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1.

Indicação bibliográfica
Barbero, Jesús Martin – Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ, 6ª edição, 2009.

Páginas 268 a 295, Terceira Parte – Modernidade e mediação de massa na América Latina – Cap. 2 –
Os métodos: dos meios às mediações.

2. Resumo
Capítulo 2 – Dos meios às mediações – métodos
 O autor faz uma análise dos meios de comunicação até as mediações sociais, sob os pontos de vista
dos estudos sociológicos, antropológicos e políticos, dos quais é conhecedor. Martin-Barbero aborda
de forma detalhada as categorias de povo e classe, e sua complexidade na sociedade de massa. A
explicação de como o rádio e o cinema unificaram as sociedades latino-americanas, resultando na
ideia moderna que temos de nação, nos mostra a necessidade de estudarmos os padrões culturais
para o melhor entendimento da política e da economia atuais.

Tópicos principais
A mistura de povo e massa no urbano
 Diante do popular urbano, a tendência é negar a existência cultural do índio. Frequentemente, os
indígenas são pensados como primitivos, são ‘outros’, fora da história. O mito é muito forte – quando
se fala em popular, evocamos naturalmente o rural, o camponês.
 Os traços naturais do popular, identificados como natural, simples, ficam perdidos ou superados pela
cidade, entendida como lugar do artificial e do complexo.
 O popular se identifica com o infantil, o ingênuo, com tudo o que é cultural e politicamente imaturo.
 A mesma concepção se teve com o cinema em seus primórdios: por muitos anos lhe foi negado o
interesse estético. Por atrair fortemente as massas populares, o cinema se tornava inapto para a
complexidade e o artificialismo da criação cultural.
 Uma nova percepção sobre o popular vem do trabalho de Carlos Monsiváis, no qual traça marcos da
história e um mapa de transformações relevantes no popular urbano do México desde o princípio do
século XX.
 O ‘muralismo’ torna as massas lendárias e as transformam em ‘povo’. Tornam-se visíveis e
socialmente aceitáveis gestos, costumes, modos de falar, até então negados ou reprimidos. São as
massas tornando-se visíveis, revelando seu anseio por ascensão a uma visibilidade que lhes
proporcione um espaço social.
 Com a industrialização ocorrem as grandes migrações para as cidades e a hegemonia da indústria
cultural com o rádio e o cinema. O populismo se converte em nacionalismo e tem no cinema seu
maior meio de expressão e difusão – simbologia mítica dos gestos e moldes vitais do nacional. É o
nacionalismo a partir do melodrama: gênero capaz de estruturar qualquer tema ou situação,
evocando mitos e massificando comportamentos. O rádio, por sua vez, irá conectar a cultura
camponesa com o mundo da sensibilidade urbana, mediando tradição e modernidade. Poderoso
veículo de transmissão de valores de classe e raça, o rádio reduziu a cultura a “slogans” e estendeu
seu império até o final dos anos 50, com o surgimento da televisão. Cinema e rádio comandaram a
integração musical latino-americana apoiada na popularidade de ritmos e na mitificação de ídolos da
canção. Na mesma época, o futebol também foi o grande criador de ídolos e paixões populares.
 Na década de 1960, a proposta cultural se torna sedução tecnológica e incitação ao consumo,
homogeneizando estilos de vida e banindo o nacionalismo. Antigos conteúdos sociais, religiosos e
culturais são incorporados à cultura do espetáculo. O papel da publicidade torna-se primordial,
mitificando um progresso tecnológico que se traduz em desvalorização cotidiana dos saberes e
práticas das classes populares.
 No centro dessa nova dinâmica cultural estará a televisão. Norte-americana por excelência, erigida
sobre critério de uma única modernização para todo o país, a televisão decide o que é atual ou
anacrônico. Com sua obsessão pela atualidade, a televisão irá se utilizar de um discurso atemporal,
procurando tornar tudo contemporâneo. A fala é unificada no ambiente televisivo, erradicando as
entonações regionais – exceto nos efeitos de ‘folclorização’ dos termos.
 Atualmente, existe um grande interesse sobre o que se passa nos bairros populares. Os pioneiros
em construir uma história das culturas bairristas foi L. H. Gutierrez e L. A. Romero, acerca da cidade
de Buenos Aires, onde o bairro é definido em duas vertentes: os movimentos de deslocamento
espacial e social da cidade, e de fermentação cultural e política de uma nova identidade do popular.
 À partir de uma nova rede de relacionamentos (bar, clube, café), o bairro forja uma cultura específica
dos setores populares, distinta da cultura do ‘centro’. Torna-se uma espécie de sociedade mais bem
estruturada, não muito diferente da existente, porém, mais justa e aperfeiçoada.
 Os bairros dispõem de uma amplitude e atmosfera capazes de congregar os migrantes, oferecendo-
lhes alguma representação frente às autoridades estatais.
 A mulher representa um dos eixos principais da vida no bairro. Ela se constitui como a recriadora de
uma sociedade primordial que é ao mesmo tempo encontro e mediação. A maternidade é o símbolo
que explica e projeta a consciência popular da família.
 Para as classes populares, pertencer ao bairro significa, de alguma forma ser reconhecido
socialmente em qualquer circunstância.
 Os habitantes do bairro ‘Tepito’, no México, fizeram da cultura a melhor arma para defendê-lo e
sobreviver como comunidade. Trata-se de um núcleo que, ao invés de separar e isolar, comunica e
integra a casa com a rua, a família com a vizinhança, a cultura com a vida. A arte mostra a vitalidade
do bairro, o modo de ser, com uma estética constitutiva da vida local.

