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Guia Prático de
Recuperação
Judicial e
Extrajudicial
Fique por dentro das principais
informações a respeito das duas
medidas
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
SECCIONAL ESPÍRITO SANTO
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Junho de 2020
COMISSÃO DE
DIREITO EMPRESARIAL
Apresentação
Não há dúvida de que a quantidade de requerimentos de recuperação judi-
cial, e em menor escala de recuperação extrajudicial, serve como um
termômetro do nível da atividade econômica de um país, refletindo a insta-
lação, permanência e superação de crises.
Para se ter uma ideia desse contexto, no início deste mês, o Valor Econômi-
co veiculou matéria indicando que a consultoria Pantalica Partners estima
em 3.000 o número de pedidos de recuperação judicial caso se confirme a
queda de 6%, o que por si só já tem o condão de superar o recorde de 2016
antes mencionado.
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• Conclusão ...................................................................................................... 34
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Introdução
Em um cenário de crise, é natural que o parte dos mesmos. Além disso, a depender
empresário busque superá-la a partir de do estágio em que estejam as cobranças,
soluções de mercado, que abrangem as pode se ver na iminência de ter o patrimô-
mais variadas hipóteses. Nesse contexto, nio penhorado ou de outra forma constrito.
pode o empresário renegociar contratos,
alongar as suas dívidas, enxugar o pas- Fato é que, a partir de uma análise caso a
sivo, alienar bens do ativo, admitir sócio caso – não há uma fórmula determinante e
para aporte de novo capital etc. exata –, com enfoque especial na raiz da
crise, pode se chegar à conclusão de que o
Acontece que nem sempre a adoção de soerguimento da atividade empresarial
tais soluções se mostra adequada para demanda o uso das medidas recuperacio-
que o estado de crise seja debelado. É pos- nais dispostas na legislação brasileira.
sível, por exemplo, que o empresário
encontre dificuldades para negociar indi- Essas medidas se referem à recuperação
vidualmente com os credores, ou ainda se judicial e extrajudicial, previstas na Lei nº
depare com comportamento renitente por 11.101/2005.
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Recuperação Judicial
A recuperação judicial tem por objeti- prego dos trabalhadores e dos interes-
vo viabilizar a superação da situação ses dos credores, promovendo, assim,
de crise econômico-financeira do a preservação da empresa, sua
devedor, a fim de permitir a ma- função social e o estímulo à atividade
nutenção da fonte produtora, do em- econômica.
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Em qual lugar
requerer
A recuperação judicial deve ser
requerida no local do principal esta-
belecimento do devedor ou da filial
de empresa que tenha sede fora do
Brasil.
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Requisitos
ração judicial, necessário ainda que
o devedor atenda, cumulativamente,
os seguintes requisitos:
Pode requerer recuperação judicial o
devedor que, no momento do • Não ser falido e, se o foi, este-
pedido, exerça regularmente suas jam declaradas extintas, por sen-
atividades há mais de 2 anos. tença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decor-
Especial destaque deve ser feito em rentes;
relação ao empresário rural. É que,
diferente dos demais empresários, • Não ter, há menos de 5 anos,
aquele tem a faculdade, e não obtido concessão de recuperação
obrigação, de se registrar na Junta judicial;
Comercial, sendo que apenas com
tal inscrição é que passa a poder • Não ter sido condenado ou não
requerer a recuperação judicial. A ter, como administrador ou sócio
controvérsia que se surgiu então foi controlador, pessoa condenada
se os 2 anos de atividade rural deve- por qualquer dos crimes previstos
riam ser contados após o registro, na Lei nº 11.101/2005.
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Créditos Sujeitos
Estão sujeitos à recuperação judicial Segundo o entendimento do STJ, em
todos os créditos existentes na data caso de crédito objeto de processo
do pedido, ainda que não vencidos. judicial, a aferição da data da sua
Basta, pois, que o crédito simples- existência independe de quando foi
mente exista no momento em que proferida a sentença ou mesmo de
for pedida a recuperação judicial, quando foi ajuizada a ação,
sendo desnecessário que o mesmo importando tão apenas quando se
esteja vencido. deu o fato gerador. Assim, por exem-
plo, na hipótese de crédito trabalhis-
ta reconhecido pela Justiça do Tra-
balho, para que seja sujeito à recu-
peração judicial, deve-se levar em
conta se a prestação de serviço (fato
gerador do crédito) ocorreu em mo-
mento anterior ao pedido da medida
de soerguimento.
