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UNIDADE 2

CAMPO ELÉTRICO

Se uma corpo carregado se afastasse de você nesse exato momento você acredita
que sentiria instantaneamente os efeitos de diminuição da força elétrica, como
requer lei de Coulomb, ou como estabalece a lei de ação e reação na Mecânica
Newtoniana? Certamente não, porque as interações eletromagnéticas se propagam
no espaço com uma velocidade finita. Para remover essa dificuldade da ação à
distância, será introduzido nesta unidade o conceito de campo elétric. Assim, a
interação entre as cargas acontece através da interação com o campo criado pelas
outras cargas, e não diretamente pelas força das cargas entre si.

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AULA 3: CAMPO ELÉTRICO agente físico, com existência independente da presença de outra carga com a qual
a carga original vai interagir, é o campo elétrico.

OBJETIVOS
Com a introdução do conceito de campo elétrico, podemos visualizar a
• DEFINIR O VETOR CAMPO ELÉTRICO E ESTABELECER SUAS PROPRIEDADES interação entre as cargas A e B de uma maneira diferente da força de Coulomb,
que é o resultado da interação direta entre cargas. Dizemos, então, que uma carga
• CALCULAR O CAMPO ELÉTRICO PARA UMA DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS
PUNTIFORMES E PARA UM DIPOLO EÉTRICO ou uma distribuição de cargas cria um campo elétrico nos pontos do espaço em
torno dela e que este campo elétrico é responsável pelo aparecimento da força
• UTILIZAR OS CONCEITOS DE LINHA DE FORÇA
elétrica que atua sobre uma carga elétrica de prova colocada em qualquer desses
pontos.

Para verificar se existe um campo elétrico em um ponto P do espaço,


3.1 DEFINIÇÃO E DISCUSSÃO FÍSICA DO CAMPO ELETROSTÁTICO
utilizamos uma carga de prova positiva q0 , colocada nesse ponto; se houver um

As interações eletromagnéticas se propagam no espaço com uma velocidade campo elétrico nele, a carga de prova vai reagir como se estivesse sob a ação de

finita. Isto significa que, quando uma carga elétrica, como por exemplo a da Figura uma força de origem elétrica. A carga de prova (sempre positiva) deve ser

3.1, se desloca no espaço, a força elétrica que ela exerce sobre outra carga B varia, suficientemente pequena para não alterar o campo neste ponto.
mas não instantaneamente como requer a lei de Coulomb, ou como estabalece a lei
de ação e reação na Mecânica Newtoniana. O processo de transmissão da
A grandeza que mede o campo elétrico em um ponto P do espaço é o vetor
informação (no caso o deslocamento da carga A) requer um certo intervalo de
campo elétrico , definido da seguinte forma (Figura 3.2):
tempo, igual a ∆ t = d/c para se propagar, em que d é a distância entre as cargas
A e B e c é a velocidade da luz. r
r F
EP = P (3.1)
q0

Figura 3.1: Posição relativa de A e B em diferentes instantes.

Na eletrostática, a posição relativa, e consequentemente a distância entre as


cargas, é sempre constante; por isso, é razoável supor uma hipótese de ação
Figura 3.2: Campo elétrico em um ponto P, gerado por uma carga q.
instantânea entre essas cargas em repouso. Mas, no caso de cargas em
movimento, temos que achar uma forma de resolver o problema da ação a
distância.
onde q0 é uma carga positiva colocada em P. A direção do vetor é a linha que une o

ponto P à carga que gera o campo e o sentido é o mesmo que o da força elétrica,
r r
Se a força elétrica deixa de ser uma ação direta entre as cargas, torna-se FP , que atua sobre a carga q0 , e o sentido, o da força FP . Note que o campo
necessária a existência de um agente físico responsável pela transmissão da
elétrico em um ponto P do espaço é a força por unidade de carga que atua neste
informação (isto é, da força) entre uma carga e outra (no caso, de A para B). Esse
ponto. Ele depende, portanto do meio em que as cargas que geram o campo estão

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colocadas. 3.2 Distribuição de cargas elétricas

