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Convenção de Minamata: análise dos


impactos socioambientais de uma solução
em longo prazo
Minamata Convention: analysis of the socio-environmental impacts
of a long-term solution

Rafaela Rodrigues da Silva1, Jeffer Castelo Branco2, Silvia Maria Tagé Thomaz3, Augusto Cesar4

RESUMO O objetivo do presente estudo foi estimar e analisar a magnitude dos impactos socio-
ambientais adversos durante o período de moratória previsto na Convenção de Minamata para
duas fontes de emissão de mercúrio: os setores das indústrias de cloro-álcalis e das lâmpadas
fluorescentes. A aplicação do modelo conceitual integrado Driver-Pressure-State-Impact-
Response (DPSIR), do estudo de caso e de cálculos a partir de dados setoriais disponíveis
encontrou a emissão total estimada de 18.6 mil toneladas de mercúrio, que impactará os di-
versos compartimentos ambientais e a vida neles inserida. O período de moratória outorgado
pela Convenção de Minamata não se justifica, porque já existem tecnologias alternativas que
substituem tanto as células eletrolíticas, como as lâmpadas, sem causar poluição de mercúrio.

PALAVRAS-CHAVE Intoxicação por mercúrio. Impacto ambiental. Saúde.

1Universidade Federal ABSTRACT The objective of this study was to estimate and to analyze the extent of the socio-envi-
de São Paulo (Unifesp),
Núcleo de Estudos, ronmental adverse impacts during the moratorium period provided in the Minamata Convention
Pesquisas e Extensão em for two mercury emission sources: the industrial sectors of chlor-alkalis and of fluorescent lamps.
Saúde Socioambiental –
Santos (SP), Brasil. The application of the conceptual integrated model DPSIR, of the case study and calculations
raffaellarodrigues@hotmail. utilizing available sectorial data has found an estimated total emission of 18.6 thousand tons of
com
mercury, which will impact several environmental compartments and life in them. The moratori-
2 Universidade Federal
um period granted by the Minamata Convention is not justified because alternative technologies
de São Paulo (Unifesp),
Núcleo de Estudos, already exist that replace both electrolytic cells and bulbs without producing mercury pollution.
Pesquisas e Extensão em
Saúde Socioambiental –
Santos (SP), Brasil. KEYWORDS Mercury poisoning. Environmental impact. Health.
jcbranco@unifesp.br

3 Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp),
Núcleo de Estudos,
Pesquisas e Extensão em
Saúde Socioambiental –
Santos (SP), Brasil.
silviamtt@uol.com.br

4 Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp),
Instituto do Mar - Santos
(SP), Brasil.
acesar@unifesp.br

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 41, N. ESPECIAL, P. 50-62, JUN 2017 DOI: 10.1590/0103-11042017S205
Convenção de Minamata: análise dos impactos socioambientais de uma solução em longo prazo 51

