EMENTA:
Conhecer e os pressupostos da comunicação e reconhecer sua importância na
criação de relações humanas, inclusive comerciais. Os diversos usos da
Língua Portuguesa na vida cotidiana e profissional. Aperfeiçoamento das
habilidades de compreensão de texto nas diversas linguagens, redação,
argumentação, leitura e articulação. Estudo de aspectos da gramática de uso e
normativa.
OBJETIVOS:
Refletir sobre a utilização da língua como interação social para atingir
resultados diversos e garantir o exercício da profissão e da cidadania.
Rever aspectos funcionais da linguagem pertinentes ao universo
profissional.
Usar os conhecimentos linguísticos no processo de interpretação e
produção textual;
CONTEÚDO
1. COMUNICAÇÃO
1.1. Reaprendendo o processo de comunicação;
1.2. O campo relacional na comunicação;
1.3. Língua e linguagem
1.4. Fala, escrita, ortografia e gramática
1.5. Norma e variação linguística
1.6. Preconceito linguístico e atuação comercial
2. ESPECIFICIDADES DA LÍNGUA
2.1. Níveis de Análise da Língua
2.2. Processos Fonológicos
2.3. Acordo Ortográfico (regras gerais)
2.4. Concordâncias: nominal e verbal – falhas mais comuns
2.5. Principais Casos de Concordância Verbal
2.6. Principais Casos de Concordância Nominal
2.7. Semântica – processos de significação
2.8. Leitura e Análise de textos: tipos de textos; gêneros textuais.
2.9. Textos informativos
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1 - COMUNICAÇÃO
Caros alunos,
Fazemos algo durante o nosso dia que não seja nos comunicarmos?
Tudo envolve comunicação, tudo envolve língua e sentido. Você acorda
e, pelo som de um aparelho, se desperta. Através desse som você sabe
exatamente que horas são, o que deve fazer em seguida, e quanto tempo tem
até a próxima atividade. Depois encontra as pessoas da sua casa e observa
seus rostos para saber se dormiram bem. E não adianta mentir, porque você
conseguirá saber, pela forma como está cada expressão, se estão dizendo a
verdade.
Você lê o jornal, ou liga a tv no noticiário da manhã. Pega o trânsito e tira
suas conclusões sobre o tempo, o movimento, as pessoas... tudo se comunica
conosco. De tudo conseguimos compreender suas “linguagens” próprias. Você
chega ao trabalho e novas informações, senta para conversar com os colegas
e ouve atentamente (ou não!) o que aconteceu com cada um no final de
semana. Alguns te tocam mais profundamente, outros apenas te fazem cumprir
o papel do bom colega de sala – aquele que não quer ser chato.
Você pode observar as roupas das pessoas que trabalham ou estudam
com você, perceber facilmente quem saiu de casa apressado, ou não dormiu
em casa (e repetiu a mesma roupa). Quem está mais sorridente ou com cara
de poucos amigos. A movimentação no ambiente, as cores que mais
aparecem... tudo ao seu redor se comunica com você. Você consegue ler tudo.
Estamos lendo os gestos, os desenhos, as cores, as letras, o tempo, a
natureza. Tudo é leitura, tudo é linguagem. Isso me impressiona e me faz
pensar que compreender e dominar diversas formas de linguagem é ter acesso
a um poder impressionante.
Observe que quando assistimos na televisão ou lemos em alguma
revista que determinado alimento faz mal à saúde, imediatamente mudamos
nosso comportamento com relação àquele alimento. Não sabemos, não fomos
ao laboratório fazer a pesquisa, mas alguém que reconhecemos como
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Lembra?
Perceba que nesse esquema, clássico, há um emissor (pessoa que
fala), um receptor (pessoa que ouve, ou recebe a mensagem), uma mensagem
que é transmitida de um a outro, um referente, ou seja, do que trata a
mensagem, um canal utilizado para essa comunicação e um código, uma
materialidade dessa mensagem, que pode ser a voz, a escrita, o gestual etc.
