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INTEFISA

INSTITUTO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA


SÃO FRANCISCO E SANTA CLARA DE ASSIS

ANTONIO CARLOS JOAQUIM FILHO, MPS


BRUNA DA SILVA PIMENTA, CMCVV
DARIOS LUCIO CELESTINO DE BARROS SOBRINHO, MPS
FELIPE GUSTAVO DA SILVA MACIERA, MPS
GABRIEL TEIXEIRA PEREIRA, MPS
RAFAEL LUÍS GOTARDO, MPS
RENAN LEITE BERNARDO LEITE, MPS

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS

MOCOCA, SP, 2020


ANTONIO CARLOS JOAQUIM FILHO, MPS
BRUNA DA SILVA PIMENTA, CMCVV
DARIOS LUCIO CELESTINO DE BARROS SOBRINHO, MPS
FELIPE GUSTAVO DA SILVA MACIERA, MPS
GABRIEL TEIXEIRA PEREIRA, MPS
RAFAEL LUÍS GOTARDO, MPS
RENAN LEITE BERNARDO, MPS

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS

Disciplina: Sociologia da Educação


Professor: Cynthia Espanha
Série: 2º de Filosofia

MOCOCA, SP, 2020


INTRODUÇÃO

As Tendências Pedagógicas Liberais tiveram seu início no século XIX, recebendo


influências do ideal da Revolução Francesa (1789), de “igualdade, liberdade, fraternidade”,
foi também, determinante do liberalismo no mundo ocidental e do sistema capitalista.
Estabeleceu uma forma de organização social que se baseia na propriedade privada dos meios
de produção, o que se denominou como sociedade de classes. Sua preocupação básica e o
cultivo dos interesses individuais e não sociais. Para esta tendência educacional, o saber já
produzido (conteúdos de ensino) é muito mais importante que a experiência do sujeito e o
processo pelo qual ele aprende, mantendo o instrumento de poder entre dominador e
dominado.

A expressão liberal não significa “avançado”, “democrático”, como geralmente é


usado. O princípio liberal surgiu como desculpa do sistema capitalista que, ao argumentar o
prevalecimento da liberdade e interesses individuais da sociedade, instituiu um modo de
organização social fundamentado na doutrina privada dos processos de produção, também
sociedade de classes.

A pedagogia liberal defende a posição de que a função da escola é preparar o


indivíduo no desempenho de papeis sociais de acordo com suas habilidades específicas, dessa
forma precisa aprender a adaptar se aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes.
A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, embora haja uma
divulgação da ideia de igualdade de oportunidades, não se considera a desigualdade de
condições.

Neste caso é importante ao professor em formação e ao que já se encontra atuando, o


conhecimento de tais tendências a fim de construir conscientemente a sua própria trajetória
político-pedagógica. Somente a partir deste conhecimento, e de autoconhecimento é que
poderá propor mudanças a fim de transformar fazeres e saberes, problematizando-os,
inserindo-os no cotidiano e na própria expressão do educador. Na verdade, conhecendo a
teoria que sustenta a sua prática, o educador pode desejar e fazer a sua transformação em
direção a conscientização e à consequente liberação de condicionantes sociais, tornando o
processo ensino aprendizagem algo realmente significativo tanto para o educador como para o
educando.
As tendências pedagógicas têm basicamente sua origem em movimentos sociais,
filosóficos e antropológicos em determinados momentos da história humana, terminam assim
por influenciar as práticas pedagógicas associadas às expectativas da sociedade.

Tendência Liberal Renovada trata de um novo pensamento pedagógico internacional,


que inspirado em John Dewey, veio revolucionar o tradicionalismo na educação brasileira,
sofrendo esta, baseada em Augusto Comte inspiração positivista.

Para essa tendência o papel da escola é o de atender as diferenças individuais, as


necessidades e interesses dos alunos, enfatizando os processos mentais e habilidades
cognitivas necessárias a adaptação do homem ao meio social. Sendo o aluno o centro e sujeito
do conhecimento.