Introdução maiores e, por sua vez, vêm aumentando


significativamente desde o início do período
O mercúrio é um metal líquido nobre que industrial (POULIN; GIBB, 2008).
se apresenta nas espécies metálico elemen- As reações químicas do mercúrio no
tar, em compostos orgânicos e inorgânicos e meio ambiente são complexas, e, uma vez
nos estados de oxidação Hg°, Hg¹ e Hg². O liberado pela ação antrópica, consideran-
metal é tóxico e vaporiza mesmo a zero grau do sua volatilidade, seu ciclo biogeoquími-
célsius. É persistente no meio ambiente, co, proporcionando circulação entre solo,
sendo ainda muito utilizado na sociedade. ar e água, somados à circulação e aos fenô-
Os efeitos deletérios do mercúrio vêm menos atmosféricos, o mercúrio pode ser
sendo observados há décadas, sobretudo no encontrado nos locais mais distantes do
ambiente de trabalho. Os ourives e chape- planeta Terra. O metal mercúrio quando
leiros, por exemplo, apresentavam sinais e liberado é um poluente que tende a ficar
sintomas de mercurialismo crônico ocupa- em suspensão de 4 meses até um ano na
cional, devido ao contato constante com os atmosfera, reagir com outras substâncias
vapores do mercúrio em sua forma elemen- ali presentes e sofrer deposição, podendo,
tar (a expressão ‘chapeleiro maluco’ vem da nesse ciclo, tornar-se orgânico por fatores
atividade laboral dos chapeleiros no século bióticos (WATKINS III; KLAASSEN, 2012). Embora a
XIX). Indo mais longe, no império romano, forma orgânica do mercúrio seja conside-
cristãos e escravos eram obrigados a traba- rada a mais tóxica (metilmercúrio), o mer-
lhar nas minas de mercúrio (ZAVARIZ, 1994). cúrio elementar e o mercúrio inorgânico
O despertar da consciência pública para também o são.
as consequências do mercúrio e de seus com- Pesquisas recentes mostram que o mer-
postos se ampliou na década de 1960 com o cúrio provoca alteração no comportamen-
desastre ambiental no Japão, onde, por mais to sexual de aves (CONDON; CRISTOL, 2009), no
de vinte anos, uma indústria lançou em seus entanto, outras espécies que se alimentam
efluentes líquidos o mercúrio em sua forma de peixes também já apresentam níveis
orgânica diretamente na baía de Minamata. detectáveis de metilmercúrio (FREDERICK;
A baía, situada no arquipélago sul do País, JAYASENA, 2011). Embora mais escassos, ainda
foi contaminada pelos rejeitos da empresa há casos de crianças com diagnóstico de
Chisso, que contaminou a fauna marinha contaminação por mercúrio (acrodínia),
e, por meio da cadeia trófica, alcançou o ressaltando-se que o diagnóstico pode
homem. Além das sequelas no corpo e na ser confundido com o de outras doenças
mente das vítimas, Minamata também é uma (KHODASHENAS; AELAMI; BALALI-MOOD, 2015).
história de luta política da população para o O mercúrio é considerado um desregu-
reconhecimento da ‘Doença de Minamata’ lador endócrino. Estudos indicam que, em
ou do ‘Mal de Minamata’. sua forma orgânica, pode causar inferti-
Apesar da modernidade tecnológica, do lidade masculina (DUARTE, 2008). Foi encon-
avanço das leis de proteção do ambiente de trado mercúrio em maiores concentrações
trabalho, o mercúrio e seus compostos ainda em biópsias dos seios de mulheres com
são utilizados em processos e produtos em câncer de mama (INCA, 2012). Testes geno-
todo o mundo, principalmente em países pe- tóxicos revelam mutações, responsáveis
riféricos. Sendo assim, é de difícil controle a pelo surgimento de cânceres. Há possibi-
exposição aos vapores do metal no ambiente lidade de o surgimento do câncer por ex-
de trabalho. Apesar de existir naturalmente posição estar relacionado à capacidade do
em quantidades traço na crosta terrestre, mercúrio de afetar o sistema imunológico
as emissões antrópicas de mercúrio são (CARDOSO, 2001).

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52 DA SILVA, R. R.; CASTELO BRANCO, J.; THOMAZ, S. M. T.; CESAR, A.

O comportamento do mercúrio na natu- retardo mental, até a morte.


