Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITO
ADMINISTRATIVO I
APOSTILA
FLÁVIO ALVES
Introdução, com os princípios, etimologia, evolução histórica no mundo e no Brasil, a questão dos sistemas de
controle dos atos administrativos. Direito Organização Administrativa do Brasil, que envolve um conhecimento
sobre Direito Constitucional, a organização do Estado, Atos administrativos; Poderes administrativos; Licitações e
Contratos administrativos.
DIREITO ADMINISTRATIVO - I
Sumário
Apresentação...........................................................................5
O Direito Administrativo...................................................................5
Planejamento.........................................................................17
Princípio da Coordenação.....................................................21
Descentralização.........................................................................21
Delegação de Competência..................................................22
Controle................................................................................23
Supremacia...................................................................................24
Poder de Polícia....................................................................27
Legalidade........................................................................................34
Impessoalidade.....................................................................38
Moralidade Administrativa..................................................39
Publicidade...........................................................................40
Eficiência...............................................................................41
Princípio da Hierarquia........................................................46
Motivação.............................................................................48
Atos Administrativos............................................................76
Formas de Desconcentração................................................82
Órgãos...................................................................................82
Administração Indireta............................................................93
Empresas Estatais...............................................................104
Criação da Autarquia..........................................................107
Atos Administrativos...............................................................128
Atos Ordinatórios................................................................150
Atos Negociais.....................................................................153
Autorização e Permissão.....................................................155
Atos Enunciativos...............................................................158
Atos Punitivos.....................................................................159
Outras Classificações..........................................................160
Poderes Administrativos.........................................................176
Poder Normativo................................................................182
Poder Hierárquico..............................................................186
Poder Disciplinar................................................................189
Poder de Polícia..................................................................190
Art. 78 da Lei 5172/66 – Código Tributário Nacional.......190
Conceito Atual.....................................................................191
Limites.................................................................................201
Licitações....................................................................................203
Conceito de Licitação.........................................................206
Licitação Inexigível.............................................................219
Licitação Dispensada..........................................................231
Hipóteses de Alienação:......................................................231
Licitação Dispensável.........................................................244
Licitação Deserta.................................................................251
Modalidades de Licitação.......................................................254
Licitações Internacionais...................................................265
Tomada de Preços..............................................................266
Leilão...................................................................................266
Pregão.................................................................................267
Consultas............................................................................268
Concurso.............................................................................268
Audiência Pública...............................................................270
Edital...................................................................................270
Carta-convite.......................................................................273
Comissão de Licitação........................................................274
Contratos Administrativos.....................................................275
Convocação do Interessado................................................293
Apresentação
O Direito Administrativo
significado tem que ser buscado em outros lugares até chegar a um conceito
utilizado.
A título de curiosidade, temos no dicionário Silveira Bueno o
significado: gerir (negócios públicos ou particulares), governar, dirigir,
ministrar, conferir, aplicar, exercer as funções de administrador. No
sentido corriqueiro, temos gerência, local onde se administra, tal como o é feito
nas Regiões Administrativas do Distrito Federal.
E “Administração”? De onde vem? Ad + ministrar = para ministrar.
Outros aceitam a ideia de hierarquia, comando, subordinação. É por causa disso
que temos o princípio da hierarquia. O termo ministro vem de minus +teros.
Minus = o menor, o comandado. Curiosamente, no Brasil, o termo passou a ter
o significado inverso, e os ministros aqui são pessoas de grande poder e/ou
prestígio. Diferente de magis, que significa “o maior”. Daqui tiramos a atividade
de magistério (atividade que também sofreu com a inversão de valores do
Brasil: professores são bem pouco valorizados). Também temos o Ministério
Público, que, infelizmente, ganhou uma conotação de como se fosse o único
ministério público.
Temos outro conceito de Administração Pública: toda atividade
estatal que não se refira à legislação ou à jurisdição. Isso não significa dizer
que dentro do Poder Legislativo e do Judiciário não exista a função
administrativa, bem como na Defensoria Pública e no Ministério Público. Essa
independência dos poderes não é absoluta; por exemplo, por meio das medidas
provisórias, o Executivo pode legislar. Há também os julgamentos perante o
Senado Federal de criminosos de responsabilidade, o que é uma função
jurisdicional atípica.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...]
Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.
Art. 70. A aquisição de material, o fornecimento e a adjudicação de obras e serviços serão regulados em
lei, respeitado o princípio da concorrência.
TÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.
Esse decreto-lei tem uma fundamentação jurídica curiosa: nessa época, já havia
sido outorgada a Constituição de 1967:
Art. 189. Esta Constituição será promulgada, simultaneamente, pelas Mesas das Casas do Congresso
Nacional e entrará em vigor no dia 15 de março de 1967.
Planejamento
Art. 7º. A ação governamental obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvimento
econômico-social do País e a segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas elaborados,
na forma do Título III, e compreenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos:
a) plano geral de govêrno;
b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual;
c) orçamento-programa anual;
d) programação financeira de desembôlso.
Seção II
DOS ORÇAMENTOS
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
Art. 7º [...] § 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: [...]
II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos
unitários; [...]
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei,
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado.
Princípio da Coordenação
Descentralização
Delegação de Competência
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Controle
Supremacia
Art. 17. A alienação de bens públicos deverá atender ao interesse público, ser precedida de avaliação e
autorização legislativa.
A Lei nº 9784/99, em seu art. 2º, também determina que deve ser observado o
interesse público:
Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.
Poder de Polícia
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o
disposto no caput, no que se refere aos impostos.
Há dois desses princípios que, segundo a doutrina, são a base de toda a
construção do Direito Administrativo do Brasil: supremacia do interesse público
sobre o particular e o da indisponibilidade dos bens públicos. Prevalecem
inclusive sobre alguns direitos e garantias fundamentais do cidadão, garantidos
pela Constituição, que decorre desse princípio que faz com que a Administração
Pública tenha um regime de direito público estabelecendo a supremacia do
interesse público sobre o privado.
A indisponibilidade dos bens públicos, outro princípio que dispõe que o
patrimônio público, que é gerido por administradores públicos e constitui, por
isso mesmo, um poder-dever de acordo com as suas atribuições de fazer a gestão
desse patrimônio, seja administrado da maneira adequada.
Temos também o princípio da continuidade da prestação dos serviços
públicos, o tema da aula de hoje. Não está disposto de forma taxativa no texto
constitucional, mas sim de forma intrínseca.
Na Lei 8987/95, em seu art. 6º, há uma referência à expressão
“continuidade dos serviços públicos” para que sejam considerados adequados:
Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento
dos usuários, conforme estabelecido nesta lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
públicas. Há também as greves levadas a cabo por servidores regidos pela Lei
8112/90, em que não se disciplina o direito de greve. No caso dos militares,
temos a vedação da greve em caráter absoluto.
Por que isso tem acontecido apesar de não haver lei específica? Porque
sindicatos impetraram mandado de injunção perante o Supremo Tribunal
Federal, que passou a admitir, provisoriamente, o regime de greve das empresas
privadas para as greves no serviço público ante à ausência de lei disciplinando a
matéria constitucional, o que dificulta o exercício de um direito fundamental.
No tocante a alguns serviços públicos que são objeto de concessão ou
permissão através dos particulares, a Lei 8987/95, no art. 6º, acima transcrito,
contém a definição de serviço adequado: aquele que é prestado com
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,
cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. A continuidade de serviços
públicos objeto de concessão ou permissão nos termos da Lei 8987/95, § 1º do
art. 6º é mencionada como um dos requisitos necessários para que se
considerem serviços públicos adequados aos usuários. É um princípio implícito
na Constituição, assim definido pela doutrina. No caso dos serviços públicos, a
Lei 8987 estabelece que a continuidade da prestação de serviços será
caracterizada pela sua não intervenção, salvo por motivos de caráter técnico; em
outras palavras, não se admite interrupção na prestação dos serviços.
Outro assunto que não é muito ligado ao com o Direito Administrativo,
mas que tem ligação com a continuidade da prestação de serviços públicos é o
Direito Financeiro e Orçamentário, no que se refere ao atraso na publicação
das leis de orçamento. São essas leis que autorizam o uso de despesas públicas.
Para realizar licitação, por exemplo, é necessário justificar a existência de
recursos. Se não existe lei de orçamento autorizando a realização de despesas
por algum motivo, este poderá ser, na área federal, a não remessa do projeto de
lei do orçamento do Poder Legislativo ao Executivo, por vários anos. Isso fazia
com que, na ausência de leis de orçamento, nenhuma despesa pública pudesse
ser realizada. Consequentemente, a prestação de serviços públicos estaria
impossibilitada pela inexistência de leis de orçamento autorizativas da
realização das despesas, daí ferindo a continuidade da prestação. Isso
aconteceu, desde a Constituição de 1988, em vários anos, na área federal. Só em
três anos é que esse fato não aconteceu. A Lei Orçamentária Anual, LOA, tem a
função de autorizar a realização de despesa; se não existe lei que autoriza a
gastar, nada pode ser comprado e nem se podem pagar os funcionários públicos
por falta de autorização! Uma LOA publicada em 22 de fevereiro, por exemplo,
causaria um conflito entre o princípio da continuidade dos serviços públicos e o
da legalidade. O que fazer? Nenhum governante até hoje veio para dizer: “não
temos o dinheiro do orçamento, então os funcionários públicos não poderão
receber”. Mas é uma situação que envolve um risco, pois, sem lei autorizando a
realização de despesas, todas as despesas realizadas nesse interregno seriam
ilegais. E a culpa não é dos gestores, que depois terão suas contas apreciadas
pelos órgãos do controle. Foi por uma falha do Poder Legislativo que,
simplesmente, não cumpriu uma obrigação constitucional. E, na ausência de
uma solução jurídica para o problema, algo teve que ser pensado para os dias
atuais. Antigamente havia uma solução simples na Constituição de 1967, que era
a promulgação pelo Executivo, como lei, do projeto enviado ao Congresso
Nacional, medida essa que foi tida como autoritária e removida da Constituição
de 1988.
Então, o que se fez na prática para evitar o problema decorrente da
inexistência de lei de orçamento que fatalmente culminaria na quebra da
continuidade da prestação dos serviços públicos? Foi editada outra lei de
natureza orçamentária, mas que não é propriamente a lei de orçamento, a Lei
de Diretrizes Orçamentárias, a LDO: as prioridades do governo são apreciadas
pelo Poder Legislativo. Começa a ser elaborada dia 15 de abril e, depois, o
Congresso tem que restituir até o termino da primeira sessão legislativa
ordinária. É uma lei importante porque define a política orçamentária do Brasil.