A unidade de campo elétrico é obtida das unidades de força e de carga


Consideremos agora uma distribuição de cargas puntiformes como na figura
elétrica. No SI, ela é o Newton por Coulomb (N/C).
3.3:

O campo elétrico é uma grandeza vetorial, que depende do ponto no


espaço onde se encontra. Na Física existem outros tipos de campos, como, por
exemplo, o campo de pressão dentro de uma flauta que está sendo tocada. Uma
diferença importante é que o campo de pressão p( x, y, z, t ) , embora também
dependa do ponto no espaço e do tempo, é um campo escalar, isto é, à ele não
estão associados direção e sentido naquele ponto, como no caso do campo elétrico.

EXEMPLO 3.1

Calcular o campo elétrico gerado por uma carga positiva Q em um ponto P situado à
distância r dela. Figura 3.3: Distribuição de cargas puntiformes.

Solução: Como a força elétrica exercida por uma carga Q sobre uma carga de prova
Devido ao Princípio da Superposição o campo elétrico sobre a carga de prova
positiva q0 , situada no ponto P, à distância r de Q, é:
q0 no ponto P é dado pela soma dos campos elétricos das cargas individuais, como

se as outras não existissem:


r 1 Qq0
FP = rˆP
4π ε 0 rP2 r r
r 1 n
qi 1 n
qi rp − ri
Da equação (3.1), temos, no ponto P da figura 3.2: E=
4π ε 0
∑ (r
i =1 − ri ) 2
rˆi =
4π ε 0
∑ (r
i =1
r r
− ri ) 2 | rp − ri |
(3.2)
p p

r
r F 1 Q q0 1 1 Q
EP = P = . rˆP = rˆP onde r̂i é o vetor unitário da direção que une as cargas q0 e qi , com
q0 4π ε 0 rP2 q 0 4π ε 0 rP2
sentido da carga que gera o campo para a carga de prova, e é dado por:

Note que a equação acima nos dá o módulo do vetor. A direção é a da reta que une P a
r r
rp − ri
Q .Como Q é positiva (e q0 , por definição é positiva), o campo tem sentido de Q rˆi = r r (3.3)
| rp − ri |
para P.

Um erro muito comum ao resolver problemas envolvendo distribuições de


r r r r
ATIVIDADE 3.1 carga é usar rP (ou ri ) no lugar de rp − ri . A lei de Coulomb nos diz que a

Qual é a expressão do vetor campo elétrico gerado por uma carga elétrica negativa distância que deve ser colocada nesse denominador é a distância entre as duas
r r
no ponto P do Exemplo 3.1? cargas cuja interação está sendo considerada. E essa distância não é rP ou ri mas
a diferença desses vetores. Por isso, em todo problema de eletrostática é muito
importante escolher um sistema de referência arbitrário e definir todas as

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distâncias envolvidas no problema de forma consistente com essa escolha. em que x = 0,50 m é a distância de P à carga Q.
Como as cargas são positivas, elas repelirão uma carga de prova. Então, o
Preste muita atenção na definição do vetor que localiza o ponto P (de
campo gerado pela carga Q está dirigido para a direita na figura 3.4, enquanto que
observação, onde colocaremos a carga de prova), no ponto referente à carga que
r o gerado pela carga q , está dirigido para a esquerda. Assim, temos, para o módulo
gera esse ri e na distância entre as cargas, que você vai usar na lei de Coulomb.
do campo resultante em P:
Isto também vai ser igualmente importante quando estivermos calculando campos
de distribuições contínuas de carga.
r  1 Q 1 q ˆ
E= − i
 4π ε 0 x 2
4π ε 0 ( x − L) 2 
EXEMPLO 3.2

Dadas duas cargas Q = 2,0 × 10−6 C e q = 1,0 × 10−6 C, separadas pela distância em que os termos entre colchete correspondem ao módulo do campo elétrico.
Podemos obter uma outra solução com o desenho dos vetores campo elétrico e do
L = 1,0 m. Determine o campo elétrico em um ponto P situado a uma distância
eixo de coordenadas. O campo da carga Q está dirigido no mesmo sentido que o
x = 0,50 m de Q . unitário i do eixo, enquanto que o campo da carga q, tem o sentido oposto, de
modo que:

1 Q q  1  Q ( L − x) 2 − q x 2 
E= − =

4π ε 0  x 2
( x − L)  4π ε 0  x 2 ( x − L) 2 
2

Figura 3.4: Configuração de cargas para o exercício.