reza, com sua característica de reagir e se Apesar de o tratado internacional ser um
transformar, aumentando a toxicidade, é uma avanço para a proteção da saúde humana e
ameaça às várias formas de vida no meio am- do meio ambiente, traz períodos longos de
biente, principalmente considerando que não moratória para processos e produtos que
há controle uma vez que ele é emitido. Em contêm mercúrio. Por exemplo: produtos
2002, o Programa das Nações Unidas para o como baterias, computadores, interrupto-
Meio Ambiente (PNUMA) declarou que os res, lâmpadas fluorescentes, cosméticos,
níveis de mercúrio já se encontram altos tanto barômetros, higrômetros, manômetros, ter-
em peixes de água doce e salgada quanto em mômetros, esfigmomanômetros, pesticidas,
pessoas das quais o pescado faz parte da dieta biocidas e antissépticos terão moratória de
regular. Esses níveis podem ser responsáveis uso até 2020; a produção de cloro-álcalis
por efeitos adversos à saúde (UN, 2002). com células de mercúrio, até 2025; e a pro-
A partir de evidências de que a saúde dução de acetaldeído, até 2018. A Convenção
pública e coletiva corre sérios riscos com exclui de proibição diversos outros produ-
o lançamento desordenado do mercúrio tos e atividades com mercúrio, tais como os
no meio ambiente, iniciaram-se as discus- destinados a: proteção civil ou uso militar,
sões em âmbito político internacional, que produtos para pesquisa, calibração de ins-
duraram cerca de seis anos, resultando trumentos, práticas culturais e religiosas e
na realização de um tratado internacio- vacinas com timerosal.
nal juridicamente vinculante que tem o Há outras atividades e outros produtos
objetivo de proteger a saúde humana e o dos quais a Convenção de Minamata não
meio ambiente das emissões antrópicas de prevê eliminação, mas sugere controle, tais
mercúrio e seus compostos. Em outubro como: usinas elétricas e caldeiras movidas
de 2013, a Convenção de Minamata para a carvão mineral, processos de fundição e
o mercúrio teve o texto final aprovado e torrefação utilizados para a produção de
assinado por 92 países, entre eles, o Brasil. metais não ferrosos, instalações de incinera-
Atualmente, conta com 128 assinaturas e ção de resíduos, instalações de produção de
28 ratificações, lembrando que somente cimento, mineração de ouro artesanal e em
após o 50º país apresentar à secretaria da pequena escala, produção de monômeros
Convenção o documento de ratificação é de cloreto de vinila, metilato ou etilato de
que a mesma passa a vigorar formalmente sódio ou potássio, produção de poliuretano,
em âmbito internacional. usando catalisadores contendo mercúrio, e o
A Convenção tem por intuito a proteção, amálgama dentário.
principalmente, das populações considera- Devido à grande variedade de setores e
das mais vulneráveis ao mercúrio, como os produtos contendo mercúrio cobertos pela
fetos, as crianças e as gestantes. O mercúrio Convenção de Minamata e à dificuldade
orgânico pode ultrapassar a barreira placen- de obtenção de dados para uma análise
tária com maior eficiência, sendo possível completa dos impactos gerais, este estudo
encontrar a espécie inorgânica no líquido fez um recorte para avaliar duas ativida-
amniótico e também no leite materno des críticas consideradas na Convenção
(AZEVEDO, 2003). O mercúrio devasta o sistema de Minamata. A primeira, tendo em vista
neurológico no momento que o ser humano a disseminação de mercúrio com a co-
ainda se encontra em desenvolvimento, in- mercialização de lâmpadas em todo ter-
clusive fetal. Os danos do mercúrio variam, ritório nacional e mundial, e a segunda,
podendo, por exemplo, ir desde o déficit de considerando o uso de volumes expres-
atenção, cegueira, surdez, atrofia muscular, sivos de mercúrio, como na produção de

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cloro-álcalis. O cloro é utilizado na fa- Análise dos impactos


bricação de policloreto de vinila (PVC), causados pelas lâmpadas de
solventes e agroquímicos clorados e para
fins sanitários. Os álcalis, principalmente
mercúrio através do modelo
a soda cáustica, são utilizados na fabrica- DPSIR: Driving Forces,
ção de sabões, detergentes e em diversos Pressures, State, Impact
usos industriais, tais como, nos setores and Response
metalúrgico, têxtil, alimento, farmacêuti-
co, entre outros. O modelo DPSIR, acrônimo que, em por-
Dessa forma, o objetivo do presente tra- tuguês, significa: Força Motriz – Pressão
balho foi analisar os impactos do período de – Estado – Impacto – Resposta, desenvol-
moratória desses dois setores, o de lâmpadas vido pela European Environmental Agency
fluorescentes, por meio do modelo conceitu- (EEA), contribui para organizar o pensa-
al integrado DPSIR (Driver-Pressure-State- mento analítico sobre determinado proble-
Impact-Response), e o setor de cloro-álcalis, ma ambiental. O modelo possibilita analisar
por meio de estudo de caso e também por um dado problema desde sua origem, seus
meio de cálculos de emissões. desdobramentos, até medidas que visem à
Os totais das emissões nacionais e inter- mitigação do impacto, considerando a gestão
nacionais desses dois setores produtivos ecossistêmica que busca interação entre
durante o período de moratória proposto no meio ambiente, economia e sociedade e o
tratado foram calculados a partir de dados desenvolvimento sustentável.
coletados de fontes variadas, tais como a No DPSIR, as forças motrizes são as neces-
Associação Brasileira da Indústria Álcalis, sidades humanas que pressionam o meio am-
Cloro e Derivados (Abiclor), o Ministério do biente, e o resultado dessas pressões se reflete
Meio Ambiente e o World Chlorine Council no estado da condição ambiental, que, por sua
(WCC) para cloro-álcalis; a Associação vez, afeta as condições sociais e econômicas,
Brasileira da Indústria de Iluminação tendo por resultado o impacto, que, no que
(Abilux) e a Associação Chinesa da Indústria lhe concerne, demanda repostas da sociedade
da Iluminação para o setor de lâmpadas. que o engendrou (PEREIRA, 2015) ( figura 1).