Passou a instituir um dispositivo que hoje se denomina execução provisória do
projeto de lei de orçamentária, prevendo que até 31 de dezembro, se o
Presidente da República não sancionar o projeto de lei de orçamentária, as
disposições poderão ser executadas provisoriamente na proporção de 1/12. É a
execução provisória do projeto de lei do orçamento. É o único país do mundo
que passou a permitir, por lei, uma execução provisória de um projeto de lei em
discussão. Solução casuística e inusitada para resolver esse problema.
Legalidade;
Impessoalidade;
Moralidade;
Publicidade;
Eficiência.
Legalidade
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:[...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;[...]
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo,
e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação
ao Congresso Nacional.
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito; [...]
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los
ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente: [...]
Impessoalidade
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência. [...]
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Moralidade Administrativa
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
considerada; quem acha que a moralidade está ligada à probidade, isso terá a
ver com a lei de improbidade administrativa, e referir-se-á, entre outras coisas,
ao comportamento do Presidente da República. A Lei 4320 trata do julgamento
das contas do Presidente da República à luz da probidade administrativa. Não
aconteceu ainda, mas está na lei.
Recentemente alguns autores passaram a fazer relação entre moralidade
administrativa e a lei de improbidade administrativa no que se refere,
indiretamente, ao art. 11 da Lei 8429, no que tange à probidade ao
descumprimento aos princípios da Administração Pública:
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente:
É um conceito relativo, motivo pelo qual alguns acham que não deveria ser
incluído na Constituição porque são mutáveis.
Publicidade
Eficiência
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
TÍTULO II
Prévio;
Subsequente;
Quanto ao aspecto:
Legalidade;
Legitimidade;
Economicidade e
Mérito
...o que é uma lista meramente exemplificativa. A questão do controle é
bastante ampla. Isso porque estamos no controle meramente administrativo.
A tutela e a autotutela são, na realidade, modalidades de controle
administrativo. A autotutela é direcionada à Administração Pública Direta. É o
controle da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. O controle
da especialidade, por sua vez, é exercido no âmbito da Administração Indireta.
O Decreto-lei 200 de 1967, que foi o primeiro diploma legal a estabelecer a
classificação da Administração Pública em Direta e Indireta, determinava que os
Ministros de Estado deveriam exercer a supervisão ministerial. Norma
semelhante foi replicada na Constituição atual, no art. 87, § 1º, inciso I:
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no
exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta
Constituição e na lei:
Súmula 346 – A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473 – A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade [...]
Esse princípio tem uma aplicação mais forte em dois campos do Direito
Administrativo: licitações e concursos públicos. Aquela, pela regra
do julgamento objetivo das propostas. Em todo esse procedimento licitatório
há o princípio da igualdade entre os participantes. O que não significa dizer que
os licitantes têm, entre si, igualdade de condições; no caso de um embate no
procedimento de licitação, há possibilidade de a Administração Pública
estabelecer critérios de desempate. Exemplo: estabelecer prioridade para
empresas que produzem bens para o país ou para a exportação. O que não se
pode é definir um processo licitatório e estabelecer critérios que gerem a
desigualdades entre licitantes. Exemplo: exigências de capital mínimo que
sejam incompatíveis com o porte do empreendimento. Isso é fraude, na
verdade. O indício de capacidade econômica é um critério objetivo e válido, mas
o excesso é discriminatório: exigir que a empresa tenha patrimônio mínimo de
R$ 2 bilhões para participar de uma licitação voltada à construção de trinta
casas populares.
A isonomia é a igualdade de tratamento, mas sem importar no
tratamento diferenciado. O tratamento diferenciado pode estar previsto na
própria legislação.
No caso dos concursos públicos, há a necessidade de se proporcionar
igualdade a todos aqueles que desejam ingressar na carreira Administração
Pública. Não poderia haver, no edital, regras como “somente brasileiros
nascidos Regiões Norte e Nordeste poderão disputar a vaga.”
Princípio da Hierarquia
Motivação
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos, quando:
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância
com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão
parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza
os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.
Coerentemente com a linha de pensamento que vem sendo desenvolvida, cabe, agora, explicitar o
significado de mais um princípio jurídico aplicável ao processo administrativo, destinado a combater a mera
legalidade, ou legalidade apenas aparente, ensejadora de desvios e abusos de poder. Trata-se do
princípio da razoabilidade, que num primeiro momento pode parecer até absurdo, pois todas pessoas
normalmente consideram que suas ações são sempre ditadas pelo bom senso. Entretanto, no campo da
experiência jurídica, diante do caso concreto e à luz dos outros princípios consagrados pelo sistema
jurídico ainda que com alguma dificuldade, não impossível aferir se um determinado ato pode ou não ser
havido como razoável.
Não há grande novidade no conceito jurídico de ‘razoabilidade’, que corresponde ao sentido usual desse
vocábulo; a novidade está na crescente utilização que se vem fazendo desse princípio. Na doutrina, Maria
Paula Dalarri Bucci, em poucas palavras definiu perfeitamente o significado da razoabilidade: ‘O princípio
da razoabilidade, na origem, mais que um princípio jurídico, é uma diretriz de senso comum ou, mais
exatamente, de bom-senso, aplicada ao Direito. Esse ‘bom-senso jurídico’ se faz necessário à medida que
as exigências formais que decorrem do princípio da legalidade tendem a reforçar mais o texto das normas,
a palavra da lei, que o seu espírito. A razoabilidade formulada como princípio jurídico, ou como diretriz de
interpretação das leis e atos da Administração é uma orientação que se contrapõe ao formalismo vazio, à
mera observância dos aspectos exteriores da lei, formalismo esse que descaracteriza o sentido finalístico
do Direito’ (‘O princípio da razoabilidade em apoio à legalidade’, Caderno de Direito Constitucional e
Ciência Política 16/173).”
É um princípio geral do direito. Por que as leis, por via de regra, não
podem retroagir? Só o podem se preservarem o direito adquirido, a coisa
julgada e o ato jurídico perfeito. Até em matéria tributária: não se pode tributar
antes de entrar em vigor a lei que institui o tributo.
O princípio da segurança jurídica impede, inclusive, a interpretação
retroativa, para fatos anteriores, para evitar que haja uma mudança de rumo na
interpretação. Se observarmos a Lei 9784, veremos alguns dispositivos tratando
de segurança jurídica: art. 2º, parágrafo único, inciso XII.
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:[...]
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a
que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé.
O assunto de fontes do Direito vem do latim fons, que quer dizer “de onde
brota.” Normalmente os autores classificam em fontes materiais e formais.
Materiais são os acontecimentos de nossa vida cotidiana e servem de base para,
uma vez valorados, transformam-se em normas jurídicas. Olhem a Teoria
Tridimensional do Direito de Miguel Reale!
regulamentação das leis. Não precisam de leis para ser expedidos, por isso são
chamados autônomos. São de pouca serventia prática na realidade brasileira.
Há também a Emenda 45, da reforma do Poder Judiciário, que criou a
Súmula Vinculante e o Conselho Nacional de Justiça. Tem interferência no
Direito Administrativo, com a apreciação de matérias administrativas e
financeiras dentro do Poder Judiciário.
Ainda temos as leis complementares. São de uso bastante restrito no
Direito Administrativo. A rigor, na parte que trata da Administração Pública,
nos arts. 37 a 44, existe somente um dispositivo que exige lei complementar,
que é a definição da área de atuação das fundações criadas pelo governo. É
curioso porque se pegarmos os ramos do direito público, as leis complementares
desempenham papel importantíssimo no que se refere à edição de normas
gerais, outro conceito vago e indeterminado. Dentro do Direito Administrativo,
Financeiro e Tributário, as chamadas normas gerais só podem ser criadas por lei
complementar. Só que, no Direito Administrativo, por acaso existe a norma
geral de licitações e contratos. Foi no governo Itamar que se criou a Lei
8.666/93, que até hoje é a lei básica de licitações e contratos, e é lei ordinária.
Na época foi muito elogiada porque veio para moralizar, mas as críticas foram
surgindo, e hoje a Lei 8.666/93 conta com cerca de 50 alterações. Quase todas
alterando as hipóteses de dispensa de licitação. Viram a contradição? É uma lei
ordinária, quando deveria ser complementar. Nem a doutrina nem a
jurisprudência se entendem sobre o significado de “norma geral”.
Hoje se discute a questão das Olimpíadas, inclusive com a ideia de se
criar a “Autoridade Olímpica Brasileira”. Há alguns interesses em flexibilizar as
licitações para exatamente esse período. Licitações são, na realidade, coisa
rígida dentro da Administração. É perigoso flexibilizar tanto quanto querem, ou
no futuro isso dará ensejo a mais flexibilizações casuísticas.
Uma reportagem interessante na Folha sobre pregão eletrônico, que é
nova modalidade de licitação. Algumas empresas descobriram e desenvolveram
softwares que permitem que, numa fração de segundo, entrem na frente das
outras, e quebrem a isonomia. É a evolução da tecnologia a serviço dos espertos!
Permite que o lance seja mais rápido, oferece o menor preço e ganha o certame.
Com isso adiantamos o item 2 de nosso programa, até para falar dos
sistemas administrativos, cuja origem histórica é um sistema de dupla
jurisdição na França, adotado pelo Brasil desde 1891. Na realidade, há uma
combinação de aspectos que têm que ser considerados em relação a essa
matéria.
Em suma: nosso sistema não é puro de jurisdição única. Mesmo assim, é
importante observar que a pessoa deve escolher qual é a via mais conveniente
para sanar atos de ilegalidade.
Até que, ao final do século XIX e início do XX, já tínhamos algumas ideias,
obras e legislações que versavam, no todo ou em parte, sobre Direito
Administrativo. uma delas foi a Lei 4536/22, editada sob a Constituição de 1891,
batizada de Código de contabilidade pública, que passou a ser o diploma de
Direito Administrativo e financeiro no Brasil. O nome de “Código” pode ter se
dado por influência do Código Civil de 1916. Tinha regras sobre licitação mas, na
época, só se falava em “concorrência pública”. As “cláusulas necessárias” da Lei
8.666/93 eram chamadas de “cláusulas essenciais” nesse antigo Código.
