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DIREITOS FUNDAMENTAIS DECORRENTES


Conceitos jurídicos

FAMULATO DIREITO À
CIDADE
ATO JURÍDICO
TRANSPARENTE

SUPER
PRINCÍPIO DA
INTERPRETAÇÃO CONSTITUIÇÃO
ZETÉTICA FEDERAL

CONCEITOS JURÍDICOS, ABORDADOS NOS


CONCURSOS PÚBLICOS.

FATO DOA
ADMINISTRAÇÃO
FATO DO
PRINCÍPE

TÓPICA COMO
TÉCNICA
INTERPRETATIVA

ANOMIA

TEORIA
IMANENTISTA
DA AÇÃO

ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO
E PLENÁRIO
ENRIQUECIMENTO VIRTUAL
SEM CAUSA

VOLUME IV

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Conceitos jurídicos

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PERÍODO SUSPEITO - TERMO LEGAL
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Assunto abordado dentro do Direito Comercial com o advento da Lei
11.101/05, a Lei de Falências. Alguns autores, como Carvalho Mendonça,
afirmam que o período suspeito é sinônimo de termo legal da falência.
Porém, outros preferem afirmar que é suspeito todo o lapso, diferente do
termo legal, em quem o estado falimentar já se pronunciava.

Já o termo legal é aquele fixado pelo juiz na sentença declaratória de


falência, ou em decisão interlocutória, e sua utilidade é definir a ineficácia
de alguns atos praticados pela falida. (COELHO, Fábio Ulhôa.
Comentários à nova Lei de Falências e de recuperação de empresas. 4ed.
Saraiva: 2007. p.129)

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PERCEPTUM IURIS E SANCTIO IURIS NO DIREITO PENAL
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Por mais estranhas que tais expressões possam parecer, é certo que estão no
dia-a-dia dos operadores do Direito, principalmente na vida daqueles que se
dedicam ao Direito Penal.

O tema se relaciona diretamente com a estrutura do tipo penal. Perceptum


iuris é sinônimo de preceito primário, que nada mais é que a descrição
detalhada da conduta que se pretende proibir ou impor com determinada
norma.

Partindo dessa premissa, o sanctio iuris se revela como sinônimo de


preceito secundário, ao qual cabe a tarefa de cominar a pena em abstrato.

Exemplificando: Tipo penal do homicídio simples

Art. 121 - Matar alguém: - preceito primário ou perceptum iuris

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos - preceito secundário ou


sanctio iuris

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OPERAÇÕES DE CRÉDITO NO DIREITO FINANCEIRO
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Segundo o art. 29, III, c/c §1º desse mesmo artigo, todos da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LC 101/00), operação de crédito é todo

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compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito,


emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento
antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços,
arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o
uso de derivativos financeiros, bem como a assunção, o reconhecimento ou
a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do
cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16

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ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL QUANTO À APLICAÇÃO DA LEI
ESTRANGEIRA
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Dispõe o artigo 16 da Lei de Introdução ao Código Civil que: "Quando, nos
termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-
se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por
ela feita a outra lei". A regra prevista neste dispositivo legal é perfeitamente
aplicável, ainda que a parte interessada colacione os textos legais
alienígenas. Entretanto, deve-se ter o cuidado no que toca à interpretação
atual que o Supremo Tribunal Federal vem dando a esta norma. Senão,
vejamos: A leitura do artigo 16, LICC revela haver o direito positivo
brasileiro repelido a teoria da devolução, eis que manda aplicar a
disposição específica da lei estrangeira (direito sucessório, de família,
obrigacional etc.). No entanto, a jurisprudência brasileira, inclusive do
Supremo, há muito tempo admite a devolução. No projeto de lei geral do
prof. Valadão, que revoga a LICC, substituindo-a, admite-se,
expressamente, a teoria da devolução. Em suma: o direito positivo repele a
teoria devolução, mas as manifestações pretorianas admitem-na, havendo
projeto de lei em plena tramitação no Congresso consagrando a devolução.
Nesse sentido Silvio Capanema

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ATO JURÍDICO TRANSPARENTE
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Trata-se de denominação dada por Pontes de Miranda à sentença
homologatória. Segundo o autor, é "transparente" porque nada acrescenta
ao ato homologado, limitando-se a atestar a conformidade formal desde ato
com os ditames do Direito. Dessa forma, como mera certificação formal,
sem qualquer avaliação do conteúdo do ato jurídico homologado, é certo
que essa sentença propriamente não julga nada.

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CONTRATO DE TRABALHO DE EQUIPE
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Contrato de trabalho de equipe é aquele firmado entre a empresa e um


conjunto de empregados, representados por um chefe, de modo que o
empregador não tem sobre os trabalhadores do grupo os mesmos direitos
que teria sobre cada indivíduo (no caso de contrato individual),
diminuindo, assim, a responsabilidade da empresa. É forma contratual não
prevista expressamente na legislação trabalhista brasileira, mas aceita pela
doutrina e pela jurisprudência.

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PROVA ILEGÍTIMA
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Prova ilegítima é aquela que viola regra de direito processual no momento
de sua obtenção em juízo (ou seja: no momento em que é produzida no
processo). Exemplo: oitiva de pessoas que não podem depor, como é o caso
do advogado que não pode nada informar sobre o que soube no exercício
da sua profissão (art. 207, do CPP). Outro exemplo: interrogatório sem a
presença de advogado; colheita de um depoimento sem advogado etc. A
prova ilegíma, como se vê, é sempre intraprocessual (ou endoprocessual).

O fato de uma prova violar uma regra de direito processual, portanto, nem
sempre conduz ao reconhecimento de uma prova ilegítima. Por exemplo:
busca e apreensão domiciliar determinada por autoridade policial (isso está
vedado pela CF, art. 5º, X, que nesse caso exige ordem judicial assim como
pelo CPP - art. 240 e ss.). Como se trata de uma prova obtida fora do
processo, cuida-se de prova ilícita, ainda que viole concomitantemente duas
regras: uma material (constitucional) e outra processual.

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MÍNIMO EXISTENCIAL EM RELAÇÃO À RESERVA DO POSSÍVEL
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No campo dos direitos fundamentais, o mínimo existencial é o
agrupamento de bens e utilidades imprescindíveis à existência humana
digna. Há discordância no que tange ao núcleo de direitos abrangidos pelo
mínimo existencial. Para Luis Roberto Barroso, o mínimo existencial se
configura num tripé: saúde, educação e moradia (direitos garantidos na
Constituição Federal). Todavia, há outra visão de Ricardo Lobo, a qual
perfilha a variação do conteúdo do mínimo existencial de acordo com cada
sociedade, com enfoque nas peculiaridades, necessidades ou anseios do
contexto histórico da época.

O mínimo existencial encontra-se no âmbito do princípio da máxima


efetividade do núcleo reduzido de direitos sociais escolhidos, logo, não é
viável serem preteridos pela reserva do possível. Por este motivo, é

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plausível assegurar uma meta prioritária na elaboração do orçamento


público, isso porque deve ser finalidade do Poder Público não se eximir das
obrigações estipuladas, implementando políticas públicas como estratégia
de garantir a execução do mínimo existencial.

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PRINCÍPIO DA CONTAMINAÇÃO DA PROVA SUBSEQÜENTE
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Quanto à prova ilícita por derivação o fundamento legal anterior ao novo §
1º do art. 157 do CPP que permitia a declaração da sua nulidade residia no
art. 573, § 1º, do CPP ("A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará
a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência").

Deste dispositivo legal se extrai o chamado princípio da contaminação, ou


seja, um ato nulo acaba contaminando outro ato, que dele dependa
diretamente ou que lhe seja conseqüência. Se da confissão obtida por
tortura encontra-se a res furtiva em razão do que foi confessado, essa
segunda prova também é ilícita (por derivação) (cf. FERNANDES,
Antonio Scarance, Processo penal constitucional, 3. ed., São Paulo: RT,
2202, p. 90).

A segunda prova acaba sendo contaminada. Aliás, essa contaminação


possui vasos comunicantes: a prova ilícita (precedente) contamina a
derivada, que contamina o processo ou o ato isolado (uma sentença, v.g.),
que contamina o juiz (que dela tomou conhecimento). Essa é a lógica da
contaminação.

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FAMULATO
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É o crime de furto praticado por empregado.

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LITISCONSÓRCIO RECUSÁVEL
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Fala-se em litisconsórcio quando há pluralidade de sujeitos no mesmo pólo
na relação processual.

O tema em análise está inserido na classificação do litisconsórcio que, num


primeiro momento, pode ser facultativo ou necessário.

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Fala-se em litisconsórcio facultativo quando a sua formação é voluntária,


ou seja, depende única e exclusivamente da vontade das partes. Por outro
lado, quando a sua constituição é obrigatória, o que se verifica é o chamado
litisconsórcio necessário, também conhecido como litisconsórcio de
formação obrigatória, posto que se trata de imposição da própria lei.

Nessa linha de raciocínio, se o litisconsórcio é necessário, é, também,


indispensável ou irrecusável. Assim, somente o litisconsórcio facultativo
pode ser considerado recusável, a depender do caso concreto.

O litisconsórcio necessário é sempre irrecusável. Já o facultativo se divide


em recusável e irrecusável.

Para a doutrina clássica e, em consonância com o Código de Processo Civil


de 1939, o litisconsórcio facultativo será irrecusável quando, requerido pelo
autor, não puder ser recusado pelo réu. E, será recusado quando esse puder
opor-se ao pedido formulado pelo autor.

E no Brasil existe litisconsórcio recusável?

SIM! Nos moldes estabelecidos no parágrafo único do artigo 46 do CPC


("juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de
litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar
a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para a resposta, que
recomeça da intimação da decisão").

Do que se vê, a legislação processual civil hoje vigente não segue o padrão
de 1939, isto é, atualmente apenas o juiz tem poderes para limitar o número
de litisconsortes facultativo, não cabendo ao réu recusá-lo.

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PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO À CONTA CORRENTE
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De acordo com esse princípio, o réu não pode ter um crédito carcerário a
seu favor.

Não há, no Brasil, esse crédito prisional que possa ser usado para um crime
posterior.

Esse princípio veda o "bis in idem", ou seja, a dupla persecução penal pelo
mesmo fato delituoso.

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Podemos citar como exemplo o caso do filme americano Risco Duplo


(Double Jeopardy), onde a personagem principal pratica um homicídio,
porém, fica impune, em razão de ter sido condenada, erroneamente, por
esse mesmo homicídio.

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HÁ ENTENDIMENTO EXPRESSO QUANTO AO DIREITO AO SILÊNCIO
NAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO
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Sim, pois nesse sentido é a jurisprudência do STF, segundo a qual a
condição de indiciado ou testemunha não afasta a garantia constitucional
do direito ao silêncio, não configurando o crime de falso testemunho
quando a pessoa, depondo numa CPI, ainda que compromissada, deixa de
revelar fatos que possam incriminá-la.

Diversas liminares em sede de habeas corpus, inclusive, têm sido


concedidas pelo STF, a fim de que os convocados prestem depoimentos
perante CPI sem prestar compromisso, ficando-lhes assegurado o direito de
se calarem sempre que a resposta à pergunta, a critério dos próprios
pacientes ou de seus advogados, possa atingir a garantia constitucional de
não auto-incriminação (HC 84.246, Rel. Min. Ellen Gracie), sendo também
reconhecido o direito do convocado de comparecer na qualidade de
investigado, e não de testemunha (HC 84214).

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INTERPRETAÇÃO ZETÉTICA
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Iniciamos pelo significado da expressão zetética, que vem de zetein, e, é o
mesmo que perquirir, investigar. Trata-se de método destinado a descobrir
a razão e a natureza das coisas.

Na técnica zetética de hermenêutica há a predominância da função


informativa da linguagem. Trata-se, pois, de técnica interpretativa que
abrange outras áreas relacionadas ao Direito, como a filosofia e a
sociologia.

Há de se notar que a zetética tem como ponto de partida uma evidência e,


não apenas, premissas dogmáticas. Assim, o aspecto acentuado é o do
questionamento, posto que todos os princípios e preceitos básicos são
colocados em dúvida.

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A interpretação zetética tem como objetivo descobrir o sentido finalístico


da norma jurídica, possibilitando ao intérprete conhecer o exato significado
das normas.

De tal modo, nas diversas disciplinas que envolvem a zetética jurídica, o


estudo é feito sem compromissos com dogmas, pautando-se apenas em
enunciados que possam ser investigados.

