convergência e divergência respectivamente e que por ser uma simples
atenuação ou reforço do sinal em todo o espectro é classificado como desvanecimento Plano.
Por outro lado nota-se na figura 1.6 o aparecimento de mais dois raios, A2 e B2 cujas
trajetórias "canalizadas" em pontos diferentes, s e t, fazem-nos interferir entre si.
Com isso, altera suas características de amplitude e fase na recepção. É o fenômeno das
multitrajetórias ou multivias. Este fenômeno provoca o aparecimento da interferência no receptor
(desvanecimento seletivo), e degradação da XPD no alimentador da antena (desvanecimento plano).

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1.1.4. Reflexão

Em lances sobre o mar ou planícies é comum aparecer o fenômeno de reflexão entre dois ou
mais raios de um feixe lançado a partir de uma antena transmissora. Esta situação é ilustrada pela figura
1.7.

DUTO

REFLEXÃO

Figura 1.7 - Desvanecimento devido à Reflexão

Neste caso ocorrerá o fenômeno das multivias e consequentemente haverá interferência na


recepção entre raios que percorrem caminhos de comprimentos diferentes, como também ocorre nos dutos.
A conclusão é que:
a) Tanto nos dutos quanto nas reflexões em superfícies ocorre interferência.
b) Há interferência, na recepção, entre raios que percorrem distâncias diferentes, e
portanto, há atraso relativo entre os mesmos (diferenças de fase, etc).
c) Estas interferências causam, deformação no sinal digital (sen x/x) antes de ser
regenerado.
d) Interferência causa um desvanecimento rápido, de curta duração, no tempo, e tipo
seletivo, no espectro.
A seguir, são apresentados alguns conceitos importantes para propagação, a fim de auxiliar
a sua compreensão através de um estudo gráfico.
A saber:
- Índice de refração atmosférica.
- Fator K.
- Trajetória dos raios e o fenômeno de convergência e divergência.

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1.2. ÍNDICE DE REFRAÇÃO DA ATMOSFERA

Como a densidade do ar decresce com a altitude, o índice de refração do ar também varia


da mesma forma. Em outras palavras, em condições normais, o índice de refração da atmosfera diminui com
o aumento da altitude.
Sabe-se que o índice de refração diminui gradualmente a medida que se aumenta a altitude.
E que por isso a curvatura de um raio de microondas é a de um arco descendente já que, o raio tende a
voltar ao meio que possui índice de refração maior.
Para entendermos melhor este fenômeno, vamos supor que a atmosfera (troposfera)
seja composta por muitas camadas, uma sobre as outras, conforme a figura 1.8.
Na figura 1.8.a, o índice de refração de cada camada, diminui com o aumento da altitude. E
o índice de refração dentro de cada camada é homogêneo.

i2
ip
npr1 i1
i2
np
i0 i1
n
2
n1 i0
no r
r r r
1 2 3
0
R

Figura 1.8 - Camadas Esféricas com Índices de Refração Diferentes

Quando um raio é enviado de uma camada inferior para outra superior, o mesmo é desviado
no sentido de tender a retornar à camada inferior, a qual possui índice de refração maior.
Desse modo, se observarmos a trajetória do raio através de cada uma das camadas
seguintes, perceberemos que esta trajetória será uma curva descontínua e descendente conforme a figura
1.8a.
Será descontínua, por que fizemos a suposição de que a troposfera seria subdividida em
várias camadas.
Assim, o raio sofre um desvio discreto (e não contínuo) no limite de separação de cada
camada.
Entretanto, esta aproximação é válida, e é feita no intuito de se aplicar a lei de Snell, da ótica
geométrica.
Cabe lembrar, que podemos fazer com que a espessura de cada camada fique tão pequena
que se aproxime de zero (limite). E sem perda de generalidade, teremos uma troposfera que impõe uma
curvatura contínua para a trajetória do raio, como se vê na figura 1.8.b, que é mais próxima do caso real.

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Assim, para condições normais da atmosfera e considerando a sua curvatura normal, a
trajetória dos raios de onda é descendente e o raio sofre o comportamento visto na figura 1.9.

Figura 1.9 - Curvatura Real da Terra

Há ainda, uma condição chamada de "INVERSÃO TÉRMICA", onde a temperatura aumenta


com a altitude.
Por exemplo, quando um fluxo de ar quente e seco se distribui sobre a superfície fria do mar.
Como resultado aparece uma camada de ar quente acima de outra camada fria. Nessa região ocorre o
processo inverso ao visto anteriormente, isto é, raios que possuíam curvatura descendente passarão a tê-las
ascendentemente, tendendo a permanecer sempre no interior desta região (DUTO).

1.3. CONCEITO DE RAIO TERRESTRE EQUIVALENTE

A refração atmosférica observada na propagação das ondas de rádio é então devida a


variações no índice de refração do ar com a altura, e em conseqüência muda com o tempo, devido às
alterações nas condições de temperatura, pressão e umidade.
Sob condições normais o índice de refração da atmosfera decresce com a altura, causando
o encurvamento para baixo das ondas de rádio, de modo que estas podem ser recebidas em pontos além da
linha ótica de visada.