Isso foi o primórdio do Direito Administrativo brasileiro.
Nas Constituições de 1934 e 1937 tivemos como característica principal o
avanço do Estado na economia brasileira em razão da grande depressão
resultante da crise de 1929 nos Estados Unidos. Surgiram movimentos sociais, a
necessidade de proteção do trabalhador, a CLT de 1943, as entidades que
começam a cuidar das categorias profissionais, os sindicatos, em função da
necessidade de atender às reinvindicações dos trabalhadores, a marca do
governo de Getulio Vargas.
Com o Estado Novo veio um renovado ânimo de modificar a
Administração Pública. Foi criado o Departamento Administrativo, que veio
pelo objetivo de mais eficiência na Administração. Esse departamento veio a ser
criado depois com o nome de Departamento Administrativo do Serviço Público,
o DASP. Teve grande influência na vida pública brasileira, mas não existe mais.
A “elite” da área federal que trabalhava na área de orçamento trabalhava no
DASP.
Esquema:
Conceitos:
o Do mandato;
o Da representação;
o Da imputação;
Critérios de classificação;
Características principais.
V
amos para a segunda parte de nossa matéria, a
Organização Administrativa brasileira. Para falar em
Organização Administrativa, devemos observar uma
ligação estreita que a doutrina faz a partir da nossa Constituição entre os
conceitos de Estado, Governo e Administração. O Direito Administrativo surge
com o próprio Estado, especialmente a partir da Revolução Francesa, com o
próprio Estado Democrático de Direito. Há uma vinculação estreita entre a
Administração Pública e o aparecimento do Estado Democrático de Direito,
independente das formas de Estado que podem ser adotadas.
Atos Administrativos
V
amos estudar os atos administrativos mais detalhadamente
na próxima unidade da nossa matéria. Vamos falar
somente o que nos importa agora: quando se fala nos atos
administrativos, temos também os atos em sentido amplo e em sentido estrito.
Os atos administrativos em sentido amplo envolvem todos os atos de natureza
política, como a decretação de intervenção federal, de guerra, de estado de sítio.
São atos de natureza política. Mas como fazem parte, alguns deles, da
Administração Pública, como o Conselho de Defesa Nacional, um órgão superior
de consulta do Presidente da República, em todos eles existe a função
administrativa também. Nenhum deles pode funcionar se não tiver o apoio
administrativo, a atividade meio para desempenhar suas atividades principais.
prestação de serviços, embora não exercida pelo Estado, mas por meio de um
contrato de gestão, daí regrado pelo regime jurídico de direito público.
a) Autarquias;
b) Emprêsas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.
divisão clássica construída pela norma editada em 67, em que se estabelece isso
para o Poder Executivo federal. No caso da Administração Pública direta, o
Decreto diz que ela compreende os serviços da Presidência da República e os
Ministérios. A Constituição atual também, no art. 37, sacramentou essa divisão
num sentido mais amplo, envolvendo todos os poderes, na União, nos estados,
municípios e Distrito Federal. A Administração Pública Direta envolve todos os
entes, e, mais ainda, seus respectivos poderes, direta e indiretamente. Foi além
do art. 4º do Decreto-lei 200.
Mas o que seria a Administração Direta? Nossa Constituição não diz isso.
O Decreto-lei 200 diz que ela seria constituída pelos órgãos integrantes da
Presidência da República e dos Ministérios. É, portanto, a doutrina que
estabelece isso, e somente a doutrina. Um dos conceitos retirados de um livro
que surgiu recentemente: conjunto de pessoas jurídicas políticas, União,
estados, municípios e Distrito Federal, os órgãos que integram essas pessoas,
que envolvem todos os poderes por desconcentração, que não têm
personalidade jurídica, aos quais a lei confere o exercício da função
administrativa.
E o que é competência, neste caso? Atribuição conferida por lei para que
os órgãos e os agentes exerçam a função pública. Funcionam dentro das mesmas
pessoas jurídicas, através da criação de órgãos. Dentro do Poder Legislativo,
Judiciário e Executivo, além do Ministério Público. Defensoria Pública e
Advocacia Pública não são mencionados, mas também têm seus próprios
processos de desconcentração.
Formas de Desconcentração
Órgãos
Inclui até os juízes como órgãos. Juiz, na concepção constitucional, é
tratado como órgão do Poder Judiciário. Curiosamente, o Ministério Público, a
Defensoria Pública e a Advocacia Pública são tratados como instituições. Mas,
quando se trata do Conselho de Defesa Nacional e da República, a Constituição
usa a expressão “órgão”.
Art. 172. O Poder Executivo assegurará autonomia administrativa e financeira, no grau conveniente aos
serviços, institutos e estabelecimentos incumbidos da execução de atividades de pesquisa ou ensino ou
de caráter industrial, comercial ou agrícola, que por suas peculiaridades de organização e
funcionamento, exijam tratamento diverso do aplicável aos demais órgãos da administração direta,
observada sempre a supervisão ministerial.
União, mas era revertido ao próprio departamento que não as recolhia. Tinha
autonomia financeira. Outro exemplo que acontecia no passado eram as antigas
rádios e TVs nacionais, que depois passaram a fazer parte da Radiobras e da TV
Brasil. Existe ali pagamento de cachês a artistas, e esses veículos geram receita
própria pela atividade comercial. Infelizmente esse tipo de situação
desapareceu. A gráfica do Senado Federal vende publicações técnicas. O art. 172
não está prejudicado, e continua vigorando para a área federal.
Federais;
Municipais;
Estaduais;
do Distrito Federal.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.
o TCU era órgão auxiliar do Poder Legislativo. A Constituição atual não fala
isso; O Tribunal de Contas exerce uma função de auxiliar o Poder Legislativo na
tarefa de fiscalização dos atos do Poder Executivo e dos demais poderes.
Independentes;
Autônomos;
Superiores;
Subalternos.
Federais;
Municipais;
Estaduais;
do Distrito Federal.
Independentes;
Autônomos;
Superiores;
Subalternos.
Simples;
Compostos.
Quanto à composição:
Singulares;
Colegiados.
Quanto à duração:
Temporários;
Permanentes.
Primários;
Secundários;
Vicários.
Quanto ao poder:
Ativos;
Consultivos;
De controle.
Administração Indireta
Categorias de descentralização
Política
Administrativa
o Territorial/geográfica
o Por serviços (outorga por lei)
o Por colaboração (delegação por contrato)
Características da descentralização
Não há hierarquia nem subordinação, mas vinculação para fins de
controle e tutela/supervisão por delegação o controle é mais rígido.
Não impede a existência da desconcentração (vide art. 1º, inciso I e inciso
II da Lei 9784/99)
Para que as pessoas jurídicas não se vejam soltas, deve haver alguma
forma de controle sobre elas. Usou-se essa expressão, portanto: vinculadas.
Dentro da Administração indireta não há relação de subordinação, mas
vinculação, no que estiver ligado às competências específicas dos Ministérios,
que integram a Administração Direta.
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração
Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor
cumprimento dos fins da Administração.
outorga por lei, além da delegação pela via contratual, que é o caso das
permissionárias e concessionárias de serviços públicos. A supervisão pelos
Ministérios é, em tese, mais amena no sentido de se preservar a autonomia dos
órgãos que são objeto da descentralização. Relembremos também que o
Decreto-lei 200 estabeleceu como princípios fundamentais de Administração,
além do planejamento, da descentralização e coordenação, o controle e a
delegação de competência. Esta não deixa de ser, internamente, uma forma de
descentralizar e desconcentrar o serviço. O controle é uma consequência da
descentralização ou da delegação de competência. Nos termos do Decreto-lei
200, portanto, temos:
Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada.
§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos principais:
último caso, que não é, na realidade, uma descentralização típica, que permite a
formação dessas pessoas jurídicas da Administração Indireta. No Decreto-lei
200 fala-se em delegação, o que é mais rigoroso, porque quando o Estado
delega, há um controle maior da possibilidade das alterações contratuais por
parte do poder público, além da possibilidade da intervenção do ente público na
concessionária.
Empresas Estatais
Elas são criadas para gozar de autonomia administrativa. Mas não podem
contratar à margem da lei; precisam de concursos, e as normas de licitação são
as normas gerais na Lei 8.666/93.
Mais uma característica: a falta de liberdade à fixação de suas finalidades. Os
fins são determinados por lei e só podem exercer as atividades que lhe foram
especificamente conferidas. Não podem se extinguir por vontade própria
justamente porque foram criadas por lei. Deve-se à tutela, além de todas as
outras formas de controle, especialmente à entidade a que possua vinculação,
como o controle interno, o externo, sem contar com outros tipos de controle.
Aliás, em se tratando de empresas estatais, o que não faltam são mecanismos de
controle: auditoria interna, auditoria externa, Controladoria, Congresso
Nacional, Ação Popular, Tribunal de Contas, e o Poder Judiciário.
1. Atenção: não existe a palavra “subórgão”, pelo menos até onde sabemos oficialmente. O
“(sub)” foi ali colocado para que não se faça confusão quanto à existência de “órgãos dentro
de órgãos”.
2. Nos 40 segundos que sucederam este momento, o professor disse, aproximadamente, o
seguinte trecho: “Outra característica da descentralização é que ela pode ser feita
também por meio de licitação, conforme o art. 1º, § 2º da Lei do Processo Administrativo, o
que determina a inclusão de órgãos dentro de entidades de Administração Indireta, e não
somente da Administração Direta.” A expressão duvidosa é “por meio de licitação”.
Criação da Autarquia
Sua criação se dá por meio de Lei e somente de igual modo, ocorre a sua
extinção, vejamos o que diz o Art. 37, XIX:
“Somente por lei específica, poderá ser criado autarquia (…)”
Criadas por lei -> autorização legislativa pode ser por medida provisória.
Exploração de atividade econômica (lucro, em sentido amplo)
Capital misto, ações com direito a voto pertencem em sua maioria ao ente
político/entidade da Administração Indireta.
Forma societária
Outras características
V
amos continuar a Administração Indireta, vendo, agora a questão das
empresas públicas e sociedades de economia mista, além das
subsidiárias controladas diretamente ou indiretamente pelo poder
público. É aqui que encontramos uma ligação entre o Direito Administrativo e o
Direito Econômico, por conta dos aspectos relacionados à exploração da
atividade econômica, o que é tema do Direito Econômico.