A comunicação a partir da cultura


 Só a partir da teoria da comunicação seria possível demarcar seu campo de interesses e seus
objetivos.
 Mesmo sem falar de comunicação, não deixamos de questioná-la, trabalhá-la, produzi-la.
 No final da década de 1960, a primeira análise da comunicação na América Latina foi feita por meio
do modelo de Laswell, procedente de uma epistemologia psicológico-condutista. O estudo foi
adaptado ao espaço teórico da semiótica estruturalista, tornando-se possível sua conversão – seu
encontro com a investigação crítica.
 Essa foi a etapa ‘ideologista’, na qual a pesquisa se concentrava na descoberta e denúncia das
estratégias da ideologia dominante para penetração na comunicação e os efeitos provocados por
essa ação.
 Os meios, reduzidos a ferramentas, eram moralizados de acordo com seu emprego: seriam maus
nas mãos das oligarquias reacionárias, mas se tornariam bons quando o proletariado assumisse seu
controle.
 A concepção ‘teológica’ do poder consistia em considerá-lo onipotente e onipresente – isso levava à
crença de que bastava analisar os objetivos econômicos e ideológicos dos meios de comunicação de
massa para que fossem descobertas as necessidades que provocavam e de que forma submetiam
os consumidores.
 Entre os emissores-dominantes e os receptores-dominados não havia sedução ou resistência,
apenas passividade do consumo e alienação de uma mensagem nunca ameaçada por conflitos ou
contradições. Isso começa a mudar no início dos anos 1970, quando os estudos passaram da
simples ideologia/denúncia à ciência. Iniciava-se a segunda etapa, a ‘cientificista’.
 Nesta fase, o paradigma hegemônico da análise da comunicação é reconstruído com base no
modelo informacional.
 Os processos de comunicação ocupam um espaço estrategicamente maior na sociedade – situam-se
até mesmo no âmbito da produção e não apenas no da circulação.
 O paradigma hegemônico está sustentado numa fragmentação do processo, automaticamente
convertida em garantia de rigor e critério de verdade. Isso controla o tipo de perguntas formuláveis,
reduzindo sua abrangência e restringindo o universo do investigável, assim como os modos de
acesso aos problemas.

