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Introdução/Resumo
Muitas vezes uma empresa participa do capital de outra sociedade visando à geração
de benefícios indiretos, como quando uma indústria que participa num banco com o
objetivo de auferir melhores condições de relacionamento com essa instituição, ou de seu
fornecedor com esse mesmo objetivo. Nesse tipo de situação, esses investimentos, caso
seja de interesse da entidade, podem deixar de ter a característica de permanente,
retornando às configurações de um ativo financeiro disponível para venda, cujo principal
benefício econômico futuro almejado é tão somente a obtenção de ganhos de capital e
não mais alguma sinergia operacional entre as entidades
Pode ainda ocorrer a aquisição de ações ou quotas de uma empresa com a intenção
de permanecer com elas para auferir ganho de capital e renda. Nesse caso, tais
investimentos constituem um ativo financeiro e não devem ser classificados como
participações permanentes em outras sociedades no subgrupo de investimento
As empresas tributadas com base no lucro real podem ter aplicações por meio de
incentivos fiscais, originadas de destinações de parte de seu Imposto de Renda
De acordo com o CPC 28, uma “propriedade para investimento é a propriedade (terreno
ou edifício – ou parte de um edifício – ou ambos) mantida (pelo dono ou pelo arrendatário
em um arrendamento financeiros) para obter rendas ou para valorização do capital ou
para ambas, e não para a) uso na produção ou fornecimentos de bens ou serviços ou
para finalidades administrativas; ou b) venda no curso ordinário do negócio”
Existem outros investimentos permanentes, tais como obras de arte, desde que a empresa
pretenda manter tais ativos indefinidamente que não sejam utilizados nas atividades da
empresa
b) Investimentos permanentes
1) Participações permanentes em outras sociedades: abrangem todas as
participações de caráter permanente em outras empresas na forma de ações ou quotas.
A segregação por subcontas é, então, em função dos critérios de avaliação: a) avaliadas
por equivalência patrimonial; b) avaliadas por valor justo; c) avaliadas pelo custo
2) Propriedades para investimento: engloba as contas representativas de propriedades
para investimento. A segregação por subcontas é, então, em função dos critérios de
avaliação: a) avaliadas por valor justo; b) avaliadas pelo custo
3) Outros investimentos permanentes: englobam os demais investimentos. A
segregação por subcontas se dá em função da natureza dos ativos (obras de arte, por
exemplo) e inclui a respectiva estimativa de perdas
Critérios de avaliação
a) Investimentos temporários a longo prazo: a) pelo seu valor justo, quando se tratar de
aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda; e b) pelo valor de custo
de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais,
ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais
aplicações e os direitos e títulos de crédito. Dessa forma, tais ativos são reconhecidos
inicialmente pelo custo, que normalmente pode ser tomado como representativo de seu
valor justo nesse momento, e posteriormente mensurados pelo valor justo
b) Investimentos permanentes
1) Participações permanentes em outras sociedades: “no balanço patrimonial da
companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades
que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados
pelo método da equivalência patrimonial. Como a expressão “controlada” abrange o
controle integral e o controle compartilhado, haverá a opção de dois critérios de
avaliação, a depender da existência de influência significativa ou de controle: a) método
de equivalência patrimonial: consiste em, após o reconhecimento inicial, ajustar o
investimento pela parte do investidor em quaisquer mutações do patrimônio líquido da
investida; b) método de custo: consiste em ajustar o investimento após seu
reconhecimento inicial somente pela ocorrência de perdas por redução do ativo ao valor
recuperável. Há então o método de custo, usado para investimentos em outras
sociedades, ou seja, aqueles em empresas que não sejam coligadas e controladas ou que
não façam parte de um mesmo grupo ou não estejam sob controle comum
2) Propriedades para investimento e outros investimentos: “os demais investimentos,
pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na
realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado,
quando este for inferior”
Vale lembrar que os investimentos cuja base de avaliação é o custo de aquisição estão
sujeitos a teste para uma eventual redução ao valor recuperável – CPC01. Isso também é
válido para as propriedades para investimento quando avaliadas ao custo
No caso das propriedades para investimento avaliadas pelo custo, elas devem ser
depreciadas, como é o caso de imóveis mantidos para valorização de capital ou renda.