Pelo Decreto-lei 200/67, no art. 4º, além das autarquias e fundações, fazem
parte da Administração Indireta as empresas públicas e sociedades de economia
mista, que são consideradas, ainda, pessoas jurídicas administrativas pelo
Direito Administrativo. Mas, com frequência, vê-se na mídia o termo “empresas
estatais”. Também vemos falarem-se muito em empresas públicas em seu
sentido amplo, incluindo, agora, as empresas privadas, a contrariu sensu.
estatal controlada pelo poder público, que a lei chama de “empresa estatal
dependente”. É aquela que é controlada, mas depende de recursos do poder
público, seja para seu custeio ou investimentos. Há entretanto uma exceção que
a lei estabelece, que é o caso do recebimento de recursos pelo governo ser
destinado à participação do poder público na própria empresa estatal. Visa à
manutenção do controle do Estado, especialmente nas sociedades de economia
mista, seja de forma direta ou indireta. É a única exceção que usamos em
empresa estatal: uma norma não de Direito Administrativo, mas de Direito
Financeiro, que o legislador buscou usar para dar cumprimento à LRF. Aplica-
se a todas as entidades da Administração Direta e Administração Indireta, e a
todos os entes da Federação.
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de
subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de
qualquer delas em empresa privada;
Art. 2o A EBSERH terá seu capital social representado por ações ordinárias
nominativas, integralmente sob a propriedade da União.
A empresa pode ter sua criação pelo Poder Executivo através de medida
provisória. O Decreto-lei 200 fala em criação mediante autorização legislativa,
mas a Constituição atual não veda a expedição de medida provisória; neste caso
é curioso observar que, no chamado decreto autônomo, com a Emenda
Constitucional nº 19, não se permite mais ao Poder Executivo dispor sobre
organização e funcionamento da Administração Pública quando existe à criação
de um órgão. Só que, curiosamente, a medida provisória aborda essa
possibilidade! Isso porque há vários casos de relevância e urgência que o
Supremo não se atreve a questionar; ele não entra no mérito da relevância ou
urgência.
Deveria haver um estatuto, mas que não existe até hoje, estabelecendo as
regras peculiares de contratação e licitação. Aconteceu com a Petrobras. A lei
que criou a ANP permitiu à Petrobras ter regras próprias de licitação. Isso foi
aprovado por decreto do Poder Executivo na ocasião. O Tribunal de Contas da
União entendeu que isso é inconstitucional porque a regra geral de licitações
não foi observada, mas ela se aplica à Petrobras. O STF deu razão a ela,
entendendo que, como era uma empresa que competia no mercado
internacional, ela deveria ter um tratamento diferenciado com regras específicas
de licitações.
Repetindo o § 2º:
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão
gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Atos Administrativos
1) Conceito
2) Ato e fato administrativo
a. Ato administrativo e ato regido pelo direito privado
b. Atos da Administração Pública (gênero)
3) Atos de administração (fatos administrativos – vide art. 93, inciso XIV,
Constituição Federal de 1988)
4) Atos administrativos
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução de
obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais
naturais especificadas no projeto; [...]
teriam. Maria Sylvia diverge, por entender que há fatos (administrativos) que
acarretam consequências jurídicas. Depende de cada autor.
M
as o que são, então, atos administrativos? Dentro de
três espécies da Administração Pública, só nos
interessam os atos regidos pelo direito público.
Encontraremos vários conceitos 1:
Não há, a rigor, muita uniformidade conceitual pelo menos nesta parte.
Voltando ao conceito: ato administrativo é a manifestação de
vontade do Estado, que reflete o aspecto subjetivo-formal do conceito de ato
administrativo, já que temos também o conceito objetivo-material, que são as
operações materiais.
1. Normativos;
2. Ordinatórios (ou ordenatórios);
3. Enunciativos;
4. Negociais; e
5. Punitivos.
Parágrafo único. As deliberações previstas neste artigo serão formalizadas nos termos
estabelecidos em ato normativo.
Quanto à forma/exteriorização/espécies
o Explícitos
o Implícitos
o Tácitos
Essa primeira classificação dos atos quanto à forma e espécie são sempre
atos escritos. Existem certos tipos que não necessariamente são escritos, mas
sim sob a forma de sinais de trânsito, ou placas indicativas de velocidades.
Outros podem ser verbais, como o apito de um policial, na missão da
fiscalização do trânsito. Vamos deixar de lado porque, quanto à exteriorização,
há exceções nos atos normativos. São formas excepcionais dentro da
Administração Pública, como o caso do apito.
Dentro dos atos escritos, e isso é uma classificação tradicional, temos cinco
espécies de atos administrativos:
1. Normativos;
2. Ordinatórios;
3. Enunciativos;
4. Negociais; e
5. Punitivos.
são atos de efeitos externos. É outra classificação que se pode usar. Mas, a rigor,
pela doutrina as instruções são apenas para disciplinar, na forma da lei e dos
decretos, quando se criam certos órgãos. Temos a discriminação dos órgãos e o
Poder Executivo, por decreto, disciplina a estrutura básica dos órgãos.
Secretaria de controle interno, por exemplo. Quais os órgãos? É decreto do
Presidente da República que regula. Mas não basta isso: é necessário que os
ministros de Estado disciplinem a organização dessa secretaria, as atribuições
dos órgãos que integram essa estrutura básica.
Atos Ordinatórios
Essa palavra vem do campo processual. São atos que se referem aos atos
processuais e atos do juiz e das partes. Significa, na realidade, os atos
disciplinadores daquele processo. Isso em direito processual. Hely Lopes de
Meirelles tomou essa mesma denominação de atos ordinatórios, que aparece no
direito processual, para o disciplinamento da atuação dos órgãos que integram a
Administração Pública, começando com as portarias dos Ministros. Elas, que a
rigor, são tratadas por alguns autores como instruções, quando tratam, na
verdade, de atos gerais e abstratos. Colocam não como atos normativos, mas
como ordinatórios, porque produzem efeitos imediatos. Os atos normativos não
teriam essa característica de produzir efeitos imediatos. A portaria, para alguns
autores, se houver a produção de atos e efeitos concretos e específicos, será
tratada como ato ordinatório. Se não produzir efeitos imediatos e for dotada de
abstração, será instrução normativa.
Atos Negociais
Autorização e Permissão
A permissão tem, hoje em dia, outra conotação. Ela passou a ser um ato
unilateral discricionário do poder público, mas ligado à realização de uma
licitação ou de um contrato, embora ainda possa existir a possibilidade do uso
da permissão para a utilização de bens públicos. Alguns autores acham que não,
dizendo estes que a utilização de bens públicos só poderá ser objeto de
autorização. O professor discorda porque há até “contratos de concessão
administrativa”, por meio dos quais é possível a utilização de bens públicos. Não
só por autorização ou permissão.
Art. 21 da Constituição: Competências da União.
Art. 21. Compete à União: [...]
Vamos fazer mais uma confusão: serviço de taxi. No Distrito Federal são
atos de permissão, envolvendo licitação e contratos. Mas, na doutrina, o serviço
de taxi é colocado como objeto de autorização. Devemos ir ao dispositivo legal
pertinente para saber quando se trata de autorização ou permissão. Há uma
semelhança entre os dois.
Na concessão ou permissão, a titularidade é do poder público, mas
a execução é transferida ao particular. Telecomunicações e serviço de
radiodifusão são exemplos.
Atos Enunciativos
Atos Punitivos
Outras Classificações
Classificação quanto aos efeitos
Classificação quanto às prerrogativas
Classificação quanto aos resultados
Classificação quanto à natureza do ato de Léon Duguit
Classificação quanto à forma
Classificação quanto à formação
Vimos vários critérios de classificação dos atos administrativos. Atos
normativos, enunciativos, atos negociais, e atos primitivos. Se guardarmos essas
noções e espécies de atos administrativos, os outros critérios que começamos
ontem serão muito mais fáceis de entender. Atos simples, compostos,
complexos...
Cuidado, porque isso não significa que são permitidos atos secretos,
como os do Senado em 2009. Atos sigilosos são tornados públicos
eventualmente. A Administração pode entender que necessitam sigilo
determinados atos, como os relacionados à segurança.
3. Atos de expediente.
Por último, classificamos os atos quanto à formação. O ato pode ser nulo,
anulável ou inexistente. O professor aproveitará essa classificação dos atos
válidos para iniciar o próximo tema, que são os elementos dos atos
administrativos. Alguns autores apontam cinco, outros seis, outros sete. Faz-se
ao inverso do art. 2º da Lei 4717/65, que originariamente regulou a ação
popular. Curioso é que a doutrina se apoiou no raciocínio inverso da lei que
regula a ação popular e transportou para o Direito Administrativo.
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.[...]
Todo ato tem que ter uma causa. Não se praticam atos administrativos
sem uma causa. Depois, vamos ver quem pratica, qual a forma, qual seu
conteúdo e o que se pretende atingir. A finalidade está no outro extremo da
causa. Na doutrina, alguns falam em sujeito, e outros falam em competência.
O objeto é o próprio conteúdo do ato.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
Re T
Características
quisitos ipo do Ato
É O PODER, resultante da lei, que dá ao agente
CO V
administrativo a capacidade de praticar o ato administrativo.
MPETÊNCIA inculado
Admite DELEGAÇÃO e AVOCAÇÃO.
Poderes Administrativos
Da palavra poder
o Ter a faculdade de, dispor de força, autoridade, o que tem
competência, motivo de preocupação, privilégio. Art. 2º, inciso III
da Lei 9784/99 (servidor ou agente público dotado do poder de
decisão)
o No Direito Constitucional - Origem do poder – emana do
povo; estrutura/organização do Estado (Poder Legislativo, Poder
Executivo e Poder Judiciário), poder tributário, abuso de poder,
inclusive econômico
o No Direito Administrativo - “Instrumentos de trabalho para a
realização de tarefas administrativas, decorrentes do poder
político”
Constituem desdobramentos dos princípios da supremacia do interesse
público sobre o particular – prerrogativas/regime jurídico de direito
público para a prática de atos administrativos e da indisponibilidade do
interesse público – deveres de agir, eficiência, probidade, prestar contas,
etc. Constituem, portanto, um poder-dever.
Nascem com a Administração Pública e são diversificados, inter-
relacionados.