Desenvolvendo o colchete, obtemos:


SOLUÇÃO: Consideremos um eixo de coordenadas ao longo da linha Qq , com 1  (Q − q) x 2 − 2Q L x + Q L2 
E=
origem na carga Q e dirigido para a carga q . Seja iˆ o unitário do eixo (dirigido 4π ε 0  x 2 ( x − L) 2 

portanto para a direita na figura 3.4). Os vetores-posição das cargas Q e q, e do Colocando os valores numéricos vem: E = 3,6 × 104 N/C.
ponto P são, respectivamente:

r r r
rP = x iˆ rQ = 0 iˆ rq = L iˆ ATIVIDADE 3.2
Então: Suponha agora que a carga q no exemplo 3.2 seja negativa. Qual a intensidade do
r r r r
rP − rQ = x iˆ e rP − rq = ( x − L) iˆ campo no ponto P?

r r
Note que, como x < L , o vetor rP − rq é negativo e o seu unitário vale: ATIVIDADE 3.3
r r
rp − ri x−L ˆ No Exemplo 3.2, calcule o ponto em que o campo elétrico é nulo.
r r = i = −iˆ
| rp − ri | | x − L |
Temos, para os campos elétricos gerados por cada uma das cargas: 3.3 O DIPOLO ELÉTRICO
r 1 Q ˆ r 1 q
EQ = i e Eq = − iˆ
4π ε 0 x 2 4π ε 0 ( x − L) 2 Um dipolo elétrico é constituido por duas cargas elétricas iguais e de sinais

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contrários, separadas por uma distância pequena em relação às outras distâncias Vetorialmente, podemos escrever que:
relevantes ao problema. r+ = y P ˆj − a kˆ
Determinemos uma expressão para a intensidade do campo elétrico no r
r− = y P ˆj + a kˆ,
plano bissetor perpendicular de um dipolo (Figura 3.5). Para isso, vamos começar a
r r
E em um ponto P neste plano bissetor. Antes de mais nada, r y ˆj − a kˆ
calcular o vetor rˆ+ = ++ = P (3.7)
conforme discutimos, vamos escolher um sistema de referência, localizar r y P2 + a 2
vetorialmente as cargas que geram o campo, localizar o ponto de observação e a e
distância que deve ser usada na lei de Coulomb, para cada carga. r
r− y ˆj + a kˆ
rˆ− = = P (3.8)
r− y P2 + a 2

Substituindo essas expressões na expressão do campo resultante, obtemos:


r r r 1 2aq
E = E + + E− = − kˆ
4π ε 0 ( y P2 + a 2 ) 3/2
(3.9)

De fato, só haverá componente do campo na direção k̂ , como havíamos


discutido.

Note que esta é a intensidade do campo elétrico no ponto P à distância yP


Figura 3.5: O dipolo elétrico e seu campo elétrico no ponto P. do eixo do dipolo elétrico. O sinal negativo indica que o campo gerado pelas cargas
tem sentido oposto ao eixo Oz.
É muito importante desenhar os vetores campo elétrico no ponto e verificar
(como é o caso aquí) se existe alguma simetria que possa facilitar o cálculo. No Dado o módulo das cargas q e a distância entre elas, 2 a , o que significa
caso do dipolo elétrico, é fácil perceber que não haverá componente de campo
dizer "distâncias do ponto P ao dipolo ( y P ) muito maiores do que a separação entre
resultante no eixo y, apenas na direção z , pois os módulos do campo gerado pela
r r as duas cargas (2a) "?
carga positiva ( E + ) e pela carga negativa ( E − ) são idênticos e suas projeções

