&RQFUHWRFRQIHFFLRQDGRFRPHQWXOKRUHFLFODGR
DYDOLDomRGRGHVHPSHQKRHPIXQomRGRFRQVXPRGHFLPHQWR
³&RQFUHWRFRQIHFFLRQDGRFRPHQWXOKRUHFLFODGR
DYDOLDomRGRGHVHPSHQKRHPIXQomRGRFRQVXPRGHFLPHQWR´
6\QRSVLV: This study compares the performance of concretes made with natural aggregates
with those made with the mineral fraction of construction and demolition waste aggregates.
Compressive strength, abrasion and water permeability of all different concretes are
analyzed. The construction and demolition waste is constituted mainly by mortar, concrete
and ceramic blocks and ceramic tiles. The crushed waste was obtained from an actual
municipal materials recovery facility and a manual separation of non-mineral fractions
(mainly wood) was made. The results presented shows a superior performance of
construction and demolition waste aggregates in low cement content mixes
.
6 ( =RUGDQ eng. Civil, mestre pela UNICAMP, doutorando pela Escola Politécnica da
USP/ PCC, São Paulo, Brasil. E-mail: szordan@pcc.usp.br
9 $ 3DXORQ consultor, Prof. Titular da Faculdade de Engenharia da UNICAMP,
Campinas, Brasil. E-mail: paulon@fec.unicamp.br
90-RKQ Prof. Dr. do Departamento de Construção Civil da Escola Politécnica da USP
– PCC, São Paulo, Brasil - E-mail: vmjohn@pcc.usp.br
2(178/+286$'2&202$*5(*$'2
O resíduo utilizado nesta pesquisa originou-se de uma usina de reciclagem que recebe o
entulho da indústria da construção, separa materiais como metal, vidro, papel e plástico
(passíveis de uma segregação manual e não minuciosa) e tritura a fração restante, que é
constituída quase que integralmente por minerais, em britadores de impacto. As amostras
foram coletadas seguindo-se as prescrições da 1%5 ³$PRVWUDJHP GH
5HVtGXRV´, em dias e semanas distintos, de forma a obter-se uma representatividade
aceitável do resíduo.
$&RPSRVLomRGR(QWXOKR
A análise qualitativa do resíduo foi efetuada apenas no material retido na peneira 4,8
mm, pois a caracterização foi feita “a olho nu”, o que impedia que os materiais menores
pudessem ser identificados. Para se chegar à quantidade analisada, utilizou-se a orientação
da NBR 9941/ 87 - “Redução de Amostra de Campo de Agregados para Ensaios de
Laboratório”. A Figura 1 apresenta a composição média do entulho. Pode-se observar que
houve uma predominância das argamassas (37,4%), seguida pelo concreto (21,1%) e pelos
materiais cerâmicos não polidos (20,8%).
$*UDQXORPHWULDGR5HVtGXR
O resíduo estudado apresentou uma ótima distribuição granulométrica, o que favorece
o seu bom desempenho como agregado no concreto, uma vez que a presença de diferentes
diâmetros permite um melhor rearranjo entre sua partículas. Conforme mostra a Figura 2,
todas as quatro amostras analisadas (A, B, C e D) mostraram uma distribuição muito
semelhante. Pode-se observar que em todas as amostras, cerca de 50% do resíduo passou
pela peneira 4,8mm, significando que cada uma das amostras é constituída por
aproximadamente metade de material graúdo e metade de miúdo.
O módulo de finura do agregado miúdo ficou entre 2,55 e 2,67: amostra A: 2,55,
amostra B: 2,67, amostra C: 2,57 e amostra D: 2.57.
$&21)(&d2'2&21&5(72
*UDQXORPHWULDGR5HVtGXR8WLOL]DGR
O entulho utilizado foi separado de acordo com a dimensão de suas partículas em
material miúdo e material graúdo. Como as diretrizes do estudo propunham (a) usar a
maior quantidade possível do material produzido pela usina e (b) introduzir o mínimo de
energia no processo, ou seja, utilizar o resíduo o mais próximo possível do estado em que
ele é gerado no processo de reciclagem, utilizou-se as seguintes granulometrias:
• agregado miúdo: toda a fração de entulho passante pela peneira 4,8mm;
• agregado graúdo: toda a fração passante pela peneira 38 mm e retido pela peneira 4,8mm.
Adotou-se a peneira 38mm como o limite superior para a dimensão do agregado
graúdo, pois esta peneira excluía apenas cerca de 1,5% a 3% do entulho. Usar esse material
comprometeria a dimensão dos corpos de prova e, comercialmente, tal dimensão de
agregado tem utilidade restrita.