Espécies
A
Quarta unidade de nosso conteúdo programático trata de
poderes administrativos. O que são poderes
administrativos? Colocamos no esquema algumas
observações quanto ao uso da expressão poder, desde o sentido coloquial, visto
nos dicionários, passando pelo Direito Constitucional, até chegar do Direito
Administrativo propriamente dito, já que estamos falando de poderes
administrativos.
Ter poder significa ter a força, dispor de força, ou ter a faculdade, possuir
determinadas prerrogativas, privilégios, regalias; outros falam em competência,
e aqui temos uma referência: quem tem poder é quem tem autoridade. Na Lei
9748/99 está dito que tem autoridade qualquer agente público que tenha poder
de decisão. Novamente a palavra poder aparece, mas com um sentido de
diferenciar certos agentes ou servidores públicos, com o poder de decidir algo
como espécie de poder administrativo, e outros que entendem que não são
poderes administrativos autônomos e separados, pois, nalguma medida, estarão
embutidos em outro poder administrativo.
Nesse último caso, a doutrina cita quatro tipos de poderes
administrativos:
1. Normativo
2. Hierárquico
3. Disciplinar e
4. Poder de polícia,
...sendo que este último não está no esquema, que veremos amanhã.
Alguns desses poderes falamos já quando vimos os atos administrativos. O
poder hierárquico é também um princípio da Administração Pública: a
hierarquia.
Poder Normativo
O
poder normativo é o gênero, dentro do qual surgem espécies de
poderes normativos. Outra observação é que o poder normativo envolve todos
os poderes, porque, apesar de o Poder Legislativo e o Judiciário exercerem
funções típicas, respectivamente legislativas ou jurisdicionais, internamente
também praticam atos administrativos, consequentemente dispondo também
da possibilidade de exercerem um poder normativo, ainda que com respeito à
própria organização de cada um dos poderes, seja Legislativo ou Judiciário. A
função administrativa, em 90% dos casos, é típica do Poder Executivo, mas
todos os poderes, embora com a predominância do Executivo, editam seus atos
normativos. Estamos falando aqui de atos normativos de caráter geral e
abstrato. Esse poder normativo não está dentro dos atos de efeitos concretos ou
individuais.
Poder Hierárquico
J
á falamos sobre o princípio da hierarquia. Hierarquia vem do
grego, de ieros (sagrado) e arkheia(governo), como vimos, e
surge mais fortemente na Igreja Católica. Também vemos na
organização militar dos estados e Distrito Federal, e também das Forças
Armadas do Brasil, ao olharmos os arts. 42 e 142 da Constituição. São esses
dispositivos que, de maneira bastante incisiva, falam sobre a hierarquia e a
disciplina.
Poder Disciplinar
P
oder disciplinar é o poder-dever de apurar infrações
cometidas e punir. Independe de Processo Penal. Inclusive,
quando for crime contra a Administração Pública, no art.
320 do Código Penal, é condescendência criminosa deixar de apurar
ilegalidades na Administração.
Condescendência criminosa
Poder de Polícia
O
s poderes administrativos constituem prerrogativas da
Administração Pública com base no regime jurídico de
direito público para que ela tenha instrumentos de
atuação para poder prevalecer, executar na prática o princípio da supremacia do
interesse público sobre o interesse individual, mas que também acarreta, em
função de outro princípio, o da indisponibilidade do interesse público, deveres
para a Administração quanto à realização. Os poderes administrativos são
verdadeiros deveres administrativos, dependendo da forma como se coloca em
relação ao interesse público.
Conceito Atual
O
que vem a ser, hoje, o poder de polícia? Embora seja uma
noção de Direito Administrativo, em geral temos conceitos
doutrinários em vários livros, todos eles
envolvendo atividades da Administração Pública consistente em limitar
direitos, atividades, interesses das pessoas com o propósito de proteger a
coletividade pública com o fim de atender ao interesse público.
Mas não é somente isso. Vamos aprender, mais para frente, em Direito
Tributário, que o legislador, quando criar o tributo, será obrigado a tipificar
todos os elementos constitutivos daquele tributo, principalmente no que se
refere à causa jurídica para que a pessoa seja obrigada ao pagamento. São
várias, na realidade, as modalidades de impostos que o Estado pode instituir.
Essas espécies tributárias têm que ser diferenciadas entre si para que se
identifique a causa do surgimento da obrigação. Quando perguntamos “qual a
causa da obrigação de se pagar IPTU?”, a resposta é que pagamos porque somos
obrigados. Os impostos são para serviços públicos gerais e indivisíveis.
Exemplo: segurança pública em função da impossibilidade do Estado de repartir
o custo para a prestação de serviços. O imposto, ao contrário do que muitos
pensam, tem como causa a atividade do Estado. No caso do IPTU, a causa é
simplesmente porque o cidadão é proprietário de um bem imóvel localizado na
zona urbana. Isso às vezes confunde o indivíduo porque ele paga impostos e
alega não saber o que é feito. Mas isso é da própria essência jurídica do imposto.
Não existe contraprestação aqui. Isso é o que gera essa perplexidade no cidadão,
pois não há contrapartida. Acontece porque os impostos foram criados para
financiar os serviços públicos indivisíveis. Não há como o Estado fazer funcionar
o Ministério das Relações Exteriores sem obrigar as pessoas. A própria
administração fazendária é financiada por impostos.
O segundo tipo de tributo são as taxas. Por que temos que falar de
Direito Tributário aqui? É para fazer o laço com o Direito Administrativo ao
falar do poder de polícia. O poder tributário tem que estabelecer, como causa da
obrigação, a prestação de um serviço público ou o serviço regular do poder de
polícia. TLP, a Taxa de Limpeza Pública: são duas obrigações distintas. No caso
do IPTU, o contribuinte tem que pagar porque é proprietário de um imóvel
localizado na zona urbana. TLP existe porque há necessidade de se fazer o
serviço de coleta de lixo. Assim vemos que existem taxas que decorrem da
prestação de serviços.
Art. 119. À Polícia Civil, órgão permanente dirigido por delegado de polícia de
carreira, incumbe, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a
apuração de infrações penais, exceto as militares. [...]
Inciso IV: a função de polícia judiciária militar, nos termos da lei federal. A
mesma regra se aplica também ao Corpo de Bombeiros Militar, que tem como
atividade a defesa civil, a prevenção ao combate a incêndios, a realização de
perícias, e a busca e salvamento de pessoas.
Limites
T
em-se questionado na doutrina os limites para o exercício
do poder de polícia. A doutrina tem estabelecido algumas
regrinhas, mas devemos voltar ao art. 78 do CTN, desta vez
no parágrafo único:
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do
processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou
desvio de poder.
“Nos limites da lei aplicável”: a lei deve traçar esses limites, com
observância do devido processo legal. É um exercício que mexe com direitos e
garantias fundamentais. Alguns atos do poder de polícia são vinculados, outros
são discricionários, e nestes mora o risco de se descambar para a irrazoabilidade
e desproporcionalidade entre meios e fins.
Licitações
Conceito
Princípios
Dispensa e inexigibilidade
Origem no Brasil – Título II – normas gerais para compras, obras,
serviços e alienações – Decreto-lei 200/67, arts. 125 e 144
Denominação – licitação pública (art. 37, inciso XXI, CF/88) ou
licitação (art. 22, inciso XXVII, art. 173, III, art. 175, todos da
Constituição, mais a Lei 8666/93.
Origem etimológica: do latim, licitatio, dos verbos liceri ou licitari =
lançar em leilão, oferecer preço, lance.
Sentido literal: ato de licitar ou oferecer preço sobre coisa posta em
leilão. Leilão é ato no qual os lançadores ou licitantes fazem a licitação
Conceitos no Direito Administrativo
1. Igualdade
2. Legalidade
3. Impessoalidade
4. Moralidade
5. Publicidade
o Planejamento
o Eficiência
o Padronização
o Etc.
Importância
Descrição de alguns em destaque
C
omo usualmente, buscamos uma origem histórica, seu
significado etimológico até chegar ao conceito
contemporâneo de licitação.
A palavra licitação no Brasil, como está colocada, apareceu no
famoso Decreto-lei 200/67, que introduziu uma reforma administrativa na
Administração Pública Federal brasileira. 1 Foi o decreto-lei que estabeleceu
princípios fundamentais da Administração Pública federal: planejamento,
coordenação, descentralização administrativa, delegação de competência,
controle, que são aqueles cinco princípios que vimos desde o começo deste
semestre.
Conceito de Licitação
É
Um ato da Administração Pública que pode adquirir
diferentes formas, ou diferentes modalidades, conforme o
valor daquilo que se pretende obter para a Administração
Pública, ou, também, em relação àquilo que a Administração Pública deseja,
seja o fornecimento de um bem, um serviço, a realização de uma obra pública,
ou a alienação de bens móveis e imóveis. Só gera despesa pública, com compra
de bens, realização de serviços e obras. A alienação de bens é a única forma de
licitação que gera receita para o Estado. Existem, portanto, tanto a licitação que
gera despesas para o Estado quanto a que gera receitas. A alienação de bens, sob
a modalidade de leilão, significa a obtenção de dinheiro.
Os atos de terceiros também fazem parte do ato de licitar. São atos e fatos
que envolvem consequências jurídicas. A licitação é um procedimento que
envolve uma série de atos e fatos administrativos, praticados pela
Administração Pública e por terceiros, visando entregar a proposta mais
vantajosa para a Administração Pública.
São, portanto, procedimentos que envolvem atos, cujo ato final deve ser
formal. Não confundir “ato formal” com “formalização”, no sentido de se
estabelecerem exigências exageradas que não favoreçam o procedimento da
licitação. Muitas vezes temos formalismo, que é o excesso de formalidades, mas
não o ato formal. Ato administrativo formal significa dizer que, em todos seus
estágios, até a conclusão final do procedimento licitatório, são atos vinculados à
legislação e ao instrumento convocatório, até o atendimento das regras finais
que concluem o procedimento.
objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010) [...]
“Além dos outros que lhe sejam correlatos.” Arrola somente oito, quatro dos
quais fazem parte dos princípios básicos da Administração Pública. O
dispositivo não menciona a eficiência, que só surge com a Emenda
Constitucional nº 19 de 98, posterior à Lei 8666, que é de 93. Além de outros
que são correlatos, como o princípio da padronização, do controle, e mais um
que o professor refuta, talvez do ponto de vista operacional, que é o
do planejamento. Isso porque às vezes ele falta, no procedimento de licitação,
logo no início.