Cultura e política: as mediações constitutivas


 Com a questão transnacional, inicia-se um novo período no desenvolvimento capitalista, no qual a
comunicação passa a desempenhar um papel decisivo.
 Não está mais em jogo a imposição de um modelo econômico, mas a internacionalização do modelo
político.
 A transnacionalização opera no campo das tecnologias de comunicação – satélites, telemática. O
ponto de fusão da questão nacional se encontra no campo da comunicação e se dá no quadro das
relações entre as classes, os povos e etnias, convertendo a Nação em foco de conflitos inéditos.
 As relações de poder configuradas em cada formação social não são apenas expressão de atributos,
mas resultado de conflitos concretos no campo econômico, de forma simbólica.
 Uma nova e profunda valorização do cultural surge na América Latina. Há a formação de novos
‘sujeitos’ – regionais, religiosos, sexuais, geracionais – e formas de rebeldia e resistência.
 Há uma nova experiência cultural, que é popular, em sua existência múltipla e ativa.
 Não são apenas os interesses econômicos que movem as empresas de comunicação que contam;
existe a preocupação qualitativa de redefinição de cultura, fundamental para a compreensão de sua
natureza comunicativa. Não se trata de mera circulação de informações, já que o receptor também é
um produtor daquilo que foi depositado na mensagem.
 O desafio da indústria cultural está na linha de cruzamento entre a política e a comunicação na
cultura.

Sobre a cotidianidade, o consumo e a leitura


 A cotidianidade que não está diretamente inserida na estrutura produtiva é despolitizada,
considerada irrelevante, insignificante.
 Na percepção popular, o ambiente doméstico não se restringe às tarefas de reprodução da força de
trabalho. Em um ambiente profissional marcado pela monotonia e falta de criatividade, o espaço
doméstico possibilita alguma liberdade e iniciativa.
 Nem toda forma de consumo significa interiorização de valores de outras classes. Nos setores
populares, o consumo pode apontar aspirações a uma vida mais digna.
 A investigação da comunicação/cultura a partir do popular nos permite compreender os diferentes
modos de apropriação cultural e usos sociais da comunicação.
 O consumo não se restringe a posse dos objetos, mas principalmente ao uso que lhes dão forma
social.
 A leitura, como atividade por meio da qual os significados são organizados num sentido, é o
resultado, como no consumo, não apenas da reprodução, mas também da produção. É questionada
a centralidade atribuída ao ‘texto-rei’, assim como a mensagem entendida como lugar da verdade
circulada na comunicação.

A televisão a partir das mediações


 As inovações tecnológicas no âmbito televisivo (câmeras, antenas, redes a cabo) não afetam
substancialmente o modelo que conhecemos de produção da televisão.
 As ofertas diferenciadas dos produtos de vídeo estão diretamente relacionadas ao poder aquisitivo
dos indivíduos.
 Apenas a inovação tecnológica parecem importar aos produtores e programadores das tecnologias
de vídeo.
 O mediacentrismo na América Latina tem sido suplantado pela força com que os movimentos sociais
tornam visíveis as mediações – lugares dos quais provêm as comunicações que delimitam e
configuram a materialidade social e a expressividade cultural da televisão.
Citações
 “A maneira e os métodos como as coletividades sem poder político nem representação social
assimilam as ofertas a seu alcance, sexualizam o melodrama, extraem traços satíricos de um
humor infamante, divertem-se e comovem-se sem se transformar ideologicamente, persistem na
rebeldia política ao cabo de uma impressionante campanha despolitizadora, vivificam, a seu
modo, a cotidianidade e as tradições, convertendo as carências em técnica identificatória [...]. As
classes subalternas assumem, porque não lhes resta alternativa, uma indústria vulgar e pedestre,
e certamente a transforma em autocomplacência e degradação, mas também em identidade
regozijante e combativa” (Monsiváis, C.). (pág.271).

 “Se os problemas sociais são transformados em problemas técnicos, haveria uma única solução
para todos. Em vez de uma decisão política, dentre diferentes objetivos sociais possíveis, seria o
caso de buscar-se uma solução tecno-científica acerca das maneiras corretas para obter-se uma
finalidade pré-fixada. Para tal, seria possível prescindir do debate público; não cabe submeter à
votação um fato técnico ou uma ‘verdade científica’. O cidadão acaba sendo substituído pelo
especialista.” (N. Lechner). (pág.284).

 “A verdade é que a política suprime a cultura como campo de interesse a partir do momento em
que aceita uma visão instrumental do poder. O poder se constitui dos aparatos, das instituições,
das armas, do controle sobre os meios e os recursos, das organizações. Tributária dessa visão de
poder, a política não pode levar a cultura a sério, exceto onde ela se encontra institucionalizada.”
(J. J. Brunner). (pág.288).