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Figura 1. Exemplo de interação dos elementos no modelo analítico DPSIR para lâmpadas fluorescentes

D
Demanda por serviços
básicos para melhoria
de vida.
Ex: energia
elétrica/iluminação.

I
Contaminação de solo,
ar e água por acúmulo
P de lâmpadas
descartadas
Consumo excessivo impropriadamente.
R
de lâmpadas
fluorescentes. Política Nacional de
Resíduos Sólidos

Acordo setorial de
lâmpadas fluorescentes de vapor
de sódio e mercúrio e de luz
mista.
S
Convenção de Minamata
Lâmpadas em
lixões a céu aberto,
aterros e
incineradores.

Considerando que a destinação das de 80% do consumo de energia luminosa


lâmpadas fluorescentes após a sua vida (CAMBESES POLANCO, 2007), mas não foi utilizada
útil se torna um problema ambiental, na estratégia para adequar o aumento do uso
medida em que seu descarte é, na maioria das lâmpadas fluorescentes em função dos
das vezes, realizado em local inapropriado riscos inerentes.
ou de maneira inapropriada e em quan- As lâmpadas fluorescentes compactas,
tidades massivas, utilizou-se o método tubulares e mistas, após o uso, são listadas
DPSIR para analisar esse contexto como como resíduos perigosos classe 1, constan-
condicionante ambiental. tes no anexo B da NBR 1004 da Associação
A partir do aumento do consumo da popu- Brasileira de Normas Técnicas. Por
lação, geometricamente maior do que o cres- pressão ambiental, temos o armazena-
cimento populacional, mesmo não atingindo mento inadequado das lâmpadas pós-con-
a totalidade da sociedade, observa-se como sumo, as quebras de lâmpadas no descarte
força motriz a demanda por energia elétrica em aterros e lixões, não havendo controle
luminosa e, por pressão, o consumo excessi- desses impactos.
vo de lâmpadas fluorescentes, principalmen- Após o fim de sua vida útil, as lâmpadas
te após a crise energética de 2001 no País. A passam a ser consideradas uma ‘externalida-
resposta do governo brasileiro e de setores de’ para os produtores, que não se envolvem
energéticos foi adotar a política de substi- no resultado do seu produto após o uso. Não
tuição das lâmpadas incandescentes por flu- há como se ter precisão da quantidade de
orescentes, que culmina em 2016 (MONTEIRO; mercúrio inserida nas lâmpadas que entram
MEIRIÑO, 2015). Como impacto, houve a redução no mercado. E, completando quadro, não há

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qualquer esforço para a elevação da cons- empresas e associações de lâmpadas e rea-


ciência pública sobre os riscos ambien- lizados cálculos para estimar a quantidade
tais e à saúde, relacionados ao pós-uso de emissão desse setor no período.
das lâmpadas fluorescentes e de outros
modelos com mercúrio.
Na esfera dos impactos, durante a elabora- Estimativa de emissão
ção do DPSIR, considerou-se que há pessoas acumulada da indústria
sensíveis à exposição aos raios ultravioletas
das lâmpadas e à sua cintilação, envolvendo
de lâmpadas de mercúrio
problemas de pele, olhos, neurológicos e até devido à moratória
do sistema imunológico (EUROPEAN COMMISSION, oferecida na convenção de
2012). Outro impacto do setor de lâmpadas vem
Minamata
do setor produtivo, com trabalhadores intoxi-
cados por mercúrio no ambiente de trabalho. O Brasil importa, em média, 313.000.000
As lâmpadas LED (diodos emissores de de lâmpadas por ano (BRASIL, 2016). As lâmpa-
luz) possuem maior eficiência energética. das fluorescentes tubulares possuem, em
Embora possam ser consideradas como res- média, no seu interior, 15 mg/Hg, as com-
posta, ou seja, uma alternativa às lâmpadas pactas 4 mg/Hg, as mistas 17 mg/Hg, as de
fluorescentes, elas também possuem subs- vapor de mercúrio 32 mg/Hg, as de vapor
tâncias nocivas, como chumbo, de modo de sódio 19 mg/Hg e as de vapor metálico 45
que seu manuseio pós-uso requer cuidados. mg/Hg (AMBIENSYS, 2014).
Como resposta, também temos em âmbito Em 2014, foram comercializadas 250
nacional a Política Nacional de Resíduos milhões de lâmpadas compactas, 100
Sólidos (PNRS), em vigor desde 2010, e, milhões de tubulares e 11 milhões de sódio/
ainda, o acordo setorial de lâmpadas fluo- metálico, que também contêm mercúrio
rescentes, de vapor de sódio (com mercú- (ABILUX, 2015) (tabela 1). E, ainda, 300 milhões
rio) e luz mista, assinado em 2014 entre o de lâmpadas incandescentes. Após a proi-
Ministério de Meio Ambiente e o setor de bição da produção e da comercialização
lâmpadas. A resposta internacional para o destas, em 2016, outras lâmpadas, como
problema ambiental das lâmpadas contendo LED, LFC e tubulares (as duas últimas de
mercúrio é a Convenção de Minamata. Hg), passam a ser consumidas no seu lugar.
A fim de qualificar melhor os pos- Considerando que essas lâmpadas de mer-
síveis impactos em saúde ambiental cúrio possuem em seu interior, respectiva-
que o período de moratória acarretará, mente, 4, 15 e 32 mg, chega-se a uma taxa de
foram coletados dados indiretos junto às 8 mg por lâmpada, em média.