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DIREITO À CIDADE
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Na tentativa de concretizar um dos mais importantes princípios - dignidade
da pessoa humana - surgiu pelo mundo a idéia de "direito à cidade". Mas, o
que seria?

Em poucas palavras, trata-se do direito de viver com dignidade em todas as


cidades. Não há dúvidas que a maior parte da população mundial se
concentra, atualmente, nas cidades, e, que estas não oferecem condições
equânimes aos todos os seus habitantes. É neste contexto que o direito à
cidade deve ser analisado.

Trata-se de direito conferido coletivamente aos habitantes das cidades,


principalmente àqueles pertencentes a grupos mais vulneráveis e
desprovidos de recursos, de usufruírem de um padrão de vida adequado.

Neste sentido, a Carta Mundial do direito à cidade (Fórum Social das


Américas -Quito -Julho 2004 e Fórum Mundial Urbano -Barcelona -
Setembro 2004) traz em seu bojo compromissos e medidas a serem
assumidos por toda sociedade civil, pelo governo, seja da esfera local,
regional ou nacional, e, por fim, por organismos internacionais que
possibilitam que todas as pessoas vivam com dignidade nas cidades.

Para os estudiosos do tema, o direito à cidade pode ser definido como "o
usufruto eqüitativo das cidades dentro dos princípios da sustentabilidade e
da justiça". É o que se extrai do artigo 1º da Carta Mundial, que dispõe:
"todas as pessoas devem ter o direito a uma cidade sem discriminação de
gênero, idade, raça, etnia e orientação política e religiosa, preservando a
memória e a identidade cultural em conformidade com os princípios e
normas que se estabelecem nesta carta".

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DOAÇÃO INOFICIOSA
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A doação está definida no artigo 538 do Código Civil:

Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por


liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
É a doação é o contrato pelo qual uma pessoa, por sua vontade e à custa do
seu patrimônio, dispõe gratuitamente de uma coisa ou de um direito em
benefício do outro contraente.

O instituto da doação inoficiosa é espécie de doação nula, conforme artigo


549 do Código Civil:

Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o
doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.

De acordo com o artigo 1.789, do CC, o doador não poderá dispor de mais
da metade dos seus bens:

Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da


metade da herança.

A leitura dos dois artigos supracitados permite a conclusão de que a doação


inoficiosa é aquela que excede cinqüenta por cento do patrimônio do
doador que possui herdeiros necessários.

Nesse diapasão, utilizemo-nos dos ensinamentos de Arnaldo Rizzardo


(RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 2ª edição. Rio de Janeiro: Forense,
2001, p. 340):

"Se o testador possuir herdeiros necessários -descendentes ou ascendentes -


, não poderá dispor, em testamento, de mais de metade da herança, ou seja,
da chamada porção ou quota disponível. Em se tratando de doação,
autoriza-se a liberalidade numa porção que vai até o limite da quota
disponível, calculada entre o montante dos bens à época existentes. À essa
doação que excede a meação disponível se dá o nome de inoficiosa, sendo
absolutamente nula."

Sílvio de Salvo Venosa (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito


das sucessões. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 2003, p. 119) dispõe no mesmo
sentido:

"O art. 549 comina com nulidade a doação cuja parte exceder a que o
doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. Trata-
se da doação inoficiosa. Questão importante é calcular a metade disponível,

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ou seja, o montante que pode ser doado em cada oportunidade. A regra a


ser seguida é, portanto, avaliar o patrimônio do doador, quando do ato. Se o
montante doado não atinge a metade do patrimônio, não haverá nulidade."

Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery sobre esse tema
discorrem que "a doação a descendente, naquilo que ultrapassa a parte de
que poderia o doador dispor em testamento, no momento da liberalidade, é
de ser qualificada como inoficiosa e, portanto, nula" (NERY JUNIOR,
Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código civil anotado e legislação
extravagante. 2ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 379).

Cabe transcrever ementa de um julgado datado de 2002, apesar de fazer


menção ao Código Civil de 1916, cuja redação, nos artigos mencionados,
não foi alterada na sua essência:

ANULAÇÃO DE ESCRITURA PUBLICA DE CESSÃO DE DIREITOS


HEREDITÁRIOS E MEAÇÃO. INOCORRÊNCIA DE VICIO DE
CONSENTIMENTO. OBSERVÂNCIA DA FORMA LEGAL. DOAÇÃO
INOFICIOSA. COLAÇÃO. 1. A escritura publica envolve negocio inter
vivos e, embora a referência a cessão dos direitos sobre os bens relativos ao
inventario da ex-esposa do cedente, feito a titulo gratuito, constitui
autentica doação, posto que o inventario ja estava encerrado e já tinham
sido expedidos os formais de partilha. 2. A mãe da autora somente poderia
dispor, em liberdade, da metade dos seus bens, sendo inoficiosa a doação
na parte que extrapolou a metade disponível. Inteligência dos arts 1721 e
1176 do CC. 3. Como o negocio jurídico constante na escritura publica não
contem vicio de consentimento, nem outra causa que o invalide, o objeto da
liberalidade fica restringido a metade, sendo nulificada a parte inoficiosa. 4.
Se o pai da autora cedeu seus bens aos filhos do primeiro leito, sem
dispensa de colação, nenhum prejuízo causou a autora, não tendo ela
interesse jurídico na desconstituição do negocio, pois houve, então, mero
adiantamento dos quinhões legitimários. Inteligência do art-1171 do CC.
Com isso, os filhos donatários estão obrigados a trazer a colação todos os
bens recebidos pelo genitor já que a colação tem por fim igualar as
legitimas dos herdeiros, tudo sob pena de sonegados. Inteligência dos arts.
1785 e 1780 do CC. Recurso provido em parte. (18 fls.) (Apelação Cível Nº
70003929460, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Sérgio Fernando De Vasconcellos Chaves, Julgado em 04/09/2002).

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QUAL A DIFERENÇA ENTRE COMISSÃO MERCANTIL E MANDATO
MERCANTIL
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A comissão mercantil é a espécie de contrato ligada ao Direito Comercial.


Sua previsão legal pode ser extraída no artigo 693 do Código Civil, que
estabelece:

Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de


bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente.

É analisando a origem da expressão comissão, que melhor se entende as


características deste contrato mercantil. Comissão vem do latim committere
e, significa atribuir uma tarefa a alguém. Partindo desta premissa, percebe-
se que, no contrato de comissão mercantil, o comitente transfere ao
comissário a incumbência de negociar e vender bem de sua propriedade a
terceiro.

Há de se notar que o comissário, de acordo com o artigo 694 do CC, age


em nome próprio, mas, por ordem do comitente, que lhe remunera por meio
de comissão.

Vejamos os artigos 695 e 701, in verbis:

Art. 695. O comissário é obrigado a agir de conformidade com as ordens e


instruções do comitente, devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a
tempo, proceder segundo os usos em casos semelhantes.

Parágrafo único. Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se deles


houver resultado vantagem para o comitente, e ainda no caso em que, não
admitindo demora a realização do negócio, o comissário agiu de acordo
com os usos.

Art. 701. Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela


arbitrada segundo os usos correntes no lugar.

Do que se vê, o comissário atua sempre nos interesses do comitente, mas,


todos os atos que pratica, são realizados em seu noma. É aqui que está a
principal diferença entre a comissão mercantil e o mandato mercantil, haja
vista que, nesse, o mandatário age em nome do mandante.

Em consonância com a doutrina, seguindo a linguagem do Código Civil de


1916, a comissão mercantil poderia ser compreendida como espécie de
mandato, mas sem representação, ao passo que o mandato mercantil
implica, necessariamente, na representação do mandante pelo mandatário.

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TRATAMENTO DESUMANO - TRATAMENTO DEGRADANTE
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Historicamente, apenas na jurisprudência européia houve a preocupação em
conceituar os termos "tortura", "tratamento desumano" e "tratamento
degradante". E, a Corte Européia de Direitos Humanos (CEDH) foi o
primeiro órgão a definir o crime de tortura, distinguindo-o de "tratamento
cruel", "desumano" ou "degradante" ao analisar o "Caso Grego" (Greek
Case - foi o primeiro caso examinado pelo Conselho Europeu e pela
Comissão Européia de Direitos Humanos, no qual houve violação
sistemática e disseminada aos direitos humanos, por regime ditatorial
instalado).

Nesse caso, a CEDH definiu tortura como um tipo agravado de tratamento


desumano, atribuído a alguém com finalidade específica (ex: conseguir
uma confissão). Veja a definição da Convenção das Nações Unidas contra
a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos e
Degradantes:

Art. 1º. O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a
uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou
confissões; de castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido;
de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer
motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores
ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa
no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com seu
consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores
ou sofrimentos que sejam conseqüência unicamente de sanções legítimas,
ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.

O "tratamento degradant'e, por sua vez, ocorre quando há humilhação de


alguém perante si mesmo e perante os outros, ou leva a pessoa a agir contra
sua vontade ou consciência.

Já o "tratamento desumano" é o tratamento degradante que provoca grande


sofrimento mental ou físico e que na situação específica é injustificável,
impondo esforços que vão além dos limites razoáveis (humanos) exigíveis.
Assim, o tratamento desumano, engloba o degradante.

Não há, contudo,definição legal de tratamento cruel. A Corte Européia é o


órgão que, em regra, em análise dos casos concretos, o define. Pelo prisma
jurídico, trata-se de conceito vago e impreciso. Assim, nos valeremos da

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definição de Galvão para "tratamento cruel", já que não foi elaborada pela
Convenção: são cruéis os tratamentos que "intensificam o sofrimento da
vítima desnecessariamente, revelando no agente uma brutalidade além do
normal" (GALVÃO, Fernando. Aplicação da Pena. Belo Horizonte: Del
Rey. 1995. Cap. 8: Circunstâncias Legais Agravantes, p.173).

Logo, cabe salientar que, na visão da CEDH, a preocupação está em definir


o "tratamento desumano".Aquilo que extrapola é considerado "tortura", e o
que carece (tem menor grau) é tido como "degradante". Deve-se observar
que o conceito é viajante, ou seja, que pode sofrer mutações de acordo com
a evolução histórica, vez que a Convenção Européia é tida como
"instrumento vivo" a ser interpretado à luz do contexto (VIEIRA, Adriana
Dias. Significado de Penas e Tratamentos Desumanos Análise Histórico-
Jurisprudencial Comparativa em Três Sistemas Jurídicos: Brasil, Europa e
Estados Unidos.

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CRIME PRETERDOLOSO, PRETERINTENCIONAL E QUALIFICADO PELO
RESULTADO SÃO A MESMA COISA
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A doutrina é pacífica em tratar crime preterdoloso e preterintencional como
expressões sinônimas. A questão está em relacioná-los com os crimes
qualificados pelo resultado.

Comecemos por esses últimos. O crime qualificado pelo resultado é aquele


em que o legislador, após descrever uma conduta típica, com todos os seus
elementos, acrescenta-lhe um resultado cuja ocorrência acarreta o
agravamento da sanção penal.

Em análise deste conceito, os estudiosos do tema salientam que todo crime


preterdoloso é espécie de crime qualificado pelo resultado, mas, que nem
todo crime qualificado é um crime preterdoloso.

Vejamos. São quatro as espécies de crime qualificado pelo resultado:

a) dolo no antecedente e no conseqüente;

b) culpa no antecedente e no conseqüente;

c) culpa no antecedente e dolo no conseqüente;

d) dolo no antecedente e culpa no conseqüente. É aqui que se encaixa o


conceito de crime preterdoloso ou preterintencional.

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Nessa esteira, fala-se em nesta modalidade de crime quando o agente, ao


realizar a conduta criminosa, produz mais do que pretende, ou seja, tem a
intenção de praticar a conduta antecedente, mas acaba alcançando um
resultado mais grave que o pretendido.

Concluindo: para a doutrina, crime preterdoloso ou preterintencional


podem ser considerados expressões sinônimas, entendimento esse que não
se aplica aos crimes qualificados pelo resultado, que, a depender do caso
em concreto, é gênero do qual aqueles são espécies.

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CONTRATO ALEATÓRIO E DE VENDA DE COISA FUTURA
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De plano, o conceito de contrato aleatório. Álea significa sorte. Contrato
aleatório é aquele em que a prestação pode deixar de existir em razão da
ocorrência de acontecimento futuro e incerto. Em outras palavras, é o
contrato em que a prestação depende de um evento causal.