Raio do feixe = r Raio do feixe =

Raio da Raio da
r Terra Terra=R' > R

a b

4
NORMALMENTE R' = R
3

Figura 1.10 - Conceito de Raio Equivalente

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Na análise da propagação da onda na atmosfera, usa-se o artifício de considerar o feixe sem
curvatura, aumentando-se entretanto o raio da terra, conforme ilustra a figura 1.10. Dessa forma tem-se o
feixe representado em linha reta, e a curvatura da terra diminuída (raio aumentado). O novo raio da terra
considerado (R') é chamado de raio equivalente.
Este artifício facilita o trabalho de projeto das ligações, pois se pode considerar a onda que
se propaga entre as antenas através de um feixe retilíneo. Existem na prática cartas especiais desenhadas
com a curvatura da terra para o valor de raio equivalente adequado, sendo o perfil do relevo do terreno entre
as antenas desenhado nessas cartas. A figura 1.11 ilustra uma carta corresponde a K = 4/3 (R' = 4/3R), e o
desenho de um perfil na mesma. Tais cartas são úteis para se dimensionar as alturas das antenas de modo
a evitar obstruções.

1500 1500
1400 1400
1300 1300
1200 1200
1100 1100
1000 1000
900 ANTENA 900
800 ANTENA
800
700 700
600 600
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
m m
50 40 30 20 10 0 10 20 30 40 50
Km

Figura 1.11 - Traçado do Perfil K=4 / 3

O valor anteriormente apresentado de K = 4/3 decorre de uma certa taxa de decréscimo do


índice de refração da atmosfera com a altitude, e define o que se chama de "atmosfera padrão". Entretanto
ocorrem situações em que o índice de refração varia com a altitude de forma bem distinta deste caso,
existindo inclusive locais onde, durante um certo tempo, se observa um aumento do índice de refração com
a altitude.
A figura 1.12 apresentada a seguir, ilustra vários casos distintos do fenômeno de refração,
função do tipo de variação do índice n com a altitude.
Encontram-se também nesta figura as representações das “Terras Equivalentes”, com o raio
modificado e o feixe de microondas em linha reta.
O primeiro caso ( figura 1.12 a1) corresponde a situação usual em que o índice de refração
decresce com a altura, de modo que o raio de curvatura do feixe é maior que o raio de curvatura da Terra.
Nessa situação existe um aumento do alcance da ligação em relação à linha ótica de visada, conforme já
mencionado anteriormente. Na figura 1.12.b.1 está representado o traçado da terra equivalente, que
nesse caso tem R’ = KR com 1 < K < ∞.

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A seguir ( figuras 1.12.a.2 e b.2) são representadas situações limites em que o índice de
refração decresce com a altura, de modo que o raio de curvatura do feixe resulta idêntico ao da Terra.
Nesse caso, o traçado da terra equivalente é tal que K= ∞ (R’ = ∞ ) e se trabalha com uma superfície
terrestre plana.

Superficie Real da Terra Terra Equivalente


h

R' = KR
r>R
M R 1<K<

a1 - Refração Normal b1

r=R R' = (K= )


M R

a2 - Refração com Feixe Paralelo à Terra b2

r<R R K =< 0
M

a3 - Super Refração b3 - Inversão no Raio Equivalente

h
r Invertido

R' = KR
M R
0 =< K < 1

a4 - Sub-Refração
b4

Figura 1.12 - Diferentes Casos de Ìndices de Refração.

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A figura 1.12.a.3 apresenta o caso em que o índice de refração decresce acentuadamente
com a altitude, resultando numa curvatura do feixe menor que a curvatura da Terra (fenômeno de super-
refração). Para esta situação a terra equivalente tem sua curvatura invertida, significando um valor de K< 0 (
figura 1.12.b.3).
No último caso apresentado há uma inversão do comportamento do índice de refração, o
qual cresce com a altitude( fenômeno de sub-refração). Observa-se que o raio é então inclinado para cima.
A terra equivalente apresenta então uma elevação pronunciada, já que temos K inferior a 1.

1.3.1. Conclusões

A análise geométrica da trajetória do raio contribui para o entendimento de várias


características estatísticas dos desvanecimentos associados.
Por exemplo: a característica de que a probabilidade de desvanecimento aumenta com o
aumento da distância, é uma realidade prática, confirmada por tais observações.
Basta lembrar que as regiões de atenuação e interferência (devido a dutos) não aparecem a
distâncias curtas em relação à fonte de transmissão. E ainda, o tamanho dessas regiões aumenta com a
distância, e portanto a faixa de variação de possíveis pontos de recepção varia na mesma proporção.
Por essas observações, conclui-se também que, quanto menor a diferença de altura entre as
antenas transmissora e receptora menor será a distância em que aparecerão as regiões de atenuação e
interferência. Ou seja, quanto maior a diferença de altura entre antenas, menos os raios de microondas
serão susceptíveis às variações do perfil-M.

1.4. CONCEITO DE CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA E SEUS EFEITOS


NAS ONDAS DE RÁDIO EM UMA ATMOSFERA NÂO UNIFORME.