A depreciação deve ser em conformidade com sua vida útil econômica, seu valor residual
e com a natureza do desgaste a que se sujeitam
O custo de uma propriedade para investimento comprada compreende o seu preço de
compra e quaisquer dispêndios diretamente atribuíveis, sendo esses, por exemplo, as
remunerações profissionais de serviços legais, impostos de transferência de propriedade e
outros custos de transação
Caso o pagamento pela compra de uma propriedade para investimento seja diferido, o
seu custo é o equivalente ao valor à vista, e a diferença entre esse valor e os pagamentos
totais deve ser reconhecida, por competência, como despesa financeira ao longo do
período do crédito
Avaliação de investimentos em outras sociedades pelo custo
Investimentos em títulos patrimoniais de outras sociedades, quando não avaliados por
equivalência patrimonial, serão avaliados pelo valor justo, e, em circunstâncias limitadas,
serão avaliados pelo custo por ser uma estimativa apropriada do valor justo ou se seu valor
justo não puder ser mensurado com confiabilidade
a) Custo de aquisição: é o valor efetivamente despendido na transação por subscrição
relativa a aumento de capital, ou ainda pela compra de ações em poder de terceiros,
caso em que a base do custo é o preço total pago, incluindo-se os custos diretamente
atribuíveis à aquisição dos títulos patrimoniais (custos de transação)
b) Perdas estimadas: deverão ser reconhecidas as perdas esperadas na realização do
valor do investimento quando comprovadas como pertinentes. Para determinar se existem
evidências de perdas nos seus investimentos em outras sociedades, é necessário analisar
a situação de tais sociedades (investidas), começando pela obtenção das
demonstrações contábeis das investidas para apurar o valor patrimonial da participação
da investidora na investida e comparar com o saldo contábil do investimento, na
contabilidade da investidora. Como se verifica, o importante é conhecer a situação da
empresa onde se efetuou o investimento, procurando-se obter o maior volume de
informações possível, o que, aliás, deve ser uma prática normal, não somente para fins de
contabilização, mas para proteção dos recursos aplicados
c) Dividendos:
i) Registro como receita: no método de custo, as receitas dos investimentos são
reconhecidas pelos dividendos. Tal receita é considerada operacional nos termos da
legislação, mas em subgrupo a parte
ii) Dividendos a receber: a empresa com investimentos em outras sociedades deve
verificar os dividendos propostos, já contabilizados nos balanços dessas empresas,
devendo registrar a receita de dividendos proporcionais quando efetivamente
declarados pela assembleia dos acionistas ou dos sócios da investida
d) Correção monetária: apesar de extinguida para investimentos permanentes, as
propriedades para investimento podem ocasionalmente serem ajustados por ocasião da
adoção inicial das normas internacionais e do CPC
Avaliação de propriedade para investimento
A propriedade para investimento deve ser mensurada inicialmente pelo seu custo de
aquisição (preço de entrada), cujo preço de transação, na data da compra,
normalmente coincide com o valor justo (preço de saída). Contudo, os custos de
transação podem ser reconhecidos como parte do custo inicial do ativo, uma vez que são
aplicáveis todos os conceitos normalmente utilizados na mensuração do custo inicial de
um ativo imobilizado. Assim, são adicionados todos os gastos com a aquisição, como os
relativos a tributos, encargos com escritura, entre outros
O custo inicial de uma propriedade para investimento não deve ser aumentado pelos
custos de início de atividades (startup), exceto se forem necessários para tornar a
propriedade em condições de funcionar da forma pretendida pela administração
Caso o pagamento pela compra de uma propriedade seja diferido, ou seja, será feito a
prazo, o seu custo é o equivalente ao valor à vista, e a diferença entre esse valor e os
pagamentos totais deve ser reconhecida, por competência, como despesa financeira ao
longo do período da dívida
Mensurações subsequentes: custo ou valor justo
O CPC 28 permite optar entre um ou outro método (custo ou valor justo) para todas as
propriedades para investimento que suportem passivos que pagam retorno relacionados
ao valor justo ou retorno das propriedades e, separadamente, optar entre um ou outro
método para das demais propriedades
O método que se considera prioritário é o do valor justo, mas há que se reconhecer que,
em certas circunstancias, não há como justificar o uso do custo
Quando utilizada a política contábil do valor justo, suas variações são reconhecidas
diretamente no resultado de cada período
As transferências para (ou de) propriedade para investimento são feitas quando, e
somente quando, houver alteração de “uso” do ativo, o que pode ser evidenciado por:
i. Início de ocupação pelo proprietário (a propriedade para investimento deve ser
transferida para imobilizado)
ii. Início de desenvolvimento para sua venda (a propriedade para investimento deve
ser transferida para estoque). Mas, se a entidade decidir alienar a propriedade sem
desenvolvimento, deve-se continuar a tratar o imóvel como propriedade para
investimento até que seja baixada (vendida)
iii. Fim de ocupação pelo proprietário (o imobilizado deve ser transferido para
propriedade para investimento)
Em resumo, quando a entidade usar o método do custo, quaisquer que sejam as
transferências, o valor contábil do imóvel não será alterado; e, quando a entidade usar o
método do valor justo, no caso de transferências de imobilizado ou estoque para
propriedades para investimento podem ser geradas diferenças, que serão tratadas no
resultado ou no patrimônio líquido, dependendo da situação
Notas explicativas