0DVVD(VSHFtILFDGRV$JUHJDGRV8WLOL]DGRV
- areia grossa: 2,63g/cm3
- brita: 2,92g/cm3
- entulho - miúdos:
$PRVWUD $ % & '
γJFP 2,54 2,50 2,42 2,54
- entulho - graúdos:
$PRVWUD $ % & '
γVJFP 2,01 1,94 2,01 2,09
7UDoRVH5HODomRÈJXD&LPHQWR
Objetivando avaliar o comportamento deste concreto em várias faixas de consumo de
cimento, utilizou-se os traços, em massa, de 1:3 ; 1:5 e 1:7, ficando, dessa forma,
representado desde um concreto mais rico (1:3), até um mais pobre, com menor consumo
de cimento (1:7).
A relação água/ cimento utilizada em cada traço e para cada amostra, foi definida por
tentativas, de forma a se obter uma consistência preestabelecida. Para o concreto
confeccionado com o entulho, esta consistência foi definida durante o estudo de dosagem e
estipulada, em abatimento, de 3±1cm (“slump test”). Chegou-se a este valor, considerando-
se como valores de contorno a melhor trabalhabilidade do concreto e o menor consumo de
água. Para o concreto confeccionado com os agregados tradicionais, que foi utilizado como
elemento de referência, a consistência adotada foi de 5±1cm, obtida da mesma forma que a
do concreto com entulho. Os valores obtidos estão apresentados na Tabela 1.
6(=RUGDQ9$3DXORQ90-RKQ
Observou-se que os valores da relação a/c utilizados são bem maiores que os
comumente empregados na confecção do concreto de referência. Tal fato decorre da
grande capacidade de absorção do entulho, principalmente pela fração constituída por
materiais cerâmicos. No entanto, é importante ressaltar, que somente parte da água
representada pela relação a/c será disponível para as reações de hidratação do cimento,
pelo menos nas primeiras idades, pois parte dela ficará temporariamente retida nos poros
do agregado.
5(68/7$'26
5HVLVWrQFLDj&RPSUHVVmR
O comportamento do concreto ao ensaio de resistência à compressão simples está
representado pela Figura 3. Analisando a resistência à compressão em função dos traços
utilizados (1:3, 1:5 e 1:7) verifica-se que a diferença entre as resistências do concreto
tradicional e a do concreto com entulho aumentam quanto mais rico for o traço, ou seja,
para os traços mais pobres (aqui representados por 1:7) as diferenças entre as resistências
são praticamente existentes.
No entanto, a massa específica do entulho e a dos agregados convencionais utilizados
são significativamente diferentes. Além disso, a relação a/c variou em função das amostras
e dos traços utilizados, o que ocasionou diferentes consumos de cimento para cada
concreto. Logo, como os resultados estão sendo comparados com o do concreto de
referência, analisar os resultados da resistência à compressão sem levar em conta o
consumo de cimento, acaba, de certa forma, mascarando os resultados. A Figura 4 mostra a
diferença existente entre as duas formas de análise. Ela apresenta os valores da resistência
para cada traço (linhas tracejadas) e os valores “resistência /consumo de cimento”. Para
poder compará-los, estes valores estão expressos em função da porcentagem que eles
alcançam em relação ao concreto de referência.
Portanto, talvez a forma mais correta de análise da resistência à compressão, neste
trabalho, seja trabalhar com a relação “resistência à compressão / consumo de cimento”
(R/C). Assim, a Figura 5 trabalha com este conceito, ou seja, para cada ponto plotado no
gráfico calculou-se (a) a relação R/C e (b) o quanto este valor representa da relação R/C do
concreto de referência.
Verifica-se que, quando se utiliza traços mais pobres (por exemplo 1:7), a relação R/C
para o concreto com entulho, equivale a mais de 110% da mesma relação para o concreto
referência, ou seja, para um mesmo consumo de cimento, o entulho produz concretos com
resistências à compressão superiores às fornecidas pelo agregado tradicional (areia + brita).
Isto pode-se explicar pelos seguintes fatos:
• quanto mais rico o traço utilizado - e portanto maior o consumo de cimento -, mais
resistente será a pasta de cimento e a parte mais frágil do concreto, neste caso, é o
agregado ou a zona de transição;
• provavelmente, o cimento presente no entulho possui ainda uma boa capacidade
cimentícia, colaborando desse modo, para o aumento da resistência do concreto
quanto mais fraco for o traço utilizado;
6(=RUGDQ9$3DXORQ90-RKQ
5HVLVWrQFLDDR'HVJDVWHSRU$EUDVmR
As resistências ao desgaste por abrasão demonstraram uma superioridade dos concretos
onde se utilizou o entulho como agregado, conforme apresenta a Figura 6. Conforme a
1%5 0% “0DWHULDLV ,QRUJkQLFRV 'HWHUPLQDomR GR 'HVJDVWH SRU
$EUDVmR´o parâmetro utilizado para medir esta resistência é o desgaste sofrido pelo corpo
de prova quando exposto a um percurso simulado de 1.000 metros. Este desgaste ficou em
média, 26,5% menor que o medido no concreto de referência.