1.4.1. Conceito de Propagação em Espaço Livre e Frente-de-Onda

Tendo visto como a trajetória de um raio é influenciada pelo índice de refração do meio,
veremos agora os conceitos de convergência e divergência de feixe de raios. Fenômenos estes, sofridos
pelas ondas do feixe provocarão somente atenuação ou reforço do sinal, ou seja, desvanecimento plano.
Vamos iniciar este estudo relembrando o conceito de propagação em espaço livre.
Imaginemos uma fonte irradiante, que transmita igualmente em todas as direções (antena isotrópica),
conforme a figura 1.13. Esta fonte está imersa no espaço livre, não existindo, portanto nenhum tipo de
refração ou obstáculo.

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A B C D
Fonte
Isotrópica

Figura 1.13 - Antena Isotrópica e a representação de esferas centradas na fonte

Supondo emissão de potência constante a mesma se distribui igualmente em cada


superfície esférica A,B,C e D.
Entretanto, a área da superfície B é maior que a área da superfície A. Se a potência total
distribuída em A é igual à distribuída em B, a densidade de potência na superfície de esfera (B) é menor que
a de A.
Isto porque a esfera B é maior que a esfera A.
A área de uma esfera é proporcional ao quadrado do seu raio. Assim se o raio da esfera C,
for o dobro do raio da esfera A, então, a superfície de C é quatro vezes maior que a superfície de A.
Conclusão: Quanto maior a superfície esférica menor a densidade de potência.
OBS.: Quanto maior a distância da fonte, mais, uma determinada seção de superfície tende
a se tornar Plana. A tal seção, chamamos de frente de onda. Veja a figura 1.14.

Fonte S2 Frente de Onda


S1

Frente de Onda

Figura 1.14- Comparação entre as Seções de Área S1 e S2.

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Uma antena receptora colocada à uma distância da fonte correspondente à posição da área
S1 recebe mais potência do que se colocada a uma distância maior, correspondente à área S2.
Quando a atmosfera é uniforme, pode-se considerar o mesmo comportamento que para
espaço livre, ou seja, a intensidade da onda é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre
transmissão e recepção.

1.4.2. Conceito de Convergência e Divergência

Em um meio não-uniforme, o comportamento visto anteriormente não se mantém. Pois


nesse caso o feixe de raios sofre desvios devido à refratividade do meio.
Contudo para uma melhor compreensão, podemos comparar o feixe de raios de microondas,
com um feixe de raios de luz (que possuem a mesma natureza ondulatória).
Ao se fazer um feixe de raios de luz passar através de lentes ou meios com diferentes
índices de refração, esses raios sofrerão desvios conforme exemplo da figura 1.15

Meio
Uniforme
(Indice de
refração
não varia)

d1

Meio não
Uniforme
(Indice de
refração
varia)

Simbolizado
por lentes

S1

Figura 1.15 Comparação dos “frente de onda” de luz.

Como se vê, no meio não-uniforme da figura 1.15b, a concentração de luz pode fazer com
que a intensidade luminosa, a uma distância d1 da fonte, na seção S1 seja maior que na correspondente
distância, para o meio uniforme da figura 1.15a.

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O mesmo efeito é conseguido quando raios de microondas atravessam um meio cuja


variação do índice de refração é grande, particularmente quando há variações negativas que originam os
dutos.
E assim, como no exemplo comparativo da figura 1.15, a intensidade das ondas de rádio
varia diferentemente em relação às condições de espaço livre.
O efeito de tal convergência e divergência é expresso pela comparação da densidade de
potência das ondas de rádio emitidas por uma fonte em relação ao que seria no espaço livre.

2. ESTUDOS DOS DESVANECIMENTOS DEVIDO A DUTOS PELO MODELO


DE TERRA PLANA.

2.1. INTRODUÇÃO

Os dutos são causados por inversões no comportamento normal do índice de refração


atmosférico. Em outras palavras, o duto corresponde à variação negativa do índice de refração, provocando
uma inflexão ( mudança de direção ) no curso do raio
Conforme vimos, o índice de refração diminui com a altitude, pois a temperatura, pressão
atmosférica e pressão de vapor d’água também possuem o mesmo comportamento.
Quando ocorrem fenômenos como, inversão-térmica ou alteração de distribuição normal de
vapor d'água na atmosfera surge o duto.
Como se sabe, nos dutos ocorrem os dois tipos de desvanecimento espectrais:
- Desvanecimento plano.
- Desvanecimento seletivo.
Cada tipo de desvanecimento está associado a um determinado efeito sofrido pelas ondas
no duto.
Conforme tabela 1.1 o duto causa dois tipos de efeitos:
- Atenuação
- Interferência
Atenuação provoca desvanecimento pleno.
A interferência provoca desvanecimento seletivo.
A atenuação ocorre devido a convergência, divergência ou partição dos raios de onda na
borda do duto.
Pode ocorrer contudo atenuação negativa (desvanecimento negativo) no caso de
convergência (reforço ao invés de atenuação do sinal).
A interferência ocorre devido às multivias geradas no duto.