Tabela 1. Quantidade média estimada de Hg por lâmpadas


Consumo por Tipo de Lâmpada e Total de Hg – BRASIL
Quantidade de Lâmpadas Quantidade de Hg Total de Hg
250 milhões de compactas 4 mg 1.000.000.000 mg
100 milhões de tubulares 15 mg 1.500.000.000 mg
11 milhões (sódio/metálico) 32 mg 352.000.000 mg
Total Média de 8 mg/lâmpada 2.852.000.000 mg

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A Convenção de Minamata introduziu de mercúrio, sem considerar a taxa de 6%


uma moratória para a produção de lâmpa- de reciclagem. Em âmbito mundial, com
das até 2020, podendo os países signatários, uma produção de 6,69 bilhões (BEIGL, 2016)
ainda, com justificativa, estender essa mora- de lâmpadas, considerando uma taxa de
tória até 2030. Considerando que, no Brasil, 8 mg de mercúrio por lâmpada, teremos a
usa-se, anualmente, 313.000.000 de lâmpa- emissão estimada de 909.840 kg de mercú-
das, pode-se estimar que essas lâmpadas no rio, sem considerar os 20% de reciclagem
final de seu ciclo introduzam no meio am- (tabela 2). A tabela 2 abaixo, apresenta os
biente cerca 2.504 kg/Hg/ano. cálculos estimados de mercúrio introdu-
O período de moratória se estendendo zido no meio ambiente, considerando que
por 17 anos (2013-2030), serão introduzi- o mercúrio reciclado não será liberado no
dos no meio ambiente pelo Brasil 42.568 kg meio ambiente.

Tabela 2. Emissão estimada de Hg pelo total de lâmpadas descartadas


ESTIMATIVA DE EMISSÃO E LIBERAÇÃO DE HG POR DESCARTE DE LÂMPADAS
Âmbito Produção de Lâmpadas Mg/Hg por lâmpada Totais/Kg/Hg/ano
Brasil 313.000.000 por ano 8 2.504
Mundo (China) 6.690.000.000 por ano 8 53.520
Emissão estimada na pior Hipótese com Produção e Descarte até 2030
Brasil (17 anos) 42.568 Kg Mundo (17 anos) 909.840 Kg
Brasil (6% de reciclagem) 40.014 Kg Mundo (20% de reciclagem) 727.872 Kg

Estudo de caso de uma conter o desenvolvimento e o progresso eco-


indústria de cloro- nômicos. Assim, verifica-se na sociedade a
massificação de um pensamento linear, ime-
álcalis que utiliza células diato, que não considera a finitude dos recur-
eletrolíticas de mercúrio sos naturais, tampouco a sua contaminação e
degradação, que pressiona os ecossistemas,
Através do estudo de caso, analisou-se a bem como o bem-estar dos trabalhadores e
questão do impacto ambiental por mercúrio da população urbana.
em uma indústria brasileira de cloro e álcalis A indústria analisada no estudo é líder no
que ainda utiliza o metal no processo eletro- mercado de cloro e derivados. Produz cloro
lítico. Um dos argumentos que são utilizados líquido, soda cáustica em escama e líquida
no que se refere à mudança de tecnologia e derivados da produção, como hipoclori-
nos processos obsoletos que agridem o meio to de sódio, ácido clorídrico e dicloroeta-
ambiente é o alto custo da reestruturação, no. É fornecedora de matéria-prima para a
que é uma ameaça à empregabilidade. Dessa produção industrial nacional de produtos
maneira, cria-se entre as pessoas um pensa- variados, que vão de alimentos a outros pro-
mento e um comportamento conservadores dutos químicos, como os solventes clorados.
de aceitação das práticas nocivas ao meio Os principais produtos da empresa, como
ambiente, em que se entende que o cuidado o cloro, são utilizados nas ações de sanita-
com o meio ambiente seria uma forma de rismo. A Companhia tem em torno de 700