Algo te incomoda nesse esquema? Você aceita que a comunicação se
dá nesse modelo? Se você observar com mais cuidado verá que a seta, que
indica a direção na qual segue a comunicação, tem apenas um sentido, ela
apenas vai de um ponto a outro, do emissor para o receptor. Esse esquema
desconsidera a participação ativa de ambas as partes. Poderíamos entender
que nos modelos mais antigos de educação, e até mesmo nas igrejas, esse
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Eu respondo: ambos!
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LÍNGUA, LINGUAGEM
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2 – ESPECIFICIDADES DA LÍNGUA
Estão descritos aqui os diversos níveis que podemos usar para analisar
uma língua natural. Esses termos são importantes para podermos
compreender melhor a metalinguagem, ou seja, quando usamos a língua para
explicar a própria língua.
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PROCESSOS FONOLÓGICOS
Na nossa fala, seja pela variante da língua que falamos ou por alguma
particularidade do nosso aparelho fonador, podem ser observadas algumas
situações fonéticas de mudança, acréscimo, troca fonética que chamamos de
“Processos Fonológicos”.
A importância de conhecer os processos fonológicos está na
possibilidade de, conhecendo-os, podermos nos adequar à forma de fala mais
prestigiada pela sociedade. É preciso observarmos melhor o nosso modo de
falar (e não apenas o dos outros) para compreendermos o que podemos
aperfeiçoar na nossa comunicação oral.
Veja a seguir alguns processos fonológicos e vamos refletir sobre a
nossa própria fala.
Rotacismo
Este é um fenômeno Linguístico muito comum, mas talvez seja aquele
que gera mais preconceito, que aqui chamamos de preconceito linguístico.
Rotarcismo é a troca do fonema /l/ pelo /r/. O fonema que é linguodental passa
a ser fricativo.
Planta – pranta
Cliente – criente
Problema – pobrema
Bicicleta – bicicreta
Apagamento
Apagamento equivale à supressão de um segmento (consoante, vogal)
ou de uma sílaba inteira. Há diversos tipos de apagamento:
a) aférese: apagamento de segmento inicial de palavra.
arrancar - rancar
está - tá
José – Zé
b) síncope: apagamento de segmento no meio da palavra.
Xícara – xicra
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Chácara – chacra
Abóbora – abóbra
c) apócope: apagamento de segmento final. Ocorre especialmente nos
infinitivos
olhar – olhá
correr – corrê
comprar – compra
dormir -dormí
Ditongação
Diz respeito a formação de ditongos.
três – treis
mês – meis
rapaz - rapaiz
arroz – arroiz
yeísmo ou iotização
ACORDO ORTOGRÁFICO
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TREMA: somem de toda a escrita os dois pontos usados sobre a vogal “u” em
algumas palavras, mas apenas da escrita. Assim, em “linguiça”, o “ui” continua
a ser pronunciado. Exceção: nomes próprios, como Hübner.
USO DO HÍFEN
Deixa de existir na língua em apenas dois casos:
1 – Quando o segundo elemento começar com s ou r. Estas devem ser
duplicadas. Assim, contra-regra passa a ser contrarregra, contra-senso passa
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a) Houveram problemas...
Concordância Verbal - o verbo haver no sentido de existir, acontecer só pode
ser usado no singular. O correto seria:
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Houve problemas.
b) A Beti está meia nervosa....
Concordância Nominal - a palavra meio varia para o feminino quando for usada
no sentido de metade. Por exemplo: Comi meia maçã. No diálogo, o correto
seria: meio nervosa, pois o sentido do termo é de um pouco, um tanto, portanto
fica apenas no masculino.
f) Fazem dois meses que estamos juntos... não posso perde ela!
Concordância verbal - Faz dois meses seria o correto, pois o verbo fazer na
indicação de tempo transcorrido fica sempre no singular.
Emprego do pronome - na linguagem formal, diríamos: perdê-la, pois o
pronome ela, não deve ser usado como complemento na oração.
