de Ensaios Metalográficos
ENSAIOS
MACROGRÁFICOS
NOTAS DE AULA
Pág.
1- OBJETIVO ........................................................................................................................... 1
9 – REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 18
Lab. de Ensaios Metalográficos
O ensaio macrográfico consiste na interpretação da aparência (ou textura) da superfície de uma peça
metálica, superfície esta que deve ser plana, polida e atacada por um reagente químico adequado.
A observação da superfície pode ser feita a olho nu ou com o auxílio de uma lupa com ampliação de
10 vezes no máximo.
2.1 - Segregação: As ligas metálicas, quando no estado líquido, apresentam certa homogeneidade. Quando a
liga passa para o estado sólido, as impurezas, não sendo tão solúveis no metal sólido como no líquido, são
repelidas para a parte central da peça que é a última a solidificar-se.
Ao acúmulo de impurezas nesta região das peças fundidas, dá-se o nome de segregação. No caso dos aços,
o enxofre e o fósforo são as principais impurezas segregadas.
A região onde houve segregação apresenta maior dureza, maior fragilidade, melhor resistência à
fadiga que a região periférica da peça.
Figura 1 – Disposição da segregação que freqüentemente se encontra nas secções de produtos laminados ou forjados.
2.2 - Vazios: Durante a solidificação, o metal, ao passar do estado líquido para o estado sólido ocorre
uma diminuição de volume. Com isso, aparecerá no interior da peça uma região oca que se
denomina vazio.
http://www.profpaulofjr.webs.com -1-
Lab. de Ensaios Metalográficos
2.3 - Bolhas: São pequenas cavidades cheias de gases existentes nos metais.
Os metais líquidos dissolvem grandes quantidades de gases como: oxigênio, hidrogênio,
nitrogênio, monóxido de carbono e dióxido de carbono. À medida que a temperatura do banho diminui,
esses gases são libertados até um determinado valor da viscosidade é tal que os gases não conseguem
mais ser libertados, formando-se então as bolhas no interior da massa metálica.
Para atenuar o desenvolvimento das bolhas nas peças, costuma-se adicionar no banho
metálico certas substâncias chamadas“desoxidantes”.
No caso dos aços, usam-se como desoxidantes o silício, manganês, alumínio e outras.
2.4 - Porosidades: Correspondem a pequeníssimas cavidades no interior das peças. Elas são
bem menos nocivas que as bolhas, mas devem ser evitadas, principalmente em peças sujeitas à
fadiga.
2.5 - Trincas: São fissuras que existem nos materiais. Podem ser superficiais ou internas. Elas
ocorrem devido ao trabalho mecânico ou ao resfriamento e aquecimento bruscos.
http://www.profpaulofjr.webs.com -2-
Lab. de Ensaios Metalográficos
2.6 - Dendritas: Os metais se solidificam sob a forma de cristais, segundo direções preferenciais
chamadas eixos de cristalização. Cada eixo, atingindo certo desenvolvimento, passa a emitir
outros eixos, até toda a massa se tornar sólida. Ao conjunto de cada eixo principal e seus eixos
secundários dá-se o nome de dendrita.
Devido ao mecanismo exposto, todos os metais, logo após sua solidificação completa,
são formados por numerosos grãos fortemente unidos, cada um com orientação cristalográfica
independente dos demais.
Junto às paredes do molde, os grãos resultantes são longos e perpendiculares às
paredes enquanto que no interior da peça, os grãos são equiaxiais (forma octoédrica).
Figura 6 – Deformações sucessivas de dendritas Figura 7 – Grãos colunares convergindo para um núcleo central
de
à medida que um aço é laminado ou forjado. grãos equiaxiais na secção transversal de um lingote.
2.8 - Descarbonetação: É a perda de carbono na superfície de uma peça de aço ou ferro fundido, devido ao
contato com um meio oxidante.
Essa perda de carbono será maior quanto mais alta for a temperatura e quanto maior for o tempo de
contato da peça com o meio.
2.9 - Cementação: É um processo inverso da descarbonetação, isto é, vem a ser a difusão de carbono na
superfície externa de uma peça.
Este processo será discutido mais tarde, quando estudarmos o tratamento térmico dos aços.
http://www.profpaulofjr.webs.com -3-
Lab. de Ensaios Metalográficos
2.10 - Têmpera: Consiste no aquecimento de uma peça de aço acima de uma determinada temperatura,
seguido de um resfriamento rápido em água, óleo ou um banho de sal, com a finalidade de aumentar a dureza
dessa peça.
Quando estudarmos os tratamentos térmicos dos aços, também discutiremos melhor este processo.