Vários dos princípios acima nós já vimos em aulas anteriores. Vamos dar
destaque aqui para os mais desconhecidos. Vamos, claro, chamar atenção para a
importância de todos. O princípio da igualdade ou isonomia tem suas limitações
também. Não é um princípio absoluto. Outros princípios envolvem a probidade
da Administração. A Lei 8429/92 estabelece a necessidade de observância dos
princípios, e inclusive é crime não observá-los. Lealdade e boa-fé estão entre
eles. Há o aspecto penal, inclusive no que se refere ao sigilo das propostas,
quando são devassadas antes do momento, isso constitui crime contra a
Administração Pública. Código Penal:
Violação do sigilo de proposta de concorrência.
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Veremos em Direito Financeiro que a única lei que não pode conter
matéria estranha é a lei orçamentária. Rui Barbosa já havia visualizado que esse
expediente poderia ser usado, e chamou isso de “caudas orçamentárias”. Hoje
isso acontece até mesmo por iniciativa do Poder Executivo. É o que se chama
hoje, popular e corretamente, de “contrabando”.
I - Planejamento.
II - Coordenação.
III - Descentralização.
IV - Delegação de Competência.
V - Contrôle.
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública,
promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal;
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça,
fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à
violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão
da vantagem oferecida.
Licitação Inexigível
Regra geral:
Art. 37, inciso XXI, c/c art. 2º da Lei 8666/93.
Princípio da indisponibilidade do interesse público.
realização de licitação para obras, serviços, compras e
alienações.
Exceções: casos especificados na legislação – arts. 17, 24 e
25 da Lei 8666/93
Técnico-profissionais
especializados: pessoa passa por
um processo de especialização (faz
pesquisa, pós graduação, etc.).
Dependendo da especialização, a
qualificação da pessoa é
importante e dispensa a licitação.
È comprovada por documentos.
o III - contratação de profissionais do setor
artístico (consagrados para crítica ou opinião
pública). Deve-se saber se o artista é consagrado em
nível local, nacional ou até mesmo internacional.
Deve ser justificada e com processo instruído com as
informações do parágrafo único do art. 26.
Licitação Dispensada e Para Licitação Inexigível.
P
elo princípio da indisponibilidade do interesse público,
nossa Constituição determina que a aquisição e realização
de obras, bem como a alienação de bens devem obedecer a
um procedimento administrativo. Alguns falam em procedimento, outros falam
em processo, escolhendo a melhor proposta que atenda ao interesse público,
com vistas, quando for necessário, à assinatura do respectivo contrato
administrativo.
No art. 37, inciso XXI da Constituição está estabelecido como regra
geral que sempre deverá ocorrer a licitação, ressalvados aqueles casos
expressamente determinados na legislação.
A Lei 8666/93, em seu art. 2º, estabelece a mesma regra, determinando que a
realização de obras, compras de bens, prestação de serviços, locações de bens e
alienações devem observar o procedimento da licitação, ressalvados os casos
expressos. O que é disciplinado pela Lei 8666/93 é a realização de obras,
fornecimento de bens, prestação de serviços e alienação de bens.
É importante observar que para que as sociedades de economia
mista e empresas públicas que exerçam atividade econômica em sentido estrito,
ou prestação de serviços não públicos, de natureza privada deveria existir um
estatuto jurídico da empresa pública aprovado por lei determinado o uso de
regras de licitação diferenciadas para tais casos. Já vimos que esse estatuto
jurídico não existe. Houve um caso específico da Petrobras, que acabou parando
no Supremo Tribunal Federal, em que o Tribunal de Contas da União entendeu
que, na forma da Constituição, a Petrobras deveria seguir as regras gerais de
licitação que são estabelecidas na Lei 8666/93, enquanto não editado esse
estatuto jurídico das empresas estatais.
Mas, na área federal, por ocasião da criação da ANP, instituiu-se um
dispositivo dentro da lei que, por decreto do Presidente da República, poder-se-
ia aprovar um regulamento simplificado da Petrobras. Por força dessa regra,
que criou a ANP, o Presidente da República estabeleceu esse regulamento
simplificado sobre licitações e contratos especificamente em relação à
Petrobras. O Supremo entendeu favoravelmente à estatal.
A concessão de serviços públicos estava prevista na Lei 8666/93,
mas essas regras passaram por lei própria a ter tratamento diferenciado, e agora
a Lei 8666/93 só pode ser usada em caráter subsidiário.
Observação: concessão de empresas aéreas não é disciplinada pela
Lei 8666. São feitas até hoje pelo Código Brasileiro de Aeronáutica. Quaisquer
concessões de transportes aéreos.
Outra questão é a da contratação de operações de crédito que
tenham como garantia o aval do próprio governo federal. Contratação de
empréstimos não se subordina à Lei de Licitações e Contratos. Por extensão,
pode-se admitir que empresas estatais que atuem no sistema financeiro como o
Banco do Brasil e a Caixa, que tenham como atividade finalística a concessão de
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.[...]
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [...]
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca,
devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão
de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza
singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente
ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública. ...]
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca,
devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão
de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;[...]
Por fim, no art. 25 temos “artistas consagrados pela opinião crítica e pela
opinião pública.” Assunto polêmico. Aqui há o problema de saber se o artista é
consagrado naquela localidade, na região, no país ou internacionalmente.
Licitação Dispensada
Hipóteses de Alienação:
Bens imóveis
Bens móveis
Conceitos de bens:
Bens particulares
Quanto ao uso:
Comum do povo
Especiais
Dominicais
Quais podem ser alienados? Destinação dos bens
alienados:
O que o legislador quer dizer é que o patrimônio público pode ser transferido a
terceiros através da venda de bens, sem falar em doação e permuta, pois essas
não trazem dinheiro, nem dação em pagamento, de cumprimento de obrigações,
que implicam até em saída patrimonial, mas do produto da alienação de bens
que importem geração de receita para o Estado. Venda de bens significa uma
redução nos ativos patrimoniais. Neste caso, deverá haver a utilização do
dinheiro para compensar a perda. Não se pode usar com material de consumo,
pagamento de pessoal, e outras despesas classificadas como correntes, pela Lei
de Orçamentária, que são as necessárias para o funcionamento da máquina
pública. Combustíveis, papéis impressos, remédios, etc. Ou seja: não se pode
vender algo durável para comprar produtos não duráveis.
O objetivo do legislador com essa medida é preservar o patrimônio
público. O Estado que obteve receita com venda de seu próprio patrimônio deve
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração
direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as
sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
rodovias, que às vezes deixam de ser de uso comum do povo para ser objeto de
concessão, e o uso comum deve ser um uso normal. Quando houver passeatas
ou eventos deve-se comunicar à autoridade administrativa competente. Certos
bens não podem ser usados em determinadas situações, como o Eixão nos
domingos e feriados.
E os bens chamados especiais são os destinados à prestação de
serviços públicos ou ao funcionamento dos órgãos públicos. Nesses dois casos os
bens são inalienáveis por força do próprio Código Civil. São bens afetados, que
só podem ser objeto de alienação se forem desafetados, se lhes retirarem essa
característica de serem bens de uso comum do povo. Certamente não são essas
categorias de bens que a Lei 8666/93 disciplina. São apenas os chamados bens
dominicais, aqueles em que os órgãos e as pessoas jurídicas de direito público
detêm como proprietários de direito real e pessoal, e que não são bens afetados;
não são destinados ao funcionamento da Administração Pública ou à prestação
de serviços públicos. Evidentemente eles podem tornar-se afetados também.
Pode lhes ser retirada ou conferida a qualidade de dominical. Em sentido
inverso, os demais bens públicos, como os de uso especial, podem ser
desafetados e alienados, mas é necessária autorização.
Essa observação que o professor faz é exatamente para frisar que o
legislador está objetivando dispensar a licitação, no caso de bens públicos, os
bens dominicais. Com relação a bens de entidades da Administração Indireta,
que são pessoas jurídicas de direito privado, também busca-se dispensar a
licitação dos bens que não estão sendo utilizados para o atendimento de suas
finalidades essenciais.
Não estão aqui os bens de uso comum do povo nem os bens
especiais.
É importante também observar que a lei não caracteriza o que são
bens imóveis e bens móveis. Temos que buscar esse conceito no Direito Civil.
Art. 79 ao 84 do Código Civil. São não somente bens, mas bens e direitos. A lei
trata da possibilidade da venda de títulos e de ações em relação aos bens móveis.
As regras relativas à venda não são as da Lei 8666/93, mas as da
legislação aplicada às espécies. Venda de títulos públicos no mercado financeiro
envolve desde a Lei de Responsabilidade Fiscal até resoluções do Senado
Federal que disciplinam a venda desses títulos. Venda de títulos é a maneira que
o Estado tem para obter dinheiro quando não tem dinheiro em caixa para pagar
contas. O Estado não tem cheque especial; esse é o recurso do governo.
A alienação de bens se dá, na Administração, em nível intra ou
intergovernamental, seja sob a forma de dação em pagamento, de doação, de
permuta ou de venda. Essas transações de alienações de bens em nível
intergovernamental se dão entre esferas de governo distintas. Em nível
intragovernamental a alienação de bens se dá dentro da mesma esfera de
governo, da Administração Direta passando para o ente da Administração
Indireta.
É importante observar que essa situação da dação em pagamento,
que é uma forma de extinção das obrigações envolvendo uma prestação diversa
da avençada, não é estranha por si mesma. Não se pode escolher livremente
qual a melhor forma de alienação; se doação ou dação em pagamento inter ou
intragovernamental. Deve-se confrontar e ver qual a melhor alternativa para o
interesse público. Municípios que sejam devedores ao INSS: qual a melhor
forma de pagar as dívidas: vender seus bens ou dar em pagamento bens que
compõem seu patrimônio disponível? Deve-se fazer um estudo da melhor
alternativa.
Em todas essas situações deverá haver assinatura de contrato.
Venda a outro órgão da Administração Pública em qualquer esfera
de governo... os demais casos são de alienação para execução de programas de
natureza social, programas habitacionais promovidos por órgãos da
Administração Pública, ou de regularização fundiária, ou então de determinados
imóveis rurais da União situados na Amazônia Legal.
Terras devolutas, bens de propriedade da União, que significam
desocupadas, vagas, bens do domínio nacional que não tiveram uma destinação
nem estadual, nem municipal, nem se incorporaram ao patrimônio particular de
ninguém. Art. 20 da Constituição. Pode ocorrer a situação de legitimação de
posse.
