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ARTIGO E SPECIAL

SPEClAL A RTI CLE

Osteoartrite (Artrose): Tratamentoc*)


Coimbra IB, Pastor EH, Greve JMD , Puccinelli MLC, Fuller R, Cavalcanti FS, Maciel FMB, Honda E

DESCRiÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE

EVIDÊNCIAS EVIDÊNCIA

Foram utilizados os estudos disponíveis na literatura médi ca A: Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência.
presentes nas seguintes bases de dados, acessíveis através da B: Estudos experimentais e observacionais de menor consistência.
internet: O VID (EBM-Reviews, incluindo-se as bases de dados C: R elatos de casos (estudos não controlados).
da Cochrane) e o M edline, de 1966 até o presente, através do O: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em
Pubmed. Fo ram selecionados trabalhos de meta- análise e consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais.
estudos duplo-cegos randomizados, quando presentes. R elatos OBJETIVOS
ou série de casos foram utilizados quando publicados emjornais
Conciliar informações e condutas referentes ao tratamento da
de reco nh ec ida ido neidade. As opiniões dos especialistas
osteoartrite pelas três principais espec ialidades envolvidas ,
presentes foram utilizadas em relação a terapias não disponíveis
reumatologia, fisiatria e ortopedia . As condutas consensuais para
na literatura e qu e fossem consideradas pela unanimidade dos a maioria dos participantes foram então agrupadas e constam
presentes como importante para o manej o dos pacientes com nas recomendações deste documento.
osteoartrite. Envio prévio da bibliografia principal aos parti-
cipantes. R euniào para elaboração do documento . Colocação CONFLITO DE INTERESSE

do rascunho na internet por dez dias para mudanças. Elaboração O s autores Co imbra IB , Pu cinelli MLC, Cavalcanti FS e Maciel
final do doc umento. FMB , declararam vínculo com a Indústria Farmacê utica.

INTRODUÇÃO é vista como uma enfermidad e em qu e é possível m o dificar


o seu curso evolutivo, tanto em relaçã o ao tratam ento
A o steo artrite, doen ça articular degen erativa, artrose o u sintomático im ediato, quanto ao seu pro gn óstico . É uma
osteoartrose, como ainda é conhecida no nosso m eio , é a d as causas m ais freqüentes d e do r do sistem a músculo-
doen ça reumática m ais prevalente entre indivíduos com esquelético e de incapacidad e para o trabalho no Brasil e
m ais de 6 5 an os d e idade. E studos americanos apontam no mundo. É u m a afecção dolorosa das articulações qu e
qu e m ais d e 50 milhões d e p esso as apresentam h oj e esta o corre por insufi ciên cia da cartilagem, ocasionada po r u m
enfermidad e. N o Brasil, não existem dados precisos sobre desequilíbrio entre a form ação e a d estruição dos seus prin-
esta prevalência . O s conhecimentos adquiridos recente- cipais elem entos, associada a uma variedad e de condições
m ente no conhecimento da fisiopatogenia levaram a uma como: sobreca rga m ecâ ni ca, alterações b io quími cas d a
alteração no con ceito desta doen ça . Antes se acreditava cartilagem e m embran a sinovial e fa to res gen éticos. A deno-
tratar-se de u m a doença progressiva, d e evolução arrastad a, minação m ais aceita internacionalmente da doen ça é osteo-
sem perspectivas d e tratam ento , encarada por muitos como artrite. O termo artrose ainda é muito utilizado , co nhecido
natural d o processo d e envelhecimen to . H oj e, no entanto, e asso ciado ao s aspectos m ecânicos. É uma doença crô nica ,

• Trabalho rea li zado po r representan tes da Sociedade Brasi leira de Reumatologia. Elaboração fi nal: 29 de setembro de 2003.
O Pro jeto Diretrizes, in icia tiva conjunta da Assoc iação Médica Brasilei ra e Consel ho Federa l de Medic ina, tem por objetivo conciliar informações da área
médica a fim de pa droniza r condu tas que au xiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações cont ida s neste pro jeto devem ser submeti-
das à avaliação e à crít ica do méd ico, responsável pela cond uta a ser segu ida, frente à realida de e ao esta do clínico de cada paciente a ser seguida , frente à
realidade e ao estado clínico de cada paciente.