 “Não se trata apenas de medir a distância entre as mensagens e seus efeitos, e sim de construir
uma análise integral do consumo, entendido como o conjunto dos processos sociais de
apropriação dos produtos.” (N. García Canclini). (pág.292).

Páginas 299 a 315, Terceira Parte – Modernidade e mediação de massa na América Latina – Cap. 2 –
Os métodos: dos meios às mediações.

Tópicos principais
A competência cultural
 A relação televisão/cultura possui, de um lado, os críticos que a encaram como paradigma da arte,
apenas denunciando seu discurso repetitivo e decadência cultural. Do outro lado estão os folclóricos,
que situam a televisão na cultura de um povo que conserva sua verdade sem as contaminações
externas ou mestiçagens – ou seja, um povo sem história.
 A proposta cultural é tornar televisivo o patrimônio das danças, canções, iconografias nacionais.
 O contraditório significado de massivo se torna extremamente explícito e desafiante na televisão.
 A televisão não seria pensada como assunto de cultura, nem pelos governos, nem pelas oposições.
Isso é justificado pelo jogo de interesses comerciais, que a tratam apenas como comunicação.
 A dinâmica cultural da televisão atua por seus gêneros – é como um filme policial, de aventura ou
ficção científica, exibido pelo cinema.
 Na cultura de massa, a regra estética é aquela de maior adequação ao gênero (P. Fabri).

Lógicas da produção e dos usos


 A competitividade industrial e sua capacidade de desenvolvimento tecnológico e de risco financeiro
para inovações, além de seu grau de diversificação e especificação profissional, nada tem a ver com
a competência comunicativa da empresa perante seus públicos.
 Além da competitividade e da competência, devem ser estudados os níveis e fases de decisão na
produção de cada gênero, as ideologias profissionais nas exigências do sistema produtivo, as rotinas
de produção, e por fim, as estratégias de comercialização. Estas últimas, desde o início já deixaram
suas marcas na estrutura do formato do produto.
 O plural das lógicas de uso dos meios não se esgota na diferença social das classes, mas essa
diferença articula as outras.
 Os hábitos de classe atravessam os usos da televisão, os modos de ver, e se manifestam no
cotidiano – que lugar ocupa a televisão na casa: central ou marginal? Está na sala, onde acontece a
vida social, ou se refugia no quarto de dormir? Se esconde no armário, de onde a retiram para ver
algo muito especial?
 É possível traçar uma tipologia social dos tempos: desde o aparelho que fica ligado o dia todo até
aquele que é ligado apenas para ver o noticiário ou a novela. Nota-se uma gama de usos que nada
tem a ver com a quantidade de tempo dedicado, mas com o significado social desse tempo.
 Enquanto uma classe pede apenas informação à televisão, e vai buscar entretenimento e cultura em
partes diferentes, outras classes pedem tudo isso só à televisão.
 No caso da televisão, cada gênero se define tanto por sua arquitetura interna quanto por seu lugar na
programação.
 Na abordagem dos gêneros há a necessidade de construir seu sistema em cada país, pois esse
sistema responde a diferentes configurações culturais, a estruturas jurídicas distintas de
funcionamento da televisão, a diversos graus de desenvolvimento da indústria televisiva nacional, e a
alguns modos de articulação com a transnacional.