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funcionários, entre fixos e terceirizados, e crianças do mesmo local que não consumiam
está localizada em uma cidade que possui nenhum tipo de peixe (SANTOS FILHO ET AL., 1993).
um dos maiores parques industriais do País. A indústria tem causado impactos am-
Apesar da grande riqueza produzida pelo bientais relacionados ao mercúrio e a outros
conjunto industrial da região metropolitana, poluentes e, desde 2003, está na relação de
do qual a indústria do estudo faz parte, a dis- áreas contaminadas do órgão ambiental do
tribuição é deficiente, uma vez que o municí- estado em que se encontra. Nesses docu-
pio que abriga essa indústria possui um dos mentos, constam fontes diversas de contami-
índices de pobreza, violência e criminalida- nação: armazenagem, descarte, disposição,
de mais altos da região (homicídio doloso, produção, infiltração, manutenção. Os meios
furto e roubo de veículos), além da carência impactados são as águas superficiais, o solo
de sistema de esgoto adequado, entre outros superficial e o subsolo (dentro da proprieda-
indicativos precários de saúde. É oriundo de), as águas subterrâneas e os sedimentos
do pacote desenvolvimentista ditatorial o (fora da propriedade). Devido a esses apon-
crescimento sem os devidos planejamentos tamentos, a empresa se encontra em recupe-
urbano, socioeconômico e ambiental do ter- ração ambiental (SÃO PAULO, 2015).
ritório da cidade que abriga essa indústria de A indústria estudada foi autuada por não
cloro-álcalis, devido à expansão industrial. realizar exames complementares nos traba-
Desde os anos 1960, essa produtora de lhadores expostos ao Hg. Houve casos de in-
cloro e derivados atua no polo industrial e, toxicação de trabalhadores por Hg metálico,
entre as sete indústrias do ramo de adubos porém, a indústria não permitiu a realização
e petroquímicos estudadas pela Companhia de testes aprofundados, como, por exemplo,
Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) a bateria de exames neuropsicológicos para
na década de 1970, foi a que mais contribuiu detecção de sintomas e sinais de hidrargiris-
para a poluição por mercúrio do rio de im- mo em pessoas cujo exame de urina se apre-
portante uso para a região onde está situada sentava entre 5 e 35 ug de Hg/g.
(HORTELANNI, 2003). Na década de 1975, chegou a Em 2013, análises de emissões atmos-
consumir 440 gramas de mercúrio por tone- féricas das indústrias de cloro-álcalis
lada de cloro produzido, com perda estimada mostraram que há emissões de mercúrio at-
em 40 toneladas/ano. Assim como as demais mosférico, inclusive a do estudo de caso, que
do mesmo segmento, a indústria desenvolve apresentou emissão constante e maior do
projetos de responsabilidade social e am- que as demais indústrias analisadas (CASTELO
biental e, dessa forma, explora o marketing BRANCO, 2013). O que se verifica é a ausência de
verde com a imagem de empresa amiga do avaliação atmosférica rigorosa e constante
meio ambiente, preocupada com a saúde e a (transparente, pública e esclarecida) junto
qualidade de vida da população local, apesar às indústrias que lançam, através de vapor,
de manter a atividade poluidora. efluente e resíduo, poluentes de comporta-
A empresa de cloro-álcalis está localizada mento complexo como o Hg.
na margem esquerda do rio Perequê, na con- Essa tendência se repete em várias regiões
fluência com o rio Cubatão, onde lança seus do mundo, em que os dados são escassos e
‘efluentes tratados’, sendo que na margem dispersos. Para se obter um cálculo estima-
direita do rio Cubatão, a cerca de 300 do, tanto em âmbito nacional como mundial,
metros, existem cinco bairros residenciais. das emissões no período de moratória da ati-
Pesquisa com crianças que se alimentaram vidade de cloro-álcalis no Brasil e no mundo,
de peixes do rio Cubatão mostrou diferen- o presente estudo completou e comparou
ças na concentração de mercúrio no sangue, os dados obtidos no País com os de fontes
comparada à concentração encontrada em internacionais.