E também temos os bens móveis para fins de interesse social. que é
um desses conceitos vagos e indeterminados em relação aos quais devemos
tomar a devida cautela: qual o interesse social que está sendo atendido? A lei
não fala absolutamente nada sobre eles.
Doação, por exemplo, só será permitida após a avaliação da
finalidade e proveito dessa alienação. É importante observar também que na
venda de bens por empresas estatais que atenda às suas finalidades específicas a
licitação também é dispensada, como no caso da Petrobras, em que não se faz
licitação quando o objeto é o próprio petróleo, que é o objeto da atividade fim da
empresa. Embora a lei não fale também, instituições financeiras sociais não
fazem licitação para concessão de crédito, já que é a própria atividade da
instituição. A licitação é dispensada.
Por outro lado, se o Banco do Brasil ou a Caixa quiserem fazer a
alienação de um bem, essa alienação deverá seguir a Lei de Licitações e
Contratos. Para a atividade administrativa dessas entidades há a obrigação de
licitar ou não conforme o caso. O que não se exige é no caso de pessoas jurídicas
de direito privado a autorização legislativa.
Licitação Dispensável
Em razão da pessoa – incisos VIII, XIII, XVI, XX, XXII, XXVII, etc.
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do
limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a
parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza
e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
Licitação Deserta
ser justificado. De qualquer maneira, mesmo nessa hipótese, ela terá que
observar a condição estabelecida anteriormente no ato convocatório.
Outra situação que colocamos é a hipótese da intervenção da União
no domínio econômico, seja para regularizar o abastecimento de bens, que
possam estar em falta no mercado, ou para regular preços. Num regime de
compatibilidade, somente em casos excepcionais tem havido a ingerência do
governo federal nos preços. Somente quando há indícios de cartelização, mas
não há nenhum procedimento de licitação em jogo. Para trabalhar contra a falta
de produtos e bens no mercado, no passado existia um órgão chamado SUNAB:
Superintendência Nacional de Abastecimento.
Comprometimento da segurança nacional: tem que haver decreto do
Presidente da República estabelecendo essas hipóteses. É a hipótese do inciso
IX. É dispensável a licitação...
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção
de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e
terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;
Modalidades de Licitação
A
Palavra modalidade, no sentido corriqueiro, é usada como
sinônimo de “tipo”, de maneira indistinta. Mas, dentro do
Direito Administrativo, são expressões que devem ser
consideradas de forma distinta, ou seja, a expressão modalidade de licitação
significa o modo de ser, a maneira como se realiza o procedimento licitatório,
em suas diferentes fases. Numa dessas fases é que então aparecem os tipos de
licitação: os possíveis critérios de julgamento a serem usados dentro do
procedimento licitatório. Pode ser do tipo “menor preço”, para aquisição de
bens, serviços, realização de obras, onde mais se adota, ou de “maior lance ou
oferta”, como é o mais corriqueiro, e também o tipo de “melhor técnica”, ou
ainda o quarto tipo, a “técnica e preço”, para trabalhos de natureza intelectual
principalmente. Ou seja, são tipos de licitação:
1. Menor preço;
2. Maior lance ou oferta;
3. Melhor técnica;
4. Técnica e preço.
Os tipos de licitação, que se referem aos critérios de julgamento das
propostas, irão variar em função das modalidades de licitação. Cada modalidade
deverá, no edital, estabelecer qual o critério de julgamento das propostas e que
será utilizado dentre outros. Os tipos de licitação não fecham as exigências que
poderão constar dos editais para efeito de julgamento das propostas. Mas a
legislação estabelece que são quatro os tipos delas. Há que se diferenciar a
modalidade do respectivo tipo. Modalidade é a maneira de fazer, que pode
variar em função das peculiaridades do procedimento, e ainda do próprio objeto
da licitação. Existirá sempre uma modalidade ou poderão existir várias delas em
função das peculiaridades dos procedimentos, se mais complexo, mais simples,
e em função do que a legislador estabelece para cada valor de contrato. É óbvio
que em nem todos os casos os valores serão fixados a priori. Leilão, por
exemplo, pela própria natureza: o valor do contrato será fixado de acordo com
houver outra lei que altere a Lei 8666, será possível utilizar outros critérios de
julgamento que não os existentes. Também há uma sequência, com relação às
fases da licitação, em que o legislador pode modificar a sequência das fases.
Essas são as duas observações preliminares. Entre concorrência, tomada de
preços e convite há uma hierarquia na medida em que o legislador permite a
substituição desta modalidade por uma daquelas, mas não se admite o inverso,
ou seja, passar de concorrência para tomada de preços ou convite, ou de tomada
de preços para convite sem respeitar o máximo do valor do contrato. E,
segundo, a vedação do legislador para que se criem outras modalidades de
licitação, ou, com a combinação das existentes por atos administrativos de
instância inferior que modifiquem essa regra criada pelo legislador em relação
às cinco modalidades.
Quanto às características de cada uma das modalidades, conforme
dissemos, o legislador começa com a concorrência, que é a mais tradicional, a
mais conhecida, mas que passou assumir características diferenciais ao longo do
tempo. Vão desde a ampla publicidade à habilitação prévia dos concorrentes. A
Lei 8666/93 estabelece que, no mínimo por uma vez, os editais de concorrência
sejam publicados, se a concorrência for realizada na área federal, no DOU; se
nos estados, nos respectivos Diários Oficiais, e também em relação aos
municípios. A lei traz também a previsão de publicidade em jornais de grande
circulação, e com a possibilidade, dependendo do vulto da licitação, de se
utilizarem outros meios de comunicação que ampliarem o campo da
competição. Por exemplo a Terracap, não se sabe por quê, usa o Jornal da
Comunidade. É uma concorrência pública para alienação de bens imóveis.
Questiona-se muito ser o Jornal da Comunidade o veículo escolhido para dar
publicidade às licitações da Terracap. É uma ajuda da empresa ao jornal? É a
questão do conceito jurídico indeterminado. Jornal da Comunidade é “de
grande circulação”? E outros, como o Correio Braziliense?
Essa publicidade deve conter o resumo do edital, indicando onde os
interessados poderão ler o edital completo. Outro dia, até curiosamente na
novela das sete, Morde & Assopra, aconteceu um leilão de uma fazenda em que
a esposa escondeu o jornal para que o marido não lesse sobre o leilão que ia ter
lugar dali a alguns dias... Essa publicação, até mesmo por uma questão de custo,
é resumida, feita inclusive por meio eletrônico se for o caso.
Tomada de preços também tem ampla publicidade. No convite, a
publicidade é mais restrita porque é feito por carta-convite. A publicidade ampla
é chamada pela doutrina de “universalidade”. Qualquer interessado poderá
tomar conhecimento e ler. O rol de interessados deverá ser o mais amplo
possível por força da regra da universalidade até por isonomia.
Convite, portanto, é o envio de carta-convite emitida com AR, para
os interessados comprovarem que receberam o convite, mas uma cópia da carta
deve ser fixada em local apropriado, normalmente em murais internos da
unidade que irá realizar o procedimento licitatório, ou outro em que o mínimo
de três interessados possam ver para participar. A publicidade é mais restrita e
as cartas são enviadas, obviamente, somente aos participantes cadastrados, mas
é a participação é permitida aos não cadastrados que tomarem conhecimento do
certame.
Nos demais casos, concurso, leilão, pregão e consulta também se
exige ampla publicidade, sendo que, no caso do leilão, especialmente essa ampla
publicidade a Lei 8666/93 estabelece que deva ser a mais ampla no município
ou no Distrito Federal. É uma ênfase especial para obter o maior número de
interessados e, por conseguinte, lances.
Concorrência: quaisquer interessados, desde que reúnam as
condições de habilitação exigidas no edital, mas qualquer um pode participar; a
tomada de preços somente para os que tiverem cadastrados na unidade dos que
vão receber, ou os que se habilitarem num lapso temporal que permita a
apresentação das propostas até três dias antes da realização do certame.
Cadastrados ou não cadastrados que apresentem a documentação necessária. O
cadastramento é importante porque evita que interessados apresentem toda a
documentação exigida para qualificação no certame. É possível até uma unidade
solicitar a outra a referência de possíveis cadastrados se aquele não estiver em
seus registros cadastrais.
E, no convite, são somente três convidados no mínimo, mas além de
outros que, tendo conhecimento, com antecedência mínima de 24 horas,
manifestarem seu interesse em participar do procedimento.
que são aqueles em que pode ocorrer a inexigibilidade da licitação pelo alto grau
de especialização e experiência.
É dependendo da complexidade do procedimento e dos valores que
escolhemos qual a modalidade de licitação.
É lógico que, no pregão, deve-se orientar em relação ao valor e ao
objeto. Não se pode fazer pregão para alienação de bens, locação e obras e
serviços de engenharia. A própria legislação restringiu essa possibilidade.
É obrigatória a concorrência salvo se os bens imóveis forem
derivados de aquisição durante processo judicial, com processo de execução, em
que alguns órgãos executam os bens de terceiros, como a Caixa Econômica
Federal, que leiloa bens de terceiros adquiridos em processo executivo. Não se
usa a concorrência. Se forem bens adquiridos mediante dação em pagamento,
também não se usa a concorrência. Mas compra e alienação de bens da
Administração Pública é sempre por concorrência, exceto no caso de bens
móveis cujo valor for superior a R$ 650 mil. Assim, de forma isolada ou
conjunta pode-se usar a concorrência. Então, a alienação de bens móveis e
imóveis, exceto os adquiridos mediante procedimento nesse processo judicial,
ou dação em pagamento, em que se pode usar ou a concorrência ou o leilão. A
Administração escolherá. Aquisição de bens móveis cujo valor seja superior a
R$ 650 mil também pode-se usar a concorrência.
Licitações Internacionais
Tomada de Preços
Leilão
Pregão
Consultas
Concurso
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais
especializados os trabalhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
V -patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
É
Certo que nem todos os tipos de licitação apresentam todas
as fases que a doutrina em geral nos ensina, pois algumas
destas modalidades são de certa forma, incompletas.
Na lei de licitações não se encontra uma ordem didática das fases
do procedimento licitatório, porém pode-se verificar cada uma delas em
detalhe.