O instituto encontra regramento no Código Civil, a partir do artigo 458. De


acordo com a doutrina, a essência desta espécie de contrato está na
incerteza acerca das vantagens e desvantagens que ele poderá trazer aos
contratantes, ou porque a existência, a quantidade ou a extensão da
pretensão está na pendência de fato futuro e incerto, o que pode resultar em
prejuízo para uma das partes.

Por outro lado, na venda de coisa futura, o que se verifica é que, diante da
inexistência dessa, o contrato fica automaticamente sem efeito, salvo uma
única hipótese: quando as partes evidenciarem a vontade de celebrar um
contrato aleatório. É o que se extrai do artigo 483 do CC:

Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste
caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a
intenção das partes era de concluir contrato aleatório.

Pela ressalva feita no dispositivo supracitado, verifica-se que contrato de


compra e venda de coisa futura e contrato aleatório não se confundem. No
primeiro, não há incerteza quanto à existência do bem contratado, tanto que
diante de sua inexistência, o contrato restará sem efeito. Já no contrato
aleatório, a incerteza se revela como sua principal característica.

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SOCIEDADE DE FATO E SOCIEDADE IRREGULAR
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Atualmente, depois da entrada em vigor do Código Civil de 2002, a
sociedade de fato e a sociedade irregular são consideradas espécies do
gênero sociedades em comum, reguladas nos artigos 986 a 990 do referido
diploma legal.

Nada obstante sejam tratadas, na maioria das vezes, como expressões


sinônimas, são conceitos que não se confundem.

Nunca é demais lembrar que a sociedade se constitui somente depois da


inscrição (registro) do ato constitutivo (contrato social ou estatuto social)
no órgão competente.

Partindo dessa premissa, e, em poucas palavras, deve-se compreender que


sociedade de fato é aquela que não possui ato constitutivo, ao passo que, a
sociedade irregular se evidencia por possuir ato constitutivo, mas não
levado a registro.

Nos ensinamentos de Fábio Ulhoa Coelho, tais sociedades se distinguem,


também, pelo cabimento ou não de ação entre os sócios para a declaração
da existência do vínculo societário.

Da simples leitura do artigo 987, do Código Civil, verifica-se que aquele


que integra uma sociedade de fato não pode valer-se de tal ação, mas,
aquele que compõe sociedade irregular pode.

Estas são as principais diferenças entre essas espécies de sociedade

------------------------------------------------------------------------
DELITO DE TRANSCENDÊNCIA INTERNA
------------------------------------------------------------------------
Inicialmente, cumpre informar a diferença existente entre finalidade da
ação (para isso) com o motivo de agir (por isso). O motivo é o que leva o
agente a operar, impulsionando a atuação (ciúme, ódio etc). Já a "finalidade
reitora" da conduta típica que transcende o tipo objetivo constitui o
elemento subjetivo do tipo.

Nessa esteira, os delitos de transcendência interna são também


denominados delitos de intenção, e ocorrem quando o autor procura um
"resultado compreendido no tipo (intenção de praticar certos atos
posteriores), mas que não precisa necessariamente alcançar". Está inserida

14 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

no tipo de injusto uma finalidade transcendente: "um especial fim de agir".


(PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro, vol.1: parte geral,
arts. 1º a 120/ Luiz Régis Prado. -7 ed. Ver. Atual. Ampl. -São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2007)

Nestes tipos, o agente quer e persegue um resultado que não precisa ser
obtido para a consumação do crime, ou seja, o crime está consumado e o
resultado desejado e perseguido é mero exaurimento.

Régis Prado cita alguns exemplos com a finalidade de ilustrar a explicação:


"para si ou para outrem" (art.155, CP), "com o fim de obter" (art.159, CP),
"em proveito próprio" (art.180, CP).

------------------------------------------------------------------------
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA
------------------------------------------------------------------------
O tema deve ser analisado no contexto da responsabilidade tributária por
substituição, que, no ordenamento jurídico brasileiro, se divide em
regressiva e a progressiva.

Tal mecanismo encontra previsão na própria Constituição Federal, em seu


artigo 150, § 7º, segundo o qual "a lei poderá atribuir a sujeito passivo de
obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto
ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada
a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o
fato gerador presumido".

Partindo desta premissa, a substituição tributária progressiva, também


conhecida como substituição "por antecipação" ou "para frente", deve ser
compreendida como um regime de tributação que se caracteriza pela
especificação, por lei, da pessoa considerada responsável pelo pagamento
do imposto de terceiros, que se encontram na continuação da cadeia
econômica, cujos fatos geradores devam ocorrer posteriormente. Um
exemplo clássico desta espécie de substituição tributária é o ICMS.

Note-se que o fato gerador que cria a obrigação tributária para o


responsável tributário ainda não ocorreu, motivo pelo qual a doutrina fala
em fato gerador presumido. De tal forma, verifica-se a antecipação do
pagamento do crédito tributário, que só será devido nas operações
posteriores.

A principal finalidade deste instituto é facilitar o controle na arrecadação de


determinados tributos, de forma a evitar a sonegação e evasão fiscal. Em

15 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

contrapartida, seu maior problema está exatamente em considerar um fato


gerador que ainda não se concretizou.

Em sentido oposto está a substituição tributária regressiva, ou substituição


"para trás", na qual ocorre a postergação do pagamento do tributo para uma
etapa seguinte a ocorrência do fato gerador. A hipótese de incidência já
ocorreu, e, o vínculo obrigacional já está formado, mas, a extinção do
crédito tributário apenas ocorrerá na operação subseqüente. Aqui, o
substituto é terceira pessoa vinculada ao fato gerador anteriormente
ocorrido.

Assim, na substituição tributária progressiva ocorre a antecipação do


pagamento do crédito tributário só devido nas operações subseqüentes, e,
como o fato gerador ainda não ocorreu, o crédito tributário será pago na
operação anterior pelo responsável tributário.

------------------------------------------------------------------------
APELAÇÃO PRINCIPAL E APELAÇÃO SUBSIDIÁRIA
------------------------------------------------------------------------
Trata-se de instituto previsto no artigo 598 do CPP, que dispõe: "nos
crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da
sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal,
o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no Art. 31, ainda que não
se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá,
porém, efeito suspensivo".

Para melhor entender, podemos fazer um paralelo deste instrumento com a


ação penal privada subsidiária da pública, que somente tem cabimento
diante da inércia do parquet no oferecimento da denúncia, nos crimes de
ação penal pública, nos termos do artigo 29 do CPP ("será admitida ação
privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal").

Assim, ao se considerar tal situação, a apelação pode ser dividida em


principal e subsidiária (supletiva). Fala-se em apelação principal quando
interposta pelo Ministério Público, na posição de titular da ação penal, e,
em apelação subsidiária (supletiva) quando o recurso é apresentado pelo
próprio ofendido ou assistente de acusação, ou, ainda, por uma das pessoas
indicadas no artigo 31 CPP ("no caso de morte do ofendido ou quando
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou

16 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão")


tenham ou não atuados como assistente durante o processo.

Note-se que, em razão do seu caráter subsidiário, para que se abra espaço a
essa espécie de apelação, é indispensável que a inércia do MP reste
devidamente caracterizada. E, sendo assim, a parte interessada somente
poderá manuseá-la depois do esgotamento do prazo previsto para o MP, ou
seja, após transcorridos os 5 dias previstos no artigo 593 do mesmo
diploma.

Nos termos do artigo 598, parágrafo único do CPP, o prazo para a


interposição da apelação subsidiária é de "15 (quinze) dias e correrá do dia
em que terminar o do Ministério Público". Assim, depois dos 5 dias
reservados ao MP, a parte (ofendido, ou as pessoas do artigo 31) terá 15
dias para apelar subsidiariamente.

------------------------------------------------------------------------
APELAÇÃO PRINCIPAL - APELAÇÃO SUBSIDIÁRIA
------------------------------------------------------------------------
Trata-se de instituto previsto no artigo 598 do CPP, que dispõe: "nos
crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da
sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal,
o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no Art. 31, ainda que não
se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá,
porém, efeito suspensivo".

Para melhor entender, podemos fazer um paralelo deste instrumento com a


ação penal privada subsidiária da pública, que somente tem cabimento
diante da inércia do parquet no oferecimento da denúncia, nos crimes de
ação penal pública, nos termos do artigo 29 do CPP ("será admitida ação
privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal").

Assim, ao se considerar tal situação, a apelação pode ser dividida em


principal e subsidiária (supletiva). Fala-se em apelação principal quando
interposta pelo Ministério Público, na posição de titular da ação penal, e,
em apelação subsidiária (supletiva) quando o recurso é apresentado pelo
próprio ofendido ou assistente de acusação, ou, ainda, por uma das pessoas
indicadas no artigo 31 CPP ("no caso de morte do ofendido ou quando
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou

17 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão")


tenham ou não atuados como assistente durante o processo.

Note-se que, em razão do seu caráter subsidiário, para que se abra espaço a
essa espécie de apelação, é indispensável que a inércia do MP reste
devidamente caracterizada. E, sendo assim, a parte interessada somente
poderá manuseá-la depois do esgotamento do prazo previsto para o MP, ou
seja, apóes transcorridos os 5 dias previstos no artigo 593 do mesmo
diploma.

Nos termos do artigo 598, parágrafo único do CPP, o prazo para a


interposição da apelação subsidiária é de "15 (quinze) dias e correrá do dia
em que terminar o do Ministério Público". Assim, depois dos 5 dias
reservados ao MP, a parte (ofendido, ou as pessoas do artigo 31) terá 15
dias para apelar subsidiariamente.

------------------------------------------------------------------------
CLÁUSULA ABERTA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
------------------------------------------------------------------------

Fundamentais são os direitos garantidos pelo ordenamento jurídico


positivo, normalmente na Constituição e, por isso, são direitos e liberdades
jurídicas delimitados espacial e temporariamente no direito positivo
(GARCIA, Maria. apud EMERIQUE, Lilian Márcia Balmant, GOMES,
Alice Maria de Menezes; SÁ, Catharine Fonseca de. A abertura
constitucional a novos direitos fundamentais. Disponível em
http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/Revista08/Artigos/Lilian.pd
f. Acessado em 14/05/2008.)

Entretanto, essa acepção deve ser observada de uma óptica ampliativa, "sob
pena de não retratar corretamente o sentido e o alcance conferido pela
Constituição a esses Direitos". (EMERIQUE, Lilian Márcia
Balmant,GOMES, Alice Maria de Menezes; SÁ, Catharine Fonseca de. A
abertura constitucional a novos direitos fundamentais. Disponível em
http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/Revista08/Artigos/Lilian.pd
f. Acessado em 14/05/2008.)

A despeito de serem os positivados numa ordem constitucional, é


imprescindível observar que a Constituição não exclui outros direitos
"decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais" em que o Brasil seja signatário, é o que se verifica na norma
contida no art. 5°, §2° da CR/88:

18 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem


outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Assim, essa visão ampliativa dos direitos fundamentais permite "não


excluir do seu rol, direitos que deveriam compor a categoria de
fundamentais em face do seu conteúdo e relevância, possibilidade prevista
na Constituição através da cláusula de abertura" expressa em seu art. 5°,
§2°. (EMERIQUE, Lilian Márcia Balmant,GOMES, Alice Maria de
Menezes; SÁ, Catharine Fonseca de. A abertura constitucional a novos
direitos fundamentais. Disponível em
http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/Revista08/Artigos/Lilian.pd
f. Acessado em 14/05/2008.)

------------------------------------------------------------------------
SUPER PRINCÍPIO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
------------------------------------------------------------------------
De plano, cumpre-nos traçar o conceito de super princípio. Trata-se, de
acordo com os estudiosos do tema, da base criadora, desenvolvedora e
finalizadora de todos os demais princípios.

São valores que, no momento da interpretação de outros princípios e de


normas, prevalecem. Em outras palavras, ao buscar a interpretação de uma
norma, o intérprete deve fazê-lo à luz dos princípios, e, estes, devem ser
compreendidos à luz dos super princípios.

Há quem defenda que todos os valores consagrados no artigo 1º da


Constituição Federal de 1988, podem ser compreendidos super princípios.
No entanto, dentre eles, o que se refere à dignidade da pessoa humana é
considerado, pela doutrina majoritária, o maior super princípio da ordem
jurídica brasileira.