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j) Existe esperanças cara! Ele vive as custas do pai, e você não, você é
trabalhador!
Concordância verbal - o verbo existir concorda em número com o termo a que
se refere, seria ideal a escrita: existem esperanças.
Ortografia - o certo seria à custa de significando dependência financeira do filho
para com o pai e as custas de é uma expressão ligada ao Direito e que indica:
pagar as despesas de.
Regra geral: o verbo deve concordar em pessoa e número com o seu sujeito.
Eu saí tarde.
Tu saíste tarde.
As moças saíram tarde.
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Quando um verbo auxiliar se juntar aos verbos haver e fazer impessoais, ele
também deverá ficar no singular.
Devia haver muitos livros na biblioteca.
Quando o verbo "ser" indicar tempo, data, ou distância, deverá concordar com
o numeral.
É uma hora.
São duas horas.
Daqui até a escola são cinco quadras.
São 22 de setembro.
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É necessário organização.
É necessária a organização.
Bastante/ bastantes:
a) Quando tiver o sentido de muitos, vários, vai para o plural;
Havia bastantes propostas para o caso.
Meio / menos:
a) Meio: varia se tiver o sentido de metade.
Comi meia maçã ao sair de casa.
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SEMÂNTICA
Semântica é o estudo do sentido das palavras de uma língua.
Polissemia
É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários
significados.
Exemplos:
Homônimos
Eu gosto de salada.
O gosto da salada
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absolver – absorver
comprimento – cumprimento
descriminar - discriminar
geminada – germinada
Desta feita, analisemos algumas ocorrências nas quais podemos constatar tal
fenômeno linguístico. Eis que são:
Posse
Estes livros são do antigo professor.
Causa
Após o terremoto, várias crianças morreram de desnutrição.
Matéria
Todos aqueles artefatos são de couro.
Assunto
Discutimos muito sobre as obras literárias.
Companhia
Iremos à festa com você.
Finalidade
Preparamo-nos para os festejos natalinos.
Instrumento
O garoto feriu-se com a faca.
Lugar
Curtirei minhas férias em Maceió.
Origem
Todos os turistas são de Belo Horizonte.
Tempo
A empresa tem um prazo de 20 dias para a entrega dos pedidos.
Meio
A publicidade pela Internet implica em bons resultados.
Conformidade
Fizemos a pesquisa conforme foi solicitado.
Modo
O resultado do concurso foi aguardado com tamanha ansiedade.
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Oposição
Os eleitores mostraram-se contra a proposta dos candidatos.
a) Análise Textual – leitura visando obter uma visão do todo, dirimindo todas as
dúvidas possíveis, e um esquema do texto.
b) Análise Temática – compreensão e apreensão do texto, que inclui: idéias,
problemas, processos de raciocínio, comparações e esquema do pensamento
do autor.
c) Análise Interpretativa – demonstração dos tipos de relações entre as idéias
do autor em razão do contexto científico e filosófico, de diferentes épocas, e
exame crítico e objetivo do texto: discussão e resumo.
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TIPOS DE TEXTO
NARRAÇÃO
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DESCRIÇÃO
DISSERTAÇÃO
INJUNÇÃO
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GÊNEROS TEXTUAIS
Quanto aos gêneros não é difícil constatar que nos últimos dois séculos
foram as novas tecnologias, em especial as ligadas à área da comunicação,
que propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais. Por certo, não são
propriamente as tecnologias per se que originam os gêneros e sim a
intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências nas atividades
comunicativas diárias.
Assim, os grandes suportes tecnológicos da comunicação tais como o
rádio, a televisão, o jornal, a revista, a internet, por terem uma presença
marcante e grande centralidade nas atividades comunicativas da realidade
social que ajudam a criar, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros
novos bastante característicos. Daí surgem formas discursivas novas, tais
como editoriais, artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas,
telemensagens, teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo,
cartas eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais, aulas virtuais e assim por
diante.
Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente
vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida
diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por
conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os
tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns
exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial,
carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva,
reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de
remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor,
inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea,
conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim
por diante.
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TEXTO INFORMATIVO
Modelos:
Jornais e revistas.
Livros de divulgação, folhetos.
Notícias.
Artigos e reportagens.
Anúncios e propaganda.
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TEXTOS
Crônica
Pode-se despedir a empregada porque ela tem mau humor e mal fala com
você dentro de casa? Porque faz o trabalho bem-feito, mas é incapaz de
oferecer um chá quando você está jogada na cama com gripe e com febre, e
não faz o mínimo, que é perguntar se você melhorou? Digamos que é parte do
temperamento dela, e temperamento não se muda. Mas passar anos numa
casa sem dar um sorriso e sem dizer uma coisa gentil faz mal. E, segundo me
disse uma amiga – sábia –, quando se deita a cabeça no travesseiro e se
percebe que a empregada está perturbando, é hora de trocar.
E aí começa a culpa: se ela ficar desempregada por um longo tempo, vai viver
de quê? E o pior de tudo: como demiti-la? Maquiavel já dizia que o bem deve
ser feito aos poucos e o mal de uma vez só. Em casos como esse, vale uma
mentira, porque discutir a relação não leva a nada. Mas e o medo? Aliás, medo
de quê? Nas minhas mais loucas fantasias, pensava que ela podia pegar um
facão e enterrar nas minhas costas; como se sabe, fantasia não tem limites.
Até que me enchi de coragem e disse que minha vida tinha mudado. Que, por
força de novos trabalhos, ia precisar de uma secretária e usaria o quarto dela
como escritório. As contas já estavam feitas, e generosas: décimo terceiro e
férias, três meses de seguro-saúde (que eu pagava), perdão de um bom
dinheiro que ela me devia e uma Kombi na porta para levar o que fosse dela –
e com o frete já pago. Expliquei que, se ela ficasse mais alguns dias, seria
penoso para nós duas, que essas coisas devem ser resolvidas rapidamente,
para que doam menos. Como a vida não é fácil, essa conversa começou às 10
da manhã e a Kombi só saiu às 3 da tarde. E eu, que tinha parado de fumar,
fumando um cigarro atrás do outro, claro.
Dois dias depois entrou a nova empregada, já em outros termos: três vezes por
semana, de 9 às 4, nada de feira, nada de geladeira cheia de legumes
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estragando, nada de potinhos com coisas misteriosas que nunca tive coragem
de abrir por medo de encontrar uma cobra. Agora é comida congelada,
acabaram-se as panelas no fogão e, no terceiro dia de trabalho, quando eu
disse que ia ao médico, minha nova funcionária me perguntou, com um sorriso,
se eu queria que ela fosse comigo. Com essa, ela me ganhou para sempre.
E fiquei pensando que namorados e maridos que nos atormentam a vida são
como empregadas domésticas: a gente dispensa mais tarde do que deveria e
perde um tempo imenso sendo infeliz.
Aí Tem
Martha Medeiros
Ele telefonou na hora que disse que ia ligar, mas estava frio como um iglu.
Você falava, falava, e ele quieto, monossilábico. Até que você o coloca contra a
parede: "O que é que está havendo?". "Nada, tô na minha, só isso." Só
isso???? Aí tem.
Ele telefonou na hora que disse que ia ligar, mas estava exaltado demais. Não
parava de tagarelar. Um entusiasmo fora do comum. Você pergunta à queima-
roupa: "Que alegria é essa?" "Ué, tô feliz, só isso". Só isso????? Aí tem.
Às vezes não tem. O cara pode estar calado porque leu um troço que mexeu
com ele, ou está falando muito porque o time dele venceu. Pode estar mais
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carinhoso porque conversou sobre isso na terapia e pode estar mais produzido
porque teve um aumento de salário. Por que tudo o que eles fazem tem que
ser um recado pra gente?
Pausa
Moacyr Scliar
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