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2.2. REGIÕES DE ATENUAÇÃO E INTERFERÊNCIA DEVIDO A DUTOS

Como visto, o desvanecimento devido a dutos inclui atenuação e interferência, que podem
ser descritas qualitativamente através do traçado ótico (geométrico) das trajetórias.
Importante:
A região de interferência pode ser gerada tanto na presença de sub-refração quanto na de
duto.
Como se pode ver na figura 2.1, na presença de duto existe uma região "cega" onde não há
rádio-raios e outra onde existem mais de um raio, interferindo-se. A primeira é chamada de região de
atenuação e a segunda, de região de interferência.

Região de atenuação
Duto

Região de
Interfêrencia

x
0

Figura 2.1 Regiões de Atenuação e interferência característica de dutos no caso de fonte transmissora interna ao duto

Conclui-se que se tivermos um ponto de recepção para o lance da figura 2.1 a potência
recebida no mesmo varia em função da posição em que for colocado, justamente por causa dos diferentes
tipos de região (de atenuação e interferência) que aparecem no mesmo.
A figura 2.2 mostra o caso em que o ponto de transmissão está acima do duto. Uma das
linhas que limitam a região de atenuação e a de interferência é a trajetória do raio que parte com o ângulo
θa. Tal trajetória tangencia o limite superior do duto e divide o raio em duas partes nesse ponto. A primeira
parte, mudando de direção, passa a ter uma trajetória ascendente. A segunda parte é "capturada" pelo duto,
e após o ponto de inversão, XIθa, entrará na região de interferência, cujo limite é denotado pela linha mais
escura do gráfico.
Todos os raios lançados com ângulos maiores que θa se interferirão sempre após os seus
respectivos pontos de inversão.
Examine-se melhor o comportamento dos raios, chamando-se a atenção para a formação
das duas regiões de atenuação e interferência.
Observa-se na figura 2.3 um melhor detalhamento.

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Se um raio é lançado com um ângulo menor do que θa, este raio é desviado para cima sem
entrar no duto.
Se o ângulo de lançamento for igual a θa, então o raio tangenciará o limite superior do duto e
dividir-se-á, como já visto. Nesta situação a parte do raio que é "capturada" pelo duto, tem seu ponto de
inversão à distância XIθa, marcado na figura 2.2.

T Bordas A T Região de
M0 Atenuação
a1 θ
Região de interferência
a 2 M1

M2
Dutos
a3 Duto
M1

x10a 0 xI c xI a

Figura 2.2 - Limite das Regiões de Atenuação Figura 2.3 - Região de atenuação e Interferência para
e interferência para o ponto de um Ponto de Transmissão acima do duto
Transmissão situado acima do duto.

Se um raio for lançado, com ângulo de partida maior do que θa e menor que θc, este raio
atravessará todo o duto invertendo a sua trajetória reentrando no mesmo duto a uma distância menor que
XIθa. Note-se que, a menor distância, X, de reentrada no duto foi conseguida para ângulo θc de lançamento
(XIθc).
Para qualquer outro ângulo de lançamento maior que θc, a distância de reentrada no duto
será maior do que XIθc.
Assim, a região de atenuação fica bem definida na parte superior do duto, entre a trajetória
do raio correspondente à θa depois que se divide, e a trajetória do raio correspondente à θc após a sua
inversão (em XIθc).
A região de interferência se verifica entre as trajetórias correspondentes à θa e θc, após os
seus respectivos pontos de inversão.
Nas figuras 2.4 e 2.5 temos dois exemplos de trajetória calculadas para:
Figura 2.4 - Ponto de transmissão acima do duto.
Figura 2.5 - Ponto de transmissão dentro do duto.

16
UNISANTA
T
100

Duto
-100

0 50 100 150 200


Distância (Km)

Figura 2.4 Exemplo de Cálculo de Região de Atenuação e Interferência (Ponto de Transmissão acima do Duto)

T
100
Altitude (m)

0
Duto

-100

0 50 100 150 200


Distância (Km)

Figura 2.5 Exemplo de Cálculo de Região de Atenuação e Interferência (Ponto de transmissão dentro do duto)

Legenda para as Figuras 2.4 e 2.5

Mostra a área onde só uma linha da trajetória do raio passa.

Região de atenuação

Regiões de interferência entre dois, tres e quatro raios

Para ponto de transmissão dentro do duto podem aparecer de duas a quatro trajetórias de
raios.
Para ponto de transmissão acima do duto, só duas trajetórias aparecem.

17
UNISANTA
Ainda, como se vê na figura 2.5, aparecem dois raios já a uma distância relativamente curta
(aproximadamente 50 Km). E só depois de uma distância maior, o número de raios aumenta bastante.
Considera-se genericamente que para lances de microondas de 50 Km ocorre a presença
de dois raios (dupla trajetória).
A distância onde aparecem as regiões de atenuação e interferência dependem da variação
do índice de refração e da posição do ponto de transmissão.
Se a inclinação negativa e positiva do índice de refração que forma o duto se tornar bastante
acentuada, o duto será mais forte e as regiões de atenuação e interferência podem aparecer para distâncias
menores.