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58 DA SILVA, R. R.; CASTELO BRANCO, J.; THOMAZ, S. M. T.; CESAR, A.

Estimativa de emissão 127 gr. de mercúrio por tonelada de cloro


acumulada da indústria produzido (BRASIL, 2013). Utilizando esse dado
e multiplicando-o pela produção brasileira
de cloro-álcalis devido à de cloro, que é de 217.000 toneladas/ano,
moratória oferecida na pode-se inferir uma perda de 27.559 kg/ano
Convenção de Minamata de mercúrio. Multiplicando 127 gr. pela pro-
dução mundial de células de mercúrio, atual-
Apesar de não haver transparência na totali- mente, em torno de 6,4 milhões de toneladas
dade das informações sobre quantidade, uso, de cloro (UN, 2011), chega-se a uma perda anual
descarte e perda de mercúrio nas indústrias de 812.800 kg de mercúrio pelas indústrias
de cloro álcalis, estima-se uma emissão de de cloro-álcalis (tabela 3).

Tabela 3. Emissão estimada de Hg por células de cloro-álcalis

ESTIMAVA DE EMISSÃO E LIBERAÇÃO DE HG POR CÉLULAS ELETROLÍTICAS


Âmbito Produção de Cl2 GrHg/TonCl2 Totais / ano
Brasil 217.000 Ton./ano 127 27.559 Kg
Mundo 6.400.000 Ton./ano 127 812.800 Kg
Emissão estimada na pior Hipótese com Produção até 2035
Brasil (22 anos) 606.298 Kg Mundo (22 anos) 17.881.600 Kg

Para as indústrias de cloro-álcalis que podem aparecer de várias formas, algumas


utilizam células de mercúrio, a Convenção ainda não totalmente compreendidas, com
de Minamata introduziu uma moratória até a permanência de seus efeitos por longos
2025, possibilitando aos países signatários, períodos. O lançamento desordenado de
por meio de justificativa, solicitar isenção mercúrio pela ação antrópica é um risco para
por cinco anos, renovável por mais cinco, a humanidade.
podendo, assim, estender essa moratória até O lançamento do mercúrio e de seus
2035. Caso se efetive, a indústria terá um compostos, no Brasil, assim como sua
total de 22 anos para continuar poluindo. entrada ilegal no País, para atividades como
Considerando essa possibilidade, somente o garimpo, ou até mesmo legal, mas sequer
o Brasil emitirá um total de 606.298 kg de considerada, através de produtos que contêm
mercúrio, e, no âmbito global, esses números o mercúrio, como os eletroeletrônicos, ainda
chegarão a 17.881.600 kg. não são devidamente controlados, o que di-
ficulta detalhar a mensuração de impactos.
A Convenção de Minamata traz prazos
Discussão largos para o término de atividades e produtos
que já possuem tecnologias substitutivas. O que
Não se deve ignorar a potencialidade mostra que ainda há a dependência da socieda-
tóxica que há no Hg e nos seus compostos, de de substâncias nocivas, principalmente a re-
pois, uma vez que o mercúrio é lançado, sistência desses setores empresariais em atuar
perde-se o controle, e suas consequências na vanguarda da proteção ambiental.

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Convenção de Minamata: análise dos impactos socioambientais de uma solução em longo prazo 59

Há várias fontes pontuais de emissão de podem solicitar 5 anos de isenção, prorrogá-