Alguns sinais de identidade reconhecíveis no melodrama


 O melodrama é um gênero em que se reconhece a América Latina – popular e culta.
 É o modo de expressão mais aberto à forma de viver e sentir de nossa gente.
 Continua a constituir um terreno rico para o estudo da não-contemporaneidade e das mestiçagens de
que estamos feitos.
 No melodrama, tudo está misturado: estruturas sociais com as do sentimento, muito do que somos e
do que sonhamos ser. No terreno das telenovelas, do tango, do cinema ou da reportagem policial, o
melodrama explora o imaginário coletivo, em que se faz visível a matriz cultural que alimenta o
reconhecimento popular na cultura de massa.
 Estamos no reino da alienação, onde re-conhecer consiste em desconhecer.
 Está em jogo o drama do reconhecimento – o que move o enredo é o desconhecimento de uma
identidade e a luta contra as injustiças, as aparências, contra tudo o que se oculta e disfarça: a luta
por se fazer reconhecer.
 As transformações operadas pelo capitalismo no campo do trabalho e do ócio, a mercantilização do
tempo e das relações mais primárias, acabaram por abolir a sociabilidade do bairro, tornando-a
anacrônica. Esse anacronismo é o que dá sentido ao melodrama na América Latina: uma sociedade
negada, economicamente desvalorizada e politicamente desconhecida, mas culturalmente viva. O
tempo da narrativa permite que as classes populares se reconheçam nela.
 O que faz a força da indústria cultural e dá sentido às narrativas não se encontra apenas na
ideologia, mas na cultura e dinâmica da memória e do imaginário.
 O melodrama televisivo conserva forte ligação com a cultura dos contos e lendas, a literatura de
cordel brasileira. Há o predomínio da narrativa, do ‘contar a’, implicando na presença constante do
narrador e estabelecendo a continuidade dramática.
 Como literatura, o melodrama faz com que autor, leitor e personagens troquem de posição. Esse
intercâmbio é a confusão entre narrativa e vida, uma experiência literária que se mantém aberta a
reações, desejos e motivações do público. Nessa abertura e confusão se acha inserida a lógica
mercantil e por ela passam as estratégias do ideológico.
O popular que nos interpela a partir do massivo
 O massivo compreende o sistema educativo, as formas de representação e participação política,
práticas religiosas, modelos de consumo e uso de espaços.
 Pensar o popular a partir do massivo não significa alienação e manipulação, mas novas condições de
existência e luta – um novo modo de funcionamento da hegemonia.
 O circo, não tão massivo quanto o cinema e o futebol, possui, no entanto, estrutura de empresa em
sua organização: divisão de tarefas e pesquisas de mercado. A industrialização não roubou do circo
seu modo de conexão com o povo.
 O pesquisador Cantor Magnani assinala que o circo, hoje, constitui-se de uma capacidade de relação
direta com o espectador – como no futebol de bairro ou em festas de aniversário.
 A lógica do circo é aquela que rege a vida: é a conjunção entre o sério, o drama, o burlesco, o
cômico – que desloca e torna defasadas as dicotomias entre falso e verdadeiro, ilusório e real,
aproximando o circo da leitura ideológica.
 Em uma perspectiva similar a de Magnani, Jorge González pesquisa as feiras urbanas no México,
enquanto ‘frentes culturais’ – é o espaço onde as classes se encontram.
 A feira nasce no coração da cidade, ligada a tudo e a todos, convertendo toda a cidade em festa, e
vai se distanciando aos poucos do centro, especializando seu território até se instalar à parte. É a
celebração da identidade regional e diversão programada.

Citações
 “Enquanto na cultura culta a obra está, ao menos hoje, em contradição dialética com seu gênero,
na cultura de massa a regra estética é aquela da maior adequação ao gênero. [...] Para os
investigadores, é através da percepção do gênero que se alcança o sentido latente dos textos dos
“massmedia”.” (P. Fabri). (pág.300).

 “Realidade contraditória e desafiadora de uma sociedade de massa que, na lógica perversa de


um capitalismo selvagem, do velho cria o novo e do novo refaz o velho, fazendo coexistir e juntar-
se, de modo paradoxalmente natural, a sofisticação dos meios de comunicação de massa e
massas de sentimentos veiculados pela cultura mais tradicionalmente popular.” (Marlyse Meyer).
(pág.310).

3. Comentários
A investigação sobre os métodos empregados pelos meios na América Latina é feita sobre os
processos de constituição do massivo a partir das transformações nas culturas subalternas. A
comunicação se converte em espaço estratégico onde se podem pensar bloqueios e contradições que
dinamizam a sociedade, no caminho entre o subdesenvolvimento acelerado e a modernização
compulsiva. Martín-Barbero aponta a necessidade de se abordar os processos de comunicação de
massa em sua forma e esclarecer o movimento latino-americano das mediações promovidas pela sua
gente.

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