3. PROBABILIDADE DE DESVANECIMENTO

O desvanecimento Seletivo é o que causa maiores danos à recuperação da informação nos


sistemas rádios digitais. Esse desvanecimento obedece a um comportamento conhecido como Rayleigh,
que é uma função de distribuição de probabilidade. Usaremos esse modelo estatístico no estudo de sua
probabilidade de ocorrência.
O desvanecimento tipo Rayleigh, como também é chamado, vem sendo estudado por muitas
organizações do mundo, e os resultados estão resumidos no CCIR Rep. 338.

3.1. FÓRMULA GERAL DA PROBABILIDADE DE DESVANECIMENTO


TIPO RAYLEIGH PARA TRAJETÓRIAS SEM REFLEXÕES
SIGNIFICANTES

Segundo o ITU-T, a probabilidade de desvanecimento do tipo Rayleigh é:


PR = K*Q*fB*dC (3.1)
onde:
K = Se refere às condições climáticas.
Q = Se refere às condições terrestres.
f = Freqüência em GHz.
d = Distância do lance em Km.
Os parâmetros K, Q, B e C são listados na tabela 2.1 em função dos vários tipos de
ambiente e dos diferentes pesquisadores.

18
UNISANTA
A figura 3.1 mostra um exemplo gráfico de variação do nível do sinal recebido em função do
tempo.

Espaço Livre
W
0

Desvanecimeno
Plano
Médio
W
M
2 3 4 Desvanecimento
1 Seletivo
Profundo
W

t
PM

Figura 3.1 - Exemplo de Variação de Nível de Recepção

Na figura 3.1 estão exemplificados os dois tipos de desvanecimentos possíveis.


WO é o nível de recepção (nominal) para espaço livre, isto é, na ausência de
desvanecimento, as perdas são somente devidas aos guias de onda, circuladores, etc.
WM é o nível médio de recepção em situação real, isto é, na presença de desvanecimento
Plano. E não é o nominal.
W é determinado em função das necessidades do sistema. Está ligado à TEB (Taxa de Erro
de Bits) máxima admissível.
A TEB aumenta com a diminuição da potência do sinal recebido. Se por exemplo, o nível
mínimo de qualidade admissível é uma TEB ≥ 10-3 existe uma potência mínima de recepção correspondente
que será o W do projeto exemplificado.
Entre outras, existem duas pesquisas que se destacam, uma japonesa e outra americana,
que se referem ao aperfeiçoamento da fórmula geral de cálculo da probabilidade de desvanecimento tipo
Rayleigh.
No Japão , K. Morita da NTT mediu os desvanecimentos de W com relação a WM, isto é,
mediu a probabilidade REAL de desvanecimento tipo Rayleigh. Então, segundo Morita:
PR = K*Q*f1,2*d3,5 (3.1.a)
Nos Estados Unidos, W.T. Barnett mediu PR, só que em relação à WO, considerando que a
atenuação deve ser contabilizada à partir do valor de espaço livre. Para Barnett:
PR = K*Q*f1*d3 (3.1.b)
Morita levou em consideração somente os desvanecimentos profundos, 1, 2, 3 e 4 da figura
3.1, a partir de WM, pois considerou que a média do sinal flutuava entre WO e WM. Assim, Morita mediu a
probabilidade de desvanecimento tipo Rayleigh REAL.

19
UNISANTA
Barnett, por conseguinte, não mediu apenas o desvanecimento tipo Rayleigh, mas, a soma
entre os dois tipos de desvanecimentos, ou seja, o Plano (que também é conhecido como Log-Normal) e o
Seletivo (Rayleigh).
O PR segundo Morita, chamaremos de PM, para denotar o desvanecimento tipo Rayleigh,
REAL.
Como PR de Barnett leva em conta também o desvanecimento Plano, cuja parcela de
probabilidade de ocorrência, é muito maior do que a de Rayleigh, associaremos o mesmo à probabilidade de
desvanecimento Plano.
No Brasil, como em outros países, usa-se calcular a probabilidade de desvanecimento tipo
Rayleigh REAL através do PR de Barnett corrigido por um fator chamado β. Assim:
PM = β *PR (3.2)
Se prestarmos atenção à tabela 2.1, notaremos que os fatores K.Q. estabelecidos por Morita
são fixos, e foram levantados para três tipos de ambientes. Portanto são medidas particulares e que servem
somente para o Japão.
Barnett, por sua vez, fez uma pesquisa mais abrangente, em termos de tipos de ambiente, e
também mais flexível em termos de variação da condição de terreno.
Note que na mesma tabela 2.1, os fatores K.Q. segundo Barnett não são fixos, mas sim,
função da rugosidade do terreno em questão, na forma do parâmetro S1.
S1 é a rugosidade do terreno medida em metros pelo desvio padrão das elevações a
intervalos de 1 Km (6m < S1 < 42m).
No Brasil, existem poucos estudos parecidos. Apesar da exatidão de Morita para PR (REAL)
ou PM , adotam-se as conclusões de Barnett por não serem tão específicas à determinada parte do mundo e
como já se sabe, adaptam-se bem aos casos de dimensionamento de sistemas já existentes.
Assim, se quisermos calcular a probabilidade REAL de desvanecimento (somente) tipo
Rayleigh, que é a soma das observações indicadas na figura 3.1 pelos números 1, 2, 3 e 4 em relação ao
tempo total de observação, devemos multiplicar o PR de Barnett por um fator de correção β.
β também é chamado de fator de redução, pois a probabilidade de ocorrer desvanecimento
tipo Rayleigh é bem menor do que a probabilidade de ocorrência de desvanecimento Plano, como já visto.
Muitos estudos tem sido publicados sobre o valor de β. Por exemplo, A. Ranade propôs que
β fosse igual a 0,0113. Entretanto, não existem outros dados que suportem esta estimativa. Atualmente a
adota-se adota β = 0,2.
Note que este β é seguro no sentido de que considera que o desvanecimento tipo Rayleigh
chega a ser 20% do total do desvanecimento Plano, mais o Seletivo (Rayleigh), quando na verdade, é
sabido que a probabilidade de ocorrência de desvanecimento rápido (tipo Rayleigh) é bem menor do que a
probabilidade de ocorrer desvanecimento lento (Plano) que é o mais comum. Em outras palavras, a
probabilidade de ocorrência de desvanecimento Rayleigh é pelo menos 5 vezes menor que a esperada.