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Instrução
origem, o regime dos respectivos
vencimentos e a indicação dos
do Pedido
registros contábeis de cada tran-
sação pendente;
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dentes de pagamento;
Processamento
• Certidão de regularidade do
devedor na Junta Comercial, o Após a realização do protocolo do
ato constitutivo atualizado e as pedido, estando em termos os ele-
atas de nomeação dos atuais mentos que devem instrui-lo, o juiz
administradores; deferirá o processamento da recu-
peração judicial, e, no mesmo ato:
• A relação dos bens particulares
dos sócios controladores e dos • Nomeará administrador judicial;
administradores do devedor;
• Determinará a dispensa da
• Os extratos atualizados das apresentação de certidões nega-
contas bancárias do devedor e tivas para que o devedor exerça
de suas eventuais aplicações suas atividades, exceto para con-
financeiras de qualquer modali- tratação com o Poder Público ou
dade, inclusive em fundos de para recebimento de benefícios
investimento ou em bolsas de ou incentivos fiscais ou cre-
valores, emitidos pelas respecti- ditícios;
vas instituições financeiras;
• Ordenará a suspensão de todas
• Certidões dos cartórios de pro- as ações ou execuções contra o
testos situados na comarca do devedor, com exceção das ações
domicílio ou sede do devedor e em que não houve quantificação
naquelas onde possui filial; do crédito, das execuções fiscais
e das ações relativas a créditos
• A relação, subscrita pelo deve- excluídos da recuperação judicial;
dor, de todas as ações judiciais
em que este figure como parte, • Determinará ao devedor a apre-
inclusive as de natureza sentação de contas demonstrati-
trabalhista, com a estimativa dos vas mensais enquanto perdurar a
respectivos valores demandados. recuperação judicial, sob pena de
destituição dos seus administra-
Com relação às demonstrações con- dores;
tábeis, as ME e EPP podem apresen-
tar livros e escrituração contábil sim- • Ordenará a intimação do
plificados, nos termos da legislação Ministério Público e a comuni-
específica. cação por carta às Fazendas
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Habilitação, verificação
e impugnação de crédito
Realizada a publicação do
edital com a relação nominal
de credores, como citado no
item anterior, se o crédito esti-
ver listado de modo integral-
mente correto, não é preciso
adotar providência adicional.
Do contrário, o credor terá
prazo de 15 dias para apresen-
tar, diretamente ao adminis-
trador judicial, a sua habili-
tação ou a sua divergência.
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• Trespasse ou arrendamento
de estabelecimento, inclu-
sive à sociedade constituí-
da pelos próprios em-
pregados;
•Redução salarial,
compensação
de horários e
redução da
jornada,
medi-
ante
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A assembleia instalar-se-á, em 1ª
Terão direito a voto na assembleia as
convocação, com a presença de
pessoas listadas no quadro-geral de
credores titulares de mais da metade
credores ou, na sua falta, na 2ª
dos créditos de cada classe, com-
relação de credores apresentada pelo
putados pelo valor, e, em 2ª convo-
administrador judicial, ou, ainda, na
cação, com qualquer número.
falta desta, na relação apresentada
pelo próprio devedor quando da
Para participar da assembleia, cada
instrução do pedido da recuperação,
credor deverá assinar a lista de pre-
acrescidas, em qualquer caso, das
sença, que será encerrada no mo-
que estejam habilitadas na data da
mento da instalação. O credor
realização da assembleia ou que
poderá ser representado por man-
tenham créditos admitidos ou alte-
datário ou representante legal, desde
rados por decisão judicial.
que entregue ao administrador judi-
cial, até 24 horas antes da data pre-
O credor não terá direito a voto e não
vista no aviso de convocação, docu-
será considerado para fins de verifi-
mento hábil que comprove seus
cação de quórum de deliberação se o
poderes ou a indicação das folhas
plano de recuperação judicial não
dos autos do processo em que se
alterar o valor ou as condições origi-
encontre o documento.
nais de pagamento de seu crédito.