É certo que nem todos os tipos de licitação apresentam todas as
fases que a doutrina em geral nos ensina, pois algumas destas modalidades são
de certa forma, incompletas. As mais complexas como a concorrência,
ordinariamente têm suas fases bem definidas, porém existem alguns casos
previstos na lei 8.987/95 e 11.079/2004, em que há inversão na ordem dessas
fases. Nas modalidades Concurso e Leilão, a habilitação é bem simplificada, já
no Convite e Tomada de preços, não existe uma etapa definida só para
habilitação dos interessados.
Audiência Pública
Edital
Carta-convite
Comissão de Licitação
Contratos Administrativos
Genéricas;
Teorias:
Da lei;
Do objeto;
Cláusulas exorbitantes;
Participação da Administração Pública; finalidade:
interesse público, processo de licitação e outras
formalidades legais, presença de cláusulas exorbitantes
(modificação unilateral, resilição unilateral, fiscalização,
sanções e punições – art. 58)
V
amos entrar em nossa última unidade agora, que diz
respeito aos contratos administrativos. Temos só mais
quatro aulas, e vamos ter que resumi-la. A parte histórica
teremos que dispensar. Os contratos administrativos nasceram na França em
1873, depois chegaram ao Brasil em 1922, até os dias atuais.
Outra observação preliminar é que essa parte de contratos
administrativos é espalhada por várias disposições legais. Vamos nos concentrar
basicamente na Lei 8666/93, que é a base, com normas gerais de licitações e
contratos, e outras foram ainda acrescentadas, mas, para início de conversa,
vamos ficar somente com a Lei 8666. Talvez ainda vejamos outras espécies de
contratos administrativos que não estão na Lei de Licitações e Contratos.
Feitas essas preliminares, o que vêm a ser contratos
administrativos? Dentro da legislação brasileira, essa expressão veio
introduzida pelo Código de Contabilidade Pública, (Decreto do Poder
Legislativo 4536/1922), que estabeleceu normas de licitações e contratos para a
Administração Pública Federal especificamente. E aparece aqui a expressão
“contratos administrativos”, que, ao longo do tempo, vem sendo mantida,
embora com algumas contestações na doutrina. Para alguns não existem
contratos administrativos, para outros só existem contratos administrativos, e
No art. 1º, parágrafo único da Lei 8666/93 temos essa noção ampla
de contratos da Administração Pública quando o legislador, logo no início da lei,
diz:
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações
e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração
direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as
sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Vamos continuar:
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre
órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de
vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for
a denominação utilizada.
são contratos para os efeitos desta lei todo e qualquer ajuste entre órgão ou
entidade da Administração Pública que tenha a presença da Administração
como parte, estabelecendo vínculo obrigacional com particulares.
É um detalhe importante porque elimina a possibilidade de se falar
na aplicação da Lei 8666/93 a contratos celebrados no âmbito intra ou
intergovernamental. São contratos celebrados pela Administração Pública com
particulares em que haja acordo de vontades para a produção de efeitos
jurídicos, seja qual for a denominação utilizada. Significa que não é porque o
legislador utilizou a denominação “contrato” ou não; pode-se usar “convênio”
também, ou outras modalidades que não sejam necessariamente rotuladas de
contratos, que o descaracterizaria como instituto dessa natureza, tendo em vista
que, se assim fosse, quebraria a regra de contratos que se submetem a um
regime jurídico diferenciado. Vamos entender: a mera mudança do nome usado
pela Administração, que deixa de usar “contrato” para usar “convênio” ou
“termo” poderia, em tese, quebrar a exigência de observância das regras que
aprendemos na teoria geral dos contratos enaltecida pelas normas específicas de
contratos administrativos que estamos vendo agora, que são atender à
supremacia do interesse público sobre o privado e ao princípio da
indisponibilidade do interesse público.
O legislador faz referência a contratos celebrados pela
Administração Pública e particulares. Não envolve contratos celebrados no
dentro da própria Administração Pública, em caráter intragovernamental, ou
seja, entre órgãos da Administração Direta e da Administração Indireta, ou
contratos intergovernamentais, entre diferentes entes políticos. O legislador não
se refere a esses contratos, mas sim a contratos celebrados pela Administração
Pública com terceiros, com particulares, que não façam parte da estrutura
política do Estado nem de sua organização administrativa. Não se pode fugir do
regime jurídico de direito público a que se obrigam as partes dos contratos
dessa natureza. Por isso independem da denominação jurídica utilizada para
mascarar a existência do contrato administrativo.
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios,
acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da
Administração.[...]
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas
suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os
princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.[...]
O que o legislador diz, então, no art. 62, § 3º, é que temos uma
situação inversa. O que rege esses tipos de contratos celebrados pela
Administração Pública são regras de direito privado. E, aplicando-se, no que
couber, regras de direito público. Daí o porquê de parte da doutrina entender
que esses contratos são chamados de semipúblicos para não serem confundidos
com os contratos administrativos cuja situação é inversa. Contratos celebrados
pela Administração Pública com preceitos de Administração Pública e teorias
dos contratos de direito privado. Aqui se inverte a situação: contratos em que o
regime é predominantemente de direito privado, com aplicação, no que couber,
de regras de direito público. Esse segundo tipo não é contrato administrativo,
daí alguns terem usado o termo contratos semipúblicos.
de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite para a contratação para
compras e serviços na modalidade de licitação convite, feitas em regime de
adiantamento.
Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus
representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o número do
processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos
contratantes às normas da lei licitatória e às cláusulas contratuais.
A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus
aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia,
será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao
de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer
que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o caso de dispensa e
inexigibilidade de licitação que deverão ser comunicadas a autoridade superior
no prazo de 3 (três) dias para ratificação e publicação na imprensa oficial, no
prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos.
O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e
de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços
estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e
facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros
instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa,
autorização de compra ou ordem de execução de serviço.
A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou ato
convocatório da licitação.
Em "carta contrato", "nota de empenho de despesa", "autorização de
compra", "ordem de execução de serviço" ou outros instrumentos hábeis aplica-
se, no que couber, as disposições inerentes à formalização do contrato, pela boa-
fé, finalidade, objeto, e a função social a que se destina em cada obrigação
contratual.
Convocação do Interessado
e condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das
sanções previstas no art. 81 desta Lei.
§ 1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual
período, quando solicitado pela parte durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo
justificado aceito pela Administração.
§ 2o É facultado à Administração, quando o convocado não assinar o
termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e
condições estabelecidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação,
para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado,
inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório, ou
revogar a licitação independentemente da cominação prevista no art. 81 desta Lei.
§ 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas,
sem convocação para a contratação, ficam os licitantes liberados dos compromissos
assumidos.
Cumprimento do Contrato
Contrato administrativo é aquele sujeito aos preceitos de direito
público.
O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo
com as cláusulas avençadas e as normas estabelecidas pela Lei
8.666/1993 (Licitações e Contratos Administrativos), respondendo cada uma
pelas consequências de sua inexecução total ou parcial.
Inexecução
A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua rescisão, com
as consequências contratuais e as previstas em lei ou regulamento.
Rescisão Contratual
Constituem motivo para rescisão do contrato por:
a) Devolução de garantia;
b) Pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;
c) pagamento do custo da desmobilização.
Seção V
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua rescisão, com as
conseqüências contratuais e as previstas em lei ou regulamento.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a
impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem justa causa e prévia
comunicação à Administração;
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com
outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não
admitidas no edital e no contrato;
VII - o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada para
acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus superiores;
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas na forma do § 1o do
art. 67 desta Lei;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil;
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa, que
prejudique a execução do contrato;
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e
determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e
exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato;
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras,
acarretando modificação do valor inicial do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65 desta
Lei;
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo
superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem
interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo, independentemente
do pagamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas
desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração
decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em
caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o
direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para
execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais
naturais especificadas no projeto;
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada,
impeditiva da execução do contrato.
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formalmente motivados nos
autos do processo, assegurado o contraditório e a ampla defesa.
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. 27, sem prejuízo das sanções
penais cabíveis. (Incluído pela Lei nº 9.854, de 1999)
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enumerados nos
incisos I a XII e XVII do artigo anterior;
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo da licitação,
desde que haja conveniência para a Administração;
III - judicial, nos termos da legislação;
IV - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 1o A rescisão administrativa ou amigável deverá ser precedida de autorização escrita
e fundamentada da autoridade competente.
§ 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a XVII do artigo anterior, sem
que haja culpa do contratado, será este ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que houver
sofrido, tendo ainda direito a:
I - devolução de garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;
III - pagamento do custo da desmobilização.
§ 3º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 4º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do contrato, o cronograma de
execução será prorrogado automaticamente por igual tempo.
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior acarreta as seguintes
conseqüências, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei:
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por
ato próprio da Administração;
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal
empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V do art. 58
desta Lei;
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração, e dos
valores das multas e indenizações a ela devidos;
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à
Administração.
§ 1o A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II deste artigo fica a critério da
Administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.
§ 2o É permitido à Administração, no caso de concordata do contratado, manter o
contrato, podendo assumir o controle de determinadas atividades de serviços essenciais.
§ 3o Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá ser precedido de autorização
expressa do Ministro de Estado competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso.
§ 4o A rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior permite à Administração, a
seu critério, aplicar a medida prevista no inciso I deste artigo.
BIBLIOGRAFIA:
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: 24º. ed.,
São Paulo: Atlas, 2011.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30. ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2017.
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 20. ed. São Paulo: Editora
RT, 2016.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 42. ed. São Paulo:
Editora Malheiros, 2016.
SITIOS:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-lei/Del0200.htm
http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei-8666-1993.htm
http://www.migalhas.com.br/arquivo_artigo/manesco_2.htm
http://notasdeaula.org/index.html
http://www.normaslegais.com.br
TOPICOS:
Princípio da Legalidade:
Schirato - Algumas considerações sobre o sentido de legalidade na
Administração Pública
Princípio da Igualdade:
Bandeira de Melo - Conteúdo Jurídico do princípio da igualdade
Princípio da Publicidade
Decisão CGU
Lei de Acesso à Informação
Leitura complementar da LAI: artigos 1º, 2º, 11 a 16, 21 a 25 e 31
Princípio da Moralidade
Decisão do STJ
Poder de Polícia
Particulares e poder de polícia - Wallbach Schwind, Rafael
Desapropriação
Apelação Cível nº 273.892-1