Segundo Libâneo (1994), esta tendência em nosso país segue duas versões distintas:
A Renovada Progressivista Tendência Renovada não-Diretiva.
TENDÊNCIA TRADICIONAL

“Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tradicional se caracteriza por


acentuar o ensino humanístico, de cultura geral. De acordo com essa escola tradicional, o
aluno é educado para atingir sua plena realização através de seu próprio esforço” 1, ou seja,
baseia-se em um uma prática meritocrática que desconsidera as diferenças no ponto de partida
e mesmo ainda obstáculos no meio da trajetória acadêmica. Deste modo, as diferenças sociais
não são consideradas e toda a prática escolar não se relaciona com as realidades do aluno.

Tal metodologia também peca ao desconsiderar as particularidades das crianças


enquanto crianças, buscando adequar o ensino às condições psicobiológicas características da
idade, de modo a serem tratadas como “mini adultos”. A nível linguístico, considera-se
apenas a norma culta como correta, aquela da Gramática Normativa. Qualquer coisa fora dela
é considerado como errado e marginalizado. O ensino, de modo geral, se dá mediante
repetição e memorização, processo puramente mecânico. O professor é o responsável pela
organização dos conteúdos em uma sequência coerente e avalia o desempenho dos alunos
mediante avaliação escrita e exercícios em casa.

A tabela2 a seguir, fornecida pela Secretaria da Educação do Estado do Paraná,


oferece um resumo das principais características da tendência aqui abordada:

Predomínio: até 1930 Vertentes.


Manifestação da
Católica: monopólio jesuítico até 1759.
Prática Pedagógica
Leiga: liberalismo clássico 1759 a 1930.

Transmissão de conhecimentos.
Papel da Escola Não possibilita a mobilidade social, privilegiando
as camadas mais favorecidas.

Função da Avaliação Classificatória.


Valoriza aspectos cognitivos e qualitativos com
ênfase na memorização.
O aluno deve reproduzir na íntegra o que foi
ensinado.

1
SILVA, Delcio Barros da. As principais tendências pedagógicas na prática escolar brasileira e seus
pressupostos de aprendizagem. Disponível em <http://coral.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm>. Acesso em 21
de junho de 2020.
2
OTP – Pedagogia Liberal – Tendência Pedagógica Tradicional. Disponível em:
<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=354>. Acesso em 21 de
junho de 2020.
Verificação, por meio de provas, interrogatórios
orais, exercícios e trabalhos de casa.

O professor é o centro do processo, é autoritário.


Relação Professor -
aluno O aluno é passivo, submisso, receptivo e sujeito a
castigo.

Aula expositiva, com ênfase nos exercícios,


Técnicas de Ensino cópias, leituras repetição e memorização de conceitos e
fórmulas com estímulo ao individualismo e à competição.

Método Expositivo

Preparação: recordação da aula anterior.


Apresentação: contemplação e apreensão do objeto
da aprendizagem. O novo conhecimento é colocado diante
do aluno e cabe a ele assimilar.
Métodos de Ensino
Generalização: o que é geral separa-se nos aspectos
particulares concretos: os aspectos gerais são unidos às
ideias anteriormente adquiridas e ocorre a sistematização
da aprendizagem.
Aplicação: o aluno demonstra o que aprendeu
através das avaliações.

RENOVADORA PROGRESSIVA

A tendência liberal renovadora progressiva é conhecida também como Escola Nova,


alguns pesquisadores, como Saviani, vão dizer que seu surgimento está relacionado às
mudanças no cenário político-econômico da época e também porque a escola tradicional
vinha sendo questionada e apontada com incompetente nas questões de inclusão social. Com
isso foi surgindo novas propostas de educação. A figura do pedagogo ainda não era bem
formada oficialmente na legislação da época, e sob a orientação escolanovista começou-se a
ter uma ideia que seria importante ter um “orientador educacional” que ajudasse a promover o
desenvolvimento da personalidade do aluno. Em todo mundo surgiram duas vertentes dessa
renovação: a diretiva e a não diretiva.
DIRETIVA:

Papel da escola: o papel da escola continua sendo o de adequar as pessoas á


sociedade vigente, porem muda a compreensão de como isso se fundamenta. Promover
interesse dos alunos por questões apresentadas por eles mesmos, onde todos participem do
conhecimento. Trazer a realidade da vida dos alunos.