20
UNISANTA

Tabela 2.1 - Tabela de Cálculo de Pr para as várias partes do mundo


JAPÃO (1) NE EUROPEU REINO UNIDO USA U.R.S.S. N EUROPEU
(2)
REFERÊNCIA MORITA,1970 DOBIE,1979 BARNETT,197 NADENENKO LAINE,1979
2
1980 TENEN,1985
VIGANTS,1975
B 1,2 1,0 0,85 1,0 1,5 1,0
C 3,5 3,5 3,5 3,0 2,0 3,0
-5 1,3 -5
K-Q para temperatura 4,1x10 / S1 2x10
marítima mediterrânea, de
costa ou regiões de clima de
alta umidade e temperatura
-5 1,3
Para regiões de clima 3,1x10 /S1
subtropical marítimo
-9 -5 -7 1,4 -5 1,3 -6 -5 1,3
K-Q para clima continental 10 1,4x10 8,1x10 /S2 a 2,1x10 /S1 1,1x10 2,3x10 / S1
temperado ou regiões -6 1,4
4,0x10 /S 2
interiores de latitudes médias
com ondulação de terreno
-5 -5 1,3
K-Q para climas temperados, 9,9x10−8 2,3x10 a 6,5x10 /S1
regiões costeiras com terreno -5
h1 + h2 4,9x10
bastante plano
-10 -5 1,3 -9
K-Q para regiões altas de 3,9x10 10 /S1 10
clima montanhoso seco
-5 -5 1,3
K-Q para regiões interiores 2,6x10 a 3,3x10 / S1
com terreno bastante plano -4
2x10

1) Dados do Japão aplicados à pior estação


2) Os coeficientes são baseados nos dados da Finlândia e Suécia para regiões não
montanhosas e dados da Noruega para regiões montanhosas.
Nota: h1 e h2 são as alturas das antenas em metros.
S1 é a rugosidade do terreno medida em metros e calculada pelo desvio padrão das
elevações do terreno tomados a intervalos de 1Km ( 6m<S1<42m) . As alturas das estações de rádio devem
ser excluídas.
S2 é definido como o valor RMS das inclinações ( em miliradianos ) medindo entre
pontos separados por 1 Km ao longo da trajetória, porém excluindo o primeiro e o último intervalo (
1<S2<80).
É possível que alguns desses parâmetros possa ser modificado em função da
inclusão de dados provenientes de enlaces que enfrentam problemas de reflexão e/ou desvanecimento por
difração.

21
UNISANTA

4. PROBABILIDADE DE INTERRUPÇÃO

Os sistemas rádio digitais sob desvanecimento podem sofrer os seguintes efeitos:


. Diminuição do nível da relação portadora-ruído causado pela aumento do ruído térmico e
interferente, devido a desvanecimento Plano.
. Interferência intersimbólica devido à distorção da forma de onda causada pelo efeito do
multipercurso.
. Degradação da XPD devido ao multipercurso

4.1. QUEDA DE POTÊNCIA RECEBIDA

A probabilidade de interrupção devido à queda de potência recebida (desvanecimento Plano)


durante período de desvanecimento é calculada pela seguinte expressão:

Pn = PR*10-FFM/1O (4.1)
Onde:
Pn = Probabilidade de interrupção devido a aumento do ruído térmico e interferente.
PR = Probabilidade de desvanecimento Rayleigh segundo Barnett (conforme vimos no item
2.1, associaremos ao desvanecimento Plano);
FFM= Margem de desvanecimento Plano, ou seja, diferença em dB, entre o nível de
recepção na condição de espaço livre e o nível mínimo de recepção para que a TEB seja a máxima
admissível.
Para calcular a probabilidade de ocorrência de desvanecimento profundo (=W), durante um
período de desvanecimento, basta multiplicarmos as respectivas probabilidades, i.e.; W/WO é a
probabilidade de ocorrer um desvanecimento profundo da ordem de W em relação à WO. PR é a
probabilidade de ocorrência de desvanecimento em um dado lance segundo Barnett. Assim, temos a
seguinte expressão:
Pr(W) = PR*W/WO (4.2)
Queremos fazer:
WO (W) = -XO (dBm) como: P(dBm)=10*log*(P(W)/1(mw))
W (W) = -x (dBm)
Então,
WO (W) = (10)-XO/10 (W) * 10-3
W (W) = (10)-X/10 (W) * 10-3
Substituindo na equação (3.2) temos:
PR (W) Æ Pn = PR * (10)-X/10/(10)-XO/10
Pn = PR * (10)-|X-XO|/10
Que é a equação (4.1), inicialmente apresentada.

22
UNISANTA

5. MEDIDAS CONTRA DESVANECIMENTO

5.1. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE PROPAGAÇÃO

O desvanecimento seletivo é causado pelo efeito de multivias que provocam interferência na


recepção.
Há dois tipos de raio indireto: o raio refratado e o raio refletido. O primeiro, tem sempre um
pequeno (τ) em relação ao raio direto. Este atraso é devido às variações do índice de refração da atmosfera.
O segundo raio sofre um atraso relativo (τ) muito maior pois vai refletir-se em superfícies como o mar ou
planícies.
Quando esses raios, direto e indireto, são recebidos pelas antenas, ocorre interferência
construtiva para uma dada freqüência e destrutiva para outra. Isto resulta então em desvanecimento seletivo
(em freqüência).
A distância em Hz entre "notches" dentro da banda é inversamente proporcional ao atraso
(τ). A profundidade de "notch" é por sua vez determinada pela relação de amplitude (ρ) entre o raio indireto e
o direto.
A figura 5.1 mostra um só “notch” na banda, se o atraso ( τ ) for pequeno (2ns) devido a um
raio indireto refratado. Se o atraso for da ordem de 30 ns, como mostra a figura, o número de “notch”
aumenta dentro da banda.
A correção desses desvanecimentos torna-se mais difícil a medida que a relação de
amplitudes ρ se aproxima de 1, e o retardo de grupo aumenta.
Ainda mais, a característica de retardo de grupo é invertida quando ρ se torna um pouco
maior do que 1 (limite). Em outras palavras, tudo se passa como se o raio direto se atrasasse em relação ao
indireto.

5 0.2
r=30ns
0 0.4
Potencia recebida (dB)

-10 0.6

0.7
0.8 r=2ns

-20
0.9

p r =0.95
-30
f -40 f -20 f f +20 f +40
0 0 0 0 0

Frequência (MHz)

Figura 5.1 Característica de Amplitude da interferência de dois Raios

23
UNISANTA

5.2. CONTRAMEDIDAS EXISTENTES

Existem basicamente dois tipos de contramedidas: Equalização adaptativa e técnicas de


diversidade.

5.2.1. Equalização Adaptativa

Os equalizadores convencionais aos quais estamos acostumados, possuem uma função de


transferência fixa da entrada para a saída, com o intuito de compensar distorções em amplitude e fase.
Um equalizador adaptativo, por sua vez, possui a capacidade de mudar dinamicamente a
função de transferência de sua rede. Fazendo isso, no sentido de compensar a distorção de forma de onda,
ou de espectro, que está passando naquele momento pelo equalizador do equipamento de recepção
procurando manter a resposta plana. Atualmente, vários tipos de equalizadores adaptativos são
implementados, os quais trabalham ou no domínio da freqüência, ou no domínio do tempo.
Os equalizadores adaptativos que trabalham no domínio das freqüências, são tratados
simplesmente por: equalizadores adaptativos.
Os equalizadores que operam no domínio do tempo, por sua vez, são chamados de
equalizadores transversais, devido ao tipo de filtro que utilizam.
Assim, convencionamos chamar:
- Equalizadores adaptativos (domínio de freqüência);
- Equalizadores transversais (domínio do tempo).

5.2.2. Técnicas de Diversidade

São técnicas que procuram reduzir os efeitos dos desvanecimentos, usando mais de um
receptor em caso de regiões com desvanecimento profundo combinando-os ou selecionando-os
mutuamente para obter a melhor recepção possível.
Estes receptores devem ter pouca correlação entre sí em termos de qualidade de recepção,
ou seja, os mesmos não podem sofrer deterioração de qualidade ao mesmo tempo.
Para implementar esta técnica de mais de uma recepção, muitos são os recursos possíveis.
Por exemplo: recepção por diferentes antenas (em diferentes posições); diferentes freqüências de RF,
sempre com as mesmas informações de banda básica; e também diferentes polarizações, ângulos de
incidência ou rotas.
Estas técnicas enumeradas acima, são conhecidas respectivamente como:
- Diversidade de espaço (posições diferentes de antenas);
- Diversidade de freqüência (diferentes freqüências; mesma banda básica).