De certo, o princípio da dignidade da pessoa humana desfruta atualmente


de status superior aos outros. Apenas uma ressalva se impõe: não se fala
aqui na existência de hierarquia entre princípios, mas, tão somente, na
hipótese de colisão, da prevalência deste em relação a todos os outros.

19 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

Note-se que esse valor se revela como elemento fundante da ordem


constitucional brasileira. Nos dizeres de Flávia Piovesan, é a dignidade da
pessoa humana "super princípio constitucional", eis que, "(...) simboliza a
norma maior a orientar o constitucionalismo contemporâneo, dotando-lhe
especial racionalidade, unidade e sentido".

------------------------------------------------------------------------
MANEJO ECOLÓGICO
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A Constituição Federal reservou capítulo próprio para o meio ambiente,
cuja tutela é indispensável para assegurar a qualidade de vida e a própria
existência do ser humano:

CAPÍTULO VI DO MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o


manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento)

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e


fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético; (Regulamento) (Regulamento)

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
(Regulamento)

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade


potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
(Regulamento)

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,


métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de
vida e o meio ambiente; (Regulamento)

20 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a


conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que


coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o


meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o


Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados,


por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas
naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Manejo ecológico "é a intervenção humana sobre o meio ambiente e as


espécies animais e vegetais capaz de assegurar-lhes a sobrevivência e uma
utilização capaz de assegurar bem-estar à sociedade" (ANTUNES, Paulo de
Bessa. Direito Ambiental. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1998, p.
52).

"Dessa forma, como há o 'dever constitucional de proceder ao manejo


ecológico, fica o Poder Público obrigado a realizá-lo sempre que necessário
à preservação de espécies e ecossistemas ameaçados por alguma atividade.'
No entanto, se essa atividade for 'exercida por um particular, cumprirá ao
Poder Público exigir do interessado a realização - ou, ao menos, o custeio -
da atividade de manejo, permanecendo', no entanto, 'responsável por sua
efetivação, em virtude do dispositivo constitucional atribuir tal dever.'

21 | P á g i n a
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Conceitos jurídicos

(SAMPAIO, Francisco José Marques. Meio ambiente no Direito brasileiro


atual. Curitiba: Juruá, 1993, p. 41)" (SILVA, Luciana Caetano da. A tutela
da fauna na Constituição Federal de 1988. Disponível em . Acesso em
08/05/2008).

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ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA - EIMA/RIMA
------------------------------------------------------------------------
A Constituição da República de 1988 traz em seu bojo diversas disposições
sobre a proteção ao meio ambiente, bem como destina o capítulo VI, do
título VIII, denominado "Da Ordem Social", para tratar exclusivamente
sobre esse tema.

No que tange à regulamentação da política de desenvolvimento urbano


prevista nos artigos 182 e 183 da Lei Fundamental, em 10 de julho de 2001
foi criada a Lei n.° 10.257 (Estatuto da Cidade), com escopo de criar "um
sistema correlato à proteção do meio ambiente, acabando por formar um
direito urbano-ambiental." (Nomenclatura utilizada por Vanêsca Buzelato
Prestes que defende o Direito urbano ambiental como um sistema de
normas e institutos que tem em seu cerne a ordem urbanística, que se
identifica por institutos e características peculiares, conforme
fundamentado no texto constitucional. Vide: Plano diretor, estudo de
impacto ambiental (EIA) e estudo de impacto de vizinhança (EIV): um
diálogo. Revista de Direito Ambiental, ano 11, n. 42, p. 241-258, abr-jun
2006. apud WILLEMAM, Cyntia da Silva Almeida. Estudo de impacto de
vizinhança: um instrumento para efetivação do direito fundamental ao meio
ambiente equilibrado.
Disponível em http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/Revista10/Discente/CyntiaWilleman.pdf. Acesso em 14/05/2008)

O Estatuto da Cidade, enquanto instrumento de proteção ao meio ambiente


municipal, disciplinou o Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV nos
artigos 36 e 37, in verbis:

Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados


ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio
de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de
construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público
municipal.

Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e


negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da
população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no
mínimo, das seguintes questões:

22 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

I -adensamento populacional;

II -equipamentos urbanos e comunitários;

III -uso e ocupação do solo;

IV -valorização imobiliária;

V -geração de tráfego e demanda por transporte público;

VI -ventilação e iluminação;

VII -paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV,


que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder
Público municipal, por qualquer interessado.

"O Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) pode ser definido como


documento técnico a ser exigido, com base em lei municipal, para a
concessão de licenças e autorizações de construção, ampliação ou
funcionamento de empreendimentos ou atividades que possam afetar a
qualidade de vida da população residente na área ou nas proximidades. É
mais um dos instrumentos trazidos pelo Estatuto da Cidade que permitem a
tomada de medidas preventivas pelo ente estatal a fim de evitar o
desequilíbrio no crescimento urbano e garantir condições de mínimas de
ocupação dos espaços habitáveis." (Lucéia Martins Soares, In Dalari e
Ferraz, Adilson Abreu e Sérgio, Coord. Estatuto da Cidade. Comentários à
Lei Federal 10.257/2001, 1ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002 apud
HUMBERT, Georges Louis Hage. O estudo de impacto de vizinhança
como instrumento de proteção ao meio ambiente cultural. Jus Navigandi,
Teresina, ano 10, n. 927, 16 jan. 2006. Disponível em . Acesso em
14/05/2008)

Respondendo a segunda indagação, não há de se confundir a elaboração do


estudo de impacto de vizinhança - EIV com o estudo prévio de impacto ao
meio ambiente, conforme depreende-se do artigo 38 do supracitado
diploma legal:

Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de


estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da
legislação ambiental.

23 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

Ademais, no Estatuto da Cidade encontramos os instrumentos da política


urbana elencados no artigo 4° e, dispostos em posição paralela, estão o
estudo prévio de impacto ambiental e o estudo prévio de impacto de
vizinhança:

Art. 4° Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:

VI -estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto


de vizinhança (EIV).

Antônio Inagê explica que o estudo prévio de impacto ambiental se


caracteriza como: "um conjunto de técnicas e métodos, destinados a
identificar, predizer e descrever a influencia sobre o ambiente biogeofísico,
econômico e social que terá uma determinada ação." (OLIVEIRA, Antôno
Inagê de Assis. Introdução a Legislação Ambiental Brasileira e
Licenciamento Ambiental. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2005. p. 410).

"Diante dos arts. 36 à 38 da Lei n° 10.257/2001 constatasse que o Estudo


Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) é um instrumento de relevante
caráter preventivo, assim como EIA, posto que contempla os possíveis
'efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à
qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades'
(artigo 37, Lei n.° 10.257/2001)." (WILLEMAM, Cyntia da Silva Almeida.
Estudo de impacto de vizinhança: um instrumento para efetivação do
direito fundamental ao meio ambiente equilibrado. Disponível em
http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/Revista10/Discente/Cyntia
Willeman.pdf. Acesso em 14/05/2008)

Dessa forma, considerando o exposto e o artigo 38 da Lei n.° 10.257/2001,


o EIV e o EIMA, apesar de serem espécies de mesmo gênero, são estudos
distintos que não se substituem, vez que quanto à avaliação dos impactos,
possuem finalidades distintas. De forma resumida, o EIV visa o
licenciamento urbanístico, ao passo que o EIMA visa o licenciamento
ambiental.

Toshio Mukai esclarece essa diferença:

"Contudo, enquanto o EIA é exigível somente nos casos em que haja,


potencialmente, significativa degradação do meio ambiente, o EIV é
exigível em qualquer caso, independente da ocorrência ou não de
significativo impacto de vizinhança." (MUKAI, Toshio. O Estatuto da
Cidade: Anotações à Lei n. 10.257, de 10 de junho de 2001. São Paulo:

24 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

Saraiva, 2001, p. 32 apud WILLEMAM, Cyntia da Silva Almeida. Estudo


de impacto de vizinhança: um instrumento para efetivação do direito
fundamental ao meio ambiente equilibrado. Disponível em
http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/Revista10/Discente/Cyntia
Willeman.pdf. Acesso em 14/05/2008)

Ademais, enquanto o EIMA realiza estudo de empreendimentos urbanos de


dimensões significativas (grandes conjuntos habitacionais e aeroportos, por
exemplo), ou típicos de áreas rurais ou suburbanas (rodovias, ferrovias,
barragens, exploração de bens minerais, entre outros), o EIV foi criado para
verificar os impactos decorrentes de ocupações urbanas de menor
expressão espacial, mas que representam alterações significativas nas
condições do meio ambiente urbano (tais como supermercados, shopping
centers, grandes edifícios comerciais ou residenciais).

Por fim, o relatório de impacto ao meio ambiente - RIMA apresenta os


resultados do estudo prévio de impacto ao meio ambiente.

------------------------------------------------------------------------
TÓPICA COMO TÉCNICA INTERPRETATIVA
------------------------------------------------------------------------
A tópica está compreendida dentre as técnicas interpretativas do Direito.

Trata-se de mecanismo que se contrapõe ao positivismo e, que se revela


como uma nova forma de pensar o Direito, na medida em que abrange
todas as suas premissas.

A expressão "tópica", de origem grega "topos", se associa a uma retomada


do pensamento aristotélico, que propunha a adoção de um raciocínio
fundado na solução de problemas. Como método de interpretação jurídica,
a tópica foi consagrada e ressuscitada por Theodor Viehweg.

A principal característica da tópica está no fato de o intérprete consolidar


seu pensamento em um determinado problema, e, a partir dele, buscar as
possíveis soluções existentes, para, num terceiro momento, analisar qual a
mais adequada para aquele caso concreto. Nessa linha de raciocínio, em
consonância com o pensamento tópico, deve-se compreender que toda
questão implica, necessariamente, na existência várias respostas, cabendo
ao aplicador do Direito, encontrar aquela que mais se coaduna com as
circunstâncias do caso concreto.

Todas estas possíveis soluções são chamadas de "topoi" ou topos, isto é,


corresponde a uma perspectiva, um possível enunciado a ser aplicado ao

25 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

caso. Partindo desta premissa, é possível afirmar que a tópica se forma dos
“topoi”, que nada mais são que as bases de um pensamento.

Nesse contexto, o método tópico parte de algumas premissas fundamentais.


São elas: o caráter prático, aberto e preferência pela discussão. E, sendo
assim, sua finalidade precípua é proporcionar, por intermédio de um
processo de argumentação, que o intérprete alcance uma pluralidade de
interpretações, da qual possa extrair a adequação da norma constitucional
ao caso concreto.

Concluindo: a tópica é o método de hermenêutica constitucional que parte


do problema para a solução, num sistema dialético de pensamento. É, por
este motivo, que recebe o nome de método tópico-problemático, uma vez
que prega a necessidade de o intérprete partir de possíveis problemas para
interpretar a Constituição.