mercúrio oriunda de atividades e produtos veis por mais 5 anos, conforme parágrafos 5 e
que já possuem alternativas sem mercúrio, 6 do artigo 6 da Convenção de Minamata.
mas que ainda estão em circulação, como Ainda que os países não façam pedido de
as citadas no anexo ‘A’ da Convenção de isenção ao ratificar o tratado, as emissões
Minamata. Ainda se tem em circulação as de mercúrio na atmosfera permanecerão,
vacinas multidoses (que são mais econômi- o meio ambiente de trabalho permanecerá
cas para governos), fumos de mercúrio no insalubre, os rios, por sua vez, seguirão re-
garimpo a céu aberto, termômetros e lâmpa- cebendo água com doses significativas de
das cujos vapores, em caso de quebra nos lares, mercúrio, populações tradicionais, como ri-
não podem ser considerados inofensivos. beirinhas e indígenas, apresentarão teor de
A célula eletrolítica de membrana é uma mercúrio nos seus corpos.
tecnologia sem mercúrio que está disponível Se a adoção de valores de tolerância para
no mercado há mais de 20 anos. Inclusive, o lançamento de efluentes com mercúrio
as indústrias de cloro-álcalis que utilizam as permanecer, a continuidade da sua entrada
células de mercúrio já adotaram a tecnologia no ambiente pode fazê-lo se acumular e
substitutiva, mas resistem em banir a ativi- torná-lo orgânico nos organismos aquáticos.
dade obsoleta. Embora busquem, por um Assim, observa-se que a permanência das
lado, ‘vender’ a imagem de empresa amiga do condições atuais implica a continuidade e o
meio ambiente e da sociedade, são umas das agravamento dos impactos do mercúrio no
fontes contínuas de poluição do mercúrio, ambiente e na saúde humana.
principalmente do mercúrio em forma ele-
mentar metálica, que é muito volátil. Sendo
assim, os vapores de mercúrio dessa ativida- Conclusões
de podem alcançar longas distâncias, e seus
resíduos e efluentes poluírem rios e solos. A Convenção de Minamata reconhece o
Apesar de serem um resíduo perigoso impacto do mercúrio e de seus compostos
após o uso, as lâmpadas mercuriais são nor- à saúde pública e coletiva, principalmen-
malmente manipuladas sem os devidos cui- te sobre as populações mais vulneráveis.
dados, sendo descartadas nas ruas, calçadas, Estudos vêm, paulatinamente, evidencian-
quintais, terrenos baldios e no lixo comum, do efeitos deletérios no organismo, tais
onde vão terminar massivamente em aterros como nos sistemas neurológico, endócrino e
e lixões, já que a cultura da reciclagem no reprodutivo.
País é ineficiente. E, embora tenhamos como O mercúrio ainda é muito utilizado em
referência as leis de abrangência nacional, produtos e processos. Hodiernamente, há
como a PNRS e o acordo setorial de lâmpa- muitas atividades que dependem do mercú-
das, elas ainda são de pouco efeito no proble- rio, e aspectos políticos e econômicos fazem
ma global do mercúrio para esse setor, pois com que o mercúrio permaneça em várias
estão em fase inicial e precisam de vontade atividades, como, por exemplo, no amálgama
política para sua efetivação. dentário, apesar de existirem alternativas.
Os dados apresentados representam Considerando a dimensão das emissões,
apenas dois setores selecionados para estudo, a Convenção deveria ser mais rígida com
entre os diversos abrangidos pela Convenção fontes conhecidas e causadoras de diversos
de Minamata, e consideraram 10 anos além impactos ambientais, de saúde e sociais.
do período de moratória, estabelecido pela Apenas os setores de lâmpadas e cloro-
Convenção, ou seja, 2030 para lâmpadas e -álcalis serão responsáveis por uma emissão
2035 para cloro-álcalis, uma vez que as partes total possível de até 18,6 mil toneladas de

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60 DA SILVA, R. R.; CASTELO BRANCO, J.; THOMAZ, S. M. T.; CESAR, A.

mercúrio durante o período total de mora- Colaboradores


tória. Sobre essas atividades, como também
sobre as atividades de amálgamas dentários, Rafaela Rodrigues da Silva é autora do estudo
vacinas e garimpo, há um compromisso his- que originou o artigo. Jeffer Castelo Branco
tórico do País com a sociedade na mitigação contribuiu para análise, interpretação dos
dos impactos decorrentes. dados, elaboração do texto e aprovação da
Assim, o presente trabalho considera versão final. Silvia Maria Tagé Thomaz con-
que não se justifica plenamente a extensão tribuiu para a revisão crítica do texto e parti-
de prazos concedidos pela Convenção de cipou da aprovação da versão final. Augusto
Minamata, sobretudo para atividades que já Cesar é orientador do estudo que originou
possuem tecnologias alternativas, tais como o artigo, contribuiu para a revisão crítica
células eletrolíticas, lâmpadas, vacinas, do conteúdo e participou da aprovação da
amálgama, garimpo, entre outras. versão final do manuscrito. s

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Recebido para publicação em agosto de 2016


WATKINS III, J. B; KLAASSEN, C. D. Fundamentos Versão final em dezembro de 2016
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Suporte financeiro: não houve
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