sobre o eixo y são iguais e de sentidos opostos (o eixo x é bissetriz do eixo do


Esse tipo de limite é muito comum e importante em Física. No caso, isso
dipolo elétrico). Vamos escrevê-los: pode ser dito matematicamente em termos de uma desigualdade:
a
r << 1 (3.10)
1 q yP
E+ = rˆ+ (3.4)
4π ε 0 r+2
Neste caso, a expressão anterior pode ser escrita como:
e
r 1 q
E− = rˆ− (3.5) r 1 2a q 1
4π ε 0 r− 2 E=− kˆ (3.11)
4π ε 0 y P3  a2 
3/2

Em termos dos dados do problema, temos que: 1 +  2 


 yP 
r+ ≡ r− = y P2 + a 2 (3.6)

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ou, com a condição acima temos que: 1867) como uma maneira de visualizar o campo elétrico.
Como sabemos, uma carga puntual Q que, cria um campo radial no espaço
r 1 2a q ˆ r
E≅− k à sua volta. Em cada ponto do espaço temos um vetor campo elétrico E , cujo
4π ε 0 y P3
módulo diminui à medida que nos afastamos da carga, conforme mostra a figura
(3.12) 3.6.

Isto é, o campo do dipólo elétrico é inversamente proporcional ao cubo da

distância y P . Observe que esse mesmo resultado poderia ser obtido através da

expansão binomial para (1 ± x )− n válida para x 2 << 1 (veja o apêndice D).

O termo p = 2aq é denominado momento do dipólo elétrico. Essa


r
grandeza define o vetor momento do dipólo elétrico p , que se situa na direção Figura 3.6: Linhas de força do campo elétrico de uma carga puntual positiva (lado
esquerdo) e negativa (lado direito).
que as cargas e tem o sentido da carga negativa para a carga positiva. Em
termos de p , podemos escrever que:
Se a carga que cria o campo elétrico for positiva, o vetor campo
elétrico estará dirigido para fora, como pode se ver no lado esquerdo da
r 1 p ˆ
E=− k (3.13) figura 3.6. Se a carga que cria o campo elétrico for negativa, o vetor campo
4π ε 0 y P3 elétrico estará dirigido para a carga, como pode se ver no lado direito da
figura 3.6.

EXEMPLO 3.3
As linhas de força são linhas contínuas que unem os pontos aos quais o
campo elétrico é tangente. É errado pensar que essas linhas possuem existência
O momento de dipólo elétrico de uma molécula de água é p = 6,2 × 10−30 C.m.
real, algo como fios elásticos ou cordas. Elas apenas ajudam a representar de uma
Calcule o campo elétrico para um ponto y P localizado à 1,0m do dipólo.
forma diagramática a distribuição do campo no espaço e não têm mais realidade do
que os meridianos e os paralelos do globo terrestre.
SOLUÇÃO: Utilizando a equação 3.13 obtém-se que
No entanto, pode-se fazer com que essas linhas tornem-se "visíveis". Se
−30
1 p 1 6,2 × 10 C.m fizermos uma solução de cristais isolantes num líquido viscoso e mergulharmos
E=− = .− = 5,6 × 10 − 20 N / C .
4π ε 0 y P3 4π ε 0 (1,0m )3 nesse líquido vários corpos carregados, os cristais localizados nas proximidades
desses corpos irão formar cadeias ao longo das linhas de força. A figura 3.7 nos
mostra as linhas de força geradas por duas cargas puntiformes, na região do
ATIVIDADE 3.4 espaço próxima a elas.

Verifique se o ponto y P = 1,0m pode realmente ser considerado distante do dipólo?

3.4 LINHAS DE FORÇA

O conceito de linhas de força foi introduzido por Michael Faraday (1791 –

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r r
r F QE
a= = (3.14)
m m

Note que a aceleração da carga tem a mesma direção do campo e, que,


portanto, é constante em módulo e direção. O sentido da aceleração depende da
carga ser positiva ou negativa. No primeiro caso, a aceleração tem o mesmo
sentido que o campo elétrico; no segundo, tem o sentido contrário.