Apenas a título de curiosidade, contamos, ainda, com outros métodos de


hermenêutica constitucional.

a) gramatical: é a análise pura do texto constitucional. O ponto de partida


do intérprete é a literalidade da norma.

b) histórico: verifica o momento histórico em que a norma foi elaborada.

c) sistemático: analisa a Constituição como um sistema

d) teleológica: tem por base a vontade da própria Constituição. Difere-se do


histórico, pois, nesse, o que se verifica é a vontade do legislador.

e) concretizador: determina que o intérprete concretize a norma


constitucional à luz da realidade social

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DIREITO PENAL SUBTERRÂNEO
------------------------------------------------------------------------
O Direito Penal Subterrâneo é o exercício arbitrário da lei pelos próprios
agentes da Administração Pública, através do cometimento de diversos
delitos, tais como execuções sem processo, torturas, seqüestros, roubos.
Noutro falar, as agências executivas exercem descontroladamente o direito
de punir à margem de qualquer legalidade, consubstanciando em um
Estado paralelo. r

26 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

Segundo Eugenio Raúl Zaffaroni (Direito Penal Brasileiro. Rio de Janeiro:


Revan, 2003, p. 52-53; 69-70), o sistema penal subterrâneo é exercido pelas
agências executivas de controle - portanto, pertencentes ao Estado - à
margem da lei e de maneira violenta e arbitrária, contando com a
participação ativa ou passiva, em maior ou menor grau, dos demais
operadores que compõem o sistema penal. O sistema penal paralelo, por
sua vez, é exercido por agências que não fazem parte do discurso manifesto
do sistema penal, mas que, como aquelas, exercem poder punitivo. O
sistema penal subterrâneo, institucionaliza a pena de morte,
desaparecimentos, torturas, seqüestros, exploração do jogo, da prostituição,
entre outros delitos. Os sistemas penais paralelos punem com a mesma
impetuosidade: banimento de atletas pelas federações esportivas em caso
de doping, sanções administrativas que inviabilizam empreendimentos
comerciais, multas de trânsito de elevado valor, entre outras. r

Tal fenômeno se dá em razão da ínfima capacidade operacional das


agências do sistema penal (Polícia, Ministério Público, Judiciário, Agências
de execução da pena) no âmbito da legalidade. Em suma, o déficit
operacional é compensado pelo amplo desrespeito ao que estatuído
legalmente. Não mais se investiga, tortura-se; não mais se fiscaliza;
silencia-se; a tão necessária verdade real objetivada pela persecução penal
transforma-se em verdade política, alimentada por interesses particulares.
Há uma conivência disfarçada entre as autoridades constituídas que
absurdamente administra o desrespeito às leis. Ademais, há uma troca na
ordem das agências do sistema penal, haja vista que em relação à
importância decisional, é dizer, à hierarquia do órgão que define o alcance
do poder punitivo e que deveria seguir a ordem lógica de Poder Legislativo,
Ministério Público e Magistratura, e por fim Polícia, não é isso que se
observa na realidade; houve uma inversão total de papéis. (GUIMARÃES,
Cláudio Alberto Gabriel. Revisão crítica da pena privativa de liberdade:
uma aproximação democrática.
Disponível em http://www.alfonsozambrano.com/memorias/magistrales/aprox_democratica.doc. Acesso em 19/02/2008)

Sobre o funcionamento do sistema penal subterrâneo, existe amplo estudo


sobre o modo de atuar na solução de conflitos pela Polícia Militar do
Estado de São Paulo, realizado por Caco Barcelos (BARCELOS, Caco.
Rota 66. 37ª edição. São Paulo: Globo, 2002, p. 274). r

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DIREITO PENAL DO INIMIGO
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27 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

O Direito Penal do Inimigo é uma teoria enunciada por Günther Jakobs,


com base nas políticas públicas de combate à criminalidade nacional e/ou
internacional.

Na definição de Jakobs, inimigos são os criminosos econômicos, os


terroristas, os delinqüentes organizados, os autores de delitos sexuais e
outras infrações penais perigosas que, ao infringirem o contrato social,
deixam de ser membros do Estado e entram em guerra contra ele. (Saibam
mais: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal do Inimigo (Ou Inimigos do
Direito Penal). Disponível em http://www.revistajuridicaunicoc.com.br/midia/arquivos/ArquivoID_47.pdf)

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RESPONSABILIDADE PENAL POR RICOCHETE
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A responsabilidade penal por ricochete, também conhecida por
subseqüente, por empréstimo ou, ainda, por procuração, tem origem no
direito francês (REGIS, Luiz. Crimes contra o Ambiente. São Paulo:
Revista dos Tribunais, p. 22-23, 1998).

A teoria da responsabilidade penal por ricochete determina ser


imprescindível para a responsabilidade penal da pessoa jurídica a prática de
um fato punível por uma pessoa física. Nessa esteira, num primeiro
momento, deve essa ser incriminada, e, posteriormente, por reflexo,
alcança-se a pessoa jurídica, desde que preenchidos os requisitos legais,
como a atuação em nome da pessoa jurídica, em benefício dessa.

Dessa forma, a pessoa jurídica não pratica fato típico, por não possuir
vontade e culpabilidade, sendo possível apenas vislumbrar a sua
responsabilidade penal no sentido de lhe ser imposta uma sanção de caráter
penal compatível com a sua natureza. No caso de crime ambiental, por
exemplo, há responsabilidade social da pessoa jurídica por solidariedade
com a pessoa física autora do delito ambiental.

H. Donnedieu de Vabres, ao escrever sobre o tema, asseverou que "a


pessoa jurídica poderia vir a ser responsável graças ao substratum de um
indivíduo que a representa e que pratica a infracção em seu lugar"
(Citado por Pradel, Jean. A Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas no Direito Francês. In Revista Brasileira de Ciências
Criminais, São Paulo, ano 6, nº 24, p. 56, out./dez., 1998).

MM. R. Merle e A Vitu, em idêntico sentido, afirmaram que "para que a


pessoa jurídica seja responsável, é preciso que sejam estabelecidos, na
cabeça da pessoa física, todos os elementos materiais e intelectuais da
responsabilidade"
(Citado por Pradel, Jean. A Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas no Direito Francês. In Revista Brasileira de Ciências
Criminais, São Paulo, ano 6, nº 24, p. 56, out./dez., 1998).

28 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

No entanto, o Direito Penal, enquanto ciência voltada à busca incessante da


verdade, não pode aplicar a responsabilidade penal da pessoa jurídica, por
ricochete ou subseqüente, sem as necessárias adaptações. Em raras
hipóteses, objetivamente demonstráveis, deve admitir-se, em sede
legislativa, que o ente coletivo comprove que o seu órgão ou representante
legal/contratual agiu por conta própria, apesar de realizar ato de ofício e no
interesse da coletividade.
(CASTRO, Renato de Lima. Responsabilidade penal da pessoa jurídica na lei ambiental brasileira. Jus Navigandi, Teresina, ano 3,
n. 32, jun. 1999. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1715>. Acesso em 14/02/2008)

Nesta ordem de valores, à pessoa jurídica incumbiria o ônus de provar o


descompasso entre a atividade ilícita praticada pelo seu representante legal-
contratual, frente à linha de atuação empresarial.
(CASTRO, Renato de Lima. Responsabilidade penal da pessoa jurídica na lei ambiental brasileira. Jus Navigandi, Teresina, ano 3,
n. 32, jun. 1999. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1715>. Acesso em 14/02/2008)

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SMURFING
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O smurfing é uma das técnicas utilizadas pelos lavadores de capital
profissionais (crime previsto na Lei 9.613/98), que consiste no
fracionamento de uma grande quantia em pequenos valores, de modo a
escapar do controle administrativo imposto às instituições financeiras.

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QUAL É O ÚNICO CRIME EM QUE A TENTATIVA É PUNÍVEL E A
CONSUMAÇÃO É ATÍPICA
------------------------------------------------------------------------
Nos crimes elencados na Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional),
considerados de “Lesa Patria”, pune-se a tentativa, todavia a consumação
se vier a ocorrer não será punível, pois há modificação do estado
constituicional.

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EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE - EM QUE SE DIFERENCIA DA
DESERDAÇÃO
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A exclusão por indignidade é uma pena civil aplicável ao sucessor legítimo
ou testamentário que houver praticado atos de ingratidão contra o de cujus.
Ela traduz a privação de um direito imposta a um herdeiro indigno.

A deserdação em contrapartida é mais restrita, posto que somente pode ser


aplicada por testamento em face de herdeiros necessários. A exclusão por

29 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

indignidade aplica-se a qualquer sucessor, legítimo ou testamentário, sendo


muito mais ampla.

São hipóteses de exclusão por indignidade aquelas previstas no art. 1.814


do CC/2002.

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NA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL, EM QUE CONSISTE
O MÉTODO JURÍDICO
------------------------------------------------------------------------
O método jurídico, também conhecido como método hermenêutico
clássico, tem como principal expoente Forsthoff.

Segundo os defensores desse método, por ser a Constituição uma espécie


de lei (tese da identidade entre lei e Constituição), ela deverá ser
interpretada pelos elementos clássicos desenvolvidos por Savigny
(elementos gramatical ou literal, histórico, lógico ou sistemático,
teleológico ou racional e genético).

A crítica feita a esse método é que esses elementos clássicos foram


desenvolvidos para institutos do Direito Privado, revelando-se insuficientes
(mas não inadequados) para uma adequada interpretação da Constituição.

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EXCEÇÃO EM QUE O CONTRATO DE COMPRA E VENDA POR SI SÓ
TRANSFERE A PROPRIEDADE PARA ADQUIRENTE
-------------------------------------------------------------
O contrato de compra e venda não é resolúvel isto é não é idôneo para
adquirir propriedade.

A única exceção em que o contrato de compra e venda transfere ou seja


permite a aquisição de propriedade é o contrato de alienação fiduciária em
garantia, é um contrato resolúvel (se extingue pelo cumprimento do
contrato).

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No âmbito da responsabilidade civil, em que consiste a teoria da
causalidade alternativa
------------------------------------------------------------------------
Segundo Vasco Giustina, haverá causalidade alternativa quando qualquer
dos autores, dentro de um grupo ou coletividade puder ser responsabilizado
pelo dano. Nesse sentido, vale a pena conferir o REsp 64682/RJ, in verbis:

30 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

RESPONSABILIDADE CIVIL. OBJETOS LANÇADOS DA JANELA


DE EDIFÍCIOS. A REPARAÇÃO DOS DANOS É
RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO. A impossibilidade de
identificação do exato ponto de onde parte a conduta lesiva, impõe ao
condomínio arcar com a responsabilidade reparatória por danos causados a
terceiros. Inteligência do art. 1.529, do Código Civil Brasileiro. Recurso
não conhecido.
(REsp 64682/RJ, Rel. Ministro BUENO DE SOUZA, QUARTA TURMA, julgado em 10/11/1998, DJ 29/03/1999 p. 180)

Esta teoria justifica a responsabilidade de todo o condomínio pelos objetos


lançados ou caídos.

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PAGAMENTO EM MOEDA ESTRANGEIRA EM CONTRATO DE COMPRA E
VENDA REALIZADOS NO BRASIL
------------------------------------------------------------------------
São apenas 2 casos que podem ser realizados esses contratos:
1º) Em contratos decorrentes de importação de mercadorias do exterior.

2º) Em contratos realizados no exterior, ex: compra no cartão de crédito no


exterior.

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TENDÊNCIA DE ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE CONCRETO DE
CONSTITUCIONALIDADE
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É cediço que o controle concreto de inconstitucionalidade, assim como o
controle abstrato de inconstitucionalidade, apresenta dois aspectos:
subjetivo e objetivo.

Diz-se que o aspecto subjetivo do controle difuso é aquele que envolve o


alcance da decisão proclamada pelo Supremo Tribunal Federal, o qual dá, à
decisão anunciada, um efeito inter partes. Com relação ao aspecto objetivo,
a inconstitucionalidade é debatida de forma incidental (incidenter tantum),
apresentando caráter de prejudicialidade, devendo ser resolvida na
fundamentação do julgamento.

Contudo, o Supremo Tribunal Federal, em algumas decisões, como por


exemplo, o RE 197.917 - SP (o caso Mira Estrela) e HC 82.959-SP
(discussão sobre a constitucionalidade da "progressão do regime na lei dos
crimes hediondos") começou a ter uma nova interpretação dos efeitos da
declaração de inconstitucionalidade no controle difuso.

31 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

Nestes processos e entre outros [1], alguns ministros da Corte Suprema, em


especial o douto Ministro Gilmar Ferreira Mendes [2], acreditam que,
baseando-se em quatro argumentos (força normativa da constituição;
principio da supremacia da Constituição e a sua aplicação uniforme a todos
os destinatários; o STF enquanto guardião da Constituição e seu intérprete
máximo; dimensão política das decisões do STF), a questão debatida em
controle difuso apresentará os efeitos do controle concreto de
inconstitucionalidade, transcendendo, assim, ratio decidendi.

Desta forma, ao se projetar os efeitos da fundamentação da sentença para


outros processos, dar-se-á ensejo a conhecida abstrativização do controle
difuso de inconstitucionalidade:

Percebe-se, atualmente, destacando-se dois importantes precedentes (o caso


de "Mira Estrela" e a discussão sobre a constitucionalidade da "progressão
do Regime na lei dos crimes hediondos"), uma nova tendência no STF
(ainda não pacificada) de se aplicar a chamada teoria da transcendência dos
motivos determinados da sentença (ratio decidendi) também para o controle
difuso.

(...)

.... respeitável parte da doutrina e alguns julgados do STF ("Mira Estrela" e


"progressividade do regime de cumprimento de pena nos crimes
hediondos") e do STJ rumam para uma nova interpretação dos efeitos da
declaração de inconstitucionalidade no controle difuso pelo STF [3].

Logo, a chamada "tendência de abstrativização do controle concreto de


constitucionalidade", corroborada pelos argumentos acima suscitados, é a
conferência dos efeitos (erga omnes e vinculante) do controle abstrato ao
controle concreto.