Endereço para correspondência: Secretaria editorial. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2.466, conj. 93, CEP OI 402 -000 , São Pau lo, SP, Brasil. E-ma il: sbre@t erracom.br

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Osteoartrite (Artrose): Tratamento

multifatorial, que leva a uma incapacidade funcional pro- resultado com o uso do ultra- som não foi melhor qu e
gressiva. O tratamento deve ser também multidisciplinar, placebo(101 (A) .
e buscar a melhora funcional, mecânica e clínica e, por
esta razão a realização deste consenso tornou-se necessária. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Profissionais que lidam com a enfermidade, das áreas de
reumatologia, fisia tria e ortopedia, reuniram-se para a sua O tratam.ento sempre deve ter uma abordagem multifa-
elaboração. torial, pois cada vez é mais claro que a prescrição medica-
mentosa isolada não é suficiente para o controle ideal da
doença .
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO

PROGRAMAS EDUCATlVOS( I )(D) ANALGÉSICOS E ANTIINFLAMATÓRIOS

• Esclarecimento sobre a doença: salientar que a doença • Paracetamol em doses efetivas, isto é, até 4g/ dia, para
não é sinônimo de envelhecim ento e está relacionada com se obter analgesia, principalmente em pacientes com
a capacidade funcional, sendo que a intervenção terapêutica manifestação leve ou moderada, é indicado como medi-
trará considerável melhora de qualidade de vida. cação de primeira escolha, ressaltando-se contudo não
• Motivar e envolver o paciente no seu tratamento, pois utilizá-lo em pacientes com história de hepatopatias(11 1(0) .
o paciente é um agente ativo no seu programa de reabilitação. Segundo a experiência dos autores, a dipirona, em nosso
• A prática de atividades esportivas deve ser estimulada, meio disponível gratuitamente na rede básica de saúde,
porém, sob orientação de um profissional habilitado. pode ser usada com o mesmo obj etivo (O).
• Orientação para cuidados com relação ao uso de rampas • lnibidores específicos da COX-2(121(0) ou os antiinfla-
e escadas. matórios não seletivos, esses últimos associados a inibidor
• Orien tação com relação à ergonomia do trabalho de bomba de prótons ou famotidina(1 31(A) , podem ser
doméstico e/ou profissional. indicados nos casos que apresentam quadro inflamatório
evidente.
EXERCíCIOS TERAPÊUTICOS Em casos cujos fatores de risco estão presentes na tabela 1,
COM ORIENTAÇÃO (PRESCRiÇÃO devem ser utilizados os inibidores específicos da COX-2(A).
INDIVIDUALIZADA PELA FISIOTERAPIA) Opióides naturais o u sintéticos. Nos casos de má resposta
terapêutica aos medicamentos anteriores, ou ainda, quando
• Fortalecimento - ganho de massa muscular. O fortale-
houver contra-indicação ao uso de inibidores específicos
cimento do músculo quadríceps deve ser feito nas artrites
do joelho(2) (A) . da COX- 2 ou aos antiinflamatórios não seletivos, pode-se
• Aeróbios - Condicionamento fisico (21(A) . associar os opióides naturais ou sintéticos. Também em
• Alongamento - Flexibilidade, como parte da cinesio- casos de pacientes em uso de antiinflamatórios e que apre-
terapia(3I(A) . sentem reagudização da dor, os opióides como o tramadol
Órteses e equipamentos de auxílio à marcha também podem ser utilizados(151(A)
podem ser indicados quando há necessidade de melhorar,
auxiliar o u substituir uma função (41(0).
Estabilização mediaI da patela, através de goteiras elásticas, TABELA 1
é efetiva no tratamento da sintomatologia dolorosa da osteo- FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO USO DE ANTlINFLAMATÓRIOS
artrite remuro-patelar(51(A) . PARA EFEITOS ADVERSOS EM TRATO GASTROINTESTINAL ALTo'141(A)
Palmilhas anti-varo, associadas à estabilização de torno-
• Idade maior ou iguaL a 65 anos
zelo, são eficientes na melhora da dor e função na osteo-
artrite do compartimento mediaI do j oelho(61(A) . • Outras co ndições médicas
Agentes fisicos - termoterapia(7) (O), eletroterapia anal- • GLicocorticóides orais
gésica(81(A) e o TENS(91(0) são meios coadjuvantes efetivos • História de úLcera péptica
no tratamento sintomático da dor, embora as revisões siste-
• História de sangramento gastrointestinaL
máticas apontem a necessidade de novos estudos com meto-
• AnticoaguLantes
dologia adequada. Em um estudo de revisão sistemática, o
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Coimbra et aI.