Figura 3.7: Linhas de força de um campo elétrico gerado por cargas de mesmo
Uma maneira de produzirmos um campo elétrico uniforme consiste em
sinal (positivas; lado esquerdo) e cargas de sinais contrários (lado direito).
colocarmos duas placas planas e paralelas, carregadas com cargas elétricas de
Além de nos fornecer a direção e o sentido do campo elétrico, a densidade
sinais opostos, uma próxima da outra, mas separadas de uma distância menor que
de linhas de força, isto é, o número de linhas de força por unidade de área
as dimensões das placas. Por simetria, podemos ver que, na região entre as placas,
dão informação sobre a intensidade do campo elétrico sobre uma certa
o campo estará sempre dirigido da placa positiva para a negativa. Observe o
superfície. No caso da carga puntiforme, como vemos na figura 3.6, se tomarmos
Exemplo 3.4.
uma superfície esférica de área 4πR 2 , a densidade de linhas sobre essa superfície
será N/4π R 2 , onde N é o número de linhas de força que atravessa a superfície.
EXEMPLO 3.4

Uma carga elétrica positiva Q=2,0μC e massa de 0,50g é atirada horizontalmente


ATIVIDADE 3.5 em uma região entre duas placas planas e paralelas horizontais, com a placa
positiva abaixo da negativa (Figura 3.8). A separação das placas vale d = 1,0 cm e
Desenhe o vetor campo elétrico para vários pontos da figura 3.7. Existe algum
a carga entra na região das placas a uma altura de d/2 da placa inferior. Se a
lugar que o campo seja nulo? Qual seria a mudança nas linhas de força caso as
velocidade da carga for na horizontal e de módulo 1,40 m/s e o campo elétrico
cargas no lado esquerdo da figura 3.7 fossem negativas?
entre as placas 2,40 x 10 N/C, qual a velocidade da carga elétrica quando ela se
chocar com a placa negativa?

3.5 CARGAS ELÉTRICAS EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME

Um campo elétrico é uniforme em uma região do espaço quando em


qualquer ponto dessa região o vetor campo elétrico é constante (em módulo,
direção e sentido). Nesse caso, as linhas de força do campo na região considerada
são linhas retas e paralelas entre si. Figura 3.8: Carga lançada em um campo elétrico uniforme.

Quando uma carga elétrica Q entra em um campo elétrico uniforme, ela Solução: Seja um sistema de coordenadas com origem na posição em que a carga
sofre ação de uma força elétrica constante, cujo módulo é dado pela lei de elétrica entra na região entre as placas, com eixo Oy vertical e com sentido para
Coulomb. Portanto, seu movimento é um movimento acelerado, com um vetor cima (da placa positiva para a negativa); e eixo Ox perpendicular a Oy como
aceleração dado pela segunda lei de Newton: mostra a figura 3.8. O campo elétrico está dirigido de baixo para cima, de modo
que o vetor campo elétrico é:

66 67
 = 0 ̂ + 2,40  10 ̂. O vetor velocidade da carga ao se chocar com a placa negativa é:

Então a aceleração da carga está dirigida para cima (a carga é positiva) e vale:
r
v = v x iˆ + v y ˆj = (1,40 iˆ + 0,69 ˆj ) m/s.

r QE ˆ 2,0 ×10 −6 C × 2,40 ×10 4 N / C ˆ m O seu módulo é:


a= j= j = 96,0 2 ˆj.
m 0,50kg s
v = [v x2 + v 2y ]1 / 2 = 1,56 m/s.