Porém, antes de encerrar esta explanação sobre a referida tendência, mister


que se diga que a ocorrência desta abstrativização, embora atraente, por
proporcionar economia processual, dar efetividade ao processo e, ainda,
estabelecer uma celeridade processual, fere a competência constitucional
estabelecida pelo artigo 52, X, ao Senado Federal.

Por este dispositivo legal, o Senado fica responsável por suspender a


execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Portanto, no caso de
controle concreto de inconstitucionalidade, quando o STF julgar uma lei

32 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

inconstitucional no todo ou em parte, caberá ao Senado Federal suspendê-


la.

Ocorre que, ao dar efeito erga omnes e vinculante para suas decisões, como
desejou o Ministro Gilmar Ferreira Mendes nos processos acima
mencionados, o STF estaria ultrapassando a competência constitucional do
Senado Federal, deixando para este apenas o papel de dar publicidade à
decisão de inconstitucionalidade pronunciada por esta Corte.

Gilmar Mendes justifica seu posicionamento supramencionado, ao dizer


que:

"... possível, sem qualquer exagero, falar-se aqui de uma autêntica mutação
constitucional em razão da completa reformulação do sistema jurídico e,
por conseguinte, da nova compreensão que se conferiu à regra do art. 52,
X, da Constituição de 1988. Valendo-nos dos subsídios da doutrina
constitucional a propósito da mutação constitucional, poder-se-ia cogitar
aqui de uma autêntica 'reforma da Constituição sem expressa modificação
do texto'" [4].

Enfim, a "tendência de abstrativização do controle concreto de


constitucionalidade" é um novo posicionamento do STF, a despeito de não
pacificado, de se proporcionar ao controle difuso de inconstitucionalidade
os efeitos (erga omnes e vinculante) do controle concentrado de
inconstitucionalidade.

1. Reclamação 4335/AC e Mandado de Injunção 708.

2. Informativo 454/STF, onde o ministro Gilmar Mendes: "... reputou ser


legítimo entender que, atualmente, a fórmula relativa à suspensão de
execução da lei pelo Senado há de ter simples efeito de publicidade, ou
seja, se o STF, em sede de controle incidental, declara, definitivamente,
que a lei é inconstitucional, essa decisão terá efeitos gerais, fazendo-se a
comunicação àquela Casa legislativa para que publique a decisão no Diário
do Congresso. Concluiu, assim, que as decisões proferidas pelo juízo
reclamado desrespeitaram a eficácia erga omnes que deve ser atribuída à
decisão do STF no HC 82.959/SP ("progressão de regime na lei dos crimes
hediondos", acrescente-se).

3. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12ªed. São


Paulo: Saraiva, 2008. p. 153.

33 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

4. G.F. MENDES, O papel do Senado Federal no controle de


constitucionalidade: um caso clássico de mutação constitucional, RIL,
162/165.

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MOMENTO QUE SE INICIA A SUSPENSÃO DO PROCESSO EM QUE
HOUVE A EXCEÇÃO
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O art. 306 do CPC dispõe que, "Recebida a exceção, o processo ficará
suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada".

No art. 265, III, do mesmo diploma legal, está disposto algo diferente, no
sentido de que oposta a exceção o processo já fica suspenso, prescindido,
portanto, do seu recebimento.

Entre as duas normas contraditórias, deve prevalecer a regra do art. 265,


III, bastando a protocolização da petição de exceção no cartório para que o
processo se suspenda. No processo suspenso não correm prazos e não se
praticam atos (salvo em caso de urgência).

Ademais, o artigo 306 do CPC, supracitado, dispõe em sua parte final que:
"o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente
julgada".

A doutrina é quase pacífica em afirmar que essa expressão significa que a


suspensão se prolonga até a primeira decisão a respeito da exceção.
Exemplo: a) juiz incompetente = a suspensão cessa com o julgamento da
exceção pelo juiz; b) juiz suspeito ou impedido = a suspensão cessa quando
do seu julgamento pelo Tribunal competente.

É assim porque os recursos cabíveis (no caso de juiz incompetente o


agravo, e no caso de juiz suspeito ou impedido, o Recurso Extraordinário
ou o Especial), não têm, via de regra, efeito suspensivo (art. 497 CPC).

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O TITULAR QUE ACUMULA MAIS DE UM SERVIÇO EM SUA SERVENTIA,
TEM DIREITO ADQUIRIDO AO ESTADO EM QUE SE ENCONTRA
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O desdobramento da Serventia não pode ser confundido com o acúmulo.
Na primeira hipótese, por exemplo, o titular do único ofício de Registro de
Imóveis de certa localidade, no momento em que vem a determinação do
TJ para a divisão e sua serventia, pode optar em ficar no primeiro ofício ou
assumir o segundo, que nascerá com o desdobramento.

34 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

No outro caso, ele acumula atribuições àquela em que foi delegado.


Exemplo disso se dá quando o titular acumula as funções de Município
vizinho ao seu, que, embora já tenha virado Comarca e tenha serviço
próprio por determinação do Tribunal, ainda não teve o ofício instalado por
concurso. Nestes casos, não há como garantir a permanência nas
atribuições do acúmulo.

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ANOMIA
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Em apressada busca pelo Dicionário, verifica-se a origem grega do
vocábulo, que se forma da junção a + nomos.

A, na cultura grega significa ausência, falta, privação, inexistência, e,


nomos quer dizer lei, norma. Assim, anomia significa, portanto, falta de lei
ou ausência de normas de conduta.

Do que se vê, a anomia se caracteriza, num primeiro momento, pela


ausência de norma regulamentadora de uma determinada situação fática.
No entanto, também é possível falar no instituto quando, embora exista a
lei, essa não é eficaz, posto que a sociedade não lhe reconhece, pautando a
sua conduta como se não houvesse norma alguma, acreditando na
impunidade.

Com base no exposto, e, apenas para concluir, a anomia pode acontecer em


qualquer ramo do Direito, sendo suficiente para a sua caracterização, a
inexistência da lei.

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Crime de Empreendimento, ou crime de encontro ou delito de atentado.
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São os crimes em que a consumação e a tentativa têm penas iguais.

Ex.: Art. 352 CP e Código Eleitoral (votar ou tentar votar).

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REPERCUSSÃO GERAL
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A Repercussão Geral é requisito de admissibilidade do recurso
extraordinário e foi instituída pela Emenda Constitucional nº45 de 2006,
sendo disciplinada pela lei 11.418/2006. Trata-se de filtro recursal para
admitir as questões constitucionais que devem ser recebidas pela Corte em

35 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

recurso extraordinário. Seu limite está na observância de relevância social,


econômica, política ou jurídica da matéria a ser apreciada. Espera-se, com
ela, reduzir o número de recursos, conferindo ao STF mais disponibilidade
para exame de questões graves, de repercussão nacional.

Ao STF cabe definir se há ou não repercussão geral, mas aos Tribunais


superiores e inferiores e Turmas Recursais de origem cabe a verificação de
existência formal da preliminar de repercussão geral, rigorosamente, para
que o requisito tenha sua finalidade atendida.

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PLENÁRIO VIRTUAL
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O Supremo desenvolveu a ferramenta "Plenário virtual", que é um sistema
totalmente operado pelos ministros que possibilita o exame simultâneo de
processo determinado para emissão de manifestações sobre a existência ou
não de repercussão geral. Isso aumenta a celeridade da análise das matérias,
objetivo precípuo dessas medidas, com fulcro no devido processo legal, na
celeridade e economicidade processual e, por conseguinte, no acesso à
justiça (Disponível em http://www.stf.gov.br/arquivo/cms/principalDestaque/anexo/relativ2007.pdf. Acessado em 22/04/2008).

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PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA
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No estudo da lei penal no espaço, está o princípio da territorialidade, que,
segundo a doutrina, no Brasil, deve ser chamado de territorialidade
temperada.

Ao tratar do tema lei penal no espaço, o Código Penal, ao regulamentar a


territorialidade, em seu artigo 5º estabelece que:

Art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e


regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. r

§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território


nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar. r

§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de


aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se

36 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo


correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. r

Trata-se do Princípio da Territorialidade, segundo o qual a lei penal


brasileira se aplica às infrações penais praticadas no território nacional. r

Território nacional é o espaço dentro do qual o Estado exerce a sua


soberania. Vale a pena lembrar o que integra este conceito. De início, ele se
compõe pelo solo, águas internas, o espaço aéreo, o mar territorial (12
milhas).

Ademais, para fins de aplicação da lei penal, nos termos § 1º da norma em


comento, considera-se território nacional por equiparação os navios e
aviões públicos ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que estejam;
navios e aviões brasileiros privados, desde que em alto mar ou espaço aéreo
correspondente, e, por fim, embarcações e aviões brasileiros, de
propriedade privada, localizados em território de outro país, quando este
não se interessar em processar o crime ali cometido. r

No entanto, em relação às infrações penais previstas como crime, esse


princípio não é absoluto. O próprio artigo 5º ao prevê-lo, estabelece as
primeiras ressalvas, que se revelam no reconhecimento dos tratados,
convenções e regras de Direito Internacional. r

Há de se compreender que, a regra geral vigente no Código Penal brasileiro


é a territorialidade, que, porém, não é adotada em caráter absoluto, posto
que previstas exceções, das quais se extrai o conceito de territorialidade
temperada.

Fala-se em territorialidade temperada justamente pelo fato de o


ordenamento jurídico brasileiro admitir, em determinados casos, que, aos
crimes praticados no território brasileiro seja aplicada a lei estrangeira, em
reconhecimento da intraterritorialidade.

Concluindo: regra geral, é a lei brasileira que se aplica ao crime cometido


no território nacional, mas, excepcionalmente, a lei estrangeira é aplicável,
quando assim determinarem tratados e convenções internacionais.

Para finalizar, apenas uma ressalva. Este princípio somente se aplica aos
crimes. Em outras palavras, em se tratando de contravenção penal, o
princípio da territorialidade é absoluto.

37 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

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INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO, CONSEQÜENCIAL
OU POR ATRAÇÃO
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Na ação direta de inconstitucionalidade - ADI, via de regra, o Supremo
Tribunal Federal deve ficar vinculado ao pedido dessa, que corresponde à
declaração de inconstitucionalidade total ou parcial de lei ou ato normativo.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda


da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou


estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

No entanto, excepcionalmente, o Supremo poderá estender a


inconstitucionalidade ao dispositivo não impugnado na inicial, desde que
tal dispositivo guarde uma conexão necessária, significando uma relação de
dependência, com o dispositivo que fora declarado inconstitucional. (STF -
ADI 2.982-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 17-6-04, DJ de
12-11-04). Diz-se, então, que a declaração da inconstitucionalidade de um
dispositivo acaba por atingir, por arrastamento, a validade do outro.

Isso somente é possível em razão de o ordenamento jurídico ser um


conjunto harmônico normativo, assim, as normas guardam interconexão e
mantêm, entre si, vínculo de dependência jurídica, formando uma unidade
estrutural.

Destarte, a título de ilustração, registre-se que o STF utilizou da


inconstitucionalidade por arrastamento no julgamento na ADI 1.144.

Esta fora ajuizada pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul


questionando a constitucionalidade da Lei estadual n. 10.238, que instituíra
o Programa Estadual de Iluminação Pública, destinado aos municípios
daquele Estado, sendo administrado por um Conselho Administrativo, nos
termos desta lei.

Entendeu a Corte que a criação de órgão administrativo por parte de projeto


de lei que não fora de iniciativa do Poder Executivo fere o disposto no art.
61, par. 1°, II, "e", da Carta Magna. Além disso, verificou que a referida lei

38 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

colidia com o disposto no artigo 165, inciso III, da Constituição de 1988.


Este preceito determina que os orçamentos anuais sejam estabelecidos por
lei de iniciativa do Poder Executivo. O artigo 2º da lei estadual
questionada, de aplicação mecânica e automática, cerceava a iniciativa para
elaboração da lei orçamentária.

Finalizou o Supremo Tribunal Federal por entender a lei inconstitucional,


decretando: "A declaração de inconstitucionalidade dos artigos 2º e 3º da
lei atacada implica seu esvaziamento. A declaração de
inconstitucionalidade dos seus demais preceitos dá-se por arrastamento."
(ADI 1.144, Rel. Min. Eros Grau, DJ 08/09/06) (BOTELHO, Sérgio Souza. Descomplicando o controle de constitucionalidade
abstrato. Causa de pedir aberta, inconstitucionalidade por arrastamento e transcendência dos motivos determinantes. Breves notas.
Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1490, 31 jul. 2007. Disponível em . Acesso em 27/02/2008)

Ademais, existem situações em que diferentes dispositivos legais têm


conteúdo análogo. O Supremo Tribunal Federal entende que a declaração
da inconstitucionalidade por arrastamento de outras normas que o autor não
tenha expressamente requerido na inicial, é possível, em razão da conexão
ou interdependência com os dispositivos legais especificamente
impugnados.