Considerando a NBR ³/DGULOKR +LGUiXOLFR´ utilizada como parâmetro para
avaliar este ensaio em pisos de concreto, os concretos confeccionados com as diferentes
amostras de entulho foram aprovados no ensaio de resistência ao desgaste por abrasão, já
que segundo ela, o desgaste aos 1.000m deve ser inferior a 3mm; poderiam, portanto,
serem utilizados em pisos de circulação de pessoas (como piso de hipermercados).
3(50($%,/,'$'('2&21&5(72
No ensaio de permeabilidade do concreto, os valores do coeficiente kT (que mede a
permeabilidade do concreto ao ar) foram fornecidos por um aparelho denominado
“Permeator”. Tais valores estão apresentados na Tabela 2. Nota-se que os valores da
permeabilidade estão bastante semelhantes aos obtidos pelo concreto de referência - R
(areia e brita) - e que apenas a amostra B obteve um valor superior. Justamente esta
amostra apresentou problemas num corpo de prova testado.
Para efeito de classificação da impermeabilidade do concreto, o método que utiliza o
“Permeator” utiliza uma escala que vai de 0 (muito pobre) a 5 (excelente). Levando em
consideração esta classificação, as amostras produziram concretos com as seguintes
qualidades de superfícies:
$02675$6 $ % & ' 5
4XDOLGDGH ERD ERD PXLWRERD ERD ERD
&859$'($%5$06
Mesmo com a heterogeneidade apresentada em sua composição (que depende de
fatores como local, época e situação econômica na qual ele é gerado), o entulho consegue
produzir concretos cujas características permanecem dentro de regras que geralmente
regem o comportamento do concreto convencional. Um exemplo disso é a obtenção da
Curva de Abrams, que relaciona a resistência à compressão com as relações a/c utilizadas,
conforme apresenta a Figura 7.
6(=RUGDQ9$3DXORQ90-RKQ
&21&/86®(6
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
$*5$'(&,0(1726
/,67$'(7$%(/$6
/,67$'(),*85$6
7$%(/$&RQVLVWrQFLDUHODomRDFHFRQVXPRGHFLPHQWR
7$%(/$9DORUHVGRVFRHILFLHQWHVGHSHUPHDELOLGDGHN7REWLGRVP
$PRVWUDV
&RUSRVGH3URYD $ % & ' 5
&3 0,148 0,290 0,022 0,014 0,174
&3 0,125 --- 0,067 0,243 0,066
0pGLD
6(=RUGDQ9$3DXORQ90-RKQ
Pedras Outros
17,7% 0,5%
Argamassa
37,4%
Concreto
21,1%
Cerâmica
polida
Cerâmica 2,5%
20,8%
)LJ3RUFHQWDJHPPpGLDGRVFRQVWLWXLQWHVGRHQWXOKR
100,0
% Passante
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,15 0,3 0,6 1,2 2,4 4,8 9,5 19 38
Peneiras
Amostras: A B C D
)LJ&XUYDVJUDQXORPpWULFDVGDVDPRVWUDVHVWXGDGDVDFXPXODGD
60,0
Resistência (MPa)
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
A B C D R
Amostras
Traços: 1:3 1:5 1:7
)LJ5HVXOWDGRVGRVHQVDLRVGHUHVLVWrQFLDjFRPSUHVVmRDRVGLDV
6(=RUGDQ9$3DXORQ90-RKQ
&RQFUHWRHQWXOKR&RQFUHWRUHIHUrQFLD 120
100
80
60
40
20
A B C D
$PRVWUDV
120
Concreto Convencional
5
HQWXOKR5
UHIHUrQFLD
100
80
60
40
3 4 5 6 7
7UDoRV[
5
UHVLVWrQFLDFRQVXPR
)LJ5HVLVWrQFLDjFRPSUHVVmRFRQVXPRGHFLPHQWR±VXSHULRULGDGHGRFRQFUHWR
FRPHQWXOKRSDUDEDL[RFRQVXPRGHFLPHQWR
6(=RUGDQ9$3DXORQ90-RKQ
3
'HVJDVWHDRVPPP
0
A B C D R
Amostras
)LJ9DORUHVREVHUYDGRVQRHQVDLRGHGHVJDVWHjDEUDVmR
)LJ&XUYDGH$EUDPV