O movimento da carga elétrica é idêntico ao de um projétil. O vetor velocidade O ângulo que a velocidade faz com o eixo Ox é:
inicial da carga é:
vy
v = tgθ = = 0,493,
vx
r m
v0 = (v0 ) x iˆ + (v0 ) y ˆj = 1,40 iˆ. o que dá θ=26°,2.
s

Como a aceleração é vertical, o movimento da carga ao longo de Ox é retilíneo e


uniforme; ao longo de Oy ele é uniformemente acelerado no sentido positivo de
ATIVIDADE 3.6
Oy. Então, para um dado instante t depois da entrada no campo elétrico, temos:
No Exemplo 3.4, qual a distância horizontal percorrida pela carga até se chocar
QE
v x = (v0 ) x = 1,40 m/s v y = at = = 96,0 t m/s com a placa?
m

Integrando cada equação de 0 até t pode se obter x(t) e y(t). Ou seja,

1 2 1 ATIVIDADE 3.7
x = (v 0 ) x t = 1,40 t m y= at = 96,0 × t 2 m
2 2
O Exemplo 3.4 sugere um método para separar cargas positivas e negativas de um
Para determinar a velocidade quando a carga se choca contra a placa negativa, feixe de cargas que contém uma mistura delas. Suponha que o feixe seja
temos que calcular o intervalo de tempo entre o instante em que a carga entra no constituído por prótons e elétrons. Se as partículas tiverem a mesma velocidade
campo (t=0) e o instante em que ela se choca (t). Para isso, basta observar que, inicial ao entrar na região entre as placas, onde o campo elétrico é uniforme, qual
quando a carga se choca com a placa negativa, ela percorreu uma distância deles percorrerá maior distância dentro deste campo até se chocar com a placa?
vertical y=d/2. Levando esse valor na expressão de y(t) e resolvendo a equação
para t, obtemos:

t = 2 y / a = 2d / 2 a = d / a .

Com este valor de y na expressão da componente v y da velocidade, obtemos:

v y = a d / a = ad = 96,0 × 0,50 × 10 −2 = 0,69 m/s.

68 69
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS (Q + q) x 2 − 2Q L x + Q L2 = 0
ATIVIDADE 3.1 que, desenvolvido e com os valores numéricos, dá:

z 2 − 4,0z + 2,0 = 0
O módulo do campo é calculado exatamente da mesma forma que no Exemplo 3.1,
O determinante dessa equação de segundo grau é ∆ = 16 − 8 = 8 e as soluções são:
pois a carga Q , embora seja negativa agora, entra na fórmula em módulo. O que
4+ 8 4− 8
se modifica agora é que a força F é atrativa e, portanto, como o sentido do campo é z1 = = 3,4 e z2 = = 0,59.
2 2
o mesmo da força, o vetor campo elétrico passa a ter sentido de P para a carga Q.
Como z é a distância à carga Q , sua unidade é metro. A primeira raiz da equação
Então:
não satisfaz ao problema porque o ponto com esta coordenada não está entre Q e
r 1 Q
E=− rˆ. q . Logo, a solução procurada é z = 0,59 m.
4π ε 0 r 2
ATIVIDADE 3.2:
ATIVIDADE 3.4

Nesse caso, temos: Para verificar se o ponto y P = 1,0m pode realmente ser considerado distante do

1 Q 1 q a
E= + , dipólo temos de verificar se a razão << 1. Como a molécula de água tem 10
4π ε 0 x 2 4π ε 0 ( L − x) 2 yP
elétrons (oito do oxigênio e dois dos hidrogênios) ela terá 10 cargas positivas. Se o
pois a carga q irá atrair a carga de prova q0 colocada em P. Então:
momento de dipólo elétrico é dado por p = 2aq temos que:
1 Q q  1  Q ( L − x) 2 + q x 2 
E= + = . −30
6,2 × 10 C .m

4π ε 0  x 2
( L − x)  4π ε 0  x 2 ( L − x) 2 
2 p
a 2q 2 (10 × 1,60 × 10 −19 C )
Desenvolvendo o colchete, obtemos: = = ≅ 10 − 20 << 1 ,
yP yP 1,0m
1  (Q + q ) x 2 − 2Q L x + Q L2 
E= .
4π ε 0  x 2 ( L − x) 2  validando o uso da equação 3.13. Como pode se ver, 1,0m é realmente muito
Com os valores numéricos, temos: distante do dipólo elétrico.

E = 4,3 × 105 N/C.