Conteúdo: são criados através das experiências, das ações vividas pelos alunos, da
vivencia e convivência social. Nesse processo considera os processos mentais e habilidades
cognitivas. A ideia é “aprender a aprender”.

Metodologia: a ideia é aprender através das pratica, valorizando a pesquisa, a


descoberta, o estudo do meio natural e social e etc. Sempre incentivar trabalhos em grupo,
condição importante para o desenvolvimento mental.

Relação aluno professor: tem uma vertente horizontal, onde o protagonista não é o
professor e sim o aluno. O professor é o facilitador que ajuda o aluno no seu desenvolvimento
espontâneo e livre. Se o facilitador intervier é para dar forma ao raciocínio do aluno. O aluno
que é disciplinado é aquele que sabe e entende a vida grupal, que é solidário, respeita as
regras e é participante.

As concepções de aprendizagem dessa linha são baseadas no pensamento de Jean


Piaget, colocando que a criança passa por diversos estágios de desenvolvimento cognitivo,
que devem ser respeitados para que a aprendizagem ocorra. Por isso a escola promove a
autoaprendizagem, onde o ambiente e até mesmo o professor são meros estimuladores.

TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA (ESCOLA NOVA)

Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na formação de atitudes.

A escola deve se preocupar mais com os problemas psicológicos do que pedagógicos


ou sociais.

Deve haver uma adequação pessoal do indivíduo as solicitações do ambiente.


Aprender é modificar suas próprias percepções. Trata-se de um ensino centrado no
aluno, sendo o professor apenas um facilitador.

A retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao “eu”, o que torna a


avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a auto avaliação

Portanto, A escola renovada não diretiva (escola nova): Possui o papel de formar
cidadãos conscientes capazes de transformar-se e transformar o meio em que vivem. O foco
da tendência liberal não-diretiva é a formação de atitudes, voltado mais aos aspectos
psicológico, aos meios sociais, sendo o professor um facilitador do conhecimento

Papel da Escola: Formação de atitudes. Preocupações com problemas psicológicos.


Clima favorável à mudança do indivíduo. Boa educação, boa terapia (Rogers)

Conteúdos: Esta tendência põe nos processos de desenvolvimento das relações e da


comunicação se torna secundária a transmissão de conteúdos.

Método: O esforço do professor é praticamente dobrado para facilitar a


aprendizagem do aluno. Boa relação entre professor e aluno.

Professor x Aluno: A pedagogia não-diretiva propõe uma educação centrada. O


professor é um especialista em relações humanas, toda a intervenção é ameaçadora.

Pressupostos: A motivação resulta do desejo de adequação pessoal da auto


realização, aprender, portanto, é modificar suas próprias percepções, daí se aprende o que
estiver significantemente relacionado.

Prática Escolar: As ideias do psicólogo C. Rogers é influenciar o número expressivo


de educadores, professores, orientadores, psicólogos escolares.

TENDÊNCIA TECNICISTA

Skinner foi o principal expoente dessa corrente pedagógica. Nela o professor é quem
deposita pensamentos na cabeça dos alunos; ele é visto como um especialista na aplicação de
manuais. Este processo é muito utilizado no processo de aprendizagem produtiva mais
profissionalizante com a intenção de formar operários para as fábricas e trabalhos em linha de
produção.
Nesse sentido, para essa tendência, a escola tem um papel fundamental na formação
de indivíduos que se integrem à "máquina social". Para isso, a escola deve moldar o
comportamento, organizar o processo de aquisição de habilidades e conhecimentos já
historicamente descobertos. Descobrir o conhecimento é função da educação, mas isso cabe
aos especialistas, sendo papel da escola repassá-lo e aplicá-lo. Dessa forma, percebe-se a
divisão entre trabalho intelectual e manual. Portanto, os conteúdos a serem ensinados já estão
muito bem explicitados nos manuais, nos livros didáticos, nas apostilas, entre outros. Cabe ao
professor buscar a melhor forma de controlar as condições ambientais que assegurem a
transmissão/recepção de informações. A relação professor-aluno passa a ser estruturada e
objetiva, cabendo ao professor transmitir a matéria e ao aluno receber, aprender e fixar.