2.11 - Encruamento: Dizemos que um material sofreu encruamento quando há uma variação das suas
propriedades, devido ao trabalho mecânico a frio, como por exemplo, a laminação a frio ou a trefilação. O
metal terá um aumento de dureza, aumento de resistência a tração, aumento de fragilidade, etc., e terá uma
diminuição do alongamento, da estricção, etc.
2.11 – Gotas frias: Ao verter o metal líquido na lingoteira, pequenas gotas respingam contra as paredes,
resfriando-se com rapidez e oxidando-se superficialmente. Tais gotas não aderem depois completamente ao
lingote devido à película de óxido e constituem um defeito superficial.
3.1 - Escolha da secção a ser estudada: A escolha da secção a ser estudada depende do que o
operador deseja obter:
3.2 - Obtenção de uma superfície plana e polida da secção: Esta fase compreende o corte, o desbaste e o
polimento do corpo de prova.
O corte é feito com serra, ou cortador com disco abrasivo ("Cut off").
O desbaste é feito com lima, esmeril ou lixadeira mecânica.
O polimento é feito em lixas, sendo que o sentido do lixamento em cada lixa deve ser perpendicular à
anterior. Só se passa à lixa seguinte quando eliminarmos todos os riscos da anterior. As lixas mais utilizadas
são: nº 180, 240, 320, 400, 500, 600. A granulometria das lixas decresce com o aumento do número das
mesmas. Quando as peças são pequenas, atrita-se a superfície das mesmas sobre a lixa, mas quando
a peça é grande, isso não é viável. Prende-se então a peça numa morsa e faz-se o lixamento com o
auxílio de uma régua de madeira.
Terminado o lixamento com a lixa 600, em alguns casos já se pode notar restos de vazios, trincas,
inclusões, porosidades, mas deve-se atacar a superfície com reagente químico para por em evidência as
demais heterogeneidades do material.
3.3 - Ataque da superfície obtida por um reagente químico adequado: Durante o ataque com reagente
químico, observam-se na superfície da peça, regiões mais atacadas que outras. Isso ocorre devido à
diferença de composição química e de estrutura cristalina do material.
http://www.profpaulofjr.webs.com -5-
Lab. de Ensaios Metalográficos
4 - PRINCIPAIS REATIVOS:
4.1 - Reativo do Iodo:
O reativo de iodo é usado a frio e é o mais utilizado nos ensaios macrográficos, produzindo ótimas
imagens para fotografia. Este reativo, assim como alguns outros, produz dois tipos de imagens:
- ácido sulfúrico: 20 ml
- água: 100 ml
http://www.profpaulofjr.webs.com -6-
Lab. de Ensaios Metalográficos
http://www.profpaulofjr.webs.com -7-
Lab. de Ensaios Metalográficos
Neste caso, coloca-se o papel fotográfico durante mais ou menos 3 minutos, numa solução de
molibdato de amônio (5g + 100ml de água), contendo 35ml de ácido nítrico com densidade 1,2 g/ cm3.
A seguir, aplica-se esse papel sobre a superfície polida do corpo de prova por uns 5 minutos mais
ou menos, surgindo manchas amarelas no papel.
Após, retira-se o papel e coloca-se o mesmo por uns 5 minutos numa solução de ácido clorídrico
contendo 5ml de cloreto estanoso. As regiões ricas em fósforo, que antes eram amarelas, ficam azuladas.
Coloca-se papel fotográfico por uns 3 minutos, em uma solução aquosa de ácido clorídrico 1 para
20.
Depois, aplica-se o papel sobre a superfície polida do corpo de prova por uns 2 minutos.
A seguir, retira-se o papel, colocando-o numa solução de ferrocianeto de potássio (20g de
ferrocianeto por litro de solução).
Em seguida, lava-se o papel em água corrente por uns 15 minutos, colocando-o num fixador de
http://www.profpaulofjr.webs.com -8-
Lab. de Ensaios Metalográficos
hipossulfito de sódio por 15 minutos mais ou menos e, finalmente, lava-se o mesmo em água corrente por
uns 30 minutos.
As impressões no papel indicam forma, tamanho e distribuição das inclusões de óxidos.
5.2 – Remover substâncias oleosas ou graxas que possam entrar em contato com o reativo e, em
seguida, contaminar a superfície em estudo.
5.3 - Lavar o corpo de prova em água corrente toda vez que mudar de lixa, para não contaminar a seguinte
com resíduos da anterior.
5.4 – Não dar um polimento muito brilhante à superfície do corpo de prova, pois com isso, o reagente não
molhará homogeneamente a mesma.