24
UNISANTA

a. Introdução à Diversidade de Espaço

A técnica de diversidade de espaço convencional consiste em se colocar duas antenas de


recepção, uma principal e outra auxiliar, num mesmo plano vertical. Ou seja, a antena principal no ponto
mais alto e a auxiliar, alguns metros mais abaixo, montadas na mesma torre. Veja figura 5.2.
Quanto maior a diferença de posições entre as antenas, a correlação entre as mesmas vai
ficando pequena, isto é, pequena é a probabilidade de que as duas antenas estejam sob o mesmo tipo de
desvanecimento ao mesmo tempo.
Existem dois tipos de diversidade de espaço:
- Seleção do melhor sinal recebido entre as diferentes antenas (comutação em diversidade
de espaço);
- Combinação dos dois (ou mais) sinais recebidos, (é que mostra o exemplo da figura 5.2
para duas antenas de recepção).
Geralmente são utilizadas duas antenas chamadas: principal e de diversidade.
Pode-se selecionar ou combinar sinais, tanto a nível de RF, como de FI, ou ainda, em banda
básica.
Para combinar dois sinais de RF, não é necessário possuir o receptor completo para a
antena de diversidade. Contudo, complica-se o método de detecção de qualidade bem como são exigidos
circuitos de grande tamanho pois na maior parte se constituem de cavidades e guias de onda para RF
(microondas).
Já para a combinação ou seleção de dois sinais em FI, é necessário que o receptor de
diversidade esteja equipado até o estágio de detecção de FI. Com isso, é maior a facilidade de
implementação de combinadores rápidos e de menor tamanho, graças ao desenvolvimento de novas
tecnologias de fabricação. Portanto, a combinação em FI torna-se a opção mais econômica.
Por outro lado existe também, a diversidade tipo seleção (comutação) em banda básica,
onde a detecção de qualidade é mais fácil. Contudo nesta situação recairemos num caso semelhante à
diversidade de freqüência.
Os diagramas em bloco que exemplificam os dois sistemas acima estão respectivamente
representados nas figuras 5.3 e 5.4.

25
UNISANTA
Antena Antena 40 dBm
Transmissora Receptora 1 50
60
70
Antena 1
Recepção de Entrada
Antena 40 dBm
Receptora 2 50
60
70
Antena 2
Recepção de Entrada
(Combinação)
40 dBm
50
60
70
Resultado da combinação
de ambas as saídas das
antenas

Figura 5.2 Exemplo de Diversidade de Espaço

f
1
f2

T f f T
M 1 2 M
ANTENA ANTENA
PRINCIPAL PRINCIPAL
f2 f
f f 1
R 2 1 R

COMBINADOR COMBINADOR
D DE FI DE FI D
f f
2 ANTENA ANTENA 1
R R
DIVERSIDADE DIVERSIDADE

Figura 5.3 Diversidade de Espaço usando Combinaçâo em fase na faixa de FI

f
1
f
2

T f f f f
M 1 ANTENA 2 1 2 T M
ANTENA
PRINCIPAL PRINCIPAL
f f
2 1
D R R D
COMUTAÇÃO SEM
COMUTAÇÃO SEM
PERDA DE BIT PERDA DE BIT
f2 f
ANTENA ANTENA 1
D R
DIVERSIDADE DIVERSIDADE R D

(COMBINADOR DE BIT)
(COMBINADOR DE BIT)

Figura 5.4 Diversidade de Espaço usando o Sistema de Comutação tipo “hitless” em Banda Básica

26
UNISANTA

b. Introdução a Diversidade de Frequência

A figura 5.5 mostra o espectro de um sistema rádio digital sob desvanecimento seletivo.

RECEPÇÃO DE ENTRADA
(RELATIVA) +10

-10
Chaveamento
-20

(Espectro) Frequência
Stand-by 1 2 3 4 5 6
Comum
Canal de Rádio

Figura 5.5 Comutação de Frequência de RF devido a Desvanecimento Seletivo em um dos canais de rádio

Como se sabe, para o rádio digital o desvanecimento seletivo, "notch", dificilmente atinge
dois canais de rádio ao mesmo tempo. Isto porque, o desvanecimento é seletivo em freqüência. Para que
mais de uma freqüência seja atingida pelo "notch" ao mesmo tempo, é preciso ocorrer reflexões que causam
atrasos de percurso muito grandes.
Aproveitando estas características de descorrelação entre os canais, quanto ao "notch",
vamos proceder a uma comutação da freqüência RF de um dos canais principais de rádio, para uma RF
reserva que não trafega com banda básica normalmente.
Assim, se uma certa banda básica que estava sendo transmitida por um dos canais
principais e numa freqüência RF, f2, por exemplo, sofrer um desvanecimento seletivo, é imediatamente
comutada para uma nova freqüência f0. Chamamos também esta freqüência reserva, de canal de proteção.
A detecção de desvanecimento é feita por um circuito na seção de recepção (banda básica)
que percebe um aumento na taxa de erro de bits (TEB),por exemplo,10-6 bits errados.

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