AGENTES TÓPICOS TRATAMENTO CIRÚRGICO


• Capsaicina é um bom agente terapêutico para sinto-
matologia dolorosa(16)(A), po rém , os efeitos colaterais decor- O s pacientes com osteoartrite grau II e 11 1 com comprome-
timento progressivo da independência das atividades de
rentes do uso tópico, como a irritabilidade ocular o u epidér-
vida diária e falha do tra tam ento conservador devem ser
mica, limitam seu uso.
referidos para o ortopedista qu e fa rá a indicação do trata-
• Antiinflanu tório não-hormonal tópico, como cetopro-
feno, ibuprofeno, felbin aco e piroxicam , tem um efeito m ento cirúrgico. As cirurgias indi cadas são: desbridam ento
significativo no tratam ento sinto mático da dor aguda o u artroscópi co, osteo tornias e artroplastias .
crônica(1 7) (A) .
OS T EOTOMIA S
É importante se ressaltar o papel das osteotomias , po is são
DROGAS SINTOMÁ TICAS DE AÇÃO DURADOURA
procedimentos qu e devem ser feitos precocemente em
São consideradas drogas de ação duradoura aquelas qu e p acientes selec io nados (2 1)(A). São feitos d o is tip os de
têm ação prolo ngada na melho ra da dor e cuj o efeito tera-
osteoto mias:
pêutico persiste m esm o após a sua suspensão . Estas drogas
• Profilática - indicada precocem ente em pacientes sinto-
vêm se firmando na literatura como boas no tratam ento máticos e ainda sem alterações radiográficas para a correção
sintom ático da osteoartrite. As drogas dispo níveis no m er- dos desvios de eixos arti culares.
cado brasileiro são : sulfato de glucosamina, diacereína e • T erapêutica - indicada em casos sinto máticos e com
extratos não saponificáveis de soj a e abacate. alterações radiográficas. É feita para modificar o eixo de
• Sulfato de glucosamina para o tratam ento sintom ático alinham ento do m embro afetado e deslocar a carga para
da osteoartrite de j oelhos é usado na dose de 1,5 g/ dia(18)(A).
outra região da superficie articular.
• A cloroquina vem sendo utilizada em vários serviços
brasileiros, com base na experiência pessoal dos especialistas, DESBRIDA MENTO A RTROSCÓPI CO
m ostrando bons resultados. A indicação inicial fo i para N a experiência dos autores, são indicações precisas para
osteoartrite erosiva de mão e, posteriormente, passo u a ser correção das lesões parciais de m eniscos, labrum e retirada
usada em o utras formas da doença. Por tratar-se de droga de corpos livres intra- articulares da m esm a forma qu e para
com efeitos colaterais e qu e requ er acompanham ento as osteoartroses de qu adril'22) (C).
profilático para evitá-los, deverá apenas ser m anuseada por
profissionais treinados. ARTROPLASTlAS
N a experiência dos autores, as artroplastias totais prom ovem
TERAPIA INTRA-ARTICULAR acentuada redução na dor e melhora fun cional na maioria
• A infiltração intra-articular com triancinolona hexace- de casos selecionados da doença.
tonida também pode apresentar controle da dor e da infla-
mação em casos com quadro inflam atório evidente(19) (A). ARTRODESES
• U so intra- articular do ácido hialurônico está indicado Indicada principalmente na do r e incapacidade fun cio nal
para o tratamento da osteoartrite do joelho grau 11 e lU nas persistentes da osteoartrite de to rnozelos e qu e não tenha
fases aguda e crô nica(20l (D). m elho rado com tratam ento conservador(23)(D).

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RE F ER Ê NCI A S
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Osteoa rtrite (Art ro sel : Tra tamento

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