De acordo com o STF, nesses casos não há necessidade de impugnação


expressa pelo autor, dispositivo por dispositivo, uma vez que o eventual
reconhecimento do vício relativamente a certos dispositivos conduzirá, por
arrastamento, à impossibilidade do aproveitamento dos demais (ADI
2.653/MT, rel. Min. Carlos Velloso; ADI 397/SP, rel. Min. Eros Grau; ADI
(MC) 2.648-CE, rel. Min. Maurício Corrêa; ADI (MC) 2.608-DF, rel. Min.
Celso de Mello).

O Supremo Tribunal Federal emprega a técnica da declaração de


inconstitucionalidade por arrastamento, de forma ampla, conforme se
verifica no seguinte trecho do voto do Min. Maurício Corrêa (ADIMC nº
1931, rel. Min. Maurício Corrêa, 21/08/2003): "Anoto que se impõe a
declaração de inconstitucionalidade do § 1º e de seus incisos, visto que,
embora não impugnados, devem ter a mesma sorte do caput do artigo em
face de sua correlação, dependência e conexão com este. É o que Canotilho
chama de inconstitucionalidade por arrastamento (...)".

Nesse mesmo sentido:

"Improbidade Administrativa e Prerrogativa de Foro - O Tribunal iniciou


julgamento de ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas pela
Associação Nacional dos Membros do Ministério Público - CONAMP e
pela Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB contra os §§ 1º e 2º do

39 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

art. 84 do Código de Processo Penal, inseridos pelo art. 1º da Lei


10.628/2002. Alega-se ofensa aos artigos 2º; 102, I; 105, I; 108, I e 125,
§1º, da CF. Inicialmente, afastou-se, por unanimidade, a preliminar de
ilegitimidade da CONAMP e a de ausência de pertinência temática das
requerentes. Quanto àquela, tendo em conta recente precedente do Pleno no
qual se decidira pela legitimação para ação direta de inconstitucionalidade
das chamadas "associações de associações" (ADI 3153 AgR/DF - v.
Informativo 356) e, ainda, em virtude de o novo estatuto da CONAMP
restringir a qualidade de associados efetivos às pessoas físicas integrantes
da categoria. Quanto a esta, por se entender que as normas impugnadas se
refletem na distribuição vertical de competência funcional entre os órgãos
do Poder Judiciário e, por conseguinte, entre os do Ministério Público, o
que configuraria a necessária relação de pertinência entre aquelas e as
finalidades institucionais das respectivas entidades nacionais de classe. Em
relação ao mérito, o Min. Sepúlveda Pertence, relator, julgou procedente o
pedido de ambas as ações (...) Disse que esse parágrafo veiculou duas
regras: a que estende a competência especial por prerrogativa de função
para inquérito e ação penais à ação de improbidade administrativa e a que
manda aplicar, em relação à mesma ação de improbidade, a previsão do §1º
do citado artigo. Esta última regra, segundo o relator, estaria atingida por
arrastamento pela declaração de inconstitucionalidade já proferida. E a
primeira implicaria declaração de competência originária não prevista no
rol taxativo da Constituição Federal (...). (STF, ADI 2.797-DF, rel. Min.
Sepúlveda Pertence)

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TEORIA IMANENTISTA DA AÇÃO
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Entenda a teoria imanentista do direito de ação, a qual acredita que o
fundamento da ação está no direito material.

Imanente quer dizer aquilo que está compreendido na essência do todo,


aderente, permanente. (Dicionário Melhoramentos da Língua Portuguesa.
São Paulo: Melhoramentos, 1994, p. 543)

A teoria imanentista (civilista ou clássica) do direito de ação reinou


absoluta desde o Direito Romano, nas lições de Celso e Ulpiano, até
meados do século XIX e teve como um de seus maiores defensores
Savigny, que desenvolveu e modernizou a concepção romana.

Esta teoria parte do conceito de ação dado pelo jurista romano Celso,
segundo o qual a ação seria o direito de pedir em juízo o que nos é devido
(ius quod sibi debeatur in iudicio persequendi). Deste conceito surgiram

40 | P á g i n a
Área Jurídica
Conceitos jurídicos

várias conceituações que resultavam, segundo Ada Pellegrini Grinover e


Cândido Dinamarco, em três conseqüências inevitáveis: a) não há ação sem
direito; b) não há direito sem ação; e c) a ação segue a natureza do direito.

Desta forma, o direito de ação seria imanente ao direito material, ou seja,


uma qualidade que todo direito material possui ao ser violado.

O Código Civil brasileiro de 1916, no artigo 75, adotava tal teoria e trazia a
visão de que o processo não passava de mero procedimento ligado ao
direito material e desprovido de independência, onde a ação é tida como o
próprio direito subjetivo substancial violado em reação contra a lesãor: "a
todo direito corresponde uma ação, que o assegura".

Além disso, a teoria imanentista do direito de ação não teve como explicar
os casos em que o agente houvesse promovido um processo, sem ter
direito, isto é, ficou impossibilitada de explicar o fenômeno da ação
improcedente, caso em que a ação processual não teria sido o direito de
perseguir em juízo o que nos é devido, como bem ressalta o eminente
doutrinador Ovídio Baptista. (BOIS, Marina Du. A Teoria do Direito
Abstrato de Agir.
Disponível em http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/default.asp?action=doutrina&iddoutrina=503. Acesso em 11/02/2008)

Como reflexo desta teoria no nosso ordenamento jurídico, foi expedido o


Regulamento nº 737, de 25 de novembro de 1850, com o intuito de
disciplinar o processo, uma vez que o considerava como simples meio de
exercício dos direitos, cabendo à lei a sua disciplina, assim, o Poder
Executivo editou o Decreto nº 763, de 19 de novembro de 1890.

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FATO DA ADMINISTRAÇÃO
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O fato da administração é uma das causas que impossibilitam o
cumprimento do contrato administrativo pelo contratado.

Ele pode ser definido como toda ação ou omissão do Poder Público,
especificamente relacionada ao contrato, que impede ou retarda sua
execução.

Conseqüentemente, a sua incidência pode ensejar a rescisão judicial ou


amigável do contrato, ou ainda, a paralisação da execução contratual, até
que a situação seja normalizada.

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Área Jurídica
Conceitos jurídicos

São hipóteses de Fato da Administração, as previstas no art. 78, incisos


XIV, XV, e XVI, da lei 8666/93, como a suspensão da execução do
contrato, por ordem da Administração, por mais de 120 dias; o atraso no
pagamento, pelo Poder Público, por mais de 90 dias e a não liberação, pela
Administração, de área, local ou objeto para execução de obra ou serviço.

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TEORIA CIRCULAR DOS PLANOS DO DIREITO MATERIAL E DO
DIREITO PROCESSUAL
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Como é sabido, o processo é co-protagonista, atuando ao lado do direito
material, para realizá-lo. Trata-se de instrumento para a realização do
direito material, mas não deve ser visto como inferior a ele. Logo, há uma
relação de complementaridade, não subordinada nem hierárquica, entre o
direito material e o direito processual. É necessário pensar o processo à luz
do direito material. O direito material se realiza por meio do processo, mas
o direito material também serve o processo, dando-lhe o conceito, o
destino, o projeto, o sentido. Essa relação de complementaridade (cíclica)
foi chamada por Carnelutti de teoria circular dos planos do direito material
e do direito processual.

Em outras palavras, temos que o processo serve ao direito material, ao


mesmo tempo em que é servido por ele.

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SISTEMA BELGA NA EXTRADIÇÃO OU SISTEMA DE CONTENCIOSIDADE
LIMITADA
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Tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem que o procedimento
adotado pela legislação brasileira quanto ao processo de extradição é o
chamado sistema de contenciosidade limitada (sistema belga), que não
contempla a discussão sobre o mérito da acusação imputada ao
extraditando, importando, apenas, a análise dos pressupostos formais
previstos na legislação.

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EM QUE CONSISTE A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA PROSPECTIVA
------------------------------------------------------------------------
Trata-se da interceptação feita sem motivação concreta, justamente para
buscar, eventualmente, uma circunstância ou fato incriminador.

Primeiramente cabe ressaltar a imprescindibilidade da autorização judicial


fundamentada para que a diligência seja lícita. Em segundo lugar, é preciso
que haja fato específico, demonstrado por meio de indícios da autoria ou

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Área Jurídica
Conceitos jurídicos

participação em infração penal punida com pena de reclusão, nos termos do


art. 2º, I a III, e parágrafo único, da Lei nº 9296/96.

As hipóteses elencadas nos citados dispositivos vinculam o juiz. Ademais


tal modalidade é inadmissível justamente porque viola direitos
constitucionalmente assegurados, a exemplo dos direitos à intimidade, ao
sigilo das comunicações, à privacidade e às decisões fundamentadas.

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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL
------------------------------------------------------------------------
Conforme precisa lição do professor José Afonso da Silva, deve ser
ressaltada a diferença relevante que existe entre legalidade e reserva legal,
conforme oportuna advertência: o primeiro significa a submissão e o
respeito à lei, ou a atuação dentro da esfera estabelecida pelo legislador; o
segundo consiste em estatuir que a regulamentação de determinadas
matérias deve ser feita necessariamente por lei formal.

Essa interpretação reflete o espírito do princípio da legalidade, ajusta-se às


postulações do pensamento ilustrado, de onde ele derivou, e se afina,
sobretudo, com a natureza democrática da nossa Carta Política.
------------------------------------------------------------------------
PROCEDIMENTO JUDICIALIFORME
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O procedimento judicialiforme consiste na possibilidade de a ação penal,
em contravenções penais, ter início por força de portaria de delegado de
polícia.

Contudo, com o advento da CR/88 e pelo princípio da oficialidade, restou


revogado o artigo 26 do CPP que o previa. Ressalte-se que o princípio da
oficialidade significa que há um órgão oficial, do Estado, a quem cumpre
promover a ação penal pública privativamente: o Ministério Público. A
única exceção a este princípio é a ação penal privada subsidiária da pública,
prevista no artigo 5º, LIX da CR/88 e no art. 29 do CPP.
(CUNHA, Rogério Sanches. LORENZATO, Gustavo Muller. FERRAZ, Maurício Lins Ferraz. PINTO, Ronaldo Batista. Processo
Penal Prático. Salvador: JusPODVIM, 2007. p. 29.)

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QUAL A DIFERENÇA ENTRE EXPECTATIVA DE DIREITO E DIREITO
EXPECTADO
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A expectativa de direito consiste em um direito que se encontra na
iminência de ocorrer, mas que não produz os efeitos do direito adquirido,
pois não foram cumpridos todos os requisitos exigidos por lei. A pessoa
tem apenas uma expectativa de ocorrer.

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Conceitos jurídicos

Já o direito expectado é aquele que já preencheu todos os requisitos para a


aquisição do direito, mas, por discricionariedade, ainda não foi exercido.
Nesse caso, deve ser respeitado o direito adquirido. Ex.: o servidor
completou o tempo necessário para aposentadoria, mas, por motivos
diversos, não ingressou com o pedido. Se forem alteradas as regras de
aposentação, o servidor tem o direito adquirido de aposentar-se de acordo
com as regras vigentes ao tempo da implementação de todos os requisitos.

Ação anulatória perante a justiça do trabalho - conceito e as hipóteses de


cabimento

Segundo ensinamentos de Renato Saraiva, a ação anulatória, no Direito do


Trabalho, consiste numa ação de conhecimento, de natureza constitutivo-
negativa, que tem por objetivo a declaração de nulidade de cláusulas
estabelecidas em convenção coletiva, acordo coletivo de trabalho ou
mesmo em contratos individuais de trabalho, que violem as liberdades
individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos
trabalhadores.

A ação anulatória de cláusula de convenção ou acordo coletivo de trabalho,


será proposta, em regra, pelo MPT (art. 83, IV, da LC 75/93), não sendo
possível os próprios signatários do instrumento normativo postularem a
nulidade da cláusula, salvo demonstrado o vício de vontade (erro, dolo,
coação ou fraude).