ATIVIDADE 3.5

ATIVIDADE 3.3
Como as cargas têm o mesmo sinal, o ponto em que a intensidade do campo O vetor campo elétrico deve estar sempre tangente à linha de força no ponto em

elétrico é nula deve estar situado entre as cargas. Seja z a distância deste ponto à questão, no mesmo sentido apontado pela linha de força. Nas regiões onde a
densidade das linhas de força diminui, o tamanho do vetor campo elétrico também
carga Q . Então, como no Exemplo 3.2:
deverá diminuir. Por exemplo, à medida que se afasta das cargas a densidade das
1 Q 1 q
E= − = 0, linhas de força diminui indicando que o valor do campo deve diminuir (e portanto o
4π ε 0 x 2 4π ε 0 ( L − x) 2
tamanho do vetor).
ou ainda:

1  (Q + q) x 2 − 2Q L x + Q L2  O campo elétrico será nulo no ponto médio entre as cargas positivas no lado
E=  = 0.
4π ε 0  x 2 ( L − x) 2  esquerdo da figura 3.7 (veja a densidade das linhas de força). Observe, no entanto,

Para que E = 0 , basta que o numerador seja nulo. Assim: que à medida que se afasta das cargas o campo elétrico fica grande e direcionado
radialmente para fora (maior adensamento das linhas de força).

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informações na literatura e compartilhe com seus colegas no fórum.
No caso do dipolo no lado direito da figura 3.7 não há ponto onde o campo seja
nulo. Observe que à medida que se afasta das cargas o campo do dipólo é pequeno EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
e direcionado no sentido da carga positiva para a negativa (novamente observe o
adensamento das linhas de força entre as cargas e sua diminuição longe delas). E3.1) Duas cargas, Q e 2Q são separadas por uma distância R. Qual é o campo
elétrico gerado no ponto em que se localiza cada carga?
Se as cargas fossem negativas no lado esquerdo da figura 3.7 o sentido das setas
ficaria invertido. E3.2) Considerando o raio orbital do elétron em torno do núcleo de Hidrogênio

como r = 5,29 × 10 −9 cm qual seria o momento de dipolo do átomo de Hidrogênio se


ATIVIDADE 3.6
o elétron ficasse parado na sua órbita?
Conhecido o intervalo de tempo t que a carga Q levou para se chocar contra a placa
negativa, a distância horizontal percorrida por ela, do instante inicial t=0 até o
E3.3) No Exemplo 3.3, se o campo elétrico for dado por:
instante t é: r
E = 3,25 × 10 4 iˆ + 2,40 × 10 4 ˆj . Qual será a velocidade da carga elétrica ao se chocar
x = (v0 ) x t = (v0 ) x d / a = 1,40 × 0,0050 / 96,0 = 1,01×10 −2 m.
com a placa?

ATIVIDADE 3.7

A aceleração da carga é a = (QE)/m; portanto, diretamente proporcional ao valor


da carga e inversamente proporcional à sua massa. As cargas do próton e do
elétron são iguais, mas a massa do próton é cerca de 1800 vezes maior que a do
elétron. Portanto, a aceleração do próton é menor que a do elétron e ele deve levar
mais tempo para chegar à placa que o elétron. Como o movimento horizontal das
duas cargas é o mesmo (retilíneo e uniforme), o próton deve se chocar contra a
placa negativa mais longe que o elétron.

PENSE E RESPONDA

PR4.1) A Lua poderia ser usada como uma carga de prova para testar o campo
gravitacional da Terra? Se não, por quê?

PR4.2) As linhas de campo elétrico podem se cruzar? Explique!

PR4.3) Duas cargas q1 e q2 de mesmo módulo estão separadas por uma distância
de 10m. O campo elétrico ao longo da linha que as une é nulo em um certo ponto
entre elas. O que você pode dizer sobre essas cargas? É possível ter campo elétrico
nulo para algum outro ponto, exceto é claro, no infinito.

PR4.3) Do que se trata o “Experimento da gota de óleo de Milikan”. Busque

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