TENDÊNCIA TECNICISTA NO BRASIL

Pedagogia Liberal - Tendência Escola Tecnicista

Surge no Brasil em meados da década de 50, mas é


introduzida efetivamente no final dos anos 60, com predomínio a
Manifestação da
partir de 1978.
Prática Pedagógica
As Leis 5.540/68 (ensino universitário) e 5.692/71 (ensino
de 1º e 2º graus) são marcos da implantação do modelo tecnicista.
Articula-se com o sistema produtivo para aperfeiçoamento
do sistema capitalista, preocupando-se com a formação de
Papel da Escola indivíduos para o mercado de trabalho, de acordo com as exigências
da sociedade industrial e tecnológica.
Valoriza aspectos mensuráveis e observáveis.
Ênfase na produtividade do aluno, mensurada a partir de
testes objetivos.
Realização de exercícios programados.
Função da Avaliação
Ocorre no final do processo, com a finalidade de constatar se
os alunos adquiriram os comportamentos desejados.
Exagerado apego aos livros didáticos.
O professor é apenas um elo de ligação entre a verdade
científica e o aluno, é o técnico responsável pela eficiência do
Relação Professor -
ensino.
aluno
O aluno é um ser fragmentado, espectador que está sendo
preparado para o mercado de trabalho para "aprender a fazer".
Coloca a atenção em modos instrucionais que possibilitam
Técnicas de Ensino controle efetivo dos resultados: instrução programada, pacotes de
ensino, módulos instrucionais, etc.
Métodos de Ensino Método Científico
Preocupação científica que está baseada em princípios da
tecnologia educacional.
“Harmonização” entre as necessidades dos alunos e os
valores sociais.
Objetivos instrucionais operacionalizados em
comportamento observável e mensurável.
Procedimentos instrucionais.
Ênfase nos meios, na instrução programada, nas técnicas de
microensino, nos recursos audiovisuais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na tendência tradicional, os alunos eram passivos, de forma com que apenas os


professores continham o verdadeiro conhecimento, ou seja, o aluno era privado de sua
liberdade. Os alunos eram vistos apenas como um número (nota mais alta/ maior rendimento
escolar/ “absorção do conteúdo”)

Ao passar do tempo adaptações foram tomadas, surgindo a tendência liberal


renovadora progressista onde novas adaptações foram feitas, por causa das críticas da
anterior, tendo assim, novas formas de auxiliar os alunos, um método que mais se interessa
em saber se o aluno realmente conseguiu.

Na tendência tecnicista preocupasse apenas que o indivíduo aprenda para o mercado


de trabalho, se tem apenas preocupação com o desenvolvimento intelectual do aluno, tendo
apenas como método, o científico.

Após uma longa trajetória no percurso entre as tendências, pode-se indagar: Qual é a
melhor? Não existe uma forma melhor, existe aquela em que a instituição/ escola/
universidade se adere e aquela em que o professor mais se adequa para exercer esta belíssima
profissão de educador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OTP – Pedagogia Liberal – Tendência Pedagógica Tradicional. Disponível em:


<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?
conteudo=354>. Acesso em 21 de junho de 2020.

SILVA, Delcio Barros da. As principais tendências pedagógicas na prática escolar brasileira
e seus pressupostos de aprendizagem. Disponível em
<http://coral.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm>. Acesso em 21 de junho de 2020.

SUHR, Inge Renate Frose. Teorias do conhecimento pedagógico. Curitiba. Intersaberes,


2012.

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=357

https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-
brasileiras.htm

https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-tendencia-liberal-
tecnicista/37579

http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/XdNUnukCctbM9ZA_2013-7-
10-15-6-55.pdf

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