Os sindicatos de trabalhadores
Os sócios do devedor, além das
poderão representar seus associados
sociedades coligadas, controladoras,
titulares de créditos derivados da
controladas ou as que tenham sócio
legislação do trabalho ou decorrentes
ou acionista com participação superi-
de acidente de trabalho que não
or a 10% do capital social do devedor
comparecerem, pessoalmente ou por
ou em que o devedor ou algum de
procurador, à assembleia. Para tanto,
seus sócios detenham participação
deverá apresentar ao administrador
superior a 10%, poderão participar
judicial, até 10 dias antes da assem-
da assembleia-geral de credores,
bleia, a relação dos associados que
sem ter direito a voto, e não serão
pretende representar, e o trabalhador
considerados para fins de verificação
que conste da relação de mais de um
do quórum de instalação e de delibe-
sindicato deverá esclarecer, até 24
ração.
horas antes da assembleia, qual
sindicato o representa, sob pena de
Igual situação se aplica ao cônjuge
não ser representado por nenhum
ou parente, consanguíneo ou afim,
deles.
colateral até o 2º grau, ascendente
ou descendente do devedor, de
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Na convolação da recuperação em
falência, todos os atos de adminis-
tração, endividamento, oneração ou
alienação praticados durante a recu-
peração judicial presumem-se válidos,
desde que realizados na forma da lei.
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Créditos
Sujeitos
Estão sujeitos aos efeitos da recupe-
ração extrajudicial os créditos com
garantia real, créditos com privilégio
especial, créditos com privilégio geral,
créditos quirografários e créditos su-
bordinados.
Também
O devedor não poderá requerer a
não se
homologação de plano extrajudicial se
s u -
estiver pendente pedido de recupe-
ração judicial ou se houver obtido
recuperação judicial ou homologação
de outro plano de recuperação extraju-
dicial há menos de 2 anos.
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Plano de Homologação
Recuperação do Plano de
Extrajudicial Recuperação
O plano de recuperação extrajudicial extrajudicial
pode abranger a totalidade de uma ou
mais espécies de créditos a ela O devedor poderá requerer a
sujeitos, ou grupo de credores de homologação em juízo do plano de
mesma natureza e sujeito a semelhan- recuperação extrajudicial com as assi-
tes condições de pagamento. Uma vez naturas dos credores que a ele aderi-
homologado, obriga a todos os ram. A homologação do plano nesse
credores das espécies por ele abrangi- caso é facultativa – posto que tais
das, exclusivamente em relação aos assinaturas são suficientes para obri-
créditos constituídos até a data do gar os credores –, a não ser que ele
pedido de homologação. envolva a alienação judicial de filiais
ou de unidades produtivas isoladas.
Devedor e credores podem negociar
livremente os termos do plano de recu- O devedor poderá, também, requerer
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riormente sem que o devedor fique prazo de 5 dias para que o devedor
com bens livres e desembaraçados sobre ela se manifeste. Após, os autos
suficientes para saldar seu passivo; serão conclusos imediatamente ao juiz
para apreciação, que decidirá acerca
• Ausência do devedor sem deixar do plano de recuperação extrajudicial,
representante habilitado e com homologando-o por sentença se
recursos suficientes para pagar os entender que não implica atos pratica-
credores, abandono do estabeleci- dos com a intenção de prejudicar
mento ou tentativa de ocultação credores, com prova de conluio frau-
de seu domicílio, do local de sua dulento entre o devedor e o terceiro
sede ou de seu principal estabele- que com ele contratar, bem como se
cimento; entender que não há outras irregulari-
dades que recomendem sua rejeição.
• Atos praticados com a intenção
de prejudicar credores, provan- Havendo prova de simulação de crédi-
do-se o conluio fraudulento entre o tos ou vício de representação dos
devedor e o terceiro que com ele credores que subscreverem o plano, a
contratar. sua homologação será indeferida.
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