5.5 - Terminado o polimento, deve-se limpar bem a superfície do corpo de prova com um pano ou algodão
antes de fazer o a taque.
Secção transversal com área mais escura no centro Aço com segregação
http://www.profpaulofjr.webs.com -9-
Lab. de Ensaios Metalográficos
Secção transversal com faixa periférica muito escura Camada cementada não temperada
Secção transversal com áreas claras de contornos
côncavos, rodeados por auréolas escuras que Solda sem tratamento térmico posterior
desaparecem com leve repolimento
Secção transversal com áreas claras de contornos
Solda com tratamento térmico posterior
côncavos, sem auréolas escuras
http://www.profpaulofjr.webs.com - 10 -
Lab. de Ensaios Metalográficos
Figura 10 - Secção transversal de um Figura 11 - Secção longitudinal do eixo da fig. 10. Estrutura
eixo. fibrosa
Material Homogêneo. Ataque: iodo
Figura 12 - Secção transversal de uma Figura 13 – Mesma barra da fig. 13 após ataque com iodo.
barra. As linhas escuras que emanam dos restos de vazio são
alinhamentos de impurezas que o reativo escureceu.
Figura 14 – Barra de aço apresentando concentração Figura 15 – Mesma barra da fig. 14 após ataque com iodo.
de impurezas no centro. Pela forma tomada pelos grãos As linhas escuras que emanam dos restos de vazio são
colunares nota-se que laminada ou forjada de um alinhamentos de impurezas que o reativo escureceu.
lingote
de secção quadrada. Ataque: iodo.
http://www.profpaulofjr.webs.com - 11 -
Lab. de Ensaios Metalográficos
Figura 16 - O trilho rompeu em serviço. Nota-se como Figura 17 - O trilho rompeu em serviço. Impressão
a fratura acompanhou o contorno da zona segregada. de
Ataque: iodo. Baumann mostrando a distribuição dos sulfuretos.
Figura 18 – Cabeça estampada de um parafuso. A região segregada Figura 19 – Gancho de aço moldado. Notam-se trincas
se apresenta fibrosa. Na parte superior as fibras tomaram um aspecto e porosidades. Ataque: iodo
tremido devido à estampagem que as comprimiu e dobrou. Ataque: iodo
http://www.profpaulofjr.webs.com - 12 -
Lab. de Ensaios Metalográficos
http://www.profpaulofjr.webs.com - 13 -
Lab. de Ensaios Metalográficos
IMPRESSÕES DE BAUMANN:
Figura 27 - Eixo com segregação apresentando no centro uma região isenta de sulfuretos.
http://www.profpaulofjr.webs.com - 14 -
Lab. de Ensaios Metalográficos
MACROGRAFIAS EM SOLDAS:
Figura 28 - Solda elétrica de 2 chapas com um cordão de cada lado. Secção normal
à direção da solda. Nota-se na chapa da direita (aço) até onde a textura foi alterada
pelo calor da solda e na da esquerda (ferro de pacote) não se nota essa alteração
porque seu teor de carbono é muito baixo. Ataque: iodo.
Figura 29 - Solda oxiacetilênica de duas barras laminadas de aço doce. Ataque: iodo.
Figura 30 - Soldas depositadas. Linhas: mesma corrente de soldagem; Colunas: mesma velocidade de
soldagem. Ataque: Nítrico 2%.
2 primeiros dígitos = corrente nominal de soldagem (90, 70 e 50A)
2 últimos dígitos = velocidade de soldagem (08,12, 16, 20 e 24 cm/min)
http://www.profpaulofjr.webs.com - 15 -
Lab. de Ensaios Metalográficos
Figura 32 - Macrografias de corpos de prova obtidos por soldagem com ER e TIG utilizando o mesmo aporte
térmico.
Figura 33 – Flange de botijão de gás. Montagem de macro e micrografias de região soldada contendo trinca.
Ataque: Nítrico 4%
http://www.profpaulofjr.webs.com - 16 -
Lab. de Ensaios Metalográficos
http://www.profpaulofjr.webs.com - 17 -
9 - REFERENCIAS:
[1] COLPAERT, P. H. - Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns. 3. Ed. São Paulo:
Editora Edgard Blucher Ltda., 1989
- Notas de aula compiladas pelo prof. Paulo Fernandes Junior para as disciplinas desenvolvidas no lab. de
Ensaios Metalográficos do IFSP – Permitida a impressão e divulgação para fins exclusivamente educacionais.
2010
- A apostila é uma compilação de textos, alguns com pequenas modificações, da bibliografia recomendada, e não
substitui os livros.
http://www.profpaulofjr.webs.com
http://www.profpaulofjr.webs.com - 18 -