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QUAL A DIFERENÇA ENTRE O ESTADO DE NECESSIDADE E A
LEGÍTIMA DEFESA
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O estado de necessidade consiste na situação de agressão a um direito
alheio, de valor jurídico igual ou inferior àquele que se pretende proteger,
para remover perigo iminente, quando as circunstâncias do fato não
autorizam outra forma de atuação. Diferentemente do estado de
necessidade, na legítima defesa o indivíduo encontra-se diante de uma
situação atual ou iminente de injusta agressão, dirigida a si ou a terceiro,
que não é obrigado a suportar.

Na mesma linha do que acima se expôs, se o agente, exercendo a sua


lídima prerrogativa de defesa, atinge terceiro inocente, terá de indenizá-lo,
cabendo-lhe, outrossim, ação regressiva contra o verdadeiro agressor.

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Conceitos jurídicos

REABILITAÇÃO
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A reabilitação se revela como ação de natureza penal, prevista nos arts. 93
e seguintes do Código Penal, destinada a apagar os antecedentes criminais
do réu condenado. Os requisitos necessários para o ajuizamento dessa ação
estão previstos no art. 94 do Código Penal, quais sejam:

a) Decurso de pelo menos 2 (dois) anos da data de extinção ou término do


cumprimento da pena;

b) Que o reabilitando tenha sido domiciliado no Brasil durante esse prazo


supramencionado;

c) Bom comportamento público e privado do reabilitando;

d) Ressarcimento do dano ou prova da impossibilidade de fazê-lo, ou


renúncia da vítima ou, ainda, novação da dívida.

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INTERDIÇÃO BANCÁRIA
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Conforme leciona Fábio Ulhôa Coelho, o direito francês, desde 1991,
quando a lei despenalizou a conduta de emissão de cheque sem fundos, tem
prestigiado um mecanismo administrativo de sanção, chamado de
"interdição bancária". De acordo com a sistemática então adotada, os
cheques de até 100 F (cem francos) são obrigatoriamente pagos pelos
bancos. A lei estabelece a presunção de crédito irrevogável para esses
títulos. Em ocorrendo, no entanto, emissão de cheque sem fundos de valor
superior, o banco requisita do cliente a restituição dos formulários ainda
não utilizados e comunica a ocorrência às demais instituições financeiras
em que o emitente possui conta de depósito, para que procedam à mesma
requisição.

No Brasil, a emissão de cheque sem a suficiente provisão de fundos é


tipificada como cheque sem fundos (art. 171, §2º, inciso VI, do CP).

Em que consiste o resseguro

Conforme leciona Fábio Ulhôa Coelho, o resseguro é instrumento de


distribuição da cobertura de risco entre duas companhias, sendo uma delas
a seguradora, que contrata com os segurados, e a outra a resseguradora, que
cobre parte da prestação, na hipótese de verificação do sinistro.

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Área Jurídica
Conceitos jurídicos

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PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL
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Um tema bastante controvertido na doutrina e na jurisprudência nacional,
que se dividem ao determinar se o princípio do promotor natural encontra
ou não previsão expressa na Constituição Federal vigente.

Parcelada doutrina entende que aludido comando não decorre de disposição


expressa, mas do sistema constitucional,que pode ser extraído dos seguintes
dispositivos constitucionais: 5º, LIII; 127, § 1º e 128, I e II.

Por outro lado, há quem defenda a sua previsão no artigo 128, § 5º, I, "b"
da CF, que dispõe:"Leis complementares da União e dos Estados, cuja
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a
organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público,
observadas, relativamente a seus membros:

I - as seguintes garantias:

b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante


decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da
maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa"

O artigo 5º, LIII da CF determina que "ninguém será processado nem


sentenciado senão por autoridade competente". Entende-seque o princípio
do Promotor Natural é uma extensão do Princípio do Juiz Natural. O termo
"processar" localizado no artigo citado, segundo Nelson Nery Júnior e Rosa
Maria Nery significa que "devem todos os promotores de justiça ocupar
cargos determinados por lei, vedado ao chefe do MP fazer designações
especiais, discricionárias, de promotor ad hoc para determinado caso ou
avocar autos administrativos ou judiciais afetos ao promotor natural".

Dessa forma já decidiu o STJ: "CONSTITUCIONAL - PROCESSUAL


PENAL - MINISTÉRIO PÚBLICO -PROMOTOR NATURAL - O
promotor ou o procurador não pode ser designado sem obediência ao
critério legal, a fim de garantir julgamento imparcial, isento. Veda-se,
assim, designação de promotor ou procurador ad hoc, no sentido de fixar
prévia orientação, como seria odioso indicação singular de magistrado para
processar e julgar alguém. Importante, fundamental e prefixar o critério de
designação. O réu tem direito público, subjetivo de conhecer o órgão do
ministério público, como ocorre com o juízo natural" (RESP 11722/SP,
Relator Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, 6ª Turma, 08/09/1992).

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Área Jurídica
Conceitos jurídicos

Trata-se de entendimento solidificado pelo STF.

Assim sendo, o réu tem o direito público subjetivo, além do de conhecer


quem o acusa, o de somente ser acusado por um órgão estatal escolhido de
acordo com critérios legais previamente fixados. O Plenário do STF, por
maioria de votos, já por inúmeras vezes afirmou a existência do princípio
do Promotor Natural, condenando a figura do promotor de exceção, por ser
incompatível com a Lei Maior de 1988. O Pretório Excelso afirmou que
somente o promotor natural é que deve atuar no processo, atuando ele em
zelo ao interesse público, garantindo a imparcialidade do órgão ministerial,
e sua atuação técnica e jurídica, de acordo com suas atribuições e
prerrogativas legais, preservando, assim, sua inamovibilidade.

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RISCO DE CAPTURA
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O Risco de Captura integra as características das Agências Reguladoras,
que possuem algumas restrições institucionais, sendo uma delas, a
denominada "quarentena" dos ex-dirigentes, previstas nas leis instituidoras
das principais agências reguladoras brasileiras, como a ANATEL, ANEEL,
ANP e ANS.

Os ex-dirigentes dessas agências, assim, ficam impedidos para o exercício


de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela
respectiva agência, por um período de quatro meses, contados da
exoneração ou término do seu mandato. Desta forma, evita-se que a
Agência possa atuar em prol dos interesses das empresas reguladas, sendo
que a expressão "risco de captura" pode ser ainda utilizada em sentido mais
amplo, abrangendo as principais situações em que se verifica, seja a
ineficácia do órgão regulador, seja a contaminação de sua atuação pelos
interesses de alguma das partes interessadas nas relações concernentes à
atividade regulada (Estado, usuários e consumidores ou as empresas).

Nessa acepção ampla, a "captura" descreve a situação em que o ente


regulador passa a atuar sem imparcialidade, favorecendo sistematicamente
uma das partes envolvidas com a atividade regulada ou passa a ser uma
estrutura inoperante, meramente figurativa. Pode significar o risco de
concussão (corrupção dos dirigentes), como também, a captura por
contaminação de interesses, em que o órgão regulador assume os valores e
interesses do regulado, como se fossem interesses da coletividade, a
captura por insuficiência de meios, que ocorre quando a atuação do agente
regulador é inviabilizada pela ausência ou má qualidade de seus recursos e
a captura pelo poder político, situação que ocorre quando não existem os

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Conceitos jurídicos

instrumentos legais capazes de assegurar a efetiva autonomia da agência


reguladora e ela passa a ser um mero agente dos interesses políticos-
partidários dos governantes.

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A SUCESSÃO E A SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
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A sucessão processual, e a substituição processual não se confundem.

A sucessão processual é a substituição da parte, em razão da modificação


da titularidade do direito material afirmado em juízo. É a troca da parte.
Uma outra pessoa assume o lugar do litigante originário, fazendo-se parte
na relação processual. Ex: morte de uma das partes.

A substituição processual ocorre quando alguém, autorizado por lei, age em


nome próprio na defesa de direito e interesse alheio. Ex: Ministério Público
ao defender deficientes físicos.

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PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL
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Os direitos sociais vinculam o legislador infraconstitucional no sentido de
exigir um comportamento positivo para a sua implementação, a exemplo da
regulamentação das políticas públicas, sempre com respeito ao "núcleo
essencial", isto é, sem impor condições desproporcionais que o tornem
ineficazes, sob pena de inconstitucionalidade.

Mais do que efetivos, os direitos sociais têm de seguir o princípio da


proibição do retrocesso social, que visa a impedir que o legislador venha a
desconstituir pura e simplesmente o grau de concretização que ele próprio
havia dado às normas constitucionais, ainda mais quando se tratam de
normas constitucionais de eficácia limitada, que dependem das normas
infraconstitucionais para se tornarem eficazes.

Desta forma, quando regulamentado um direito constitucional social o


legislador não poderia retroceder a matéria, o que poderia acontecer com a
revogação de uma norma, ou ainda, com qualquer medida prejudicial à sua
efetivação, como a imposição de exigências para o seu cumprimento, por
exemplo.

Assim, o princípio da proibição do retrocesso evita que o legislador venha a


revogar integralmente ou parcialmente um ou mais diplomas
infraconstitucionais que já se concretizaram a ponto de efetivar o direito

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Área Jurídica
Conceitos jurídicos

social constitucional, sendo possível, na ocorrência, impugná-la perante o


Poder Judiciário, face à inconstitucionalidade.

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MODALIDADE DE "CONCURSO" LICITAÇÃO
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Concurso é a modalidade de licitação usada para premiar trabalhos
artísticos, culturais e arquitetônicos, ou ainda técnicos e científicos,
mediante prêmio ou remuneração aos vencedores. Podemos citar como
exemplo um projeto de revitalização do centro da cidade e o concurso de
redações sobre os 500 anos do descobrimento do Brasil.

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NO QUE CONSISTE A MODALIDADE "PREGÃO" NA
LICITAÇÃO
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Pregão é modalidade de licitação regulada pela Lei 10.520, de 17/07/2002,
instituída para aquisição de bens e serviços comuns, quaisquer que sejam
os valores estimados para a sua contratação, na qual a disputa é feita em
uma sessão pública por meio de propostas de preços escritas e lances
verbais.

O procedimento é realizado pelo pregoeiro, previamente designado e


capacitado, auxiliado por uma equipe de apoio, visando garantir a compra
de maneira mais econômica, segura e eficiente para a Administração e
promover justa disputa entre os interessados.

O pregão, diferentemente das demais modalidades de licitação, tem as fases


do certame invertidas, conferindo maior desburocratização. Com isso, ele
pode prever somente o tipo menor preço, apresentando maior transparência,
competitividade e agilidade.

Após o credenciamento do responsável pela representação da licitante, a


quem compete ofertar lances e negociar em seu nome, são abertas as
propostas, dando início à etapa competitiva, com a sua análise e
classificação, negociação dos lances verbais e julgamento em favor da
oferta de menor preço

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HIPOTECA E QUAIS SÃO SUAS ESPÉCIES
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A hipoteca é um direito real de garantia sobre bens imóveis. Ao contrário
do penhor, que é um direito real de garantia sobre bem móvel, a hipoteca é

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Área Jurídica
Conceitos jurídicos

um direito real de garantia que afeta um bem imóvel para o cumprimento


de uma obrigação. Ela dispensa a tradição (a efetiva entrega da coisa), pois,
ao ser registrada (sem o registro, produz efeito apenas entre as partes), já
produz efeitos erga omnes. A hipoteca é sempre indivisível (art. 1.421 do
CC/2002), ou seja, somente com o cumprimento integral dela é que se pode
falar na liberação da hipoteca.

São espécies de hipoteca:

a) hipoteca convencional
b) hipoteca judicial
c) hipoteca legal.

a) Hipoteca convencional: deriva de ato de vontade do devedor. Exige o


registro para que possa produzir efeitos perante terceiros.

b) Hipoteca judicial: resulta de uma sentença condenatória. Também exige


o registro.

c) Hipoteca legal: não precisa de registro, mas sim de especialização. Está


prevista no art. 1.489 do CC/2002. A lei considera que determinados
credores são tão importantes que precisam ter garantia prevista em lei. São
eles:

(i) a Fazenda Pública sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da


cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas;

(ii) filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias,
antes de fazer o inventário do casal anterior (art. 1.523, inciso I, CC/2002);

(iii) o ofendido, ou os seus herdeiros, sobre os imóveis do delinqüente, para


satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais;

(iv) o co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre


o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente;

(v) o credor, sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do


restante do preço da arrematação;

(vi) tutelado, sobre o imóvel do tutor, enquanto durar a tutela.

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