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07/04/2016 Revista Você S/A ­ Os desafios das mulheres no mercado de trabalho

Os desafios das mulheres no mercado de trabalho
Embora  ainda  ganhem  menos  do  que  os  homens,  as  mulheres  têm  um  superpoder:  o  de
conciliar as diversas áreas da vida

Por Eliana Dutra*

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Não  é  de  hoje  que  ouvimos  sobre  as  dificuldades  das  mulheres  no  mercado  de  trabalho.
Exemplo  disso  é  o  relatório  do  Fórum  Econômico  Mundial  que  afirma  que  a  igualdade  de
gêneros  só  será  possível  em  2095  e  que  a  disparidade,  quando  se  trata  de  participação
econômica e oportunidades para as mulheres, gira em torno de 60%. O Brasil por sua vez
está  em  124º  lugar,  entre  142  países,  no  ranking  de  igualdade  de  salários.  Somos  o
penúltimo  das  Américas,  ficando  à  frente  apenas  do  Chile.  Em  terras  brasileiras,  essa
diferença  salarial  é  uma  variável  que  chama  a  atenção  de  imediato  –  já  que  o  público
feminino ganha em média 73,7% do salário recebido pelos homens, de acordo com a última
pesquisa da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). 

Contudo, essa é apenas uma das facetas do problema. Há ainda outros desafios a serem
vencidos,  como  o  preconceito  que  as  mulheres,  inconscientemente,  têm  em  relação  a  si
próprias.  Mergulhadas  como  estão  no  caldo  cultural,  elas  imaginam  que  não  são  capazes
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de atingir outros níveis dentro da organização porque ou não fazem o suficiente ou não são
boas o suficiente. Para ter uma ideia, só uma entre quatro mulheres estavam confiantes de
que receberiam aumento de salário em 2015, segundo dados da Glassdor, do Reino Unido.
 

Mas isso é um ledo engano. As mulheres têm um “superpoder”: o de conciliar as diversas
áreas da vida. Exemplo disso é Joy Mangano, que teve recentemente sua vida retratada no
filme homônimo e que conciliou a jornada de mãe solteira com a de inventora, tornando­se
assim  uma  das  empreendedoras  de  maior  sucesso  dos  Estados  Unidos.  No  Brasil,  a
representatividade  dessa  habilidade  feminina  fica  por  conta  da  Heloísa Assis,  a  Zica,  que
passou  dez  anos  pesquisando  uma  fórmula  para  relaxar  os  cabelos,  dando  origem  mais
tarde  a  rede  Beleza  Natural.  Hoje  ela  possui  40  unidades,  incluindo  institutos,  lojas  de
produtos e quiosques.
 

Embora  haja  esses  exemplos  inspiradores,  a  grande  maioria  deles  vem  das
empreendedoras, pois dentro da carreira corporativa as chances da igualdade da mulher no
mercado  de  trabalho  perante  os  homens  é  ainda  uma  realidade  distante.  Assim,  o
questionamento é: há uma forma de reverter esse cenário? Sim, há uma luz no fim do túnel
que passa pela participação efetiva dos presidentes que precisam incluir, de fato, políticas
de diversidade nas empresas. É papel do CEO fazer isso, já que as organizações espelham
as  suas  atitudes.  É  necessário  que  eles  verifiquem  constantemente  se  as  políticas  de
inclusão estão sendo realmente eficazes. 
 

Mas, como fazer isso? A única forma é analisar cuidadosamente os dados da empresa no
que  diz  respeito  aos  seus  programas  de  promoção  e  verificando  a  quantidade  de
profissionais  do  sexo  masculino  e  feminino  que  entraram  na  corporação  em  comparação
com  aqueles  que  conseguiram  alcançar  ouros  níveis  hierárquicos.  Por  exemplo,  qual  é  a
proporção  de  homens  promovidos  para  gerentes  nos  primeiros  cinco  anos?  E  qual  a
proporção  de  mulheres  promovidas?  Essa  pode  ser  uma  métrica  eficiente  para  ajudar  o
CEO a identificar quais são os gargalos e os pontos que devem ser desenvolvidos.
 

Além disso, é preciso que o líder fique atento ao preconceito invisível que ele próprio possui
e  que  pode  fazer  com  que  não  enxergue  a  disparidade  de  gêneros.  Essa  tarefa  de

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autoconhecimento  e  de  ver  a  realidade  livre  de  julgamentos  não  é  tarefa  fácil,  mas  pode
ficar  mais  leve  se  ele  contar  com  o  apoio  de  um  coach,  por  exemplo.  É  preciso  olhos
atentos e mente aberta para enxergar o contexto como um todo e de forma imparcial.
 

*CEO da Pro­Fit e primeira Master Coach Certified pela ICF da América do Sul

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